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Abordagem Econômica do Meio Ambiente

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Fundamentos da 
Engenharia Ambiental
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Daniela Debone
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Santos
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Economia e as principais Escolas Econômicas;
• Economia Ambiental e Ecológica;
• Valoração Econômica de Recursos Ambientais. Fonte: iStock/Getty Im
ages
Objetivos
• Serão abordados os principais conceitos sobre Economia e as principais escolas econômi-
cas. Serão definidas: economia ambiental e ecológica, valoração econômica de recursos 
ambientais e por que valorar.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o 
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
Contextualização
A Economia é a ciência social que estuda as formas do comportamento antrópi-
co resultantes da relação entre as necessidades humanas e os recursos disponíveis 
para satisfazê-las.
Na prática, podemos dizer que a Economia é o conjunto de atividades desenvolvi-
das pelos homens referentes à produção, distribuição e ao consumo de bens e serviços 
necessários à sobrevivência e à qualidade de vida.
Ao longo do desenvolvimento histórico da Economia, as atividades econômicas 
foram evoluindo sem a preocupação em relação à disponibilidade dos recursos am-
bientais e à responsabilidade de proteção ambiental.
Só na segunda metade do século XX, a intensificação da poluição dos países indus-
trializados e a crise do petróleo motivaram a percepção da dependência econômica do 
homem em relação aos recursos naturais.
O aumento da preocupação em relação aos efeitos adversos causados pela acelera-
da degradação ambiental exerceu uma crescente pressão sobre a tomada de decisões 
do setor produtivo industrial, o que impulsionou a formação de duas correntes econô-
micas ambientais: a teoria econômica ambiental e a teoria econômica ecológica.
Diante disso, o grande e atual desafio está em conciliar os sistemas econômico e 
natural, porque necessariamente estes sistemas interagem e não podemos optar por 
um em detrimento do outro.
O equilíbrio entre a esfera econômica e a responsabilidade ambiental torna-se es-
sencial, uma vez que são vitais para a sobrevivência dos seres humanos. Assim, a 
valoração ambiental torna-se essencial para se alcançá-lo.
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Economia e as principais Escolas Econômicas
Antes de começarmos nossa discussão sobre Economia Ambiental, precisamos com-
preender as características gerais, as principais ideias da Economia e das suas principais 
escolas de pensamento econômico.
A Economia é a ciência social que estuda as formas do comportamento antrópico 
resultantes da relação entre as necessidades humanas e os recursos disponíveis para 
satisfazê-las. Estreitamente ligada à política das nações e à vida da população, tem como 
principal função explicar como funcionam os sistemas econômicos, objetivando soluções 
para problemas existentes.
 
Sistema econômico é a forma como os principais componentes de uma economia (agentes 
econômicos) se relacionam entre si. A Figura 1 apresenta estes componentes.
Estoque de Fatores
de Produção
Capital, Recursos naturais, Recursos humanos;
Capacidades empresarial e tecnológica.
Complexo de Unidade
de Produçõa
Unidades familiares, Empresas,
Instituições �nanceiras e Governos.
Complexo de Entidades Jurídicas, Políticas e Sociais.
Figura 1 – O esquema apresenta os principais componentes que constituem os sistemas econômicos: 
Estoque de fatores de produção, Complexos de unidades de produção e Complexo de entidades
As relações entre os agentes econômicos (pessoas, famílias, empresas, instituições 
financeiras e governos) geram fluxos financeiros, que vão determinar o nível de produ-
ção e o crescimento econômico de uma nação. Os valores monetários gerados por essas 
relações são representados e medidos pelo produto interno bruto (PIB).
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
Mercado de produtos
Mercado de fatores
de produção
EmpresasFamílias
Gasto ($) (=PIB) Receitas ($) (=PIB)
Renda ($) (=PIB)
Terra, Capital, Trabalho
e Emprendedorismo
Insumos para
a produção
Bens e serviços
comprados
Bens e serviços
vendidos
Salários, alugueis, juros,
e lucros ($) (=PIB)
Fluxo de bens e serviços
Fluxo de dinheiro
Figura 2 – O diagrama representa o fl uxo circular de renda e o fl uxo contínuo
de bens e fatores de produção entre os agentes econômicos
Na prática, podemos dizer que a Economia é o conjunto de atividades desenvolvidas 
pelos homens referentes à produção, distribuição e ao consumo de bens e serviços 
necessários à sobrevivência e à qualidade de vida.
O grande problema econômico se resume em: 
O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? 
Basicamente, essas questões são consideradas um problema, uma vez que as necessidades 
humanas são ilimitadas e os recursos produtivos necessários para a produção de bens e 
serviços são limitados. Então, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e 
os processos técnicos capazes de transformar os recursos limitados em produção. Observe 
que o conceito de sustentabilidade está totalmente ligado a esse contexto, principalmente, 
porque considera o uso racional de recursos e processos de recuperação, como a reciclagem. 
Historicamente, o pensamento econômico pode ser dividido nas seguintes escolas:
• Mercantilismo – Ocorreu entre os séculos XV e XVII, no contexto de expansão 
comercial. Refere-se ao conjunto de princípios que orienta a economia dos estados 
europeus. A riqueza consistia no acúmulo de metais preciosos e na ampliação de 
reservas (exportando mais e importando menos);
• Fisiocracia – Ocorreu no século XVIII, contestava o pensamento mercantilista. 
A riqueza era determinada pela produtividade das terras, defendia o poder agrí-
cola. Representou a origem conceitual do liberalismo. O principal ponto desta 
escola foi a defesa do livre comércio. Os principais teóricos foram François 
Quesnay e Jacques Turgot;
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• Economia Clássica – Ocorreu no contexto da Revolução Industrial, fim do século 
XVIII, representa a consolidação da economia como conhecimento científico. 
Caracterizada pela defesa do liberalismo, abertura de mercado entre as nações, 
teoria valor-trabalho (quantidade de trabalho para produzir mercadoria determina 
seu valor). Principais expoentes foram Adam Smith (principal obra “A Riqueza das 
Nações”), David Ricardo e Thomas Malthus;
• Marxismo – Ocorreu na segunda metade do século XIX, no cenário de consolidação 
do capitalismo. Representado principalmente por Karl Heinrich Marx, que criticava 
o modo de produção capitalista, falava sobre o acúmulo de capital para a burguesia 
e o empobrecimento da classe trabalhadora. Portanto, defendia uma sociedade sem 
classes e igualitária.
• Economia Neoclássica – Fim do século XIX, representada pelos teóricosCarl 
Menger, Alfred Marshall, Knut Wicksell, Vilfredo Pareto, Irving Fisher e outros. 
Suas ideias superaram a antiga teoria valor-trabalho. O valor de um produto é 
definido de forma subjetiva, de acordo com sua utilidade. Preço definido pelo 
equilíbrio entre oferta e procura (“lei do mercado”). Alguns teóricos começam a 
discutir a ideia de intervenção do Estado;
• Escola Keynesiana – Representada pelo teórico John Maynard Keynes, surgiu 
no contexto da grande depressão econômica da década de 1930. Defende a 
necessidade do Estado em buscar formas para conter o desequilíbrio da economia, 
marcado por recessão e desemprego. Aplicar remessas de capital, conceder baixas 
linhas de crédito e obras estatais seriam algumas medidas governamentais para 
superar crises.
Muitos defendem ideias contraditórias sobre quando, de fato, se deu o início da Eco-
nomia. Porém, com esta síntese que mostra a divisão cronológica das principais escolas, 
conseguimos observar uma certa convergência sobre a evolução do pensamento econô-
mico ao longo da história da humanidade.
Por exemplo, com a fisiocracia, vemos os primeiros pressupostos referentes à ideia 
de livre mercado. Na época dos teóricos clássicos, a necessidade de alterar estes pres-
supostos vem acompanhada com as consequências econômicas provocadas pela Revo-
lução Industrial.
Em paralelo com a evolução das escolas de pensamento econômico, ocorre o enten-
dimento em relação às falhas de mercado. Nesse sentido, com os neoclássicos, inicia-
-se a ideia de intervenção governamental. Na escola keynesiana, chega-se a defender 
a intervenção e gastos públicos, como motivação de recuperação da crise econômica 
causada pela 1ª Guerra Mundial.
Perceba outro detalhe importante que ocorreu ao longo do desenvolvimento histórico 
da Economia. As atividades econômicas foram evoluindo sem a preocupação em relação 
à disponibilidade dos recursos ambientais e à responsabilidade de proteção ambiental.
A Revolução Industrial iniciou-se na 
Inglaterra, no fim do século XVIII.
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
A Revolução Industrial representou a transição de um modo de produção manufatu-
rado para um processo produtivo mecanizado, o que impulsionou significativas transfor-
mações econômicas, políticas e sociais. Entre as suas principais consequências, podemos 
destacar o fortalecimento do capitalismo, crescimento econômico, avanço tecnológico, 
surgimento da classe operária e dos sindicatos, a intensificação do processo de urbani-
zação. Essa época é considerada o marco de um crescente e desenfreado aumento da 
poluição e degradação ambiental.
O fortalecimento do capitalismo foi orientado pela maximização dos lucros. Nessa 
visão de mercado, a interação homem-natureza tende à monetarização (reduzida à 
relação de dinheiro), uma vez que sempre há uma pressão para o aumento da produção 
de mercadorias. Considerada fonte inesgotável de recursos, a função da natureza passa 
a ser de fornecimento de insumos para a produção de bens e serviços.
Nesse cenário, no século XIX, escola neoclássica começou a se consolidar e dedicar 
sua atenção para as economias, nas quais a atividade industrial já tinha assumido uma 
posição de destaque, como na Inglaterra. Na época, os teóricos neoclássicos defendiam 
que os sistemas econômicos eram alimentados a partir de fontes inesgotáveis de recursos 
naturais, de insumos materiais e de energia. Além disso, não reconheciam a produção 
de resíduos e rejeitos indesejados provenientes das atividades industriais; as chaminés 
expelindo fumaça representavam desenvolvimento.
Figura 3 – Ilustração de Dundee, uma cidade da Escócia, no século XIX
Só na segunda metade do século XX, a intensificação da poluição dos países indus-
trializados e a crise do petróleo motivaram a percepção da dependência econômica do 
homem em relação aos recursos naturais.
No início da década de 1970, foram desenvolvidos os primeiros modelos neoclássicos 
que consideravam a função do meio ambiente de fornecimento de recursos naturais para 
a produção de bens e serviços e de assimilação dos resíduos e os rejeitos indesejáveis, 
resultantes dos processos de produção e consumo.
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Assim, o aumento da preocupação em relação aos efeitos adversos causados pela 
acelerada degradação do meio ambiente e a compreensão de que as mudanças climáticas 
estão intimamente relacionadas às emissões industriais exerceram uma crescente 
pressão sobre a tomada de decisões no âmbito do setor produtivo e impulsionaram a 
formação de duas correntes econômicas ambientais: a teoria econômica ambiental e a 
teoria econômica ecológica.
Fatos históricos importantes em relação à preocupação ambiental mundial:
1962 – Publicação do livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), escrito por Rachel 
Carson. A obra foi amplamente difundida na época, representou grande influência para 
preocupação pública em relação aos pesticidas e a poluição do ambiente natural.
1968 – Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para 
Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida como Conferência da 
Biosfera. Suas discussões foram direcionadas para os aspectos científicos da conservação 
da Biosfera e pesquisas em Ecologia. Resultou no Relatório Meadows, conhecido como 
Relatório do Clube de Roma, que defende que se a população mundial continuasse a 
consumir como na época, por consequência da industrialização, os recursos naturais se 
esgotariam em menos de 100 anos.
1972 – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, também co-
nhecida como Conferência de Estocolmo. Realizada na Suécia, foi a primeira conferência 
global voltada para o meio ambiente, é considerada um marco histórico internacional, 
decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, direcionando a 
atenção das nações para as questões ambientais.
1987 – Comissão mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou o Relatório 
Brundtland, dando origem ao termo “desenvolvimento sustentável”, que se refere a 
“procurar satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades; significa possibilitar que 
as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e 
econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável 
dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”.
1992 – A Rio 92 ou Cúpula da Terra chamou a atenção mundial para a necessidade de 
uma aliança entre todos os povos em defesa da sociedade sustentável, e como resultado 
foram estabelecidas medidas gerais a serem seguidas, tais como a Convenção Quadro 
sobre Mudança de Clima, a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, a Declaração sobre Conservação e Uso Sustentável de todos os tipos de 
Florestas e a Agenda 21.
Economia Ambiental e Economia Ecológica
Atualmente, estamos vivendo uma crise ambiental global, que é reflexo das atividades 
e intervenções antrópicas insustentáveis, que não respeitam o equilíbrio do sistema 
natural, com a retirada de recursos naturais mais intensa que a capacidade de regeneração 
do meio ambiente.
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
A busca pelo equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a responsabilidade 
ambiental motivou a constituição duas correntes econômicas ambientais: a teoria 
econômica ambiental e a teoria econômica ecológica.
Resumidamente, a Economia Ambiental apresenta fundamentação neoclássica, de-
fende o desenvolvimento econômico em detrimento do meio ambiente, não se preocupa 
com os efeitos adversos da retirada predatória dos recursos naturais, mas com as exter-
nalidades negativas provenientes dessas atividades.
A Economia Ecológica tenta explicar o sistema econômico a partir das leis de ter-
modinâmica. E, ao contrário da EconomiaAmbiental, considera o sistema econômico 
como um sistema aberto. Reconhece, então, a interdependência entre os sistemas eco-
nômicos e ecológicos, com princípios ligados às ideias de desenvolvimento sustentável.
Economia Ambiental
Podemos considerar a Economia Ambiental como uma resposta ao questionamento 
sobre o papel dos problemas ambientais na dinâmica econômica.
A teoria econômica tradicional, representada como um sistema fechado (de acor-
do com a Figura 2), falhava por não reconhecer que as matérias-primas, utilizadas 
no processo de produção, eram provenientes do meio ambiente; por considerar seus 
recursos naturais ilimitados; e por não se preocupar com a biocapacidade do meio 
ambiente de assimilar os resíduos resultantes dos processos de produção e consumo. 
Portanto, nesta visão, os recursos naturais não faziam parte do mercado e não fa-
ziam parte das tomadas de decisões
Diante deste cenário, a Economia Ambiental defende inclusão dos recursos naturais 
no mercado e nas decisões dos agentes econômicos, como solução dos problemas 
ambientais. Apoia-se, então, no princípio da escassez e no conceito de “internalização 
das externalidades”.
Com o princípio da escassez, o recurso natural que considerado escasso passa a ser 
classificado como “bem econômico”. Essa conversão pode ser considerada uma ferra-
menta de preservação, uma vez que deleta a imagem de que os recursos são ilimitados, 
de que não existem donos, e assim podem ser desperdiçados.
De uma forma geral, para Economia, externalidades são os efeitos colaterais do processo 
de produção de bens ou serviços sobre terceiros, que não diretamente envolvidos com a 
atividade. Podemos dizer então, que as externalidades se referem a uma consequência 
de uma decisão sobre aqueles que não participaram da decisão. Dessa forma, as 
externalidades podem ser classificadas como positivas, representando um benefício; ou 
negativas, resultando em um custo.
Os impactos ou problemas ambientais são denominados como externalidades. Por-
tanto, “internalização das externalidades” refere-se a atribuir valor aos recursos naturais, 
que são impactados pelas atividades econômicas. Em outras palavras, “internalizar as 
externalidades” é estabelecer ou fixar preços para os recursos naturais, de acordo com 
o funcionamento do mercado. 
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A Economia Ambiental tem como objetivo solucionar os impactos ambientais e 
promover o desenvolvimento econômico, mas acaba reduzindo as múltiplas dimensões 
dos recursos naturais a dimensão única de mercado, acabando em uma despreocupação 
em relação à sustentabilidade.
Além disso, tende ainda a abonar a culpa dos agentes poluidores, beneficiando os in-
teresses privados, uma vez que o poluidor sempre paga pelos seus estragos, transferindo 
para o espaço público (solo, rios, mares, ar) todos os problemas ambientais.
Algumas abordagens utilizadas pela Economia Ambiental:
Teorema de Coase: as externalidades podem ser corrigidas e internalizadas pela negociação 
entre as partes afetadas, sem necessidade de intervenção de uma entidade reguladora.
Análise Custo-Efetiva: análise de alternativas de abatimento da poluição que atinjam 
metas socialmente estabelecidas ao menor custo possível.
Princípio do Poluidor-Pagador: também conhecido como Princípio da Responsabilidade, 
exige que o poluidor suporte as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos 
ambientais por ele causados. O agente poluidor é obrigado a arcar com todos os custos.
Economia Ecológica
A Economia Ecológica tenta explicar o sistema econômico a partir das leis de ter-
modinâmica. Para os seguidores desta corrente, o sistema econômico pode até ser 
fechado em termos materiais, porém, é aberto, uma vez que ocorre troca de energia 
entre sistema econômico e o meio ambiente.
Como foi discutido na Unidade 3, de acordo com a Lei da conservação de energia e massa, 
ou 1ª Lei da Termodinâmica, em todos os sistemas naturais, sempre ocorre a conservação 
de energia (ou massa). Portanto, a energia (ou massa) nunca é criada ou destruída, apenas 
é possível sua transformação.
Por sua vez, a 2ª Lei da Termodinâmica enuncia que “a entropia no universo tende ao 
máximo”. A cada transformação, a energia passa de uma forma complexa e concentrada 
(alta qualidade) para formas simples e dispersas (baixa qualidade). Assim, ao seguir seu 
fluxo, a tendência é o aumento da dispersão da energia na forma de calor.
Em outras palavras, a economia ecológica incorpora a análise econômica tradicional, 
mas entende que fatores externos, tais como a extração de recursos naturais e a obtenção 
de energia necessária para a produção de bens de consumo, interferem nas relações 
entre os agentes econômicos. Portanto, referindo-se às leis de conservação de massa e 
energia, estas relações são dependentes dos limites impostos pelos ecossistemas. 
Além disso, também há limites para a biocapacidade do meio ambiente de assimilar 
os resíduos resultantes dos processos de produção e consumo. De acordo a 2ª Lei da 
Termodinâmica, por mais que os processos de reciclagem sejam eficientes, sempre há 
dispersão da energia ao longo da cadeia de produção.
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
A Economia Ecológica, uma vez fundamentada em uma investigação biofísica-ecoló-
gica do sistema econômico, agrega conceitos provenientes das ciências naturais e das 
ciências sociais, tendo como objetivo proporcionar uma análise integrada das interfaces 
entre sistema econômico e meio ambiente, e assim, consegue superar o caráter reducio-
nista das análises neoclássicas.
Portanto, podemos considerar que a Economia Ecológica possui características 
que estão mais próximas dos critérios de preservação ambiental e do desenvolvi-
mento sustentável.
Para aprofundar o conhecimento sobre estas corrente econômicas, você pode ler o artigo “A 
abordagem econômica do meio ambiente: Ambiental e Ecológica”, que busca demonstrar 
alguns aspectos das duas teorias e a forma como tratam as questões ambientais.
Disponível em: https://goo.gl/gBTQD2
Ou também ler o artigo “Economia ambiental, ecológica e marxista versus recursos 
naturais”. Disponível em: https://goo.gl/FoJ8u2
Valoração Econômica de Recursos Ambientais
A influência humana nos últimos 250 anos mudou o equilíbrio dinâmico do nosso 
planeta, uma vez que se aumenta a razão entre seres humanos e biocapacidade (habilidade 
de repor os recursos naturais).
De acordo com Herman Daly, um conceituado economista ecológico dos EUA, o 
crescimento econômico está ficando “deseconômico” e a natureza degradada já não 
fornece tantos serviços ecossistêmicos.
Diante desse cenário, o grande e atual desafio está em conciliar os sistemas econômico 
e natural, porque necessariamente estes sistemas interagem e não podemos optar por um 
em detrimento do outro. O equilíbrio entre a esfera econômica e a responsabilidade am-
biental torna-se essencial, uma vez que são vitais para a sobrevivência dos seres humanos.
A valoração ambiental torna-se essencial para se alcançar este equilíbrio. Valendo-
-se de métodos e técnicas, atribui valor monetário aos recursos ambientais, permitindo 
dimensionar os impactos ambientais e internalizando-os à economia, além de evidenciar 
os custos e benefícios da expansão das atividades antrópicas.
Portanto, a importância da valoração ambiental está na determinação de um valor 
de referência que indique uma sinalização de mercado, possibilitando o uso racional e 
sustentável dos recursos ambientais.
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Figura 4 – Apesar de não existir uma classifi cação universalmente aceita sobre as técnicas
de valoração econômica ambiental, sua importância está na determinação de um valor
de referência que possibilita o uso sustentável dos recursos ambientais
Na prática, a valoração econômica ambiental pode ser utilizada como ferramenta 
analítica em:
• Planos de Compensação Ambiental;
• Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA);
• Implantaçãode Políticas de Conservação e Preservação Ambientais;
• Determinação do valor de taxas e multas por danos ambientais causados ao 
meio ambiente;
• Avaliação de Impacto à Saúde.
Recursos Exauríveis X Recursos de Fluxo
Recursos exauríveis: aqueles cuja exploração pela atividade humana leva necessaria-
mente à redução na sua disponibilidade futura. Pode ser valorado a partir do custo de uso, 
associado à escassez crescente do recurso. Exemplos: royalties, cobrança pelo uso da água.
Recursos de fluxo: aqueles que podem ter suas condições originais restauradas pela ação 
natural ou humana. Pode ser valorado a partir do custo da degradação, associado à perda 
de bem-estar da população. Exemplo: cobrança sobre emissões (poluidor-pagador).
O petróleo é considerado exaurível, porque seu tempo de formação é superior a milhares de 
anos. As florestas, apesar de renováveis, podem ser consideradas exauríveis, porque não se 
recuperam, caso sejam destruídas as condições ecológicas que garantem sua biocapacidade 
de regeneração. Os solos podem ser classificados como recurso de fluxo, porque a sua utilização 
corrente não impede sua utilização futura. Porém, o solo possui determinadas características 
naturais que podem ser permanentemente comprometidas como consequência de seu mau 
uso e manejo. As águas superficiais são tratadas como recursos de fluxo, embora as reservas 
de água potável sejam recursos cada vez mais escassos. 
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
De acordo com Ronaldo Seroa da Motta, um dos economistas pioneiros na análise 
das questões ambientais, estabelece que o valor econômico de um recurso ambiental 
(VERA) pode ser decomposto em valor de uso (VU) e valor de não uso (VNU). Por sua 
vez, VNU também é denominado como valor de existência (VE); e VU pode ser classifi-
cado como valor de uso direto (VUD) e valor de uso indireto (VUI).
Assim, temos a seguinte expressão para VERA:
VERA = (VUD + VUI + VO) + VE
Onde:
VUD – Valor de Uso Direto: valor que os indivíduos atribuem ao bem ambiental por 
sua utilização direta. Por exemplo, extração, visitação ou outra atividade de produção 
ou consumo direto.
VUI – Valor de Uso Indireto: valor atribuído a um recurso ambiental quando o 
benefício de seu uso deriva de funções ecossistêmicas. Por exemplo, contenção da 
erosão e proteção do solo; estabilidade climática decorrente da preservação florestal.
VO – Valor de Opção: valor atribuído em preservar recursos que podem estar ame-
açados, para usos direto ou indireto no futuro próximo. Por exemplo, benefício advindo 
de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais, ainda não descober-
tas, de plantas em florestas tropicais.
VE – Valor de Não Uso ou Valor de Existência: que está dissociado do uso (em-
bora represente consumo ambiental) e deriva de uma posição moral, cultural, ética ou 
altruística em relação aos direitos de existência outras espécies que não a humana ou 
preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual 
ou futuro para o indivíduo. Por exemplo, a grande mobilização da opinião pública 
para salvamento de baleias ou sua preservação em regiões remotas do planeta, onde a 
maioria das pessoas nunca visitarão ou terão qualquer benefício de uso.
O uso dos bens e serviços ambientais pode ser resumido, de acordo com a figura 
a seguir:
Tabela 1 – Breve resumo dos componentes de VERA
Valor Econômico do Recurso Ambiental
Valor de Uso Valor de Não-Uso
Valor de Uso Direto Valor de Uso Indireto Valor de Opção Valor de Existência
bens e serviços 
ambientais apropriados 
diretamente da 
exploração do recurso e 
consumidos hoje
bens e serviços 
ambientais que são 
gerados de funções 
ecossistêmicas 
e apropriados 
e consumidos 
indiretamente hoje
bens e serviços 
ambientais de usos 
diretos e indiretos a 
serem apropriados e 
consumidos no futuro
valor não associado ao 
uso atual ou futuro e 
que reflete questões 
morais, culturais, éticas 
ou altruísticas
Fonte: Motta (2006, p.13)
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Fundamentando-se no significado de cada componente da expressão VERA, diferentes 
métodos podem ser utilizados na valoração econômica dos bens ambientais. De acordo 
com o artigo abaixo, que será indicado para leitura, os principais métodos são:
• Método de Valoração Contingente: considera a preferência que os consumidores 
atribuem aos diferentes tipos de bens ou serviços ambientais e o quanto estariam 
dispostos a pagar pela sua utilização;
• Método de Custo Viagem: utiliza como parâmetro o valor que um bem am-
biental adquire em um mercado, voltado a atividades recreativas, como o turis-
mo. Consideram-se os gastos na conservação do bem para o usufruto dos indiví-
duos, a localização do mesmo e as características socioeconômicas do indivíduo;
• Método de Preços Hedônicos: identifica atributos ou características de um bem 
composto privado cujos atributos sejam complementares a bens ou serviços am-
bientais, possibilitando mensurar o preço implícito do atributo ambiental no preço 
de mercado quando outros atributos são isolados.
• Método Dose-Resposta: considera o bem ambiental como um fator de produção 
e procura estabelecer um relacionamento entre variáveis que retratam a qualidade 
ambiental e o nível do produto de mercado, em termos de quantidade e de quali-
dade, eventuais mudanças na qualidade ambiental podem ocasionar alterações no 
custo da produção e consequentemente no produto;
• Método de Custo de Reposição: utiliza como parâmetro de cálculo os valores ne-
cessários para repor ou reparar o dano ambiental causado pela atividade antrópica;
• Método Custos Evitados: aplicado aos bens utilizados como substitutos ou com-
plementares de determinado bem ambiental, tendo em vista que as características 
do bem original não oferecem segurança à saúde ou ao bem-estar humano.
Para aprofundar o conhecimento, você pode ler o recente artigo publicado “A valoração 
econômica ambiental no Brasil”. Disponível em: https://goo.gl/VpuDhw
A escolha do método dependerá do objetivo da valoração, das hipóteses assumidas, 
da disponibilidade de dados e conhecimento da dinâmica ecológica do objeto que está 
sendo valorado. Cada método apresenta vantagens e desvantagens e o maior desafio 
está em identificar suas limitações e procurar avanços na compreensão dos fenômenos 
naturais e do entendimento econômico.
Para finalizar esta unidade, você pode ler os estudos de casos apresentados na Parte II do 
Manual para Valoração Econômica de Recursos Ambientais, elaborado por Ronaldo Seroa 
da Motta. Disponível em: https://goo.gl/qN6Czz
Os estudos de casos mostram situações práticas de alguns métodos apresentados acima 
e permite a compreensão dos aspectos teóricos desenvolvidos. Sugerimos a leitura dos 
Estudos de Caso 10 e 13, porque foram realizados no Brasil.
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UNIDADE 
Abordagem Econômica do Meio Ambiente 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Serviços Ecossistêmicos
Assista ao vídeo Serviços Ecossistêmicos, publicado pela FGVces. 
https://youtu.be/xqAKdKUCCa0
Método de Custo de Reposição (Valoração de Serviços Ecossistêmicos)
Assista ao vídeo Parte 2/3 - Método de Custo de Reposição (Valoração de Serviços Ecos-
sistêmicos), publicado por FGVces - FGV EAESP. 
https://youtu.be/FQRLD6UuQ5A
Método de Produtividade Marginal (Valoração de Serviços Ecossistêmicos)
Assista ao vídeo Parte 3/3 - Método de Produtividade Marginal (Valoração de Serviços 
Ecossistêmicos), publicado por FGVces - FGV EAESP. 
https://youtu.be/-LJyIvcbCCQ
 Leitura
Casos Empresariais
Sugestão de leitura de estudos de casos de valoração de serviços ecossistêmicos e casos de 
gestão empresarial de serviços ecossistêmicos de diversas empresas brasilieras, publicados 
no site da iniciativa Tendências em Serviços Ecossistêmicos (TeSE) projeto do Centro de 
Estudos em Sustentabilidade (FGVces) da Escola de Administraçãode Empresas de São 
Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
https://goo.gl/dWQ9fc
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