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Transtornos alimentares Bruna Polacchine da Silva O que é um transtorno alimentar? • Transtornos alimentares: são síndromes psiquiátricas caracterizadas por alterações do comportamento alimentar, como dietas restritivas e aleatórias e uso de métodos inadequados para perda e manutenção do peso. • Na sociedade atual a valorização da magreza está associada ao sinônimo de sucesso e poder (Pedrosa & Teixeira, 2015) Origem dos transtornos alimentares (Duschesne e Freitas, 2011) Transtornos alimentares Fatores genéticos Familiares Psicológicos Socioculturais Disfunções no cérebro podem influenciar distúrbios alimentares Figura 01: Disfunções no cérebro e influencia em distúrbios alimentares (Fonte: Revista Mente & Cérebro, 2014.) Transtornos alimentares na adolescência • Insatisfação com a imagem corporal em adolescentes (Santos, 2014): – Mudanças físicas e psicológicas repentinas (puberdade) → avaliação negativa do perfil corporal – Idealização da forma corporal→ valores culturais e padrões sociais (mídia). – Consequência • Meninas→ uso de laxantes, dietas e ingestão descontrolada de alimentos seguida de vômitos. • Meninos → uso de anabolizantes e prática de atividade física excessiva Como é feito o diagnóstico de um transtorno alimentar? • Manuais: – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V) da American Psychiatry Association (APA). – Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS). • Transtornos: – Anorexia nervosa (AN) – Bulimia nervosa (BN) – Transtorno alimentar não especificado (TANE) – Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) – Neo transtornos alimentares (ortorexia, vigorexia) – Obesidade* • Pode ser realizado um teste denominado Body Shape Questionnaire (BSQ) para detectar a insatisfação corporal do paciente (Coelho, 2016). – 34 questões , como pontuação que varia de 1 (nunca) a 6 (sempre) – Resultado: <80: ausência de insatisfação 80-110: insatisfação leve 110-140: insatisfação moderada >140: grave insatisfação corporal Como é feito o diagnóstico de um transtorno alimentar? Anorexia nervosa • Anorexia = do grego: ann: sem e orexis: apetite • transtorno alimentar grave, associado as mais elevadas taxas de mortalidade entre todos os transtornos psiquiátricos (Alckimin- Carvalho et .al., 2016). • Caracterizada pela perda de peso intencionalmente excessiva, dietas rígidas, distorção da imagem corporal, amenorreia em mulheres pós- menarca* (Santos, 2014, p.7). • Estimativa: 600 mil pessoas sofram de anorexia nervosa no Brasil (mulheres jovens), com relação média entre homem:mulher entre 1:10 até 1:20 (Alckimin-Carvalho et .al., 2016). Anorexia nervosa Critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10 para Anorexia Nervosa DSM-IV CID-10 Perda de peso e recusa m manter o peso dentro da faixa normal (≥85% do esperado) Perda de peso e manutenção abaixo do normal (IMC ≤17,5Kg/m2) Medo mórbido de engordar mesmo estando abaixo do peso Perda de peso auto-induzida pela evitação de alimentos que engordam . Medo de engordar e percepção de estar muito gordo(a). Perturbação na forma de vivenciar o baixo peso, influência indevida do peso sobre a auto-avaliação e negação do baixo peso Distúrbio endócrino envolvendo o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal (amenorréia) e atraso desenvolvimento puberal Amenorréia por 3 ciclos consecutivos * Vômitos auto-induzidos, purgação e uso de inibidores do apetite e/ou diuréticos podem estar presentes. Subtipos: 1. Restritivo (dieta e exercícios apenas) 2. Compulsão periódica/purgativo (presença de episódios de compulsão e/ou purgação além da dieta e exercícios) Fonte: (Claudino & Borges, 2002) * De acordo com o DSM-5 na anorexia não e mais necessário a amenorréia para seu diagnóstico (Araújo & Neto, 2014). • DSM-5 – Leve IMC≥17Kg/m2 – Moderada: IMC 16-16-99Kg/m2 – Grave: IMC 15-15,99Kg/m2 – Extrema: IMC<15Kg/m2 Anorexia nervosa Consequências da anorexia no organismo Figura 02: Consequências da anorexia no organismos Anorexia nervosa • Relações sociais prejudicadas • 5% a 20% mortalidade = consequência da inanição crônica ou por suicídio (Alckimin-Carvalho et al., 2016). Tratamento da anorexia nervosa • Equipe multidisciplinar: médico, psiquiatra, psicólogo e nutricionista (Alckimin-Carvalho et al., 2016). • Objetivos: 1. recuperação nutricional 2. Recuperação emocional • Tratamento medicamentoso: psicofármacos: antidepressivos e antipsicóticos. • Pós tratamento: 39% de recuperação completa, 5% de óbitos, 66% dos pacientes com recaídas e nova busca por tratamento. • Características: – Comer compulsivo, em curto intervalo de tempo, seguido de métodos compensatórios e inadequados para evitar o ganho de peso. – Métodos compensatórios: vômito auto-induzido, abuso de laxantes, diuréticos, hormônios tireoidianos, anorexígenos, jejum, dietas rigorosas ou períodos de restrição alimentar, exercícios físicos excessivos, entre outros. – O peso do paciente é invariavelmente normal ou até sobrepeso. • Prevalência em mulheres em torno dos 18 anos Bulimia nervosa Bulimia nervosa Excitação prévia pelo comer Ingestão apressada e sem mastigação Medicamentos laxativos e provocação de vômito Bulimia nervosa Oliveira (2015) Bulimia nervosa • Diagnóstico: – Episódios de comer compulsivo seguido de comportamento compensatório com frequência mínima de 2X/semana por no mínimo 3 meses* • *De acordo com o DSM-5 a bulimia nervosa precisa ter uma crise nervosa por semana, por 3 meses (Araújo & Neto, 2014) • Pode ser dividida em: – Tipo purgativo: com auto-indução de vômitos ou no uso indevido de laxantes , diuréticos ou enemas. – Tipo sem purgação: outros comportamentos compensatórios como jejuns e exercícios excessivos; Bulimia nervosa • Outros problemas clínicos – Queda de cabelo; – Equimoses na face e pescoço; – Descamação da pele; – Alterações menstruais; – Hipotermia; – Gengivite; – Fraqueza muscular; – Caimbras; – Arritmias; – Poliúria; – Desidratação; – Carência de vitaminas e minerais; – Falência cardíaca, – Nefropatia ; – Dilatação gástrica; – Hemiações no esôfago; – Constipação crônica; – Perfuração gástrica; – Entre outras. Hipertrofia bilateral das glândulas salivares, particularmente das parótidas Descalcificação dos dentes (suco gástrico dos vômitos) Lesão de pele no dorso da mão “sinal de Russel” Características clínicas principais da bulimia nervosa (Araújo & Neto, 2014) Bulimia nervosa • Maioria dos pacientes apresentam transtornos do humor, com distimia e episódios depressivos (50-75%). • Transtornos ansiosos, como a fobia social. • 30 a 37% dos bulímicos apresentam algum tipo de dependência química (álcool e estimulantes). Tratamento da bulimia nervosa • Equipe multidisciplinar: médico, psiquiatra, psicólogo e nutricionista. • Meta: regulação do padrão alimentar com suspensão de práticas purgativas e restritivas (Salzano. & Cordás, 2004) – Elaboração de diário alimentar com descrição dos sentimentos. – Farmacoterapia: antidepressivos (fluoxetina; desipramina, imipramina, topiramato) Transtorno alimentar não especificado (TANE) • “Eating Disorder Not Otherwise Specified”: é o diagnóstico para aqueles casos que não preenchem critérios para transtornos específicos. • Tanto o DSM da American Psychiatric Association (APA) como o CID10 da OMS listam exemplos de quadros considerados como um TANE. • Transtornos alimentares que incluem práticas purgativas, compulsões, restrição alimentar e outros métodos inadequados para perder ou controlar o peso. • Podem evoluir para quadros de anorexia e bulimia. Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) • Características: – ingestão de grande quantidade de alimento, em um pequeno período, por pelo menos, 2 dias/semana, durante 6 meses. – perda do controle da quantidade e qualidadede comida ingerida. – Sentimento de angústia, nojo, vergonha e culpa por perda do controle. – Sem comportamento compensatório dirigido a perda de peso. – Maioria obesos – Relacionado com depressão, abuso de álcool e drogas, transtorno de personalidade, doenças crônicas, como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica, e insatisfação com a imagem corporal • 16% de TACP ocorre em mulheres obesas no Brasil (Neto, 2003); • Tratamento (Salzano. & Cordás, 2004): – orientação nutricional, – refeições regulares, – atenção psicoterápica, – uso de antidepressivos (fluoxetina; topiramato e sibutramina) Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) • Ortorexia nervosa: – Caracteriza-se pela preocupação excessiva com a qualidade da alimentação. – Objetivo: desejo de prevenir ou eliminar sintomas físicos (reais ou exagerados) ou de ser puro, natural. – Fixação por alimentação saudável (evita a todo custo: agrotóxicos, conservantes e outros aditivos químicos). – Os lapsos na alimentação são punidos com jejuns e dietas mais restritivas ainda. Neo transtornos alimentares Vigorexia • Vigoréxico: – se vê fraco e franzino; – Obsessão pela hipertrofia; • Dietas para ganho de massa • Uso de: queimadores de gordura, aceleradores do metabolismo e hormônios masculinos. • AAP: “transtorno do espectro obsessivo compulsivo” → “transtorno dismórfico corporal”. Síndrome alimentar noturna • Geralmente obesos que apresenta hiperfagia noturna e insônia inicial, as vezes com despertares noturnos para pequenos lanches, especialmente em situações de estresse. • Mais de 50% da ingestão calórica diária ocorre após as 19h. • Os hábitos alimentares diurnos estão dentro dos padrões normais. • Estima-se prevalência em torno de 1,5% da população geral. • Pode atingir até 27% em obesos mórbidos. Neo transtornos alimentares • Drunkorexia: – Combinação de três sintomas: restrição alimentar, consumo abusivo de bebidas alcoólicas e indução de vômito. • Pregorexia: – Termo para se referir a mulheres que reduzem as calorias e fazem exercícios em excesso para evitar o ganho de peso na gestação. • Diabulimia: – Definida como omissão ou utilização de menos insulina que a necessário para o tratamento do Diabetes Mellitus tipo 1 com o objetivo de perder peso. – O CID-10 menciona, nos critérios diagnósticos para bulimia nervosa, quando esta ocorre em pacientes diabéticos. Transtorno de evitação alimentar pós cirurgia – Pacientes apresentam comportamento alimentar inadequado, porem não preenchem critérios diagnósticos para os TA atualmente descritos. – Rápida perda de peso pós-cirúrgica por restrição alimentar voluntária, comportamento purgativo, um intenso medo de reganho de todo o peso perdido e importante insatisfação com a imagem corporal, associada a sintomas ansiosos, como o medo de reganho de peso. – Apresentam desnutrição. Referências Bibliográficas • Título: Em casos de distúrbio alimentar, centro de recompensa sofrem disfunção. Revista Scientific American. Mente e Cérebro. Psicologia/psicanálise/neurociência. Abril de 2014. Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/em_casos_de_disturbio_alimentar_centros _de_recompensa_sofrem_disfuncao.html data de acesso 28.12.2016. • Araújo, A. A. & Neto, F. L.; A Nova Classificação Americana Para os Transtornos Mentais – o DSM- 5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, vol. XVI, n°1, p. 67-82, 2014. ISSN1982-3541. • Claudino, A. M. & Borges, M.B.F. Critérios diagnósticos para os transtornos alimentares: conceitos em evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24 (Supl III), p. 07-12, 2002. http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/em_casos_de_disturbio_alimentar_centros_de_recompensa_sofrem_disfuncao.html • Santos, Maria Cristina Duarte dos. Vulnerabilidade a transtornos alimentares e suicídio na adolescência . Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, 2014. Orientadora: Profa Dra. Karla Carolina Silveira Ribeiro, Departamento de Psicologia, 25p. 2014. • Oliveira, F. L. G. Transtornos alimentares modernos e contemporâneos. Revista Trivium Est. Internd. Ano VII, ed. 1, p. 19-29, 2015 http://dx.doi.org/10.18370/2176- 4891.2015v1p19. • Pedrosa, R. L. & Teixeira, L. C. A perspectiva biomédica dos transtornos alimentares e seus desdobramentos em atendimentos psicológicos. Psicologia USP, v. 26, n°2, p. 221-230, 2015. Referências Bibliográficas http://dx.doi.org/10.18370/2176-4891.2015v1p19 • Alckimin-Carvalho, F.; Santos, D. R.; Rafihi-Ferreira, R. E.; Soares, M. R. Z. Análise da evolução dos critérios diagnósticos da anorexia nervosa. Avaliação Psicológica, v. 15(2), p. 265-274, 2016. • Neto, Teixeira. Nutrição Clínica, Editora Guanabara , Capítulo 41 – Transtornos Alimentares, Autores: Vinícius da Cunha Tavares & Faustino Teixeira Neto, 2003. • Sarrassini, F.B.; Santos, J. E.; Ribeiro, R. P.P. Identificação de polimorfismo de genes candidatos nos transtornos alimentares, Medicina (Ribeirão Preto), v. 47(4), p. 422-431, 2014. • Salzano, F. T. & Cordás, T. A. Tratamento farmacológico de transtornos alimentares , Revista Psiquiatria Clínica, v.31(4), p. 188-194, 2004. Referências Bibliográficas • Cordás, T. A. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico, Revista Psiquiatria Clínica, v. 31(4), p. 154-157, 2004. • Coelho, Alessandra. Transtornos Alimentares, disponível em http://www.alessandracoelho.com.br Acesso em 29.12.2016. Referências Bibliográficas http://www.alessandracoelho.com.br/ Referência das imagens • Figura 01 : Disfunções no cérebro e influencia em distúrbios alimentares (Fonte: Revista Mente & Cérebro, 2014.) • disponível: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/em_casos_de_disturbio_alimentar_centro s_de_recompensa_sofrem_disfuncao.html • Figura 02: consequências da anorexia nervosa no organismo • http://www.cafedamadrugada.com.br/tudo-sobre-anorexia-nervosa/ http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/em_casos_de_disturbio_alimentar_centros_de_recompensa_sofrem_disfuncao.html http://www.cafedamadrugada.com.br/tudo-sobre-anorexia-nervosa/
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