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ERGONOMIA, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO: UM ESTUDO NO CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 13ª REGIÃO AGNES CAMPÊLLO ARAÚJO (UFPB) agnescampello@yahoo.com.br Amanda Raquel de França Filgueiras D´Amorim (UFPB) amandamorimjp@hotmail.com Maria de Lourdes Barreto Gomes (UFPB) marilu@ct.ufpb.br Kátia Virgínia Ayres (UFPB) kvayres@gmail.com De acordo com resultado de Diagnóstico Organizacional realizado pela Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho, no ano de 2005 no Conselho Regional de Psicologia 13ª Região (CRP-13); constatou-se que funcionários tinham um grau ellevado de queixas referentes aos seus postos de trabalho e doenças ocupacionais. Em decorrência disto, um estudo detalhado enfocando aspectos ergonômicos e de higiene e segurança do trabalho foi realizado, cuja principal finalidade foi o diagnóstico dos problemas existentes nos postos de trabalho do CRP-13 e sugestão melhorias adequadas. A metodologia escolhida para o alcance dos objetivos foi o estudo de caso, uma vez que possibilitou análise mais profunda e adequada dos dados exigidos por uma investigação exploratória e descritiva. Como resultados alcançados, destaca-se a existência a falta de uma estrutura física e equipamentos adequados, conseqüentemente, influenciando negativamente o ambiente de trabalho e a presteza de funcionários em desempenhar suas funções eficientemente. Palavras-chaves: Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho, CRP-13 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 2 1 Introdução As organizações prestadoras de serviços, especificamente as autarquias de direto público, prestadoras de serviços, buscam fazer uso de ferramentas que garantam a qualidade da prestação de seus serviços juntamente aos seus clientes. Para tal, a importância de seus colaboradores nessa atividade é essencial, bem como a estrutura da própria organização que oferece suporte à execução de suas atividades como os fatores ambientais, iluminação, ruídos, os materiais e equipamentos como monitores, cadeiras, mesas. O ambiente como um todo é de fundamental importância para a otimização das ações dos que nele trabalham, com conforto e segurança. A ergonomia e os estudos oriundos da segurança do trabalho visam propor ao gestor elementos necessários tanto para seu entendimento e análise, quanto à prevenção dos riscos e acidentes de trabalho. Para Gomes (2004) os estudos ergonômicos podem ser aplicados em vários setores de atividade de trabalho ou lazer. Em todos eles é possível existirem intervenções ergonômicas para melhorar significativamente a eficiência, a produtividade, a segurança e a saúde, contribuindo para o gerenciamento dos fatores estressantes, físicos e emocionais, favorecendo a preservação de articulações, músculos, nervos, tendões e ossos e controlando interferindo nos estresses físicos, nas articulações, músculos, nervos, tendões, ossos, emocionais até fatores ambientais que possam afetar a audição, visão, conforto e principalmente a saúde do profissional. Conforme estabelecido pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, cabendo ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho (NR17, 2008). Nesse contexto destaca-se a importância realização da analise ergonômica, seja em instituições públicas ou privadas. Para Meirelles (1999) a administração pública ou setor público pode ser entendido como um conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do governo; ou como sendo o conjunto de funções necessárias aos serviços públicos, e ainda, pode tratar-se do desempenho perene e sistemático, legal e técnico dos serviços públicos próprios do Estado, ou outros que por ventura venham a ocorrer em benefício da coletividade. O Conselho Regional de Psicologia (CRP), uma autarquia de direito público, tem por objetivo orientar, fiscalizar e disciplinar a profissão de psicólogo, zelar pela fiel observância dos princípios éticos e contribuir para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão. Por excelência, a profissão lida com a saúde mental, sendo necessário, zelar pelas condições ergonômicas e do ambiente onde se desenvolvem o processo de trabalho de quem fiscaliza as ações desses profissionais. Logo, quando se trata de avaliar um ambiente ou posto de trabalho, visando à segurança concreta, pode-se fazer uso da Ergonomia, cuja principal função é adaptar o ambiente de trabalho ao empregado de modo seguro, confortável e eficiente; minimizando riscos à saúde dos trabalhadores e de acidentes causados por erros humanos devido à inadequação do posto de trabalho. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 3 Este estudo faz uma analise do ambiente de trabalho do CRP-13 a luz dos aspectos ergonômicos e de segurança do trabalho. 2 Fundamentação Teórica 2.1 O indivíduo e a Ergonomia Havia inicialmente uma tendência no início dos estudos da relação indivíduo-trabalho de que o ser humano deveria adaptar-se às condições estruturais e funcionais oferecidas pelos postos de trabalho. Com a evolução das áreas como psicologia, antropometria, biomecânica, eletrônica, engenharia, preocupações maiores com condições de saúde, qualidade de vida, eficiência e segurança também foram vistas, adequando as necessidades humanas a: postos de trabalho incluindo máquinas, equipamentos, móveis. A ergonomia, ciência derivada da Psicologia e da Engenharia, vem, pois, ao encontro dessa realidade adequando o trabalho ao homem (ALVES, et. al, 2000). A palavra Ergonomia deriva do grego Ergon (trabalho) e nomos (normas, regras, leis). Compreende-se por ergonomia as interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, com a aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos, visando otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas (ABERGO, 2008). Gomes (2004) evidencia que a ergonomia usa os conhecimentos adquiridos das habilidades e capacidades humanas e estuda as limitações dos sistemas, organizações, atividades, máquinas, ferramentas, e produtos de consumo de modo a torná-los mais seguros, eficientes e confortáveis para uso humano. De acordo com Dul e Weerdmeester (2004), os aspectos estudados pela ergonomia são: postura, movimentos corporais, fatores ambientais, as informações, os controles, os cargos e tarefas. Moraes e Mont’ alvão (1998) afirmam que o objeto da ergonomia é o homem, no seu trabalho, trabalhando, e que o princípio da ergonomia é recuperar o sentido do trabalho e impedir a alienação do trabalhador. 2.2 Higiene e Segurança do Trabalho A Higiene e Segurança no Trabalho influenciam diretamente na qualidade de vida do trabalho e, por conseguinte na qualidade das atividades realizadas no trabalho; elas podem ser caracterizadas como medidas preventivas contra acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, envolvendo dois fatores chave que são: a segurança concreta e a segurança abstrata. A segurança concreta abrange todas as condições seguras de trabalhoe do seu ambiente; já a segurança abstrata engloba a forma subjetiva com a qual os trabalhadores percebem a proteção e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A segurança no trabalho objetiva a prevenção de riscos e de acidentes nas atividades de trabalho visando à defesa da integridade do trabalhador.Trata-se de um conjunto de ciências e tecnologias que buscam a proteção do funcionário ou trabalhador em seu local de trabalho, no tocante à questão da segurança e da higiene do trabalho. (SCOPNHO, 2003). XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 4 Importante salientar que existem agentes agressivos que ocasionam riscos de acidentes ou doenças ocupacionais, que segundo Zocchio (2002) são divididos em cinco grupos: químicos; físicos; mecânicos; biológicos e ergonômicos. Todavia, no presente trabalho serão enfocados apenas os agentes agressivos diretamente relacionados com o ambiente de trabalho estudado, sendo eles os agentes físicos e ergonômicos; visto que não foi constatada a existência de agentes de riscos químicos, mecânicos ou biológicos para a saúde dos funcionários. Os agentes físicos podem ser caracterizados como pertencentes ao ramo da ciência física de acordo com Zocchio (2002), envolvendo temperaturas altas ou baixas; ruídos; vibrações; diversos tipos de radiações; diversas formas de energia, como a eletricidade. Ainda, segundo Zocchio (2002), os agentes ergonômicos podem ser caracterizados pela relação homem versus atividade que executa. Estes agentes ergonômicos aparecem em conseqüência de posturas que as pessoas assumem ou esforço que exercem na execução de suas atividades, em razão de: vícios, negligência ou mau preparo para a execução da tarefa que lhes cabe; inadequação de seu porte físico – estatura, envergadura, resistência – aos equipamentos, máquinas ou mesas e cadeiras; velocidades ou esforços excessivos devido à elevação do tempo padrão estabelecido para a tarefa. A Segurança do Trabalho e a Ergonomia buscam, além do bem estar do trabalhador, sua maior produtividade, resultante de sua satisfação durante a atividade. Seguindo esta linha de raciocínio, os custos indiretos recorrentes dos acidentes e trabalho são bem mais importantes do que os diretos. Alguns dos fatores de perda presentes no contexto de custo indireto por acidentes de trabalho, constam: perda de horas de trabalho pela vítima, interrupções da produção, danos materiais, atraso na execução do trabalho, diminuição do rendimento durante a substituição. Baseando-se nestes aspectos, verifica-se a importância que a Higiene e Segurança do Trabalho e a Ergonomia possuem para o aumento de produtividade (LEITE; CABRAL; SUETT, 2007). 3 Metodologia O estudo foi realizado no Conselho Regional de Psicologia -CRP-13 PB/RN com jurisdição nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte; tem sua sede em João Pessoa. É uma autarquia de direito público segundo a Lei 5.766 (20/02/1971), com o objetivo de orientar, fiscalizar e disciplinar a profissão de psicólogo, zelar pela fiel observância dos princípios éticos e contribuir para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão. O CRP tem a responsabilidade de representar, por iniciativa própria, às autoridades policiais ou judiciárias, a ocorrência do exercício ilegal da profissão, apontando, sempre que possível, o nome do indiciado ou presumível infrator. (BRASIL, 2002). Sua escolha deu-se por se tratar de uma autarquia que representa os profissionais de psicologia no Estado. Por excelência, a profissão lida com a saúde mental, sendo necessário, zelar pelas condições ergonômicas e do ambiente onde se desenvolvem o processo de trabalho de quem fiscaliza as ações desses profissionais. A concretização da pesquisa só foi possível por meio da colaboração de todos os funcionários existentes no escritório sede do CRP-13, a qual contava com seis funcionários e um estagiário, no momento da análise. Os dados foram coletados no período de Março a Dezembro de 2005. Para a coleta de dados utilizou-se questionário, formado por questões objetivas e subjetivas, dividas em XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 5 três partes: I - Descrição Sumária dos cargos; II - Diagnostico dos postos de trabalho, que foi verificado pela observação direta do pesquisador norteado pela na literatura de Dul e Weerdmeester (2004) e do manual de Ergonomia do Escritório (CIDADE, 2005). E a parte III contempla questões referentes aos fatores ambientais sugeridas pela literautra de Zocchio (2002). Por fim, são propostas melhorias para serem implementadas no CRP-13 atendendo as óticas da ergonomia e da Higiene e Segurança do trabalho. Para o tratamento dos dados quantitativos utilizou-se da estatística básica, e para os dados qualitativos, recorreu-se à análise de conteúdo proposta de Bardin (1977). 4 Apresentação e Discussão dos Resultados 4.1 Descrição sumária dos cargos e definição dos postos de trabalho Ao realizar uma análise ergonômica se faz necessário, essencialmente, conhecer o posto de trabalho a ser estudado por meio da descrição detalhada das tarefas que lhes são atribuídas, bem como, as tarefas desempenhadas no local. Logo, juntamente com a definição do posto de trabalho, deve-se apresentar a postura adequada para cada cargo no ambiente analisado, visto que a mesma poderá variar de acordo com as tarefas desenvolvidas em cada cargo; sendo assim, são apresentados aqui os cargos existentes no CRP-13 bem como uma breve descrição de cada função. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS CARGOS Cargos Existentes no CRP-13 Descrição Sumária dos Cargos Orientador Fiscal Orientar e fiscalizar o cumprimento das normas pertinentes à legislação que regula a categoria profissional do psicólogo. Auxiliar Administrativo I Responsável pelo primeiro contato do profissional e/ou usuário com o Conselho, além de realizar tarefas provenientes desse contato, como recepcionar e encaminhar documentação administrativa e solução de dúvidas. Digitador Inserir nos sistemas cadastral e financeiro dados diários das atividades do Conselho; e digitar documentos em geral. Gerente Administrativo É inerente ao cargo, planejar, coordenar e o controlar todas as atividades da área administrativa, de pessoal e financeira do Conselho. Auxiliar Administrativo II É inerente ao cargo a organizar, digitar e verificar os documentos para a prestação de contas no setor de Cobrança. Assistente de Tesouraria/Cobrança (Estagiário) Auxiliar a prestação de contas referentes às despesas mensais do Conselho, com seus respectivos relatórios. Fonte: Pesquisa Direta, 2005. Tabela 1: Dados obtidos em questionário aplicado no CRP-13 4.2 Diagnósticos do Posto de Trabalho Para o diagnóstico dos postos de trabalho foi adotada a classificação descrita por Dul, Weerdmeester (2004), que inclui para o posto de trabalho sentado os seguintes aspectos: alternando a posição sentada para em pé, ajustando a altura do assento e a posição do encosto, XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 6 usando cadeiras especiais, altura da mesa de trabalho, apoio para os pés, superfície inclinada para leitura, espaço para as pernas e áreas de alcance. Posto de trabalho sentado Com a definição do posto de trabalho sentado para todos os cargos no CRP-13, é preciso avaliar em quais superfícies o corpofica mais bem apoiado para realizar suas tarefas, como: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa; mesmo sabendo que esse tipo de posto apresenta maior conforto ao trabalhador do que o posto de trabalho em pé (CIDADE, 2005). Alternando a posição sentada para em pé No decorrer no dia de trabalho no CRP-13 foi verificado que os funcionários dispõem e fazem uso dos períodos vagos ou com poucas atividades para levantarem-se e alongarem a silhueta. Entretanto, não há uma pré-determinação de uma quantidade de minutos para pausas. Ajustando a altura do assento e a posição do encosto As cadeiras existentes no CRP-13 não apresentam nenhum tipo de regulagem para adaptação ao porte físico de cada funcionário, seja ela de assento ou de encosto, entretanto, os encostos das cadeiras são vazados, permitindo a acomodação das nádegas. Porém, a impossibilidade de ajustes no assento da cadeira impossibilita que funcionários de porte físico menor mantenham a postura correta, fazendo com que seus pés fiquem suspensos; conseqüentemente, é necessário que um apoio para os pés seja utilizado. Usando cadeiras especiais Em observações realizadas para este cargo, foi determinado que a cadeira apresenta regulagem de assento, flexibilidade do encosto possibilitando alterações de posição, mas não tem a altura desejada e não pode ser regulada para qualquer porte físico, pés dotados de rodas para facilitar locomoção na área de trabalho e não apresenta braços; logo, pode-se considerar que esta cadeira não está completamente de acordo com as especificações acima. Altura da mesa de trabalho As mesas utilizadas no CRP-13 são de modelos-padrão, vendidas em qualquer loja de material de escritório; observou-se nesse aspecto que tal fato não acarretaria problemas de postura ou movimento se as cadeiras dos postos de trabalho pudessem ser reguladas em suas alturas ou existissem apoio para os pés em dados casos. No entanto, a superfície de trabalho do cargo de digitador mesmo sendo considerada um padrão para tal tarefa, mostrou-se inadequada ao porte grande físico do funcionário que exerce a função de digitador, determinando uma postura incorreta para seus membros inferiores, por seus joelhos ficarem totalmente encostados na superfície da mesa e seus tornozelos ficarem flexionados, provocando fadiga em pernas e pés (DUL, WEERDMEESTER, 2004). Apoio para os pés Como citado anteriormente, as mesas não são dimensionadas para pessoas mais altas ou de grande porte físico, embora sejam consideradas “padrões”; por conseguinte, não são relevantes XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 7 também as pessoas de menor porte físico para o CRP-13, explicando a inexistência de apoio para os pés quando necessário . Superfície inclinada para leitura O CRP-13 não apresenta qualquer adaptação ou mesas que permitam mobilidade de inclinação de superfície. Espaço para as pernas Ao verificar-se todas as mesas e espaços de trabalho que exigem espaços para as pernas foi constatado que todas estão dentro das especificações exigidas, com exceção da mesa de digitador. Áreas de alcance Analisando-se as áreas de alcance ótimo e máximo, conforme indicações na literatura, verificou- se que não há anomalias na disposição dos utensílios e equipamentos manuseados nas superfícies de trabalho do CRP-13. 4.3 Fatores Ambientais Para a análise dos fatores ambientais foi adotada a classificação descrita por Dul, Weerdmeester (2004) e por Zocchio (2002), enfocando: ruído, iluminação, clima, ventilação, condições sanitárias, instalações elétricas e quando usar equipamentos de proteção individual (EPIs). Ruído Em detrimento dos limites financeiros da pesquisa não foi possível mensurar a quantidade de decibéis produzidos no ambiente do CRP-13 ou fora dele. Entretanto, durante visitas realizadas ao local, nenhum ruído excessivo ou agudo fora ouvido. Iluminação Observando-se as salas existentes no CRP-13 foi possível constatar a existência de janelas em todos os ambientes, e persianas em quase toda a sua totalidade, porém, o uso da luz natural não é efetivo e sim, uso de luz artificial em todos os ambientes, com exceção do Auditório que por possuir maior número de janelas aproveita por mais tempo toda a luz natural. Todas as lâmpadas dos ambientes são fluorescentes e em bom estado de conservação, não estando enfraquecidas nem apresentam oscilações de luminosidade. Clima Todos os postos de trabalho efetivo no CRP-13 são climatizados com ar condicionado, e a temperatura das salas é regulada de acordo com o conforto térmico dos funcionários presentes no recinto. Ventilação No corredor e banheiros do CRP-13 a ventilação existente é natural, advinda de entrada principal e janelas respectivamente. Já nas demais salas, a ventilação é artificial como citado anteriormente, por meio de ar condicionado. Condições sanitárias XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 8 A organização estudada é provida de quatro banheiros, cada um contém um aparelho sanitário, e atende as necessidades do quadro funcional de sete pessoas. Não há vestiários ou refeitório no local. A cozinha se encontra em um ambiente adaptado na sala de “Arquivos”, apresentando condições precárias de funcionamento por não possuir dimensões compatíveis com a atividade, bem como a pia de pequenas proporções, a inexistência de uma mesa para a manipulação de alimentos e a falta de armários adequados. Isto impossibilita movimentação e ventilação requerida para a atividade. Instalações Elétricas Em visitas realizadas no CRP-13 verificou-se que suas instalações elétricas não podem ser consideradas seguras e adequadas, devido a grande exposição de fios pelo chão nas áreas que possuem computadores; há pontos de energia sem as devidas tampas de proteção; os estabilizadores e transformadores não possuem nenhum tipo de isolamento; e as canaletas de proteção da instalação elétrica, quando existem, não estão bem fixadas. Proteção Individual – Quando usar EPI Analisando-se todas as atividades e tarefas realizadas pelos funcionários do CRP-13 verificou-se que não existe a necessidade de EPIs, visto que não há manuseio nem exposição de produtos tóxicos, ou mesmo de qualquer elemento direto de caráter danoso à saúde dos funcionários. 5 Considerações Finais 5.1 Aspectos Sugeridos para melhorias Analisando o ambiente de trabalho, pode-se verificar que a empresa estudada apresentou vários pontos que podem ser melhorados. No que se refere à postura de trabalho, registra-se que apesar de a posição sentada ser melhor do que a posição em pé, deve-se evitar passar muito tempo sentado, visto que nessa posição o tronco e a cabeça são submetidos a uma inclinação para frente, com a finalidade de um melhor acompanhamento visual e, conseqüentemente, o corpo é exposto a longas tensões que podem provocar dores no pescoço e nas costas. Em virtude de evitar estes possíveis danos à saúde dos funcionários, é aconselhável uma pausa rápida para que os mesmos possam levantar-se e caminhar poucos metros, alongando as partes tensionadas, conforme recomenda por Cidade (2005). Para que os funcionários possam desempenhar melhor suas tarefas diárias no posto de trabalho sentado torna-se necessária a aquisição de cadeiras que se adaptem ao seu porte físico, implicando no uso de cadeiras com encosto e assento ajustáveis, podendo ser giratória, reduzindo a necessidade de torcer o tronco. Para a melhor escolha, podem ser adotadas as recomendações de Dul e Weerdmeester (2004): 1. A alturado assento deve ser regulável, realizada de modo que os movimentos executados pelo funcionário sejam contínuos e suaves, e não por “degraus”. 2. A altura do assento pode ser considerada ótima quando a coxa está bem apoiada no assento, sem que exista pressão demasiada em sua parte inferior em contato com as bordas do assento, e os pés se apóiam no chão, evitando sua suspensão que é extremamente fatigante. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 9 3. O encosto da cadeira deve permitir apoio para toda a região lombar, ou seja, na altura do abdômen. Onde deve existir um vão livre de 10 a 20 cm entre o assento e o encosto, pode-se fazer uso de cadeiras que permitam a regulagem da altura do encosto proporcionando então, maior conforto e adequação a quem faz uso da mesma. Não se deve utilizar esse apoio lombar para apoiar as costas no caso de uma postura relaxada. 4. A parte inferior do encosto deve ser convexa, acomodando melhor a curvatura das nádegas,ou ainda, pode ser vazada (lembrando da recomendação acima, de 10 a 20 cm entre o encosto e o assento). É necessário que o usuário da cadeira seja orientado para fazer bom uso da mesma no posto de trabalho, combinando as diagramações da cadeira com a altura da mesa, cuja qual deve ser compatível com a função desempenhada pelo funcionário. Certas tarefas demandam o uso de determinados tipos de cadeira. No caso específico do CRP-13, o único cargo que requer uma atenção diferenciada é o de digitador (DUL, WEERDMEESTER, 2004). Neste caso, a cadeira deve apresentar assento e encosto reguláveis, na qual o encosto é alto, dando um suporte para ombros e à região lombar; e apoios curtos para os braços e rodinhas nos pés, que proporcionam um conforto adicional, facilitando as mudanças de postura. Entretanto, caso o digitador sinta-se mais confortável em uma cadeira de apoio para os braços, isto é totalmente aceitável. Para uma boa adaptação do posto de trabalho ao funcionário alocado para tal, o uso da cadeira adequada é muito importante, mas é impreterível que a mesa ou superfície de trabalho seja compatível com o posto. Isto garantirá uma postura correta no trabalho, como o posicionamento das mãos e o ponto de focalização dos olhos, que têm grande influência na postura da cabeça, tronco e braços (DUL, WEERDMEESTER, 2004). Ampliando-se a análise dos postos de trabalho do CRP-13, constata-se a existência de tarefas que exigem acompanhamento visual e movimentos manuais; conseqüentemente, a altura da superfície de trabalho ou mesa deve ser determinada pelo compromisso entre a melhor altura para as mãos e a melhor posição para os olhos; determinando então, a postura da cabeça e do tronco. As recomendações para determinar a altura da mesa no posto de trabalho propostas por Dul e Weerdmeester (2004), demonstram que a melhor opção para a altura das mesas a serem utilizados no CRP-13, é de 0 a 15 cm acima da altura do cotovelo, conforme exibido no Quadro 2. RECOMENDAÇÕES DE ALTURAS DE SUPERFÍCIES Tipo de tarefa Altura da mesa Uso dos olhos: muito Uso das mãos e braços: pouco 10 a 30 cm abaixo da altura dos olhos Uso dos olhos: muito Uso das mãos e braços: muito 0 a 15 cm acima da altura do cotovelo Uso dos olhos: pouco Uso das mãos e braços: muito 0 a 30 cm abaixo da altura do cotovelo Fonte: DUL; WEERDMEESTER, 2004, p.16. Tabela 2: Alturas de superfícies XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 10 Ressalta-se que, de acordo com Cidade (2005), pode-se fazer uso de mesas padrões vendidas para escritório mesmo que não possua certas determinações de altura ou espessura da superfície, contudo, para melhor adaptação ao usuário deve ser usada juntamente com cadeiras reguláveis e apoio para os pés quando necessário. De acordo ainda com o referido autor, caso a superfície de trabalho ou mesa não permita ajustes, é melhor dimensioná-la para o indivíduo mais alto. Então, a altura do assento é regulada para essa superfície. Porém, para os indivíduos mais baixos, um apoio para os pés deve ser providenciado; permitindo uma pequena inclinação dos pés e mudanças de postura, numa base plana. Além disso, ele complementa, sempre que possível; todas as tarefas que exigem um acompanhamento visual contínuo devem ser feitas em superfície inclinada, como ter uma inclinação de 45 graus para ler e 15 graus para escrever. Este tipo de superfície tem o objetivo de aproximar o trabalho dos olhos, visto que do contrário seria necessário inclinar a cabeça e o tronco para frente. Concordando com as sugestões de Dul e Weerdmeester (2004), aconselha-se que as instalações, móveis e equipamentos utilizados permitam que as pernas dos colaboradores possam ser acomodadas dentro de um espaço sob a superfície de trabalho ou mesa, permitindo uma postura adequada, sem que seja necessário inclinar-se para a frente. A largura desse espaço deve ser 60 cm no mínimo, a profundidade deve medir pelo menos 40 cm na parte superior (onde os joelhos serão acomodados) e 100 cm na parte inferior, junto aos pés. Esta dimensão maior junto aos pés justifica-se pela necessidade de esticar as pernas para frente, de vez em quando, para mudar a postura. Considerando-se, ainda, que todas as tarefas desempenhadas devem estar dentro dos limites de alcance na superfície de trabalho ou mesa, recomenda-se a priorização de equipamentos e utensílios adequados e necessários a execução das tarefas do funcionário. Segundo Cidade (2005), isto significa que os equipamentos e utensílios de uso mais freqüente devem situar-se na área de alcance ótimo, logo à frente do corpo; enquanto os demais podem localizar-se em outros pontos dentro da área de alcance máximo. A seqüência das operações deve ser considerada no ordenamento desses equipamentos e utensílios. Este alcance deve enfocar os seguintes aspectos: • A importância do equipamento e/ou utensílio; • A freqüência de uso; • A seqüência de operações ou atos do indivíduo. Pires (2001) assegura que a área de alcance ótimo sobre a mesa pode ser traçada, girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos normalmente. A parte central situada em frente ao corpo, fazendo interseção com os dois arcos, será a área ótima para usar as duas mãos. A área de alcance máximo será obtida fazendo-se girar os braços estendidos em torno do ombro. O espaço de alcance vertical corresponde ao raio de ação dos braços, estando as mãos em posição de preensão. A altura de alcance em que uma pessoa pode alcançar é proposta pela fórmula: Altura máxima de alcance = 1,24 x estatura XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 11 As recomendações dadas às condições sanitárias são baseadas na NR-24 (ABNT, 1975), na qual aspectos sanitários devem ser considerados em qualquer tipo de edificação e independente do fim a que se destinam, como: • As instalações sanitárias devem modificadas para sejam providas de certo número de aparelhos em relação ao número de ocupantes do estabelecimento; • A cozinha deve obedecer a certos requisitos estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, como tipo de piso, dimensionamento e tipo de mesas, instalações hidráulicas adequadas e outros aspectos. Do mesmo modo, as instalações elétricas devem seguir regras específicas; pois assumem papel de grande relevânciana segurança do trabalho e das edificações, principalmente no que tange aos riscos de incêndios. Segue abaixo algumas recomendações clássicas que podem melhorar a segurança do trabalho no CRP-13, segundo Zocchio (2002) e a NR-10: • As instalações elétricas, além de executadas dentro dos padrões de segurança, devem passar por manutenções preventivas, por profissionais competentes; • As instalações provisórias também devem ser efetuadas de modo seguro e com equipamentos e aparelhos adequados; • Os transformadores, estabilizadores de tensão e/ou corrente, ou mesmo outros aparelhos com pontos carregados de energia expostos, devem ser isolados por alambrados, caixas especiais ou outros meios que evitem o contato de pessoas desabilitadas com os pontos perigosos; • Os fios-terra devem ser obrigatórios em todos os aparelhos, máquinas e instalações de acordo com as normas existentes (NR-10, ABNT, 1975). 5.2 Conclusões Com a atual situação da relação saúde-trabalho, tem ocorrido uma rigorosa vigilância para se avaliar e demonstrar quais os verdadeiros riscos para o homem. A prevenção apresenta-se como a principal e melhor opção no trato de doenças ocupacionais, cabendo aos profissionais da área de saúde ocupacional a tarefa de impulsionar a adoção de medidas que interfiram em possíveis casos de doenças ocupacionais (LEITE; CABRAL; SUETT, 2007). Tendo em vista os aspectos observados, verifica-se a necessidade de ações preventivas no combate aos riscos os quais os funcionários do conselho regional de psicologia estão sendo submetidos. Aferindo-se os resultados deste estudo com relação ao item de Higiene e Segurança do Trabalho no CRP-13, é possível afirmar o dimensionamento do posto de trabalho ocorreu de modo correto, e com as análises do mesmo constatou-se que existem inadequações de cadeiras e superfícies de trabalho para algumas funções, exigindo modificações. Tratando-se de fatores ambientais, pode- se ratificar que os tais, compostos por: ruído, iluminação, clima, ventilação e os equipamentos de proteção individual, podem ser considerados dentro dos limites de normalidade, não interferindo negativamente no ambiente de trabalho; entretanto, os demais fatores como: condições sanitárias e instalações elétricas, não estão dentro dos padrões exigidos de funcionamento pelas Normas Regulamentadoras brasileiras. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 12 A operacionalização deste estudo sobre os aspectos ergonômicos no CRP-13 foi relativamente fácil, visto que tanto a diretoria quanto os colaboradores mostraram-se participativos e abertos a informações que possam contribuir para a melhoria das condições de trabalho. Desse modo, as recomendações apresentadas à organização foram aceitas e a gestão do CRP-13 comprometeu-se em implementá-las posteriormente, após uma análise de viabilidade financeira. Finalizando, registra-se que este estudo pretendeu aplicar os fundamentos das normas regulamentadoras bem como da legislação vigente sobre Segurança e Medicina do Trabalho ao ambiente do CRP-13, buscando conscientizar a organização sobre os aspectos legais e sociais envolvidos na sua rotina de trabalho, acreditando que esses esforços de adequação das condições laborais resultará na satisfação, saúde e segurança dos colaboradores e, conseqüentemente, no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade dos serviços prestados, contribuindo assim para a realização de sua missão: Zelar pela profissão de psicólogo, através da orientação, fiscalização e disciplina, disseminando valores como ética, transparência, responsabilidade e competência profissional, visando garantir a excelência dos serviços oferecidos pelos psicólogos e a qualidade de vida dos seus colaboradores, de forma a promover o bem-estar da sociedade. REFERÊNCIAS ABERGO- Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: http://www.abergo.org.br/oqueeergonomia.htm. Acesso em: 28 abr 2008. ABNT -Associação Brasileira de Normas Técnicas: NR-10, NR-24. 3. ed. Rio de Janeiro, 1975. ALVES, R., BEZERRA, C. A.; CAMANA, R.; MERINO, E. Estudo Ergonômico do trabalho; o caso do atendimento telefônico. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPAD, 24,2000, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ANPAD, 2000. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BRASIL. LEGISLAÇÃO - Psicologia. Estrutura e funcionamento dos conselhos. S.l.:s.n., 2002. CIDADE, P. Manual de Ergonomia no Escritório: 100 dicas para melhorar o seu local de trabalho. São Paulo: Qualitymark., 2005. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. GOMES, I. O que é a Ergonomia. Disponível em: http://www.ivogomes.com/blog/o-que-e-a- ergonomia. (Artigo de 2004). Acesso em: 28 abr 2008. LEITE, B. R. B.; CABRAL, F. P.; SUETT, W. B. 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Prática da Prevenção de Acidentes: ABC da segurança do trabalho. 7. ed. Editora Atlas. São Paulo, 2002.
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