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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA X VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ/RJ. GERSON, brasileiro, solteiro, médico, inscrito no CPF sob o Nº XXX, RG Nº XXX, com endereço eletrônico XXX, residente e domiciliado na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, Vitória/ES, cep xxx, por seu advogado abaixo assinado, com endereço profissional na na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, cidade xxx, cep xxx, com fulcro no artigo 319, II e artigo 77, V do CPC, vem, perante Vossa Excelência propor AÇÃO PAULIANA em face de BERNARDO, brasileiro, viúva, inscrito no CPF sob o Nº XXX, RG Nº XXX, com endereço eletrônico XXX residente e domiciliada na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx Salvador /BA e JANAINA, menor, representada por sua GENITORA, brasileira, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o Nº XXX, RG Nº XXX, com endereço eletrônico XXX residente e domiciliada na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx Salvador /BA pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. DA JUSTIÇA GRATUITA A Promovente pleiteia a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser hipossuficiente na forma da lei, e não ter condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos do art. 98, CPC. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO A Promovente manifesta interesse na realização de audiência de conciliação, por pretender buscar meios de solucionar o litígio de forma mais rápida e amigável, nos termos do art. XX, CPC. DOS FATOS O autor declara e comprova dívida em nota promissória, constando o valor de R$ 80.000,00 vencida em 10/10/2016 perante o réu Bernardo. Após o vencimento da dívida não foi constatado o pagamento da mesma. Ocorre que o réu efetuou doação de seus imóveis localizados na cidade de Aracruz/ES e em Linhares/ES para sua filha Janaína, menor impúbere, residente em Macaé/RJ juntamente com sua genitora, ressaltando-se que um dos imóveis está alugado para terceiro. Ainda, no contrato de doação fora inserida cláusula de usufruto em favor do próprio réu, como também cláusula de incomunicabilidade como constata na certidão de ônus reais. Salienta-se que as dívidas ultrapassam o valor de R$ 400.000,00. DOS FUNDAMENTOS Ante os fato expostos, sendo caracterizada a má fé do réu em esvaziar o patrimônio para tentar defraudar o autor com o não pagamento da dívida, com fulcro no art. 104, I e II, e art. 159, ambos do Código Civil. Assim, o ato lesivo praticados contra o autor, qual seja, a doação realizada por Bernardo a Janaina, enseja a presente ação, sendo uma ação pauliana, de anulação do ato lesivo aos interesses dos credores, tornando-o inoponível ao credor fraudado, o qual poderá agir, na defesa do seu crédito, sobre o bem ou bens transferidos do patrimônio do devedor para o de terceiro, partícipe da fraude Requer a anulação do negócio jurídico de doação, art. 171, I e II do Código Civil pela explícita violação do vício da boa-fé objetiva fundamentada no art. 113 do CC usando de má fé com intuito de enganar a parte autora. Ainda, conforme disposição no art. 158 do CC: “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.” A Jurisprudência assevera vigorosamente que a doação na iminência de vencimento de dívida caracteriza a má-fé, no intuito de esvaziamento de patrimônio, afigurando-se o vício que macula o ato: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO: APL 00022122419988190207 RIO DE JANEIRO ILHA DO GOVERNADOR REGIONAL 2 VARA CIVEL Ementa FRAUDE CONTRA CREDORES - DOAÇÃO NULA - A doação de imóvel pelo devedor aos seus filhos, às vésperas do vencimento do empréstimo levantado junto ao apelado, demonstra inescondível propósito de excluir o bem da excussão judicial constituindo fraude contra credores. A toda evidência, essa manobra configura violação do principio da boa-fé que deve reger a vida das relações. Presume-se insolvente devedor que, após a doação, permanece com um imóvel penhorado e uma dívida vencida há mais de cinco anos. Presentes os requisitos configuradores de fraude, impõe-se a manutenção da sentença. lmprovimento do recurso. Importante indicar que a ação pauliana ou revocatória é por sua natureza jurídica, ação de anulação de ato(s) jurídico(s) lesivo(s) ao interesse de credores. Nesse sentido é o entendimento de José Arnaldo Vitagliano: "No sistema do nosso Direito Civil, a ação pauliana é inquestionavelmente uma ação de anulação; destina-se a revogar o ato lesivo aos interesses dos credores, tem por efeito restituir ao patrimônio do devedor insolvente o bem subtraído, para que sobre o acervo assim integralizado recaia a ação dos credores e obtenham estes a satisfação de seus créditos; em suma, a ação pauliana tende a anulação do ato fraudulento, fazendo reincorporar ao patrimônio do devedor o bem alienado." Sendo assim, faz jus o autor, o acolhimento e a procedência do pedido de anulação do negócio jurídico vicioso, e que lhe seja garantido o direito a satisfação do débito. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) Conceder os benefícios da justiça gratuita, por não poder a Promovente arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento e de seus familiares; b) A designação de audiência de mediação e conciliação; c) Citar o Promovido para comparecer à audiência de conciliação e, em não havendo acordo, intimá-lo para apresentação de contestação no prazo legal; d) Seja julgado totalmente procedente o pedido de anulação do negócio jurídico celebrado pelo réu e sua filha; e) Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, mormente juntada posterior de novos documentos, caso surjam, depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, prova pericial e outras que se fizerem indispensáveis ao deslinde da questão. Dá-se a causa o valor de R$ 300.000,00. Nestes Termos Pede e espera deferimento Local e data Advogado OAB Nº/UF Ariany Viana Silveira
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