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106 Unidade III Unidade III 7 CASO MASTERCARD Segundo Mano (2015), Ajay Banga é o CEO (Chief Executive Officer) mundial da Mastercard desde 2010. Nascido na Índia e naturalizado norte-americano, Banga está transformando a companhia numa empresa de tecnologia, abandonando aos poucos o modelo de negócios adotado há mais de cinquenta anos. Você talvez tenha um cartão de crédito. A ideia por trás desse produto financeiro é simples: o cliente compra em um estabelecimento credenciado para pagar em até trinta dias sem juros numa fatura que totaliza as compras do mês. Se o cliente atrasar o pagamento, ou se pagar um valor menor que o total faturado, fica devendo juros e taxas para pagar na próxima fatura. Um banco ou agente financeiro emite o cartão para o cliente após analisar o cadastro realizado. A análise de risco de crédito determina o limite mensal máximo que o cliente pode atingir em compras. Os estabelecimentos comerciais, para aceitar o cartão, devem ter previamente um contrato com uma empresa denominada tecnicamente acquirer (ou bandeira), que captura o valor da transação nas maquininhas (ou terminais de transação), as quais transmitem eletronicamente os dados para o emissor (o banco ou agente financeiro), que por sua vez verifica eletronicamente se está tudo em conformidade e libera a compra. Por meio das maquininhas ou de outro dispositivo habilitado como smartphones, tudo ocorre em segundos. As bandeiras mais conhecidas são Mastercard, Visa, American Express e Elo, mas há outras bandeiras regionais em todo o mundo. Seu papel é credenciar estabelecimentos comerciais para terem acesso às maquininhas e com isso viabilizar transações de compra. As lojas pagam uma comissão percentual sobre cada transação, além de outras possíveis taxas menos frequentes. Esse valor é o que remunera a rede acquirer. Assim, uma compra de R$ 100 terá uma taxa entre 2% e 7%, dependendo da negociação com a bandeira, e a loja receberá o valor líquido (menos a taxa) em um prazo que varia de 2 a 30 dias. No pior dos casos, a loja vende um produto de R$ 100 e recebe R$ 92 em trinta dias. E ainda assim pode ser um bom negócio para o varejo, tanto é que o ramo de compras por cartão cresce no mundo inteiro. Um detalhe importante é que, mesmo que o cliente não pague a fatura, o estabelecimento comercial recebe os valores pactuados. O motivo é simples: quem assume o risco de crédito é o emissor. Tanto a bandeira quanto o lojista vão receber sua parte sem risco de inadimplência. Observe a atratividade no processo para um estabelecimento comercial: pode-se vender a crédito (inclusive parcelado, dependendo da bandeira e do contrato) sem assumir risco de inadimplência. Para isso, basta aceitar pagar de 2% a 7% da transação e assumir algumas taxas. 107 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA A loja ganha dinheiro ampliando suas vendas através da facilidade do cartão. O emissor ganha dinheiro quando o cliente atrasa o pagamento, ou quando paga um valor menor que o total da fatura (os juros de cartão de crédito são extremamente elevados). A bandeira ganha dinheiro cobrando as taxas de transação. Não é ao acaso que o modelo é bem-sucedido no mundo inteiro. Claro que esse modelo de negócio é mais complexo que a descrição resumida, mas serve para entender o papel das bandeiras Mastercard, Visa e Elo. Trata-se de redes que têm o papel de capturar transações no varejo, que pode ser uma barraca de cachorro-quente, um hotel cinco estrelas, uma lanchonete, McDonald’s etc. e são remuneradas por isso. A tecnologia vem mudando o panorama das bandeiras. O plástico do cartão sendo substituído por cartões virtuais, pagamento entre smartphones e transferência de valores eletrônicos em qualquer dispositivo naturalmente afetam o negócio. Além disso, a tecnologia cada vez mais barata incentiva a entrada de novos players no negócio, aumentando a concorrência. Se pensarmos nas forças competitivas de Porter, a força da ameaça de novos entrantes está afetando a competitividade dos players atuais de forma acentuada. O faturamento mundial da Mastercard em 2019 foi da ordem de US$ 16,9 bilhões, e o CEO Ajay Banga pretende mudar a operação e a estratégia. Mano (2015) aponta que uma das ações estratégicas foi criar o Mastercard Labs, um laboratório de inovação localizado em Dublin, Irlanda, com ramificações nos EUA e Singapura, que tem a missão de desenvolver novos meios eletrônicos de pagamento e novas aplicações que tragam inovação de processos. Por exemplo, foi feita uma parceria com a Whirlpool Corporation, maior fabricante de eletrodomésticos do mundo (faturamento de US$ 18 bilhões) e que no Brasil é dona da Brastemp e da Consul. Essa parceria é voltada para as lavanderias automáticas presentes em vários lugares do mundo (que no Brasil nunca deram certo), em que há uma série de máquinas de lavar/secar alinhadas numa loja e o cliente coloca sua roupa, pagando com cartão de crédito (ou dinheiro, dependendo do equipamento) na própria máquina e aguarda o ciclo completar para retirar a roupa da máquina. Você talvez já tenha visto isso em filmes. A parceria foi o desenvolvimento de um app para smartphone que reserva uma máquina a distância, evitando filas e permitindo o pagamento com cartões Mastercard. Figura 56 – Lavanderia automática em Paris 108 Unidade III Outra ação é o investimento em startups promissoras em qualquer lugar do mundo, uma vez que trazem ideias inovadoras. Muitas delas usam a metodologia do Design Thinking em seus projetos. A visão estratégica da Mastercard para o longo prazo é a de substituir em maior escala o uso de papel-moeda, que é considerado por Banga o maior concorrente da companhia. Saiba mais Conheça mais sobre as soluções Mastercard para transações em: Disponível em: https://www.mastercard.com.br/pt-br.html. Acesso em: 3 mar. 2021. 7.1 Implementação das estratégias Para reduzir o risco de insucesso na implementação, Porter (1999) sugeriu a aplicação de um conjunto de três testes para avaliar outros aspectos da estratégia. Quadro 9 – Testes da estratégia corporativa Testes Definição/Execução Teste da atratividade Procura avaliar qual o grau de atratividade do setor. Os setores escolhidos devem ser estruturalmente atrativos ou capazes de se tornar atrativos Teste do custo de entrada Procura determinar qual o custo de entrada no setor e qual a perspectiva de retorno pelos lucros futuros Teste da melhoria das condições Procura avaliar se a organização melhorará suas condições competitivas como um todo. A unidade de negócio deve ganhar vantagem competitiva a partir dos seus elos com a corporação ou vice-versa Fonte: Porter (1999, p. 27). A ideia de Porter é: se a estratégia elaborada for bem avaliada nos três testes, poderá ser executada. Segundo Sobral e Peci (2013), implementar a estratégia é uma das etapas mais complicadas do processo. Você certamente pode intuir que colocar em prática tudo o que foi planejado é uma tarefa difícil. Vamos dar um exemplo. No caso das Havaianas apresentado anteriormente, um aspecto operacional não foi discutido: a mudança da estratégia de produção em função da mudança da estratégia de nível de negócio. 109 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Lembrete Em 1994, a Alpargatas adotou a estratégia de diferenciação de Porter (1986). Continuou vendendo dezenas de milhões de pares do produto básico e popular, mas lançou um novo produto, com nova embalagem, distribuição e comunicação diferentes e significativa alteração no preço – para maior. Coloque-se no lugar dos gerentes e supervisores de produção da Alpargatas naquela época. Durante anos, você se acostumou a produzir milhões de pares das Havaianas tradicional em grande escala. Eram dias a fio produzindo sandália branca tamanho 39, parava, mudava os moldes, passava a produzir por dias o tamanho 38 e assim por diante. O processo de estocagem era simples, pois os lotes de produção eram muito grandes e do mesmo modelo/tamanho. Em 1994, vem a ordem da diretoria:parte da capacidade produtiva vai perder escala, pois um novo modelo com solado diferente e várias cores vai entrar em linha, e serão alguns milhares de cada cor por tamanho em vez de centenas de milhares. E ainda será necessário embalar cada par em uma caixa cartonada colorida fazendo a marcação da cor e do tamanho. Ou seja, acabou a prática costumeira e agora é preciso ter outra estratégia de produção. O problema é que o ser humano, por padrão, é avesso a mudanças. A implementação dessa nova estratégia certamente deu trabalho na Alpargatas, pois é difícil mudar hábitos e práticas em andamento. E nem foi uma mudança tão grande assim, pois a maior parte do processo produtivo continuou voltada para os milhões das Havaianas tradicionais. Agora assuma o papel de funcionário da IBM, de qualquer setor, na época da mudança de negócio de venda de hardware para negócio de venda de serviços. Lembrete Nos anos 2000 a IBM deixou de fabricar hardware após quase cem anos e começou a focar sua operação em serviços. Por mais que tenha sido escalonada, a mudança foi profunda e alterou todos os parâmetros de trabalho. Setores inteiros foram eliminados, resultando em demissão ou realocação de pessoas. Áreas produtivas foram desativadas ou até mesmo vendidas (lembre-se que a chinesa Lenovo comprou a unidade de negócios de microcomputadores e depois a de servidores). Profissionais cuja expertise era valorizada perderam relevância. É natural que a implementação da estratégia tenha encontrado resistência de uma grande quantidade de funcionários acostumada com o jeito anterior de trabalhar. Esse é um dos motivos pelos quais excelentes estratégias públicas, criadas por governos de qualquer esfera, não dão certo pelos olhos da população. Os objetivos podem ser nobres, a estratégia e o planejamento podem ser excelentes, mas para executar mudanças o funcionalismo pode apresentar empecilhos. Não se trata de crítica aos funcionários públicos: isso ocorre também em organizações privadas, com a diferença de que nestas há mais liberdade para gerenciar funcionários. 110 Unidade III Para obter sucesso na implementação, é preciso que haja alinhamento entre os processos da organização e a estratégia. A quantidade de pessoas afetadas, para o bem e para o mal, pode ser muito representativa. E a qualificação pessoal e profissional dessas pessoas afeta o ritmo e a eficiência da implementação. Melo (2013) cita um estudo da Project Management Institute (PMI) com a publicação inglesa The Economist feito em 2013, em que 587 executivos globais seniores foram entrevistados para identificar os problemas oriundos das estratégias organizacionais. Foi utilizada a técnica de entrevista em profundidade sem revelar os nomes dos respondentes, garantindo confidencialidade. Destes, 88% reconheceram a importância dos resultados do plano estratégico, mas 44% admitiram não terem conseguido atingir os objetivos. Quanto à implementação, 61% destacaram que há problemas práticos para realizá-la. As causas, segundo o estudo, são claras. • 28% dos executivos sentiram falta de engajamento da alta cúpula no processo de implementação. Ou seja, é preciso que o topo organizacional seja mais atuante na alocação de recursos e na definição de prioridades das ações planejadas. • Somente 41% afirmaram ter pessoal qualificado para implementar as ações previstas. Assim, não deve haver só treinamento, mas processos de gestão de talentos na empresa. • 45% citaram a falta de maturidade para lidar com mudanças (o fator humano avesso a mudanças). • 29% apontaram a falta de recursos adequados. Assim, as teorias administrativas consolidadas podem contribuir para uma melhor experiência de implementação. Tópicos como estrutura organizacional, liderança, controle e outros devem dar suporte à estratégia escolhida. Noble (1999) pontua que enquanto a formulação da estratégia é feita nos mais altos níveis hierárquicos, a implementação acaba sendo responsabilidade direta dos níveis intermediários de gerências, e estes dependem da estrutura que a organização dispõe. Aqui cabe uma discussão interessante. A estrutura da organização define a estratégia ou a estratégia escolhida define a estrutura necessária? Muitos tendem a pensar que é necessário escolher uma estratégia adequada à estrutura da empresa. Contudo, isso é um fator limitante. Chandler (1962) afirmou que a estrutura seguiu a estratégia, por ter observado que o crescimento e a mudança de estratégia alteravam a estrutura das empresas. Chandler, ao perceber que em resposta a mudanças na tecnologia, renda, população [...], as empresas adotam diferentes padrões de crescimento (estratégias), expansão de volume, dispersão geográfica, integração vertical e diversificação, seguidos de alterações na maneira de organizarem-se (estrutura) – posto administrativo, escritório central, estrutura funcional e estrutura multidivisional – como meio de enfrentar os novos problemas 111 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA administrativos, formula a seguinte hipótese: a estrutura organizacional segue a estratégia de crescimento da firma, sendo os tipos mais complexos de estrutura resultado da concatenação de diversas estratégias básicas (SILVA, 1985, p. 36). Por exemplo, citamos anteriormente o caso da rede de joalherias Vivara, que criou uma nova unidade de negócios voltada para móveis e decorações, as lojas Etna. Se fossem depender da estrutura existente das joalherias, os controladores da Vivara jamais iriam se aventurar num ramo novo. Chandler (1962) analisou a evolução histórica das empresas americanas e verificou que no início as grandes corporações eram basicamente uma operação de fabricar e vender algo em um único lugar. Conforme as condições do ambiente se alteravam, ocorriam mudanças na estrutura. Alterações no ambiente Desempenho organizacional melhora Nova estratégia é reformulada Nova estrutura organizacional é estabelecida Novos problemas administrativos aparecem Desempenho organizacional diminui Figura 57 – Relacionamento estratégia-estrutura de Chandler Ao crescerem, ocorreu uma expansão do volume de produção e vendas sem sair do ramo de negócio, alterando a estruturação de funções administrativas para disciplinar e controlar as operações de modo mais eficiente. Para crescer mais, essas organizações se expandem geograficamente (pela teoria de Ansoff, é estratégia de crescimento por desenvolvimento de mercado) no mesmo ramo de negócio e criam filiais, tanto produtivas quanto comerciais, o que as leva a alterar a estrutura com administração centralizada. Chandler (1962) ainda observou que, para essas corporações analisadas, o próximo passo para crescer foi a integração vertical, no mesmo ramo de negócio, criando (ou comprando) estruturas de fornecimento e operações de distribuição. Em termos de estrutura corporativa, essa mudança traz a necessidade de gerenciar diversas operações interdependentes através da organização por funções. O próximo caminho para crescer, na observação de Chandler (1962), foi diversificar e investir em novos ramos de negócio. Os motivos apontados são: declínio de negócios no ramo inicial, atratividade no novo ramo, oportunidades não prevista etc. Assim, os recursos disponíveis são alocados em novos ramos de atividade e com isso surgem novos problemas administrativos para serem resolvidos através da alteração da estrutura corporativa. Foi observado que era frequente a adoção de controle centralizado e operações descentralizadas, com executivos do escritório central definindo estratégias e acompanhando os resultados sem se envolver com aspectos operacionais. Veja que as observações de Ansoff fazem sentido nesse acompanhamento histórico, bem como as teorias de Wright, Kroll e Parnell (2000), discutidas anteriormente. 112 Unidade III De qualquer modo, Chandler (1962) deixou claro que estratégia e estrutura organizacional devem estar alinhadas, e a estratégia é que vai definir a estrutura necessária.A estrutura organizacional determina características como cadeia de comando, amplitude de controle, cargos e departamentos, centralização de poder etc., as quais precisam ser adequadas à estratégia escolhida. A cadeia de comando tem relação com a distribuição de autoridade, indicando quem está subordinado a quem. Num exemplo padrão, uma cadeia de comando teria o presidente comandando diretores, que comandam gerentes e assim por diante. Um organograma tradicionalmente mostra a linha de comando. Presidência Diretor Gente e Gestão Analista Gestão Diretor Projetos Analista Comercial Líder Comercial Gerente Projetos Diretor Adm/Fin Analista Adm/Fin Diretor Marketing Analista Marketing Figura 58 – Exemplo de organograma Amplitude de controle também é relacionada com a distribuição de autoridade e responsabilidade e estipula o número de subordinados que um chefe pode assumir com eficiência na supervisão. Com muitos subordinados, a amplitude de controle é grande, e quando há poucos subordinados a amplitude é pequena. Uma central de atendimento, hipoteticamente, poderia ter vinte atendentes por supervisor e quatro supervisores por gerente. Essa definição é parte da estrutura organizacional. Cargos e departamentos são parte da estrutura que realizam funções organizacionais. Os funcionários assumem esses cargos e suas respectivas tarefas. Um departamento de marketing, por exemplo, tem os cargos de gerente de marketing, gerente de produtos, assistente de marketing e assim por diante. Observação Cargo e função não são a mesma coisa. Mesmo sem ter um cargo de gerente de marketing, uma empresa tem funções de marketing que devem ser executadas por alguém. Por exemplo, alguém define as características dos produtos que serão produzidos, ou os veículos que receberão verba publicitária na forma de anúncios. 113 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Centralização de poder é o quanto um cargo concentra o poder para tomar decisões. Quando há delegação de poder para subordinados, ocorre a descentralização do poder. Nesse instante, deve-se discutir o papel crucial da função de direção: liderar e motivar os integrantes da organização. A direção é a função da administração relacionada com todas as atividades organizacionais, que envolvem a interação entre gestores e trabalhadores. Dirigir significa orientar os esforços individuais para um propósito comum. Trata-se de uma tarefa desafiadora, uma vez que busca a harmonia em uma relação intrinsecamente conflituosa: a compatibilidade entre os objetivos e interesses individuais com os objetivos e interesses da organização (SOBRAL; PECI, 2013, p. 304). Não confunda a função organizacional de direção com o nível hierárquico de diretoria. A função de direção é feita por qualquer gestor, de qualquer nível hierárquico. Supervisores de operação também lideram e motivam seus subordinados, por exemplo. Para transformar a estratégia em realidade, é preciso entender os estilos de liderança dos gestores, bem como os métodos utilizados para motivar os trabalhadores. Em última análise, busca-se o comprometimento dos funcionários com visão e estratégia. O terreno fértil para implementar a estratégia é a crença nos objetivos e valores associados. Isso traz como benefício uma onda de motivação. Bourgeois e Brodwin (1984) contribuem para a discussão através da classificação da implementação da estratégia em cinco modelos ordenados em função da profundidade de pensamento e complexidade de realização. • Modelo de comando: no mais comum dos modelos de implementação, os responsáveis pela decisão estratégica apresentam o resultado aos executivos de topo e, após aprovação, fazem os apontamentos necessários para colocar as coisas em prática e acompanham o andamento e os resultados. A equipe responsável não participa da implementação, somente faz as indicações necessárias. Muitas vezes, essas equipes que elaboram na estratégia são externas, na forma de consultoria. Outras vezes, trata-se simplesmente de uma decisão autocrática de como será a estratégia. Esse modelo discrimina pensadores e executantes. Ou seja, quem cria a estratégia não tem responsabilidade por executá-la, e quem a executa não participa da criação. • Modelo de mudança: a partir do desenho do modelo de comando (decisão estabelecida), a complexidade aumenta. A equipe responsável pela estratégia não só decide e obtém aprovação, como também planeja alterações estruturais que aumentem a chance de sucesso da implementação. Note que o ponto aqui é melhorar a implementação. Fazem parte dessas alterações mudanças de pessoal (realocação, promoção, demissão), mudança de processos, melhoria de sistemas de informação etc. É comum que esse modelo esteja amarrado com processos de remuneração 114 Unidade III variável ou taxas de sucesso. Por ser mais complexo e envolver alterações da estrutura, tem um tempo de maturação maior. Esse modelo também discrimina pensadores e executantes. • Modelo colaborativo: como o próprio nome indica, esse modelo prevê um esquema participativo envolvendo os níveis de gestão (gerenciais) na tomada de decisão da estratégia e dos passos da implementação. A complexidade e profundidade aumentam bastante, pois é preciso ponderar diversos estilos e pontos de vista. Técnicas comuns como dinâmicas de grupo, brainstorming e discussões de grupo são utilizadas. Esse modelo é mais avançado, certamente, por incorporar as percepções e visões dos gestores, mas deve ser cuidadosamente conduzido para evitar influências políticas dos grupos de poder que normalmente surgem nas empresas. Também discrimina pensadores e executantes, muito embora a quantidade de pensadores aumente. • Modelo cultural: de alta complexidade, visa ter unicidade e identidade comum à estratégia. A premissa é criar cultura corporativa de decisões compartilhadas por todos os integrantes, não apenas o corpo gestor. O alto executivo na pirâmide hierárquica busca comprometer todos os funcionários e gestores com os objetivos e estratégias. Esse modelo não discrimina pensadores de executantes, uma vez que todos participam. • Modelo crescente: é o mais complexo, pois a elaboração e a implantação da estratégia vêm de baixo para cima. Ou seja, o incentivo à inovação é total, pois parte da premissa de que todos os funcionários e gestores podem contribuir no caminho futuro. A responsabilidade do topo da pirâmide é, além de assegurar o fluxo de informações constante, selecionar as melhores alternativas de estratégia que surgirem. Esse modelo também não discrimina pensadores de executantes. Observe que há várias alternativas para o desenvolvimento e a implementação da administração estratégica. Cada empresa, por força das circunstâncias, faz do seu jeito. O primeiro modelo, o de comando, é bastante comum por confiar na expertise de consultorias, mas é custoso. O último modelo, por outro lado, só pode ser feito se a empresa já tiver consolidada a ideia de participação conjunta nas decisões. Há várias ferramentas metodológicas que podem facilitar boa parte do processo de implementação, como o Balanced Scorecard e o Design Thinking. 7.2 Balanced Scorecard (BSC) Na década de 1980, várias organizações de grande porte foram prejudicadas pelo foco dos gestores no retorno em curto prazo. Isso ocorria por causa dos métodos adotados de remuneração variável. Os executivos poderiam receber bônus milionários se contentassem os acionistas através de grandes margens de lucro. Pagar mais aos executivos que trazem mais lucros não é a grande questão. O problema é que essa situação amarrava as decisões dos executivos no curto prazo, e não no longo prazo. Imagine uma grande corporação reduzindo brutalmente os custos através da oferta de produtos com menos qualidade, da troca de funcionários caros e experientes por novos funcionários baratos e inexperientes, da diminuição dos investimentos em novos produtos (pois só dariam lucro após anos) etc. 115 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICANa prática, essas organizações não estavam seguindo estratégias de longo prazo: estavam confinadas a estratégias de curto prazo que beneficiavam os executivos, e não os acionistas. Notícias da época mostram altos executivos recebendo milhões de dólares por terem, na verdade, travado as possibilidades futuras das empresas que dirigiam. É uma discussão clássica: autointeresse dos gestores versus interesses dos acionistas. Saiba mais O artigo indicado a seguir discute a estrutura de propriedade versus conflitos de interesse na alta gestão das empresas: SAITO, R.; SILVEIRA, A. M. Governança corporativa: custos de agência e estrutura de propriedade. Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo, v. 48, n. 2, p. 79-86, abr./jun. 2008. Disponível em: https://www. scielo.br/pdf/rae/v48n2/v48n2a07.pdf. Acesso em: 22 jan. 2021. Em 1992, os teóricos acadêmicos Robert Kaplan e David Norton propuseram uma abordagem inovadora para reduzir os danos causados por executivos focados no autointeresse: o BSC. O ponto de partida para o desenvolvimento dessa ferramenta foi a conclusão de um estudo que indicava a inadequação dos métodos de avaliação do desempenho empresarial, pois eram baseados somente em indicadores contábeis/financeiros. Como o desempenho era medido apenas em indicadores financeiros, os executivos focavam no resultado de curto prazo para embolsar grandes bônus ao final do exercício. Saiba mais Como um exemplo brasileiro de ações de executivos focados no curto prazo embolsando bônus milionários, conheça o caso do rombo no Banco Nacional na década de 1990 em artigo publicado em jornal: PINTO, C. O rombo do Nacional. Folha de S. Paulo, 4 fev. 1996. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/2/04/brasil/23.html. Acesso em: 21 jan. 2021. Claro que após alguns anos o valor de mercado dessas organizações cairia, pois não havia estratégia de longo prazo. Ou, caso houvesse, a implantação era delimitada aos resultados de curto prazo que interessavam aos executivos. Muitos desses executivos acabavam sendo demitidos após alguns anos, com gordas compensações financeiras, e se recolocavam em outras empresas porque “traziam resultados para os acionistas”, mantendo o modus operandi. O BSC veio como uma resposta a esse modelo, procurando privilegiar os interesses dos acionistas e incentivar o pensamento estratégico de longo prazo dos executivos. 116 Unidade III O BSC, segundo Kaplan e Norton (1997), tem como características: • Focaliza a gestão da estratégia através de objetivos, iniciativas e indicadores ligados a quatro perspectivas: clientes, processos internos, aprendizagem/desenvolvimento organizacional e financeira. Note que são três perspectivas não financeiras! A ideia é poder gerenciar diversos fatores, financeiros e não financeiros, alinhados com o futuro da organização. • Incentiva a comunicação e o alinhamento dos funcionários e gestores para poder balancear o uso dos recursos da organização dentro da estratégia formulada. • Acompanha as relações de causa e efeito entre as quatro perspectivas trazendo sinergia nas ações tomadas, tanto de curto quanto de longo prazo. • Garante feedback das ações e resultados, facilitando a aprendizagem e correção de rota da estratégia. Assim, passou a ser possível adotar formas de avaliar estratégias além dos tradicionais indicadores financeiros. O BSC preserva os indicadores financeiros como a síntese final do desempenho gerencial e organizacional, mas incorpora um conjunto de medidas mais genéricas e integradas que vinculam o desempenho sob a ótica dos clientes, processos internos, funcionários e sistemas ao sucesso financeiro a longo prazo (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 21). De acordo com Sousa e Rodrigues (2002), o BSC foi criado inicialmente como uma simples ferramenta de medição e avaliação de desempenho, tanto que a formação original de Kaplan era contabilidade gerencial. Porém, sua característica multidimensional fez com que fosse adotado cada vez mais como um sistema de comunicação e alinhamento da empresa com a estratégia. Assim, o BSC passou a ser considerado uma metodologia de implementação da estratégia. Kaplan e Norton (1997) enfatizam que o BSC permite o acompanhamento do desempenho financeiro imediato e, ao mesmo tempo, o monitoramento do progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro. Lembrete Ativos intangíveis possuem valor, mas não são palpáveis. Valor de marca é um deles. Formulada a estratégia, o BSC define quatro pontos focais (as chamadas perspectivas) e estabelece objetivos, indicadores, metas e ações de curto, médio e longo prazo. Observe sua estrutura: 117 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Cliente Para alcançar nossa visão, como devemos ser vistos pelos clientes? Processos internos do negócio Para satisfazer os clientes, em quais processos devemos nos sobressair? Visão e estratégia Aprendizado e crescimento Para alcançar nossa visão, como sustentar a habilidade de mudar e progredir? Financeiro Para ter sucesso financeiramente, como nós devemos aparecer para os nossos investidores Figura 59 – As quatro perspectivas do Balanced Scorecard 7.2.1 Perspectiva financeira A perspectiva financeira é naturalmente a que mais atrai a atenção do acionista. Dentro do tradicional horizonte de tempo – curto, médio e longo prazos –, toda estratégia precisa atender essa perspectiva. Note que é possível projetar baixo retorno no curto prazo, desde que a estratégia permita maximizá-lo no médio e no longo prazo. Assim, finanças são o ponto focal inicial na elaboração do BSC, dividindo a estratégia em objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo. Ou seja, é facultado ao acionista entender que a estratégia formulada pode trazer recursos financeiros caso seja bem-sucedida em todo o horizonte temporal. Com objetivos financeiros claros, deve-se selecionar os indicadores de desempenho que permitam o acompanhamento da execução. Os mais comuns são: • Faturamento: total de dinheiro que entrou na empresa em determinado período em função da venda de produtos ou serviços. Ou seja, é a receita bruta do negócio. • Margem bruta: segundo Farris et al. (2007), é a diferença entre o preço de venda e o custo, sendo tipicamente expressa em percentagem do preço de venda. • Margem de contribuição: diferença entre a receita da venda de produtos e dos custos e despesas variáveis. É o quanto vai restar do preço de venda após remover custos e despesas variáveis e vai ser usado para quitar os custos fixos. 118 Unidade III • Retorno sobre o patrimônio (Return on Equity – ROE): indicador que mede a capacidade de uma empresa para gerar valor a partir dos recursos que a empresa possui. • Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA – Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization). Indicador financeiro com o lucro antes de ser descontado o que a empresa gastou em juros e impostos e perdeu em depreciação e amortização. • Retorno sobre o investimento (ROI): de acordo com Farris et al. (2007), é uma métrica que descreve como os ativos estão sendo utilizados. Consiste na razão entre lucro líquido e investimentos. Em seguida, os objetivos são desdobrados em metas específicas de algumas atividades que, em sinergia, se somam para alcançar os objetivos propostos. Também se desenham as ações (que os autores denominam iniciativas) a serem realizadas para cada uma das metas. Num exemplo simples, se o objetivo é aumentar a margem bruta em 0,3%, as metas poderiam ser “aumentar preços médios em 0,4%” e “diminuir custos médios em 0,2%”, sendo que para diminuir custos médios as ações poderiam ser “buscar novos fornecedores”, “trocar maquinário antigo por novo mais eficiente” etc. Observe a seguir o exemplo de uma aplicação simples dessa perspectiva: Quadro 10 Perspectiva financeira Metas Ações Indicadores Reduzir custos Diminuir os custos operacionaisem x% Buscar fornecedores alternativos Redução do valor das contas com fornecedores Criar um programa de uso consciente de recursos de materiais Redução do valor de pagamento Elevar a receita Aumentar em x% a receita líquida Aprimorar o conhecimento na identificação das vendas mais lucrativas Demonstração do resultado do exercício Reavaliar o prazo de concessão de crédito a clientes com liquidação duvidosa Demonstração do resultado do exercício Adaptado de: Carneiro Júnior, Oliveira e Niveiros (2020, p. 94). Note que não é simplesmente um plano que fica mofando na gaveta. É uma metodologia que amarra as pontas e desenha um conjunto de ações que devem ser tomadas e que especifica como será feito o controle. No exemplo anterior, para reduzir custos operacionais os responsáveis devem buscar novos fornecedores mais baratos, e o controle da execução será um indicador numérico que mostra o valor dos pagamentos aos fornecedores, que deverá diminuir. Em paralelo, em outra perspectiva, deverá surgir um indicador de qualidade dos materiais fornecidos, balanceando a decisão de troca de fornecedor por um mais barato. 119 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 7.2.2 Perspectiva do cliente O foco é acompanhar indicadores não financeiros, voltados para o lado externo da empresa, visando identificar o nível de satisfação dos clientes. Kaplan e Norton (1997) estabelecem três categorias: • Serviço/produto: funcionalidade, benefícios, preço, qualidade etc. • Relacionamento com o cliente: entrega, acesso a informações, feedback. • Imagem e reputação: apresentação, valoração de marca. Essa perspectiva se inicia com a definição dos segmentos de mercado a serem atendidos com alinhamento aos objetivos da perspectiva financeira. Cada segmento tem características a serem consideradas na elaboração das metas, indicadores de resultado e ações. Lembrete Segmento de mercado é o pedaço escolhido de um mercado total que será alvo da estratégia. Os indicadores de resultados mais comuns são ligados à satisfação, fidelidade e lucratividade em cada segmento. Outros indicadores são frequência, recência, retenção e captação. • Frequência é uma métrica de quantidade de transações por período. Clientes com alta frequência de compra são clientes satisfeitos. • Recência é uma métrica que indica o tempo decorrido desde a última transação. Ou seja, quão recente é a última compra. Observação Há ramos de atividade que medem não só frequência e recência de compra, mas também de consumo, uma vez que nem toda compra leva a consumo imediato. Pense em garrafas de bebida, por exemplo. A compra ocorre num momento, e o consumo ocorre em vários momentos a posteriori. • Retenção é a capacidade de manter um cliente na base. Alto índice de retenção significa que poucos clientes abandonam a empresa. É típico de negócios com base cadastral, como bancos, serviços de telefonia e internet, clubes. • Captação é a capacidade de aumentar a base de clientes. Alto índice de captação significa sucesso em atrair clientes. 120 Unidade III A lógica permanece a mesma: objetivos desdobrados em metas que desenham ações controladas por indicadores. Todo o processo deve estar articulado com as outras três perspectivas. Quadro 11 – Exemplo de perspectiva de clientes Perspectiva do cliente Metas Ações Indicadores Conquistar novos revendedores Aumentar o cadastro de revendedores em x% Procurar novos revendedores nas praças de Campinas e região Índice de novos cadastros de revendedores Ser referência no mercado Manter todos os revendedores antigos Identificar satisfação dos revendedores Índice de reclamações de revendedores Adaptado de: Carneiro Júnior, Oliveira e Niveiros (2020, p. 94). Nesse exemplo, além de entrar em novos canais de distribuição, a empresa quer manter os canais antigos satisfeitos. Para tal, define as ações e os indicadores de controle. 7.2.3 Perspectiva de processos internos Trata-se de indicadores não financeiros voltados para o ambiente interno da organização, identificando os processos essenciais para atingir os objetivos. Kaplan e Norton (1997, p. 67) pontuam que “as medidas dos processos internos estão voltadas para os processos que terão maior impacto na satisfação do cliente e na consecução dos objetivos financeiros da empresa”. Nesse caso, por estarem ligados aos processos internos, há uma gigantesca quantidade de indicadores, pois cada tipo de negócio tem suas especificidades. Indicadores de desperdício de insumos em função de ajuste de máquinas são comuns na indústria gráfica, mas não fazem sentido em empresas de varejo. Crepaldi (2012) propõe a discriminação em processos de inovação, operacionais e de serviços pós-venda. Ou seja, processos de identificação de oportunidades, de produção/operação para fazer o produto e de satisfação dos clientes. Assim, teremos objetivos desmembrados em metas para definir ações controladas por indicadores. Quadro 12 – Exemplo de perspectiva de processos internos Perspectiva de processos internos Metas Ações Indicadores Melhoria no planejamento de entrega de mercadoria Diminuir o tempo de entrega do produto em um dia Automatizar transporte dentro do estoque Diminuição entre a data do pedido e a data de entrega do produto Qualidade e eficiência no atendimento aos clientes Diminuição de reclamações no atendimento em x% Ampliar central de atendimento e treinar atendentes Baixo índice de perda de clientes Adaptado de: Carneiro Júnior, Oliveira e Niveiros (2020, p. 94). 121 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 7.2.4 Perspectiva de aprendizagem e crescimento Essa perspectiva tenta otimizar o potencial intelectual e operacional da organização. Assim, busca identificar como os funcionários devem aprimorar suas atividades. Trata-se de aprendizagem com erros e acertos. Organizações são essencialmente pessoas trabalhando em conjunto e com um objetivo em comum. Essa perspectiva aborda exatamente a necessidade de manter a equipe coesa, capacitada e motivada para atingir suas metas. Portanto, é preciso lançar mão de programas de treinamento, capacitação, qualificação, certificação, motivação, atração e retenção de pessoas. Também fazem parte dessa perspectiva os sistemas de comunicação interna para que não haja gargalos no fluxo de informações. Por fim, deve-se ter processos ajustados de coleta, processamento, armazenamento e disseminação do conhecimento gerado pelas atividades. O procedimento é o mesmo das outras três perspectivas: estabelecer objetivos alinhados com a estratégia, definir indicadores e desdobrar em metas e ações. Quadro 13 – Exemplo de perspectiva de aprendizagem e crescimento Objetivos da perspectiva do cliente Metas Ações Indicadores Desenvolver a conscientização dos colaboradores quanto ao conhecimento total das normas internas da empresa Instruir todos os colaboradores quanto às normas da empresa Programar cursos e treinamentos internos em dias e horários adequados a todos os turnos Redução de advertências, multas e acidentes Capacitar os funcionários em suas áreas específicas Aumentar o número de funcionários com capacitação Fornecer cursos e treinamentos ligados às áreas funcionais Melhoria no desempenho dos colaboradores Adaptado de: Carneiro Júnior, Oliveira e Niveiros (2020, p. 95). Portanto, o BSC é uma ferramenta útil para implementação e controle de estratégias organizacionais focadas no curto, médio e longo prazos. 7.3 Design Thinking Você certamente já ouviu elogios ou críticas ao design de produtos. Um automóvel Ferrari com design arrebatador, um clássico relógio Rolex e uma mesa de jantar inovadora são expressões fáceis de ser entendidas. Design é idealizar, criar, conceber e especificar produtos normalmente produzidos em série, o que exige padronização num desenho técnico que será usado na replicação. O desenho técnico é a base para a reprodução em massa do produto. 122 Unidade III Note que essa definiçãopermite entender que alguém (ou um conjunto de pessoas) desenhou o modelo e as peças da Ferrari, do Rolex e da mesa de jantar. São os chamados designers, profissionais do design. Contudo, qual a relação entre design e estratégia? Torquato, Willerding e Lapolli (2015) afirmam que “o Design Thinking pode ser definido como uma abordagem centrada no ser humano para inovação que integra as necessidades individuais, as possibilidades tecnológicas e os requisitos para o sucesso”. Ou seja, gente criando inovações para ter sucesso. No mundo globalizado de rápidas mudanças em que vivemos, inovação é uma necessidade, e não um diferencial. A ideia da abordagem do Design Thinking é experimentar novos caminhos sem temer o erro, pois o erro cria aprendizado que é usado para melhorar o projeto. Um designer de produto não cria um design na primeira tentativa. Na verdade, ele pensa e refaz o pensamento criando alternativas, eliminando algumas, refinando outras até ter um projeto completo. E se essa lógica difusa fosse usada na criação de estratégias? Torquato, Willerding e Lapolli (2015) dizem que o Design Thinking é uma abordagem centrada no ser humano que possibilita a geração de ideias em diversos contextos. Assim, essas ideias podem ser focadas em inovação e estratégia em vez de simplesmente em produtos. Coutinho e Penha (2015) vão além. Descrevem três possibilidades de futuro para serem levadas em consideração na estratégia: o futuro provável, o futuro possível e o futuro desejável. Este terceiro é proposto pelos autores como algo que as organizações podem, por meio do Design Thinking, moldar com ideias e conceitos consubstanciados em protótipos e produtos. Mais importante do que idealizar o futuro é trazê-lo ao presente por meio de experimentos. Desde os anos 1970 a Shell já anunciava o fim do petróleo e colocava entre seus objetivos a busca por fontes alternativas de energia, tornando-se precursora em tecnologias limpas, como a energia eólica e a solar. Em 1996 a Philips se lançou no projeto Vision of the Future, cujo objetivo era antever os impactos da vida moderna em seu portfólio de produtos (COUTINHO; PENHA, 2015, p. 1). Também podemos citar os avanços rápidos em robótica, tecnologia da informação e biotecnologia e o quanto contribuem para o Design Thinking criar novas gerações de negócios escaláveis com ruptura de negócios estabelecidos. Por exemplo, a GoPro foi fundada em 2002 por um surfista e esquiador que queria filmar a si mesmo durante a prática esportiva. No início a tecnologia era cara, mas com o tempo o custo da câmera caiu exponencialmente, aumentando a escala de produção. Hoje é uma empresa multinacional com mais de 26 milhões de câmeras GoPro vendidas em mais de cem países. A GoPro está na lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo pela Fast Company, revista americana sobre tecnologia e informação que anualmente ranqueia as empresas inovadoras. 123 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Figura 60 – Câmera GoPro A Nokia, empresa finlandesa, já foi o maior fabricante de celulares do mundo. Em 2008, no auge da liderança, investiu U$ 8 bilhões na compra da Navteq, uma empresa de navegação por mapas em GPS, que coletava dados por sensores físicos fixados em esquinas de grandes cidades, além de sensores alocados em carros de frota própria. A ideia era ser a principal fornecedora de dados de trânsito, e a estrutura seria de milhões de sensores espalhados pelo mundo. Porém, no mesmo ano a empresa Waze foi criada em Israel, que oferecia o mesmo serviço sem necessitar de investimentos em sensores, pois os smartphones coletavam os dados e os apresentavam ao mesmo tempo. Observe a diferença! Uma empresa ajudou a moldar o futuro criando uma ruptura nos negócios de mapeamento, e a outra foi relegada ao passado. A Nokia quase quebrou na época. A) B) Figura 61 – Celular Nokia e automóvel com sensor Navteq Na verdade, o Design Thinking está incentivando projetos inovadores e disruptivos por parte de quaisquer organizações, mesmo as que estão fora dos ramos de atuação originais. 124 Unidade III Os projetos mais inovadores do carro elétrico (Tesla) ou do autônomo (Google) nasceram fora da centenária indústria automotiva. A maior rede de hotéis (Airbnb) não tem um ativo sequer. É inegável que a influência de tendências como a inteligência artificial e a economia compartilhada entre nas reflexões sobre a estratégia das empresas. Ao conectar tendências e especular futuros criam-se territórios e os projetos que deles decorrem. Este exercício provocativo permite às organizações explorar espaços de oportunidade, fazer suas apostas sobre o futuro e trazê-las ao presente por meio de experimentos que promovam aceleração de ideias (COUTINHO; PENHA, 2015, p. 1). Assim, o designer de negócio (ou designer social, caso a lógica não seja ligada a business) capta fatos, evidências e percepções para criar inovações em busca do futuro desejável. Por meio da iniciativa Pictures of the Future (Pof), a Siemens reúne a cada seis meses dezenas de especialistas de várias áreas em todo o mundo para discutir o futuro e suas implicações nos próximos 20-30 anos. No Brasil, a Siemens lançou em 2012 o Pictures of the Future Rio de Janeiro + 20 em virtude da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016. Visões como “Fique bem no Rio” (referente à saúde e bem-estar) ou “Tudo deve fluir” (40 minutos de qualquer ponto no Rio ao centro da cidade) são fonte de inspiração para a própria Siemens, que vem trabalhando em pelo menos dez novas soluções pensando no Rio do futuro (COUTINHO; PENHA, 2015, p. 1). A Google X Lab, divisão do Google voltada a novas tecnologias e negócios de futuro, desenvolveu vários projetos, alguns dos quais foram lançados. Você provavelmente já ouviu falar do carro autônomo do Google, bem como de seus acidentes no trânsito. É um futuro desejável. O Google X Lab também desenvolveu o Google Glass, que estudaremos neste capítulo. Outro projeto é chamado de Loon, que consiste em dar acesso à internet em áreas rurais e remotas através de balões colocados na estratosfera a uma altitude de 20 km. Não há medo de errar, pois há projetos que nunca foram divulgados por terem sido abortados. O investimento é alto, e as perspectivas de ter em mãos tecnologias e produtos disruptivos e altamente lucrativos é maior ainda. Se você pesquisar sobre o papel de startups no desenho do futuro, ficará surpreso. Há milhares de empresas pequenas, voltadas para tecnologia e suas aplicações sendo criadas, e há outros milhares já em operação. Certamente a maioria não vingará, mas algumas darão certo e umas poucas realmente trarão mudanças para o futuro. Brown (2010) contribui com uma ponderação: designers tradicionais, por assim dizer, sabem que não existe uma maneira ideal de criar algo. A cada projeto, os métodos e estilos variam. Na verdade, os designers não solucionam problemas, e sim trabalham através deles. E isso faz a diferença na formulação da estratégia: pensar como um designer e assumir que no processo de formular e implementar vão ocorrer erros e adaptações que geram um resultado melhor. 125 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA O processo defendido por Brown (2010) tem cinco etapas: • A primeira etapa é a da descoberta, fase em que a equipe procura entender o contexto da situação e compreender os objetivos a serem atingidos, observando clientes, mapeando processos relevantes, conversando com agentes externos especialistas etc. É preciso também entender as expectativas dos acionistas. Observe que essa etapa incentiva a curiosidade da equipe. • A segunda etapa é a interpretação, quando dados coletados são analisados e interpretados buscando padrões relevantes. Ideias, percepções e experiências são levadas em consideração para interpretar as descobertas. • A terceira etapa é a ideação. Ideias e soluções são geradas a partir das descobertas e interpretações. É uma boa iniciativa envolver pessoas de perfis diferentes, pois da variedade surgem múltiplosinsights. “Os insights são estímulos ou pequenas partes de uma informação maior coletada por um indivíduo”. Assim, “quando há um conjunto de insights, é possível montar cenários, compreender relações, hábitos e crenças” (RECHE; JANISSEK-MUNIZ, 2018, p. 88). • A quarta etapa é a da experimentação, quando as ideias e soluções saem do plano abstrato e se consubstanciam em protótipos e testes para verificar se são boas alternativas. Nessa etapa são experimentadas algumas possibilidades de solução. Os erros cometidos emergem e geram aprendizado, podendo refinar as ideias e melhorar a aplicabilidade. • A última etapa é a da evolução, que parte da aceitação das ideias e de sua implementação. Trata-se do feedback da implementação da estratégia. Dentro da lógica de melhoria contínua, são observados os aspectos positivos e negativos, sendo que estes servem como ponto de partida para melhorias. Quando se adota o Design Thinking, presume-se a liberdade de imaginar o futuro, criar, propor, inventar e testar mais de uma vez e mais de uma alternativa para o mesmo problema. Isso significa que as empresas devem aprender a interpretar o erro não como uma falha, mas como menos uma opção. O ato de errar é a forma de reduzir as incertezas, é a oportunidade de adquirir novos conhecimentos. As empresas perdem oportunidades por não serem ousadas, por estarem correndo atrás de alternativa mais rápida (RECHE; JANISSEK-MUNIZ, 2018, p. 89). Como exemplo de erro, citemos o caso do Google Glass. A maior parte das pessoas já esqueceu desse produto, lançado pelo Google em 2014 por U$ 1,500 para o grande público e descontinuado dois anos depois. O Google Glass era um dispositivo semelhante a um par de óculos com uma pequena tela visível por um dos olhos. Através do movimento dos olhos, era possível “navegar” na tela e acessar mapas, imagens, músicas etc. O dispositivo tinha câmera, microfone e saída de áudio (junto a uma orelha), podendo gravar vídeos, fotos e sons para o usuário, além de fazer e receber ligações telefônicas. A intenção era ter um produto de alto consumo de massa, podendo substituir os smartphones. 126 Unidade III Lembrete Uma das forças competitivas de Porter é a ameaça de produtos substitutos. Imagine o panorama de mudanças no mercado de smartphones caso o Google Glass tivesse sido um sucesso como produto de consumo! Vários motivos levaram o Google Glass ao fracasso: a interface era cansativa; pessoas que não usavam reclamavam de invasão de privacidade, pois estavam sendo gravadas o tempo inteiro; o preço era muito alto; atrapalhava a visão. Todavia, dentro do conceito de Design Thinking, o produto saiu de linha para pessoas físicas e continuou sendo desenvolvido nos bastidores até ser relançado para pessoas jurídicas em uso profissional, como médicos em cirurgias, funcionários de chão de fábrica, pilotos de avião etc. O erro gerou aprendizado e se transformou em um acerto: de acordo com as estratégias genéricas de Porter, a estratégia mudou de diferenciação para foco. E nada impede que seja desenvolvida uma versão mais adequada ao grande público. Completando o ciclo, há rumores de que a Apple está desenvolvendo um produto equivalente. A) B) Figura 62 – Google Glass 7.4 Controle A última etapa do processo de administração estratégica é o controle. Após planejar e implementar, cabe aos gestores a tarefa de verificar se o planejado está sendo realmente executado, se os resultados estão em conformidade com o esperado e se há necessidade de correção de rota. Controle estratégico é um tipo especial de controle organizacional que se concentra em monitorar e avaliar o processo de administração estratégica garantindo que esta funcione apropriadamente. Em essência, o controle estratégico é empreendido para garantir que todos os resultados planejados durante o processo de administração estratégica tornem-se realidade. Apesar desta definição simplificá-lo demais e fazer com que pareça um tanto mecânico, na prática se percebe o quanto ele é desafiador e intrincado (CERTO; PETER, 1993, p. 139). O controle estratégico também tem por função gerar feedback que serve tanto de aprendizado quanto de estímulo a ações corretivas que se façam necessárias. 127 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Veja o processo de controle estratégico: Fora dos limites Revisar os parâmetros Estabelecer parâmetros de desempenho Medir o desempenho real Comparar o desempenho com parâmetros Implementar medidas corretivas Continuar a execução da tarefa Feedback sbre o processo Dentro dos limites Ajustar o desempenho Figura 63 – Processo de controle O início consiste em ter os parâmetros de desempenho das diversas ações previstas na estratégia. Esses parâmetros são os objetivos corporativos, das unidades de negócio e os de nível funcional desdobrados em metas para os níveis funcionais. A seguir, deve-se medir o desempenho comparando o planejado (os parâmetros) com o realizado. Duas possibilidades surgem: ou o desempenho está dentro de limites ou margens aceitáveis de desvio ou não está. Se estiver dentro do estabelecido, não é necessário fazer correção alguma, prosseguindo a execução como definido e retroalimentando a informação de conformidade para prosseguir o ciclo. Se o desempenho diferir dos parâmetros especificados além dos limites aceitáveis (ou seja, se o resultado for julgado significativamente diferente dos objetivos e metas), será necessária uma ação corretiva. A ação corretiva pode ser tomada de duas formas: • Ajustar o desempenho: consiste em melhorar o resultado da ação realizada buscando atingir os parâmetros (objetivos). Exemplos: reforço de equipe de vendas, mudança de fornecedor, retirada do produto, melhoria do produto. • Revisar os parâmetros: ocorre quando se conclui que os parâmetros são inadequados. Ou seja, os objetivos foram super ou subdimensionados. Assim, devem-se revisar os objetivos de acordo com os resultados julgados insatisfatórios. Essa forma só é adotada quando se verifica que realmente não é possível cumprir os objetivos, mesmo se forem feitos ajustes no desempenho. Uma das ferramentas mais utilizadas pelas grandes organizações para o controle é denominada Indicador-Chave de Desempenho (KPI – Key Performance Indicator). Indicadores de desempenho são usados pelas organizações há décadas. A medição de desempenho adquiriu um papel fundamental dentro das organizações nas últimas décadas. Fornecendo informações cruciais para a gestão das atividades organizacionais mesmo estando alicerçada, 128 Unidade III historicamente, na contabilidade aplicada, principalmente, no processo de manufatura. Indicadores como o ROI (retorno sobre o investimento), custo de mão de obra, custos de processos, custos de materiais entre outros foram os primeiros indicadores utilizados (VALADOR, 2015, p. 16). Daft (2013) comenta que em meados de 1990 as ferramentas tradicionais de avaliação de desempenho foram sendo paulatinamente substituídas por outras. Essa década testemunhou profundas mudanças tecnológicas, sociais e ambientais, o que levou à criação de novos indicadores. Lembrete Discutimos ao longo do livro-texto diversos exemplos de adaptação de estratégias organizacionais em função da mudança do ambiente competitivo. Lembre-se da centenária IBM abandonando seu principal negócio. O KPI é utilizado como ferramenta de medição de desempenho de vários processos organizacionais. Além disso, permite a comunicação clara da performance dos setores funcionais para os funcionários. Há, inclusive, a utilização de termos como dashboards, ou painéis de controle, que se assemelham ao visual de painéis de controle físicos existentes nas indústrias. Você certamente já viu em filmes uma sala com diversos monitores mostrando gráficos, tabelas e imagens que são controlados pelos técnicos. Figura 64 – Sala de controle com dashboards Em nossa aplicação, dashboards são agregadores de KPIs para apresentação visual na forma degráficos e tabelas que devem ser acessados pelos funcionários ligados à atividade mensurada. 129 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Figura 65 – Exemplo de dashboard com KPIs de marketing Assim, tendo acesso on-line a resultados do andamento de processos e atividades, é possível acompanhar o desempenho da organização. Dessa forma, os funcionários podem visualizar o impacto das atividades controladas e ganhar maior engajamento na persecução dos objetivos. Os KPIs permitem que os gerentes percebam a necessidade de mudança de rota, caso os indicadores mostrem resultados abaixo do projetado. 8 APRENDIZADO ESTRATÉGICO De acordo com Fernandes e Berton (2014), a estratégia de uma empresa nunca será totalmente conhecida em seus mínimos detalhes, uma vez que o processo competitivo é dinâmico. As estratégias realizadas são o resultado de estratégias deliberadas e estratégias emergentes, como vimos anteriormente. 130 Unidade III Hábitos de consumo mudam, o ritmo econômico se altera, concorrentes atuam no sentido contrário e os humores da política governamental interferem na vida da sociedade. Autores como Quinn, Senge e Mintzberg defendem a ideia de que durante a implementação ainda não é possível conhecer a estratégia total. Somente após os fatos é que se pode saber do todo. Essa visão de estratégia como aprendizado parte da disposição em experimentar e aprender com a experiência da implementação, seja de acertos, seja de erros. Mintzberg (apud FERNANDES; BERTON, 2014, p. 218) estabelece premissas para o aprendizado: 1. A natureza complexa e imprevisível do ambiente das organizações, associada à difusão do conhecimento necessário à implantação da estratégia, exclui a possibilidade de um controle absoluto. Assim, o processo de definir estratégias é um processo de aprender ao longo do tempo. 2. Embora os líderes possam aprender, o mais comum é que a organização, como um sistema coletivo, é que aprenda. 3. O papel do líder não é conceber e prescrever estratégias, mas administrar o processo estratégico de forma que o aprendizado ocorra mais rapidamente. Peter Senge, professor e diretor do renomado MIT (Massachusetts Institute of Technology), desenvolveu o conceito da learning organization (organização que aprende), que são aquelas nas quais as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir. Ou seja, para sobreviver e crescer é preciso aprender continuamente. Para Senge (1990), o processo de aprendizagem ocorre a partir de cinco disciplinas: • Domínio pessoal: as características pessoais dos funcionários e gestores auxiliam o aprendizado. Paciência, foco, ser realista nas observações, saber ouvir o outro etc. são qualidades recomendáveis para o trabalho em equipe numa organização que aprende. • Modelos mentais: crenças arraigadas, paradigmas e ideias/valores afetam a visão de mundo e as percepções das pessoas. No mundo da política, os líderes, os partidos e as organizações sociais propagam ideias e conceitos que afetam os modelos mentais das pessoas, sejam contra, sejam a favor. No mundo dos negócios, os modelos mentais se constituem nas crenças compartilhadas e disseminadas na empresa e até mesmo no ramo de atividade. Por exemplo, na virada do século XIX para XX grandes fortunas americanas eram ligadas ao transporte ferroviário, e fortes investimentos eram feitos para melhorar a malha ferroviária e os trens. O modelo mental dos acionistas dessas companhias era voltado para ferrovias. Porém, no início do século XX o transporte por carros e caminhões começou a se estabelecer (tratamos do assunto sobre Henry Ford e Alfred Sloan anteriormente) e cresceu de maneira estupenda. O modelo mental de transportes ferroviários permaneceu arraigado em vários acionistas e investidores, os quais perderam fortunas à medida que as estradas de rodagem foram sendo construídas de costa a costa. Outros acionistas mudaram seu modelo mental e passaram a investir além de ferrovias. 131 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA • Objetivo comum: envolve metas, valores e compromissos compartilhados em conjunto por membros da organização. Quando a empresa e funcionários/gestores compartilham um objetivo comum e legítimo, o esforço espontâneo para cumpri-lo gera aprendizado de maneira natural. • Aprendizagem em grupo: a força de um grupo é superior à soma das forças individuais. Aprendizado em grupo também é superior. Quando o aprendizado é só do funcionário, sem compartilhamento, ele pode ser contratado pelo concorrente e levar o aprendizado junto. Quando ocorre aprendizagem em grupo, o resultado é da organização e não pode ser copiado de fora. • Raciocínio sistêmico: é a base da teoria sistêmica o fato de ser possível entender um sistema observando-o como um todo, e não por suas partes. Qualquer organização é um sistema aberto que interage com o ambiente. Assim, a organização deve ser analisada como um todo. De acordo com Senge (1990), raciocínio sistêmico é uma estrutura de conhecimentos e instrumentos que permite observar e intervir nesse todo com vistas a aprimorá-lo. Essa disciplina cria a integração das outras quatro porque observa o conjunto integral da organização. Lampel (apud FERNANDES; BERTON, 2014) incentiva atitudes favoráveis à aprendizagem: • Fracasso e sucesso geram aprendizado, e as empresas devem aproveitá-lo. • O ditado “em time que está ganhando não se mexe” deve ser rejeitado, uma vez que as estratégias e sua implementação merecem ser reexaminadas frequentemente. • Os gestores e funcionários das áreas funcionais ligadas a produção/operação e vendas/marketing em geral têm muito mais conhecimento de suas áreas que seus superiores do alto escalão, e esse conhecimento é imprescindível. • As empresas devem disseminar ativamente o conhecimento em todas as áreas funcionais. • As empresas devem ir além das próprias fronteiras do seu conhecimento e buscar mais, sem se darem por satisfeitas. Ou seja, há muito a aprender na concorrência, com os fornecedores e com os clientes. Visando contribuir para o processo, Mumford (2001) postula que as pessoas adotam estilos de aprendizagem em função de suas características pessoais. Ativista Realizando experiência Teórico Concluindo a partir da experiência Pragmático Planejando as próximas etapas Reflexivo Reavaliando a experiência Figura 66 – Estilos de aprendizagem 132 Unidade III Cada um tem um pouco de cada estilo, variando de intensidade. A maior parte tem um estilo dominante e um secundário, ficando outros dois em menor escala. De qualquer modo, os gestores de uma organização focada no conhecimento devem identificar os estilos de seus colaboradores para otimizar o processo. O estilo ativo – as pessoas em que o estilo ativo predomina, gostam de novas experiências, são de mente aberta, entusiasmadas por tarefas novas; são pessoas do aqui e do agora, que gostam de viver novas experiências. Seus dias estão cheios de atividades: em seguida ao desenvolvimento de uma atividade, já pensam em buscar outra. Gostam dos desafios que supõem novas experiências e não gostam de grandes prazos. São pessoas de grupos, que se envolvem com os assuntos dos demais e centram ao seu redor todas as atividades. [...] O estilo reflexivo – as pessoas desse estilo gostam de considerar a experiência e observá-la sob diferentes perspectivas; reúnem dados, analisando-os com detalhes antes de chegar a uma conclusão. Sua filosofia tende a ser prudente: gostam de considerar todas as alternativas possíveis antes de realizar algo. Gostam de observar a atuação dos demais e criam ao seu redor um ar ligeiramente distante e condescendente. [...] O estilo teórico – são mais dotadas desse estilo as pessoas que se adaptam e integram teses dentro de teorias lógicas e complexas. Enfocam problemas de forma vertical, por etapas lógicas. Tendem a ser perfeccionistas; integram o que fazem em teorias coerentes. Gostam de analisar e sintetizar. São profundosem seu sistema de pensamento e na hora de estabelecer princípios, teorias e modelos. Para eles, se é lógico é bom. Buscam a racionalidade e objetividade; distanciam-se do subjetivo e do ambíguo. [...] O estilo pragmático – os pragmáticos são pessoas que aplicam na prática as ideias. Descobrem o aspecto positivo das novas ideias e aproveitam a primeira oportunidade para experimentá-las. Gostam de atuar rapidamente e com seguridade com aquelas ideias e projetos que os atraem. Tendem a ser impacientes quando existem pessoas que teorizam. São realistas quando têm que tomar uma decisão e resolvê-la. Partem dos princípios de que “sempre se pode fazer melhor” e “se funciona significa que é bom” (MUMFORD, 2001, p. 17-18). 133 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Resumo Para reduzir o risco de insucesso na implementação das estratégias, Porter sugeriu a aplicação três testes: teste da atratividade, de custo de entrada e de melhoria das condições. Se a estratégia elaborada for bem avaliada nos três testes, poderá ser implementada. Implementar a estratégia é uma das etapas mais complicadas do processo: colocar em prática tudo o que foi planejado é uma tarefa difícil. Para obter sucesso na implementação, é preciso haver alinhamento entre os processos da organização e a estratégia. A quantidade de pessoas afetadas nas alterações promovidas pela implementação, para o bem e para o mal, pode ser muito representativa. Enquanto a formulação da estratégia é feita nos mais altos níveis hierárquicos, a implementação acaba sendo responsabilidade direta dos níveis intermediários de gerências, e estes dependem da estrutura que a organização dispõe. Chandler (1962) demonstrou que a estrutura segue a estratégia, pois observou que o crescimento e a mudança de estratégia alteravam a estrutura das empresas. Em suas observações, ele descobriu que as empresas adotavam diferentes estratégias de crescimento seguidas de alterações na estrutura como meio de enfrentar os novos problemas administrativos. A estrutura organizacional determina características como cadeia de comando, amplitude de controle, cargos e departamentos, centralização de poder, as quais precisam ser adequadas à estratégia escolhida. Bourgeois e Brodwin (1984) classificam a implementação da estratégia em cinco modelos, que são ordenados em função da profundidade de pensamento e complexidade de realização: comando, mudança, colaborativo, cultural e crescente. Cada empresa, por força das circunstâncias, adota um desses modelos do seu jeito. O primeiro, o de comando, é bastante comum por confiar na expertise de consultorias, mas é custoso. O último modelo, por outro lado, só pode ser feito se a empresa já tiver consolidada a ideia de participação conjunta nas decisões. Há várias ferramentas metodológicas que podem facilitar boa parte do processo de implementação, como o Balanced Scorecard (BSC) e o Design Thinking. 134 Unidade III O BSC foi criado em 1992 pelos teóricos acadêmicos Robert Kaplan e David Norton para reduzir os danos causados por executivos focados no curto prazo para ter direito a bônus no final do exercício. Um estudo da época mostrava que os métodos de avaliação do desempenho empresarial eram inadequados por serem baseados somente em indicadores contábeis/financeiros. Se o desempenho era medido apenas em indicadores financeiros, os executivos focavam no resultado de curto prazo para embolsar grandes bônus e deixavam de lado a estratégia de médio e longo prazo. Claro que após alguns anos o valor de mercado dessas organizações cairia, pois não havia estratégia de longo prazo. Muitos desses executivos eram demitidos após alguns anos e se recolocavam em outras empresas porque traziam resultados rápidos para os acionistas. O BSC procurava privilegiar os interesses dos acionistas e incentivar o pensamento estratégico de longo prazo dos executivos. O BSC permite o acompanhamento do desempenho financeiro imediato e, ao mesmo tempo, do progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro. Formulada a estratégia, o BSC estabelece quatro perspectivas e fixa objetivos, indicadores, metas e ações de curto, médio e longo prazo. As perspectivas são: financeira, do cliente, de processos internos e de aprendizagem e crescimento. A perspectiva financeira divide a estratégia em objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo com indicadores de desempenho que permitam o acompanhamento da execução, como faturamento, margem bruta, ROI. A perspectiva do cliente acompanha indicadores não financeiros voltados para o nível de satisfação dos clientes em três categorias: serviço/produto, relacionamento com o cliente e imagem e reputação. Inicia-se com a definição dos segmentos de mercado a serem atendidos com alinhamento aos objetivos da perspectiva financeira e cada segmento contém metas, indicadores de resultado e ações. A perspectiva de processos internos utiliza indicadores não financeiros voltados para processos internos essenciais para atingir os objetivos. Assim, há uma gigantesca quantidade indicadores, pois cada tipo de negócio tem suas especificidades. Crepaldi (2012) propõe a discriminação em processos de inovação, operacionais e de serviços pós-venda. A perspectiva de aprendizagem e crescimento busca otimizar o potencial intelectual e operacional da organização identificando como os funcionários podem aprender e, com isso, aprimorar suas atividades. Trata-se de aprendizagem com erros e acertos. Essa perspectiva aborda a 135 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA necessidade de manter a equipe coesa, capacitada e motivada para atingir suas metas. Portanto, é preciso ter programas de treinamento, capacitação, qualificação, certificação, motivação, atração e retenção de pessoas. Também estudamos o Design Thinking, uma abordagem para inovação que integra as necessidades individuais, as possibilidades tecnológicas e os requisitos para o sucesso. Ou seja, gente criando inovações para ter sucesso utilizando uma metodologia replicável. Das três possibilidades de futuro para serem levadas em consideração na estratégia (futuro provável, futuro possível e futuro desejável), o futuro desejável é o que pode ser moldado pelas empresas que adotarem o Design Thinking em protótipos e produtos. A última etapa do processo de administração estratégica é o controle. Após planejar e implementar, cabe aos gestores a tarefa de verificar se o planejado está sendo realmente implementado, se os resultados estão em conformidade com o esperado e se há necessidade de correção de rota. O aprendizado estratégico parte de uma visão de estratégia como aprendizado como a disposição da empresa em experimentar e aprender com a experiência da implementação, seja de acertos, seja de erros. Em uma learning organization (organização que aprende), as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir. Ou seja, para sobreviver e crescer é preciso aprender continuamente através de cinco princípios: domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizagem em grupo e raciocínio sistêmico. 136 Unidade III Exercícios Questão 1. A estratégia BSC (Balanced Scorecard) estabelece quatro pontos focais: financeiro, cliente, aprendizado e crescimento e processos internos do negócio. Avalie as afirmações a seguir acerca desses quatro pontos. I – As finanças são o ponto inicial para a elaboração do BSC. Esse ponto diz respeito aos objetivos financeiros e aos indicadores de desempenho da execução desses objetivos. II – O objetivo da perspectiva do cliente é acompanhar marcadores não financeiros acerca do cenário externo à empresa, tais como os benefícios do produto, o feedback dos clientes e a apresentação da marca. III – A perspectiva de processos internos diz respeito aos fatores financeiros internos à empresa, como a identificação e a avaliação de oportunidades e a satisfaçãodos clientes. IV – O aspecto de aprendizado e crescimento tem seu foco em otimizar o potencial intelectual e operacional da empresa por meio, por exemplo, de programas de treinamento e capacitação. É correto o que se afirma em: A) I e II, apenas. B) II e III, apenas. C) I, II e III, apenas. D) I, II e IV, apenas. E) I, II, III e IV. Resposta correta: alternativa D. Análise da questão A perspectiva de processos internos diz respeito a fatores internos, não financeiros. 137 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Questão 2. Segundo Brown (2010), o processo de Design Thinking deve ocorrer em cinco etapas: descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução. BROWN, T. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Sobre essas etapas, avalie as afirmativas. I – Na descoberta, a equipe levanta dados buscando encontrar padrões que auxiliem no entendimento do contexto do mercado e dos objetivos da empresa. Em seguida, na etapa da interpretação, essas descobertas são interpretadas levando em conta ideias, percepções e experiências. II – Na terceira etapa, da ideação, são geradas potenciais soluções para problemas e questões que surgiram nas etapas anteriores. É recomendado que esse processo seja feito por uma equipe especializada, em que todos compartilhem dos mesmos conhecimentos e experiências. III – A quarta etapa é a experimentação, em que são realizados protótipos e testes para identificar as melhores soluções. IV – A última etapa é a da evolução, em que se leva em conta o feedback da implementação da estratégia, estabelecendo ideias e soluções. Se o feedback for negativo, todo o processo das etapas anteriores deverá ser descartado. É correto o que se afirma somente em: A) I e II. B) II e III. C) I, II e IV. D) II, III e IV. E) I e III. Resposta correta: alternativa E. Análise da questão Na etapa de ideação, é recomendado que haja variedade e diversidade na equipe, para que as ideias também sejam diversificadas. Na etapa da evolução, não é necessário descartar completamente o processo diante do feedback negativo, pois é possível repensá-lo e adaptá-lo. 138 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 IBM_SYSTEM_360.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/IBM_ System_360.png. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 2 IBM_LOGO_HISTORY.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/ IBM_logo_history.PNG. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 3 LOCHKARTENAUSWERTEGER%C3%A4T_IBM_MIT_BEDIENSTATION.JPG. Disponível em: https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Lochkartenauswerteger%C3%A4t_IBM_mit_Bedienstation. jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 4 A) BRL61-0348-IBM_632.JPEG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cd/ BRL61-0348-IBM_632.jpeg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) 1280PX-IBM_604_%27ELECTRONIC_CALCULATOR%27_%281948%29.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/98/IBM_604_%27Electronic_ Calculator%27_%281948%29.jpg/1280px-IBM_604_%27Electronic_Calculator%27_%281948%29. jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. C) 1024PX-IBM_650_AT_TEXAS_A%26M.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/c/c7/IBM_650_at_Texas_A%26M.jpg/1024px-IBM_650_at_Texas_A%26M.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. D) IBM_SELECTRIC.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/IBM_ Selectric.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 5 A) 800PX-FLOPPY_DISK8INCH.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ thumb/6/60/Floppy_disk8inch.jpg/800px-Floppy_disk8inch.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) 800PX-BANK_MANDIRI_ATM%2C_MUSEUM_BANK_MANDIRI%2C_DEC._2012_%282%29. JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1b/Bank_Mandiri_ ATM%2C_Museum_Bank_Mandiri%2C_Dec._2012_%282%29.jpg/800px-Bank_Mandiri_ATM%2C_ Museum_Bank_Mandiri%2C_Dec._2012_%282%29.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. 139 C) 800PX-KASSA%E2%80%99S_MAXIS_SUPERSTORE_CASH_REGISTERS_IN_MAXIS_ SUPERSTORE.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ e3/Kassa%E2%80%99s_Maxis_superstore_Cash_registers_in_Maxis_superstore.jpg/800px- Kassa%E2%80%99s_Maxis_superstore_Cash_registers_in_Maxis_superstore.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 6 A) 1280PX-IBM_PC-IMG_7271.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ thumb/3/31/IBM_PC-IMG_7271.jpg/1280px-IBM_PC-IMG_7271.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) IBM_PORTABLE_PC_5155_-_RETROSYSTEMS_2010.JPG. Disponível em: https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/IBM_Portable_PC_5155_-_Retrosystems_2010.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 7 A) 1280PX-VW_GOL_%28856336722%29.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/e/ef/VW_Gol_%28856336722%29.jpg/1280px-VW_Gol_%28856336722%29.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) FIAT_PALIO_%2810867881836%29.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/3/3f/Fiat_Palio_%2810867881836%29.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. C) 1280PX-CHEVROLET_ONIX_20150814-DSC05650.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/thumb/4/41/Chevrolet_Onix_20150814-DSC05650.JPG/1280px-Chevrolet_ Onix_20150814-DSC05650.JPG. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 8 FORD_ECOSPORT_2006.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/ Ford_EcoSport_2006.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 9 WW1-2187095_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/03/30/03/20/ww1- 2187095_960_720.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 10 PORTRAIT_OF_NICCOL%C3%B2_MACHIAVELLI_CRISTOFANO_DI_PAPI_DELL%27ALTISSIMO.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/98/Portrait_of_Niccol%C3%B2_ Machiavelli_Cristofano_di_Papi_dell%27Altissimo.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. 140 Figura 11 A) FORD_ASSEMBLY_LINE_-_1913.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/2/29/Ford_assembly_line_-_1913.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) 1024PX-FORD_1921.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/ cc/Ford_1921.jpg/1024px-Ford_1921.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 13 800PX-FOLIO_PLOT_BCG_MATRIX_EXAMPLE.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/thumb/7/76/Folio_Plot_BCG_Matrix_Example.png/800px-Folio_Plot_BCG_ Matrix_Example.png. Acesso em: 22 jan. 2021. Adaptada. Figura 15 GHEMAWAT, P. Competition and business strategy in historical perspective. Business History Review, Cambridge, v. 76, n. 1, p. 37-74, 2002. p. 48. Disponível em: http://coin.wne.uw.edu.pl/pmodzelewski/ Competition%20and%20business%20strategy%20in%20historical%20perspective.pdf. Acesso em: 22 jan. 2021. Adaptada. Figura 16 CINCO_FOR%C3%A7AS_DE_PORTER.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/4/4f/Cinco_For%C3%A7as_de_Porter.png. Acesso em: 22 jan. 2021. Figura 17 LAS CASAS, A. L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 212. Figura 18 A) 1280PX-STANDARD_MECHANISM_OF_A_CHEAP_XXIST_CENTURY_RECORD_PLAYER.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Standard_mechanism_ of_a_cheap_XXIst_century_record_player.jpg/1280px-Standard_mechanism_of_a_cheap_XXIst_ century_record_player.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. B) 1280PX-WOOLWORTHS_PERSONAL_CD_PLAYER_266D0290.JPG. Disponível em: https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3e/Woolworths_Personal_CD_Player_266D0290. jpg/1280px-Woolworths_Personal_CD_Player_266D0290.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. C) MP3PLAYERPORTABLE.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/ Mp3playerportable.jpg. Acesso em: 22 jan. 2021. 141 Figura 21 800PX-WILLIAM_BRADFORD_-_FISHING_BOATS_AND_ICEBERGS.JPG. Disponível em: https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/46/William_Bradford_-_Fishing_Boats_and_Icebergs. jpg/800px-William_Bradford_-_Fishing_Boats_and_Icebergs.jpg. Acesso
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