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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte III
Livro Eletrônico
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Contratos em Geral – Parte III
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Sumário
Contratos em Geral — Parte III ..................................................................................................... 3
Aula de Hoje ..................................................................................................................................... 3
1. Classificação quanto à Obrigação das Partes ....................................................................... 4
1.1. Categorias .................................................................................................................................. 4
1.2. Utilidade ..................................................................................................................................... 5
2. Quanto ao Sacrifício Patrimonial das Partes .......................................................................12
2.1. Categorias .................................................................................................................................12
2.2. Utilidades .................................................................................................................................13
Questões de Concurso .................................................................................................................40
Gabarito ........................................................................................................................................... 52
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Contratos em Geral – Parte III
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
CONTRATOS EM GERAL — PARTE III
AulA de Hoje
Olá, aluno(a)!
Vamos continuar as classificações de contratos, focando naquilo que tem relevância para 
concurso público.
Vamos juntos!
Resumo
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios. 
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De 
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir 
às questões.
O resumo desta aula é este:
a) Quanto à obrigação das partes, os contratos podem ser:
b.1) unilaterais: gera obrigação só para uma das partes, como o contrato de doação) ou
b.2) bilaterais ou sinalagmáticos: gera obrigação para ambas as partes, como o contrato 
de compra e venda.
b) Nos contratos bilaterais, aplicam-se estes institutos:
b.1) Exceptio non adimpleti contractus (art. 476, CC): é o direito de uma parte reter a pres-
tação enquanto a outra não cumprir a contraprestação;
b.2) Exceção de inseguridade (art. 477, CC): se, por um fato superveniente, o cumprimento 
da prestação por uma das partes no vencimento tornar-se duvidoso, o outro contratante pode-
rá defender-se (exceção = defesa) dessa insegurança, retendo a sua contraprestação enquan-
to a outra não prestar uma garantia ou não adimplir a prestação;
b.3) Quebra antecipada do contrato (doutrina): se, por um fato superveniente, o adimple-
mento da prestação por uma parte no vencimento se tornar impossível, o outro contratante 
poderá resolver o contrato precocemente.
c) Quanto ao sacrifício patrimonial, os contratos podem ser gratuitos ou onerosos.
b.1) Nos contratos gratuitos, as regras jurídicas tendem a proteger o beneficiário da gene-
rosidade sem dar-lhe muitos privilégios. Isso justifica estas regras:
a.1.1) Na fraude contra credores, basta provar o eventus damini se o negócio for gratuito;
a.1.2) A interpretação deve ser restritiva para negócio jurídico gratuito (art. 114, CC);
a.1.3) Não se aplica vício redibitório e evicção para negócio gratuito.
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d) Os vícios redibitórios consistem vícios ocultos na coisa adquirida a autorizar o direito à 
resolução do contrato ou ao abatimento do preço (art. 441, CC).
e) A evicção é a perda da coisa por motivo preexistente a assegurar ao evicto o direito à 
restituição do preço pago pela aquisição da coisa, além dos demais direitos do art. 450 do CC 
(arts. 447 e seguintes, CC).
1. ClAssifiCAção quAnto à obrigAção dAs PArtes
1.1. CAtegoriAs
Quanto à obrigação das partes envolvidas, os contratos podem ser classificados como 
unilaterais, bilaterais e plurilateral, conforme haja obrigação apenas para uma ou para ambas 
as partes ou para três ou mais partes. Há quem mencione também os contratos plurilaterais 
para a hipótese de haver três ou mais partes com obrigações; todavia, preferimos incluir essa 
categoria na de contrato bilateral.
O contrato unilateral é aquele que implica obrigação apenas para uma das partes, a exem-
plo do contrato de doação, que só impõe obrigação ao doador. O contrato de mútuo (típico1, 
que é o previsto no Código Civil) também é unilateral, pois só gera obrigação ao mutuário, que 
tem de restituir a coisa. É que, por ser um contrato real, o mútuo só se inicia com a entrega da 
coisa, de modo que o contrato não gera obrigações ao mutuante. Para a classificação em tela, 
1 Há o que a doutrina designa de mútuo consensual, que nasce com o acordo de vontades, e não com a entrega da coisa. Ele, 
porém, é um contrato atípico, porque não está disciplinado no CC.
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não importa a quantidade de obrigações, e sim a quantidade de partes que as possuem: se 
apenas uma parte tem uma ou mais obrigações, o contrato é unilateral.
O contrato bilateral ou sinalagmático é o que gera obrigação para ambas as partes, como 
no contrato de compra e venda, em que o vendedor tem a obrigação de pagar o preço, e o 
comprador, a de entregar a coisa. Essas obrigações precisam ser correspectivas, recíprocas: 
uma é a contrapartida da outra, formando um “sinalagma”, palavra que provém do grego e que 
significa “troca mútua”.
O contrato plurilateral ocorre quando o contrato envolve três ou mais partes, todas rece-
bendo uma obrigação que se reverte em prol da realização de um fim comum. A obrigação de 
uma das partes é uma contrapartida em relação às obrigações das demais partes: o sinalagma 
é plurilateral. É o que ocorreria no contrato de seguro de vida em grupo, no de sociedade, no 
de parceria empresarial e no de consórcio. Entendemos que, nesses casos, todas as regras 
de contratos bilaterais devem ser aplicadas, no que couber, pois a obrigação de cada parte 
é motivada pela contraprestação das demais. Assim, por exemplo, temos que a exceptio non 
adimpleti contractus (art. 476, CC) poderia ser invocada.
Há situações peculiares. No caso da doação com encargo, o contrato continua sendo uni-
lateral, pois só o doador possui obrigação propriamente dita. O donatário não possui uma 
obrigação, e simum encargo (um ônus), que não configura uma contraprestação. O ônus se 
distingue da obrigação, por ser um dever cujo descumprimento apenas acarreta a perda de um 
direito pelo sujeito: o doador pode revogar a doação por inexecução do encargo (art. 555, C). Já 
a obrigação autoriza meios coercitivos de cobrança e perdas e danos. Ademais, jamais se po-
deria invocar a exceptio non adimpleti contractus para a doação com encargo, pois ela é esten-
dida apenas para contratos bilaterais (art. 476, CC). Há doutrinadores que preferem dizer que 
a doação com encargo é um contrato unilateral imperfeito; todavia, temos por desnecessário 
esse adjetivo adicional, pois o ônus não é uma obrigação. Se um tema como esse for cobrado 
em prova de concurso, entendo que a questão tem de ser anulada, pois o tema é controverso. 
Todavia, como você tem de responder algo, sugiro que você considere como “correta” a asser-
tiva que diga que a doação com encargo é um contrato unilateral imperfeito.
1.2. utilidAde
A principal utilidade prática na classificação quanto à obrigação das partes é a de que, 
apenas nos contratos bilaterais (também, no que couber, nos plurilaterais), é viável a invo-
cação da exceptio non adimpleti contractus, da exceção de inseguridade e da quebra ante-
cipada do contrato.
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1.2.1. Exceptio non Adimpleti Contractus e Condição Resolutiva Tácita
Conceitos Gerais
Amigo(a), veja esta questão:
001. (VUNESP/PROCURADOR/DPE-AM/2018) Nos contratos bilaterais, não é permitida a 
alegação de exceptio non adimpleti contractus caso um dos contratantes, antes de cumprida a 
sua obrigação, exija o implemento da obrigação do outro.
O gabarito é “errado”, pois é devida a exceptio non adimpleti contractus (art. 476, CC).
Errado.
Vamos tratar da matéria.
Nos contratos bilaterais, o inadimplemento de uma das partes assegura à outra o direito 
de valer-se da exceptio non adimpleti contractus (art. 476, CC) ou de pleitear a resolução do 
contrato em razão do fato de o inadimplemento ser uma condição resolutiva tácita (art. 475, 
CC). Veja esses retrocitados dispositivos:
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir 
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, 
pode exigir o implemento da do outro.
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A exceptio non adimpleti contractus é o direito de uma parte reter a prestação enquanto a 
outra não cumprir a contraprestação. Há quem afirme que a exceptio non adimpleti contractus 
seja uma condição resolutiva tácita dos contratos bilaterais; todavia, preferimos considerar 
os institutos como diferentes. Está implícito que a parte pode optar entre uma das seguintes 
opções: (1) valer-se da exceptio non adimpleti contractus, que permite a parte reter a prestação 
e aguardar o outro contratante pagar a contraprestação, caso em que o contrato será preser-
vado; e (2) resolver o contrato em razão da inadimplência, pois, nos contratos bilaterais, o ina-
dimplemento é uma condição resolutiva tácita, a qual se opera mediante interpelação judicial, 
conforme arts. 474 e 475 do CC. Em qualquer um dos casos, a parte inadimplente será obriga-
da a adicionalmente pagar indenização por danos sofridos pelo outro contratante.
À luz da exceptio non adimpleti contractus, qualquer das partes tem o direito de se recusar 
a cumprir a sua obrigação se a outra parte estiver inadimplente. Não há necessidade de auto-
rização judicial; trata-se de uma autotutela prevista no art. 476, CC. Esse direito de defesa (ex-
ceção!) é designado de exceptio non adimpleti contractus (exceção de contrato não cumprido). 
Se a parte inadimplente promover uma cobrança judicial, a outra parte poderá exitosamente 
defender-se com base na exceptio non adimpleti contractus. Igualmente, se a parte inadimplen-
te valer-se de outros meios coercitivos extrajudiciais – como uma negativação do nome em 
cadastros de inadimplente –, esse ato pode ser tido por ilícito e, em consequência, gerar dever 
de indenizar os danos morais que foram causados à parte. Outrossim, a parte que se vale da 
exceptio non adimpleti contractus não estará em mora, pois legitimamente está retendo a sua 
prestação, de modo que nenhum encargo moratório poderá ser-lhe exigido.
No caso de uma das partes ter descumprido apenas parcialmente o contrato, a outra parte 
poderá invocar a exceção de contrato não cumprido proporcionalmente à parte inadimplente. 
Se, por exemplo, um serviço de empreitada foi prestado em 60%, o dono da obra pode pagar 
apenas 60% do preço e reter o restante enquanto a empreitada não for completada. Esse di-
reito de defesa parcial é designado de exceptio non rite adimpleti contractus ou de exceção de 
contrato parcialmente descumprido. É evidente que, nesse caso de inadimplemento parcial de 
um contratante, a outra parte pode optar pela resolução do contrato no lugar de valer-se da 
exceptio non rite adimpleti contractus.
Como a exceptio non adimpleti contractus é uma autotutela, a parte que dela se serve não 
precisa de decisão judicial. Todavia, ela está a assumir o risco da sua avaliação. Se, futuramen-
te, em ação judicial, a outra parte comprovar que não havia inadimplemento algum e que, por-
tanto, o uso da exceptio non adimpleti contractus foi ilegítimo, a parte terá de arcar com todos 
os encargos decorrentes da mora: o risco é dela.
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Exceções: Cláusula solve et Repete por Lei ou por Vontade
A exceptio non adimpleti contractus e a condição resolutiva tácita consistente no inadim-
plemento podem ser afastadas quando for aplicável a cláusula solve et repete (em tradução 
livre, pague e, depois, peça de volta).
Essa cláusula pode decorrer de vontade das partes ou de lei.
De um lado, havendo pacto expresso no contrato contemplando essa cláusula, a parte será 
obrigada a cumprir a sua obrigação mesmo se a outra estiver inadimplente, assegurado, po-
rém, o direito de, no futuro, pleitear eventual devolução do valor pago. Em relações civis em ge-
ral, essa cláusula é plenamente válida, mas, em nome da vedação ao abuso de direito (art. 187, 
CC), é preciso censurar pactos eventualmente extravagantes, como a que ocorreria se uma 
parte fosse hipossuficiente e fosse privado de exercer a repetição de indébito em qualquer mo-
mento. Já em relações de consumo, o art. 51 do CDC considera nulas cláusulas que exponha o 
consumidor em extrema desvantagem, de sorte que, a depender do contrato, a cláusula solve 
et repete pode vir a ser declarada nula. É preciso analisar cada caso concreto.
De outro lado, a cláusula solve et repete pode decorrer lei expressa ou, até mesmo, de 
princípios jurídicos, como os da vedação ao abuso de direito e os docontraditório (todos têm 
direito a defender-se previamente a uma sanção). Em contratos de prestação de serviços edu-
cacionais, o atraso na mensalidade escolar não autoriza o emprego da exceptio non adimpleti 
contractus pela escola durante o período letivo, mas ela deverá tolerar a frequência do aluno 
até o final desse período (art. 6º, § 1º, da Lei n. 9.870/99, que disciplina o valor total das anui-
dades escolares). Trata-se de um exemplo de cláusula solve et repete com previsão legal.
Há outros casos de cláusula solve et repete oriunda de princípios jurídicos. Ex.: o hospital 
não pode interromper a internação de um paciente que se tornou inadimplente, pois a proteção 
da vida é valor superior ao interesse patrimonial da cobrança. Consideramos que, em cursos 
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de idiomas que funcione com aulas divididas em ciclos de aprendizados (os vulgos “módulos” 
ou “níveis”), há implícita uma cláusula solve et repete a impedir a suspensão do aluno inadim-
plente no curso das aulas de um dos ciclos, tudo em nome da vedação ao abuso de direito. O 
art. 6º, § 1º, da Lei n. 9.870/99 poderia ser aplicado por analogia a esse caso.
1.2.2. Exceção de Inseguridade
Conforme art. 477 do CC, se, por um fato superveniente, o cumprimento da prestação por 
uma das partes no vencimento tornar-se duvidoso, o outro contratante poderá defender-se (ex-
ceção = defesa) dessa insegurança, retendo a sua contraprestação enquanto a outra não prestar 
uma garantia ou não adimplir a prestação. Trata-se da “exceção de inseguridade”, que é uma 
espécie de “medida cautelar da exceptio non adimpleti contractus”, pois assegura ao contratante 
precaver-se de uma provável inadimplência futura da outra parte. Veja o referido dispositivo:
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em 
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode 
a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê 
garantia bastante de satisfazê-la.
O fato superveniente que inspira dúvida legítima ao outro contratante não é necessaria-
mente uma redução do patrimônio, como sugere o texto do art. 477 do CC. Qualquer outro 
fato superveniente pode ser invocado, se seriamente inspirar desconfiança acerca da solvên-
cia futura do contratante. O dispositivo deve ser interpretado extensivamente, como ensina o 
enunciado n. 438/JDC:
Enunciado n. 438/JDC: A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser 
oposta à parte cuja conduta põe, manifestamente em risco, a execução do programa contratual.
Se, por exemplo, uma pessoa, em janeiro, compra uma pacote de viagem em dezembro 
para Las Vegas e parcela o pagamento em 12 parcelas mensais, ela poderá suspender o pa-
gamento das prestações se, em julho, tomar ciência que a agência de turismo contratante 
está descumprindo sistematicamente o contrato com outros clientes que adquiriram similares 
pacotes de viagem.
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Outro exemplo: o vendedor de um carro de luxo pode reter o bem até receber uma garantia 
ou o pagamento se, perto da entrega do bem, tomar ciência de que o comprador sofreu uma 
grave quebra financeira, como no caso de um comprador que seja uma sociedade anônima 
com ações que tenham sofrido uma grave queda de valor na Bolsa de Valores.
Há outros casos específicos de exceção de inseguridade. Por exemplo, o art. 495 do CC 
prevê uma “exceção de inseguridade” especificamente para os casos de contratos de compra 
e venda com pagamento a prazo, estabelecendo que o vendedor pode reter a entrega da coisa 
até receber uma caução por parte do comprador que veio a cair em insolvência. Outro exemplo 
é o art. 590 do CC, que autoriza o mutuante a exigir uma garantia do mutuário cuja situação 
econômica sofreu notório decréscimo.
1.2.3. Quebra Antecipada do Contrato
Se, por um fato superveniente, o adimplemento da prestação por uma parte no venci-
mento se tornar impossível, o outro contratante poderá resolver o contrato precocemente. 
O inadimplemento já está configurado antes mesmo do vencimento diante do fato de que, 
após a celebração do contrato, sobreveio um fato que tornou impossível o cumprimento 
futuro da prestação. É desnecessário que o credor aguarde o prazo pactuado para o adim-
plemento da obrigação, quando há fatos inequívocos que demonstram a inviabilidade de 
seu cumprimento pelo devedor. Esse direito é designado de “quebra antecipada do contra-
to” (anticipatory breach, ruptura antecipada, anticipatory repudiation, antecipated breach of 
contract, inadimplemento antecipado ou inadimplemento antes do termo2) e foi importado 
do sistema do common law3.
2 É referência no assunto a obra “Inadimplemento Anterior ao Termo”, da professora Aline de Miranda Valverde Terra (2009).
3 O caso emblemático a partir do qual se desenvolveu a teoria foi o envolvendo Hochster vs De La Tour, quando o juiz autori-
zou o rompimento antecipado de um contrato pelo fato de De La Tour, um mês antes do início do serviço que seria prestado, 
ter comunicado o mensageiro Hochster que não precisaria mais dos seus serviços. O relato é de Schreiber (2018, p. 354), 
que se reporta à obra “Do Inadimplemento antecipado do contrato”, de Fortunato Azulay.
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Se o fato superveniente decorrer de culpa de uma parte, caber-lhe-á responder por todas 
as consequências da resolução contratual, como o dever de pagar indenização por perdas e 
danos. Se, porém, o fato não for de culpa de uma das partes, não haverá dever de indenizar em 
razão do caso fortuito. Ressalva-se que, na hipótese de responsabilidade civil objetiva, é irrele-
vante a existência de culpa: a parte terá de indenizar os danos mesmo se não tiver havido culpa, 
salvo se o caso fortuito puder ser considerado alheio ao risco da atividade (fortuito externo).
Se, por exemplo, alguém compra um apartamento na “planta” para ser entregue em dezem-
bro do próximo ano, o comprador poderá resolver antecipadamente o contrato por inadimple-
mento precoce da incorporadora na hipótese de ser constatado que, no mês de setembro do 
próximo ano, as obras de construção sequer foram iniciadas. Nesse caso, é impossível que a 
incorporadora consiga, em poucos meses, concluir a construção, razão por que o comprador 
pode, desde logo, reclamar a resolução contratual por inadimplência da incorporadora.
Consideramos que o fato superveniente pode ser qualquer evento que contrarie aquilo que 
legitimamente se espera da parte. Nesse contexto, havendo a queda de um avião por falha 
mecânica de uma companhia aérea, tenho que os consumidores que já haviam comprado 
passagens para momento posterior podem pedir a resolução do contrato por um fato superve-
niente que rompeu a legítima expectativa dos consumidores. O cumprimentoda prestação (= 
transporte aéreo com segurança) no futuro pode ser tido como impossível para esse efeito, de 
modo a autorizar a quebra antecipada do contrato. Não há nenhuma garantia que a companhia 
aérea possa oferecer para proteger a vida dos consumidores.
Faça-se uma ressalva. Há divergências doutrinárias acerca das consequências do inadim-
plemento antecipado. Para alguns, ele configura verdadeiro inadimplemento e, portanto, atrai 
todas as consequências daí decorrentes. Aderimos a essa corrente, pois ela distingue a figu-
ra do inadimplemento antecipado da figura da exceção de inseguridade. Para outros, como 
Schreiber (2018, p. 356), o inadimplemento antecipado seria, na verdade, apenas uma forte 
probabilidade de inadimplemento futuro, o que atrairia, por analogia, a incidência do art. 477 
do CC. Consideramos, porém, indevida essa última corrente, pois a probabilidade futura de ina-
dimplemento já é elemento da exceção da inseguridade, ao passo que a impossibilidade futura 
de adimplemento é a característica do inadimplemento antecipado.
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2. quAnto Ao sACrifíCio PAtrimoniAl dAs PArtes
2.1. CAtegoriAs
Levando em conta o sacrifício patrimonial das partes, os contratos podem ser classifica-
dos em gratuito, oneroso e bifronte.
Os contratos gratuitos ou benéficos são aqueles em que uma parte faz um sacrifício pa-
trimonial sem buscar qualquer proveito patrimonial. Esse sacrifício patrimonial pode consistir 
não apenas em perda de um bem, mas também na utilização do seu tempo e do seu talento 
para prestar um serviço ou na abstinência pessoal para cumprir uma obrigação de não fazer. 
Nesse contrato, há uma parte que não está tendo proveito econômico algum, embora sofra um 
desfalque patrimonial: trata-se de um “generoso”. Um exemplo é o contrato de doação, em que 
o doador tem um sacrifício patrimonial sem almejar qualquer proveito econômico.
Os contratos onerosos são aqueles em que uma parte faz um sacrifício patrimonial em 
busca de um proveito econômico. Esse proveito econômico pode ser predeterminado (con-
trato oneroso comutativo) ou pode depender de um evento futuro e incerto (contrato oneroso 
aleatório). Nesse contrato, não há um generoso; a parte tem interesse em obter proveito patri-
monial com o seu sacrifício. Um exemplo é o contrato de compra e venda, em que o vendedor 
sacrifica um bem, transferindo-o ao comprador, em busca de receber o preço: não há como 
vender um imóvel sem cobrar um preço, sob pena de haver aí uma doação, e não uma venda.
O contrato bifronte é aquele que pode ser gratuito ou oneroso, a depende da vontade das 
partes. Ex.: o contrato de mútuo – empréstimo de coisa fungível – pode ser gratuito ou onero-
so. Se um amigo empresta um dinheiro sem cobrar juros remuneratórios, tem-se mútuo gratui-
to; se, porém, ele exige a restituição do dinheiro acrescido de juros, ter-se-á um mútuo oneroso. 
Não sucede o mesmo com o empréstimo de coisa infungível, pois, se este for oneroso, ter-se-
-á um contrato de locação (art. 565, CC) e, se ele for gratuito, haverá contrato de comodato 
(art. 579, CC).
Em geral, os contratos onerosos são bilaterais, e os contratos gratuitos são unilaterais. Mas 
há exceções, como o mútuo oneroso, que é contrato unilateral (só o mutuário tem obrigação, 
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a saber a de restituir a coisa emprestada), mas é oneroso (o mutuário tem de pagar uma re-
muneração).
No caso de doação com encargo (= com modal, modal, com ônus ou onerosa), há um con-
trato oneroso até o valor do encargo e um contrato gratuito no excedente ao valor do encargo. 
De fato, na doação modal, o doador faz um sacrifício patrimonial, mas almeja obter, para si ou 
para outrem, um proveito econômico. Esse proveito econômico consiste em um dever assumi-
do pelo donatário em dar, fazer ou não fazer algo com a ameaça de perder a eficácia da doação 
no caso de descumprimento do dever. Não há uma generosidade propriamente dita, razão por 
que a doação com encargo é um contrato oneroso até o limite do valor do encargo, mas será 
contrato gratuito no que exceder o valor do encargo. Ex.: doação de um carro sob o encargo 
de o donatário levar o filho do doador para escola diariamente por dois anos. Se o valor desse 
serviço de transporte for estimado em 20% do valor do carro doado, tem-se que 20% do contra-
to de doação é oneroso, e os 80% restantes serão gratuitos. E há consequência prática nisso, 
pois alguns institutos reservados apenas para contratos onerosos, como a evicção e os vícios 
redibitórios, serão aplicados para as doações onerosas até o limite do valor do encargo. Essa 
é a lógica do art. 540, CC.
2.2. utilidAdes
2.2.1. Proteção, sem Prestígio, do “Parasita” (do Obsequiado)
Definição
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Contratos em Geral – Parte III
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Pessoal, o Direito Civil possui algumas lógicas de justiça. Se você as identificar, isso fa-
cilitará bastante a fixação do conteúdo do Código Civil. Agora, tratamos da lógica de justiça 
que eu chamo de “proteção, sem prestígio, do parasita”. Parasita aí é o beneficiário de um 
negócio gratuito, ou seja, é aquele que recebe um favor, uma generosidade, um obséquio (é o 
obsequiado!). Trata-se do que batizamos de princípio da proteção simplificada do agraciado4. 
Esse princípio é essencial para você “memorizar” vários casos concretos que são cobrados em 
concursos públicos.
Ao classificar o contrato como gratuito, aplica-se o princípio da proteção simplificada do 
agraciado.
Com suporte na função social e na boa-fé objetiva, o Direito protege os beneficiários de 
atos gratuitos, mas não lhes dá prestígio, salvo se houver algum outro relevante motivo, como 
o mínimo existencial (ex.: beneficiários de programas assistenciais do governo). Os obsequia-
dos, que são esses destinatários da liberalidade, têm de ser protegidos, mas não podem ser 
prestigiados. O ditado popular já ensina: “a cavalo dado não se olham os dentes”. Isso expres-
sa um princípio geral de direito segundo o qual os contemplados por liberalidades não podem 
exigir o mesmo prestígio daqueles que obtém vantagens mediante sacrifícios patrimoniais 
(atos onerosos). Eles não podem ter a legítima expectativa de que a generosidade terá qualida-
de; não têm direito a caprichos. Sob a perspectiva da função social, o estímulo do Direito deve 
ser em prol da proliferação de posturas de audácia na produção e na circulação de riquezas, e 
não em favor da ociosidade da dependência de assistencialismo. A proteção jurídica, porém, 
deve ser dada às liberalidades, pois elas também desempenham papel relevante na socieda-
de; todavia, essa proteção não deve carregar o prestígio que se confere aos atos onerosos. A 
exasperação na proteção das liberalidades também poderá gerar um efeito indesejado: o de-
sestímulo à realização de liberalidades, pois os generosos, diante das obrigações e dos riscosque haverão de assumir, tenderão a recuar em manifestar suas benemerências. O Direito não 
pode tornar a generosidade muito arriscada ao generoso.
Dessa lógica de justiça de que o direito protege a gratuidade sem prestígios decorrem di-
versas disposições legais. Essa lógica deve servir também como guia interpretativo e como 
auxílio no preenchimento de lacunas legais.
Vamos ver alguns exemplos da aplicação dessa lógica de justiça.
Caso da Fraude contra Credores
Na caracterização da fraude contra credores, o consilium fraudis é dispensado diante de 
negócios gratuitos, pois, entre prestigiar o beneficiário de uma liberalidade e os credores, o 
direito prefere prestigiar estes últimos diante da função social (art. 158, CC).
4 OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da pro-
teção simplificada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pes-
quisas/CONLEG/Senado, Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/
nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018.
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Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Caso da Interpretação Restritiva
Negócios gratuitos devem ser interpretados restritivamente, pois seria injusto, ao permitir 
que o beneficiário de uma liberalidade adote interpretações extensivas, isso prejudicaria o ge-
neroso (art. 114, CC).
Formalidade para Negócios Gratuitos
O fato de a liberalidade somente trazer ônus ao generoso exige que ela se exteriorize por 
uma forma que assegure, ao máximo, certeza do seu ânimo. O beneficiário da liberalidade não 
é prestigiado do ponto de vista formal, razão por que a legislação se inclina – há exceções! – a 
considerar os negócios jurídicos gratuitos solenes, como a fiança e a doação, que devem ser 
escritas (arts. 541 e 819, CC).
Caso dos Vícios Redibitórios e Evicção
O princípio da garantia, que estabelece que o adquirente de um bem tem direito à higidez 
da coisa (vício redibitório) e do direito sobre a coisa (evicção), somente é aplicável para contra-
tos onerosos, conforme arts. 441 e 447 do CC. Beneficiários de gratuidade não podem exigir 
juridicamente qualidade por parte do generoso. O generoso, porém, deve responder por indeni-
zação apenas no caso extremo de dolo. Vamos tratar desses institutos mais à frente.
Comodato e Indenização por Benfeitorias
O comodato é o empréstimo gratuito de coisa infungível. Ex.: empréstimo gratuito de 
um apartamento para um amigo. O comodatário é protegido pelo Direito sem prestígios. 
Assim, ele não poderá exigir indenização por benfeitorias necessárias, salvo se elas forem 
urgentes, necessárias e extraordinárias, conforme interpretação do STJ ao art. 584 do CC5 
(STJ, REsp 64.114/GO, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 18/12/1995). É di-
ferente do que sucederia na locação, em que o locador teria de indenizar essas benfeitorias 
necessárias em qualquer hipótese, pois é seu dever manter a coisa em condições de uso 
(art. 566, I, CC).
A regra é incensurável. Se o apartamento, por exemplo, estava com a maçaneta da porta 
do quarto danificada, não faz sentido o comodatário, por capricho, querer trocar essa maça-
neta e ser indenizado por isso, ainda que isso seja uma benfeitoria necessária. A benfeitoria 
aí não era urgente nem extraordinária. É diferente, porém, a situação em que, ao ligar a luz 
do apartamento, um estalo denuncia a velhice perigosa da fiação elétrica, de modo que, para 
evitar um incêndio, o comodatário gasta R$ 1.000,00 para trocá-la. Aí a indenização por essa 
benfeitoria tem justificativa. Se, porém, o comodante tivesse noticiado essa situação delicada 
5 Esse dispositivo é de texto idêntico ao art. 1.254 do CC/1916, que foi apreciado pelo STJ.
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da fiação elétrica e tivesse recomendado o uso de “velas” para iluminação, o comodatário não 
pode ser indenizado pela benfeitoria, pois essa avaria era prevista (o que afasta a extraordi-
nariedade da benfeitoria).
Concessão Generosa de Prorrogação do Prazo de Pagamento
À luz do art. 372 do CC, a concessão obsequiosa de um prazo adicional para o pagamento 
de uma dívida (prazo de favor) não implica renúncia ao direito do credor de utilizar essa dívida 
para, por meio da compensação, extinguir outra. Seria realmente injusto que o beneficiário da 
benesse pudesse executar judicialmente o generoso por uma outra dívida que este eventual-
mente tivesse, sem que este, em defesa, opusesse a compensação. A concessão de um prazo 
de favor afasta a mora (juros moratórios, multas etc.), mas jamais o direito de o credor valer-se 
da obrigação dilatada para invocar a compensação.
Responsabilidade Civil do Generoso
De genialidade notável, o art. 392 do CC somente responsabiliza o generoso por danos 
causados por dolo nos contratos. Ao não poupar o generoso de riscos jurídicos decorrentes 
de culpa, o preceito estimula a que as pessoas sigam na prática da filantropia, prática que, 
embora não lhes renda proveito econômico, celebra outros valores da vida. Se, por exemplo, 
um generoso oferece um almoço a amigos (contrato gratuito de fornecimento de alimentos), 
jamais estes poderão pedir indenização na hipótese de encontrarem um “bicho” no prato, salvo 
se o anfitrião tiver agido com dolo. A propósito disso, conta-se que, por volta de 1950, um res-
taurante famoso no Rio de Janeiro vivia lotado por cobrar um valor irrisório – quase de graça 
– pelo buffet de almoço (o equivalente a R$ 1,00). Um dos assíduos frequentadores encontrou 
uma pata de barata no seu prato durante o almoço e, amparado por provas testemunhais, ajui-
zou ação de indenização por danos morais. O juiz julgou improcedente o pedido em sentença 
de dois parágrafos: “Quem come barato come barata” (1º parágrafo); “Julgo improcedente o 
pedido” (2º parágrafo).
A jurisprudência, porém, distorce esse inteligentíssimo art. 392 do CC e tende a admitir que 
não seria apenas o dolo, mas também a CULPA GRAVE, que autorizaria a responsabilização 
civil do generoso.
É o que acontece quando alguém dá uma “carona” a outra pessoa. O transportador res-
ponde por danos causados ao “carona” quando houver culpa grave (Súmula 145/STJ). Di-
rigir embriagado, por exemplo, inclui-se no conceito de culpa grave, obrigando o motorista 
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a responder pelos danos sofridos pelo passageiro. Temos por indevida a orientação do 
STJ, pois, além de violar o art. 392 do CC, pune exageradamente o motorista generoso, 
concede proteção exagerada ao beneficiário da liberalidade, despreza o risco que deve 
assumir quem preferiu um proveito gratuito a arcar com os custos de um serviço oneroso, 
desestimula a solidariedade e frustra políticas públicas de “caronas solidárias”. Temos que 
o adequado é responsabilizar o generoso apenaspor dolo, conceito que não deve abranger 
a culpa grave.
Pior ainda é o que acontece no caso de empréstimo gratuito de veículo. O STJ chega ao 
cúmulo de responsabilizar o dono do veículo objetivamente, ou seja, independentemente de 
culpa. Por força da teoria da guarda da coisa – que impõe responsabilidade civil objetiva ao 
proprietário de coisa perigosa que foi utilizada por terceiros para causar danos –, o dono do 
veículo responde solidária e objetivamente pelos danos causados pelo motorista a quem foi 
emprestado gratuitamente o veículo. Assim, quem empresta um carro poderia ser condenado 
a pagar uma fortuna de indenização, que poderia abranger até mesmo pensão alimentícia 
indenizatória, pelo simples fato de ter sido generoso ao emprestar um veículo a quem ti-
nha habilitação para dirigir. Veja este julgado:
ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE BENÉVOLO. VEÍCULO CONDUZIDO POR UM 
DOS COMPANHEIROS DE VIAGEM DA VÍTIMA, DEVIDAMENTE HABILITADO. RESPON-
SABILIDADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO AUTOMÓVEL. RESPONSABILIDADE 
PELO FATO DA COISA.
– Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde obje-
tiva e solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o 
acidente, pouco importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, 
ou que o transporte seja gratuito ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um 
veículo perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados a 
terceiros.
– Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica solidaria-
mente responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus 
semelhantes.
Recurso especial provido.
(STJ, REsp 577.902/DF, 3ª T., Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, DJ 28/08/2006).
Temos por indevido esse entendimento por violar o art. 392 do CC, por aplicar a teoria 
da guarda para um objeto popular que não pode ser tido por perigoso para esse efeito, por 
desprezar que é o Estado quem credencia os motoristas e por desencorajar a generosida-
de. No máximo, temos por aceitável aceitar que, à luz da referida teoria, a responsabilida-
de civil do proprietário deveria restringir-se à reversão do veículo em favor da vítima até 
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o limite do valor da indenização devida, sem obrigação de pagar valor excedente. A ideia 
seria considerar o veículo como que onerado por um penhor legal em garantia dos danos 
sofridos por terceiros.
Cessão de Crédito e Existência do Crédito
Conforme art. 295 do CC, o cedente responde pela existência do crédito na cessão onero-
sa, independentemente de culpa ou dolo. Se, porém, a cessão for gratuita, o cedente generoso 
só responde por dolo. Essa regra harmoniza-se com a lógica de justiça da tutela da gratuidade 
e se afina com as disposições relativas à evicção (art. 447, CC) e à responsabilidade civil do 
generoso (art. 392, CC).
2.2.2. Princípio da Garantia e Princípio da Comutatividade: Fundamentos da 
Evicção e dos Vícios Redibitórios
Em contratos onerosos comutativos, o transferente de uma coisa deve garantir a higidez da 
coisa transferida e do direito sobre essa coisa, conforme o princípio da garantia. Isso decorre 
da necessidade de proteger a equivalência econômica entre a prestação e a contraprestação 
nesses contratos onerosos comutativos, consoante o princípio da comutatividade. Esses prin-
cípios não se aplicariam em contratos gratuitos nem nos contratos onerosos aleatórios (ao 
menos quanto aos seus elementos aleatórios). É que, no contrato aleatório, parte dele pode 
ser comutativo e parte pode ser aleatório: os vícios redibitórios recairiam sobre a primeira par-
te apenas, conforme enunciado n. 583/JDC: “O art. 441 do Código Civil deve ser interpretado 
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no sentido de abranger também os contratos aleatórios, desde que não abranja os elementos 
aleatórios do contrato”.
Os vícios redibitórios e a evicção são dois efeitos decorrentes dos contratos onerosos 
comutativos e decorrem dos mesmos fundamentos principiológicos: o princípio da garantia e 
o princípio da comutatividade. É que, nesses casos, o transferente da coisa tem de garantir a 
inexistência de vícios na coisa (vícios redibitórios) e regularidade do direito de propriedade so-
bre essa coisa (evicção)6. Trata-se de direito do adquirente em respeito ao equilíbrio da comu-
tatividade das prestações e, portanto, independe de o transferente estar de boa-fé ou de má-fé, 
de ter tido culpa ou não. Se houver má-fé do transferente, isso apenas agravará a sua situação, 
pois, além das consequências dos vícios redibitórios e da evicção, terá de suportar o dever de 
indenizar as perdas e danos adicionais. A má-fé aí é a ciência efetiva do alienante quanto ao 
vício da coisa (art. 443 do CC) ou à irregularidade no direito de propriedade (incidência, por 
analogia, do art. 443 do CC).
Daí decorre que, na evicção e no vício redibitório, as desconformidades na própria coi-
sa (vício redibitório) ou no direito sobre ela (evicção) têm de ser preexistentes (anteriores!) 
à transferência da coisa. Problemas posteriores na higidez da coisa ou do direito sobre ela é 
risco apenas do adquirente. Se, por exemplo, o veículo adquirido se avaria por um problema 
no motor surgido após a aquisição, o prejuízo é inteiramente do adquirente. Todavia, se o vício 
no motor era anterior à aquisição, o prejuízo tem de ser suportado pelo alienante em nome da 
teoria dos vícios redibitórios.
2.2.3. Vícios Redibitórios
Definição
6 Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 128) faz certeiro arrazoado com apoio em Arnoldo Wald.
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Aluno(a), veja esta questão:
002. (FCC/AUDITOR/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/2018) A responsabilidade do alienante 
subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já exis-
tente ao tempo da tradição.
A garantia do vício redibitório subsiste mesmo se a coisa perecer por conta do vício oculto que 
havia no momento da entrega da coisa (art. 444, CC). É claro: se compro uma bicicleta com 
defeito no “quadro”, eu posso me servir do vício redibitório mesmo a bicicleta se esfarelar por 
conta desse defeito no “quadro”.
Certo.
003. (FCC/ANALISTA/DPE-AM/2018) Não se aplica às doações onerosas, por expressa pre-
visão legal, nenhuma disposição relativa aos vícios redibitórios.
O gabarito é “errado” por conta do parágrafo único do art. 441 do CC.
Errado.
Vamos explicar mais.
Vício redibitório é uma inadequação oculta e relevante de uma coisa entregue em virtude 
de um contrato oneroso comutativo (arts. 441 ao 446 do CC). Diz-se redibitório, porque, em 
princípio, o vício garante ao prejudicado o direito de redibir (= tornar sem efeito, fazendo as 
partes voltarem ao status quo ante e ter de volta o estado anterior7) o negócio, na forma da lei. 
A nomenclatura “vício redibitório” enfatiza a consequênciada redibição (do desfazimento do 
contrato), mas a lei admite também que o adquirente pleiteie o abatimento do preço e conserve 
o contrato. Leia os seguintes dispositivos que tratam do vício redibitório.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defei-
tos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
7 Redibitório vem do latim “redhibitor”, que significa quem obriga outrem a receber de novo um bem vendido e que envolve o 
prefixo “re-“, que significa “de novo”, e o verbo “habere”, que corresponde a “haver”. No mesmo sentido, redibir vem de “redhi-
bere”, que é igual a “re-habere”, que envolve a ideia de “reaver”. Redibir um contrato é, portanto, fazer as partes voltarem ao 
status quo ante: é fazer o comprador ter de volta o dinheiro pago pelo bem; é permitir ao comprador reaver (“re-habere”) o 
preço pago. O art. 442 do CC emprega o verbo “redibir o contrato” nesse sentido (Nader, 2016, p. 149).
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Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar aba-
timento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas 
e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, 
se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de 
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava 
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do 
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de 
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabele-
cidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo 
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas 
o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, 
sob pena de decadência.
Os vícios redibitórios são uma garantia legal de qualidade do bem adquirido.
Os vícios redibitórios estendem-se para contratos de doação onerosa, também chamada 
de doação com encargo, até o valor do encargo, pois, nesse caso, inexiste uma pura liberalida-
de até esse valor (arts. 441, parágrafo único, e 540 do CC). Se o donatário gasta R$ 30.000,00 
para cumprir um encargo vinculado a uma doação de um carro de R$ 100.000,00, é aplicável 
as garantias de vício redibitório até 30% do valor da coisa doada, pois, até aí, não houve pura 
liberalidade. Se fosse uma pura liberalidade – como numa doação pura –, não se aplicaria a 
garantia dos vícios redibitórios.
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Requisitos
Não é qualquer inadequação que enseja os vícios redibitórios; os vícios hão de atender a 
estes requisitos: (1) vício oculto, ou seja, um vício que não poderia ter sido percebido pelo ad-
quirente levando em conta o padrão de um homem médio; (2) vício relevante, assim entendido 
aquele que torna imprópria a coisa ou reduz-lhe o valor. Assim, por exemplo, quem compra um 
veículo e não percebe que ele está com a lataria a amassada, não poderá alegar vício redibi-
tório, pois esse vício é evidente. Se, porém, o veículo adquirido passa a revelar problemas no 
motor (como a perda de força na aceleração), esse defeito pode ser tido por oculto, porque não 
era perceptível no momento da compra por um indivíduo de diligência média, que não costuma 
fazer um check-up técnico em todas as peças do veículo.
A legítima expectativa, que decorre da boa-fé objetiva, deve ser levada em conta na 
definição do que seja o vício. Ademais, o vício pode ser uma inadequação de qualidade ou 
de quantidade, como na hipótese da compra de uma garrafa de vinho que, embora tenha 
uma tarja indicativa de 3 litros, só possui 2 litros: isso também deve ser considerado um 
vício oculto.
Em diálogo das fontes, é possível tomar emprestado o § 1º do art. 12 do CDC e o caput dos 
arts. 18, 19 e 20 do CDC para complementar o Código Civil nesse ponto. Assim, por exemplo, 
quem compra um carro usado não pode alegar vício redibitório em razão de a correia dentada 
romper, pois a legítima expectativa de quem compra carro usado é que as peças do veículo po-
dem estar às vésperas de serem trocadas em razão do desgaste natural. Não há vício algum; 
o veículo comprado era usado, com peças desgastadas que eventualmente estão nos seus 
últimos dias uso.
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Distinção em Relação ao Erro, ao Inadimplemento e à Responsabilidade Civil
Não se confunda o vício redibitório com o erro, que é hipótese de anulabilidade do ne-
gócio jurídico. Se alguém se engana e escolhe comprar um carro danificado, aí haverá erro, 
apto a gerar a anulação. Se, porém, alguém compra um carro usado que esteja sendo vendi-
do sem notícia alguma acerca da existência de avarias, presume-se que o comprador está 
pagando o preço compatível com essa condição sã do veículo, de maneira que a existência 
de vício oculto rompe a comutatividade das prestações e autoriza a incidência dos vícios 
redibitórios.
Vicio redibitório não é inadimplemento contratual, pois não diz respeito a uma entrega de 
coisa diversa da pactuada, e sim a uma entrega da coisa pactuada com um vício oculto. As-
sim, se alguém compra um veículo de ano 2020 e recebe um de ano 2019, tem-se inadimple-
mento contratual por se tratar de entrega de coisa diversa da pactuada. Se, porém, no referido 
exemplo, há a entrega do veículo 2020, mas este possui um vício oculto no motor, ter-se-á 
vício redibitório8. Além disso, o inadimplemento pressupõe culpa do devedor, ao contrário do 
vício redibitório, que independe de culpa do transferente por decorrer apenas da onerosidade 
do contrato.
Igualmente, vício redibitório não é responsabilidade civil, pois esta última decorre da viola-
ção de um inadimplemento contratual e pressupõe a existência de dano. Vício redibitório não 
é um inadimplemento contratual, e sim uma garantia legal de qualidade do bem transferido 
ao adquirente. A propósito, o vício redibitório pode ser coexistir com a responsabilidade civil: 
se o alienante sabia do vício oculto, ele comete ato ilícito e passa a ter de indenizar os danossofridos pelo adquirente (responsabilidade civil), sem prejuízo de suportar as consequências 
dos vícios redibitórios.
8 Didático é um exemplo similar de Farias e Rosenvald (2015, p. 465) utilizando motocicletas de anos diferentes.
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Contratos em Geral – Parte III
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Direitos do Adquirente: Consequência dos Vícios Redibitórios
Aluno(a), veja esta questão:
004. (FCC/AUDITOR/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/2018) Como a responsabilidade pelo 
vício redibitório é objetiva, o alienante do bem restituirá o valor recebido com perdas e danos, 
conhecendo ou não o defeito da coisa por ocasião da alienação.
O gabarito é “errado”, pois só há esse dever de pagar perdas e danos se o alienante sabia do 
vício, ou seja, se estava de má-fé (art. 443, CC).
Isso cai demais. Olha uma pergunta similar em outro concurso público na questão a seguir.
Errado.
005. (FCC/ANALISTA/DPE-AM/2018) Se o alienante conhecia o vício da coisa, restituirá ao 
adquirente o que recebeu sem perdas e danos.
O gabarito é “errado” pelo mesmo motivo acima.
Errado.
006. (FCC/ANALISTA/DPE-AM/2018) O adquirente da coisa viciada poderá se valer de uma 
das ações edilícias.
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Contratos em Geral – Parte III
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DIREITO CIVIL
O gabarito é “correto”, pois as ações edilícias correspondem aos direitos que o evicto tem, con-
forme explicaremos abaixo.
Certo.
Vamos explicar mais a matéria.
Havendo vício redibitório, o adquirente pode servir-se de um dos seguintes direitos: (1) re-
solução do contrato, assim entendido a cessação da eficácia do contrato e o retorno ao status 
quo ante com a devolução da coisa e do preço, ou (2) o abatimento do preço proporcionalmen-
te ao vício.
O direito de resolução pode ser exigido por meio de uma ação chamada de “ação redibitó-
ria”, ao passo que o abatimento se reivindica por meio da “ação quanti minoris”, também chama-
da de “ação estimatória”. Ambas as ações são espécies de “ações edilícias”, assim designadas 
porque, na Roma Antiga, os pretores que julgavam casos envolvendo fraudes praticadas no 
mercado mediante astutas vendas de produtos com defeitos ocultos eram chamados de edis 
curuis (aedilis curules)9. Na Antiguidade, havia pouca confiança nos mercadores, o que foi espa-
ço fértil para o desenvolvimento das ações edilícias (Rosenvald, 2015, p. 461). Do ponto de vista 
do processo civil, em nome do princípio da substanciação, o nome da ação é irrelevante; o que 
importa é o procedimento. Desse modo, as ações edilícias adotaram, em regra, o procedimen-
to comum no CPC, e a petição inicial poderá nominar a ação de modo diverso sem prejuízos 
processuais.
Além do mais, se o alienante sabia do vício oculto, a sua má-fé adiciona-lhe o dever de in-
denizar perdas e danos sofridos pelo adquirente (art. 443, CC).
Vício Redibitório em Hasta Pública
9 A lembrança é de Flávio Tartuce (2018, p. 214) com apoio em José Fernando Simão.
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DIREITO CIVIL
O CC é silente em relação ao cabimento do vício redibitório para bens adquiridos em 
hasta pública, embora, para a evicção, tenha sido expresso em admiti-la (art. 447, CC). En-
tendemos que o silêncio foi proposital, pois, na hasta pública, o risco de a coisa ter vício 
oculto é um dos fatores que empurra o preço da coisa para abaixo da média do mercado, 
atraindo mais interessados. Esse risco deve ser assumido pelo arrematante, que geralmen-
te está a pagar um valor mais generoso pelo produto. Não importa se, ao final da hasta pú-
blica, a arrematação acabou saindo por um valor superior ao de mercado: os concorrentes 
avaliaram a coisa sabendo do risco de ela ter algum vício oculto. Há um caráter aleatório na 
compra feita em hasta pública: o adquirente assume o risco de a coisa possuir algum vício 
oculto. Em evicção, porém, o legislador sabiamente não deixou que o adquirente assumis-
se o risco de o direito de propriedade sobre a coisa estar com algum vício, razão por que, 
no art. 447 do CC, expressamente estabeleceu a incidência da evicção em aquisições de 
bens em hasta pública. Em outras palavras, em hasta pública, o adquirente assume o risco 
em relação à higidez da coisa, mas não em torno do direito de propriedade sobre a coisa. 
Portanto, a nosso sentir, não cabem os vícios redibitórios em hasta pública, quer esta tenha 
ocorrido por ordem judicial, quer ela decorra de um procedimento extrajudicial. Toma-se 
aqui a expressão “hasta pública” em sentido amplo, para abranger os leilões extrajudiciais 
ou judiciais.
Há, porém, compreensões diversas na doutrina, como, por exemplo, a que defende que 
o vício redibitório só seria aplicável no caso de leilões extrajudiciais diante da natureza 
contratual dessa forma de alienação, de maneira que, no caso de leilão judicial, o caráter 
impositivo dele afastaria a possibilidade de alegação de vício redibitório. Nesse sentido 
estão Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2015, pp. 461-462).
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Decadência
Aluno(a), veja esta questão:
007. (FCC/ANALISTA/DPE-AM/2018) Tratando-se de venda de animais, não se caracterizam 
vícios redibitórios.
A garantia de vício redibitório vale para qualquer bem, embora, no caso de animais, o prazo 
decadencial tem tratamento peculiar na forma do § 2º do art. 445 do CC.
Errado.
008. (FCC/ANALISTA/DPE-AM/2018) O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel.
O prazo decadencial para bens móveis é de 30 dias (art. 445, CC).
Errado.
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DIREITO CIVIL
Vamos explicar melhor o tema.
O direito do adquirente a valer-se das ações edilícias se extingue se não for exercido dentro 
do prazo decadencial disciplinado nos arts. 445 e 446 do CC.
Em regra, o prazo é de apenas 30 dias se a coisa for móvel e é de 1 ano se for imóvel. Esses 
prazos, porém, caem pela metade, se o adquirente já tinha a posse do bem no momento da 
alienação, como na hipótese de um inquilino que adquire o imóvel: a decadência aí será de 6 
meses. Essa redução se justifica, porque, antes da alienação, o adquirente já poderia ter iden-
tificado os vícios do bem por estarcom a posse dele.
O termo inicial do prazo decadencial é a data da entrega efetiva do bem, pois só a partir 
dela o adquirente poderá efetivamente experimentar o bem e identificar eventual vício oculto.
Se, todavia, o adquirente já estava na posse do bem quando da alienação, o prazo começa-
rá a fluir da “data da alienação”. No caso de bens imóveis, embora a alienação só ocorra efeti-
vamente com o registro, entendemos que a data da celebração do contrato já deve ser consi-
derada como “data de alienação” para efeito de fixação do termo inicial do prazo decadencial. 
Não importa se o contrato é preliminar, como uma promessa de compra e venda, ou se ele é 
definitivo, como no contrato de compra e venda, pois a sua celebração representa o que con-
sideramos suficiente para esse feito: a manifestação de vontade a favor da alienação do bem.
Se o vício for de difícil constatação, o termo inicial será a data da ciência do vício. Todavia, 
para evitar arguições de vício redibitório após longo tempo da aquisição da coisa, essa ciência 
do vício tem de ocorrer no prazo máximo de 180 dias para bens móveis e de 1 ano para os 
imóveis (art. 445, § 1º, CC).
Se o bem for um animal – que é um bem móvel –, o prazo será o previsto em lei especial 
ou, na falta desta, pelo costume (usos locais). Se não houver costumes, aí sim se aplicarão o 
prazo de 30 dias previsto no CC. O legislador reconhece que a dinâmica da venda de animais 
varia em cada local e em cada espécie de animais, conforme § 2º do art. 445 do CC. No caso 
de compra de animais – como em cavalos –, é comum o comprador fazer exames veterinários 
para identificar a existência de eventual problemas de saúde no animal, pois, com a tradição, 
o vendedor fica totalmente isento de qualquer arguição de vício redibitório: o prazo de vício 
redibitório, nesse caso, é de “zero dia”. Essa é a praxe na venda de cavalos, apesar de estes 
serem animais de elevadíssimos valores (comparáveis a preço de apartamentos), e deve ser 
respeitada para efeito de vício redibitório.
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Prazo diante de Cláusula de Garantia
Havendo cláusula contratual estabelecendo um prazo de garantia, o adquirente terá dois 
prazos de garantia: o prazo legal dos vícios redibitórios (que é uma garantia legal) e o prazo 
contratual de garantia.
Em primeiro lugar, flui o prazo da garantia contratual; depois, começa o da garantia legal. A 
garantia, portanto, fica estendida.
Em outras palavras, a garantia contratual é uma causa impeditiva da fluência do prazo de 
decadência da garantia legal: o art. 446 do CC estabelece essa causa impeditiva.
Há, porém, um contrabalanço a esse benefício dado ao adquirente: ao descobrir um vício 
no bem, o adquirente tem o dever de comunicá-lo ao alienante no prazo de trinta dias dessa 
descoberta, sob pena de decadência. Há bônus, mas também ônus. A razão de ser desse prazo 
decadencial de 30 dias para comunicação do vício é exigir que o adquirente que está benefi-
ciando-se da garantia estendida dê a oportunidade de o alienante rapidamente tomar ciência 
do vício e eventualmente evitar prejuízos maiores mediante a sua reparação (art. 446, CC).
Por fim, faça-se uma ressalva. No quotidiano, é comum que os alienantes ofereçam um 
prazo de garantia, acreditando que o prazo legal seria absorvido, e não somado. Entendemos 
que, salvo disposição diversa, vigora a regra do art. 446 do CC: o prazo de garantia contratual 
é somado ao legal.
É possível, porém, que as partes afastem essa regra do CC, pois não se trata de norma de 
ordem pública, desde que se respeite o prazo mínimo de decadência legal em razão da veda-
ção de renúncia à decadência legal (art. 209, CC).
Assim, se a cláusula contratual afirma que “o alienante concede 1 ano e 6 meses de 
garantia contra vícios ocultos no imóvel”, não houve afastamento da regra do art. 446 do 
CC: o adquirente terá esse prazo contratual mais o de 1 ano decorrente da garantia legal 
para imóveis.
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DIREITO CIVIL
Se, porém, a cláusula contratual afirma que “o alienante concede 1 ano e 6 meses de ga-
rantia contra vícios ocultos no imóvel com inclusão da garantia legal”, a regra do art. 446 do CC 
está afastada: o adquirente só terá 1 ano e 6 meses, sendo que 1 ano daí corresponde ao prazo 
legal e o semestre restante correspondente ao prazo contratual. Na interpretação dos contra-
tos, a intenção das partes é mais importante do que o sentido literal das palavras (art. 112, CC).
2.2.4. Evicção
Definição
No vernáculo, evencer é verbo arcaico que significa “despojar”, “arrancar”, “arrebatar”. No 
Direito Civil, evicção é a perda da coisa por motivo preexistente à aquisição. É o instituto ju-
rídico consistente na perda da coisa por sentença judicial ou por ato administrativo, que a 
atribui a outrem, tido por titular, por causa jurídica preexistente ao contrato. Evicção é, pois, o 
arrebatamento da coisa em prol de terceiro por sentença ou ato administrativo fundado em 
motivo jurídico anterior. O tema está disciplinado nos arts. 447 e seguintes do CC, cujo teor 
merece leitura:
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda 
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade 
pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito 
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele 
informado, não o assumiu.
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DIREITO CIVIL
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço 
ou das quantias que pagou:
I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da 
evicção;
III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que 
se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, 
exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a 
indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas 
pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o 
valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisãodo con-
trato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, 
caberá somente direito a indenização.
Art. 456. Revogado
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
Se, por exemplo, compro um imóvel de alguém que estava prenhe de dívidas e essa venda 
vem a ser anulada por fraude contra credores, eu perderei o imóvel por um motivo preexistente 
ao contrato de compra e venda, ou seja, eu sofrerei a evicção em prol do credor do vendedor.
Na evicção, estão envolvidos os seguintes sujeitos: a) alienante: o que transferiu a coisa 
ao evicto; b) evicto, evencido ou adquirente: o que perdeu a coisa; c) evictor ou evencente: o 
terceiro que reavê a coisa.
Aplicabilidade
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DIREITO CIVIL
A evicção aplica-se nos contratos onerosos (art. 447, CC). A título de exemplo, pode-se fa-
lar em evicção no caso de sócio que integraliza capital social com bens transmitidos responde 
pela evicção (art. 1.005 do CC). Aplica-se também no contrato típico de transação, que é um 
contrato oneroso (art. 845, CC).
Não há falar em evicção em contratos gratuitos, como na doação pura e simples, conforme 
art. 552 do CC, pois a intenção do doador não pode ser interpretada extensivamente para pre-
sumir a sua intenção em indenizar o donatário no caso de perda da coisa. Nada impede, porém, 
que as partes pactuem expressamente a evicção no contrato de doação.
No caso de doação modal (=onerosa, com encargo) ou na doação remuneratória, é cabível 
a evicção até o limite do valor do encargo ou do serviço prestado gratuitamente, pois só no 
que exceder a esse valor haverá pura liberalidade (art. 540, CC). Assim, por exemplo, em uma 
hipótese de evicção de carro doado sob o encargo de que donatário leve filho do doador todos 
os dias ao colégio, caberia ao donatário servir-se do instituto da evicção para reaver o valor que 
despendeu com a execução do encargo até a data da perda do veículo.
Em se tratando de doação propter nuptias, o art. 552 do CC expressamente exclui a evicção 
nos casos de contratos de doação, como regra. Admite, no entanto, a evicção nas doações 
para casamento com certa e determinada pessoa (doação propter nuptias), salvo pacto diver-
so, pois, nesses casos, a perda da coisa derrui o respaldo patrimonial que a doação propter 
nuptias propiciou ao donatário na decisão de casar.
Por fim, na dação em pagamento, alerte-se que o art. 359 do CC expressamente prevê a 
evicção: afinal de contas, trata-se de uma transmissão onerosa da coisa (como pagamento de 
uma dívida).
Evicção e Hasta Pública
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009. (FCC/AUDITOR/PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA/2018) nos contratos onerosos, o alienante 
responde pela evicção, salvo se a aquisição se houver realizado em hasta pública, quando en-
tão não subsiste a garantia.
A hasta pública não afasta a evicção.
Errado.
Vamos explicar o tema.
A hasta pública não afasta a evicção. Trata-se de texto expresso e inédito do CC de 2002 
(art. 447 do CC). A venda em hasta pública não deixa de ser um contrato oneroso, com a única 
diferença de que o vendedor é forçado a tanto por meio de um sub-rogação judicial (“o juiz en-
tra no lugar do vendedor para vender o produto”).
A responsabilidade pela evicção é direta do executado, de sorte que o arrematante poderá 
vir a juízo reclamar dele os direitos decorrentes da evicção.
É controverso, porém, saber se o exequente também responde. Não há nada certo na dou-
trina e na jurisprudência e, por isso, exporei minha opinião pessoal. Entendo que o exequente 
responde, porque ele satisfez o seu crédito a partir de uma coisa inapta juridicamente para a 
hasta pública. E não existe lei expressa atenuando-lhe a responsabilidade para se tornar sub-
sidiária. Tanto o executado quanto o exequente podem ser demandados solidariamente, pois 
foram coautores do dano causado ao arrematante (art. 942, parágrafo único), CC.
Em sentido diverso do nosso, Flávio Tartuce, com suporte em Alexandre Freitas Câmara, 
entende que a responsabilidade do exequente é subsidiária (Tartuce, 2007, p. 201).
Quanto ao Estado, ele não responde pela evicção do bem alienado em hasta pública por 
falta de previsão legal: o juiz não foi o culpado pela evicção.
Por fim, alertamos que, na Justiça do Trabalho, a jurisprudência tende a ignorar o texto do 
art. 447 do CC e as hastas públicas feitas por ordem de juízes trabalhistas são consideradas 
aquisições originárias da propriedade, o que afasta o risco de evicção. De qualquer sorte, trago 
essa notícia apenas por alto. Se você tiver de estudar também processo do trabalho prova-
velmente com o amigo Professor Gervásio, você irá aprofundar mais esse tema. Deixo aqui 
apenas essa notícia de passagem mesmo.
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Deveres do Alienante por Conta da Evicção (Arts. 450 e 453, CC)
Restituição do Preço da Coisa
Ocorrida a evicção, o alienante assumirá o dever de restituir valor integral pago pelo ad-
quirente. O STJ entende de forma abrangente essa obrigação de restituição integral de preço, 
para fixar que o montante corresponde ao preço do bem ao tempo da evicção, e não a simples 
devolução do que foi pago, ainda que corrigido monetariamente. Veja este julgado:
Indenização. Perdas e danos. Evicção.
Perdida a propriedade do bem, o evicto há de ser indenizado com importância que lhe 
propicie adquirir outro equivalente. Não constitui reparação completa a simples devolu-
ção do que foi pago, ainda que com correção monetária.
(STJ, REsp 248.423/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ 19/6/2000).
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A razão de ser disso é a necessidade de garantir ao evicto a possibilidade de adquirir um 
outro bem similar. Entendemos não importar se o bem se desvalorizou ao tempo da evicção, 
pois não se pode prestigiar o enriquecimento sem justa causa. Ademais, entendemos que, no 
cálculo do preço da coisa ao tempo da evicção, não se pode levar em conta deteriorações cau-
sadas na coisa, salvo se decorrerem de dolo do evicto (art. 451 do CC).
Outras Verbas
O alienante deve indenizar os frutos que o evicto teve de restituir ao evictor. Por exemplo, 
na ação de evicção, o evicto pode ter sido condenado a indenizar ao evicto pelos aluguéis per-
cebidos (frutos civis), caso em que o alienante terá de reembolsar o evicto.
Cumpre-lhe, ainda, indenizar as despesas do contrato e os prejuízos decorrentes

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