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Organizacao do CME

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1
OrganizaçãO dO CentrO de 
 Material e esterilizaçãO
Arlete SilvA
1
✒
Pon toS A APren der
1. Descrição dos aspectos organizacionais do Centro de Material e Esteri-
lização (CME), da estrutura física, do ambiente, dos equipamentos, do 
fluxograma e da sua importância no contexto da instituição de saúde.
2. Identificação das diferentes áreas do CME e do fluxograma dos materiais 
processados nessa unidade.
3. Reconhecimento da legislação sobre o CME.
4. Reconhecimento do papel do enfermeiro na organização do CME.
PAlAvrAS-chAve
Centro de material, esterilização, organização.
eStruturA doS tóPicoS
Introdução. Aspectos históricos do CME. Organização do CME. Resumo. 
Resumo esquemático. Propostas para estudo. Referências bibliográficas.
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 ENFERMAGEM EM CME 
2
intrOduçãO 
O Centro de Material e Esterilização (CME) destaca-se no con-
texto da organização hospitalar de forma bastante peculiar, por se 
caracterizar como uma unidade de apoio técnico a todos os servi-
ços, assistenciais e de diagnóstico, que necessitam de produtos para a 
saúde utilizados na assistência aos seus clientes.
Essa unidade, definida pelo Ministério da Saúde1 como o “con-
junto de elementos destinado à recepção e expurgo, preparo e esteri-
lização e guarda e distribuição do material para as unidades de esta-
belecimento de saúde”, é responsável pelo processamento de todos os 
materiais utilizados na assistência à saúde, desde a limpeza, inspeção 
e seleção quanto à integridade, à funcionalidade e ao acondiciona-
mento em embalagens adequadas, até a distribuição desses produtos 
esterilizados às unidades consumidoras, de forma a assegurar a eles a 
quantidade e a qualidade necessárias à realização de todos os proce-
dimentos assistenciais para o desenvolvimento do plano terapêutico 
dos clientes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio 
da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n. 3072, de 14 de novem-
bro de 2002, considera o CME uma unidade de apoio técnico que tem 
por finalidade processar e fornecer produtos para a saúde a serem uti-
lizados nos Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS).
Essa resolução2 determina ainda que o CME deve existir quan-
do o EAS contar com centro cirúrgico, obstétrico e/ou ambulatorial, 
de hemodinâmica, de emergência de alta complexidade e urgência, 
podendo até mesmo se localizar fora do EAS.
Mais recentemente, a Consulta Pública n. 34 da ANVISA3, cuja 
RDC deverá regulamentar a organização e o funcionamento dos 
CMEs no território nacional, definiu o CME como uma “unidade fun-
cional localizada nos serviços de saúde destinada ao processamento de 
produtos para a saúde” e classificou os CMEs em classes I e II.
O CME classe I é aquele que “realiza o processamento de produ-
tos críticos sem lúmen e sem espaços internos, de produtos semicríticos 
e de produtos não críticos, passíveis de processamento, em serviços de 
saúde que realizam procedimentos exclusivamente ambulatoriais”; o 
CME classe II é aquele que “realiza o processamento de produtos críti-
cos, semicríticos e não críticos, passíveis de processamento, em serviços 
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ORGANizAçãO dO CME
3
de saúde que realizam procedimentos clínicos e cirúrgicos, diagnósti-
cos ou terapêuticos, em regime de internação ou semi-internação”3.
O CME deve contar com a capacidade técnica operacional neces-
sária (infraestrutura física, recursos humanos e materiais) à operacio-
nalização do serviço, de acordo com a demanda, os tipos de produ-
tos para saúde processados e a sua classificação.
aspeCtOs históriCOs dO CMe 
Embora com finalidade e objetivos claramente definidos, o CME 
não existia no passado como unidade independente e autônoma 
como é visto na atualidade; era a unidade de centro cirúrgico que, 
além de centralizar as salas de operações, também se responsabiliza-
va pelo processamento e pela esterilização dos materiais necessários 
para a prestação de assistência a todos os clientes hospitalizados ou 
em tratamento ambulatorial4.
No século XVIII, as instituições de saúde eram voltadas essen-
cialmente para a assistência social, de ajuda aos pobres, doentes e 
órfãos; apenas no final desse século é que essas instituições começa-
ram a se transformar em um local de tratamento e cura dos doentes5. 
Ainda assim, o tratamento era essencialmente clínico, pois os médi-
cos eram temerosos em operar os seus doentes, uma vez que o corpo 
humano, com toda a sua complexidade, era uma incógnita.
No início do século XIX, quando o tratamento cirúrgico era ine-
vitável e aos profissionais que o realizavam não restava outra opção 
senão tentar, por meio de operações, livrar os seus pacientes do sofri-
mento que os afligiam, eles tinham de enfrentar os três grandes desa-
fios da cirurgia: dor, hemorragia e infecção. As operações restringiam-
se principalmente à amputação de membros, drenagem de abscessos e 
extirpações de tumores localizados em regiões corpóreas em que não 
era necessária a abertura de cavidades, como os tumores de mama. 
Essas operações eram realizadas em qualquer local, como nos campos 
de batalha, nas casas dos cirurgiões ou dos próprios pacientes, sem 
nenhuma preocupação com as condições de higiene e de assepsia6.
Os cirurgiões contavam, nessa época, apenas com a sua habi-
lidade manual para realizarem o ato cirúrgico, que deveria ser o 
mais rápido possível, e com poucos e grosseiros instrumentos. Esses 
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 ENFERMAGEM EM CME 
4
instrumentos, após a utilização, eram, quando ocorria, limpos com 
qualquer pano ou até mesmo na aba da sobrecasaca dos cirurgiões, 
mal conservados e precariamente guardados6.
À medida que a técnica cirúrgica foi se desenvolvendo, graças 
às descobertas dos procedimentos anestésicos, da hemostasia e da 
assepsia cirúrgica, o acesso aos órgãos não era mais possível ser reali-
zado apenas com as mãos e os precários instrumentos. Foram, então, 
sendo criados pelos cirurgiões os instrumentos cirúrgicos que lhes 
permitiam um melhor acesso à área operatória e um refinamento das 
manobras cirúrgicas, aumentando consideravelmente a quantidade e 
a diversidade de materiais utilizados no ato cirúrgico6. Desse modo, 
tornou-se necessário contar com uma pessoa que se responsabilizasse 
pelas tarefas de limpeza, inspeção, conservação, acondicionamento, 
esterilização, guarda e controle dos instrumentos e materiais utili-
zados nas operações, assim como uma área física onde essas tarefas 
pudessem ser realizadas7.
Nesse período, as operações já eram realizadas no hospital, embo-
ra em local não específico. Gradativamente, elas foram se agregando 
aos espaços criados para o preparo de materiais, com a finalidade de 
facilitar e racionalizar o trabalho. Tanto as salas de operações como as 
áreas destinadas ao preparo de material estavam vinculadas às unida-
des de internação, organizadas por especialidades médicas.
Nas últimas décadas do século XX, com o desenvolvimento 
vertiginoso do conhecimento e da técnica dos procedimentos cirúr-
gicos, os materiais e equipamentos necessários à realização do ato 
anestésico-cirúrgico foram se tornando cada vez mais complexos e 
sofisticados, requerendo preparo e esterilização mais especializados 
e, consequentemente, pessoal mais qualificado.
Em decorrência do avanço na cirurgia, houve uma demanda 
maior da instituição hospitalar, tanto no aumento da oferta de núme-
ro de leitos e unidades de internação, como no surgimento de servi-
ços de diagnóstico e terapia, como radiologia, laboratórios, endosco-
pia, banco de sangue, entre outros.
Como consequência, houve aumento de materiais, tornando-
se necessária a centralização das atividades em um único local, de 
forma a racionalizar o preparo, a guarda e a distribuição desses 
materiais e otimizar o uso dos equipamentos de esterilização, que, 
dispersos pelas unidades de internação, representavam um problema 
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ORGANizAçãO dO CME
5
para a instituição, tanto pela dificuldade de manutenção e falta de 
padronização nos procedimentos de esterilização, quanto pelo fato 
de comprometerem espaços que poderiam ser utilizados na assistên-
cia. Nascia, assim, a unidade de CME.
Por sua vez, as salas de operações também são centralizadas, com a 
finalidade de racionalizar a utilização de áreas comuns do centro cirúr-
gico (CC), como lavabos, vestiários, laboratórios, localizando-se junto 
ao CME, de forma a garantir o rápido acesso ao material esterilizado.
A diferenciação das atividades realizadas pelo CME e CC, asso-
ciada ao intenso desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e aos 
avanços do conhecimento no campo da infecção hospitalar, determi-
nou a separação dessas duas unidades, tornando o CME uma unida-
de hospitalar independente e autônoma que procura atender igual-
mente todas as unidades consumidoras, mesmo aquelas com menor 
demanda de materiais, mas tão importantes quanto o CC, até então 
um consumidor privilegiado.
Os hospitais passaram, assim, a organizar essa unidade separa-
damente do CC e os mais antigos, principalmente os de grande porte, 
foram se readequando, na busca da racionalização do trabalho ali 
desenvolvido.
No cenário brasileiro, até alguns anos atrás, não era raro encon-
trar o CME agregado ao CC, sob a responsabilidade de uma única 
enfermeira; atualmente, esse fato é considerado inaceitável, uma vez 
que o processo de trabalho desenvolvido nessas unidades é completa-
mente distinto, requerendo conhecimentos próprios e específicos8.
Além disso, a ANVISA3 determina que a atuação do profissional 
responsável pelo CME (nível superior, legalmente habilitado, cuja 
formação acadêmica contemple disciplinas relacionadas ao proces-
samento de produtos para a saúde e que seja, preferencialmente, um 
enfermeiro), aconteça exclusivamente nessa unidade durante toda 
sua jornada de trabalho.
OrganizaçãO dO CMe 
A importância do CME já era ressaltada por Perkins9, nos anos 
de 1980, tanto do ponto de vista técnico-administrativo como eco-
nômico, pelas atividades que executa e para as quais necessita de 
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 ENFERMAGEM EM CME 
6
condições ambientais e estrutura organizacional adequadas para a 
garantia da qualidade dos produtos para a saúde.
Desde o momento em que se planeja a construção de um estabe-
lecimento de assistência à saúde, o CME deve ser visto com atenção, 
pois a sua localização, o dimensionamento, os detalhes de acabamen-
to, assim como a estrutura organizacional, terão grande influência 
no seu funcionamento e na dinâmica do hospital.
Na década de 1950 foram implantados, nos hospitais brasilei-
ros, os primeiros CMEs parcialmente centralizados, nos quais a este-
rilização dos materiais hospitalares era realizada mas o preparo de 
alguns materiais, tais como pacotes de curativos, cubas, bandejas, 
entre outros, ainda era feito pelas próprias unidades consumidoras; até 
então, a esterilização também era realizada na unidade de internação, 
em ambiente nem sempre adequado e por pessoal muitas vezes não 
qualificado10.
Essa forma de organização de trabalho, embora ainda seja encon-
trada em algumas instituições hospitalares brasileiras, apresenta des-
vantagens, entre as quais a dificuldade em assegurar a padronização 
e a garantia da qualidade do preparo do material, uma vez que a uni-
dade consumidora não é responsável pelo completo processamento 
e, consequentemente, a esterilização pode estar comprometida10.
Por outro lado, grande parte das instituições brasileiras têm centra-
lizado o processamento dos materiais, ou seja, o CME recebe, limpa, 
se leciona, acondiciona, esteriliza, armazena, controla e distribui os 
artigos hospitalares a todas as unidades consumidoras, contribuindo, 
assim, para a garantia da qualidade da assistência prestada ao cliente10.
Esse sistema centralizado de processamento do material permite 
maior racionalização do trabalho, otimização dos recursos materiais 
e humanos, além de maior segurança para o cliente e os trabalha-
dores de enfermagem, pois favorece o desenvolvimento de técnicas 
eficientes e seguras, o treinamento específico do pessoal, maior pro-
dutividade, a facilidade de supervisão e a adequação como campo de 
ensino e pesquisa10,11.
diMensiOnaMentO 
Para o dimensionamento do CME é importante considerar a 
demanda diária de material, que está baseada no número e na espe-
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ORGANizAçãO dO CME
7
cificidade de leitos do hospital, na existência de CC, no número de 
salas de operações, na média diária de cirurgias, na adoção ou não 
de material de uso único e, até mesmo, na forma de estocagem e dis-
tribuição dos artigos esterilizados às unidades consumidoras12.
O CME, independentemente de suas dimensões, deve contar com 
uma área contaminada, destinada a receber os artigos sujos e proce-
der à sua limpeza e secagem, e uma área limpa, na qual os artigos são 
inspecionados, preparados, acondicionados, esterilizados, guardados 
e distribuídos13.
Por muitos anos, o Ministério da Saúde1, por meio da Portaria 
n. 400, de 6 de dezembro de 1977, estabeleceu a área mínima de 
40 m2 para o CME de um hospital geral com até 50 leitos, e 66 m2 
para um hospital geral com até 150 leitos. Era recomendado que essa 
área fosse distribuída da seguinte forma: 18% para a recepção e o 
expurgo, 43% para o preparo do material, 24% para a esterilização 
e 15% para a área de guarda e distribuição do material esterilizado.
Essa recomendação persistiu por quase duas décadas, quando, 
em 1994, o Ministério da Saúde14, por meio da Portaria n. 1.884, de 
11 de novembro de 1994, estabeleceu novos parâmetros para a apro-
vação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, 
revogando a Portaria n. 400. Em relação ao CME, previa as seguin-
tes áreas e dimensões mínimas:
 recepção, descontaminação, separação e lavagem de mate-•	
riais – 0,08 m2 por leito, com área mínima de 8 m2;
lavagem e preparo de luvas – 7 m•	 2;
recepção de roupa limpa – 4 m•	 2;
 preparo de materiais e roupa limpa – 0,25 m•	 2 por leito com, 
no mínimo, 12 m2;
 esterilização física – a depender do equipamento utilizado, •	
respeitando uma distância mínima de 60 cm entre as auto-
claves;
 esterilização química – 4 m•	 2;
 armazenagem e distribuição de materiais esterilizados – 0,2 •	
m2 por leito, com o mínimo de 10 m2;
 armazenagem e distribuição de materiais esterilizados descar-•	
táveis – equivalente a 25% da área destinada à armazenagem 
de material esterilizado.
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 ENFERMAGEM EM CME 
8
Essa portaria previa ainda um depósito para material de limpeza, 
vestiário com sanitários para os funcionários, uma sala administra-
tiva e acesso para a manutenção dos equipamentos de esterilização 
física, exceto se fossem de barreira.
Como é possível perceber, houve um avanço muito grande, tanto 
em relação às informações detalhadas das diversas áreas que com-
põem o CME, que não eram contempladas na portaria anterior, como 
também às exigências para atender as necessidades atuais, como ter 
uma área para recepção de roupas limpas, esterilização química e 
armazenagem e distribuição de materiais esterilizados descartáveis.
Em 21 de fevereiro de 2002, essa portaria foi revogada pela RDC 
n. 50, da ANVISA15, que dispôs o regulamento técnico para planeja-
mento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de 
estabelecimentos assistenciais de saúde. Posteriormente, essa RDC15 
foi alterada pela RDC n. 307, de 14 de novembro de 2002, também 
da ANVISA 2.
Basicamente, nessas resoluções, as áreas previstas e suas dimen-
sões mínimas permanecem as mesmas, mas inserem algumas modifi-
cações, como:
 deixam de constar a área de lavagem e preparo de luvas;•	
 preveem uma distância mínima de 20 cm entre as autoclaves •	
na área para esterilização física;
 deixam de especificar a dimensãoda área para esterilização •	
química líquida;
 incluem uma subunidade para esterilização química gasosa, •	
que poderia ou não se localizar dentro do CME, composta 
das seguintes áreas e dimensões mínimas:
área de comando – 2 m ⇒ 2;
sala de esterilização – 5 m ⇒ 2;
 sala ou área de depósito de recipiente de óxido de etileno ⇒
– 0,5 m2;
sala de aeração – 6 m ⇒ 2;
área de tratamento do gás. ⇒
 recomendam consulta à •	 Portaria Interministerial n. 482, de 
16 de abril de 199916, para a obtenção de maiores detalhes 
sobre a área física em unidades que possuam o método de 
esterilização por óxido de etileno;
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ORGANizAçãO dO CME
9
 propõem a central de material esterilizado simplificada, ins-•	
talada unicamente “como apoio técnico a procedimentos que 
não exijam ambiente cirúrgico para sua realização”, contan-
do com uma sala de lavagem e descontaminação e uma sala 
de esterilização e estocagem de material esterilizado, cada 
uma com, no mínimo, 4,8 m2.
Mais recentemente, em 3 de junho de 2009, essas recomenda-
ções foram revogadas pela ANVISA, por meio da Consulta Pública n. 
343, que prevê detalhadamente os seguintes ambientes para o CME 
classe II:
1. sala de recepção e limpeza;
2. sala de preparo e esterilização;
3. sala de desinfecção química, quando aplicável;
4. área de monitoramento do processo de esterilização;
5. sala de armazenamento e distribuição de materiais esterilizados.
sala de recepção e limpeza 
Caracteriza-se como um dos locais mais contaminados do CME, 
pois é nessa área que está centralizada grande quantidade e variedade 
de artigos sujos com sangue, secreção e excreções.
•	 Área de recepção: deve ter no mínimo 4 m2; dispor de pelo 
menos uma bancada com dimensões mínimas de 1,0 x 0,9 m; 
possuir equipamento de transporte com rodízios, recipientes 
para perfurocortantes e para resíduo biológico; contar com 
um sistema de registro de todos os produtos recebidos para 
processamento.
•	 Sala de recepção, devolução e conferência de produtos e ins-
trumental cirúrgico consignados: dimensionada de acordo 
com o volume de trabalho desenvolvido, não ser comparti-
lhada com a sala de recepção de produtos não processados e 
deve possuir acesso exclusivo.
•	 Área de limpeza: deve possuir área mínima de 15 m2; tor-
neiras com água quente e fria; bancada com pia (0,80 m de 
comprimento, 0,50 m de profundidade e 0,60 m de largura); 
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10
equipamento para transporte com rodízios; ponto de água 
potável com filtro de 0,2 micra para enxágue; guichê ou 
outro mecanismo de transferência dos produtos da área de 
limpeza para a área de preparo; recipiente para perfurocor-
tantes, com suporte; recipiente para resíduo biológico; pisto-
la de água sob pressão para limpeza de produtos com lúmen 
e ar comprimido medicinal ou oxigênio para secagem de pro-
dutos com lúmen.
A Association of Operating Room Nurses (AORN)17 recomenda 
o uso de equipamentos para a lavagem de artigos, pois substitui van-
tajosamente a limpeza manual, pelos riscos ocupacionais que ela ofe-
rece, tanto os biológicos, pelo contato com os artigos contaminados, 
como os mecânicos, pelo risco de corte e perfuração na manipulação 
de objetos perfurocortantes, e os ergonômicos, pela postura do tra-
balhador ao proceder a lavagem desses materiais.
São exemplos de equipamentos disponíveis no mercado as lavado-
ras ultrassônicas, lavadoras de túnel, mais conhecidas como pasteuri-
zadoras, e as termodesinfetadoras; cabe a cada instituição hospitalar 
a avaliação e a escolha daquele que melhor atenda às necessidades do 
serviço.
Essa área deve contar com suporte de hamper, recipiente para 
lixo e para a colocação de artigos em soluções de detergentes enzi-
máticos ou germicidas, escovas para limpeza de materiais com lúmen 
e compressas ou toalhas macias para a secagem dos materiais.
Ela também deve manter temperatura ambiente entre 18 e 22ºC 
e umidade relativa do ar entre 40 e 60%. Apesar da recomendação 
de que haja um diferencial de pressão negativo entre a área de lim-
peza e os ambientes adjacentes3, não há evidências de seu impacto 
vantajoso, visto que a rota de contaminação em CME é, prioritaria-
mente, por contato e não via aérea.
É importante que os trabalhadores de enfermagem façam uso de 
equipamento de proteção individual (EPI), que se constitui de luvas 
de nitrila e butila antiderrapantes, óculos protetores, máscara des-
cartável, avental impermeável (de manga longa ou mangote) e gorro 
descartável, por causa da grande exposição a materiais biológicos e 
produtos químicos presentes nessa área.
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11
sala de preparo e esterilização 
•	 Área de inspeção, preparo e acondicionamento – nessa área 
está centralizado o preparo de todos os materiais, o lugar em 
que são inspecionados quanto à presença de sujidade, por 
meio de testes visuais e químicos, manchas e corpo estra-
nho, como fio cirúrgico e cabelos; são selecionados quan-
to à funcionalidade, à integridade e ao corte de tesouras; 
os campos e aventais cirúrgicos são dobrados, quando não 
vêm já dobrados pela lavanderia; os pacotes são montados e 
acondicionados, de acordo com a padronização adotada na 
instituição.
Conforme a Consulta Pública n. 343, a área mínima deve 
ser de 20 m2 e dispor de bancadas com dimensão mínima 
de 1,2 m x 1 m por profissional em atividade, com distân-
cia mínima de 1,20 m entre bancadas ou bancada e parede/
divisória; equipamento para transporte com rodízio; seca-
dora própria para uso em serviços de saúde e pistolas de ar 
comprimido medicinal ou oxigênio; lentes intensificadoras de 
imagem; seladoras de embalagens; estações de trabalho; além 
de cadeiras ou bancos ergonômicos e com altura regulável.
As estações de trabalho destinam-se ao preparo dos dife-
rentes produtos para a saúde (p. ex., vidraria, material inoxi-
dável, instrumental cirúrgico, tecido, entre outros).
Ao se comparar o volume de material a ser preparado 
há alguns em relação aos dias atuais, percebe-se uma grande 
redução desse tipo de atividade, por conta da opção pelos 
artigos descartáveis, de uso único, como também pela con-
tratação de prestadoras de serviços terceirizadas, que não 
somente lavam as roupas, mas as dobram, acondicionam e 
até mesmo esterilizam. Por outro lado, é importante ressal-
tar que, embora o volume de trabalho aparentemente tenha 
diminuído, o processo de trabalho ficou mais complexo, pelo 
tipo e variedade de produtos que hoje são manipulados no 
CME, exigindo de seus profissionais atualização constante.
As mesas, bancadas e cadeiras devem possibilitar ao tra-
balhador uma postura correta e confortável durante a jorna-
da de trabalho. Assim, as cadeiras devem ser ergonômicas, 
com altura regulável, sendo totalmente condenadas as ban-
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12
quetas, encontradas rotineiramente nos CMEs. As mesas e as 
bancadas de trabalho devem ter de 89 a 94 cm de altura18.
A iluminação nesse setor deve ser cuidadosamente pla-
nejada, para facilitar aos trabalhadores a inspeção dos mate-
riais, quanto a integridade, presença de corpo estranho e 
eficácia do processo de limpeza. Existem no mercado lupas 
adaptadas a uma fonte de luz e mesas que contam com lâm-
padas fluorescentes instaladas sob o tampo transparente, com 
a finalidade de permitir melhor visualização e inspeção dos 
produtos para a saúde.
•	 Área de esterilização – nessa área estão localizados os equi-
pamentos de esterilização, principalmente as autoclaves, as 
quais deverão ser em número suficiente para a demanda dos 
materiais processados na instituição hospitalar.
Ela deve ser planejada de acordo com o número e dimensão dos 
equipamentos de esterilização, acrescida de 2,50 m2 para circulação, 
além de prever uma distância mínima de 0,50 m entre os equipamen-
tos de esterilização3.
As autoclaveshospitalares têm evoluído muito em termos tecno-
lógicos e, atualmente, diferem muito do primeiro vaso sob pressão, 
criado por volta de 1880, por Charles Chamberland, aluno e colabo-
rador de Pasteur19.
Os trabalhadores de enfermagem devem usar como EPI luvas 
grossas de tecido e de cano longo, com o intuito de evitar queimadu-
ras no contato com o equipamento e os materiais quentes8.
A temperatura dessa área deve ser inferior a 24ºC3.
sala de desinfecção química, quando aplicável 
De acordo com as recomendações da Consulta Pública n. 343, 
essa sala deve ser exclusiva para essa finalidade, dispor de área míni-
ma de 4 m2, com bancada e cuba de lavagem de no mínimo 0,80 x 
0,60 m e 0,50 m de profundidade, ponto adicional de água potável 
com filtro de 0,2 micra para enxágue e equipamento de transporte 
com rodízio. O sistema de climatização deve garantir vazão mínima 
de ar total de 18,00 m3/h/m2, proporcionar um diferencial de pressão 
negativo entre os ambientes adjacentes e ser completamente exaurido 
para o exterior da edificação.
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13
Área de monitoramento do processo de esterilização 
Deve possuir área mínima de 2 m2 e dispor de incubadoras de 
indicadores biológicos e sistema para guarda dos registros dos moni-
toramentos3.
sala de armazenamento e distribuição de materiais 
esterilizados 
 Armazenamento e distribuição – essa área tem por finalida-•	
de centralizar todo o material processado e esterilizado para 
posterior distribuição às unidades consumidoras; deve ser um 
local exclusivo e de acesso restrito, já que a atividade não 
pode ocorrer em área de circulação, mesmo que temporaria-
mente; possuir área mínima de 6 m2, contar com armários, 
prateleiras ou cestos aramados, escadas e equipamento de 
transporte com rodízio 3.
Preferencialmente, as prateleiras devem ter uma distância 
mínima de 20 a 25 cm do chão, 45 cm do teto e 5 cm das 
paredes laterais.
A Consulta Pública n. 34 recomenda que a temperatura 
ambiente nessa área deva ser mantida até 24ºC, a umidade 
relativa do ar entre 40 e 60% e o sistema de climatização 
com vazão mínima de ar total de 12 m3/h/m2, proporcio-
nando diferencial de pressão positiva entre os ambientes 
adjacentes3.
Esses parâmetros têm sido justificados pelo risco de 
ocorrer umedecimento dos pacotes e, consequentemente, 
favorecer o crescimento microbiano. No entanto, a pesqui-
sa desenvolvida por Bruna e Graziano20 demonstrou que as 
embalagens de papel grau cirúrgico, crepado, SMS e de teci-
do de algodão mantiveram a capacidade de barreira micro-
biana eficaz em ambientes de alta temperatura (37ºC) e umi-
dade relativa do ar maior do que 70%, controladas por meio 
de estufa, mesmo após 30 dias nessas condições ambientais. 
Deve-se também discutir a presença de pressão positiva na 
sala de guarda, visto que a rota de contaminação em CME é 
prioritariamente por contato e não via aérea.
 Transporte e distribuição – o transporte interno para a dis-•	
tribuição de produtos para saúde deve ser feito em recipien-
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tes fechados e em condições que garantam a manutenção da 
identificação e a integridade da embalagem3.
Além de todas as áreas descritas, o CME classe II deve contar 
ainda com os seguintes ambientes de apoio:
 vestiário com sanitários para funcionários;•	
 depósito de material de limpeza (DML), que pode ser comum •	
para as áreas “suja e limpa”, desde que seu acesso seja exter-
no a elas;
 copa de funcionários com características específicas;•	
 sala administrativa;•	
 sala para descanso dos funcionários em plantões noturnos.•	
De forma a convidar e facilitar aos trabalhadores a higienizarem 
frequentemente as mãos, procedimento eficaz para a segurança do tra-
balhador e o controle de infecção21, o CME deve possuir na área de 
recepção e de limpeza um lavatório com dispensador de sabonete líqui-
do e papel toalha e um dispensador de solução alcoólica em gel a 70%; 
nas demais áreas, devem estar disponíveis dispensadores de solução 
alcoólica em gel a 70%, inclusive na área externa ao guichê de recep-
ção do material sujo e na área de armazenamento e distribuição3.
É importante lembrar ainda que o CME deve estar localizado 
de maneira a facilitar o acesso ao almoxarifado e a lavanderia, pois 
ambas as unidades são essenciais à dinâmica de trabalho do CME, 
uma vez que são responsáveis pelo suprimento de materiais que serão 
processados.
Como toda unidade, o CME necessita de instrumentos adminis-
trativos como regimento, normas e manual de procedimentos que 
reflitam as finalidades, as atividades propostas e as diretrizes da ins-
tituição; que devem estar escritos, acessíveis e disponíveis a todos os 
trabalhadores.
Inerentes à construção e ao dimensionamento do CME, alguns 
cuidados devem ser observados, como o tipo de acabamento e mate-
rial de revestimento de pisos e paredes, pois esses fatores contribuem 
significativamente na eficiência e na manutenção da limpeza.
De acordo com a Consulta Pública n. 343, os materiais de cons-
trução de pisos, tetos e paredes não podem conter materiais particu-
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lados ou fibrosos na sua composição. Os materiais de acabamento, 
cerâmicos ou não, devem possuir índice de absorção de água inferior 
a 4% individualmente ou depois de instalados no ambiente, assim 
como o rejunte de suas peças. É vedado o uso de cimento sem qual-
quer aditivo antiabsorvente para rejunte de peças cerâmicas ou simi-
lares, tanto nas paredes quanto nos pisos. O piso deve ser nivelado, 
construído de materiais que suportem a limpeza úmida frequente e a 
aplicação de agentes químicos de limpeza, assim como as paredes. As 
portas devem ser de material durável, resistente aos impactos cons-
tantes, e com sentido de abertura respeitando o fluxo direcional do 
trabalho no CME. As bancadas devem ser constituídas de material 
não poroso, com índice de absorção de água inferior a 4%, resisten-
te à limpeza úmida e ao uso de produtos saneantes. O uso de forro 
removível no teto só é permitido nas áreas administrativas.
A área física deve permitir não só o estabelecimento de um fluxo 
unidirecional de material, de forma a evitar o cruzamento de mate-
riais sujos com os limpos e esterilizados10, mas também o de pessoal, 
evitando que o trabalhador da área contaminada transite pelas áreas 
limpas e vice-versa, sem o devido cuidado de retirar os EPIs e realizar 
a higiene das mãos.
Os produtos para a saúde utilizados nos procedimentos assisten-
ciais pelas unidades consumidoras e os fornecidos pela lavanderia e 
pelo almoxarifado são encaminhados ao CME, onde são processa-
dos seguindo um fluxo unidirecional (Figura 1.1).
Assim, os produtos a serem processados no CME provêm das uni-
dades consumidoras – unidades de internação, ambulatório, centro 
cirúrgico, centro obstétrico, endoscopia, laboratório, radiologia, far-
mácia, entre outras – ou das unidades fornecedoras, ou seja, da lavan-
deria e do almoxarifado, quando materiais novos ou descartáveis.
Os produtos fornecidos pelo almoxarifado, quando descartáveis, 
devem ser armazenados em área própria, na qual são controlados e 
distribuídos; quando se tratar de materiais novos, não esterilizados e 
que requerem esterilização, eles são recebidos na área de preparo e 
acondicionamento para embalagem e posterior esterilização, armaze-
namento e distribuição.
As roupas limpas recebidas da lavanderia, como aventais e cam-
pos cirúrgicos, são recebidas na área de preparo e acondicionamento, 
inspecionadas quanto a sua integridade e à presença de corpos estra-
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nhos, manchas e sujidades, dobradas e embaladas, de acordo com 
a padronização adotada pela instituição hospitalar, e encaminhadas 
para esterilização, armazenamento e distribuição.
Os produtos para a saúde, encaminhadospelas unidades consu-
midoras, são recebidos no expurgo, limpos, secos, conferidos e sepa-
rados conforme o tipo (instrumentais cirúrgicos, materiais de aço 
Recepção 
de materiais 
sujos
Limpeza e 
secagem dos 
materiais
Recepção de 
roupas e materiais 
limpos
Preparo e 
acondicionamento
Armazenamento dos 
materiais esterilizados
Esterilização
Distribuição
Recepção 
de materiais 
descartáveis
Unidades consumidoras Unidades fornecedoras
Unidades fornecedoras
Figura 1.1 Fluxograma dos materiais utilizados na assistência à saúde processados 
no CME.
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inoxidável e de vidro, materiais específicos, como cânulas, peças de 
equipamentos, extensões de borracha e de equipamentos de ventila-
ção mecânica), encaminhados à área de preparo e acondicionamento, 
onde serão inspecionados, embalados, identificados e enviados para 
esterilização, armazenamento e distribuição.
Como se pode observar, a organização por áreas, de acordo com 
as atividades nelas realizadas, visa à melhor racionalização do traba-
lho e ao controle de infecção.
reCursOs huManOs 
Há algumas décadas, quando os produtos para a saúde eram 
processados e esterilizados nas próprias unidades de internação, não 
existia nenhuma preocupação com o preparo do pessoal para tra-
balhar no CME, mesmo porque era difícil manter os trabalhadores 
fixos nessa função, pela própria dinâmica das unidades de interna-
ção, em que a assistência aos clientes é prioritária. Mesmo quando 
a esterilização e o processamento de materiais passaram a ser cen-
tralizados no CME, o preparo do pessoal e o processo de trabalho 
realizado nessa unidade continuaram a ser encarados de uma forma 
desvalorizada.
Eram encaminhados para trabalhar nos CMEs os trabalhadores 
de enfermagem que estavam próximos da aposentadoria, portanto, 
os mais idosos; aqueles com problemas de saúde, como afecções car-
diovasculares, hipertensão arterial, artrite, lombalgia, entre outras; 
com problemas de relacionamento com os colegas; e ainda, os consi-
derados não aptos para a prestação de assistência direta ao paciente, 
ou seja, eram os excluídos8, para quem o CME, como ressaltou Sil-
va22, constituía-se como o “destino final”.
A desvalorização dessa unidade, retratada pelo perfil do seu qua-
dro de pessoal no passado, talvez possa estar relacionada à falta de 
contato com os clientes e seus familiares e, portanto, com a realização 
de atividades consideradas de menos prestígio pelos trabalhadores de 
enfermagem, como o processamento de produtos para a saúde8.
O que se tem verificado ao longo desses anos é que os traba-
lhadores de enfermagem raramente optavam por trabalhar no CME, 
talvez pelo desconhecimento do trabalho realizado nessa unidade e 
pela falta de contato com os pacientes e familiares.
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Se no passado a despreocupação com o preparo de pessoal para 
atuar no CME era generalizada, assim como as condições sofríveis 
do ambiente físico e dos equipamentos, atualmente os CMEs contam 
com tecnologia bastante avançada, em que grande parte das tare-
fas está automatizada e os equipamentos de esterilização estão mais 
modernos e sofisticados, o que, por sua vez, exige um trabalhador 
mais bem qualificado.
Essa situação decorreu, certamente, do fato de os estabeleci-
mentos de assistência à saúde terem se desenvolvido tecnologica-
mente, no campo terapêutico e diagnóstico, e constado que era 
imprescindível que as unidades de apoio técnico, como é o CME, 
também se atualizassem, de forma a racionalizar e otimizar o tra-
balho, propiciando melhor infraestrutura para as unidades assisten-
ciais e diagnósticas8.
Com a realização de procedimentos cada vez mais delicados 
e sofisticados, o processamento de produtos para a saúde se torna 
uma atividade complexa, diferente das executadas no passado, que, 
embora fossem artesanais, uma vez aprendidas não ofereciam maio-
res dificuldades. A cada ano, têm surgido novos produtos, de nature-
za e design variados, assim como novos equipamentos, cuja operação 
requer um trabalhador responsável, habilitado e qualificado, atuali-
zado com frequência, com interesse e motivação para o aprendizado 
constante8.
Embora o trabalho desenvolvido no CME seja fragmentado, 
assemelhando-se em alguns aspectos ao de uma indústria, como a 
forma sequencial de processamento de materiais e a necessária pro-
dutividade, por meio da execução de tarefas repetitivas, monótonas, 
muitas vezes sem criatividade, ele é de vital importância para a pres-
tação da assistência a todos os pacientes, hospitalizados ou não, uma 
vez que para a realização de qualquer procedimento assistencial são 
necessários materiais processados, esterilizados e em condições segu-
ras de uso.
Os trabalhadores de enfermagem do CME, por meio do seu tra-
balho árduo e repetitivo, têm contribuído muito para o vertiginoso 
avanço tecnológico observado na área da saúde, especialmente no da 
cirurgia, pois todo desenvolvimento e êxito dos procedimentos médi-
co-hospitalares, tão divulgados pela imprensa comum e científica, 
não teriam obtido o mesmo sucesso sem o respaldo dessa unidade.
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ORGANizAçãO dO CME
19
resuMO 
O Centro de Material e Esterilização (CME) caracteriza-se como 
uma unidade de apoio técnico a todos os serviços, assistenciais e de 
diagnóstico, sendo responsável pelo processamento dos materiais 
utilizados na assistência à saúde, desde limpeza, inspeção e seleção 
quanto a integridade e funcionalidade e ao acondicionamento em 
embalagens adequadas, até a distribuição desses produtos esteriliza-
dos às unidades consumidoras.
O capítulo aborda a evolução histórica do CME e analisa as exi-
gências relativas à sua capacidade técnica operacional (infraestrutura 
física, recursos humanos e materiais), necessária à operacionalização 
do serviço e aos parâmetros de qualidade esperados.
resuMO esqueMÁtiCO 
História do CME.•	
Legislações sobre o CME.•	
Avanços tecnológicos da assistência à saúde e do CME.•	
 Recomendações atuais sobre a organização e a capacidade •	
técnica operacional do CME.
ProPoStAS PArA eStudo
 Reflita sobre a história do CME e a sua evolução tecno-•	
lógica. Elabore uma previsão de como estará o CME na 
próxima década.
 Resuma as características estruturais recomendadas atual-•	
mente para as áreas do CME.
 Descreva como devem ser dimensionados, selecionados e •	
preparados os profissionais do CME.
 Imagine que você é o enfermeiro responsável por um CME •	
que está inserido na área física do centro cirúrgico. O hos-
pital passará por uma grande reforma e há a possibilidade 
de o CME ter uma área física própria e independente do 
✎
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 ENFERMAGEM EM CME 
20
CC. No entanto, o administrador está resistente à ideia. 
Elabore em relatório defendendo a necessidade da área 
física específica para o CME, com argumentos técnicos e 
embasamento na legislação e literatura atual.
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