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Analise Dorian Gray

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Nome: Giovanna Pokorny 
R.A: 3479897 
4° Semestre (carrossel) 
Matutino 
Analise de texto – O Retrato de Dorian Gray 
“A lei suprema da arte é a representação do belo.” 
Leonardo da Vinci 
O Retrato de Dorian Gray é um dos clássicos da literatura inglesa do séc. XIX. 
Publicada inicialmente na Lippincott's Monthly Magazine, como uma estória 
periódica em junho de 1890 e teve sua primeira edição em livro no ano seguinte. 
Idealizada pelo escritor e dramaturgo, Oscar Wilde, a obra literária gerou grandes 
repercussões na Inglaterra Vitoriana. 
Ao contrário do que pensamos, Oscar Wilde era irlandês. Nascera em 16 de 
outubro de 1854 em Dublin e falecera no dia 30 de novembro de 1900, na França. 
Vivera apenas 46 anos, mas, fora anos bem excêntricos. Era uma pessoa com 
personalidade extravagante, com projeções a um verdadeiro dândi, inteligente e 
bem colocado dentro da sociedade. Estudou em Oxford University e foi lá que 
teve o primeiro contato com o esteticismo, doutrina artística anglo-saxônica, que 
levou ele a aderir o estilo para a sua vida pessoal e profissional. Oscar Wilde 
teve a sua ascensão e queda na mesma proporção de notoriedade, ao ser 
condenado por práticas indecentes e sodomia, o escritor fora preso e faleceu 
sob um ostracismo. 
Ao publicar O Retrato de Dorian Gray como temáticas a partir do 
homossexualismo, do falso moralismo e de tudo o que o ser humano está 
disposto a fazer pelo poder, Oscar Wilde assina sua sentença dentro de uma 
sociedade totalmente hipócrita que condenava qualquer ato que fugisse da moral 
e dos bons costumes. Fazendo com que seu próprio livro tenha sido usado 
contra ele em seu julgamento e o mesmo sucesso que tivera se tornou infâmia 
para ele e sua família. 
A temática com que o autor trabalha é referente a uma sociedade moralista e 
disfuncional, se passando na Inglaterra dos anos 1850-1900. Abordando os 
pontos mais pessoais do homem: a alma e sua vaidade. Podemos ver boas 
semelhanças do O Retrato de Dorian Gray entre o conto do Doutor Fausto e o 
Mito de Narciso. Na visão do conto do Doutor Fausto, Dorian Gray também selou 
um pacto com o diabo vendo a sua alma pela juventude eterna, mesmo que 
inconscientemente “[...] se fosse eu a permanecer jovem para sempre, se fosse 
o quadro a envelhecer! Eu daria tudo por isso! [...] Eu daria até mesmo a 
minh’alma!” (Wilde, 1985, p.43). Pelo prisma do Mito de Narciso, o nosso jovem 
Dorian Gray é descrito tão belo como o próprio Narciso e ambos quando tomam 
consciência de sua beleza ficam estarrecidos “[...] uma expressão de alegria 
brotou-lhe nos olhos, como se se houvesse reconhecido pela primeira vez [...] A 
sensação da própria beleza brotava nele como uma revelação.” 
Dentro da obra, o que me chamou a atenção fora a forma oximera, em minha 
visão intencional, que Oscar Wilde narrou a história. Por mais que o autor seja 
um verdadeiro esteta, o mesmo utiliza em seu livro uma dualidade entre seu 
posicionamento e de suas personagens. Essa disritmia entre autor e obra inicia-
se já no prefácio do livro. Segundo Genette (2009, p.176), o prefácio é um 
mecanismo introdutório para o texto; em seu anteâmbulo, Oscar Wilde defende 
a arte como um verdadeiro esteta, sendo a arte por si só como pura beleza e 
sem nenhum vínculo com questões sociais e da alma, tirando dela o peso de 
qualquer moralidade ou julgamento, nós dizendo que a arte é apenas para o 
entretenimento e admiração ao belo. “[...] não existe isto de livros morais ou 
imorais. Livros são coisas bem ou mal escritas. E só. [...] A vida moral do homem 
faz parte do tema do artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito 
de um meio imperfeito.” (Wilde, 1985, p.9). Para o autor a arte está acima da 
moralidade. 
Todavia, o que vemos nos seguintes capítulos vai de encontro com o que o 
próprio escritor defende, representando brilhantemente o papel do esteticismo. 
Inserido no romance, estão as perspectivas das personagens em relação a arte, 
para Basil Hallward a arte se transfigura em um mecanismo de expressão de 
sentimentos e com aspectos de realismo e do romantismo do séc. XIX, vemos 
essa percepção do pintor quando está finalizando o quadro de Dorian Gray, 
afirmando que fora a sua obra prima, visto que o artista havia sentimentos pelo 
seu modelo, ficando mais fácil o seu trabalho “[...] todo o retrato pintado com 
sentimento é o retrato do artista, e não do modelo. [...] é muito mais o pintor que 
na tela colorida, revela-se a si mesmo. E o motivo por que não o exibirei o quadro 
é o de ter exposto nele o segredo de minha própria alma.” (Wilde, 1985, p.18). 
Outrossim, ainda seguindo pelo prisma das personagens com associação a arte, 
temos a personagem de Lord Harry, um boêmio aristocrata que utiliza do 
pensamento esteta para justificar a sua forma de vida, mas, o mesmo possui 
enraizado em seu interior uma hipocrisia, pois o mesmo se mostra na perspectiva 
de uma vida desregrada e inconsequente mas na realidade ele não é nada disso. 
Ademais, outra peça chave para entendermos essa contradição na dinâmica 
teoria – prefácio – romance, é a personagem de Dorian Gray. O objeto principal 
da obra e que tem uma notória mudança no decorrer da mesma. A princípio sua 
relação com a arte é de um mero espectador, sem muita interação com a mesma; 
ele tem uma pureza quase imaculada, mas no transcorrer do livro, Dorian Gray, 
influenciado por Lord Harry, se transforma em uma pessoa libidinosa, que tende 
aos vícios e valoriza exageradamente o superficial. Em conformidade com que 
Oscar Wilde pensa, tanto Dorian Gray quanto Lord Harry são “envenenados” por 
livros. A arte é maior que a moralidade e o Dorian Gray é a representação do 
esteticismo. 
Ainda sobre a personagem de Dorian Gray e o esteticismo de Oscar Wilde, ao 
defender um movimento artístico de não associação da arte com questões 
políticas e socais, tendo a arte sua funcionalidade como apreciação da beleza, 
nos finalmentes do livro, Oscar Wilde descreve uma cena totalmente reflexiva 
entre Dorian Gray e o seu retrato. Ao olhar a sua pintura, toda danificada, 
envelhecida, manchada, tendendo a podridão, Dorian Gray reflete sobre seus 
atos e tudo o que causou para as pessoas. Tendo o quadro como a 
personificação de sua alma, como fora descrito nos capítulos iniciais do livro, 
todas as ações de Dorian Gray refletiram no retrato, sejam elas boas ou ruins, 
todos os pecados cometidos por ele reverberaram na pintura e ao olhar sua 
imagem toda deteriorada, Dorian Gray enlouquece, julgado se deveria se 
entregar para as autoridades ou se lapidar para se tornar uma pessoa melhor. 
“[...] ele sabia que se havia poluído, que, com corrupção, havia abarrotado a 
mente [...] olhou-se no reflexo lustroso [...] abominou sua própria beleza [...] a 
beleza o arruinaria, a beleza e a juventude por que tanto suplicara. [...] o que 
mais o preocupava era a morte em vida da própria alma. [...] Entrou em silêncio, 
fechou a porta ao passar. Como de habito, e arrastou o pano purpura de cima 
do retrato [...] olhava-se num espelho injusto, no espelho da própria alma. 
Vaidade? Curiosidade? Hipocrisia? [...] reconhecia-se agora [...] para ele o 
quadro agia como a própria consciência. [...] Dorian agarrou o objeto e esfaqueou 
o quadro. [...] ao entrarem, encontraram, pendurado na parede o um retrato 
esplendido [...] no chão, deitado, um fraque, um homem morto, com uma faca no 
coração. Encarquilhado, enrugado, horrendo de fisionomia. Depois de 
examinarem-lhe os anéis, só então, o reconheceram-no.” (Wilde, 1985, p. 278-
283). 
Por conseguinte, vemos esse trecho como ponto principal da contradição de 
Oscar Wilde. Sua personagem, vê o retrato como espelho de sua alma, fazendo 
da arte um mecanismo de metafisica, projetando uma questão social na pintura 
e tendo dela um momento reflexivo, a arte para Oscar Wilde não significava nada 
disso, mas, dentro da sua dinâmica impactoutanto o protagonista que o levou 
ao “suicídio”. 
Outrossim, tendo em vista o esteticismo de Oscar Wilde e sua constante defesa 
da “arte pela arte”, O Retrato de Dorian Gray não fora escrito com intenção de 
ter uma influencia sobre a moralidade e ética nas pessoas. Todavia, questiono-
me o porquê ainda fazemos isso, por que utilizamos da obra para fazermos uma 
catarse sobre nossas atitudes vaidosas? Por que desejamos sempre um “final 
feliz” ao consumir arte, seja ela literatura, visual, teatral e etc.? 
Utilizando o pensamento existencialista de Jean-Paul Sartre, o homem está 
condenado a liberdade e fazer escolhas, tendo isso em vista podemos pensar 
que tudo o que escolhemos para nós, refletirá no outro, o que queremos para 
nós mesmos é o que queremos para o mundo. Portanto, ao pensar em “final 
feliz” usamos como uma válvula de escape da realidade que nós cerca, 
escolhemos algo para consumir que desejaríamos ser a nossa realidade. 
Ademais, há quem realmente não espera um “final feliz” ou lição de moral nas 
artes, mas todos nós encontramos na arte uma possibilidade de sublimação e 
calento. Consumimos arte para fugir de nós mesmos, das nossas angustias e da 
nossa condenação a liberdade e todo o peso que ela traz. 
Em suma, a brilhante obra de Oscar Wilde nos permite inúmeras interpretações 
e especulações a sua cerca. A disritmia entre pensamento teórico e obra, só me 
fez admirar mais ainda o seu trabalho e ver a riqueza com que o autor descreve 
e desenvolve as personagens, cada mudança de Dorian Gray é notoriamente 
vista perdendo aos poucos sua alma. Com uma escrita impecável, personagens 
intrigantes, temáticas instigantes e dualidade entre escritor e obra, não me 
admira que O Retrato de Dorian Gray continue fazendo o sucesso que faz 
mesmo após o trágico fim de seu idealista. 
 
Referências bibliográficas: 
GENETTE, Gérard. Paratextos Editoriais. Tradução de Álvaro Faleiros. São 
Paulo: Ateliê Editorial, 2009. 
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo É Humanismo. Tradução de João 
Batista Kreuch, 4ª edição. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2014. 
WILDE, Oscar. O Retrato De Dorian Gray. Tradução José Eduardo Ribeiro 
Moretzshon. São Paulo: Abril, 2009.

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