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introdução Introdução HIDRÁULICA APLICADAHIDRÁULICA APLICADA ORIFÍCIOS, VERTEDORES EORIFÍCIOS, VERTEDORES E CANAISCANAIS Autor: Prof. José Antônio Colvara de Ol iveira Revisor: Rosalvo Miranda INICIAR Dentro do estudo da Hidráulica, um capítulo importante é dedicado ao conhecimento sobre orifícios, aos vertedores e à condução da água por rios e canais. O comportamento da água ao passar por pequenas aberturas requer um tratamento matemático especial e é utilizado, por exemplo, na ligação entre reservatórios, na indústria petrolífera, entre outros. Já o estudo dos vertedores, decorre do próprio conceito de orifício, considerado sem a parte superior, sendo utilizado para medir vazões ou para levantar o nível da água em barragens. Complementaremos a unidade com o estudo dos canais, que se difere do �uxo em tubulações sob pressão por possuir sempre uma superfície aberta à atmosfera e é utilizado na navegação, na drenagem de águas super�ciais e na agricultura. Orifícios são aberturas na estrutura das paredes de tanques, normalmente utilizadas em reservatórios. Uma contração da veia líquida ocorre quando da passagem da água pelo orifício. Por esse motivo, utiliza-se na fórmula para vazão, um coe�ciente Cd, chamado coe�ciente de descarga, normalmente valendo 0,61. Assim, a fórmula da vazão em pequenos orifícios é: Q = Cd × A × √2 × g × h (eq. 1.1) Onde: Q = vazão (m³/s); Cd = coe�ciente de descarga = 0,61 (adimensional); A = área do orifício (m³); g = aceleração da gravidade (m/s³); h = altura d'água acima do centro do orifício. Esta fórmula é válida para orifícios pequenos (diâmetro menor que 1/10 de h), em paredes esbeltas (espessura da parede menor que 1,5 vezes o diâmetro do orifício). Deve ser considerado, também, o detalhe que, em orifícios pequenos, considera-se que a velocidade em toda a sua dimensão seja a mesma. Para que a vazão não seja alterada, o orifício deve estar afastado das paredes laterais e do fundo, no mínimo, duas vezes a sua menor dimensão. OrifíciosOrifícios Um exemplo seria um projeto de reservatório para água, desejando que a vazão de descarga seja de 3 L/s, através de um orifício circular cujo centro situa-se 2,5 m abaixo da superfície da água. Essa vazão será fornecida através de um canal que irá despejar água de maneira constante no reservatório. Que diâmetro deverá ter esse orifício para que, na vazão máxima dada, não ocorra transbordamento nem esvaziamento do reservatório? A resolução para isso consiste em um caso que a vazão do orifício deverá ser igual à vazão de descarga. O diâmetro será calculado após saber a área do orifício. Q = Cd × A × √2 × g × h (3 /1000) = 0, 61 × A × √2 × 9, 81 × 2, 5 A= 0,000702 m² Como A = πD2 4 , �camos com D= 0,03 m ou 30 mm . Ori�ícios Interligando Reservatórios - Ori�ícios Afogados Para orifícios afogados, normalmente encontrados quando fazem a conexão entre dois reservatórios, a fórmula utilizada é a mesma vista acima. A peculiaridade é que a altura h deve ser obtida através da diferença de alturas à montante e à jusante do orifício. Q = Cd × A × √2 × g ×(h1 − h2) Esse estudo e toda a sua derivação é frequentemente utilizado em toda a indústria que produz líquidos e, de alguma maneira, armazena-os, com a consequente necessidade de Figura 4.1 - Orifício Afogado, ligando dois reservatórios Fonte: Elaborada pelo autor. transferência reservatórios. Ori�ícios de Grandes Dimensões Para orifícios em que o diâmetro seja maior que 1/10 da altura d'água, já não se pode considerar como possuindo velocidade igual em toda sua extensão vertical. Figura 4.2 - Orifícios de grandes dimensões Fonte: Elaborada pelo autor. Nesses casos, utiliza-se a fórmula: Q = 2 3 Cd × A × √2 × g × h3 / 22 − h 3 / 2 2 h2 − h1 Ori�ícios com Contração Incompleta do Jato Nos casos em que os orifícios encontram-se próximos ou juntos às paredes do tanque ou ao fundo, o jato sofre alterações em sua contração, e a fórmula para o cálculo deve levar em consideração uma correção no coe�ciente de descarga, agora chamado de Cd’. Essa correção passa a ter a con�guração: Cd’ = (1+0,15K) x Cd, para orifício retangulares, e Cd’ = (1+0,13K) x Cd, para orifício circulares. Para orifícios retangulares: K é dado pelo quociente entre soma dos lados em que há modi�cação na contração e o perímetro total do orifício. Para orifícios circulares: K = 0,25 para orifícios que se encontram junto a uma parede lateral ou junto ao fundo e K = 0,50 para orifícios junto ao fundo e a uma parede lateral. Um exemplo seria a construção de um reservatório que, para seu extravasamento, terá um orifício retangular, medindo 0,05 m de altura por 0,157 m de largura. O orifício será instalado junto ao fundo e afastado das duas paredes laterais. Considere que a altura de água acima do centro do orifício é de 2,5 m. Calcule a vazão que irá �uir através do mesmo. A resolução para esse caso seria um orifício que está junto ao fundo, havendo modi�cação da contração. Portanto, calculamo-no K = 0 , 1157 0 , 05 + 0157 + 0 , 5 = 0, 611. Como se trata de orifício retangular: Cd’ = Cd (1+0,15K) = 0,61 (1+0,15x0,611)=0,666. Calculando a vazão temos: Q = C′d × A × √2 × g × h Q = 0, 666 × (0, 05 × 0, 157) × √2 × 9, 81 × 2, 5 Que resulta em Q = 0,037 m³/s. Tempo de Esvaziamento de Reservatórios Um cálculo frequentemente necessário na área de reservatórios é o do tempo necessário para esvaziar. Isso normalmente é calculado quando do dimensionamento da estrutura e, sendo �xado o tempo, calcula-se a área necessária do orifício para realizar o esvaziamento naquele tempo ou vice-versa, ou seja, um reservatório com determinado orifício, quanto tempo levará para ser esvaziado. A fórmula para ambos os cálculos refere-se ao tempo para o nível diminuir sua altura, sendo zero quando completamente esvaziado. t = 2AR Cd Ao √2g(h 1 21 − h 1 22) Onde: t = tempo para o esvaziamento (s); AR = Área da superfície do reservatório (m²); Cd = coe�ciente de descarga; Ao = área do orifício (m²); h1 = nível superior (m); h2 = nível inferior (m); (será zero quando vazio) praticar Vamos Praticar Está sendo construído um reservatório de água, medindo 2 m x 4 m de seção e 3 m de altura. Para �ns de esvaziamento e manutenção, no fundo, será disponibilizado um orifício em uma das paredes. Esse orifício será circular, com um diâmetro de 150 mm. Qual o tempo para esvaziamento do reservatório assim formado? Assinale a alternativa correta. a) 5 min. b) 9 min. c) 15 min. d) 25 min. e) 45 min. Vertedores são paredes, obstáculos ou diques interpostos a uma corrente. A �nalidade pode ser simplesmente para elevar a água e se ter um manancial para aproveitamento hídrico ou ser parte de uma hidrelétrica por onde a água em excesso escoa. Os vertedores também são utilizados para medir vazão. Nomenclatura e Classi�icação As principais partes de um vertedor, conforme mostrado na Figura 4.3, são: Figura 4.3 - Vertedor Fonte: Elaborada pelo autor. Crista ou soleira: parte superior da parede do vertedor. Local por onde a água irá passar. VertedoresVertedores Carga H: altura de água. Observe que, quando a água se aproxima da soleira, o nível sofre uma diminuição, tal como ocorre nos orifícios a contração da veia. Por isso, recomenda-se sua medida a certa distância do vertedor, normalmente uma distância superior à 10 H. Altura da soleira (p). No caso da �gura, temos um vertedor com duas contrações laterais. Podemos ter vertedores com uma contração lateral ou sem contrações laterais. Os vertedores também se classi�cam como de parede espessa ou delgada, conforme a superfície de contato com a lâmina d'água. Os primeiros são aqueles cuja espessura supera 0,66 H. Os de parede delgada possuem chanfro na parte superior ou espessura menor do que a altura d'água acima da soleira. Fórmulas Práticas As fórmulas para os parâmetros hidráulicos dos vertedores derivam dos orifícios, sem a parte de cima. Francis: Q = 1,838 x L x H3 / 2 Indicada parap H > 3, 5 Sociedade Suíça dos Engenheiros e arquitetos: Q =(1, 816 + 1 , 8161000H+ 1 , 6)[1 + 0, 5( HH+ p)2] × L × H3 / 2 Indicada para p > 0,3 m; P > H e 0,10 m < H < 2,0 m Bazin: Q =(0, 405 + 0 , 003H[1 + 0, 55( HH+ p)2])L√2g H3 / 2 Indicada para 0,08 m < H < 0,50 m e 0,20 m < P < 2,0 m Francis com velocidade: Q = 1, 838[(H + v22g)3 / 2 −(v22g)3 / 2] Indicada para: Quando a velocidade de chegada da água é elevada. Quando se requer grande precisão. Seção do canal de acesso > 6 vezes área de escoamento no vertedor. Q = vazão (m³/s). H = altura d'água acima da soleira (m). p = altura da soleira (m). L = largura da soleira (m). Contrações Laterais As contrações laterais podem ter seu efeito desprezado se adotado o vertedor de inclinação de 1:4 nos taludes. O vertedor assim construído é chamado de Vertedor Trapezoidal de Cipolletti. Figura 4.4 - Vertedor trapezoidal de cipolletti Fonte: Elaborada pelo autor. Com a adoção do vertedor de Cipolletti, evita-se cálculos de redução da in�uência das contrações laterais e se tem resultados mais imediatos, lembrando que essa estratégia só tem validade para os vertedores trapezoidais com talude 1:4. Vertedor Triangular Os vertedores triangulares normalmente são utilizados para medidas de maior precisão. São indicados para pequenas vazões. Um exemplo de utilização é nos pequenos córregos em lavouras. O material mais utilizado é constituído de chapas metálicas ou estruturas de policarbonato. O mais empregado tem a forma de um triângulo isósceles, com ângulo de 90°. Fórmula de Thompson: Q = 1,4 x H5 / 2, onde Q = vazão (m³/s) e H = carga (m). Figura 4.5 - Vertedor triangular, à 90° Fonte: Elaborada pelo autor. O vertedor triangular, devido à sua maior precisão e por ser indicado para pequenas vazões, é utilizado também em laboratórios técnicos para testes em escala de vazões de projetos. Vertedor Circular Constituído de um orifício circular numa parede cega. Fórmula: Q = 1,518 x D0 , 693 x H1 , 807 Onde: Q = vazão (m³/s); D = diâmetro do vertedor (m); H = altura d'água sobre a soleira (m). Figura 4.6 - Vertedor circular Fonte: Elaborada pelo autor. O vertedor circular, apesar da facilidade de construção, não tem sua utilização de forma muito frequente nas estruturas hidráulicas, uma vez que outros vertedores oferecem um resultado mais preciso e mais rápido. Vertedor de Parede Espessa Considere-se vertedor de parede espessa com e > 0,66 H, ou seja, quando a veia aderente forme �letes paralelos em seu percurso sobre a parede. Fórmula de Bélanger: Q = 1,71 x L x H3/2 Onde: Q = vazão (m³/s); L = largura da soleira (m); H = altura d'água acima da soleira (m). praticar Vamos Praticar Devido à sua facilidade de construção e principalmente a facilidade de instalação, um vertedor retangular, sem contrações, foi instalado perto de um córrego, numa propriedade rural. A água subiu e, quando estabilizou, jorrava sobre o vertedor a uma altura de 5 cm sobre a crista, sendo essa medida tomada a 30 cm distantes da instalação. A largura do vertedor é de 2 m, sua altura é 20 cm. Calcule a vazão que o mesmo está medindo. Assinale a alternativa correta. a) 25 L/s. b) 30 L/s. c) 41 L/s. d) 58 L/s. e) 64 L/s. O estudo que agora iniciamos tem seu fundamento no trânsito da água por situações que envolvem o conhecimento de sua velocidade, da permanência das medidas geométricas das seções por onde escoa e da quantidade de água que entra e da que sai ao longo de determinado trecho. Escoamento permanente: é assim denominado aquele em que, em determinada seção transversal, a velocidade não se altera. Escoamento permanente uniforme: quando a velocidade não varia ao longo de determinado trecho. Escoamento permanente variado: quando há variação da velocidade ao longo de um trecho. Escoamento Permanente Uniforme Dentro do escoamento permanente uniforme, iremos nos deter mais atentamente para alguns detalhes, como a distribuição da velocidade numa determinada seção transversal e alguns parâmetros hidráulicos dos canais. Variação da Velocidade Ao longo de uma seção transversal, a velocidade se altera em função principal do efeito do atrito contra as margens. Isso provoca que as velocidades aumentem à medida que se aproximam das margens e do leito, sendo máxima nas regiões mais distantes dessas superfícies. EscoamentoEscoamento Permanente: UniformePermanente: Uniforme e Variadoe Variado Ao longo da seção longitudinal, pela mesma razão exposta acima, as velocidades são maiores e mais próximas à superfície (mas não na superfície). Raio Hidráulico de uma Seção Transversal Denomina-se raio hidráulico de uma seção transversal a relação entre a área molhada e o perímetro molhado. Chama-se área molhada a área útil de escoamento que pode diferir da área da seção de escoamento. Perímetro molhado é o contorno, o comprimento total, na seção, das partes tocadas pela água. Não se inclui nesta soma a superfície livre. Para canais circulares, conforme Netto (2015) a área molhada é calculada por: Am = 0, 125D 2(θ − sin θ) (eq. 1.2) E o perímetro molhado: Pm = 0, 5xDxθ (eq. 1.3) Onde: Am = área molhada (m2); Pm = perímetro molhado (m); θ = ângulo, ver �gura (rad); = 2 arcos (1 - 2h/D) (eq. 1.4); sen θ = ângulo (graus); B = D x sen (θ/2). Um detalhe importante: quando θ está sozinho, utilizam-se radianos. Quando em uma função (sen, cos), utilizam-se graus. Outro detalhe: para converter graus para radianos, multiplica-se por ( 3,14 /180). Figura 4.7 Canal de seção circular Fonte: Elaborada pelo autor. Para canais trapezoidais: Am = b × h + 0, 5h(x1 + x2) (eq. 1.5) Pm = b + Le + Ld (eq. 1.6) Para x1 = h(tan α) − 1 e x2 = h(tan β) − 1 Onde: Am = área molhada (m²); Pm = perímetro molhado (m); b; h; h; Le;Ld; α; β = (ver �gura) (m). Figura 4.8 - Canal trapezoidal Fonte: Adaptada de Netto (2015). Dentro deste subtítulo, iremos abordar o importante tema do ressalto hidráulico, sendo que, para tanto, precisamos antes conhecer alguns detalhes como a carga especí�ca e a profundidade crítica. Energia Especí�ica (Ee) ou Carga Especí�ica Chama-se energia especí�ca a carga (energia) total do líquido, medida a partir do leito do canal He = V2 2g + h (eq. 1.7) Figura 4.9 - Linha de energia especí�ca Fonte: Elaborada pelo autor. A carga especí�ca mínima ocorre quando o número de Froude (Fr = V x (g x hc)0 , 5 (eq. 1.8) iguala-se à unidade. Número de Froude O número de Froude é um adimensional que é utilizado em diversas situações na física e, em nosso caso, dentro de alguns processos da hidráulica. Uma dessas situações é no auxílio a determinadas quali�cações para o ressalto hidráulico que, a seguir, iremos estudar. O número de Froude se constitui na equação Fr = V √g× hc . Conforme esse valor varia, num canal, calculado com os dados de montante de um obstáculo, podemos ter uma previsão do comportamento da água à jusante, conforme a seguinte tabela: Froude Descrição do ressalto hidráulico Dissipação Fr < 1,0 Impossível, porque viola a 2a lei da termodinâmica. 1,0 < Fr < 1,7 Ressalto ondulante ou com ondas estacionárias, de comprimento em torno de 4h . menos de 5% 1,7 < Fr < 2,5 Ressalto fraco. Elevação suave da superfície com pequenos redemoinhos. de 5% a 15% 2,5 < Fr < 4,5 Ressalto oscilante ; instável. cada pulsação irregular cria uma grande onda que pode viajar à jusante por quilômetros, dani�cando margens, aterros e outras estruturas. Não recomendado para condições de projeto. de 15% a 45% 4,5 < Fr < 9,0 Ressalto permanente ; estável, bem balanceado. É o de melhor desempenho e ação, insensível às condições à jusante. Melhor faixa de projeto. de 45% a 70% Tabela 4.1 - Classi�cação dos ressaltos segundo o número de froude Fonte: Adaptada de White (2011). Em função do Número de Froude, iremos decidir sobre que fórmula utilizar para o dimensionamento dos canais ou mesmo que tipo de movimento irá ocorrer com a água �uindo por entre a estruturaa ser construída. Profundidade Crítica (hc) Chama-se de profundidade crítica aquela para a qual o termo V2 2g + h for mínimo. Para canais retangulares: hc = 0, 47 + Q 2 / 3 (eq. 1.9) O conhecimento do ponto de localização da profundidade crítica é importante na medida em que desejamos a região em que ocorre a maior vazão quando dispomos de uma carga especí�ca. Nesse ponto, teremos o número de Froude igual a 1. 2 Considerando que a carga especí�ca pode ser traduzida por He = h + V2 2g Substituindo a velocidade pelo seu valor de Q: He = h + Q2 A2m2g Reescrevendo em termos de vazão: Q = Am ×[2h(He − h)]0 , 5 A qual se anula para h = He e para Am = 0. Ressalto Hidráulico Chama-se de ressalto hidráulico a mudança no comportamento da água, através da passagem de uma profundidade menor que a crítica para outro maior que a crítica, o que ocorre devido ao retardamento do escoamento em determinadas situações. A consequência prática e visível disto é uma sob-relevação brusca da superfície líquida. Este fenômeno, segundo Netto (2015), pode ocorrer de duas formas: a) Através de grande turbilhonamento, com aeração do líquido. b) Sem remoinho, apesar de agitação na superfície. A primeira delas é utilizada nas estações de tratamento de água, pois se constitui numa maneira econômica e prática de agitar a água após se adicionar o coagulante. Pelo menos duas situações são necessárias para a ocorrência do ressalto hidráulico: uma, já mencionada acima, que haja uma passagem de profundidade menor que a crítica para outra maior que a crítica, e outra que a profundidade de montante seja inferior à crítica. saibamais Saiba mais O conteúdo que acabamos de ver sobre canais e suas propriedades pode ser observado no gigantesco modelo do delta do Mississipi, construído pela Universidade de Louisiana. A maquete tem mil metros quadrados e 20 projetores de alta-de�nição que permitem observar o que ocorre quando o comportamento da água passa a absorver além do que as margens do rio permitem. Fonte: Engenheiros… (2018). Veremos a seguir alguns parâmetros importantes no tratamento e dimensionamento dos ressaltos hidráulicos. Consideremos a Figura seguinte. Figura 4.10 - Ressalto hidráulico Fonte: Elaborada pelo autor. Alturas conjugadas h1 e h2: h2 = − h1 2 +(2V21 × h1g + h214)0 , 5 (eq. 1.10) Ou também: 2h2 h1 = − 1 +(1 + 8Fr21)0 , 5 (eq. 1.11) Conhecidos h1 e h2, podemos estabelecer a seguinte relação: V2 = V1 h1 h2 (eq. 1.12) A perda de carga (de energia) por dissipação, através do ressalto, será: ΔE = (h2 − h1)3 4h1h2 (eq. 1.13) A energia dissipada no ressalto será a relação entre a energia antes do ressalto (eq. 1.7) e a perda de carga após passar pelo ressalto (eq. 1.13), ou seja: Edissip = hp E1 × 100 % (eq. 1.14) Alguns detalhes adicionais são necessários, vistos que se trata de termos muitas vezes utilizados na resolução de problemas desse tema especí�co. São eles: vazão especí�ca: é a vazão numa determinada seção do canal, que é dada pela relação entre a vazão e a largura da seção transversal: q = Q b (eq. 1.15) À partir dessa equação, também podemos obter a velocidade nessa seção, fazendo: V = Q A = q × b h × b = q h (eq. 1.16) praticar Vamos Praticar Uma estação de tratamento de água irá construir uma calha Parshall para provocar a diluição do coagulante na chegada da água. Sabemos que, numa estrutura desse tipo, ocorre a formação de um ressalto hidráulico, o qual, através de suas alturas à montante e à jusante do ressalto, provoca um grande turbilhonamento na água, adequado para esta tarefa. Calcule a energia que será dissipada na garganta da calha, que possui alturas conjugadas h1 = 70 cm e h2 = 180 cm. Assinale a alternativa correta. a) 0,0008 m. b) 0,012 m. c) 0,048 m. d) 0,0015 m. e) 0,0024 m. Para o estudo de canais, utilizaremos a mesma base de conteúdos vistos há pouco no escoamento permanente em termos de energia, profundidade e dimensionamentos geométricos. Canais E�icientes Um canal é considerado e�ciente quando apresenta o menor perímetro molhado para o maior raio hidráulico, por unidade de área. Entre os canais e�cientes, os que mais se destacam são aqueles dotados de seções circulares e semicirculares. A seguir, veja os canais circulares e os canais retangulares. Canais E�cientesCanais E�cientes Fórmula de Manning A fórmula mais utilizada e de rápidos resultados para o dimensionamento de canais foi proposta por Manning : Q = 1 n Am R 2 / 3 h I 0 , 5 (eq. 1.17) Onde: Q = vazão (m³/s); n = coe�ciente de Manning (adimensional); Am = área molhada da seção (m²); Rh = raio hidráulico (= Am / Pm) (m); I = declividade (adimensional). Nos canais circulares normalmente utilizados para esgotamento pluvial e sanitário. A máxima vazão que se consegue se dá quando o líquido ocupa apenas parte do canal, conforme a fórmula abaixo: Qmáx circ h = b /2 123rf.com ref lita Re�ita Observe como a forma do canal pode interferir na maneira pela qual a água se desloca pelo mesmo. Canais com formato circular ou trapezoidal apresentam parâmetros geométricos os quais alteram os valores da área molhada e do raio hidráulico. Como esses dois dados são parte integrante do cálculo da vazão que irá trafegar no canal, também alterações irão se veri�car nesta informação. Observe a fórmula e compare com modi�cações nos dois formatos geométricos e re�ita como pode ser alterada a vazão de tráfego no canal. A tabela a seguir especi�ca os valores de n para diversas superfícies: Material valor de n Canais arti�ciais revestidos Vidro Latão Aço, liso Aço, pintado Aço, rebitado Ferro fundido Concreto, com acabamento Concreto, sem acabamento Madeira aplainada Tijolo de barro Alvenaria Asfalto Metal corrugado Pedra argamassada 0,010 0,011 0,012 0,014 0,015 0,013 0,012 0,014 0,012 0,014 0,015 0,016 0,022 0,025 Canais escavados na terra Limpo Com cascalho Com vegetação rasteira Pedregoso 0,022 0,025 0,030 0,035 Canais naturais Limpo e reto Lentos, com partes profundas Grandes rios 0,030 0,040 0,035 Planícies de inundação Pastagens, terras cultivadas Cerrado leve Cerrado denso Árvores 0,035 0,050 0,075 0,150 Tabela 4.2 - Coe�ciente n de manning Fonte: Adaptada de White (2011). Com esses valores, podemos calcular os parâmetros hidráulicos necessários para o perfeito conhecimento da maneira pela qual a água irá se comportar em seu percurso por um canal. Algumas seções geométricas se repetem na construção de canais. Reproduzimos abaixo, na �gura, a tabela de Back (2015, p. 221). Figura 4.11 - Elementos geométricos de seções transversais Fonte: Back (2015. p. 221). Com essa tabela, podemos de�nir os padrões de área molhada e perímetro molhado da maior parte das seções transversais que surgem na prática do dimensionamento de canais. Importante lembrar que, nesta tabela, 𝞡* deve ser trabalhado em radianos e 𝞡, em graus. praticar Vamos Praticar A prefeitura de uma cidade necessita construir um canal de concreto, com acabamento, para desviar um braço de rio. Sabe-se que a vazão máxima, de projeto, do rio é de 2 m³/s, pois existe uma estação que efetua essa medida há dezenas de anos. O canal será construído de forma trapezoidal, com taludes de 1:4 e largura do fundo de 1,5 m. No projeto, é necessário que, nas vazões máximas, a água não ultrapasse 1,20 de altura em relação ao leito. Cabe a você decidir a declividade mínima que deverá ter o canal para que atenda às exigências do projeto. Assinale a alternativa correta. a) 0,00028 m/m. b) 0,00042 m/m. c) 0,00084 m/m. d) 0,00105 m/m. e) 0,00003 m/m. indicações Material Complementar F I LME Katrina, the New Orleans Nightmare: documentary on the devastation of hurricane Katrina Ano: 2005 Comentário: A falta de controle sobre os elementos hidráulicos de condução e acomodação de águas pode levar a catástrofes sem dimensões. O dimensionamento de vertedores e comportas foi um dos problemas principais que levouà tragédia de New Orleans. Os resultados urbanos, sociais e humanos, você poderá encontrar detalhados no documentário. L I VRO Rios Prisioneiros: a história das barragens Allan H Cullen Editora: Itatiaia Comentário: o controle das inundações através de obras hidráulicas construídas e dimensionadas por engenheiros. Esse é o tema do livro indicado. Com ele, você poderá ter uma ideia da construção das barragens ao longo dos tempos. conclusão Conclusão Com o estudo de orifícios, vertedores e canais, pudemos ter uma ideia do comportamento da água em diversas situações. O emprego do conhecimento aqui adquirido se encontra nos mais diversos ramos da atividade humana, quer seja nas instalações de usinas de grande porte, com a acumulação da água para gerar energia elétrica, quer seja no tratamento de reservatórios e suas interligações através de tubulações conectadas a orifícios. Por �m, o estudo dos canais nos levou a outra dimensão da aplicação do conhecimento técnico sobre a condução da água por caminhos predeterminados ou, nos casos em que é a natureza que se encarrega dessa condução, temos então a atuação do homem no sentido de prever e adequar o seu entorno para a perfeita organização do trajeto das águas. referências Referências Bibliográ�cas AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica . 9. ed. São Paulo: Blücher, 2015. BACK, Á. J. Hidráulica e hidrometria aplicada . Florianópolis: EPAGRI, 2015. ENGENHEIROS norte-americanos constroem gigantesco modelo hidráulico do delta do Mississipi. Engenharia.com , abr. 2018. Disponível em: https://www.engenhariacivil.com/gigantesco-modelo-hidraulico-delta-mississippi . Acesso em: 15 fev. 2020. WHITE, F. M. Mecânica dos �uidos . 6. ed. Porto Alegre: AMGJ, 2011. https://www.engenhariacivil.com/gigantesco-modelo-hidraulico-delta-mississippi
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