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Plano de Ensino
Competências e habilidades:
Entender a natureza e as especificidades da Psicomotricidade;
Relacionar as concepções da Psicomotricidade com as perspectivas atuais de Educação mediadas pela Pedagogia do Movimento.
Analisar a importância de uma prática pedagógica lúdica para uma Pedagogia do Movimento na escola.
Valorizar e organizar ações pedagógicas que mediem o processo de aprendizagem pelo lúdico.
Executar ações pedagógicas acompanhadas que estimulem o desenvolvimento da criança na sua totalidade;
Investir em atividades lúdicas que ampliem suas potencialidades e contribuam para o processo de aprendizagem de conhecimentos construídos historicamente.
AULA 1
Conversa Inicial
Hoje analisaremos os seguintes subtemas:
Origens, concepções e vertentes da psicomotricidade;
A concepção de Jean Le Camus;
O pensamento de Pierre Vayer;
O pensamento de Jean Le Boulch;
As construções de Lapierre e Aucouturier.
O objetivo é que você analise as diferentes vertentes da Psicomotricidade e sua relação com as atuais perspectivas da Educação.
Ao proporcionar um caminhar pelo contexto histórico-filosófico da psicomotricidade sob o olhar desses autores, esperamos que você compreenda o porquê dessa ciência ser considerada fundamental para o processo de aprendizagem da criança.
É importante que você compreenda como os professores de Educação Física, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos buscaram modificar seu olhar dualista (corpo e mente) sobre o sujeito aprendiz, e passaram a compreendê-lo com um sujeito global, integral.
Essa concepção se consolidou nos trabalhos de Lapierre e Aucouturier, que descontruíram a prática funcionalista desses profissionais e reconstruíram uma práxis mais relacional, considerando a totalidade do sujeito.
Tema 1: Origem, Concepções e Vertentes
A palavra “psicomotricidade” tem origem no termo grego "psyché" que significa alma, e no verbo latino "moto" que significa mover frequentemente, agitar fortemente. Ele foi utilizado inicialmente por Dupré (1907-1909), quando desenvolveu seus estudos sobre a "síndrome da debilidade motriz" e a "síndrome da debilidade mental".
Os estudos da psicomotricidade dão preponderância ao corpo sob três aspectos:
O corpo energético;
O corpo dinâmico;
O corpo somático.
Portanto, o corpo se movimenta, sente e vive suas emoções e relações com o outro e com o mundo.
No início do século XX, a concepção dualista do corpo começou a dar espaço à concepção de totalidade do corpo, ideias influenciadas pelos estudos de Freud, Piaget, Wallon e de seus precursores, o que deu uma identidade à psicomotricidade.
Os estudos de Wallon dão bases a três vertentes:
Reeducação;
Terapia;
Educação psicomotora.
Sendo que, esta última tem fortes influências de Piaget.
Tema 2: Concepção de Jean de Camus
Vamos agora buscar compreender algumas concepções da psicomotricidade, dentre elas a de Jean Le Camus, que sob a influência dos estudos de Wallon, disse que a psicomotricidade sofreu três impulsos.
O primeiro deles foi nos anos 30 com o reconhecimento da influência das correntes da Educação Física, quando Guilmain propôs a avaliação do perfil psicomotor da criança a partir dos três anos, favorecendo assim, a evolução da concepção funcionalista da psicomotricidade.
O segundo impulso, nos anos 60, a denominada época da "impressão corporal", o foco estava em melhorar as informações que emanam do próprio corpo, ideia vinculada ao que Wallon chama de "esquema corporal".
O terceiro impulso ocorreu nos anos 70-80, quando os pedagogos dirigiram sua prática educacional para as potencialidades da motricidade de expressão e de comunicação, favorecendo o olhar sobre o corpo relacional, e não mais apenas instrumental/funcional.
Tema 3: O Pensamento de Pierre Vayer
Pick e Vayer são os precursores da concepção psicopedagógica da psicomotricidade. Essa concepção se opõe a dualidade "psique-soma" e se apoia em uma base psicobiológica que conduz a uma concepção global da reeducação. Para eles, a educação psicomotriz deve atuar sobre as condutas motrizes de base (equilíbrio, coordenação dinâmica geral e coordenação viso-manual) e as condutas sensório-motrizes (aquelas ligadas à consciência e à memória, como: estruturação espacial, estruturação temporal, organização espaço-temporal e ritmo).
Posteriormente, Vayer situou a educação psicomotriz na comunicação, sustentando que a criança aprende por meio de seu corpo e do corpo dos demais, dando ênfase ao diálogo corporal da criança consigo mesma, com o outro e com os objetos. Esses três modos de relação determinam uma melhor disponibilidade corporal e a elaboração do esquema corporal.
Tema 4: O Pensamento de Jean Le Boulch
O autor propõe uma educação psicocinética, rechaçando a concepção do corpo como instrumento e fundamentando suas bases teóricas no movimento humano. Ele parte da concepção da existência corporal como unidade total.
A educação psicocinética surgiu da oposição de Le Boulch aos métodos da Educação Física e da Ginástica, construindo uma concepção científica de utilização do movimento com fins educativos. Assim, a importância das obras de Le Boulch para a Psicomotricidade está na compreensão de seu método, que propõe dois tipos de sessão: uma com jogos e atividades de expressão e outra com sessões psicomotoras propriamente ditas, que englobam: exercícios de coordenação (dinâmica geral e viso-manual), de destreza e precisão, de percepção e conhecimento do próprio corpo, de ajuste postural (conduta e equilíbrio), de percepção temporal e do espaço, e de estruturação espaço-temporal. Portanto, trata-se de uma concepção que determina um método.
Tema 5: As construções de Lapierre e Aucouturier
Lapierre e Aucouturier desenvolveram seus estudos a partir da prática com crianças e adultos e estabeleceram que a formação pessoal deve estar inserida na formação profissional. No seu fazer científico sofreram influência funcionalista, utilizando testes e estabelecendo exercícios padronizados para reeducação do movimento (com foco no esquema corporal). Não satisfeitos, introduziram o pensamento psicanalítico com foco na "imagem do corpo", preocupando-se com vivências afetivas. Com isso afirmaram a importância de ambos os aspectos (físico e mental), já que essas duas tendências são complementares e se situam em um nível do "simbólico".
Eles também enfatizaram que no trato pedagógico é fundamental trabalhar com o que a criança sabe, e não com o que ela não sabe, valorizando assim suas potencialidades. Além disso, afirmam que as crianças superam suas dificuldades ao esquecer suas inabilidades, isso porque toda ação educativa lida com diversos processos, sendo alguns conscientes e outros inconscientes.
Na Prática
Toda atividade motora da criança tem um pensamento, um desejo que a sustenta e, portanto, tem seus afetos envolvidos. Desta forma entendemos que os pequenos (de 0 a 3 anos) devem realizar atividades como empurrar e puxar, subir e descer, engatinhar e rastejar, jogar e buscar, entre outras, utilizando caixas de papelão, bolas de diversos tamanhos, tecidos de diversas texturas, além de brinquedos culturalmente construídos.
Os maiores (de 4 a 6 anos), além de utilizarmos esses mesmos tipos de atividades com as dificuldades ampliadas, podemos ainda oferecer atividades que girem para ambos os lados, que saltem, que rolem o corpo, ou seja, que favoreçam suas novas construções de movimento e que estimulem o desequilíbrio para depois restabelecê-lo. As crianças dos anos iniciais também já podem contar com atividades que expressem seus conhecimentos de distância, medidas e outras habilidades motoras. Ah, e não se esqueça de utilizar cantigas e historinhas em sua didática, pois elas são enriquecedoras!
Finalizando
Bem, vamos terminar destacando alguns pontos desta aula que serão importantes ao longo de seus estudos e prática profissional.
A psicomotricidade teve sua origem com Dupré e tinha como intuito reeducara ação dos sujeitos. Ela tem um processo histórico-filosófico que vai do dualismo (corpo-mente) à integralidade do sujeito biopsicossocial (corpo relacional), o que leva a ações profissionais que enfatizam tanto o corpo no aspecto instrumental/funcional quanto na motricidade de expressão e de comunicação.
Suas bases estão nos trabalhos de Wallon, que estão relacionados aos estudos psicanalíticos, de desenvolvimento e pedagógicos, e apresentam três vertentes: reeducação, terapia, e educação psicomotora.
Referências
BARRETO, S.J. Psicomotricidade: educação e reeducação. 3ª ed. Blumenau: Odorizzi, 1998.
BUNELLI, A.M.L; MENEZES, L.A.; Contribuições da Psicomotricidade na Educação Infantil: um olhar psicopedagógico, 2012. Disponível em: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/contribuicoes-da-psicomotricidade-na-educacao-infantil-um-olhar-psicopedagogico. Acesso em: 30 de outubro 2016.
LE BOULCH, J. Rumo a uma Ciência do Movimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
AULA 2
Conversa Inicial
Vamos agora explorar os conceitos fundamentais para uma boa compreensão da Educação Psicomotora, e consequentemente, da Pedagogia do Movimento.
O conhecimento dessas concepções é importante para uma ação pedagógica adequada. Sendo assim, compreender sobre os diversos conceitos de corpo, movimento, construção da cultura corporal e consciência corporal são pontos importantes para entender as ideias da Educação Integral.
Trilhar esses conhecimentos é fundamental para a formação de um profissional que atuará com crianças, tanto na Educação Infantil como nos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois é importante que ele busque compreender a totalidade desses sujeitos, que se encontram em pleno desenvolvimento. Além disso, é importante considerar que o professor é o sujeito mais experiente na ação pedagógica, sendo ele uma grande referência à criança.
Tema 1: Conceitos de Corpo
O corpo pode ter vários conceitos, tudo depende do momento histórico e cultural que queremos estudar. Como estamos falando da Psicomotricidade, apresentaremos os conceitos estabelecidos em seu processo histórico-filosófico. Temos assim:
O corpo hábil: corresponde aos estudos de Dupré, ou seja, o corpo deve responder a um padrão de funcionamento.
O corpo consciente/sutil: concepção que parte das abordagens da neurofisiologia e da neuropsiquiatria.
O corpo significante: parte do princípio de que a representação que as pessoas têm de seu corpo as leva a evidenciarem certos comportamentos, sem que elas compreendam o porquê dos mesmos.
Essas representações do corpo não são conscientes, elas partem da ordem do imaginário e só podem ser expressas por meio do simbólico (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1986). O uso do corpo se expressa pela comunicação verbal ou infraverbal (gestos, posturas).
Tema 2: Conceitos de Movimento
O movimento tem relação direta com o corpo, razão pela qual apresenta concepções diferenciadas no seu processo histórico, já que ele acompanha as concepções de corpo. O movimento é estudado sob duas dimensões: a da expressividade e a instrumental. A relação entre elas favorece o olhar sobre a totalidade do corpo, que se expressa e se comunica por meio de movimentos.
Os movimentos são as respostas motoras dadas a um desejo do sujeito. O que nos remete ao entendimento de que eles são volitivos (dependem da força de vontade do indivíduo), já que o desejo é manifesto pelo pensamento (cognição), estabelecido a partir de um afeto (consciente ou inconsciente), que surge da relação do sujeito com objetos, com o outro ou com ele mesmo.
Cabe ao professor, que atua com alunos entre zero e onze anos de idade, ir além da construção cognitiva e fomentar o desenvolvimento e a ampliação dos movimentos nas crianças.
Tema 3: Cultura Corporal
“Cultura” e “corpo” são palavras ricas em significado, portanto, vamos explorá-las com ênfase na Educação Psicomotora para que você possa compreender a prática pedagógica embasada na Pedagogia do Movimento.
Ao entender o conceito de cultura e de corpo, e sobretudo esses dois termos em conjunto, não é mais possível pensar em uma educação apenas pela via da cognição, tampouco no movimento como um simples ato motor de resposta a um estímulo. Isso porque quando falamos em cultura corporal, ampliamos a visão da ação pedagógica. Percebemos que ela é constituída de diversas informações culturais que auxiliarão a criança em suas vivências no corpo e pelo corpo através de seus movimentos, tornando-os integrados ao seu próprio ser. Somos, portanto, seres culturais e só adquirimos essa consciência por meio do corpo.
Tema 4: Consciência Corporal
A consciência corporal é um estilo de vida dentro da concepção de que todo sujeito é um ser indivisível e por isso não pode mais ser compreendido de forma isolada pela via cognitiva, biológica ou social. Assim, todo sujeito passa a ser visto como um ser integral e as formas de olhá-lo são dialéticas (o indivíduo não tem um corpo, ele é um corpo).
O sujeito é constituído de um corpo significante, o que o leva a ser entendido como um sujeito próprio, que possui identidade, capacidade, limitações e intencionalidade. Ou seja, o sujeito é capaz de sentir, pensar e agir dentro de sua própria vontade, independente das normas estabelecidas pelo contexto social em que se encontra. Portanto, para que a criança atinja sua consciência corporal, é fundamental que a prática profissional propicie atividades que a levem a conquistar sua autonomia de forma reflexiva.
Tema 5: Educação Integral
Pensar em Educação Integral significa pensar em Pedagogia do Movimento, já que seus construtos necessitam de mudanças de paradigmas no âmbito da escola. Isso se dá pelo fato de que a Educação Integral necessita que professores e alunos estejam envolvidos além do ambiente escolar, ou seja, é uma educação que atravessa os muros da escola e pensa no sujeito em sua integralidade.
Não há como pensar num sujeito integralmente sem entender como ele se relaciona, desenvolve e aprende por meio de seu corpo e movimento. Sendo assim, o corpo necessita estar saudável e em harmonia com tudo que o cerca para que possa ter prazer, ser feliz, se mobilizar e se expressar neste universo. A ação pedagógica deve estar pautada em uma Pedagogia do Movimento que traz o lúdico para o contexto escolar sob perspectivas educativas, favorecendo o desenvolvimento integral da criança.
Na Prática
Você pode explorar os movimentos aprendidos nesta aula de forma gradativa no ambiente escolar, principalmente em atividades de agilidade e destreza, capacidades primordiais no processo evolutivo. Vamos nos concentrar nas atividades que propiciem a consciência corporal e, por consequência, na Educação integral?
Antes de tudo, é sempre bom considerar aquelas que favorecem o relaxamento, trabalhando a respiração. Com as crianças no primeiro ano de vida, as atividades são mais manipulativas, como massagens, toques suaves e até mesmo pressão em pontos específicos em que percebemos uma resposta expressiva ou de movimento. Já com os maiores, você pode explorar atividades que revezem agitação e calma, ou seja, estimular movimentos opostos para que a criança perceba suas respostas corporais internas e externas.
Finalizando
Nesta aula pudemos compreender que os conceitos de corpo e movimento passaram por diversas concepções. Atualmente, o corpo é visto como um objeto dotado de um sujeito próprio, único. O movimento, por sua vez, é dotado de comunicação e expressividade, além de ser uma ação motora. Dessa forma chegamos ao entendimento da cultura corporal, que nos coloca mais uma vez como sujeitos próprios, pois cada um de nós tem sua própria história e formas de responder ao meio em que vivemos, integrando (incorporando) saberes, sentimentos e percepções de mundo em nosso corpo.
Depois, chegamos ao entendimento de consciência corporal, ou seja, compreendemosque somos um corpo e que por meio dele nos comunicamos e aprendemos. Isso nos leva à Educação Integral, já que necessitamos de práticas educativas que levem o sujeito a compreender a importância de um corpo saudável, trazendo o lúdico como instrumento pedagógico.
Referências
COBRA, N. A Semente da Vitória. São Paulo: Senac, 2001.
DAOLIO, J. Da Cultura do Corpo. Campinas: Papirus, 1995.
LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER, B. Simbologia do Movimento: psicomotricidade e educação. 3ª ed. Curitiba: Editora UFPR, 2010.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
ROSA, V.T. da; KRUG, H.N. A Cultura Corporal na Educação Física Escolar. 2009. Disponível em http://www.efdeportes.com Acesso: 15 de setembro 2016.
AULA 3
Conversa Inicial
Os Fundamentos da Psicomotricidade têm seus estudos teóricos desenvolvidos sob duas óticas: a funcional e a relacional. Ao elucidar a relação entre elas, é possível dimensionar pedagogicamente subdivisões em esferas que contemplem o cognitivo, o social, o motor e o emocional do sujeito.
Ao dimensionar essas esferas, o profissional (que tem uma prática pedagógica que valoriza o corpo e o movimento) estabelece formas de acompanhamento do desenvolvimento evolutivo de seus alunos, além de escolher sabiamente os conteúdos a serem desenvolvidos e observados (avaliados) nas ações das crianças diante das demandas apresentadas no dia a dia escolar. Portanto, o conteúdo desta aula traz informações relevantes para a compreensão das singularidades das crianças e como potencializá-las pedagogicamente.
Tema 1: Conceitos Funcionais e Conceitos Relacionais
Cientificamente as condutas motoras são subdivididas em funcionais e relacionais.
Cabe ao profissional da área pedagógica relacionar esses saberes, já que essa divisão é apenas teórica, pois essas condutas não se desenvolvem de forma isolada no sujeito. (Lembre-se que estamos sempre partindo do pressuposto de que devemos pensar no sujeito em sua totalidade e integralidade.)
Por outro lado, condutas motoras como coordenação (global e fina), lateralidade e tônus serão exploradas separadamente de condutas como expressão, comunicação e agressividade, pois elas se desenvolvem de forma diferente nos indivíduos.
Tema 2: Esquema Corporal
O esquema corporal é uma capacidade psicomotora funcional e complexa que se envolve diretamente com as capacidades relacionais. O esquema corporal enquanto capacidade psicomotora se subdivide em imagem corporal e esquema corporal propriamente dito. A apropriação dessas condutas se dá simultaneamente, ou seja, o esquema corporal conta com a percepção e a expressão corporal para se constituir.
Há diversos processos envolvidos na construção dessa capacidade, pois para o sujeito receber informações que o levem a percepção e expressão corporal, ele necessita estar em contato com os estímulos do meio. Sendo assim, mesmo que a criança seja muito pequena ela recebe estímulos daqueles que lhe cuidam. Dessa forma, é importante uma ação pedagógica que leve a criança a ampliar suas possibilidades motoras.
Tema 3: Tônus
O tônus é a resistência de um músculo à distensão, ele refere-se à firmeza, apalpação e está presente tanto nos músculos em repouso quanto em movimento. Trata-se de uma capacidade importante para a construção de uma prática pedagógica que prima pelo movimento e pela integralidade do sujeito.
Embora o tônus seja classificado como uma capacidade funcional, ele tem relação direta com a expressividade corporal. Sendo assim, apresentaremos suas características funcionais, que são parte integrante da comunicação do corpo e de seus movimentos, e também suas características expressivas corporais, que são suas ações sobre os objetos e as pessoas.
Dessa forma cabe ao professor mediar as crianças no processo de aprendizagem, oferecendo atividades que explorem essas duas capacidades e estimulem seu total desenvolvimento.
Tema 4: Percepções
O estudo das percepções envolve a capacidade da criança reconhecer o mundo de uma forma funcional, ou seja, envolve compreender como a visão, a audição, o olfato, a gustação e o tato atuam em seu dia a dia por meio da identificação e do reconhecimento de alimentos, clima, sensações como fome e sede, cheiros e até mesmo a tolerância a sons altos, baixos ou agudos.
No entanto, as percepções vão além dessas capacidades funcionais, pois elas também perpassam pela imagem corporal, pelos sentimentos e pelas emoções. Sendo assim, exploraremos as percepções sob a ótica da integralidade e da consciência vivenciada.
Tema 5: Comunicação e Corporeidade
A comunicação e a corporeidade são capacidades relacionais importantes para o desenvolvimento integral da criança.
Quando se prima por uma Educação Integral é preciso considerar a criança em sua totalidade, o que leva a necessidade de compreendê-la em suas relações. Como estas são vividas pelo corpo e no corpo, a comunicação não ocorre somente na forma verbal, como também na forma infra verbal ou não verbal. Sendo assim, é preciso que se considere as formas não verbais de comunicação ao organizar as atividades de uma aula. O olhar, a voz, a expressividade e sobretudo o tônus são meios pelo qual o corpo estabelece a comunicação não verbal. No entanto, ainda é preciso considerar as emoções que levam o sujeito a estabelecer a comunicação pelo corpo. Essas vivências comunicativo-afetivas corporais é que irão possibilitar a construção da corporeidade pela criança, uma ferramenta fundamental na construção de sua identidade.
Na Prática
Para auxiliar a criança no desenvolvimento de suas capacidades funcionais e relacionais é preciso que o plano de trabalho pedagógico explore vários movimentos, principalmente os integrais, os que variam exercícios de relaxamento e tensão e aqueles que envolvam apenas alguns segmentos (partes) do corpo (específicos para a construção e o reconhecimento do tônus).
As atividades que levam a mobilização, identificação e nomeação das partes do corpo ajudam a construir o esquema corporal da criança. Emitir sons, apalpar diversos tipos de objetos e texturas, comparar objetos pela forma, tamanho, cor e identificar odores também são atividades que favorecem o desenvolvimento das percepções, e dependendo da forma como serão oferecidas às crianças, elas irão auxiliar o desenvolvimento da comunicação e da corporeidade. No entanto, é imprescindível que durante esse processo haja o envolvimento corporal tanto da criança como do professor.
Finalizando
Nesta aula trouxemos temas importantes para a construção de uma prática pedagógica focada na Educação Integral. Dentre eles, que:
As capacidades/condutas funcionais e relacionais são dialéticas e por isso devem ser desenvolvidas concomitantemente.
As capacidades funcionais, bem como o esquema corporal, o tônus e as percepções têm suas conceituações embasadas na ótica funcional e relacional.
O esquema corporal tem relação direta com o espaço e com o tempo, o que irá garantir a apropriação da criança da totalidade de seu corpo.
As compreensões desses aspectos farão com que as crianças tenham consciência de sua corporeidade. No entanto, isso só acontece se ela utilizar o seu tônus para se comunicar corporalmente com o mundo que a cerca. Por isso é essencial que essas capacidades sejam exploradas no ambiente escolar.
Referências
COBRA, N. A Semente da Vitória. São Paulo: Senac, 2001.
DAOLIO, J. Da Cultura do Corpo. Campinas: Papirus, 1995.
LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER, B. Simbologia do Movimento: psicomotricidade e educação. 3ª ed. Curitiba: Editora UFPR, 2010.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ROSA, V.T. da; KRUG, H.N. A Cultura Corporal na Educação Física Escolar. 2009. Disponível em http://www.efdeportes.com
AULA 4
Conversa Inicial
Hoje vamos entrar em um mundo de conhecimentos muitopouco explorado na formação profissional do pedagogo, mas de extrema importância quando pensamos em um ensino que atenda às mudanças dos paradigmas educacionais.
É importante que o profissional que trabalha com as crianças pequenas (0 a 6 anos) ou mesmo com aquelas que já se encontram nos anos iniciais, tenha o mínimo de conhecimento sobre o processo de desenvolvimento psicomotor da criança. Saber como o cérebro funciona ou mesmo o que é esperado da criança em cada uma das faixas etárias em que ela se encontra auxilia o professor a organizar suas aulas com atividades que sejam difíceis e desafiadoras, mas ao mesmo tempo possíveis de serem alcançadas. Assim, o objetivo desta aula é ampliar as potencialidades do professor na construção de seu plano de aula. Vamos começar?
Tema 1: Bases Neuropsicológicas da Psicomotricidade
Como o próprio termo já diz, as bases neuropsicológicas da psicomotricidade são o ponto de partida para a compreensão do funcionamento do cérebro e a identificação das partes desse organismo que estabelecem a construção do conhecimento de forma geral e integral. No entanto, não basta saber como o cérebro funciona, é preciso também entender como ele propicia o desenvolvimento das capacidades psicomotoras (como o esquema corporal) e como ele inter-relaciona sensações (como as emoções). Para isso, é preciso compreender que a plasticidade neural faz parte do funcionamento do cérebro e constantemente o auxilia em seu desenvolvimento.
É importante considerarmos que a plasticidade neural, responsável pelo desenvolvimento do próprio cérebro, também possibilitou a estruturação de uma Educação Integral, sobretudo inclusiva.
Tema 2: Cronologia do Desenvolvimento Psicomotor
Agora abordaremos a cronologia do desenvolvimento psicomotor. Os pensadores e estudiosos dessa área chegaram à conclusão de que existem três etapas comuns no processo de desenvolvimento de todos os sujeitos: céfalo-caudal, próximo-distal e geral para específico.
Essas características correspondem a toda parte muscular e do sistema nervoso que tem relação direta com o funcionamento e desenvolvimento do cérebro. Sendo assim, uma estruturação foi organizada a partir das possibilidades que a maturação de cada processo oferece para o relacionamento da criança com o meio. Partindo desses entendimentos foi elaborada a cronologia do desenvolvimento psicomotor contendo as etapas e os estágios pelos quais todos os sujeitos passam, sendo interrompido apenas com a morte. Vamos conhecê-la?
Tema 3: O Primeiro Ano de Vida
No primeiro ano de vida da criança, por ser ainda muito pequena, ela se relaciona com o mundo por meio do choro e de movimentos de resposta ao atendimento (ou não) de suas necessidades. Podemos dizer que essas ações são apenas reflexos nos primeiros meses. Porém, gradativamente esse processo maturacional vai evoluindo, e dependendo dos estímulos externos que a criança recebe, ele se desenvolve mais rápido ou mais lentamente.
Para acompanhar a evolução desse processo é importante que se observe cotidianamente alguns aspectos dessa maturação que nos dão indícios de que a criança apresenta ou não problemas, distúrbios ou deficiências em seu desenvolvimento. Dessa forma, destacamos alguns pontos prioritários no desenvolvimento esperado para cada mês, que os ajudará a avaliar se o desenvolvimento dessas crianças está de acordo com o esperado. Na prática esse conhecimento nos ajuda a organizar planos de aula com atividades que sejam estimulantes e desafiadoras para essa faixa etária.
Tema 4: A Infância
A infância é um período longo na vida da criança, e na concepção do desenvolvimento psicomotor ela vai dos 12 meses aos 12 anos de idade aproximadamente. Identificar e reconhecer algumas características desse desenvolvimento é fundamental para que o profissional possa organizar sua prática pedagógica vinculada ao processo evolutivo da criança, possibilitando assim, atividades coerentes com suas capacidades.
Desse modo a criança se sentirá valorizada em suas potencialidades, o que a auxiliará na superação das suas dificuldades. No que se refere ao professor, esse conhecimento o favorecerá na organização de sua aula a fim de garantir que cada criança seja vista como única, proporcionando assim uma Educação Integral. Cabe lembrar que o período da infância está relacionado ao contexto sócio-histórico-cultural da criança, o que leva ao entendimento de que cada criança passa por esse processo de uma forma individual e única.
Tema 5: A Avaliação Psicomotora no Contexto Escolar
A avaliação psicomotora é de responsabilidade de profissionais específicos, como psicólogos, psicomotricistas, psicopedagogos e educadores físicos. No entanto, o contexto escolar tem como norma usar um processo avaliativo para acompanhar os resultados evolutivos das crianças em períodos de tempo determinados.
Assim, o professor deve seguir, como via de regra, a relação entre o que caracteriza as etapas de desenvolvimento (comportamento esperado) e o que a criança apresenta como respostas às atividades desenvolvidas. Além disso, deve considerar alguns pontos que são fundamentais no processo de desenvolvimento das crianças pequenas e maiores, tomando como referência o que é avaliado nos testes específicos. Sugere-se até que as crianças pequenas (até aproximadamente dois anos) sejam observadas sob aspectos diferentes das crianças maiores, que são avaliadas pela ampliação das habilidades.
Na Prática
Fazer uso de práticas que favoreçam o desenvolvimento psicomotor da criança é fácil, pois o professor precisa pensar sempre em explorar os conhecimentos que ela já tem, valorizando suas potencialidades, e a partir disso oferecer novos desafios.
Ao organizar suas atividades pense sempre que para cada etapa do desenvolvimento a criança já tem condições de realizar algumas ações mostrando comportamentos e condutas motoras. Então, respeitando o tempo de cada uma, ofereça atividades que explorem a manifestação oral e verbal, que explorem o tônus (tenso e relaxado) e que estimulem ações como rastejar, ficar de pé e quadrupedar. Para os maiores, amplie as dificuldades colocando obstáculos (com objetos) para que eles necessitem subir e descer, rolar e saltar. Coloque ritmo nas ações, explore o equilíbrio e o desequilíbrio e ofereça atividades que levam a identificação do corpo e segmentos.
Finalizando
Nesta aula exploramos o desenvolvimento psicomotor. Vimos a importância do cérebro e da plasticidade neural para o processo de reconhecimento de si, do outro e do mundo. Descobrimos que o desenvolvimento se dá por etapas/estágios, que vão ampliando funções, perdendo outras, e se transformando ao longo da vida até ser interrompido pela morte.
As etapas que ocorrem desde o nascimento até a infância nos levam à percepção de que no primeiro ano de vida existem muitos ganhos maturacionais que evoluem gradativamente até se transformarem em hábitos motores na infância. Compreendemos também que o processo evolutivo do desenvolvimento permite olhares avaliativos na escola, mas de modo diferente do diagnóstico de especialistas. A avaliação psicomotora escolar tem seus fundamentos nos testes avaliativos diagnósticos, mas seus princípios partem das potencialidades dos alunos, visando favorecer a superação das dificuldades e respeitando o tempo de cada um.
Referências
LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER, B. Simbologia do Movimento: psicomotricidade e educação. 3ª ed. Curitiba: Editora UFPR, 2010.
LE BOULCH, J. Rumo a uma Ciência do Movimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
MASSON, S. Generalidadessobre a Reeducação Psicomotora e o Exame Psicomotor. São Paulo: Manole, 1985.
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Psicomotora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
WALLON, H. A Origem do Pensamento na Criança. São Paulo: Manole, 1989.
AULA 5
Conversa Inicial
Olá pessoal. Hoje nosso tema será a ludicidade e sua importância no processo de ensino-aprendizagem da criança. Partimos do pressuposto que no universo da criança a ludicidade é sua linguagem e por essa razão ela passa a ser o eixo norteador da prática pedagógica no contexto escolar. Isso mesmo, os jogos e as brincadeiras são os instrumentos que o professor tem para estimular a criança a explorar seu amplo desenvolvimento.
Outro instrumento deve ser utilizado como recurso didático é o corpo, ou seja, o envolvimento do corpo nas atividades lúdicas é prioritário para o desenvolvimento das crianças, e aqui abordaremos tanto o corpo da criança quanto o corpo do professor. Envolver o corpo nas brincadeiras oferece um continente afetivo à criança e lhe dá suporte para estabelecer sua autoconfiança, superar dificuldades e aprender com diversão.
Tema 1: O Lúdico e a Educação
Apesar das tentativas de instituir práticas pedagógicas vinculadas à realidade das crianças e respeitando-as enquanto sujeitos portadores de cultura, ainda vemos altos índices de exclusão e evasão na realidade escolar brasileira, ou seja, há crianças que não se adaptam ao sistema institucionalizado. Porque será que isso ainda acontece?
As mudanças de paradigmas da educação só acontecerão se pensarmos na mesma intermediada pelo movimento, afinal é por meio dele que a criança se comunica com tudo e com todos que a cercam. A criança é um ser em construção, que se mobiliza pelo desejo, manifestando seu prazer ou desprazer com naturalidade. Ela é, portanto, um ser lúdico, que usa o brincar como linguagem. Cabe então ao professor se adaptar a essa forma de linguagem e utilizar atividades lúdicas para mediar o processo de aprendizagem, garantindo assim, o prazer da criança em aprender. Para isso o professor necessita instrumentalizar-se no brincar relacionando as atividades às necessidades de cada aluno.
Tema 2: O Lúdico na Prática Docente
Quando falamos do lúdico na prática docente, somos obrigados a refletir sobre a prática profissional vinculada às mudanças na postura pedagógica. É preciso mudar os olhares didáticos na Educação Infantil, sobretudo a respeito do uso de jogos e brincadeiras, e passar a considerar o fato de que o adulto também brinca e por isso deve se envolver em uma proposta pedagógica que valorize o movimento.
O brincar é um instrumento pedagógico prazeroso para a criança e deve ser explorado com consciência de suas potencialidades pelo profissional. A seguir apresentaremos algumas características do que é possível ser desenvolvido nas esferas cognitiva, social, emocional e motora. Ao dimensionarmos essas possibilidades será mais fácil para o profissional organizar seu plano de aula com atividades lúdicas desafiadoras e que favoreçam a avaliação evolutiva da criança.
Tema 3: O Corpo do Adulto no Momento do Brincar
Envolver o corpo do adulto no brincar talvez seja o ponto primordial para que se estabeleça uma modificação na postura da práxis pedagógica. É comum o professor criar defesas e modalidades de intervenção em que apenas coordene a atividade, o que entendemos ser uma espécie de zona de conforto. No entanto, não propomos apenas uma simples participação no processo de coordenação, mas um envolvimento corporal que responda às demandas e às necessidades da criança.
O professor precisa apresentar um corpo disponível para receber e responder as mensagens tônicas da criança. Assim, o corpo do professor passa a ser instrumento de intervenção pedagógica, de forma lúdica, prazerosa, que por meio da afetividade receptiva estabelecerá o limite com a criança, sendo aberto às necessidades dela e a auxiliando em seu desenvolvimento integral.
Tema 4: O Corpo da Criança no Momento do Brincar
O envolvimento do corpo da criança no momento do brincar é por inteiro, desde que seja proporcionada a ela situações desafiadoras, estimulantes e prazerosas. Então basta que lhe sejam oferecidas oportunidades para que ela se sinta segura e capaz de superar suas dificuldades.
A criança brinca por imitação, explorando suas potencialidades pela via da representação. Ela envolve suas emoções a tal ponto que vive como real o seu imaginário. No entanto, independentemente de se sentir livre para explorar suas sensações e habilidades, buscará a validação, autorização e o reconhecimento do adulto, seja pela via afetiva (cooperação, parceria) ou pela via agressiva (controle, transgressão, poder sobre o outro).
Esses recursos são importantes, pois dão oportunidade de a criança identificar e lidar com sentimentos como frustração, medo, euforia, entre outros.
Tema 5: O Lúdico no Desenvolvimento da Criança
Partindo do entendimento de que o lúdico é o caminho para as mudanças na prática educacional, é preciso compreender como ele favorece o desenvolvimento da criança. É natural que a criança explore o mundo pelos movimentos, reconhecendo a si, os outros e os objetos por meio da relação que estabelece com eles. Portanto, a ação de brincar é um instrumento de intervenção pedagógica que favorece o desenvolvimento da criança.
O lúdico proporciona uma aprendizagem vivenciada a criança, já que ela explora pelo imaginário a representação, a imitação, as emoções, vinculando o simbólico às situações reais. Sendo assim, é importante que o profissional de pedagogia compreenda a necessidade do lúdico na aprendizagem infantil, pois por meio dele que a criança se apropriará de conceitos matemáticos, linguísticos, entre outros, essenciais para a sua construção de conhecimentos.
Na Prática
A utilização do lúdico na prática pedagógica é favorecida por atividades que envolvam os movimentos da criança e do adulto, ou seja, é importante que os corpos de ambos estejam envolvidos na atividade didática. Com os pequenos, o professor pode utilizar seu corpo para brincar em balanceios, giros, empurrar, puxar a criança, agir sobre objetos como tecidos, caixas e até mesmo motocas. Já com os maiores ele pode, além dessas brincadeiras, participar de atividades de faz de conta (casinha, mamãe e filhinho e até mesmo interpretar um personagem ou animal que a criança goste). Além disso, o professor pode participar de brincadeiras de roda, pular corda, etc.
É importante que o corpo do adulto esteja envolvido nas brincadeiras e seja instrumento para o brincar da criança (sempre de forma disponível e não permissiva). O pedagogo também pode incentivar as crianças a construírem e representarem uma personagem em sua própria história.
Finalizando
Esta aula trouxe algumas novidades em termos de compreensão do lúdico como instrumento no processo de ensino-aprendizagem, pois exploramos a ideia de tê-lo como eixo norteador da intervenção pedagógica.
Vimos que é fundamental o envolvimento do corpo do adulto nas atividades lúdicas, sendo que ele é um continente afetivo para as brincadeiras da criança, sem perder sua condição de figura de lei e ordem, mas capaz de estabelecer limite afetivo. Entendemos também que para a criança superar suas dificuldades, ultrapassar barreiras e vencer desafios, ela necessita que o adulto valide, instigue, autorize e reconheça suas ações (reais, simbólicas, conscientes ou inconscientes). Ao envolver seu corpo nas atividades lúdicas a criança lida com a aprendizagem de forma integral, superando medos e inseguranças, prevenindo futuras dificuldades de aprendizagem e ampliando conhecimentos conceituais necessários para a aquisição da leitura e da escrita.
Referências
BATISTA, M.I.B. A Comunicação em Psicomotricidade Relacional: convergência entre emoção e motricidade. Revista Ibero-americana de Psicomotricidade e Técnicas Corporais, 8(3), 105-110. Disponível em http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3584600>. 2008 Acesso/Recuperado em 19 de outubro, 2014.LAPIERRE, A; AUCOUTURIER, B. O Corpo e o Inconsciente. Barcelona: Ed. Científico Médica, 1982.
LE CAMUS, J. O Corpo em Discussão: da reeducação psicomotora às terapias de mediação corporal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
AULA 6
Conversa Inicial
Estamos terminando nossas aulas, e para finalizar vamos explorar alguns conhecimentos relacionados aos jogos, brinquedos e brincadeiras. Refletir sobre este tema é importante devido a ambiguidade da utilização desses conceitos, que confundem até mesmo muitos estudiosos da área pedagógica.
Não podemos ignorar o fato dos jogos, brinquedos e brincadeiras serem ferramentas de mediação pedagógica no contexto escolar, e por isso eles devem ser bem explorados durante o desenvolvimento integral da criança. Como esses instrumentos são utilizados para ofertar vivências em atividades lúdicas, é primordial que o professor entenda como usá-los em sala de aula. Além disso, refletir sobre quando podemos usar uma atividade espontânea ou dirigida, bem como escolhê-las, são fatores relevantes para o exercício da prática pedagógica.
Tema 1: Conceituando Jogos, Brinquedos e Brincadeiras
Qual a diferença entre “jogo”, “brinquedo” e “brincadeira”?
Muitas pessoas acham que essas palavras são sinônimas, porém conhecer as pequenas nuances de cada uma delas o ajudará a saber quando e onde utilizar essas atividades lúdicas. Tanto o jogo como o brinquedo e a brincadeira têm características distintas que são utilizadas de modo diferente no contexto escolar. Assim, as principais características de cada um deles são:
Jogo: atividade recreativa com indivíduos participantes e regras (poucas e simples). Pode ser físico ou intelectual, e necessariamente propõe algum tipo de competição.
Brincadeira: atividade recreativa, cultural e folclórica cujas regras (se existirem) são simples e flexíveis.
Brinquedo: objeto destinado a divertir uma criança. É mediador do imaginário.
Tema 2: O Brincar Espontâneo e o Brincar Pedagógico
Podemos encontrar múltiplas possibilidades do uso do brincar como ferramenta de desenvolvimento e aprendizagem das crianças no contexto escolar. Porém, na prática, o brincar geralmente é oferecido apenas de forma dirigida, ou seja, são atividades determinadas pela professora com a intenção de explorar alguns conteúdos e obter uma determinada resposta da criança. Se a professora oferecer a possibilidade de a criança brincar de forma espontânea, sem esperar dela nenhuma resposta, ela proporcionará a liberdade de escolha do aluno, como com quem e como irá brincar. Isso envolverá a criança muito mais, já que ela não precisará lidar com suas dificuldades.
A evolução do desenvolvimento e aprendizagem se dá de ambas as formas, porém o modo como a professora observa essas situações é que contribuirá imensamente para o processo de ensino-aprendizagem.
Tema 3: Brinquedo e Cultura
Nesta aula focamos no brinquedo como um instrumento do brincar, e como tal, impregnado de cultura. Consideramos sua construção e inclusão no brincar da criança focando no processo histórico-cultural, pois entendemos que por ele fazer parte do universo infantil, cabe a nós pedagogos entendermos as formas de seu uso no processo educacional.
Vemos o brinquedo como um instrumento mediador do brincar, razão pela qual ele pode ter diversos sentidos, desde que corresponda ao imaginário da criança, ou seja, é a criança no seu ato de explorar o objeto que atribui a ele um sentido, independente de ele ter um formato específico (como boneca, louças, móveis, carrinhos ou bola) ou não. Embora o brinquedo industrializado tenha características definidas e que correspondem ao ideal de representação do real, é a criança que vai (no ato de brincar) atribuir a ele o seu papel, pois para ela uma boneca pode ser uma amiga ou apenas uma boneca.
Tema 4: Aspectos Metodológicos na Aplicação do Jogo
O enriquecimento do uso do jogo como ferramenta didática no processo de ensino-aprendizagem se dá a partir do momento que o professor garanta o princípio lúdico do jogo, ou seja, mantenha os objetivos de aprendizagem em foco. Para isso, é importante que ele planeje todo esse processo com antecedência, buscando primeiramente ver se o ambiente escolar oferece o que é necessário para o desenvolvimento da atividade, tendo assim tempo para adequá-la ou buscar os recursos necessários para que ela seja realizada.
Durante esse planejamento, o professor deve considerar as formas de encaminhamento metodológico junto aos alunos, favorecendo o envolvimento das crianças desde a preparação da atividade. Essa postura de envolvimento da criança na construção do que é necessário para uma atividade é algo que contribui para o seu desenvolvimento e pode fazer parte dos objetivos a serem atingidos. Trata-se de uma postura desafiadora para o professor também.
Tema 5: Jogos Cooperativos
Chamamos de jogos cooperativos aqueles jogos que surgiram com o intuito de unir as pessoas reduzindo a competição entre elas e ampliando as capacidades cooperativas. Este termo surgiu no contexto da psicologia empresarial que buscava dinâmicas de grupo que favorecessem o trabalho em equipe.
O professor de Educação Física Fábio Brotto adaptou esses jogos para o contexto escolar, os organizando de acordo com os princípios, fundamentos e metodologias do sistema educacional. Uma característica marcante desses jogos é que eles trazem em sua abordagem um olhar sobre o desenvolvimento global, entendendo que o sujeito vive por meio de seu corpo e de suas relações com o mundo. Por se tratar de uma abordagem metodológica constituída de reflexões sobre a própria prática, esse tipo de jogo é mais indicado para crianças maiores, mas seus princípios podem ser utilizados em jogos lúdicos mais infantis.
Na Prática
Vamos colocar em prática o conteúdo aprendido?
Para crianças menores (de zero a três anos): utilize brincadeiras com objetos (brinquedos), de preferência aqueles não industrializados (que você mesmo produz) e promova atividades com cantigas lúdicas e dirigidas, podendo até mesmo ser manipulativas (para que as crianças se sintam estimuladas por elas).
Para crianças maiores (de quatro a oito anos): utilize as mesmas atividades apontadas paras as crianças pequenas, porém com suas dificuldades ampliadas. Além disso, promova brincadeiras que exijam mais envolvimento corporal e raciocínio lógico.
Para crianças maiores (a partir de nove anos): promova jogos cooperativos, que exigem habilidades motoras e raciocínio lógico.
Finalizando
E assim terminamos a disciplina de Psicomotricidade.
Nesta última aula refletimos sobre o bom aproveitamento dos jogos, brinquedos e brincadeiras como ferramentas pedagógicas significativas. Essas atividades lúdicas podem ser apresentadas para as crianças de forma dirigida ou espontânea, sendo que esta última também é considerada pedagógica, desde que o professor não se perca em seus objetivos.
Também vimos que o brinquedo é um instrumento para estimular o brincar criativo, representativo e simbólico do imaginário da criança, sendo que é ela quem estabelece esse sentido, por isso o brinquedo é visto como um instrumento cultural. Além disso, trouxemos alguns princípios e fundamentos metodológicos do uso pedagógico do jogo, orientando suas formas e possibilidades de uso no processo de ensino. E finalizamos apontando os tipos e as características básicas dos jogos cooperativos, que têm como objetivo tornar os jogos menos competitivos.
Referências
BEIJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus, 1984.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
BROTTO, F.O. Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. Santos: Renovada. 1997.
MARINHO, H.R.B. et. al. Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2007.
LOBATO, M.; LOBATO, M.;LEÃO, P. Afrika Gumbe. Disponível em: <https://www.afrikagumbe.com/discografia/afrika-gumbe>. Acesso em: 25 de agosto, 2016.
 
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