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RESENHA - O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde

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RESENHA: O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
Para a categoria de “um livro de literatura gótica”, escolhi O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. E por que é tão especial que eu tenha finalizado a leitura logo hoje, 17 de maio? O autor do livro era gay (talvez bissexual, pois foi casado com uma mulher), e foi condenado socialmente e judicialmente por o ser. Esse é um dos casos em que a biografia do autor acrescenta e do sentido à obra, uma vez que o livro foi uma crítica ao moralismo que matou Oscar Wilde. Ele foi condenado na época por uma lei que criminalizava práticas sexuais imorais, e dentre elas estava a sodomia, um eufemismo para que ainda estava começando a ser chamado de “homossexualismo”. Primeiro, vamos ao enredo que é carregado de referências a outras obras.
Dorian Gray era um rapaz estupidamente bonito, mas ainda carregado de uma inocência que não permitia que conseguisse ver como era belo. E eis que aparece a influência do mito de Narciso. Dorian conhece um pintor, Basil Hallward, que se apaixona pelo rapaz ao perceber que a beleza do mesmo acrescenta de forma única em sua arte. Hallward passa então a pintar incessantemente o rosto de Dorian, acrescentando como que personalidades distintas a cada quadro, nunca o pintando como é.
No dia em que Basil decidiu pintar Gray como ele realmente é, dois fatos importantes acontecem. É nesse dia que Dorian Gray conhece Lord Henry Wotton, um amigo depravado de Basil, que irá por todo o livro que corromper a alma de Dorian. E é também nesse dia que o rapaz se apaixona por si no retrato. Ao deparar-se com a própria beleza, proclame: “Como é triste! Eu vou ficar velho e horrendo e medonho. Ele jamais envelhecerá além deste dia de junho… Se pudesse ser diferente! Se eu permanecerse jovem e o retrato envelhecesse! Por isso — por isso — eu daria tudo! Sim, não há nada em todo o mundo que eu não daria! Daria a minha alma por isso!”, e é uma semelhança e influência do doutor Fausto. A partir dessa fala, é isso mesmo que irá acontecer, o retrato passará a envelhecer, carregará todas as marcas de corrupção da alma do jovem Dorian, e este permanecerá inatingível diante do tempo e de suas próprias ações. O decorrer da história vou deixar para que você descubra lendo.
O fato é que o livro foi um escândalo quando publicado pela primeira vez numa revista (1890). O editor chegou a suavizar algumas frases, mas não surtiu muito efeito. Oscar Wilde, para a publicação em formato de livro no ano seguinte, mudou algumas partes, adicionou capítulos ao fim de romancear a obra e ainda um prefácio que, dentre muitas coisas, destaco “Não existe livro moral ou imoral. Livros são bem escritos ou mal escritos. Isso é tudo. (…) A única desculpa para fazer alguma coisa inútil é podermos admirá-la intensamente. Toda arte é completamente inútil.”. Ainda assim não consegui fazer a obra ser bem vista.
O escritor fez parte de um movimento chamado Esteticismo, que defendia a arte pela arte, como algo belo que deve se sobrepor aos homens do mundo e que não precisa ter valor ético e moral. Tanto que nesse que foi seu único romance, todos os valores são invertidos. O superficial vale mais que o profundo, os sentidos valem mais que a racionalidade, a juventude é mais valiosa que a experiência. Ele criticou o moralismo. E foi esse moralismo que o destruiu.
Oscar Wilde foi casado com uma mulher, teve dois filhos, mas nunca deixou de ter relações com homens. Ele teve um longo romance com um rapaz mais jovem chamado Alfred Douglas, filho do Marquês de Queensberry.
Alfred era muito mais livre com sua sexualidade e não se preocupava em esconder seu romance com Wilde. Seu pai foi quem não gostou disso. Este deixou um bilhete num clube que o escritor costumava frequentar, com os dizeres “Para Oscar Wilde, que pose de sodomita”. Por influência de Douglas, o escritor resolveu processar Queensberry por difamação, julgando que sua fama o salvaria como salvou a Dorian Gray em seu romance. Mas o fato é que o Marquês contratou um detetive que descobriu casos do escritor com garotos de programa, seu próprio livro foi usado contra ele, e então Oscar Wilde foi condenado a 2 anos de prisão com trabalho forçado.
Sua família foi mandada para a Suíça e teve seu sobrenome trocado, e o autor nunca mais viu seus filhos. Ao cumprir a pena, teve de se refugiar em Paris, onde viveu na miséria dependendo da espera de amigos, e 3 anos depois, em 1900, morre de um possível ataque de meningite.
Depois de Wilde, alguns pesquisadores consideraram que a homossexualidade passou a ser discutida como algo inato do ser humano, e não como um mero desvio de comportamento.
Oscar Wilde é hoje um dos maiores nomes da literatura, o autor inglês mais lido fora da Inglaterra depois de Shakespeare.

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