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Apresentação de Antígenos Não Proteicos

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Índice 
 
I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 2 
II. OBJECTIVOS .......................................................................................................... 3 
III. MHC APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS NÃO PROTEICOS PARA CÉLULAS T
 .................................................................................................................................... 4 
3.2. Linfócito T γδ ........................................................................................................ 4 
3.3. Células T NK ........................................................................................................ 6 
IV. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 7 
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 8 
VI. Anexo 1 .................................................................................................................. 9 
 
 
 
 
 
 
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I. INTRODUÇÃO 
No âmbito de apresentação e reconhecimento de antígenos por células do sistema 
imunológico, os antígenos são classificados em dois grandes grupos: proteicos e 
não proteicos (polissacarídeos, ácidos nucleicos e lípidos) onde algumas populações 
de células T são capazes de reconhecer antígenos não proteicos sem o 
envolvimento de moléculas do MHC da classe I ou da classe II, ditando excepções à 
regra de que células T são capazes de ver somente peptídios MHC-associados. 
Falando concretamente das células T NK e células T γδ. 
Entretanto, quanto a apresentação de antígenos à células T não se pode ter como 
base a ideia de que elas na sua generalidade somente reconhecem antígenos 
peptídicos, visto que cientificamente foi evidenciada a existência de subfamílias de 
células T capazes de responder aos antígenos não proteicos sem o uso de 
moléculas de MHC, como o caso das duas supracitadas pois estas se encontram 
nas barreiras epiteliais e intestinais como sentinelas imunológicas, agindo como 
imunidade inata pese embora sendo células T convencionalmente reconhecidas 
como células da imunidade adaptativa razão pela qual são tidas como células 
primitivas dos seres humanos. Na sua essência funcional servem de via comum 
garantindo uma harmónica activação dos dois tipos de imunidade. 
Nesta perspectiva emerge o presente trabalho de pesquisa intitulado “ MHC 
apresentação de antigenos não proteicos a celulas T”, cuja ideia de fundo centra-se 
na perspectiva de descrever e discutir conceitos-chave inerentes ao tema. 
Quanto à organização o artigo encontra-se desposto de forma tripartida, sendo a 
primeira parte introdutória, onde contextualiza o trabalho, a segunda do 
desenvolvimento do trabalho, nela discute-se postos-chave do trabalho e finalmente 
a parte conclusiva que incorpora considerações finais e conclusivas em torno das 
células em estudo e bibliográfica que consiste na confrontação de vários autores de 
diversas obras usados como base de sustento do conhecimento da pesquisa do 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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II. OBJECTIVOS 
2.1. Geral 
 O objectivo principal deste trabalho é abordar sobre apresentação de 
antigenos não proteicos a celulas T. 
2.2. Específicos 
 Descrever as interações que ocorrem entre a imunidade inata e adaptativa 
mediadas por celulas T NK e células T γδ. 
 Relacionar a acção de apresentação de atigenos por celulas MHC restritas e 
não restritas ou variaveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III. MHC APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS NÃO PROTEICOS PARA CÉLULAS 
T 
3.1. Contextualização 
Algumas populações de células T são capazes de reconhecer antígenos não 
proteicos sem o envolvimento de moléculas do MHC da classe I ou da classe II. 
Assim, estas populações são excepções à regra de que células T são capazes de 
ver somente peptídios MHC-associados. Destas populações, as melhor definidas 
são as células T NK e células T γδ. 
As NKT expressam marcadores característicos de célula natural kiler (NK) e 
linfócitos T e expressam receptores de células T αβ com diversidade muito limitada. 
As NKT reconhecem lipídios e glicolipídios apresentados pela molécula do MHC tipo 
classe I não clássica chamada de CD1. Existem várias proteínas CD1 expressas em 
humanos e camundongos. Apesar de suas vias de tráfego intracelulares diferirem de 
maneiras sutis, todas as moléculas CD1 se ligam e apresentam lipídios através de 
um mecanismo único. Moléculas CD1 recém sintetizadas capturam lipídios celulares 
e levam-nos para a superfície da célula. Ali, os complexos lipídio-CD1 são 
endocitados em endossomas ou lisossomas, onde os lipídios que foram endocitados 
a partir do ambiente externo são capturados e novos complexos lipídio-CD1 são 
devolvidos para a superfície celular. Assim, as moléculas CD1 adquirem antígenos 
lipídicos endocitados durante a reciclagem e apresentam esses antígenos sem 
transformação aparente. 
As células NKT que reconhecem os antígenos lipídicos podem desempenhar um 
papel na defesa contra microrganismos, especialmente micobactérias (que são ricas 
em componentes lipídicos). As células T γδ são uma pequena população de células 
T que expressam proteínas receptoras de antígeno semelhantes, mas não idênticas 
às células T CD4+ e CD8+. As células T γδ reconhecem diversos tipos diferentes de 
antígenos, incluindo algumas proteínas e lipídios, bem como pequenas moléculas 
fosforiladas e alquilaminas. Esses antígenos não são apresentados pelas moléculas 
do MHC, e as células γδ não são restritas ao MHC. Importa ressaltar que ainda não 
se sabe se um determinado tipo de célula ou de sistema de apresentação de 
antígenos é necessário para a apresentação de antígenos a estas células. 
3.2. Linfócito T γδ 
Uma pequena população de LT periféricos possui TCR com diversidade limitada, 
composto por cadeias γδ. Essas células são comumente encontradas nas primeiras 
linhas de defesa do organismo, como as barreiras mucosas e a pele, onde atuam 
como verdadeiras sentinelas de reconhecimento de padrões moleculares, 
reconhecendo e apresentando antígenos, respondendo a eles e contribuindo 
também para ativação e proliferação de células do sistema imune. Essas células 
diferem dos LT αβ, pois seu TCR pode reconhecer antígenos mesmo na ausência de 
apresentação pela molécula de MHC, sendo então consideradas verdadeiras 
sentinelas do organismo. 
Os LT γδ apresentam também memória imunológica, respondendo mais 
vigorosamente em um segundo encontro antigênico. Os LT γδ exercem suas 
funções efetoras de maneiras variadas, podendo, por exemplo, apresentar 
citotoxicidade (característica primária de LTCD8). Estudos terapêuticos têm 
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explorado esta característica citotóxica contra antígenos tumorais. Os LTγδ exercem 
também função auxiliadora liberando citocinas como INF-γ (Th1) ou IL-4 (Th2), 
podendo inclusive atuar como APCs eficientes, pois possuem alta capacidade de 
apresentar antígenos aos LTαβ, mediando sua ativação e proliferação. Os LTγδ são 
também capazes de ativar células dendríticas e LB, ampliando assim tanto a 
resposta imune celular como humoral.(Figura 01). 
Os LTγδ trazem à tona a discussão de um dos dogmas contemporâneos da 
imunologia, a divisão do sistema imune em sistema inato e adaptativo. O sistema 
imune inato responde rapidamente ao reconhecer padrões moleculares derivados de 
patógenos e é capaz de induzir repostas imunes adaptativas pela liberação de 
citocinas e apresentação de antígenos. Em contraste, a reposta adaptativa age 
lentamente em um encontro antigênico inicial, mas desenvolve memória imunológica 
e responde rápida e vigorosamente em um encontro subsequente. Os LTγδ podem 
ser incluídos em ambos os braços da resposta imune, uma vez que exercem tanto 
as funções de células da imunidade inata como da resposta adaptativa. Sua 
participação nos dois tipos de respostasugere que essas células representam uma 
forma primitiva e conservada de imunidade. 
Esse subtipo, quando estimulado por antígenos aumenta a expressão de moléculas 
co- estimulatórias e MHC de classes I e II em sua superfície; além de demonstrar 
habilidade de fagocitose, processamento antigênico e ativação das células B e T; 
características condizentes com o fenótipo de células apresentadoras de antígenos. 
Outras funções que também foram associadas aos linfócitos T γδ, no geral, incluem 
papel regulatório e interação com células B para troca de isotipo e formação dos 
centros germinativos. 
No geral, as células classicamente denominadas da imunidade inata estão 
envolvidas na indução da resposta imune adaptativa de duas maneiras: internalizam 
os patógenos e as células em apoptose, realizam seu processamento, e apresentam 
os antígenos via MHC para as células T αβ convencionais; e também, integram 
sinais de perigo e inflamatórios, traduzindo os em estímulo capaz de promover a 
polarização funcional na resposta das células B e T.(Figura 03 e 04). 
Na maioria das vezes, a ativação dessas células ocorre de forma indireta através da 
secreção de citocinas pró-inflamatórias pelas células dendríticas, sendo sua rápida 
ativação decorrente do seu fenótipo pré-ativado. Dentre as funções efetoras 
descritas para as células T γδ estão: morte de células infectadas via CD95-CD95L, 
TRAIL e perforinas e granzimas; produção de substâncias líticas e/ou 
bacteriostáticas como granulisina e defensinas; e síntese de citocinas (TNF-α, IFN-
γ, IL-17, IL-4, IL-5, IL-13, TGF-β, IL-10) (Bonneville et al., 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.3. Células T NK 
Os linfócitos NKT (em inglês: Natural killer T (NKT) cells) são um grupo de células T 
que partilham as propriedades das células T e das células exterminadoras naturais. 
Muitas destas células reconhecem a molécula CD1 não-polimórfica, um molécula 
apresentadora de antígenos que se liga a lipídeos e glicolipídeos próprios. Possuem 
receptores de células T o TCR com uma baixa afinidade e variabilidade, além de 
exibir marcadores típicos de moléculas NK. 
 
Vale ressaltar que todas as células que expressam TCRαβ são restritas ao MHC, ou 
seja, reconhecem o antígeno apenas em associação a moléculas do MHC próprio, e 
expressam co-receptores CD4 ou CD8. Uma pequena população de LT expressa 
marcadores encontrados em células NK e são conhecidas como células NKT, que 
parecem também ter papel importante na regulação da resposta imune. As células 
NKT apresentam expressão de TCR com cadeias α de diversidade limitada. Esse 
TCR reconhece lipídeos ligados a moléculas não-polimórficas, denominadas CD1 e 
semelhantes ao MHC da classe I. 
As células NKT parecem surgir do mesmo precursor que origina LT convencionais, 
mas são seleccionadas positivamente após interacções de alta avidez com 
glicolipídeos associados a moléculas CD1 expressas por células epiteliais ou 
medulares do tecido tímico. Figura 02) 
Apesar do repertório limitado, as células NKT apresentam duas estratégias 
diferentes no reconhecimento de patógenos. A primeira, observada no 
reconhecimento de bactérias Gram-negativas, ocorre pela sinalização de receptores 
do tipo Toll (TLR) pelo LPS. A segunda ocorre pelo reconhecimento específico de 
glicosilceramidas presentes na parede celular bacteriana, apresentadas por CD1. 
Essa última via de sinalização assegura o reconhecimento de patógenos que não 
apresentam ligantes para TLRs em sua parede celular. 
Devido ao reconhecimento de glicolipídios conservados, tanto endógenos (iGbeta3) 
quanto exógenos, essas células estão envolvidas em respostas alérgicas, 
inflamatórias, tumorais e na auto-imunidade, além de participarem da regulação da 
resposta imune. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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IV. CONCLUSÃO 
Foi deste concluído que a componente central na função das células NKT é a 
ativação recíproca das células NK e das células dendríticas, que é iniciado com a 
apresentação de αGalCer por células dendríticas às células NKT, induzindo-as a 
aumentar a expressão de CD40L, quimiocinas e citocinas Th1 e Th2, a ligação com 
o CD40 induz as células dendríticas a aumentar CD40, B7.1 e B7.2 e IL-12, a qual 
aumenta a ativação das NKT e a produção de citocinas. A propagação dessa reação 
envolve a regulação positiva das propriedades co-estimulatórias das células 
dendríticas e a apresentação de antígenos mediada por MHC de classe I e II, 
servindo de ponte para a resposta imune adaptativa. Dessa forma, as células NKT 
são capazes de regular a função de células dendríticas e também de outras APCs, 
como macrófagos e células B. 
Essa interação direta é capaz de induzir a proliferação e a diferenciação desse 
linfócito B em plasmócitos, que iniciam rapidamente a secreção de anticorpos da 
classe IgM (Figura 03). Uma vez estes não processados em peptídeos pelas células 
dendríticas, não podem ser apresentados via moléculas do MHC de classes I e II 
para os linfócitos T CD8+ e T CD4+, respectivamente, e, consequentemente, não 
podem ser reconhecidos pelos TCRs desses linfócitos. Assim, os linfócitos T não 
teriam como ser ativados e secretar as citocinas necessárias ao processo de 
ativação dos linfócitos B e à produção de outros tipos de anticorpos, fora as IgM. 
As células NKT também são capazes de produzir proteínas citolíticas solúveis, como 
perforina e granzima, e expressam proteínas de membrana envolvidas na 
citotoxicidade, como o FasL. Portanto, essas células possuem função citotóxica 
dependente tanto de perforina quanto de FasL e tal função é dependente de 
ativação via reconhecimento de antígenos pelo TCR, diferente da atividade 
citotóxica clássica das células NK. 
Dessa forma, essas células têm o potencial de regular a função de quase todas as 
células hematopoiética. E por isso, as células NKT exercem papel importante em 
uma grande variedade de condições patológicas, como no transplante, em tumores, 
assim como em várias formas de autoimunidade, aterosclerose, alergia e infecções 
Olhando para os linfócitos T γδ desempenham um papel importante na mediação 
ambas as respostas imunes inata e adaptativa. Agem como uma ponte entre a 
imunidade inata e adaptativa, respondendo rapidamente a estímulos antigênicos 
sem precisar de ativação prévia. Eles reconhecem padrões moleculares associados 
a patógenos (PAMPs) e moléculas de estresse celular, permitindo uma resposta 
rápida e eficaz contra agentes infecciosos. Produzem citocinas e moléculas 
citotóxicas que ajudam a eliminar células infectadas e contribuem para a resposta 
inflamatória. Na imunidade adaptativa, os linfócitos T γδ podem reconhecer 
antígenos específicos de patógenos e células transformadas de forma não 
convencional e podem desencadear uma resposta imune específica, incluindo a 
ativação de outras células imunes. Além disso, desempenham um papel importante 
na regulação do equilíbrio entre as respostas imunes pró-inflamatórias e anti-
inflamatórias. Alguns exemplos de citocinas produzidas por linfócitos T gama-delta 
incluem: Interferon-gama (IFN-γ); Fator de necrose tumoral alfa (TNF-α); 
Interleucina-17 (IL-17) e Fator de crescimento transformador beta (TGF-β). 
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V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1. ABBAS, Abul K.; LITCHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. (2019) Imunologia 
Celular e Molecular. 9. ed. [S.L.]. Elsevier. 
 
2. Silva, Fernandes S & Silva, Leite S. (2022) Imunologia Básica: Parte 3. 
Fortaleza-CE. 
 
3. Bonneville M, O'Brien RL, Born WK. (2010). Gamma delta T cell effector 
functions: a blend of innate programming and acquired plasticity. Nat Rev 
Immunol. Jul;10(7):467-78. Epub 2010 Jun 11. Review. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VI. ANEXOS ( Figuras: 01,02,03,04 e Tabelas: 01, 02). 
 
 Figura 01. Mecanismo de acção e funções dos linfócitos T γδ. 
 
 
 
 Figura 02. Mecanismo de acção e funções dos linfócitos NKT. 
 
 
 
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Figura 03. Etapas da activação e da diferenciaçãodos linfócitos B da zona marginal do baço contra 
antígenos não proteicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 04. Resposta humoral a antígenos não proteicos mediados pela activação de células T γδ aos 
macrófagos. 
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 Tabela 01: Classes dos linfócitos e respectivas funções. 
 
 
 
 
 
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 Tabela 02: Populações dos linfócitos e suas funções.

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