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HEMORRAGIA OBSTÉTRICA NO BRASIL_ UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA MORTALIDADE MATERNA NOS ANOS DE 2010-2020__ (3)

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HEMORRAGIA OBSTÉTRICA NO BRASIL: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA
DA MORTALIDADE MATERNA NOS ANOS DE 2010-2020
¹Maria Luisa Freitas Rodrigues Lima; ²Acsa Lino Geraldo; ³Luís Otávio da Silva de Lima;
4Erica Cristina da Silva Cabral; 5Bruna Rafaela da Silva Sousa
Eixo Temático: Obstetrícia em Saúde
E-mail do Autor Principal: marialuisa.frlima@gmail.com
1,2,3Acadêmico de Enfermagem, Universidade da Amazônia (UNAMA), Belém, Pará, Brasil;
4Acadêmico de Enfermagem, Faculdade Cosmopolita, Belém, Pará, Brasil; 5Enfermeira,
Universidade Federal do Pará-Mestre em Doenças Tropicais, Belém, Pará, Brasil.
Resumo
Introdução: No Brasil a segunda causa de morte materna é devido a HPP (hemorragia pós
parto) que consiste na perda sanguínea de grande volume, que pode ser de 500ml até 2000 ml
em casos mais graves que é classificado como hemorragia maciça. Nesse sentido, para que
esse índice possa diminuir é crucial que essas mulheres grávidas estejam informadas sobre a
importância da realização do pré- natal, o que proporciona a prevenção de riscos como a HPP.
Objetivo: analisar as evidências científicas epidemiológicas dos desafios da redução da
mortalidade materna. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo
epidemiológico, com abordagem quantitativa e qualitativa, realizada a partir de pesquisas
baseadas na U.S National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Eletronic Library
Online (SciELO). Critério de exclusão: as publicações científicas repetidas ou cujo tema não
contemplavam o objetivo deste estudo. As buscas foram realizadas com associação do
operador booleano AND nos descritores “Maternal Mortality”, “Brazil” e “Obstetric
Hemorrhage”. Desse modo, dentre 20 artigos 12 foram lidos na íntegra e 4 incluídos no
trabalho. Resultados e Discussão: de acordo com a pesquisa epidemiológica houve uma
redução no quadro de óbitos de morte materna, principalmente com o envolvimento da ONU
que trouxe como meta os objetivos de desenvolvimento sustentável, o que levou a essa
diminuição que é essencial para a qualidade de vida dessas mulheres. Ademais, o estudo foi
feito com mulheres entre 15 e 49 anos, sendo que a maior prevalência foi de 25 e 34 anos
com 493 casos de óbitos, a pesquisa foi realizada nas regiões sudeste, nordeste, norte, sul e
centro oeste do Brasil, com maior número de mortes no sudeste com 386 casos.
Considerações finais: Diante disso, pelo estudo foi possível compreender a importância do
mailto:marialuisa.frlima@gmail.com
conhecimento que a hemorragia pós parto acarreta e o grande índice de morte materna. Dessa
forma, a principal forma para diminuir esse problema é prevenção que pode ser realizada pelo
pré-natal, onde a paciente estará sendo acompanhada com todo o cuidado necessário para
evitar riscos futuros.
Palavras-chave: Hemorragia pós-parto; Mortalidade materna; Óbitos maternos.
1 INTRODUÇÃO
A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais razões para óbito de mulheres
após o parto, tanto no Brasil quanto em todo o mundo. A HPP é caracterizada pela perda de
sangue excessiva, que é definida como mais de 500 ml de sangue após um parto vaginal e
mais de 1000 ml após uma cesariana. Em termos mais simples, a HPP ocorre quando o útero,
que normalmente deveria se contrair e voltar ao seu tamanho e forma após o parto, não
consegue fazer isso. Isso resulta em uma perda significativa de sangue que pode ser perigosa
para a mãe e requer intervenção médica imediata para evitar complicações graves ou até
mesmo a morte materna (Edwards, 2018).
Estudos indicam que, para cada ocorrência de HPP, pode haver entre 50 a 100 casos
de complicações graves na saúde das mães. Para reduzir as mortes causadas pela HPP,
profissionais de saúde devem ser capazes de identificar possíveis fatores de risco e, o que é
ainda mais crucial, realizar um diagnóstico precoce e iniciar um tratamento rápido e efetivo
(Geller et al., 2018).
É fundamental que os enfermeiros estejam plenamente familiarizados com o checklist
para prevenir e tratar a HPP (Hemorragia Pós-Parto). Isso envolve uma série de etapas, como
a avaliação dos sinais vitais da paciente e a medição da quantidade de sangue perdida. Além
disso, é crucial identificar a causa do sangramento por meio dos 4Ts: Tônus: Avaliar a
contração e involução do útero para verificar se há atonia uterina. Trombina: Verificar se a
paciente apresenta problemas de coagulação sanguínea que podem contribuir para a
hemorragia. Tecido: Investigar se há retenção de fragmentos placentários no útero, o que
pode ser uma causa de sangramento. Trauma: Analisar se houve episiotomia (corte cirúrgico
no períneo) ou lacerações durante o parto que possam estar relacionados ao sangramento
(Alves et al., 2020). O objetivo deste trabalho foi analisar as evidências científicas
epidemiológicas dos desafios da redução da mortalidade materna.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo epidemiológico, com abordagem
quantitativa e qualitativa. Para realizar este estudo, foi conduzida uma investigação
exploratória no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foi
conduzida uma análise sobre casos de óbitos por hemorragia no Brasil, que ocorreram entre
os anos de 2010 a 2020, com foco na população feminina. As variáveis examinadas incluíram
idade, sexo e ano de óbito. Para identificar a relação entre essas variáveis, utilizou-se um teste
estatístico qui-quadrado com uma amostra de aderência. O software BioEstat 5.3 foi
empregado para realizar essa análise, com um nível de significância estabelecido em p-valor
< 0,05.
A pesquisa baseou-se na busca de artigos nas bases de dados da U.S National
Library of Medicine (PubMed) e da Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram
usados os seguintes termos de pesquisa: "Maternal Mortality", "Brazil" e "Obstetric
Hemorrhage". Foram considerados apenas artigos científicos completos publicados nos
últimos cinco anos e escritos em português. Artigos repetidos ou que não abordavam o
objetivo deste estudo não foram incluídos na análise. No total, foram encontrados 20 artigos,
dos quais 12 foram selecionados com base nos títulos e resumos de acordo com a abordagem
proposta. Destes, 4 artigos foram lidos integralmente e incluídos no presente trabalho.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de análise compreendido entre 2010 e 2020, o Painel de Monitoramento
de Mortalidade Materna registrou um total de 1.123 óbitos maternos decorrentes de
hemorragia obstétrica. As maiores ocorrências desses óbitos foram observadas nas regiões
sudeste, com 386 casos (34,4%), e nordeste, com 336 casos (30,0%), enquanto a região
Centro-oeste apresentou o menor número de casos, com 98 registros (8,7%) (conforme
Tabela 1).
Tabela 1 - Número e percentual de óbitos em mulheres de 15 a 49 anos por hemorragia pós-parto por
região geográfica. Brasil. 2010 – 2020.
Região n % p=0,039
Região sudeste 386 34,4
Região nordeste 336 30,0
Região norte 163 14,5
Região sul 140 12,5
Região centro-oeste 98 8,7
Total 1.123 100,0
Fonte:MS/DATASUS - SIM.
No que diz respeito à faixa etária das mulheres afetadas durante esse período, notou-se
uma prevalência significativa na faixa de idade entre 25 e 34 anos, representando 493 casos
(43,9%). Em seguida, as mulheres com idades entre 35 e 49 anos somaram 362 casos
(32,2%), enquanto aquelas com idades entre 15 e 24 anos totalizaram 267 casos (23,8%).
Também foi registrado um caso (0,1%) em que a idade da mulher afetada não estava
disponível nos registros.
Durante o período de estudo de 2010 a 2020, a taxa de mortalidade anual por
hemorragia pós-parto (HPP) no Brasil teve a seguinte variação em termos percentuais:
Aumento de 43,75% de 2010 para 2015 representou o valor mais alto registrado durante o
estudo. Em 2012, houve uma queda de 12,5% em relação ao valor de 2010 . Um declínio de
26,09% em 2016 em relação a 2015. Aumento de 23,53% até 2018 comparado a 2016.
Diminuição de 10,71% em 2019 em relação a 2018 e aumento de 11,11% até o final de 2020em relação a 2019. Apresentando significância de p=0,039).
Esses resultados destacam a necessidade de um acompanhamento contínuo e de
intervenções direcionadas para reduzir a mortalidade por hemorragia pós-parto no Brasil. A
concentração de casos na faixa etária de 25 a 34 anos sugere a importância de estratégias
preventivas e de atendimento específico para esse grupo. Além disso, as variações anuais na
taxa de mortalidade destacam a complexidade desse problema de saúde e a necessidade de
medidas adequadas ao longo do tempo. O achado significativo no aumento de 2020 em
relação a 2019 requer atenção especial e investigação futura para entender as causas
subjacentes. Dessa forma, de acordo com o relatório "The Sustainable Development Goals
Report 2019" da ONU, é essencial manter investimentos e atenção contínuos a fim de
alcançar a meta global de reduzir a taxa de mortalidade materna para menos de 70 mortes por
100.000 nascidos vivos até 2030. Essa iniciativa poderia potencialmente salvar mais de um
milhão de vidas ao longo de uma década (United Nations, 2019).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, o estudo trouxe evidências que existe a possibilidade de haver a redução da
mortalidade materna que tem como a maior causa a hemorragia pós parto. Os números de
óbitos são preocupantes e devem ser assistidos de forma que tenham medidas que os façam
ser diminuídos. Dessa forma, a propagação da realização do pré natal como prevenção, bem
como conduzir informações enquanto agente de saúde que previnam riscos à mãe e ao bebe
são de suma importância para todo esse avanço de atenuar o alto índice de mortes maternas.
Alcançar essa meta é de extrema relevância, não apenas para melhorar os indicadores de
saúde, mas também para diminuir os obstáculos que as mulheres enfrentam ao acessar
serviços de saúde, e para reduzir as desigualdades.
REFERÊNCIAS
Alves AL, Francisco AA, Osanan GC, Vieira LB. Hemorragia pós-parto: prevenção, diagnóstico e manejo
não cirúrgico. Femina [Internet]. 2020 [acesso em 2023 out 01];48(11):671-9. Disponível em:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/12/1140183/femina-2020-4811-671-679.pdf
Edwards, H. M. (2018). Aetiology and treatment of severe postpartum haemorrhage. Danish Medical Journal,
65(3), B5444. Disponível em:
http://ugeskriftet.dk/files/b5444_aetiology_and_treatment_of_severe_postpartum_haemorrhage.
Geller SE, Koch AR, Garland CE, MacDonald EJ, Storey F, Lawton B. Uma visão global da morbidade materna
grave: indo além da mortalidade materna. Reprod Saúde 2018; 15 (Supl. 01) 98-110 DOI:
10.1186/s12978-018-0527-2.
United Nations. The sustainable development goals report 2019 [Internet].
New York: United Nations; 2019. Disponível em:
https://unstats.un.org/sdgs/report/2019/The-Sustainable-Development-Goals-Report-2019.pdf

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