Buscar

A Justiça no Brasil colonial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

A HISTÓRIA DA JUSTIÇA 
NO BRASIL COLONIAL 
 
- Após um grande período marcado pelas 
disputas políticas locais, surgiram três 
formulações importantes: 
 
ESTADO: 
 * É ainda um fruto de um Estado com 
características, mas com um novo sistema 
burocrático. 
 * Ao invés das relações serem 
marcadas pela nobreza (ainda que as 
relações de privilégios e nobiliárquicas 
continuem fortes) passamos a ter a 
constituição de uma burocracia estatal. 
 * Comando e sistemas de armas: 
sujeitos que receberam direitos de 
administrar setores distintos, formando dessa 
forma um corpo de servidores com uma força 
institucionalizada de apresentar o resultado 
de seus trabalhos. 
 * O Estado Medieval evoluiu para o 
Estado Moderno centrado em funções que 
fossem administrativas e burocráticas e cada 
vez mais complexas. Tal monarquia envolvia-
se em conflitos militares, mas também em 
cobranças de impostos e administração de 
uma parte do erário (conjunto dos recursos 
financeiros públicos, os dinheiros e bens do 
Estado) que passou a ser entendido como 
público. 
 
MERCANTILISMO: 
 * Na modernidade passamos a 
perceber que há uma ação ainda mais direta 
do governo nas relações comerciais. 
 * Ele não só cobrava imposto, como 
agora dirimia questões, atuava para 
fortalecer o seu corpo de comerciantes e 
usava de sua burocracia para controlar e 
fomentar as estruturas comerciais. Como, 
oferecendo parte do tesouro da própria 
Coroa para um empreendimento, na cessão 
de terras e 
 
direitos de exploração, facilitação de 
impostos e etc. 
 
TECNOLOGIAS: 
 * Uma das características do século 
XV foi a mudança do papel da técnica. As 
corporações de ofícios ganharam peso nas 
cidades, criaram organizações e fomentaram 
novas invenções que permitiram a melhoria 
de seu trabalho. 
 * Com as guerras, novos canhões, 
armas, pólvoras e combustíveis passaram a 
ser cada vez mais poderosas e necessárias. 
E a prensa se tornou outra tecnologia 
poderosa que ganhou força. 
 * A tecnologia que antes era vista 
como algo poderoso, passa a ser uma busca 
necessária, como navios capazes de 
enfrentar os oceanos com certa segurança. 
As tecnologias trazidas do Oriente permitiram 
as navegações em grandes distâncias. 
 
 
 A FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL 
 
- O motivo principal das coroas terem 
empreendido nas viagens marítimas foi a 
tentativa de retornar o lucrativo comércio que 
foi dominado por eles durante os séculos e 
também para se lançarem aos mares. 
- Os dois pequenos países foram pioneiros 
em construir impérios coloniais, ocupando 
primeiro o litoral, fazendo postos comerciais, 
e depois mergulhando no ideal colonialista, 
na exploração e no domínio de terras. 
 
 
 
 
ESTRUTURA JUDICIÁRIA PORTUGUESA: 
- A estrutura judiciária portuguesa nas 
colônias estava fortemente ligada ao sistema 
legal e administrativo do império português. 
- Após a expansão do Reino com a 
reconquista do território da Península Ibérica 
aos mulçumanos, e a uniformização das 
normas legais, consolidadas nas Ordenações 
do Reino, surgiu novas figuras que 
exerceram o cargo judicante como: 
 * Juízes da Terra: eram eleitos pela 
comunidade, não sendo letrados, apreciavam 
mais as causas em que se aplicava o direito 
local, cuja jurisdição era simbolizada por um 
bastão vermelho que eles empunhavam. 
 * Juízes de Fora: Eram nomeados pelo 
rei entre bacharéis letrados, com a finalidade 
ser o suporte do rei nas localidades, 
garantindo assim a aplicação das 
ordenações gerais do Reino. Juízes de 
órfãos possuem a função de serem os 
guardiões dos órfãos e de suas heranças, 
solucionando as questões sucessórias 
ligadas a eles. 
 * Provedores: Eram considerados 
acima dos Juízes de órfãos, sendo 
responsáveis por cuidar das instituições de 
caridade como hospitais e irmandades, e 
legitimar os testamentos, que eram feitos na 
maioria das vezes de forma verbal, 
ocasionando conflitos. 
 * Corregedores: Eram nomeados pelo 
rei com a responsabilidade investigatória e 
recursal, inspecionavam a administração da 
justiça nas cidades e vilas, julgando as 
causas em que os juízes estavam 
implicados. 
 * Desembargadores: São da alta 
magistratura de 2° instância, eles apreciavam 
as apelações e os recursos de suplicação 
(eram usados para obter a clemência real). 
Recebiam esse nome porque 
desembargavam diretamente com o rei. 
 
- A partir de 1521, o Desembargo de Paço 
tornou-se um corte independente e especial, 
e em 1532, foi criada a Mesa de Consciência 
e Ordens para a resolução dos casos 
jurídicos e administrativos referentes às 
ordens militares e religiosas, que tinham foro 
privilegiado. Acabou exorbitando sua função, 
para julgar as causas eclesiásticas 
envolvendo os clérigos do Reino. 
 
- A Casa de Suplicação se tornou a Corte 
Suprema para Portugal e para suas colônias, 
com a instituição dos tribunais de Relação 
como cortes de segunda instância. 
 * Foram criadas as relações do Porto, 
para Portugal, para o Brasil e de Goa para a 
Índia. 
 * Dessa forma, a Casa de Suplicação 
passou a ser o intérprete máximo do direito 
português, constituindo suas decisões 
assentos que deveriam ser acolhidos pelas 
instâncias inferiores como jurisprudências 
vinculantes. 
 
ESTRTURA EM TRANSPOSIÇÃO: 
- A unidade básica do Sistema Judiciário no 
Brasil Colonial era o conselho que abrigava o 
meirinho e o tabelião. O funcionário mais 
importante era o juiz ordinário ou juiz da 
terra. Para ser eleito para essa função era 
necessário ser um homem bom da 
localidade, que misturava tanto atribuições 
judiciais como administrativas. 
- Normalmente eram escolhidos dois juízes 
ordinários para o conselho de cada cidade. 
Com o passar do tempo a Coroa notou que 
esses juízes sofriam ameaças constante ou 
utilizavam de suas posições para 
favorecimentos ou abusos, e então em 1352 
foi criado o cargo de juiz de fora. 
- Os juízes de fora eram escolhidos pelo rei, 
tornando-os menos suscetíveis às pressões 
locais. Em 1580, já estavam presentes em 
mais de cinquenta cidades. Já os juízes de 
órfãos eram considerados funcionários de 
nível municipal, atuando em cidades com 
mais de 400 habitantes. 
- Quando as cidades possuíam uma 
habitação inferior a 400 habitantes, o juiz 
ordinário fazia a função de juiz dos órfãos: 
 * Cadastrar os órfãos de sua jurisdição 
 * Arrolar os bens e os móveis 
 * Fazer inventários sempre que os 
herdeiros fossem menores de 25 anos 
 * Autorizar casamentos 
 * Velar os bens e a educação 
 
- Em nível superior a 400 habitantes, havia o 
provedor que era responsável também pelos 
hospitais e as irmandades leigas, 
legitimações de testamento e a coleta de 
alguns aluguéis e impostos. 
 
- As relações eram os tribunais de segunda 
instância para onde eram enviados as 
apelações e os agravos de sentença e 
despachos dos juízes ordinários e de órfãos. 
 
- A organização judiciária do império 
português incluía: Relação do Porto, 3 
tribunais da Relação em além-mar (Goa, 
Bahia e Rio de Janeiro) e a Casa da 
Suplicação, que, além de funcionar como 
Relação de Lisboa, funcionava como tribunal 
de última instância, cuja organização interna 
e procedimentos foram utilizados de modelo 
para outros tribunais. 
 
- Desembargo do Paço: não era um tribunal, 
e sim um conselho governamental, cuja 
principal função era a assessoria para 
assuntos de justiça e administração. 
 
- Mesa de Consciência e Ordens: era 
análoga ao Desembargo de Paço, e era um 
conselho para assuntos relacionados à 
Igreja, consciência real e o Santo Ofício. 
 
- Relação de Goa: foi o primeiro tribunal de 
apelação a ser criado além do mar, e logo 
após ser instalado sofreu com reclamações 
sobre os seus magistrados. A ideia era 
propor uma forma de reduzir os processos e 
os litígios de um espaço como as colônias 
em que a distância do centro ampliava os 
embates políticos, gerando na maior parte 
das vezes a violência. 
 
- A Coroa Portuguesa detectou a 
necessidade de centralização após, em 
1533, iniciar o estabelecimentodas 
capitanias hereditárias, e buscar estabelecer 
privilégios aos donatários, como isenções 
fiscais, não gerando nenhum aumento do 
poder real. 
 
ENTRE A ADMINISTRAÇÃO E A 
FUNDAÇÃO DE UM SISTEMA 
JUDICIÁRIO: 
 
- Com a ineficiência das capitanias 
hereditárias, a Coroa Portuguesa decidiu 
centralizar o governo do Brasil na criação de 
um cargo de governador-geral e do 
fornecimento de oficiais de justiça. 
 
- Em 1549, foi criado esse cargo, com Tomé 
de Sousa sendo o seu ocupante, sua vinda 
marcou a chegada de homens incumbidos de 
ocupar diversas funções administrativas na 
colônia. 
 
- Durante as primeiras décadas de 
colonização do Brasil, a Justiça era algo 
muito distante da realidade, a força judicial, 
por força das ordenações era algo muito 
lento e a atuação da Ouvidora-geral quase se 
anulara. 
 
- As causas se eternizavam, as reclamações 
dirigidas a Casa da Suplicação eram 
contínuas e o Conselho Ultramarino não 
ligava para elas. 
 
- No final do século XVI, com o aumento do 
comércio do açúcar, a população da colônia 
cresceu, provocando o aumento no número 
de litígios. 
 
- Em Portugal, 1580 marca o início da União 
Ibérica, fortalecendo a necessidade de 
reformas no sistema judicial, incluindo os 
problemas com a Justiça Colonial. Quando o 
governo português pensou em rever a 
política central do Brasil, um dos principais 
problemas que exigiam preferência era 
aquele dizia respeito à Justiça, cuja reforma 
se mostrava necessária à administração do 
governador-geral, mas que precisava ser 
processada sem provocar conflitos com os 
donatários. 
 
- Com a Ascenção de Felipe II ao trono 
português foi tomada a decisão de criar um 
tribunal na América Portuguesa. No entanto, 
o Tribunal da Relação da Bahia de 1588 
fracassou devido a um problema com a 
embarcação que transportava os 
desembargadores designados para instalar o 
tribunal nas terras brasileiras. 
 
- Com o passar dos anos, esses assuntos de 
criar um tribunal no Brasil acabou ficando 
parado, mas conforme as reclamações sobre 
as condutas dos oficiais de justiça da colônia 
só aumentavam esse assunto voltou à tona, 
culminando na instalação da Relação da 
Bahia em 1609. 
 
 
AS INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
JURÍDICAS E SEU CONTEXTO: 
 
- Todos os tribunais portugueses seguiam o 
mesmo modelo de organização e o Tribunal 
da Relação no Brasil era subjugado à Casa 
da Suplicação, o regimento promulgado em 7 
de março de 1609 determinava a composição 
da 
Relação da Bahia, com 10 
desembargadores: 
 * 1 chanceler 
 * 3 desembargadores de agravos 
 * 1 ouvidor-geral 
 * 1 juiz de feitos da Coroa, Fazenda e 
Fisco e promotor da Justiça 
 * 1 Procurador dos feitos da Coroa, 
Fazenda e Fisco 
 * 1 Provedor dos feitos da Coroa, 
Fazenda e Fisco 
 * 1 provedor dos defuntos e resíduos 
 * 2 desembargadores extravagantes 
 
- O primeiro período da Relação da Bahia 
durou de 1609 até a supressão pelo alvará 
de 5 de abril de 1626, A invasão holandesa 
afetou a vida dos magistrados, então o 
chanceler Antão de Mesquita foi eleito líder 
da resistência para ser afastado pelo bispo 
Marcos Teixeira dias depois. A disputa do 
tribunal com o clero foi marcada por disputas 
de poder e entre as razões para a extinção 
da Relação da Bahia estaca à existência de 
inimizades na colônia, sendo o bispo um 
deles. 
 
- Além do próprio clero, a Câmara de 
Salvador sempre apresentou uma dubiedade 
em relação ao Tribunal de Relação, 
formando um relacionamento de cordialidade 
formal e hostilidade. A câmara não confiava 
na Relação, temendo que em algum 
momento seus poderes pudessem ser 
subtraídos ou que esse elemento jurídico 
pudesse atrapalhar os negócios das pessoas 
ali representadas. 
 
- Foi um clima de desagrado geral com o 
sistema judicial e a guerra contra os 
holandeses selou o destino da Relação da 
Bahia, fazendo a Coroa optar por encerrar o 
tribunal e alocar os vencimentos dos 
desembargadores para o sustento do 
Presídio da Gente de Guerra da Bahia de 
Todos os Santos. 
 
CONSELHO ULTRAMARINO 
- A criação do conselho ultramarino marcou 
uma nova etapa para as reformas 
administrativas e uma possibilidade: a volta 
da Relação na Bahia, com a Câmara de 
Salvador que antes teve um papel na sua 
extinção, agora teve um novo papel para o 
seu renascimento. 
O preâmbulo da lei de 12 de setembro de 
1652, que a restaurou, deixou claro que 
havia um pedido da Câmara e dos 
moradores para que a Relação fosse 
reinstalada. 
 
- Uma das mudanças no regimento de 1652 
foi a mudança no número de 
desembargadores, que passou a contar 
somente com 8, reduzindo: 
 * 1 desembargador de agravos 
 * 1 desembargador extravagante 
Outra mudança ocorrida foi o 
desmembramento do posto de ouvidor-geral 
para a criação de um ouvidor-geral do crime 
ouvidor-geral do cível. 
 
- Chanceleres: 
 * Viam as cartas e as sentenças que 
foram dadas pelos desembargadores da 
Relação, seguindo a maneira feita pelo 
Chanceler da Casa da Suplicação. 
 * Conheciam as suspeições postas 
aos desembargadores e demais oficiais. 
 * Faziam audiências 
 * Faziam uso do regimento entregue 
ao Chanceler de legislação extravagante 
quando pudessem ser aplicadas. 
 
- Desembargadores de Agravos: 
 * Conheciam os agravos e as 
apelações das sentenças definitivas que o 
ouvidor-geral do cível e provedor deram aos 
defuntos e resíduos dos casos cíveis que não 
couberam em suas alçadas. 
 * Conheciam as apelações dos casos 
criminais que saiam do ouvidor-geral e dos 
juízes ordinários e dos órfãos e de qualquer 
outro julgador da cidade de Salvador, dos 
ouvidores das capitanias e todas as 
sentenças de casos cíveis dadas por 
qualquer outro julgador do Brasil, que 
excederem a alçada deles. 
 * Conheciam todas as apelações de 
casos criminais que vinham de todos os 
julgadores do Estado do Brasil. 
 
- Ouvidor-Geral do Crime: 
 * Conheciam por ação nova os delitos 
que fossem cometidos na cidade de Salvador 
e em cada um dos lugares onde fosse a sua 
jurisdição. 
 * Conheciam todos os instrumentos de 
agravo ou cartas testemunháveis ou feitos 
crimes nos casa em que se puder remeter, 
que vierem de quaisquer partes do Estado do 
Brasil. 
 * Passavam as cartas de seguro 
 * Advogavam por petição os feitos 
crimes. 
 
- Ouvidor-Geral do Cível: 
 * Conheciam por ação nova todos os 
feitos cíveis da cidade de Salvador e dos 
lugares que forem da jurisdição. 
 * Faziam as sentenças interlocutórias, 
e o regimento determinava também os 
valores de alçada. 
 
- Juízes dos Feitos da Coroa, Fazenda e 
Fisco: 
 * Conheciam todos os feitos da Coroa 
e Fazenda por ação nova e por petição de 
agravo, fora de salvador, eles conheciam por 
apelação, por instrumento de agravo ou por 
cartas testemunháveis. 
 * Serviam juntamente ao juiz do fisco e 
usavam em tudo o regimento dado ao juiz de 
fisco da Casa de Suplicação. 
 * Conheciam todas as apelações e 
agravos que saiam do provedor-mor em 
casos que não couberam em suas alçadas. 
 
- Provedor das Fazendas dos Defuntos, 
Ausentes e Resíduos: 
 * Conheciam por ação nova em 
Salvador e em toda a jurisdição dando o 
agravo nos casos que não couberem em sua 
alçada; deviam usar os regimentos e a 
legislação extravagante dos provedores dos 
órfãos e resíduos da cidade de Lisboa. 
 * Tomavam cuidado de saber quando 
as naus e os navios do reino chegavam em 
Salvador e aos outros portos, se falecia 
alguma pessoa neles e o modo como se 
procedeu o inventário de suas fazendas, 
fazendo uma boa arrecadação. 
 * Tinham particular cuidado de mandar 
todos os anos por letras nas naus e navios 
do Reino todo o dinheiro que houver em seu 
juízo proveniente dos defuntos, para ser 
entregue as pessoas a quem perceber. 
 
 
- Em adição aos desembargadores, a 
Relação da Bahia contava com mais oficiais, 
sendo esses um escrivão para a ouvidoria, 
outro para a ouvidoria cível, outro pra servir 
no Juízo da Coroa, Fazenda, Fisco e 
Chancelaria, um meirinho das cadeiras e um 
guarda da Relação. 
- As obrigaçõesdo governador na Relação 
da Bahia estavam definidas no título 1 do 
regimento de 1652, no primeiro parágrafo o 
governador deveria ir à Relação “às vezes 
que lhe parecer”, sem votar ou assinar 
sentenças, usando apenas o regimento 
usado pelo regedor da Casa de Suplicações, 
podendo usar leis extravagantes onde elas 
pudessem ser aplicadas. 
- O reestabelecimento não mudou nada 
significativo no papel do governador geral, a 
Coroa queria somente uma administração 
colonial que funcionasse tranquilamente, mas 
sem que existissem relações próximas entre 
os vários funcionários. 
 
TRIBUNAIS DA RELAÇÃO DO RIO DE 
JANEIRO E DA BAHIA 
 
- Por um século, a relação da Bahia foi o 
único tribunal no Brasil, na metade do século 
18, a colonização do território brasileiro 
adquiriu novos contornos geográficos e 
econômicos, e a descoberta de ouro na 
região das Minas Gerais aumentou a 
relevância da região sul. Por isso, as vilas ao 
redor da zona de mineração passaram a 
exigir a Coroa um tribunal da relação no Rio 
de Janeiro. 
- Tal região foi ganhando importância 
econômico durante as primeiras décadas do 
século 18. Conforme a população 
aumentava, os volumes dos recursos 
enviado ao Tribunal da Relação também 
cresciam, fazendo com que a Coroa 
estabelecesse um novo tribunal que 
complete lasse as capitanias do sul, o que 
aconteceu em 1751, quando foi instituído a 
Relação do Rio de Janeiro. 
- Os principais motivos que de instituíram e 
deram regimento ao Tribunal do Rio de 
Janeiro foram as razões de distâncias, 
demoras, despesas e perigos, que foram 
citadas no preâmbulo da lei de 13 de outubro 
de 1751. 
 * Essa norma também alega que a 
criação do novo tribunal estaria promovendo 
uma boa administração da Justiça, pois a 
população já havia requerido uma criação de 
uma nova Relação na cidade, e embora 
esses tenham sido os motivos oficiais para a 
sua instalação. 
 * A criação desse tribunal no Rio de 
Janeiro representou um avanço significativo 
no reconhecimento da importância política da 
cidade, que em 1763 teria uma elevação à 
capital do vice reinado. 
 
- Porém, o fato do Rio de Janeiro possuir 
capitalidade a partir do século 18 não 
significou que houve um esgotamento dessa 
capitalidade, e dentre um dos motivos para 
isso não ter ocorrido foi o crescimento da 
economia da capitania e a influência política 
do D. Fernando José de Portugal e Castro, 
que governou a Bahia durante 1788 e 1801 e 
foi vice-rei do Brasil durante 1801 e 1806. 
 * A economia de exportação da Bahia 
tece um crescimento real durante 1780 a 
1860 devido ao aumento no volume de 
exportações e nas receitas em termos reais. 
 
- No âmbito do exercício da Justiça na 
colônia, pode parecer que a Relação da 
Bahia perdeu importância com a inauguração 
de um tribunal no Rio de Janeiro, mas não foi 
o que aconteceu, os únicos efeitos que 
afetaram a Relação da Bahia foram: a 
jurisdição e a quantidade dos 
desembargadores. 
 * Embora o tribunal do Rio tenha 
recebido a jurisdição das capitanias do sul, a 
Relação da Bahia continuou com o norte-
nordeste, e em 1753 recebeu a jurisdição do 
golfo da Guiné. A jurisdição da Relação da 
Bahia nas ilhas de São Tomé e Príncipe 
gerou um episódio controverso no tribunal no 
final século XVIII. 
- Quanto ao número de desembargadores 
vemos que houve uma diminuição, passando 
de 10 para 8. Em 1752, os outros dois foram 
realocados do Tribunal da Bahia para o do 
Rio de Janeiro afim de ajudar o inicio das 
atividades do novo tribunal. Com a partida 
deles a relação da Bahia ficou desfalcada e 
operando com apenas quatro ministros, o 
que fez com que o vice-rei informasse ao 
secretário do Estado da Marinha e dos 
Negócios Ultramarinos, Diogo de Mendonça 
Corte Real, que a falta a de 
desembargadores na Relação da Bahia 
comprometia a boa administração da Justiça. 
- Posteriormente, os desembargadores que 
foram transferidos, foram repostos entre 
1752 e 1755. 14 magistrados ingressaram no 
tribunal e no decorrer da segunda metade do 
século XVIII o número de desembargadores 
na Relação da Bahia passou de 8 para 11. A 
Coroa conseguiu preservar a relevância da 
Relação da Bahia com dois tópicos: 
 - O aumento do número de 
desembargadores 
 - Inclusão dos territórios do Golfo da 
Guiné na jurisdição do tribunal. 
 
CONJURAÇÃO BAIANA DE 1798: 
- Ao chegar na cidade da Bahia em 1788, D. 
Fernando José de Portugal e Castro ficou 
encarregado de corrigir os desvios da malha 
burocrática da capitania que até 1763 tinha 
sido a sede do vice-reinado. Em relação à 
Justiça, o governador pediu para o secretário 
de Estado e Governo do Brasil, José Pires de 
Carvalho e Albuquerque que indicasse uma 
relação de advogados que tinham 
apresentado documentos probatórios de 
suas formações para continuarem exercendo 
a advocacia. 
- Dos 28 advogados presentes na capital da 
Bahia, apenas 16 apresentaram seus 
documentos probatórios, e os demais 
constavam na lista como “advogados por 
provisão” que significava a ausência de 
documentação e a falta de habilitação para a 
advocacia. Mesmo sem documentos, alguns 
advogados continuaram advogando na 
capitania por “provisão”. 
- Dos vários conflitos que José Pires de 
Carvalho e Albuquerque se envolveu, 
Antônio Barbosa de Oliveira testemunhou a 
seu favor na maioria deles. 
- Em 12 de agosto de 1798, Salvador foi 
surpreendida com vários boletins fixados em 
prédios públicos convocando o povo baiano 
para uma revolução, as autoridades agiram 
rapidamente, iniciando uma duvidosa 
investigação para descobrirem os autores 
desse ato. 
- Para dar inicio as investigações o secretário 
do Estado lembrou o governador do jeito 
atrevido de falar e o modo livre que o pardo 
Domingos da Silva Lisboa tinha, sugerindo a 
sua participação no ato revolucionário. Dias 
depois foram encontradas na Igreja do 
Carmo dois boletins com a autoria expressa 
de Domingos. Após isso, Fernando José 
pediu para o desembargador Avellar que 
fizesse um exame de comparação nas letras 
dos bilhetes, que revelou que a letra dos 
bilhetes era de Luiz Gonzaga das Virgens e 
Veiga, um homem pardo e soldado do 
Primeiro Regimento de Linha de Salvador e 
Quarta Companhia de Granadeiros. 
- O mesmo pediu para que D. Fernando o 
nomeasse Ajudante do quarto Regimento de 
Milícias desta Cidade, que seria composto 
por homens pardos, e também deveriam ser 
atendidos igual aos brancos. O 
desembargador ao ler os panfletos 
sediciosos notou que eles promoviam uma 
igualdade racial, indo contra a ordem social 
que foi estabelecida na época. 
- O governador mandou soltar Domingos da 
Silva Lisboa no dia 10 de novembro de 1798, 
comunicando o desembargador Avellar para 
prendê-lo novamente em 24 de fevereiro de 
1799. 
 
PROCESSO: 
- O governador recebeu uma denúncia de 
uma reunião na madrugada do dia 25 de 
agosto de 1798 onde os participantes 
planejavam dar início a um levante e libertar 
Luiz Gonzaga, desse momento em diante, as 
autoridades estavam com dois problemas: 
 * Descobrir os autores dos pasquin 
sediciosos 
 * Os participantes do levante que se 
intitulariam como República Bahiense. 
- Em ambas as devassas que ocorreram, o 
secretário José Pires inegavelmente interferiu 
as investigações, desde o exame 
comparativo das letras nos boletins até o 
episódio em que o secretário entregou para a 
Justiça 4 de seus escravos e outros cativos 
com o objetivo de corroborar com as 
denúncias formuladas por 2 proprietários de 
escravos do mesmo grupo contra os 
milicianos presos. 
- Embora as autoridades não tivessem 
averiguado as informações recebidas, por 
mais de um ano de investigação, tais 
denúncias chegaram a Lisboa. Francisco 
Agostinho Gomes era um homem rico e 
influente na Bahia durante o período em 
questão. Inicialmente suspeito de 
envolvimento nas manifestações de 1798, ele 
conseguiu se tornar um aliado da coroa 
portuguesa. Isso sugere que os 
desembargadores do Tribunal da Relação da 
Bahia tinham relações complexas com o 
poder locale eram capazes de manipular as 
investigações para proteger ou beneficiar 
certos indivíduos, dependendo de seus 
interesses políticos e econômicos. 
- Ele teve seu nome citado constantemente 
pelas testemunhas e foi denunciado 
inúmeras vezes por cartas que foram 
enviadas da Bahia para a Corte entre 1797 e 
98, por ser simpatizante das ideias de 
francezia. Não sendo benquisto por algumas 
pessoas de Salvador, suas denúncias não 
pararam de chegar à Lisboa, D. Rodrigo de 
Souza ficou irritado com uma denúncia 
afirmando que o padre tinha por hábito dar 
jantares com carne em dias santos. O 
ministro mandou que D. Fernando 
instaurasse uma nova devassa para verificar 
a procedência do fato mencionado, sendo 
instaurada no dia 15 de janeiro de 1799. 
- O desembargador Manuel de Magalhães 
Pinto de Avellar ouviu 22 brancos e 1 pardo 
entre 19 e 23 de janeiro, dentre elas, 21 
pessoa tinham ouvido dizer que o padre deu 
o jantar. Ele descobriu que D. Fernando tinha 
consciência dos jantares, e no intuito de 
limpar algumas das informações obtidas nos 
depoimentos, o desembargador Barbedo deu 
fim a devassa 3 dias depois. O “ ouvido dizer” 
foi motivo suficiente para a acusação de 4 
milicianos pardos, por terem participado das 
reuniões de conteúdo sedicioso e serem os 
autores dos boletins, fazendo com que 
Fernando Agostinho fosse inocentado das 
acusações. 
- Após a devassa o padre foi para Lisboa 
solicitando a concessão do monopólio de 
exploração de uma mina de ferro e cobre na 
serra da Borracha. Foi agraciado com a 
mercê-regia referente a concessão das 
sesmarias, com monopólio da exploração 
das terras em que se descobrissem minérios 
de ferro e cobre. 
- D. Fernando José e o desembargador 
Barbedo limparam as evidências contra 
Francisco José sob o argumento de não 
haverem provas contra o padre, contudo, os 
quatro homens pardos livres foram inquiridos 
por mais de um ano. Mesmo que a 
composição social dos réus tenha sido 
circunscrita no início das investigações, os 
processos foram formalizados e os ritos 
preservados e sete meses após a deflagrada 
revolta o bacharel “formado” José Barbosa foi 
nomeado defensor e curador dos réus, 
permitindo que outros advogados também 
pudesses fazer outras alegações em defesa 
dos réus. 
 
DEFESA: 
- A defesa dos réus só começou em 12 de 
junho de 1799 e José Barbosa iniciou a 
defesa com a formalidade do moderno direito 
natural que estabelecia que a pena de morte 
era naturalmente cruel, expondo logo depois 
o seu argumento central que era devido à 
gravidade do delito, é necessário garantir que 
as acusações e as formalidades legais sejam 
tratadas com extrema seriedade. Mesmo que 
as acusações pareçam suficientes para 
condenar os réus, é fundamental observar as 
formalidades legais para evitar a imposição 
injusta de penas. Portanto, quanto mais 
grave o crime, maior deve ser a rigorosidade 
na investigação para identificar corretamente 
o verdadeiro culpado, sem ser influenciado 
por opiniões que possam levar à imposição 
de penas baseadas em provas insuficientes. 
- 3 questões importante foram pautadas na 
argumentação de José Barbosa, dentre elas 
tivemos: 
 - A ausência de provas para o crime 
político contra a Coroa. Para ele não faria 
sentido um grupo fazer um crime desses, 
pois sem armas, como eles tomariam a 
cidade mais populosas das Américas? 
 - A segunda questão era que as 
denúncias foram formalizadas por 
testemunhas menos legares, já que elas 
afirmaram que tinham ouvido conversas das 
pessoas naquela área mas que não 
conseguiam interpretar o que estavam 
dizendo. E umas das testemunhas afirmaram 
que após a intervenção judicial as atividades 
suspeitas pararam, o argumento do 
advogado sugere que esses relatos não são 
confiáveis para a existência dessas reuniões 
conspiratórias. 
 - José Barbosa conclui seu argumento 
afirmando que os réus nunca poderiam ter 
tido a intenção de promover uma revolta 
contra o Estado objetivando um governo 
democrático, isso porque os réus eram de 
origem humilde e não teriam o conhecimento 
necessário para estabelecer e governar um 
governo democrático, para esse tipo de 
governo são requeridas leis especiais e uma 
condição social que os réus não possuíam, 
tornando improvável a formação e a 
liderança esse empreendimento. 
 - A peça final da defesa reitera a 
necessidade que as provas concluam com a 
maior exatidão possível, destacando que 
testemunhas não confiáveis não são 
suficientes para condenar os réus, reiterando 
que é necessário um processo solene e 
rigoroso para determinar corretamente os 
culpados, haja vista que as investigações 
não foram suficientes para determinar a 
culpa dos réus, descobrindo apenas 
depoimentos de notoriedade pública, 
gerando apenas um indício remoto que foi 
insuficiente para impor a pena máxima ou até 
a tortura.

Outros materiais