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Representações sociais, Sócio- Histórica e Psicologia Política Prof Drº Valber Sampaio • “La Psychanalyse, son image, son public” de Serge Moscovici, destacou-se nas ciências sociais e causou grande impacto na Psicologia. • Logo, Mokovici se questiona como o conhecimento é formado e quais os impactos que isso tem no corpo social. Moscovici indagou sobre os mecanismos cognitivos envolvidos na representação de um discurso científico por uma comunidade específica. • Teoria sóciocognitiva, as suas primeiras referências estavam na antropologia de Lévy-Bruhl, na psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget e na própria psicanálise de Sigmund Freud. • O conhecimento possui dois “universos”. São eles: - Institucional: mundo acadêmico (concentra apenas 2 ou 3%). - Senso-comum: conhecimento atrelado ao campo prático. oO que orienta o comportamento do ser humano na sociedade é o senso comum, ou o institucional atrelado ao campo prático. oOu seja, um conjunto de ideias, explicações, heurísticas, o campo perceptivo, que são resultados da interação social. Isso é denominado representações sociais. Ou mesmo, o interesse pelo estudo de como os indivíduos pensam e por que o fazem te tal maneira. • Toda representação é representação de algo ou de alguém, o que significa que todo mundo encontra-se em determinado momento histórico e em determinado ciclo de relações (JODOLET, 2001). • É isso que constitui modos de vida, a partir de uma cultura, ideologias, entre outros elementos. • As representações sociais produzem modos de pensar e agir. ANCORAGEM • Considerado como um dos conceitos mais importantes dos estudos de Moskovici. • É a integração cognitiva do objeto que é representado a um sistema de pensamento social e que busca transformações que estão implicadas em tal processo. • Assim, pensar nesse conceito é transformar algo “estranho / novo / perturbador” em nossos sistema particular, assimilando-o e classificando como novos conteúdos aos conteúdos pré-existentes. OBJETIVAÇÃO • Transformação de algo abstrato em algo tangível (SAWAIA, 2004). • Reproduzir o conceito em uma imagem. MAS, O QUE A PSICOLOGIA SOCIAL TEM COM ISSO? • Considerando-se que a psicologia social, por ser uma ciência “híbrida”, ocupa uma posição de intersecção entre psicologia e sociologia, abre-se também a possibilidade de concepção de projetos distintos para essa área do conhecimento. • A preocupação de Moscovici estava centrada nos processos de mudança e transformação dos saberes, não apenas nas estruturas estáveis da cognição social. • Na abordagem das representações sociais, a importância atribuída à dimensão subjetiva do homem pode ser observada, de um lado, na ênfase dada às dimensões simbólicas das representações e, de outro, no reconhecimento da realidade como construção social. MARCOS HISTÓRICOS • As condições de construção da Psicologia no século XIX (1875) diante da ascensão da burguesia; • Ênfase da razão humana, liberdade do homem, possibilidade de transformação do “mundo real”, dentre outros, tiveram forte influência na organização da ciência, sobretudo no saber Psicológico. • Falamos de um método científico rigoroso, que permite o cientista observar e construir conhecimento sem interferência de suas crenças valores. CARACTERÍSTICAS CIENTÍFICAS • Racionalista: pela ênfase na razão de desvendar as leis naturais; • Positivismo: porque baseia seu sistema no campo observável; • Mecanicista: porque pauta na ideia do funcionamento regular do mundo; • Associacionista: porque se baseia na concepção de que as ideias se organizam na mente de forma a permitir associações que resultam em conhecimento. • Atomistas: pela certeza que o todo é resultado das partes; • Determinista: por pensar o mundo como um conjunto de fenômenos que são sempre o resultado da relação causa-efeito. EM 1875... • Wundt e o laboratório de Leipzig, na Alemanha, caracterizava uma nova ciência: a experiência do consciente. • O autor coadunava com as ideias do atomismo, enquanto o caráter básico dos elementos da consciência. • Mas buscava se diferenciar do associacionismo, por pensar a consciência como processo ativo na organização do conteúdo pela força da vontade. • O pensamento humano era produto da natureza, mas também uma criação da vida mental. • Logo, a Psicologia surge com inúmeras contradições, com as quais Wundt não tinha ferramentas para solucioná-las. • Logo, surgem duas Psicologias: a Psicologia Experimental e uma Psicologia Social. • Dicotomias: natural x social ; determinação x autonomia; interno x externo. • Surgem então as abordagens de como pensar o ser humano: inicialmente, o comportametalismo pensou o mesmo a partir de produtos de seus condicionamentos; a Gestalt valorizou as experiências vividas e a Psicanálise enfatizou forças que o ser humano não domina e não conhece sobre si mesmo, mas que o constituem. • Porém, não superam o “homem como máquina” (mecanicismo de Wundt). NO BRASIL... • A Psicologia amarga a diferença de realidades dos demais países que encaminham suas teorias para o território brasileiro. • Mesmo durante o governo militar, houveram diversos grupos de psicólogos/as que saem dos consultórios para atuar junto aos grupos comunitários, comunidades eclesiais de base e afins. • Kurt Lewin foi um dos principais autores que influenciou o campo da Psicologia (em 30 e 40, mas no Brasil a partir de 50 e 60), sobretudo pelos estudos sobre a teoria de campo e dinâmicas de grupo. • A Psi Social Comunitária começa a ser prática emergente no Brasil com influência latino- americana, na teoria da Libertação (Ignácio Martín-Baró), sobretudo diante de uma nova perspectiva antinaturalizante da Psicologia, do debate sobre o compromisso social, desigualdade social e garantia de direitos. PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA • É um conceito utilizado para evocar a integração social, a negação da exclusão através de espaços simbólicos e relacionais de livre expressão, com o reconhecimento e valorização da diferença. • A partir de 1988, com o processo de redemocratização e a construção de diversos campos de políticas públicas, a Psicologia (re)desenha a forma de atuação. • Consideramos as Políticas Públicas como um conjunto de ações coletivas geridas e implementadas pelo Estado, que devem estar voltadas para a garantia dos direitos sociais, norteando-se pelos princípios da impessoalidade, universalidade, economia e racionalidade e tendendo a dialogar com o sujeito cidadão (CREPOP, 2017). • Assim, essa Psicologia iniciou seu processo de emancipação nessas ações do Estado. Ou seja, a Psicologia ganha outra “roupagem” de atuação no Brasil. TOMA COMO BASE... • Toma como base Vygotsky, na denominada Psicologia Histórico-Cultural, que são os estudos que demonstram a mediação social no desenvolvimento das funções psicológicas. • Para Oliveira (1997, p. 23), surgem os estudos das funções psicológicas que têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre os indivíduos e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico; e o fato de acreditar que a relação homem/mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos. • Fundamenta-se no Marxismo e adota o materialismo histórico dialético como filosofia, teoria e método de análise. Nesse sentido, considera o ser humano como ativo, social e histórico. • A sociedade como produção histórica e material, levando em consideração suas relações de trabalho e seus efeitos. • A psicologia Sócio-Histórica não trabalha com essa concepção. Acredita que o fenômeno psicológico se desenvolve ao longo do tempo, ou seja: - Não pertence à natureza humana; - Não preexiste no ser humano; - Reflete a condição social, econômica e cultural que vivem os seres humanos.• Reflete e valoriza elementos como Identidade, consciência (enquanto um certo saber e não um estado) e atividade. • Novas perspectivas de metodologia como a Pesquisa-Ação - Essa pesquisa quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, gera relacionamento entre os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. • Neutralidade? PSICOLOGIA E DEMOCRACIA • Falar em Psicologia é, portanto, claramente considerar aspectos democráticos, a começar pelo Código de Ética da profissão, segundo o qual a(o) Psicóloga(o) baseará seu trabalho nos valores da Declaração de Direitos Humanos. • O documento diz que a(o) profissional “considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância” com os princípios do Código. • Ora, o Estado Democrático só é possível quando se busca o bem comum, de forma que garantias e direitos sejam usufruídos por todas as pessoas, sendo o resultado da participação popular nas questões que lhe são afetas e do respeito à soberania do povo, à cidadania e à ordem constitucional. • Isso estaria ligado aos processos de subjetivação de uma sociedade, seus modos de ser e agir específicos, dentre eles a passividade, o “mutismo” e a pequena participação social e política. PSICOLOGIA POLÍTICA • Não sabe-se ao certo onde a corrente se iniciou de fato. • Na França, pauta-se os autores Émile Boutmy, que publicou em 1901 “Ensaio sobre uma Psicologia Política” e no ano seguinte “Elementos de uma Psicologia Política do povo americano”. E em 1910, Gustav Le Bon publicou “Psicologia Política e a Defesa da Sociedade” (SILVA, 2005). • No que tange os EUA, tem sido apontado que, em relação à década de 1920, Charles Merriam e Harold Lasswell iniciaram o acoplamento entre política e psicologia. • As contribuições de Lasswell reconheciam os postulados psicanalíticos e se centraram em temas como motivação, conflitos, dinâmica de grupo e considerações psicopatológicas que afetavam o comportamento político (CAPELOS & DEKKER, 2014). William McGuire propôs uma historiografia do cruzamento entre psicologia e política, discriminando-a em três grandes fases: 1) Nas décadas de 1940 e 1950, onde teria sido dominada pelos temas da "personalidade e cultura". 2) A segunda, presente nos anos de 1960 e 1970, teria discutido a questão das "atitudes e charme dos eleitores”. 3) Na terceira, predominante das décadas de 1980 e 1990, o eixo teria estado direcionado para a "ideologia e a tomada de decisão" (MCGUIRE, 1993). • Há ainda a incidência da quarta fase, onde McGuire estaria presente, mais voltada para a dinâmica das relações interpessoais e intergrupais (JOST & SIDANIUS, 2004). • Com apoio de ensaios advindos do final do século XIX e início de XX em muitos países latino-americanos, é possível identificar na América Latina desenvolvimentos no campo da psicologia política que, ao menos parcialmente, poderiam coincidir com os temas identificados por McGuire. • Em 1978 a Sociedade Internacional de Psicologia Política (ISPP) fora fundada. • Em 2011 em Medellín, no 33º Congresso Interamericano de Psicologia, se organizou a Rede Latino-Americana de Psicologia Política, e um ano mais tarde, em Córdoba, a Associação Americana de Psicologia Política (BRUSSINO, 2016). • Na América latina, destacam-se as produções de Martin-Baró com a corrente da Psicologia da Libertação, tal como Alessandro Soares, Salvador Sandoval, Domenico Hur, Fernando Lacerda Jr., Flávia Lemos e Silvio Benelli. • A preocupação desse âmbito da Psicologia se dá, principalmente, da libertação dos sujeitos em sociedade a partir da “conscientização”. • Há aqui, estudos sobretudo diante das normas sociais, leis e participação social e construção coletiva. • Essa visão política reflete, sobretudo, o momento histórico com o qual se está vivendo diante do modo com o qual se interpreta o mundo, avaliando processos como a cognição social, ou seja, seu sistema de crenças e valores. • Nos estudos do comportamento social e político, se avalia, inclusive as representações simbólicas e emocionais/afetivas. • Toda ação é política. • Ou seja, ela é influenciada por uma camada de motivações, afetos e formada por um âmbito cognitivo enquanto crença. • O âmbito político transcende o ato partidário. Ele significa modo de existência, a partir de valores, estruturas sociais, instituições e sistemas éticos. • Tanto em projetos sociais, como em planejamentos de vida pessoal não há apenas ênfase individualista, mas um encaminhamento político. O quanto de racional há no comportamento social? O político humano é racional? O quanto há de racionalidade ou irracionalidade e como isso impacta na nossa realidade? REFERÊNCIAS: BOCK, Ana Mercês Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina; FURTADO, Odair (orgs.) Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001. HUR, Domenico Uhng; LACERDA JUNIOR, Fernando (orgs.). Psicologia Política Crítica: Insurgências na América Latina. Campinas: Alínea, 2016. MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. Petrópolis/RJ: Vozes, 2003. PAULA, Alexandre da S. de; KODATO, Sérgio. Psicologia Social e Representações Sociais: Uma Aproximação Histórica In. Revista de Psicologia da IMED, 8(2): 200- 207, 2016. Slide 1: Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5: Ancoragem Slide 6: Objetivação Slide 7: MAS, O QUE A PSICOLOGIA SOCIAL TEM COM ISSO? Slide 8 Slide 9 Slide 10: Marcos históricos Slide 11: Características científicas Slide 12: Em 1875... Slide 13 Slide 14: No brasil... Slide 15: Psicologia social comunitária Slide 16 Slide 17: Toma como base... Slide 18 Slide 19: Psicologia e democracia Slide 20: Psicologia Política Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27: Referências:
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