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1 CBI of Miami 2 CBI of Miami DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o mesmo estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. 3 CBI of Miami Comportamento Simbólico e Alfabetização I Liana Rosa Elias Olá, turma! Sejam bem-vindos ao Módulo de Comportamento Simbólico e Alfabetização I. Neste módulo iremos entender a base teórica para o comportamento simbólico e os principais conceitos de formação de classes de estímulos equivalentes, quadros relacionais e o procedimento de Matching to Sample (MTS). Esses processos são fundamentais para se compreender comportamentos de leitura e escrita com compreensão e são a base que compõem as intervenções e protocolos de ensino de leitura e escrita. Importante ressaltar que o comportamento simbólico envolve a habilidade de se comportar de forma parecida diante de estímulos diferentes. Como entendo que as letras “PUXE” dispostas numa porta evoque o comportamento de puxar a porta? A relação entre as palavras e as coisas são estabelecidas de forma arbitrária, e decorrem da formação de classes de estímulos que vão compartilhar funções e significados entre si, mesmo que estes estímulos sejam completamente diferentes entre si. Por exemplo, respondemos à classe “animal” diante de estímulos completamente diferentes, como uma cobra, um cachorro, um peixe, uma formiga, por exemplo. A relação estre os elementos dessa classe foi estabelecida de forma arbitrária, via aprendizagem sócio verbal, sem a necessidade de uma correspondência física (cor, forma, etc.) entre os elementos dessa classe. É nesse sentido que entendemos que todo comportamento de leitura e escrita passa pelo comportamento simbólico. As letras, palavras e os significados vão sendo estabelecidos via treino de uma comunidade de falantes, que estabelecem a relação entre esses elementos. Portanto, ler é comportar-se diante de símbolos arbitrários. Arbitrário porque é a comunidade verbal quem resolve compartilhar destes significados, ou seja, porque é socialmente atribuído. Pensamento e linguagem envolvem respostas como: abstrair, esquecer as diferenças, inferir, sair do “concreto”, generalizar. Segundo DeRose (1993), 4 CBI of Miami “o pensamento e a linguagem requerem, portanto, a capacidade de agrupar os estímulos em classes” (p. 284). Mas então como compreendemos a formação de classes de estímulos? Classes de estímulos podem ser baseadas em similaridade física ou atributos em comuns, ou podem ser estabelecidas através de relações arbitrárias entre estímulos. Algumas dessas relações arbitrárias podem dar origem a relações de equivalência entre estímulos, e estas, implicam na ocorrência de desempenhos emergentes (não ensinados diretamente), o que implica dizer que o indivíduo aprende mais do que foi explicitamente ensinado. Mas não se preocupem que vamos detalhar passo a passo todos esses processos. Denominemos então que classes de estímulos ocorrem quando dois ou mais estímulos (classe) passam a controlar uma mesma resposta. Tomando o exemplo da formação da classe “cachorro”, podemos dizer que uma criança aprende a emitir o operante verbal “cachorro” na presença de diferentes espécimes, como labrador, pincher, border colie, por exemplo. Esse processo ocorre via generalização no interior de uma classe, pois os animais são diferentes entre si, mas estão ainda dentro de um gradiente de generalização (quatro patas, focinho, rabo, peludos, etc.). Outra possibilidade é a de discriminação entre classes, que ocorrem na diferenciação dos elementos de uma classe (cachorro) com outra classe (peixe, passarinho, etc.). Ou seja, é cachorro por não ser uma ave ou peixe. Podemos ainda estabelecer uma classe de estímulos por outra via, que é a mediação de uma resposta comum. Se tivermos um urso de pelúcia, um carrinho de madeira e blocos de plástico, embora eles sejam fisicamente diferentes (portanto sem um gradiente de generalização física), podemos verificar que eles mediam a resposta de brincar; forma-se então a classe funcional “brinquedo”. Como um estímulo novo pode entrar na mesma classe? Se a resposta em comum for estabelecida em sua presença. Mas antes de passarmos aos procedimentos de ensino de relações arbitrárias e de equivalência de estímulos, é importante revisar dois processos comportamentais importantes: a discriminação simples e a discriminação condicional. 5 CBI of Miami Discriminar é comportar-se diferente diante de situações (estímulos) diferentes. É o processo que envolve colocar a ocorrência de uma resposta (dizer “cachorro”) na dependência de um certo contexto (estímulo, no caso um border colie por exemplo). Dizemos então que o border colie é Sd (estímulo discriminativo) para nomear “cachorro” e outros estímulos não (estímulo delta). Conforme figura abaixo: Temos acima uma tríplice contingência, composta pelo Sd (contexto), R (resposta) e S+ (consequência). Sob certas condições, uma tríplice contingência pode ou não estar em vigor (ativa, funcionando), a depender da presença de um quarto elemento, que é o estímulo condicional. S(cond) – Sd: R – S+. Portanto, a resposta só é reforçada se um outro estímulo (condicional) estiver presente. Esse é um processo mais complexo, podendo ser identificado também como discriminação de segunda ordem. 6 CBI of Miami Na figura acima temos uma situação hipotética de uma criança que tem a resposta de “pedir para brincar” na dependência de um estímulo condicional. Os pais da criança (Sd) só costumam brincar com esta em ambientes públicos. Ocorre que os pais somente são Sd para brincar na dependência desse estímulo contextual. Importante ressaltar que os processos de discriminação são fenômenos comportamentais, mas também podem ser procedimentos, o que ocorre quando programamos o ensino dessas relações. Há também outras formas de relacionar estímulos entre si, tratadas pela Teoria das Molduras Relacionais (RFT). Aprendemos a relacionar quaisquer estímulos entre si se nos for ensinado determinadas formas de relação (molduras). Por exemplo, quando aprendemos a dizer que um edifício é maior que uma casa, que um cachorro é maior que uma formiga, nossa resposta fica sob controle dessa forma de relação (moldura de comparação tamanho) e essa forma de responder relacional pode ser arbitrariamente aplicável a quaisquer estímulos: casa, edifício; cachorro, formiga, por exemplo. O operante base da RFT é o responder relacional arbitrariamente aplicável (RRAA). Trata-se de um operante generalizado, um comportamento de estabelecer relações arbitrárias entre eventos, através de diferentes molduras relacionais. São exemplos de molduras relacionais: equivalência, coordenação (igualdade), oposição, 7 CBI of Miami distinção, comparação, hierarquia, espacial, temporal, condicionalidade/causalidade, dêitica (perspectiva). Passemos então para um procedimento padrão bastante utilizado para estabelecer relações arbitrárias entre eventos: o Matching to Sample (MTS) ou pareamento pelo modelo. O MTS é um modelo experimental proposto por Sidman e que se trata de uma situação experimental de um procedimento de discriminação condicional. Ele consiste em quatro passos: 1) apresentação do estímulo modelo (estímulo condicional); 2) resposta observada ao estímulo modelo (R); 3) apresentação dos estímulos comparadores (dentre os quais um deles é o Sd e os demais Sdelta) e;4) escolha (e reforço) do estímulo comparação. Na figura acima, podemos exemplificar o ensino de nomeação a partir de figuras. Têm-se o estímulo modelo A1 (vaca) e os estímulos comparadores B1, B2 e B3. Na presença de A1 (condicional), apenas B1 é Sd para nomeação “vaca”, e B2 e B3 serão Sdelta. Caso mudemos o estímulo comparador para B1 (bola), apenas B2 será Sd para reforço de nomeação, no caso “bola”. Percebe-se que sempre há um estímulo modelo (condicional), que estabelecer a ocasião de quem é Sd entre os estímulos comparadores. 8 CBI of Miami O MTS possui algumas variações. No exemplo acima ocorreu o ID-MTS, que é o Matching to Sample por Identidade, e significa que a escolha correta (Sd) vai compartilhar propriedades físicas idênticas ao S modelo (condicional). Há também o ARB-MTS, que é o Matching to Sample Arbitrário, que é o procedimento no qual não há compartilhamento de propriedades físicas entre o estímulo modelo e os estímulos comparadores. Neste caso, o reforçamento é o único critério para definir o estímulo correto. Conforme abaixo: Esse é um procedimento muito utilizado para ensinar cópia e ditado.
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