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Legislação aplicada à Logística Cristiane Alves Anacleto Campus Ribeirão das Neves Curso Técnico Subsequente em Logística Nome do autor Cristiane Alves Anacleto Curso Técnico Subsequente em Logística 1ª Edição Ribeirão das Neves Instituto Federal de Minas Gerais 2023 Pró-reitor de Extensão Diretor de Projetos de Extensão Arte gráfica Diagramação Coordenação do curso Diretor Geral Diretor de Ensino Coordenação do Centro Educação a Distância Carlos Bernardes Rosa Júnior Niltom Vieira Junior Ângela Bacon Eduardo dos Santos Oliveira Pedro Marinho Sizenando Silva Maria das Graças Oliveira Saulo Furletti Paula Andréa de Oliveira e Silva Rezende © 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do Instituto Federal de Minas Gerais. 2023 Direitos exclusivos cedidos à Instituto Federal de Minas Gerais Avenida Mário Werneck, 2590, CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG, Telefone: (31) 2513-5157 Apresentação do curso Este curso está dividido em quatro semanas, cujos objetivos de cada uma são apresentados, sucintamente, a seguir. SEMANA 1 Nessa semana, vamos falar sobre os principais aspectos da legislação brasileira para o transporte rodoviário de carga. Abordaremos os conceitos das figuras existentes nesse tipo de transporte. Apresentaremos os principais documentos envolvidos no serviço de transporte. SEMANA 2 Conhecer aspectos relevantes da legislação trabalhista brasileira. Entender as particularidades da legislação existente para os motoristas do transporte rodoviário de cargas. SEMANA 3 Vamos aprender o que existe em termos de legislação para a implementação e manutenção de sistemas de logística reversa no Brasil. SEMANA 4 Vamos compreender o que são tributos e como funciona o sistema tributário brasileiro. SEMANA 5 Vamos aprender quais tributos estão relacionados com a operação logística. Carga horária: 60 horas. Estudo proposto: 2,4h por dia em cinco dias por semana (12 horas semanais). Apresentação dos Ícones Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado: Atenção: indica pontos de maior importância no texto. Dica do professor: novas informações ou curiosidades relacionadas ao tema em estudo. Atividade: sugestão de tarefas e atividades para o desenvolvimento da aprendizagem. Mídia digital: sugestão de recursos audiovisuais para enriquecer a aprendizagem. Sumário Semana 1 – Legislação brasileira sobre o transporte de carga ..................... 15 1 Panorama geral da legislação ............................................................ 15 Semana 2 – Legislação trabalhista brasileira relacionada à Logística ........... 23 2 Legislação trabalhista associada à logística ....................................... 23 2.1 Lei 13.103/2015 ................................................................................. 23 2.2 CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) ......................................... 26 Semana 3 – Legislação vigente para a logística reversa ............................... 31 3 O que já avançamos no Brasil em termos de legislação para logística reversa? ........................................................................................................ 31 Semana 4 – Sistema tributário brasileiro ....................................................... 37 4.1 Sobre o ICMS .......................................................................................... 40 Semana 5 – Principais tributos relacionados à logística ................................ 45 5.1. Impostos da União – Imposto de Importação ......................................... 45 5.2. Impostos da União – Imposto de Renda ................................................. 46 5.3. Tributos da União – PIS e Confins .......................................................... 47 5.4. Imposto dos Estados – IPVA .................................................................. 47 5.5. Imposto dos municípios – ISSQN – Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza ........................................................................................................ 48 Referências ................................................................................................... 53 Currículo do autor (opcional) ......................................................................... 56 Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 15 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Apresentação do curso”. 1 Panorama geral da legislação Nessa unidade vamos conhecer como o transporte de cargas é regulamentado no Brasil. O principal órgão regulamentador do transporte rodoviário de cargas no Brasil é a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A principal lei sobre o transporte de cargas é a Lei 11.442/2007, também conhecida como Lei do Transporte Rodoviário de Cargas. Essa lei dispõe sobre o transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros que são remunerados. Ela também revoga a Lei no 6.813, de 10 de julho de 1980. Os mecanismos da operação do transporte remunerado bem como a responsabilidade do transportador também são apresentados. Existe legislação federal específica para o transporte de produtos perigosos que não será abordada nesse curso. Essa lei refere-se à atividade econômica exercida por interessados que podem ser pessoa física (CPF) ou jurídica (CNPJ – cadastro nacional de pessoa jurídica). Esses interessados devem estar inscritos no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTR-C da ANTT. A inscrição no RNTRC é obrigatória para os transportadores rodoviários remunerados de cargas em uma das categorias do Quadro 1. Tipos de transportadores Descrição Transportador Autônomo de Cargas - TAC Pessoa física que exerce, habitualmente, atividade econômica de Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas, por sua conta e risco, como proprietária, coproprietária, comodatária ou arrendatária de até 3 (três) veículos automotores de cargas. O TAC pode autorizar um TAC-Auxiliar que conduz o veículo automotor de cargas de sua propriedade ou na sua posse para o exercício da Objetivos Nessa semana, vamos falar sobre os principais aspectos da legislação brasileira para o transporte rodoviário de carga. Abordaremos os conceitos das figuras existentes nesse tipo de transporte. Apresentaremos os principais documentos envolvidos no serviço de transporte. Semana 1 – Legislação brasileira sobre o transporte de carga http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11442.htm https://www.cobli.co/blog/transporte-rodoviario/ https://www.youtube.com/watch?v=zmwHjyiEtz8 Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 16 atividade de Transporte Rodoviário Remunerado de Cargas. Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC Pessoa jurídica constituída por qualquer forma prevista em lei que tenha no transporte rodoviário de cargas a sua atividade principal Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas (CTC) Sociedade cooperativa na forma da lei, constituída por pessoas físicase/ou jurídicas, que exerce atividade de transporte rodoviário de cargas, visando à defesa dos interesses comuns dos cooperados. Quadro 1 – Tipos de transportadores rodoviários Fonte: Lei 11.442/2007; Resolução de n.º 5.982 da ANTT O TAC pode ser chamado de agregado ou independente. O agregado [e aquele que coloca o veículo de sua propriedade a serviço do contratante com exclusividade mediante remuneração. Esse veículo pode ser dirigido por ele próprio ou por seu preposto. O TAC independente é aquele que presta serviços de transporte de carga em caráter eventual e sem exclusividade, mediante o pagamento de frete ajustado a cada viagem. A cessão do veículo do TAC para um profissional chamado TAC-Auxiliar não implica em caracterização de vínculo empregatício. O Transportador Autônomo de Cargas Auxiliar deverá contribuir para a previdência social de forma idêntica à dos Transportadores Autônomos de Cargas. A resolução de n. º 5.982, de 23 de JUNHO de 2022 da ANTT regulamenta sobre os procedimentos para a inscrição e manutenção no RNTRC. Se você precisar realizar a inscrição do transportador no RNTRC é necessário ler essa resolução e informar os dados solicitados bem como sempre mantê-los atualizados ou informar qualquer mudança ao órgão regulamentador. Considere alguns termos definidos nessa resolução descritos no Quadro 2. Termo Definição Transportador Rodoviário Remunerado de Cargas - TRRC Pessoa física ou jurídica que exerce a atividade econômica de transporte rodoviário de cargas, por conta de terceiros e mediante remuneração. Transporte Rodoviário de Carga Própria Transporte rodoviário de cargas realizado por pessoa física ou jurídica, efetuado com veículos de sua propriedade ou em sua posse. Aplica-se exclusivamente a cargas para consumo próprio ou distribuição dos produtos por ela produzidos ou comercializados, sem que haja cobrança destacada de frete. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 17 Contratante Pessoa física ou jurídica contratualmente responsável pelo pagamento do frete ao transportador, para prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas; Destinatário Pessoa física ou jurídica a quem a carga é destinada, ou seja, aquele que deve receber a carga do transportador, Quadro 2 – Definições importantes para o profissional de logística Fonte: Resolução de n.º 5.982, de 23 de JUNHO de 2022 da ANTT O RNTRC podem ser feitos em um ponto credenciamento para o atendimento da categoria do transportador (TAC, ETC ou CTC) ou pelo RNTRC digital. O cadastro e a atualização cadastral no RNTRC são gratuitos. A requisição de qualquer solicitação pode ser feita pelo transportador ou por seu representante identificado na forma definida pela ANTT. Após efetivada a inscrição do transportador no RNTRC, o certificado do RNTRC (CRNTRC) será emitido imediatamente com prazo indeterminado. O transportador inscrito no RNTRC deve cadastrar sua frota de veículos automotores de cargas e implementos rodoviários. Esses implementos rodoviários são, são os reboques, semirreboques e carrocerias. Eles desempenham função específica de transporte de carga. A propriedade de veículo automotor de cargas e de implemento rodoviário será comprovada por meio do Certificado de Registro do Veículo no Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM). O transportador poderá registrar veículos que não são de sua propriedade desde que comprove a regularidade de sua posse ou seu uso por meio de contrato de comodato, aluguel, arrendamento ou afins junto ao RENAVAM outro meio eletrônico disponibilizado pela ANTT. Dica do Professor: Acesse o portal dos números do RNTRC. O link está no Moodle. O site da ANTT é: http://portal.antt.gov.br/rntrc O tutorial fornecido pela ANTT para o registro no RNTRC é: https://youtu.be/CXqy55edTns É interessante destacar que para a inscrição e manutenção do RNTRC pelo TAC (transportador autônomo de cargas) ou Responsável técnico de ETC (empresas de transporte rodoviário de cargas) é necessário ter sido aprovado em curso específico ou possuir pelo menos três anos de experiência na atividade de transporte de cargas. O curso específico é ministrado por entidades conveniadas pela ANTT. Desde setembro de 2022 a aprovação no curso específico é feita por meio de prova de conhecimento eletrônica. http://portal.antt.gov.br/rntrc https://youtu.be/CXqy55edTns Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 18 Atenção! Embarcador e transportador não são o mesmo conceito. Embarcador prepara a carga para transporte e a entrega para o transportador. O transportador é responsável por transportar a carga, entregando-a ao destinatário. Toda vez que for utilizado o serviço oferecido por um TAC é necessário realizar o pagamento eletrônico de frete (PEF). O PEF é a evolução da carta frete, sendo um sistema de pagamento exclusivo aos transportadores autônomos de carga. Ele possibilita a contribuição para o INSS pelo TAC ao mesmo tempo que tornou a remuneração dos profissionais autônomos de carga mais transparente. Existem instituições bancárias autorizada em que pode ser feito o crédito do pagamento do frete por meio de conta de pagamento pré-paga. Os transportadores utilizam cartões para o saque dos valores pagos. Esse pagamento do frete deverá ser informado no DT-e (documento eletrônico de transporte). Atenção! Pagar TAC com carta-frete é irregular. Esse tipo de pagamento durou 60 anos no Brasil. A carta frete era uma “nota promissória” que o TAC usava para trocar por serviços e produtos de estabelecimentos parceiros do embarcador. A carta frete foi substituída pela PEF (Pagamento Eletrônico de Frete). O DT-e unifica os documentos e as informações de obrigações administrativas exigidas em operações de transporte de carga para todos os modais de transporte. Todo transportador que com fins lucrativos realiza transporte de bens próprios ou de terceiros no Brasil, deve possuir um DT-e válido para realizar a sua operação de transporte. É importante destacar que a responsabilidade pela emissão do DT-e é do embarcador ou contratante do transporte. A leitura eletrônica dos dados do veículo e da operação como um todo é realizada por meio de um chip acoplado ao veículo. Toda vez que um TAC for acionado para realizar o serviço de transporte, ele deverá receber antes da partida o DT-e pronto para uso em viagem. Ao longo da viagem será verificado de forma eletrônica se o veículo possui um DT-e válido nos pontos de coletas de dados instalados. Dessa forma, não será necessário parar o veículo para realizar a fiscalização e monitoramento sistemático. Toda fiscalização ocorre de forma remota e eletrônica, tem tempo real. Os DT-e podem ser gerados por cooperativas para seus cooperados e associados. O DT-e pode ser gerado por qualquer pessoa jurídica de direito privado registrada no Ministério dos Transportes como entidade geradora de DT-e. Além disso, o DT-e permite fiscalizar o cumprimento da política do piso mínimo de frete já que o valor do frete pago ao TAC deverá ser indicador no DT-e. O DT-e possui campo específico para a descrição do valor do vale-pedágio obrigatório que foi disponibilizado ao TAC. O vale-pedágio obrigatório foi instituído pela Lei nº 10.209 de 23 de março de 2001. Tal lei foi criada para desonerar o transportador autônomo de carga Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 19 do pagamento do pedágio. Os embarcadores por este dispositivo legal são responsáveis pelo pagamento antecipado do pedágio e fornecimento de comprovante de pagamento ao transportador rodoviário. Portanto, o embarcador é obrigado a fornecer o vale-pedágio e efetuar o pagamento das despesas de pedágio. Figura 1: Fluxo operacional do DT-e – Resumo Fonte: Ministério do Transportes.O transporte rodoviário de cargas pode ser efetuado sob contrato ou conhecimento de transporte rodoviário de cargas que deverão conter as informações para a completa identificação das partes e dos serviços bem como a natureza fiscal. O conhecimento de transporte rodoviário de cargas (CTRC) é um documento emitido pelas transportadores para informar quais as mercadorias serão transportadas entre a origem e o destino da carga. O contrato ou CTRC emitidos faz com que a ETC e o TAC assumam a responsabilidade perante o contratante de executar os serviços de transporte de cargas desde a origem até o destino bem como pelos prejuízos resultantes de perda, dano ou avarias às cargas sob a sua custódia ou pelos atrasos em sua entrega quando houver prazo pactuado. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 20 Vocês sabiam que a Lei 11.442/2007 estabelece prazo máximo para carga e descarga? Por essa lei o prazo máximo para carga e descarga do veículo de transporte rodoviário de cargas será de cinco horas contadas a partir de sua chegada ao destino. Esse tempo quando não tiver item do contrato que trata exclusivamente sobre o tempo de descarga e carga. Passado o prazo de 5 horas deve ser pago ao TAC ou ETC o equivalente a R$ 1,38 (um real e trinta e oito centavos) por tonelada/hora ou fração. Para o cálculo desse valor deverá ser considerada a capacidade total de transporte do veículo. Quem deve fornecer ao transportador o documento que comprove o horário de chegada do caminhão no local é o embarcador ou o destinatário. Se isso não acontecer, haverá a aplicação de multa pela ANTT que não excederá a 5% do valor da carga. O horário de chegada do caminhão no local deve ser informado em campo específico do DT-e. Toda operação de transporte de cargas deve contar com o seguro contra perdas ou danos causados à carga, de acordo com o que seja estabelecido no contrato ou conhecimento de transporte. O seguro contratado pode ser feito pelo contratante do serviço ou pelo transportador. A contratação exclusiva do transportador da carga de seguro obrigatório para cobertura de perdas ou danos causados à carga transportada em decorrência de acidentes rodoviários. Os seguros para cobertura de roubo da carga ou para cobertura de danos causados a terceiros pelo veículo automotor utilizado no transporte rodoviário de cargas são de contratação facultativa pelo transportador da carga. Todas as infrações do disposto da Lei 11.442/2007 serão punidas com multas administrativas a serem aplicadas pela ANTT. Não ocorre o prejuízo do cancelamento da inscrição no RNTRC. As multas administrativas variam de R$ 550 a R$ 10.500. Vamos falar aqui alguns documentos envolvidos no transporte rodoviário de cargas. • Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) e Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTE) É um documento digital fiscal (emitido e armazenado eletronicamente) que documenta para fins fiscais uma prestação de serviço de transporte de cargas. Esse documento deve ser emitido para qualquer modal de transporte (rodoviário, aéreo, ferroviário, aquaviário e dutoviário). As empresas de transporte de cargas emitem esse documento no site http://www.cte.fazenda.gov.br/. O Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTE), cuja função é acompanhar a realização da prestação de serviço e consequentemente o trânsito das mercadorias transportadas, além de possibilitar ou facilitar a consulta do respectivo CT- e na internet. Ele é uma representação simplificada do CT-e e contêm a chave numérica com 44 posições para a consulta do CT-e. A Figura 2 mostra um exemplo de DACTE. Com a implementação do DT-e, ficou suspensa a obrigatoriedade da impressão do DACTE. http://www.cte.fazenda.gov.br/ Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 21 Figura 2: Exemplo de um DACTE Fonte: http://www.espiaonfe.com.br/ • NFE e DANFE A nota fiscal eletrônica (NF-e) reúne todas as informações fiscais de uma operação comercial. Ela contempla todos os dados referentes aos produtos comercializados naquele frete ou parte dele. Todo emissor de nota fiscal deve pedir autorização na Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ). O DANFE é similar ao DACTE. O DANFE contém a chave de acesso para a nota fiscal, chamado, portanto, de Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica. O DANFE é a versão impressa simplificada da nota fiscal eletrônica. Portanto, exerce a mesma função do DACTE: impressão simplificada de dados. A sua impressão física ficou suspensa com a implementação do DT-e. • MDF-e (Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos) e DAMDFE (Documento Auxiliar do Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos). O Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos é emitido e armazenado eletronicamente. Ele vincula os documentos fiscais no veículo de carga utilizado. A sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente e autorização. Para emitir em MDF-e é necessário ser credenciado à secretaria da fazenda do estado de origem, possui certificado digital vinculado ao CNPJ e possuir um emissor de MDF-e. A sua impressão física ficou suspensa com a implementação do DT-e. O MDF-e resume todas as notas fiscais e conhecimentos de transporte de carga de um veículo. Isso pode ocorrer quando um veículo possui cargas de diferentes empresas ou quando as entregas precisam ser realizadas em estados e cidades diferentes. Então o processo é simplificado pelo MDF-e. Ele registra o início e o fim de cada operação de transporte. O DAMDFE é versão simplificada do MDF-e. Antes do surgimento do DT-e era impresso e acompanhava todo o transporte. Quando o transporte de um veículo possui carga fracionada, ou seja, vários remetentes em um mesmo frete, é necessária a emissão do MDF-e por quem emitiu os CT- e ou as NF-E se os produtos estiverem cobertos por mais de uma nota fiscal. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 22 Figura 3: Exemplo de um MDF-e Fonte: https://www.truckpad.com.br O MDF-e indica o responsável pelo transporte em cada trecho do percurso. Registra também as alterações das unidades de transportes, de cargas e de seus condutores. Atividade: Para concluir a primeira semana de estudos, vá até a sala virtual e responda ao questionário proposto. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 23 2 Legislação trabalhista associada à logística O artigo 4º da Lei 11.442/2007 estabelece que é o contrato celebrado entre a transportadora e o motorista, ou entre o dono ou embarcador da carga e o transportador, que define a forma de prestação de serviço. Caso não exista esse contrato, configura-se como vínculo empregatício. As contratações feitas por transportadoras seguem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Lei 13.467/17. A CLT afirma que a carga horária do motorista não pode ser superior a 8 horas diárias. Devem ser observados Acordos ou Convenções de Trabalho do local. Com a reforma trabalhista em 2017, a convenção coletiva ou acordo coletivos passaram a prevalecer sobre a CLT. Mesmo se o que ficou estabelecidos nesses instrumentos contrariem a CLT, é o que deve ser considerado. A gestão do trabalho do motorista profissional tem particularidades que vão além do escopo da CLT. Sua rotina de trabalho difere um pouco das demais profissões, no entanto, sua jornada precisa ser gerenciada. A Lei 13.103 estabelece diretrizes para a jornada de trabalho do motorista profissional. Todo profissional que seja capacitado para realizar o transporte de cargas e que possua vínculo empregatício regido pela CLT é considerado um motorista profissional. Além disso, esse profissional deve possuir habilitação na categoria de profissional de transporte que corresponde à categoria de veículo que ele irá conduzir.2.1 Lei 13.103/2015 A Lei 13.103/2015 é conhecida como a Lei do Motorista. Ela aplica-se a profissionais que realizam transporte de cargas ou passageiros como funcionários de uma empresa que é dona do veículo em todo o território rodoviário. Ela trata da jornada do motorista. Por exemplo, a lei prevê que a jornada de trabalho do motorista seja registrada em um diário de bordo que pode ser um sistema ou ficha de papel. Esse controle é obrigatório. Então a empresa deve fornecer meios para o motorista registrar sua jornada. A seguir seguem algumas regras estabelecidas por essa lei para a jornada de trabalho. • Jornada de trabalho de 08 horas por dia, respeitando 44 horas semanais; Objetivos Conhecer aspectos relevantes da legislação trabalhista brasileira. Entender as particularidades da legislação existente para os motoristas do transporte rodoviário de cargas. Semana 2 – Legislação trabalhista brasileira relacionada à Logística Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 24 • Máximo de duas 02 extras dia, se estendendo para 04 horas em casos extraordinários; • Dirigir no máximo 05 horas seguidas; seguido por um descanso obrigatório de 30 minutos. Esse descanso pode ser fracionado desde que o tempo de trabalho entre os descansos não ultrapasse cinco horas e meia. Os motoristas de veículos com passageiros, precisam realizar descanso de 30 minutos a cada quatro horas de viagem. • Intervalo de almoço de no mínimo 01 hora, não podendo descontar do período de descanso obrigatório. • A jornada 12 por 36 pode ser adotada desde que exista algum acordo prévio ou convenção coletiva do sindicato. • No período de vinte e quatro horas devem ser asseguradas onze horas de descanso que podem ser fracionadas e coincidentemente com os períodos de parada obrigatório na condução do veículo estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro ). Devem ser garantidos o mínimo de oito horas ininterruptas no primeiro período e o gozo do remanescente dentro das dezesseis horas seguintes ao fim do primeiro período. • O período mínimo de seis horas consecutivas de descanso fora do veículo ou com ele parado deve ser respeitado. Quando a empresa opta por dois motoristas para conduzir o mesmo veículo, o tempo de repouso pode ser feito com o veículo em movimento desde que as seis horas consecutivas sejam parados. • Quando a viagem durar mais que sete dias, o motorista deverá ter um descanso de 24 horas semanais, além das 11 horas de repouso diário. Você sabia que se o motorista não cumprir o descanso obrigatório, ele pode receber uma multa de R$ 130, levar quatro pontos na carteira e até mesmo ter se veículo retido? A lei determina que quem determina a jornada é o próprio motorista. Toda vez que o motorista profissional empregado fica aguardando carga ou descarga do veículo bem como o tempo gasto em fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias até duas horas ininterruptas, não deve ser computado essas horas em sua jornada de trabalho nem como horas extraordinárias. O tempo de espera deve ser indenizado em sua remuneração mensal. O cálculo deve ser 30% a mais do seu salário-base diário. Passado o tempo de espera mais que duas horas e o local tiver local adequado para descanso, esse tempo pode ser considerado como repouso. Toda vez que o motorista termina sua jornada, mas fica à disposição da empresa, ele deve ser pago pelo seu “tempo à disposição” com valor pago equivalente a hora normal de trabalho. O intervalo interjornada de 11 horas deve acontecer a cada 24 horas, respeitando o mínimo de oito horas ininterruptas de descanso e com o veículo parado. Até as 16 horas depois do primeiro descanso, as demais 3 horas podem ser usadas para descanso de forma fracionada. Caso o motorista trabalhe durante o período de descanso, ele deve receber como hora extra, que custa 50% a mais que o valor da hora normal de trabalho. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 25 O início de viagem somente poderá ocorrer após o cumprimento integral do intervalo de interjornada de 11horas a cada 24 horas. O intervalo para almoço deve ser de no mínimo uma hora e no máximo duas. O intervalo para almoço junto com o período de descanso do funcionário são considerados intervalo intrajornada. Esse intervalo deve ser pago integralmente, mesmo que por exemplo, o motorista faça 30 minutos de almoço em vez de uma hora. Quando há acordos coletivos ou convenções estabelecidas por sindicatos de classe ou em casos extraordinários, a jornada de trabalho pode ser estendida por até quatro horas. No entanto, a lei hoje permite que duas horas extras diárias sejam realizadas. Para jornadas de trabalho noturnas, o motorista deve receber 20% a mais por hora do que o valor pago pela hora diurna. Das 22 horas até as cinco horas, o período de trabalho é considerado noturno. Para os motoristas das categorias C, D e E é obrigatório a realização de exame toxicológico conforme determina a CLT quando da admissão e demissão. Na renovação da CNH (carteira nacional de habilitação) é necessário realizar o exame para as categorias citadas na renovação e habilitação. Os intervalões entre os exames devem ser de no mínimo dois anos e meio. A CLT determina como obrigatória a realização de exame toxicológico para motoristas das categorias C, D e E. O exame deve ser realizado na contratação e demissão de um motorista, e os intervalos entre os exames devem ser de no mínimo dois anos e meio, sempre com direito a contraprova por parte do motorista, caso o exame dê positivo. A Lei 13.013 determina a obrigatoriedade da contratação de seguro para motoristas profissionais pelo empregador com o intuito de assegurar riscos de morte natural, morte por acidente, invalidez total ou parcial decorrentes de acidentes relacionados à profissão. A Lei 13.013 também assegura outros direitos aos profissionais de transporte rodoviário de passageiros e cargas descritos a seguir. • O profissional não será responsabilizado e não deverá arcar com as despesas caso ocorra prejuízo patrimonial comprovado, causado por terceiros. • O acesso gratuito a programas de formação profissional e de aperfeiçoamento regulamentadas pelo CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito). • Atendimento reabilitador, preventivo e terapêutico garantido no Sistema Único de Saúde (SUS). • Acesso a serviços relacionados a medicina ocupacional, prestados por instituições tanto públicas quanto privadas. • Proteção do Estado contra ações criminosas. Dica do Professor: http://www.pontotel.com.br/ Veja que interessante as soluções apresentadas por essa empresa para controlar jornada de trabalho de forma online com a utilização de ferramentas de http://www.pontotel.com.br/ Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 26 geolocalização, conseguindo gerenciar suas frotas a distância. Dá para gerenciar também as pausas já que o monitoramento ocorre em tempo real. A empresa pode configurar a jornada de trabalho de acordo com as exigências da lei. A remuneração do motorista poderá ser fixada por distância percorrida, tempo de viagem, natureza ou quantidade de produtos, comissão ou qualquer outra vantagem, desde que a remuneração não comprometa a segurança nas rodovias. A tolerância máxima de 5% no peso bruto total para a pesagem de veículos de carga e 10% de tolerância no peso bruto por eixo, foram estabelecidas. Os veículos de transporte de carga que circulem vazios não pagarão taxas de pedágio sobre os eixos suspensos. Determinou-se que o embarcador indenize todos os prejuízos decorrentes da infração por transporte de carga com excesso de peso. A lei 13.103 também determinou a responsabilidadedo poder público para ampliar os locais de descanso em até cinco anos após a sua publicação. As condições de segurança, sanitárias e de conforto nos locais de espera também são de responsabilidade dos órgãos públicos competentes. Todos os trechos de vias com pontos de paradas e locais de descanso serão divulgados pelo órgão de trânsito competente. 2.2 CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) A reforma trabalhista se materializou pela Lei 13.467/17 que alterou determinações até então previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A CLT foi instituída pelo Decreto-Lei nº5.452, sancionado pelo presidente Getúlio Vargas. Vamos falar um pouco dessa lei nessa parte da unidade. No entanto, adicionei o arquivo completo na seção de material de aula no Moodle. Informações mais detalhadas podem ser lá consultadas. Para exercer qualquer emprego, o colaborador deve apresentar a sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. Ela deve ser apresentada ao empregador que o admitir que terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, a data de admissão, cargo e a remuneração bem como outras condições se houver. Cabe ao empregador efetuar o recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado. O empregador poderá descontar a parte referente da contribuição previdenciária do empregado de sua remuneração mensal. Além disso, o depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) deve ser realizado mensalmente com base nos valores pagos no período mensal. Jornada de trabalho • Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 27 • O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. • Há possibilidade de contratação de trabalho em regime de tempo parcial cuja duração não exceda a trinta horas semanais, não podendo ter horas suplementares (extras) semanais. O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. • A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. • É facultado às partes estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Remuneração e salário • O empregador não poderá remunerar o colaborador com remuneração inferior ao salário-mínimo estabelecido na região, zona ou subzona em que tiver de ser cumprido. • A remuneração é a soma de tudo o que for recebido, sendo dividida em: a) salário; b) parcelas de natureza salarial, como gratificações, comissões e adicionais e que geram reflexos no cálculo de verbas trabalhistas; c) parcelas sem natureza salarial, que são indenizações ou alguns prêmios que não geram reflexos por previsão expressa na legislação. • Os prêmios são os valores concedidos pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao esperado no exercício de suas atividades. • A remuneração mensal pactuada abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver. O pagamento do salário pode ser comprovado por comprovante de depósito em conta bancária aberta para esse fim em nome do empregado e com o seu consentimento. • Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% pelo menos, sobre a hora diurna. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. • As horas suplementares (extras) à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 28 • As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. • O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição. • Décimo terceiro salário: é devido a todo empregado. O cálculo é feito com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. Férias • As férias são remuneradas, e todo empregado terá direito anualmente a 30 dias quando não houver faltado sem justificativa ao serviço mais de cinco vezes. • As férias podem ser fracionadas em até três períodos desde que haja concordância com o empregado. Um desses períodos não poderá ser inferior a quatorze dias e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. • O trabalhador deve gozar de suas férias até 12 meses depois que tiver adquirido o direito. Se isso não acontecer a empresa tem que remunerá-lo em dobro. • Todo trabalhador tem direito a um terço de salário a maios referente ao período de 30 de férias além da sua remuneração mensal normal. • Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias. • O profissional poderá converter um terço do seu período de férias em abono pecuniário igual ao valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. É o famoso “vender as férias”. • O pagamento da remuneração de férias deve ser realizado em até dois dias antes do início do respectivo período. Término do contrato de trabalho • Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos. A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. De acordo com a legislação trabalhista brasileira existem 5 tipos de demissão. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 29 • A dispensa sem justa causa é admitida a qualquer momento sem que haja necessidade de o empregador apresentar razões. O empregador deverá pagar ao colaborador: aviso prévio, 13º salários vencidos e proporcionais, férias vencidas e proporcionais com 1/3; saldo de salários referente aos dias trabalhados; o trabalhador poderá levantar o saldo do FGTS e indenização de 40% sobre os depósitos fundiários (FGTS). A empresa também deve emitir os documentos necessários para o encaminhamento do benefício nos órgãos competentes pelocolaborador. O colaborador pode escolher entre trabalhar seis horas diárias para buscar outra vaga de emprego ou, ser dispensado setes antes do fim do prazo de 30 dias. • A dispensa por justa causa ocorre quando o colaborador descumpre uma norma da empresa ou infringe alguma cláusula do contrato de trabalho. Nesse tipo de desligamento, serão concedidos ao colaborador somente o saldo de salário dos dias trabalhados no mês e eventuais férias vencidas, acrescidas de ⅓ referente a abono constitucional. Qualquer dispensa por justa causa não pode ser referenciada pelo empregador nos registros da carteira de trabalho. Ainda, a empresa deve pagar as verbas rescisórias até o décimo dia após comunicar o colaborador sobre a demissão por justa causa. O artigo Art. 482º o que constitui justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar; m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 30 • Pode acontecer o pedido de demissão pelo funcionário. Nesse caso, ele tem direito praticamente aos mesmos benefícios da demissão sem justa causa, exceto: o aviso prévio — exceto quando o período for trabalhado; o saque do FGTS (do valor depositado pelo empregador, que é devido); a indenização de 40% do FGTS; o seguro-desemprego. O colaborador que pede demissão tem direito a receber o saldo de salário pelos dias trabalhados, férias proporcionais mais 1/3 e 13º salário proporcional. • A reforma trabalhista brasileira introduziu a modalidade que permite o acordo entre as partes para a quebra de um contrato de trabalho. Além dos valores recebidos em caso de pedido de demissão, o colaborador poderá movimentar até 80% do saldo do FGTS. A indenização do saldo do FGTS será em 20%, metade do percentual pago em situações de demissões sem justa causa. No entanto, o profissional desligado perde o direito de receber o seguro-desemprego. O aviso prévio quando indenizado é pago em metade da sua totalidade. Atividade: Para concluir a primeira semana de estudos, vá até a sala virtual e responda ao questionário proposto. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 31 3 O que já avançamos no Brasil em termos de legislação para logística reversa? Para reduzir o impacto dos resíduos sólidos no meio ambiente, em 2010 foi instituída no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma Lei Federal que determina uma série de diretrizes e metas de gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos que devem ser cumpridas em todo o território nacional. Essa lei não se aplica aos resíduos radioativos que possuem legislação específica. Na prática, isso quer dizer que todo resíduo deve ser processado adequadamente antes da destinação final. Toda pessoa física ou jurídica que sejam responsáveis pela geração direta ou indireta de resíduos sólidos e as que desenvolvem ações relacionadas à gestão desses resíduos estão sujeitas ao que é estabelecido na Lei 12.305/2010. Para fins de entendimento da legislação, alguns conceitos são definidos. Vamos falar alguns deles aqui. a) O ciclo de vida do produto corresponde às etapas que envolvem o desenvolvimento do produto desde a obtenção da matéria-prima e insumos, o processo produtivo, o consumo e a sua disposição final. b) Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, c) A coleta seletiva consiste no recolhimento de resíduos sólidos previamente separados conforme a sua constituição. d) Os rejeitos são resíduos sólidos que não apresentam outra possibilidade de recuperação ou tratamento por processos tecnológicos disponíveis ou viáveis economicamente. Dessa forma, a única alternativa disponível para esses resíduos é a disposição final ambientalmente adequada; e) A destinação final ambientalmente adequada trata-se da destinação de resíduos de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Aqui entra a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a Objetivos Vamos aprender o que existe em termos de legislação para a implementação e manutenção de sistemas de logística reversa no Brasil. Semana 3 – Legislação vigente para a logística reversa https://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 32 recuperação, o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes. f) Já a disposição final ambientalmente adequada engloba a distribuição ordenada de rejeitos em aterros respeitando normas operacionais específicas. g) O gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos bem como disposição ambientalmente adequada dos rejeitos. Todas essas ações devem estar em concordância com o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou de acordo com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos exigidos pela 12.305/2010. h) A logística reversa é considerada um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Esse instrumento é caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento no mesmo ciclo produtivo ou em outros ciclos produtivos. A destinação final ambientalmente adequada também pode ser a finalidade da logística reversa. i) A reciclagem consiste em um processo de transformação dos resíduos sólidos com a vistas à sua transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes. A reciclagem envolve a alteração de propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas dos resíduos sólidos. j) A reutilização é o processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem a sua transformação biológica, física ou físico-química. O que é estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos é adotado isoladamente pelo Governo Federal ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios. Entre os quinze objetivos dessa legislação podemos destacar: • o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; • a adoção, o desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; • o incentivo à indústria da reciclagem incentivando o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; • articulação entre as esferas do poder público e destas com o setor empresarial;• regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos; • prioridade nas aquisições governamentais para produtos reciclados e recicláveis; Uma lei precisa de meios para se expressar e se formalizar que é dado o nome de instrumento da lei ou instrumento legislativo. A coleta seletiva e os sistemas de logística Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 33 reversa são considerados instrumentos da lei 12.305/2010. Outro instrumento que é interessante ser citado aqui é que a lei cita o incentivo à criação e o desenvolvimento de associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. O Plano de resíduo sólido é outro instrumento. São considerados planos toda a forma documentada de tratamento dos resíduos sólidos a nível nacional, estadual, municipal. O plano nacional de resíduos sólidos fica sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança no Clima. Ele terá vigência por prazo indeterminado e horizonte de vinte anos, com atualização a cada quatro anos. A elaboração do plano nacional de resíduos sólidos terá participação social por meio da realização de audiências e consultas públicas. Mas o que contêm esse plano? A legislação descreve onze tópicos do que deve tratar o plano nacional de resíduos sólidos. De forma resumida, ele deve conter o diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos e metas de redução da quantidade de resíduos sólidos e rejeitos. Os programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas também devem estar estabelecidos. No gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. O Distrito Federal e os Municípios são responsáveis pela gestão integrada dos resíduos sólidos gerados em seus respectivos territórios. As competências dos órgãos federais e estaduais de controle e fiscalização devem ser respeitadas. A seguinte classificação é utilizada para os resíduos sólidos: quanto à origem e quanto a periculosidade. Quanto à origem os resíduos sólidos são classificados em: a) resíduos sólidos urbanos que são os domiciliares e os de limpeza urbana. Os domiciliares são aqueles que se originam das atividades domésticas em residências urbanas. Os de limpeza urbana são aqueles que oriundos dos serviços de limpeza urbana como varrição de logradouros. b) resíduos gerados nas atividades de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços. c) resíduos gerados pelos serviços públicos de saneamento básico. d) resíduos industriais: os que são gerados nos processos produtivos e instalações industriais. e) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos competentes. f) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. g) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. h) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 34 i) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. Quanto à periculosidade, os resíduos são classificados em resíduos perigosos e os não perigosos. Os perigosos são aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; Os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos devem ser elaborados para que os municípios tenham acesso aos recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. É interessante observar que a legislação estabelece os recursos da União serão priorizados aos municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. O plano municipal para o gerenciamento de resíduos sólidos deve conter as regras para o transporte e conter a identificação dos resíduos sujeitos a logística reversa estabelecidos na legislação. Os sujeitos descritos a seguir devem elaborar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos: • todos os geradores de resíduos que se enquadram na classificação da lei. • os estabelecimentos comerciais de prestação de serviços que gerem resíduos perigosos e os outros tipos de resíduos que não se enquadrem no tipo “domiciliares”. • empresas de construção civil • os responsáveis por atividades agrossilvopastoris. Para os casos de empreendimentos que precisem de licença ambiental, o plano de gerenciamento de resíduos sólidos deve ser apresentado. A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final de rejeitos, não isenta os solicitantes do serviço da responsabilidade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos. A estruturação e implementação de sistemas de logística reversa para o recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, independente do serviço público de limpeza urbana, são obrigatórios para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: a) agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; b) pilhas e baterias; Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 35 c) pneus; d) óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; e) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; f) produtos eletroeletrônicos e seus componentes. O decreto nº 10.936/2022 regulamenta a Lei 12.305/2010. Além disso, o este decreto revogou o de nº 9.177/17 que estabeleceu normas para assegurar a fiscalização e o cumprimento das obrigações atribuídas aos fabricantes, aos importadores, aos distribuidores e aos comerciantes de produtos sujeitos à logística reversa obrigatória. Vamos falar um pouco das questões estabelecidas pelo Decreto nº 10.936/2022 para a Logística Reversa. Primeiramente, esse decreto instituiu o Programa Nacional de Logística Reversa. O PNLR é um instrumento de coordenação e de integração dos sistemas de logística reversa. Ele visa otimizar a implementação e a operacionalização da infraestrutura para a logística reversa; proporcionar ganhos de escala e possibilitar sinergias entre os sistemas. Os fabricantes, importadores, distribuidores e os comerciantes dos seis produtos citados anteriormente devem estruturar, implementar e operar o sistema de logística reversa para esses produtos. Para tal fim, são estabelecidas metas progressivas, intermediárias e finais no documento determinado para a implementação da logística reversa. É sugerido que na implementação e na operacionalização do sistema de logística reversa, poderão ser: adotados procedimentos de compra de produtos ou de embalagens usadas; e instituídospostos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis. As cooperativas e as associações de catadores de materiais recicláveis poderão integrar o sistema de logística reversa: • desde que sejam legalmente constituídas, cadastradas e habilitadas; e • por meio de instrumento legal firmado entre a cooperativa ou a associação e as empresas ou entidades gestoras para prestação dos serviços, na forma prevista na legislação. Todo sistema de logística reversa deverá estar integrado ao Sinir (Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos). Toda carga de resíduos que é transportada por meio de veículo do modal rodoviário deverá possuir o manifesto de transporte de resíduos emitido pelo Sinir, caso ocorra fiscalização ambiental dos sistemas de logística reversa. A localização dos pontos de entrega voluntária, os pontos de consolidação do material recolhido e os resultados obtidos consideradas as metas estabelecidas, as informações sobre os transportes de resíduos, deverão ser mantidas e atualizadas pelo responsável pelo sistema de logística reversa ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do clima. Os sistemas de logística reversa poderão ser implementados e operacionalizados por meio dos seguintes instrumentos: acordos setoriais; regulamentos editados pelo Poder Público ou por termo de compromisso. Os sistemas de logística reversa serão estendidos, por meio da utilização dos instrumentos previstos na legislação aos Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 36 I - produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro; e II - demais produtos e embalagens, considerados prioritariamente o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. Toda as empresas que fabricam embalagens ou fornecem materiais para a fabricação de embalagens ou comercializam esses itens devem priorizar a utilização de materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem. Esses responsáveis devem assegurar que as embalagens sejam projetadas de forma a serem reutilizadas de maneira tecnicamente viável e compatível com as exigências aplicáveis ao produto que contêm bem como serem recicladas. O Acordo Setorial para Implantação do Sistema de Logística Reversa de Embalagens em Geral foi assinado em 2015 entre empresas privadas voluntárias e o poder público. O objetivo principal é garantir que as embalagens tenham uma destinação final ambientalmente adequada. As embalagens podem ser compostas de papel e papelão, plástico, alumínio, aço, vidro, ou ainda pela combinação destes materiais, como as embalagens cartonadas longa vida, por exemplo. O acordo setorial contempla apoio a cooperativas de catadores de materiais recicláveis e parcerias com o comércio para a instalação de pontos de entrega voluntária. Ele também apresenta a possibilidade de celebração de acordos entre os serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos municipais e as entidades signatárias. A meta mínima é destinar de forma ambientalmente correta, pelo menos 22% de todo o volume anual disposto no mercado nacional. Conforme foi apresentado a responsabilidade pelo gerenciamento de resíduos é dividida entre o poder público e o privado. São feitos acordos setoriais para a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. A legislação prevê que os responsáveis são todas as pessoas que participam desde a produção e o consumo do produto, desde fabricantes, distribuidores, varejistas e consumidores. Deveria ser prática que desde a indústria até os consumidores destinassem corretamente os resíduos gerados para que possam ser reutilizados e reciclados. Um dos marcos foi o Decreto nº 9.177, de 2017, que instaurou a isonomia a todos os responsáveis pelo ciclo de vida de um produto. Isso quer dizer que as fiscalizações ocorrem em todos os responsáveis de forma equivalente. A partir daí, diversas organizações começaram a elaborar planos de gestão de resíduos para evitar penalidades. Atividade: vá até a sala virtual e responda ao questionário proposto. https://sinir.gov.br/images/sinir/Embalagens%20em%20Geral/Acordo_embalagens.pdf https://sinir.gov.br/images/sinir/Embalagens%20em%20Geral/Acordo_embalagens.pdf Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 37 O Código Tributário Nacional contempla as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. É regido pelo disposto na Lei nº 5172 de 25 de outubro de 1966 bem como leis e decretos complementares. O governo em todas as suas esferas (federal, estadual e municipal) possui despesas públicas na realização de funções estatais como obras e serviços públicos. Para cobrir as despesas, é necessário instituir tributos. Os tributos, portanto, geram recursos financeiros para o governo. Os tributos garantem uma atividade financeira ao governo para a sua gestão e garantir os serviços públicos essenciais. Os tributos são cobrados essencialmente sobre a renda, o patrimônio e o consumo de bens e serviços. São cobrados independentemente da utilização dos serviços públicos já que são instituídos por lei. Todo tributo tem a destinação legal do produto da sua arrecadação. Mas quais são os tipos de tributos que existem? A Constituição Federal define que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir os seguintes tributos: • Impostos: cobrado em função da capacidade contributiva como possuir renda por exemplo. • Taxas: cobrado para os serviços públicos oferecidos ao cidadão. • Contribuição de melhoria: decorrente de obras públicas. • Empréstimos compulsórios: instituído para as despesas extraordinárias, decorrentes de calamidades públicas, guerra ou sua iminência; • Contribuições sociais ou especiais: estão ligadas a determinadas despesas como contribuição social. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. A lei que institui o tributo deve estabelecer quem deve pagar e quem vai cobrar o tributo. Chama-se de sujeito ativo da obrigação tributária, a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu pagamento, como a União, os Estados e Municípios. Já o sujeito passivo da obrigação principal é o contribuinte ou responsável obrigado ao pagamento de tributo. Cada Objetivos Vamos compreender o que são tributos e como funciona o sistema tributário brasileiro. Semana 4 – Sistema tributário brasileiro Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 38 estado e município tem competência tributária correspondente contidas em suas constituições. As receitas dos tributos algumas vezes são distribuídas às pessoas jurídicas de direito público como União, Estado e Município. Essa distribuição pertence à competência daquela a que tenham sido atribuídos por lei. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: • restringir o tráfego no território nacional de pessoas ou mercadorias por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, com exceção a cobrança de pedágio quando regulamentado pelos órgãos competentes. • cobrar impostos ou aumentar impostos sem que a lei estabeleça. • cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. • cobrar impostos sobre templos de qualquer culto; sobre o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos inclusive de suas fundações bem como de entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos. • cobrar tributos de livros, jornais, periódicose o papel destinado à sua impressão • tratar desigual contribuintes que se encontrem em situação equivalente de cobrança de tributos. • utilizar tributo com efeito de confisco. A lei deve determinar medidas para que os consumidores sejam esclarecidos sobre os impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. Muitos ouvimos falar em subsídios ou isenção de impostos. Esse tipo de ação que incide sobre impostos só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal. Todo tributo da União deve ser uniforme em todo o território nacional. Não pode existir distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou Município. Os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios poderão instituir contribuição que será cobrada de seus servidores para o custeio do regime previdenciário que os beneficiará. A alíquota cobrada não pode ser inferior àquela contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Interessante observar que a legislação vigente define que a pessoa que importa alguma coisa poderá ser equiparada à pessoa jurídica na forma de lei. Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública poderá ser instituída pelos Municípios e pelo Distrito Federal. Essa cobrança é facultada na fatura de consume de energia elétrica. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 39 Para se chegar ao valor do tributo existem as normas tributárias. Para que exista a cobrança do tributo é necessário a “hipótese de incidência” ou “fato gerador”. Nada mais é do que a situação definida em lei como necessária e suficiente para a cobrança do tributo. Para se chegar ao valor do tributo, deve existir a base de cálculo que é a grandeza econômica sobre a qual se aplica a alíquota para calcular a quantidade a se pagar. Por exemplo, a base de cálculo para o IPVA é o valor venal do veículo. A alíquota é o percentual ou valor fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para o cálculo do valor de um tributo. A alíquota será um percentual quando a base de cálculo for um valor econômico e será um valor quando a base de cálculo for uma unidade não monetária. O governo federal pode instituir impostos sobre: • importação de produtos estrangeiros • exportação para o exterior de produtos nacionais • rendas e proventos de qualquer natureza • produtos industrializados • operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários • propriedade territorial rural • grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Os Estados e o Distrito Federal podem instituir impostos sobre: • transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos, o chamado ITCMD. Toda pessoa física ou jurídica que receber bens ou direitos de forma não onerosa devem pagar o ITCMD. Forma onerosa significa que a pessoa não dispendeu algum recurso como doação ou herança. • operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços (ICMS) de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. É uma das principais taxas cobradas no país. O valor arrecadado é investido em serviços essenciais como segurança, saúde e educação. Essa receita é repassada dos governos dos estados aos municípios. Essa alíquota incide sobre o preço da mercadoria. Algumas atividades podem ser isentas da cobrança de ICMS definida na legislação tributária de cada estado. • propriedade de veículos automotores, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) O documento pago pelo contribuinte ao Estado e Distrito Federal chama-se DARE (documento de arrecadação de receita estadual). Aos municípios compete a instituição de impostos sobre: Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 40 • propriedade predial e territorial urbana. • transmissão entre pessoas vivas a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. • serviços de qualquer natureza, não compreendidos no que dispõe a legislação sobre o ICMS Aos Estados e ao Distrito Federal pertencem o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. Os Estados e o Distrito Federal terão direito a 20% de qualquer arrecadação de imposto criado por lei complementar que não está discriminado no Código Tributário Nacional. Aos municípios têm o direito • ao produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. • à 50% da arrecadação do imposto do governo federal sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados. • à 50% da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. A União entregará do seguinte modo 48% do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios; c) 3%, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios. A União entregará produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, 10% aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. 4.1 Sobre o ICMS Esse imposto é devido por todo produto que é comercializado no Brasil seja ele fabricado aqui ou importado. É uma obrigação fiscal de movimentação de carga. O ICMS não é acumulativo. Ele refere-se a alíquota de qual estado a compra foi feita. Para operações no mesmo estado, o ICMS é aplicado sobre o valor do produto ou serviço. Existem três tipos de ICMS: Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 41 • Normal: é recolhido pelas empresas pelo Simples Nacional, o modelo simplificado de arrecadação de impostos através da guia DAS. O DAS é o Documento de Arrecadação do Simples Nacional. Ele é uma guia de pagamento que engloba todos os impostos municipais, estaduais e federais que deve ser paga por MEI (microempreendedores individuais), ME (microempresas) e EPP (empresas de pequeno porte. • Substituição tributária: é aplicada em alguns tipos de mercadorias e de algumas operações entre estados conveniados; • Diferencial de alíquota: recai sobre a compra de outros Estados, como explicamos no tópico anterior. O DIFAL é a diferença de alíquota do ICMS que é paga com o objetivo de tornar a arrecadação mais equânime entre os estados. O DIFAL deve ser pago por pessoas jurídicas quando compram produtos de outros estados diferentes da sua atuação. Quando existe uma compra feita entre destino e origem em diferentes estados, a diferença entre as alíquotas é destinada para o estado do consumidor final. Quando o consumidor do produto não for contribuinte do ICMS, no caso um consumidor com CPF e não CNPJ, quem vende o produto ou serviço que deve recolher o imposto sobre a negociação feita. Se a venda for entre empresas que contribuempara o ICMS, o DIFAL deve ser pago pela empresa que comprou o produto ou o serviço. A nota fiscal que acompanha a venda de um produto contempla os valores pagos para o ICMS de uma compra. O quadro 3 mostra a alíquota básica dos estados do Brasil. Os estados possuem as alíquotas internas para o ICMS e o ICMS interestadual. O estado consumidor recebe a diferença entre alíquotas. Desde 2021, por meio de uma lei complementar para a venda de produtos e prestação de serviços a consumidor final localizado em outro estado a cobrança do ICMS. Nas transações entre empresas e consumidores não contribuintes de ICMS de estados diferentes, caberá ao fornecedor recolher e repassar o diferencial para o estado do consumidor. Antes o ICMS ficava integralmente para o estado em que se localizava a empresa vendedora nos casos em que o comprador do produto ou serviço não fosse empresa contribuinte desse imposto. Depois os estados dos consumidores passaram a receber parte desse imposto. Antes da lei complementar, uma empresa de São Paulo vendia determinado produto a um consumidor pessoa física do Amapá, por exemplo, ela recolhia o imposto para São Paulo com a alíquota estabelecida pelo governo paulista. Ocorre que, do ponto de vista do Amapá, não havia arrecadação de ICMS sobre uma operação que envolvia consumidores desse estado. Como a grande maioria dos produtores de mercadorias e dos prestadores de serviços estão nas Regiões Sul e Sudeste, os consumidores localizados em regiões menos desenvolvidas tendem a comprar nos estados dessas duas regiões. Assim, as regras anteriores faziam com que os estados mais ricos arrecadassem ainda mais impostos, dispondo de mais recursos para investimentos. Isso alimentava a tendência de perpetuação ou até de aprofundamento das desigualdades regionais. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 42 Figura 4: Diferencial de Alíquota de ICMS - DIFAL Fonte: InforSystem, 2023 Com a lei complementar, toda a transação de bens e serviços entre fornecedores e consumidores de estados diferentes estaria sujeita ao pagamento, ao estado onde o bem ou serviço foi consumido, da diferença entre a alíquota interestadual e a alíquota interna do estado do consumidor, o DIFAL. Antes, o DIFAL só era pago ao estado onde o bem ou serviço foi entregue se o consumidor fosse uma empresa contribuinte do ICMS. A Lei Complementar 190, de 2022 trouxe equilíbrio à distribuição da receita do imposto entre as unidades da Federação. Ela separou os consumidores entre os que estão sujeitos ao ICMS (empresas) e os que não recolhem o imposto, como as pessoas físicas, por exemplo. Pela norma, quando uma empresa que paga ICMS consome um produto ou serviço vindo de outra unidade da Federação, é ela quem deve pagar o diferencial de alíquota ao seu estado. Já no caso do consumidor pessoa física, o fornecedor do produto ou serviço é quem paga o diferencial. Dessa forma, se uma empresa paulista vendeu uma geladeira por R$ 1 mil a uma empresa paranaense e a alíquota interna do Paraná é de 18% e a alíquota interestadual sobre o comércio entre os dois estados é de 12%, a empresa de São Paulo deve recolher 12% ao governo paulista e a empresa paranaense pagará ao Paraná o valor da diferença, de 6%. No caso da geladeira, R$ 120 serão pagos ao governo paulista pela empresa que vendeu o produto e R$ 60 será pago ao governo do paraná pela empresa consumidora. Mas se o comprador for pessoa física, quem deve pagar os R$ 60 ao governo do estado do Paraná é a empresa paulista que vendeu o produto. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-complementar-n-190-de-4-de-janeiro-de-2022-372154932 Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 43 Figura 5: Diferencial de Alíquota de ICMS - DIFAL Fonte: Agência Senado, 2021 Também existem situações em que há isenção de ICMS e legislação própria dos estados para alguns produtos isentos. O Código Tributário Nacional dispões que não incidirá ICMS sobre: • comercialização de livros, jornais, periódicos e papel para impressão (também livre de IPI, imposto sobre produtos industrializados); • exportação de mercadorias, incluindo produtos primários, industrializados semielaborados ou serviços; • sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, incluindo produtos primários, industrializados semielaborados ou serviços; nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior; • sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; • sobre o ouro, em casos em que ele é utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial; • nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 44 Atividade: Atividade: vá até a sala virtual e responda ao questionário proposto. Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 45 Um dos tributos alinhados a logística é o ICMS que foi discutido na unidade 4. Vamos falar agora de outros impostos importantes. 5.1. Impostos da União – Imposto de Importação O imposto de importação é regulamentado pelo decreto-lei nº 37 de 18 de novembro de 1966. O fator gerador do imposto de importação é a entrada da mercadoria estrangeira no território nacional. Os tributos aduaneiros são as taxas, tarifas e impostos que incidem sobre transações de comércio entre o Brasil e outros países. Esse tributo possui função extrafiscal já que vai além da arrecadação de impostos, serve para regular o comércio exterior. O produto precisa permanecer de forma definitiva no Brasil para sofrer a incidência do imposto. Quando veículos, aviões, trens ou navios chegam ao Brasil seja de passagem, estacionado ou atracado, quando eles seguem para outros destinos com a mercadoria, não há a ocorrência do fator gerador do imposto de importação. Quem deve pagar o imposto de importação é o importador, o sujeito passivo do imposto. O arrematante de produtos apreendidos ou abandonados de fiscalização da Receita Federal também é o sujeito passivo de imposto. Existe a figura do armazém alfandegado que tem como objetivo a guarda de mercadorias provenientes do exterior. Dessa forma, esses produtos são isentos da cobrança de impostos e taxas até que sejam vendidos. A mercadoria só poderá ter cobrança de imposto quando chegar ao seu destino. Muitas empresas importadoras brasileiras costumam utilizar esses tipos de armazéns porque lhe permitem adiar o pagamento de impostos até venda da mercadoria. Existe outro tipo de empresa que faz o uso do armazém alfandegado para armazenar produtos provenientes de outros países para depois enviá-lo a outro do mesmo continente. Objetivos Vamos aprender quais tributos estão relacionados com a operação logística. Semana 5 – Principais tributos relacionados à logística Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ribeirão das Neves 46 Figura 6: Vista de armazéns alfandegados da empresa Multilog em Itajaí/SC próximo ao porto de Itajaí Fonte: Multilog, 2023. A fins de informação, para compras importadas acima de três mil dólares, é considerado pela Receita Federal como de pessoa jurídica. Quando a mercadoria ultrapassa o valor de quinhentos dólares e até três mil dólares, há incidência de imposto de importação, além de ICMS e uma taxa de despacho aduaneiro de R$ 150. A fiscalização hoje é feita por amostragem pela Receita Federal aos produtos que chegam ao Brasil. As compras quando pegas na fiscalização pagam 60% do valor da compra de tarifa à Receita Federal. Para pessoas físicas, os tributos podem ser pagos pelo site dos Correios por meio de boleto bancário ou cartão de crédito. Para
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