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TCC ARTIGO CIENTÍFICO - PAPEL_DA_EMOÇÃO_NO_PROCESSO_DE_APRENDIZAGEM - Neuropsicopedagogia Clinica - Flávia B M Souza - NOTA 9

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O PAPEL DA EMOÇÃO NO PROCESSO DE 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 Flávia Batista Moreira de Souza 
1
 
Clério Cezar Batista Sena
2
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo objetivou analisar qual o papel da emoção na aprendizagem. Diante do 
grande número de queixas referentes as dificuldades de aprendizagem, cabe refletirmos sobre 
as causas, partindo do conhecimento do funcionamento do Sistema nervoso central e como ele 
processa todo esse mecanismo. Um dos passos foi identificar, como as emoções influenciam na 
aprendizagem das crianças, bem como verificar os conceitos de dificuldades e transtornos; 
analisar as áreas cerebrais que envolvem a emoção e aprendizagem e perceber a relação entre 
emoção e funções executivas. Para tanto, foi utilizado para coleta de dados a pesquisa 
bibliográfica, com o foco em assuntos que norteiam a emoção e a aprendizagem. A partir da 
análise do referencial teórico, foi possível perceber a importância da emoção no processo de 
aprendizagem. Esse mecanismo ocorre de forma dinâmica e dependente de vários circuitos 
neurais alimentados pelos estímulos vindos do ambiente, sendo que estes necessitam de canais 
sensoriais bem estruturados para que toda a informação recebida seja captada e transformada 
em respostas de aprendizagem. Enfim, através de todo o estudo realizado foi possível confirmar 
que o papel da emoção no processo de aprendizagem é sem dúvida significativo, podendo ter 
alto impacto tanto positivo quanto negativo. É interessante, porém, estar atento a tudo que 
envolve esse processo desde o ambiente que o individuo está inserido, até as questões 
neurológicas, aspectos cognitivos e executivos, sendo que estes precisam ser trabalhados de 
forma conjunta e multidisciplinar. 
 
Palavras-chave: Emoção. Aprendizagem. Funções executivas. Sistema nervoso. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O ser humano desde a sua concepção é moldado pelas influências do meio em que vive 
e estas são carregadas de experiências emocionais que tanto, podem ser positivas ou negativas. 
As emoções atuam em vários aspectos dentre eles, atenção, memória e funções executivas, 
funciona como gerenciador de respostas a estímulos emitidos pelo ambiente determinando 
estreita relação com a cognição. 
 
1 Especialista em Neuropsicopedagogia Clínica Faculdade CENSUPEG. E-mail:flavinhabmsouza@gmail.com 
2 Mestre em Educação: Psicologia da Educação, PUC/SP, Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva / 
Neuropsicopedagogia Clínica CENSUPEG; MBA: Gestão Empreendedora Educação, UFF/SESI, Especialista em 
Gestão da Escola – FE/USP, Psicopedagogo Institucional e Clínico, Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. 
E-mail: cezar.sena@hotmail.com 
mailto:cezar.sena@hotmail.com
2 
 
Como bem nos assegura Relvas (2015), para se compreender o caminho percorrido das 
informações pelos estímulos sensoriais até chegarem ao cérebro, há de se ter a necessidade de 
uma abordagem anatômica e fisiológica (forma e função). Assim, faz se entender que existem 
movimentos de conexões nervosas que são dinâmicos e velozes, em razão da integração entre 
três sistemas fundamentais para a construção dos saberes do sujeito que aprende. Neste contexto 
fica claro que, o estudo da neurobiologia da aprendizagem é fator primordial para a promoção 
do desenvolvimento global do indivíduo, fazendo-se necessária uma avaliação minuciosa, pois 
esse rastreio neurobiológico é importante devido à complexidade das causas da não 
aprendizagem. Em todo esse processo pode-se dizer de forma resumida que a emoção tem lugar 
privilegiado na aprendizagem, é interessante, aliás, afirmar que todo esse mecanismo se dá a 
partir do sistema nervoso central. 
De forma geral, o estudo da neurobiologia da emoção e o seu papel na aprendizagem 
visa analisar as bases neurobiológicas que se correlacionam. Com isso cabe, ao 
neuropsicopedagogo clínico alinhado com a equipe multiprofissional criar estratégias que 
tornam a aprendizagem acessível. Desse modo, essa pesquisa visa estudar o sistema nervoso 
central como ferramenta de aprendizagem considerando a emoção como forte aliada nesse 
processo. 
Ao longo dos anos, fica em evidência as inúmeras queixas de famílias e escolas referente 
a dificuldade de aprendizagem e sem dúvida, o fator emocional tem influenciado neste número. 
Neste contexto, a proposta deste artigo é responder o seguinte problema de pesquisa. Como a 
compreensão do papel da emoção auxilia no processo de aprendizagem da criança? 
Segundo Pereira (1995), a primeira forma de afetividade está nas emoções, cujo papel é 
o de unir os indivíduos entre si por reações orgânicas e íntimas de forma global e indiferenciada. 
Essa mesma forma de interação dará origem as oposições, desdobramentos e o gradativo 
surgimento da consciência. O autor deixa claro que as emoções têm um importantíssimo papel 
nas relações interpessoais, onde se estabelece a nossa consciência e identidade que são 
princípios de toda a aprendizagem. 
O objetivo do presente estudo é compreender o papel da emoção no processo de 
aprendizagem do aluno, como finalidade discutir a partir dos resultados encontrados como 
realizar abordagens mais significativas e efetivas. Um dos passos a ser realizado para alcançar 
o objetivo do estudo, buscou-se embasamentos teóricos que melhor explicam a neurobiologia 
da aprendizagem e emoção. Além disso, foi verificado os conceitos de dificuldade e transtornos 
específicos de aprendizagem, como também descrever as áreas cerebrais que envolvem a 
emoção, aprendizagem e sua relação com as funções executivas. Enfim essa analise geral 
3 
 
permitiu verificar o impacto da emoção na aprendizagem do aluno e identificar a contribuição 
para as práticas de intervenção. 
Diante das grandes demandas das dificuldades de aprendizagem, os profissionais da área 
da educação e saúde buscam cada vez mais por embasamentos científicos e estudos de casos, 
que melhor proporcione condições para uma prática de intervenção clara e precisa. Um dos 
aspectos relevantes para identificar a dificuldade da aprendizagem é descobrir as causas e 
efeitos da emoção em relação à cognição e funções executivas que são preditoras da 
aprendizagem. Neste contexto, é fundamental apresentar conceitos e embasamentos que 
possibilitam uma visão sobre como a emoção influencia no processo de aprendizagem na sua 
totalidade. 
Partindo das definições da dificuldade e transtornos de aprendizagem, foi feito menção 
das condições favoráveis ao ato de aprender, elencando o caminho da aprendizagem no sistema 
nervoso central. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, em que se recorreu a alguns autores, 
para um melhor entendimento do assunto, destacam-se Relvas, Cosenza, Guerra, Lúria, dentre 
outros. Nesta perspectiva buscou-se entender qual é o papel da emoção no processo de 
aprendizagem tendo como foco a função neurobiológica, e relação da emoção com as funções 
executivas, visando uma abordagem multidisciplinar, respeitando a individualidade e 
complexidade do educando. 
 Com base nas reflexões acima, o presente artigo será distribuído em quatro capítulos. 
O primeiro capítulo aborda os aspectos neurobiológicos da emoção e aprendizagem, já no 
segundo capítulo buscou apresentar como o cérebro aprende, mencionando a importância da 
estruturação genética e do ambiente no processo de aprendizagem. O terceiro capítulo se 
caracteriza por analisar e conceituar o que difere as dificuldades e transtornos de aprendizagem. 
O quarto e último capítulo discorre sobre a relação da emoção e as funções executivas, 
pontuando a importância de entender o papel das emoções em todo processo de aprendizagem 
do indivíduo. 
 
2. NEUROBIOLOGIA DA EMOÇÃO E APRENDIZAGEM 
 
Pode-se dizer que a emoção atua como um sinalizador fisiológico das 
mensagens externas, ou seja, o corpocapta a sensação e reage com uma emoção específica a 
isso. Neste contexto fica claro que, as emoções são essenciais para a nossa existência. O 
hipotálamo é a região do sistema límbico mais importante. Ele é a via de comunicação entre 
todos os níveis deste sistema e desempenha o papel das emoções especificamente sendo as 
4 
 
partes laterais a raiva e as das partes medianas estão ligadas ao desprazer e a tendência as 
gargalhadas descontroladas (RELVAS, 2015). 
Como bem nos assegura Cosenza e Guerra (2011) as emoções são respostas que 
vivenciamos do ambiente e nosso corpo expressa. Neste contexto fica claro que, a emoção tem 
um importantíssimo papel na aprendizagem, o mais importante, contudo é constatar que a 
emoção atua no sistema de atenção e memória, não é exagero afirmar que esses conceitos, são 
bases neurobiológicas da aprendizagem. Em todo esse processo pode-se dizer de forma 
resumida que a emoção também é responsável pela geração das memórias. É interessante, aliás 
afirmar que os processos químicos e fisiológicos da emoção têm muito a dizer de como o 
cérebro de cada indivíduo aprende em sua particularidade. 
Conforme explicado acima, é interessante frisar, que a emoção é expressão das 
informações vindas do ambiente, mas há alguns fatores que sobrepõe como, o impacto na 
atenção e memória que são pilares do desenvolvimento humano. Mesmo assim não parece haver 
razão para discordar que esses fatores também são aspectos gerais da emoção. 
Pode-se dizer que o fator emocional faz parte de todas as vivências e experiencias do 
ser humano. O autor deixa claro que, para entendermos o processo de aprendizagem deve-se 
considerar os aspectos emocionais e intelectuais, o mais interessante, contudo é constatar que 
eles se correlacionam entre si, podemos afirmar que todo esse processo precisa ser considerado 
os componentes da personalidade herdadas geneticamente e provenientes do ambiente que a 
criança está inserida. É interessante, aliás, afirmar que toda emoção é um convite para ação ou 
uma renúncia a ela, são organizadores internos dos nossos comportamentos (VYGOTSTY, 
2001). 
Conforme mencionado pelo autor, pode-se dizer que o processo de aprendizagem é 
complexo e abrangente, neste contexto fica claro que a emoção é tão importante quanto todos 
os outros fatores, o mais preocupante, contudo é constatar que os educadores e profissionais da 
área necessitam cada vez mais de se aprofundar no conhecimento das funções cerebrais, não é 
exagero afirmar que toda aprendizagem ocorre no sistema nervoso central, é importante que 
isso ocorra de forma organizada e dinâmica, assim entende-se que aprender é algo complexo 
que depende de boas conexões cerebrais dentre ela a emoção. "O cérebro é o instrumento da 
aprendizagem" (RELVAS, 2015, p.34). 
Conforme explicado acima, a emoção envolve, portanto, processos mentais 
importantíssimos, neste sentido 'pode-se dizer que seu objetivo vai além de unir e provocar 
relacionamentos interpessoais ela potencializa e abre caminhos para a cognição e 
posteriormente para a aprendizagem. Tem impacto significativo na memória de longo prazo 
5 
 
podendo ser positiva ou negativa, por exemplo, quando a criança é constrangida ou altamente 
elogiada. 
O conhecimento fornecido pelas neurociências pode então indicar algumas direções, 
ainda que não exista uma receita única a ser seguida. As emoções são a exteriorização 
da afetividade. Nelas que se assentam os exercícios gregários, que são uma forma 
primitiva de comunhão e de comunidade. As relações que elas tornam possíveis 
afinam os seus meios de expressão, e fazem deles instrumentos de sociabilidade cada 
vez mais especializados. (WALLON, 1975, p.143). 
 
O autor deixa claro que as emoções estabelecem relações, e são essas por sua vez que 
leva o sujeito a ter experiências e vivências que proporcionam a aprendizagem. Esse é o motivo 
pelo qual é importante entender o estado emocional do sujeito para que assim se tenha uma 
avaliação e intervenção pontual em suas dificuldades de aprendizagem. 
Fica evidente, diante destes dados, qual é o papel da emoção no processo de 
aprendizagem. Não cabe, portanto, traçar um método uma "receita" pronta para solucionar todas 
dificuldades e distúrbios de aprendizagem, porém cabe o estudo minucioso de cada aprendente 
de forma individual e personalizada. A emoção assim como todas as bases neurobiológicas da 
aprendizagem atua de maneira especializada de acordo com a personalidade, contexto, 
ambiental e genética de cada indivíduo, seria um erro, portanto generalizar a emoção e 
aprendizagem de forma comum a todos, elas acontecem de maneira particular de acordo com 
cada sujeito. 
 
3. COMO O CEREBRO APRENDE? 
 
A aprendizagem não ocorre em áreas isoladas, ela depende da conexão entre várias áreas 
do cérebro (LÚRIA, 1973). Portanto, para aprender o sistema nervoso depende de redes neurais 
que trabalham simultaneamente, tanto nas entradas quanto nas respostas dos estímulos, para 
que ocorra a aprendizagem é preciso que a entrada, ou seja, as vias sensoriais estejam 
completamente disponíveis e favoráveis aos estímulos. 
Conhecer as atribuições o funcionamento e as particularidades de cada área cerebral no 
processo de aprendizagem são de suma importância. 
 
Os processos sensoriais começam sempre nos receptores especializados em captar um 
tipo de energia, neles tem início um circuito, em que vai passando de uma célula a 
outra, até chegar em uma área do cérebro, geralmente no córtex cerebral, responsável 
por seu processamento, como por exemplo as sensações táteis. A informação pode ser 
modificada no seu trajeto e será percebida de forma consciente quando for processada 
nos circuitos corticais especializados para isso (COSENZA e GUERRA, 2011, p.17). 
6 
 
Pode-se dizer que, cada área possui sua função específica, porém para que a 
aprendizagem ocorra deve haver uma boa comunicação entre elas. Neste contexto o autor deixa 
claro que grupos de neurônios produzem conexões e adquirem habilidades para executar uma 
função específica. Conforme citado acima, os nossos órgãos dos sentidos são partes 
fundamentais, ou seja, são canais responsáveis e específicos para captar todos os estímulos do 
ambiente, processam , transformam a informação e traduz uma reposta que resulta em 
aprendizagem. 
 
O cérebro (encéfalo) é responsável pelos comportamentos e pelas manifestações 
emocionais em relação aos estímulos do ambiente. O sistema nervoso coordena as 
atividades internas e externas do organismo, produzindo uma integração e busca em 
manter a homeostase (equilíbrio) do indivíduo com o mundo externo. (RELVAS, 
2015, p.35). 
 
O sistema nervoso possui um mecanismo dinâmico, recebe os estímulos do ambiente 
processa e expressa a resposta por uma expressão motora, seria um erro não atribuir ao cérebro 
também todo o processo de automatização de ações executivas e motoras. Segundo Fonseca 
(2009, p.26) "a tonicidade é a matéria prima da vida afetiva, daí a sua inscrição na postura da 
motricidade da criança". Conforme citado acima a aprendizagem passa primeiramente pelo 
corpo, tônus equilíbrio e coordenação motora. 
Pode -se dizer que a aprendizagem é um processo dinâmico e contínuo que exige 
motivação e envolvimento com o meio. Neste contexto, fica claro que a aprendizagem se dá 
por experiências e vivências, o mais importante, contudo é constar que a aprendizagem é 
processo crescente onde cada fase de aprendizado depende da anterior, ou seja, há uma 
hierarquia nesse processo. Não é exagero afirmar que precisa ser respeitada as etapas 
maturacional de cada indivíduo, saber e conhecer a individualidade e também proporcionar uma 
intervenção mais lúdica e palpável possível. "À aprendizagem desperta processos internos de 
desenvolvimento que somente podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas." 
(OLIVEIRA, 1992, p.33). Daí a importânciadas relações socio emocionais no desenvolvimento 
intelectual da criança. 
Lane (1997) mostra que, as informações são influenciadas ao longo do percurso 
neuronal de acordo com cada indivíduo, ou seja, elas não são armazenadas com a mesma força 
que são recebidas. 
Significados socioculturais historicamente produzidos são internalizados pelo homem 
de forma individual e, por isso, ganham um sentido pessoal; a palavra, a língua, a 
cultura relacionam-se com a realidade, com a própria vida e com os motivos de cada 
indivíduo (LANE, 1997, p. 34). 
 
7 
 
A aprendizagem é mudança de conduta de conhecimento e comportamento que depende 
de experiências, fatores genéticos, neurológicos, psicológicos, educacionais e sociais. 
Conforme explicado acima, o autor deixa claro que o ato de aprender não é simples, é ativo e 
se define de forma gradual, ou seja, não é possível aprender algo novo se não tivermos base 
para correlacionar as novas informações que chegam. Portanto, para aprender, o cérebro precisa 
desenvolver importantes áreas, tanto cognitivas quanto motoras, de forma organizada, sendo 
assim, a importância dos estímulos corretos respeitando a fase de desenvolvimento de cada 
criança. 
 
4. DIFICULDADE E TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DA APRENDIZAGEM 
 
Partindo do princípio que a aprendizagem depende de fatores genéticos e ambientais, as 
dificuldades e transtornos de aprendizagem é algo que requer um olhar minucioso a seus 
detalhes que os diferem. As dificuldades de aprendizagem não estão ligadas aos sistemas 
biológicos cerebrais, mas podem ser causadas por problemas passageiros, como por exemplo, 
um conteúdo escolar que nem sempre oferece a criança condições adequadas para o sucesso. 
(RELVAS, 2015). 
Como bem nos assegura o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais - 
DSMV (2014), pode-se dizer que os transtornos de aprendizagem se originam na primeira fase 
de escolarização e são persistentes eles atuam nas áreas da leitura, escrita e matemática, não 
consiste apenas em falta de oportunidade para o aprendizado como o fato do ambiente e 
estrutura favorável, mas é uma desordem neuronal que prejudica o padrão normal da 
aprendizagem. O mais importante, contudo, é constatar que, estes transtornos são casos clínicos 
que podem e devem ser observados através de escalas, relatórios escolares, entrevista clínica e 
outros, pois são casos que persiste e não são transitórios. 
Conforme explicado acima, os transtornos específicos da aprendizagem são decorrentes 
de problemas neurofuncionais. Neste contexto fica claro que, alguns critérios precisam ser 
considerados para que se chegue ao diagnóstico de transtorno específico de aprendizagem 
dentre eles está em apresentar o transtorno nos primeiros anos de escolaridade e não adquirido 
mais tarde no processo educacional. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1993), os transtornos específicos da 
aprendizagem não são resultantes de nenhum outro transtorno, como Deficiência intelectual, 
problemas visuais ou auditivos e outros relacionados a ordem emocional, porém pode haver 
sim, comorbidades. São, portanto, um grupo de transtornos específicos que comprometem 
8 
 
significativamente a aprendizagem, o autor deixa claro, a importância de se analisar os 
critérios diagnósticos para assim diferenciar as dificuldades de aprendizagem de transtornos 
específicos de aprendizagem.O autor deixa claro que os transtornos específicos da 
aprendizagem não dependem de outras patologias, ou seja, deficiências, elas podem sim, haver 
comorbidades, mas se revelam especificamente nos processos de aquisição das habilidades 
acadêmicas. Conforme mencionado pelo autor, os profissionais precisam ficar atentos aos 
critérios diagnósticos, são muitas as demandas relacionadas as dificuldades de aprendizagem, 
porém algumas são momentâneas, decorrente de problemas sociais, e isso deve estar bem 
claro no momento da avaliação." A avaliação precisa-se constituir em um conjunto de dados 
que expresse avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e fazer alusivos à 
progressão do estudante" (HOFMANN, 2002, p.202). 
Conforme explicado acima os transtornos específicos de aprendizagem atuam em áreas 
específicas relacionadas as habilidades acadêmicas, as quais podemos considerar a atenção, 
memória e as funções executivas, sendo elas de suma importância para as competências 
escolares, déficits nessas áreas compromete todo o processo. É importante considerar que a 
presença de uma dificuldade de aprendizagem, não quer dizer que seja um transtorno, pois este 
se traduz, por exemplo, em uma série de perturbações no ato de aprender. 
 
Avaliar o que se aprende, para uma educação inclusiva. Assim, todos os educadores 
precisam conhecer, pois, quando mal avaliada, trazem prejuízos ao indivíduo, bem 
como a todos os envolvidos. A importância dada a esses aspectos relacionados com a 
aprendizagem tem aumentado significativamente na atualidade. Isso deve-se em 
grande parte ao fato de que o sucesso do indivíduo está ligado ao bom desempenho 
escolar. Por isso, um número cada vez maior de crianças em atendimentos com 
neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e 
neuropsicopedagogo. (RELVAS, 2015, p.52). 
 
O autor deixa claro na citação acima que, a avaliação é pilar básico para um processo 
de aprendizagem eficaz. Esse é motivo pelo qual é importante frisar essa prática, pois todo o 
caminho interventivo parte de boa avaliação. Conforme citado acima a importância dada aos 
aspectos da aprendizagem tem aumentado muito nos últimos anos, e com isso ocorre a crescente 
busca pelos profissionais da área, e isso é um dado bastante satisfatório tendo em vista que 
quanto mais precoce for a intervenção melhor e mais rápido serão os resultados. 
Fica evidente, diante desses dados a diferença entre dificuldade e transtornos específicos 
de aprendizagem. Não cabe, portanto, usar na neuropsicopedagogia o termo diagnosticar, pois, 
esse se estende apenas na área médica, aqui nos é permitido levantar hipóteses em avaliações 
de preferência multidisciplinar visando uma intervenção que realmente ativa as áreas afetadas. 
9 
 
4.1 EMOÇÃO E SUA RELAÇÃO COM AS FUNÇÕES EXECUTIVAS E APRENDIZAGEM 
 
No processo de ensino e aprendizagem há demandas específicas que exige do aprendiz 
certas habilidades e comportamentos que determinam o seu avanço e o que possibilita esses 
comportamentos de forma organizada e pensada é o que chamamos funções executivas. Essas 
habilidades possibilitam ao indivíduo reagir de maneira planejada e antecipada de modo a 
alcançar seus objetivos, e flexibilizar suas decisões de forma consciente e reflexiva com 
possibilidades de mudar os planos diante da complexidade (STRAUSS, SHERMAN e 
SPREEN, 2006). 
Para Burlas (2018): 
 
As funções executivas são caracteristicamente consideradas como um processo 
derivado do córtex pré frontal, não por acaso, a região do cérebro que se encontra mais 
desenvolvida na espécie. Essa capacidade ou função é o que possibilita, por exemplo, 
aos seres humanos estabelecerem relações mentais na ausência dos elementos ou 
fatores concretos, imaginando possíveis eventos futuros a antecipação e o 
planejamento (BURLAS, 2018, p. 07). 
 
Pode-se dizer que as funções executivas são habilidades que nos permite gerenciar os 
nossos comportamentos e tomadas de decisão, o autor deixa claro que, as emoções podem 
influenciar todo o resultado executivo de nossas ações, o mais importante, contudo é constatar 
que, a aprendizagem faz parte deste mecanismo ela é o resultado de tudo isso. Conforme citado 
acima, as funções executivas são essenciais não só para a vida escolar, mas para o sucesso em 
todas as esferas da vida. 
Nas funções executivas está o gerenciamento das emoções, estas precisam ser 
desenvolvidas para ter autocontrole, flexibilidade cognitiva e planejamento.Sendo assim: 
 
Um estado de alerta extremo, causado por uma condição de ansiedade, por exemplo, 
também pode prejudicar a atenção e o processamento cognitivo. É necessário, então, 
um nível, adequado de vigília para que o cérebro possa manipular a atenção, focando 
a consciência em diferentes modalidades sensoriais, em eventos ou objetos notáveis, 
ou, mais ainda, em alguma característica especial que for julgada importante 
(COSENZA e GUERRA, 2011, p.43). 
 
Conforme citado acima, as emoções e funções executivas possuem íntima relação com 
a cognição e aprendizagem. Nesse sentido, a cognição é altamente influenciada pela emoção, 
pois a emoção altera a fisiologia do corpo, alterando assim toda a percepção do ambiente, por 
isso a necessidade de se ter uma tranquilidade emocional para se trabalhar os aspectos 
cognitivos (WALLON, 1975). 
10 
 
Pode-se dizer que as funções executivas são gerenciadoras de nossos comportamentos, 
por exemplo, a emoção é a expressão visível, orgânica e biológica, que promove impactos 
significativos no ato de aprender. Neste contexto fica claro que, funções executivas, emoção e 
aprendizagem estão em plena sintonia, reproduzimos aquilo que sentimos. O mais importante, 
contudo, é constatar que esses aspectos não podem ser analisados de forma isolada, e sim 
precisa de uma visão global no contexto de cada indivíduo. Não é exagero afirmar que, a 
aprendizagem é resultado destas funções bem estruturadas, é necessário que se propicie os 
estímulos certo, em determinado tempo e espaços que favoreça o desenvolvimento, conforme 
menciona Joenk (2002, p.03): "O funcionamento cerebral é moldado tanto ao longo da história 
da espécie como no desenvolvimento individual, isto é, a estrutura e o funcionamento do 
cérebro não são inatos, fixos e imutáveis". 
Brasil (2006, p.29) mostra que dessa forma, sabendo que todo o contexto ambiental 
influencia na chegada das informações ao nosso sistema nervoso, cabe aos espaços de 
aprendizagem propiciar ambientes adequados e convidativos. 
 
O ideal é criar ambientes de aprendizagem ao mesmo tempo, estimulantes, seguros e 
desafiadores. São inúmeros os arranjos de organização espacial possível, incentivando 
a cooperação e reforçando relações sociais afetivas, ou respondendo à necessidade de 
atividades individuais, conforme a solicitação do processo educativo. Brasil (2006, 
p.29). 
 
Conforme explicado acima, o autor deixa claro que as funções executivas podem ser 
influenciadas pela emoção e consequentemente alteram os resultados da aprendizagem, sendo 
que esta vai além da assimilação de respostas aos conteúdos, precisa-se que toda a engrenagem 
cerebral esteja em um bom funcionamento. Deve ser observado o indivíduo na totalidade, bem 
como o ambiente precisa ser acolhedor e harmonioso, onde o aprendiz sinta-se parte do seu 
processo de aprender, ou seja, a aprendizagem é o resultado dos processos mentais e corporais 
que necessitam estar em constante equilíbrio e motivação. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O desenvolvimento do presente artigo possibilitou uma análise do papel das emoções 
no processo de aprendizagem, bem como percorrer alguns caminhos no sistema nervoso central, 
em busca do entendimento de como o cérebro aprende e as causas de não aprendizagem, tendo 
o foco nas emoções. Além disso, também permitiu compreender que a aprendizagem parte da 
experiência do indivíduo com o meio e que suas emoções transformam em comportamentos 
11 
 
sendo que estes dependem das funções executivas para serem regulados e expressos de maneira 
satisfatória. 
De modo geral, os embasamentos aqui descritos possibilitam ao neuropsicopedagogo 
clínico e profissionais afins uma visão ampla e precisa de como o seu aprendente se apropria 
da aprendizagem, mais ainda, dá-lhe condições de entender os circuitos cerebrais da 
aprendizagem, favorecer um ambiente propício para este processo e estabelecer estratégias a 
partir do histórico de vida e meio social. 
Sabendo que a aprendizagem se processa no sistema nervoso central, cujo 
funcionamento depende de vários atributos neurológicos, diante da fala dos autores aqui citados 
ficou evidente que o objetivo da pesquisa foi alcançado, pois, nos proporcionou 
identificar qual o papel da emoção na aprendizagem sendo ela de fato, de estrema relevância 
para o mecanismo da aprendizagem. 
Com base nas leituras e resumos e fichamentos foi possível obter um conhecimento 
amplo do que é aprendizagem e suas bases, tendo como foco a função neurobiológica, 
conhecendo novas maneiras de entender o papel da emoção no processo de aprendizagem 
dentro de uma abordagem neuropsicopedagogica multidisciplinar no espaço clinico. 
Dada a importância do tema, torna-se necessário um maior envolvimento dos 
profissionais que atuam diretamente com a criança em questão, elaborar um plano interventivo 
que contemple suas reais necessidades tanto na área clinica quanto escolar, com isso estabelecer 
parceria com as escolas e famílias com orientação e formação continuada aos professores para 
se dar intencionalidade aos seus métodos de ensino, e, assim efetivar uma prática interventiva 
eficiente, entendendo que em se tratando de aprendizagem o diálogo entre os profissionais 
envolvidos deve ser constante. 
Podemos concluir que tudo o que envolve a realidade do indivíduo implica nos 
resultados acadêmicos e pessoais, consequentemente em toda a sua vida, e um destes aspectos 
que aqui elencamos é o papel da emoção na aprendizagem, ficando claro que elas são 
fundamentais dentro deste processo, e se faz necessário entende-la como atua em cada 
indivíduo e sua influência no ato de aprender, sabendo que cabe ao neuropsicopedagogo clinico 
buscar parceria com o psicólogo e neuropsicólogo, pois estes sim, poderão intervir na emoção 
e o neuropsicopedagogo na aprendizagem. 
 
 
 
 
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