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gente criando o futuro
TEXTOS FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA UNIVERSAL
Organizadora Giselly Santos Mendes
TEXTOS FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA UNIVERSAL
Organizadora Giselly Santos Mendes
Textos Fundam
entais da Literatura Universal
GRUPO SER EDUCACIONAL 
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Textos Fundamentais 
da Literatura Universal
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eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
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autorização, por escrito, da Editora Telesapiens.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Bibliotecária: Maria Isabel Schiavon Kinasz, CRB9 / 626
M538t Mendes, Giselly Santos 
 Textos fundamentais da literatura universal [recurso 
eletrônico] / Giselly Santos Mendes, Silvia Cristina da Silva; 
coordenação de David Lira Stephen Barros; organização de Cristiane 
Silveira Cesar de Oliveira - Recife: Telesapiens, 2021.
 164p.: il.; 23cm
 ISBN 978-65-5873-214-3
 1. Literatura - Textos. I. Silva, Silvia Cristina da. II. Barros, 
David Lira Stephen (coord.). III. Oliveira, Cristiane Silveira Cesar de 
(org.). IV. Título. 
CDD 809 (22.ed) CDU 82.0
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Textos Fundamentais 
da Literatura Universal
Fundador e Presidente do Conselho de Administração: 
Janguê Diniz 
Diretor-Presidente: 
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Diretor de Inovação e Serviços:
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Olá. Meu nome é Giselly Santos Mendes. Sou Mestra em 
Qualidade Ambiental, Tecnóloga em Polímeros, Administradora, com 
uma experiência técnico-profissional na área de Processos Gerenciais 
de mais de 12 anos. Atualmente, atuo como docente de nível técnico, 
tecnológico em instituições de ensino privado. Sou apaixonada pelo 
que faço e adoro compartilhar minha experiência de vida àqueles 
que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
A AUTORA
GISELLY SANTOS MENDES
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ICONOGRÁFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem 
significam:
OBJETIVO
Breve descrição do objetivo 
de aprendizagem; +
OBSERVAÇÃO
Uma nota explicativa 
sobre o que acaba de 
ser dito;
CITAÇÃO
Parte retirada de um texto;
RESUMINDO
Uma síntese das 
últimas abordagens;
TESTANDO
Sugestão de práticas ou 
exercícios para fixação do 
conteúdo;
DEFINIÇÃO
Definição de um 
conceito;
IMPORTANTE
O conteúdo em destaque 
precisa ser priorizado;
ACESSE
Links úteis para 
fixação do conteúdo;
DICA
Um atalho para resolver 
algo que foi introduzido no 
conteúdo;
SAIBA MAIS
Informações adicionais 
sobre o conteúdo e 
temas afins;
+++
EXPLICANDO 
DIFERENTE
Um jeito diferente e mais 
simples de explicar o que 
acaba de ser explicado;
SOLUÇÃO
Resolução passo a 
passo de um problema 
ou exercício;
EXEMPLO
Explicação do conteúdo ou 
conceito partindo de um 
caso prático;
CURIOSIDADE
Indicação de curiosidades 
e fatos para reflexão sobre 
o tema em estudo;
PALAVRA DO AUTOR
Uma opinião pessoal e 
particular do autor da obra;
REFLITA
O texto destacado deve 
ser alvo de reflexão.
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SUMÁRIO
UNIDADE 01
A Importância Histórica dos Clássicos Universais 14
Discutindo a relevância 14
Estruturando a relevância 17
A Odisseia de Homero e a Tradição da literatura ocidental 20
Falando da abordagem épica 21
A Odisseia de Homero 23
Personagens da obra 24
Entendendo a Odisseia 25
Um pouco das aventuras de Ulisses 26
A Tragédia Grega e a Composição do Trágico: Édipo Rei de 
Sófocles 29
Falando do Trágico 29
Conhecendo os personagens da Obra 30
A sina de Édipo 31
Decifrando o Clássico 34
Complexo de Édipo 36
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O Renascimento em Shakespeare: Hamlet e Tragédia 
Moderna 37
Aspectos Iniciais 38
Conhecendo os personagens da Obra 38
Entendo o Clássico 40
O que o Clássico nos ensina? 43
UNIDADE 02
O Legado do Romantismo Alemão 50
Romantismo Alemão, caracterizando o Movimento 50
Ele a amou até a morte 58
Para um amor sem esperança, resta-se apenas o túmulo 59
O Gótico Terror Americano 68
De louco e perdido, todo mundo tem um pouquinho 69
Obras de Edgar Allan Poe 75
Análise das obras de Edgar Allan Poe 76
A Máscara da Morte Rubra (1842) 76
O Gato Preto (1843) 78
Os Assassinatos da Rua Morgue (1841) 80
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UNIDADE 03
Realismo 88
Discutindo a relevância do Realismo 88
Flaubert e uma nova composição da realidade: Madame 
Bovary 96
Contexto da obra – Madame Bovary 96
Personagens da obra 99
Análise da Obra – Madame Bovary 99
As Flores do Mal de Baudelaire: o prenúncio da estética 
simbolista 105
Contextualização do Simbolismo 105
As Flores do Mal: uma análise de poemas 108
Tendências modernas: A Metamorfose de Kafka 112
Aspectos Iniciais de Kafka 112
Personagens da obra 114
A obra “A Metamorfose” e sua avaliação 115
UNIDADE 04
Clássicos Universais e Identidade Cultural 124
A Literatura Brasileira 124
Era Nacional 133
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Modernismo Brasileiro 133
Análise de obras modernas – Vidas Secas 135
Os clássicos universais e a literatura brasileira – Romance 
Urbano 141
Romance Brasileiro 141
Análise do Romance Lucíola 146
Os clássicos universais e a literatura brasileira – Realismo 150
Realismo de Machado de Assis 150
Dom Casmurro. Quem é o pai do menino? Bentinho ou 
Escobar? 155
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 11
UNIDADE
01
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Textos Fundamentais da Literatura Universal12
Textos Fundamentais da Literatura Universal compreende 
o estudo de textos pertencentes aos diversos gêneros literários, 
a partir da leitura e análise de textos referenciais, em especial, 
da cultura ocidental. O estudo da Literatura Universal além de 
possibilitar a aproximação de obras fundamentais da literatura, 
também oportuniza a construção de saberes relativos à influência 
destas obras entre si, bem como sobre as obras de outros gêneros. 
Ao oportunizar o conhecimento, sobre as principais obras literárias 
universais, autores e contextos de construção, torna-se possível ao 
leitor estabelecer relações dialógicas, frente à problematização de 
suas realidades e experiências. Então, será neste vasto universo 
que você irá mergulhar, ao longo desta unidade! Nós acreditamos 
em você! Desejamos sucesso em seus objetivos e formação!
INTRODUÇÃO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 13
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
OBJETIVOS
1 Compreender a relevância da Literatura Universal;
2 Distinguir as principais Obras Literárias Universais;
3 Identificar influência, universalidade e atemporali-
dade das obras;
4 Interpretar as relações dialógicas das obras estudadas.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo 
ao conhecimento? Ao trabalho!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal14
A Importância Histórica dos Clássicos 
Universais
Ao término deste capítulo você será capaz de entender como os 
Clássicos Universais são relevantes à formação crítica no que 
tange a representatividade e conectividade entres os clássicos e 
a realidade. Motivado (a) para desenvolver esta competência? 
Avante, boa leitura!
OBJETIVO
Discutindo a relevância 
Caro (a) aluno (a), estamos iniciando nossos estudos sobre 
os clássicos da literatura universal. Mas, antes de falarmos de 
definições, tipologias, gostaria de sua reflexão sobre: Você já leu 
algum clássico? Reflita como foi a experiência. Você gostou da 
experiência? A leitura representou algo a você? Você pensou: 
“Por que preciso ler os clássicos?”
Ao levantar tal questão constata-se que o problema pode 
ser refinado, pois aqui a questão não se refere à necessidade de 
leitura, e sim ao prazer de realizar tal leitura. 
Vamos às explicações.
Sabemos que a leitura possibilita o contato com novos 
mundos, ou com uma nova forma de ver o mundo. Nesse 
sentido, clássicos universais, em particular, apresentam uma 
forma diferente da compreensão de mundo.
Primeiro de tudo clássico ultrapassa seu tempo, mantendo-
se na memória coletiva, sendo atualizada por sucessivas leituras 
e releituras, no transcurso da história.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 15
Comumente relaciona-se a leitura de Clássicos Universais 
a algo difícil, e por vezes estressante, uma vez que a linguagem 
não é a usual, bem como retratam realidades, que à primeira 
vista, são distantes e diferentes à nossa.
Ou seja, não se conseguem estabelecer conexões e repre-
sentatividade imediatas.
Figura 1 - Clássico Universal
Fonte: pixabay
Contudo, os Clássicos Universais são de uma importância 
histórica incalculável, ao passo que exercem e sofrem influência 
entre si, bem como oportunizam conexões dialógicas entre “a 
experiência do ler e a experiência do ser”, entre a ficção e a 
realidade.
Ou seja, mesmo que aparentemente distantes podem 
discorrer de realidades atuais, impactando na formação e no 
posicionamento individual e coletivo.
“Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos 
conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se 
revelam novos, inesperados, inéditos. [...] os clássicos não são 
lidos por dever ou por respeito, mas só por amor” (CALVINO, 
1993, p. 12-13).
Clássico Universal pode ser compreendido como uma obra 
de significativo e relevante valor literário. Sabemos que muitas 
destas obras remontam séculos passados.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal16
Figura 2 - Clássicos Universais – Ilíada de Homero
Fonte: pixabay
Aqui, caro estudante, devemos ter em mente que a leitura 
de Clássicos Universais reflete a problemática e as inquietudes 
de um determinado período e contexto social.
Um clássico, em geral, representa o período em que foi 
escrito, porém atravessa gerações sem perder seu valor. Por isso, 
dificilmente um livro com publicação recente é categorizado 
como uma leitura clássica.
Um exemplo é obra de Hamelt que discute temas atuais 
como vingança e corrupção.
Figura 3 - Clássico Universal - Hamlet
Fonte: pixabay
Iremos observar, nas diferentes propostas de leituras 
dos próximos capítulos, que seus autores utilizam formas de 
linguagens singulares e características, o que nos remeterá à 
apresentação realidades únicas e contextualizadas.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 17
Revalidando os questionamentos iniciais de nosso 
capítulo, quando realizamos a leitura de obras antigas, de outros 
momentos. Estamos nos aproximando do contexto em que os 
autores as estruturaram.
Uma obra possui valor universal quando os assuntos nela 
discutidos “não saem de moda”. Ou seja, as temáticas discutidas 
encontram-se válidas, independentemente do momento histórico. 
De modo geral, este valor é associa-se a temas relativos ao ser 
humano são exemplos: traição, ambição, ociosidade, exploração, 
preconceito, vaidade, etc.
RESUMINDO
Clássicos Universais auxiliam o leitor na descoberta e reflexão 
de aspectos pessoais, de mundo e de recursos linguísticos. Assim, 
ao experimentar as diferentes possibilidades, o leitor encontrará 
respostas particulares, desenvolverá uma melhor leitura mundo, e 
se converterá em um escritor mais fluído e criativo.
Estruturando a relevância
Agora, convido você a refletir comigo uma questão. O que 
representa a expressão “mesmo que aparentemente distantes 
podem discorrer de realidades atuais, impactando na formação e 
no posicionamento individual e coletivo”. 
Simples, a importância histórica dos clássicos reside na 
sua universalidade e atemporalidade, características essenciais a 
um bom clássico. Vamos entender um pouco melhor estes dois 
conceitos.
Um clássico é dito universal, pois possui a capacidade de 
descrever a complexidade de sentimentos e comportamentos, 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal18
que por vezes compartilham-se juntamente aos personagens. 
E, é atemporal, pois independentemente do momento de sua 
publicação, os temas centrais da obra mantêm-se atuais e vigentes.
Uma obra universal possui a capacidade de “tocar” o leitor 
dediferentes formas, isto porque discute temas que podem ser 
entendidos por diferentes públicos independentemente de suas 
características como: amor, ódio e morte.
Clássicos influenciam não somente a vida de seus leitores, 
mas também a forma de construção de outros autores, que 
geralmente buscam inspirações sobre estilo e ideias que podem 
ser desenvolvidos em suas obras.
Outro aspecto a se destacar sobre a importância dos 
Clássicos é a sua forte influência sobre obras contemporâneas, 
isto é, sua atemporalidade. A Figura 4 retrata a obra Hamlet 
(século XVII), cuja mensagem principal ainda é atual, conforme 
descrito no exemplo abaixo.
Figura 4 - Hamlet (século XVII)
Fonte: pixabay
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 19
O filme O Rei Leão de 1994 teve influência da tragédia 
Hamlet, de Shakespeare, escrito no início do século XVII. 
Observe as conexões: de um lado, o príncipe dinamarquês 
Hamlet que busca vingar a morte do pai, morto por seu irmão 
Cláudio, que assume o trono. De outro, Simba que ao retornar a 
sua terra natal descobre que seu tio Scar provocou a morte de seu 
pai Mufasa, para ascender ao poder.
Figura 5 - Hamlet (século XVII) x Rei Leão (1994)
Fonte: pixabay
Observa-se no paralelo estabelecido entre estas obras, que 
mesmo de forma implícita desvelam-se aspectos de historicidade, 
ideias e sentimentos de um determinado período. Pensar nesta 
relação é inserir a temática dentro da experiência dos leitores.
Portanto, dentro do conjunto de textos que compõem a 
disciplina Textos Fundamentais da Literatura Universal, as obras 
clássicas são essenciais na formação humana.
Logo, os clássicos universais são de suma importância 
para que as práticas acadêmicas, sejam estas iniciais, quanto 
já em nível de produção criativa. O importante é que, mesmo 
que na forma de contos, fábulas, poemas, textos recontados, etc. 
representem significância ao leitor.
Pensar a universalidade e atemporalidade de obras é uma 
questão relevante, na construção de saberes específicos sobre 
diferentes gêneros, que contribuíram, e ainda contribuem na 
formação de novas obras. Portanto, vamos aos clássicos!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal20
RESUMINDO
Então, caro aluno, está gostando da leitura? E, agora, a realização 
de leituras de clássicos faz mais sentido para você? Espero que 
sim! Neste capítulo aprendemos que Clássico Universal pode 
ser compreendido como uma obra de significativo e relevante 
valor literário. Ao acessar uma obra universal, o leitor começa 
a representar o mundo sob novos olhares, desenvolvendo sua 
criticidade, protagonismo, criatividade frente à sua experiência e 
realidade. Clássicos Universais auxiliam o leitor na descoberta e 
reflexão de aspectos pessoais, de mundo e de recursos linguísticos. 
Assim, ao experimentar as diferentes possibilidades, o leitor 
encontrará respostas particulares, desenvolverá uma melhor leitura 
mundo, e se converterá em um escritor mais fluído e criativo.
A Odisseia de Homero e a Tradição da 
literatura ocidental
Ao término deste capítulo você conhecerá a obra literária 
universal Odisseia, seu autor e contexto de construção. Bem, 
como confirmará a função da universalidade e atemporalidade. 
Pronto (a) para desenvolver esta competência? Foco na leitura e 
novos conceitos. Tenha uma boa leitura!
OBJETIVO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 21
Falando da abordagem épica
Nesta seção vamos entender um pouco gênero épico é 
tratado em obras da Antiga Grécia. Vivenciaremos um pouco 
de história, pois sua origem é muito mais antiga do que se 
supõe. Também compreenderá porque tal abordagem teve papel 
fundamental no desenvolvimento e influência de outras obras, 
como conhecemos hoje...
Antes de iniciarmos, nosso estudo, convido você a refletir 
sobre o conceito da terminologia “épico”. 
A forma de expressão épica centra-se na comunicação 
de uma história heroica representativa e significativa de lutas, 
guerras, aventuras, e grandes realizações, de determinados perso-
nagens, ao longo do tempo (VERNANT, 2002). Um exemplo de 
ação épica está representado na Figura, a seguir.
Figura 6 - Odisseu na gruta de Polifemo Jacob Jordaens, século XVI. Museu Pushkin
Fonte: commons.wikimedia
Conhecido como um dos maiores clássicos da literatura 
ocidental, a Odisseia (8 a.C – 9 a.C), e sequencia de Ilíada 
compreende uma composição épica representada na forma de 
poema, escrito por Homero. Estruturada em 24 cantos, a Odisseia 
é composta por 12 mil versos. (VERNANT, 2002).
Ilíada é um poema épico que antecede a saga Odisseia, 
uma obra também de Homero. Nesta sequência de versos são 
narrados episódios da Guerra de Troia, e feitos do herói Aquiles.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal22
Logo, Homero foi o personagem da Grécia Antiga, que 
transcreveu os versos orais para versos escritos, isso porque 
muitas das representações da época eram resultados da fala 
baseada no cotidiano de grandes heróis.
Aqui, conseguimos identificar a relevância do trabalho de 
Homero, que se ocupou em registrar fatos, que até então eram 
somente reproduzidos oralmente.
Contudo, devemos observar que os trabalhos provenientes 
deste gênero literário, apesar de provenientes da “história 
contada e registrada”, foram pensados para serem recitados 
ritmicamente em público.
Figura 7 - Representação idealizada de Homero feita no período helenístico (Museu Britânico).
Fonte: wikimedia commons
Existem relatos que discutem a real existência de Homero, 
há quem diga que ele não existiu de fato. Tanto que o seu local de 
nascimento também não é exato. No entanto, independentemente, 
desta discussão a ele é atribuída à autoria dos poemas Ilíada e 
Odisseia.
A Odisseia de Homero teve relevante e significativa 
influência sob a tradição da literatura ocidental, atuando como 
construção seminal para obras de Eneida de Virgílio e Os Lusíadas 
de Luís Vaz de Camões.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 23
A Odisseia de Homero
Você sabe o que significa Odisseia? Aqui, apresentamos, 
a você Odisseia como o enfrentamento contínuo e subsequente 
de eventos, no geral, de dificultada realização. Assim, quando 
escutamos expressões como “vivendo uma odisseia”, podemos 
entender que alguém está a passar um período de dificuldades 
e provações. Há também, contextos que relacionam odisseia a 
uma extensa e adversa viagem.
Assim, agora que sabemos o que significa odisseia, torna-
se significativo o estudo desta obra. A obra Odisseia compreende 
a retratação sequencial das viagens e aventuras, de Ulisses, rei 
de Ítaca e valoroso herói da Guerra de Troia, ao buscar retorno 
a sua pátria.
Figura 8 - Odisseu e sua fiel esposa Penélope de Francesco Primaticcio, 1563.
Fonte: wikimedia commons
Ao realizar o aprofundamento de seus estudos, você poderá 
encontrar nomes diferentes para o personagem principal de 
Odisseia. Podendo constar obras com a denominação Odisseue 
Ulisses, esta última é uma derivação na mitologia romana, e foi a 
utilizada neste capítulo. Veja uma breve descrição de nosso heroi:
Odisseu herói de mil estratagemas que tanto vagou, que 
tanto padeceu sob os tormentos de Poseidon, viu cidades e 
conheceu costumes de muitos homens, lutando pela vida e pelo 
regresso (HOMERO, 2002).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal24
Personagens da obra
Então, que tal, conhecer os principais personagens da 
Odisseia, a seguir são apresentadas personagens, conforme 
Homero (2002).
 �Ulisses: personagem principal e herói da obra, seu 
perfil retrata um homem com grande habilidade e capacidade 
para a resolução de problemas, através da retórica de discurso e 
raciocínio lógico. Ulisses foi o tipo de herói que não obteve suas 
conquistas baseadas pelo uso da força, pelo contrário são traços 
de sua personalidade a resiliência e perseverança.
 �Penélope: esposa de Ulisses, na sua ausência, atuou 
como governante e mãe. Assim, como o marido Penélope possui 
um espírito astuto, o qual foi posto à prova quando declarada 
viúva. De forma, a evitar um novo casamento com um de seus 108 
pretendentes, está mesmo coagida elabora uma estratégia para 
atrasar sua tomada de decisão, bem como manter-se fiel a Ulisses.
 �Telêmaco: filho de Penélope e Ulisses, observando o 
movimento que os aspirantes ao trono de Ítaca arquitetavam, parte 
em busca de seu pai desaparecido, sob a proteção da deusa Atena, 
como forma de evitar que outro rei assumisse o lugar de Ulisses.
 �Nausícaa: princesa dos Feaces auxilia Ulisses a entrar 
na cidade e no palácio de seus pais.
 �Alcínoo: rei dos Feaces e pai de Nausícaa, na obra atua 
como um ouvinte de Ulisses, para quem narrou sua odisseia. 
Como forma de auxiliar Ulisses lhe concede uma nau para que 
retornasse até Ítaca.
 �Zeus: principal deus grego do Olimpo, pai supremo 
de todos os demais deuses. Na Odisseia de Homero atua com 
neutralidade e equilíbrio para apaziguar os diferentes interesses 
de deuses que pretendiam guiar/mudar a saga de Ulisses.
 �Atena: filha de Zeus, deusa representante da sabedoria, 
justiça e estratégia. Atuou, na obra como guia e protetora de Ulisses 
e Telêmaco, em seu julgamento o considera digno a retornar a Ítaca.
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 �Poseidon: deus dos mares, que ao contrário de Atena, 
durante toda obra realiza campanhas contrárias a Ulisses, sempre 
na forma de gigantescas tempestades, naufrágios e envio de 
monstros marinhos. O principal interesse de Poseidon era vingar 
a cegueira, provocada por Ulisses, de seu filho, Polifemo.
 �Hermes: mensageiro dos deuses, coube a Hermes o 
papel de levar as mensagens dos deuses durante a jornada de 
Ulisses. Hermes teve um papel muito relevante para o desenrolar 
da obra, pois foi ele quem ajudou Ulisses a sair da ilha de Calipso, 
e lhe ensinou a subjugar os encantamentos de Circe.
 �Calipso: ninfa solitária que habitava uma das ilhas, em que 
Ulisses dirigiu-se após naufrágio provocado por Poseidon. Calipso 
manteve Ulisses cativo por sete anos, e de todas as formas tentou 
conquistar o seu amor, chegando até oferecer-lhe a imortalidade.
 �Circe: feiticeira que vivia na ilha de Eana, temida pelos 
encantamentos e poções, foi a responsável por transformar a 
tripulação de Ulisses em porcos, contudo acaba auxiliando o 
herói, após perceber suas reais intenções.
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à 
seguinte fonte - Artigo: “A Odisséia de Ulisses: o homem e o 
mito” (MARTINS), acessível pelo link: https://bit.ly/2R0hQEl. 
(Acesso em 27/02/2020).
SAIBA MAIS
Entendendo a Odisseia
Odisseia, como seu estilo de escrita, prevê não necessa-
riamente possui uma linha cronológica, sendo possível observar 
a narrativa de eventos distantes, mas que se fazem necessários 
em certos momentos, para a compreensão da obra.
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Um exemplo é a forma como os versos iniciais retratam 
a discussão dos deuses quanto ao destino de Ulisses, que se 
encontra cativo na ilha de Calipso. Somente, ao logo dos versos 
que se toma conhecimento da forma que o herói chegou ali.
A obra descreve como foi o longo retorno deste astuto 
personagem à sua terra, onde a rainha Penélope e o seu filho 
Telêmaco, o aguardavam enquanto muitos tentavam tomar para 
si o poder de seu reino. Foram muitos os desafios que Ulisses 
travou ao longo de quase 30 anos em busca de seu retorno.
A obra ganha velocidade quando Telêmaco sai de Ítaca 
em busca de seu pai, que é considerado desaparecido, após o 
fim da Guerra de Troia, para que o mesmo impedisse que sua 
mãe, a rainha Penélope, cassasse com um dos pretendentes que 
pleiteavam sua mão e a coroa.
Figura 9 - Penélope e os pretendentes por John William Waterhouse, 1912.
Fonte: wikimedia commons
Um pouco das aventuras de Ulisses
 �Calipso - No canto V, passado na ilha de Calipso, encon-
tramos a referência inspiradora de obras como Ilha dos Amores, 
Os Lusíadas e o conto A perfeição de Eça de Queiroz. Neste canto 
a ilha é descrita como um ambiente paradisíaco e fértil, de clima 
agradável, onde nada morre, e o alimente é abundante.
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Nesta ilha, habita Calipso uma ninfa tão bela, que se 
encontra apaixonada e determinada a conquistar Ulisses. Se amor 
é tão intenso que a mesma chega a oferta-lhe a imortalidade, 
porém nosso herói ainda ama Penélope, e sonha retornar a ser lar.
Figura 10 – Calipso e Ulisses
Fonte: wikimedia commons
Em um de seus envios de mensagens, Hermes, pede para 
que Calipso liberte seu cativo, pois é nítida sua melancolia, bem 
como a alerta que sua paixão não é aprovada pelos demais deuses. 
A ninfa, então, vê-se rodeada de toda a perfeição do mundo, 
porém mergulhada em uma imensa solidão. Isso faz com esta se 
rebele contra os demais deuses, e concorde em deixar seu amado, 
Ulisses partir, fornecendo-lhe recursos para construir uma jangada 
e retomar sua jornada.
 �Polifemo – No canto IX da obra é descrito um dos maiores 
embates de nosso herói, contra o ciclope Polifemo. Detentor de uma 
forte habilidade conceitual, Ulisses ao se encontrar na terra dos 
ciclopes, com sua tripulação, decide primeiramente observá-los, e 
aprender tudo o que fosse possível a seu respeito.
Mantendo os costumes gregos, Ulisses decide visitar o ciclope 
e lhe presentear, contudo espera ser recepcionado com a mesma 
cordialidade. Astuto por natureza Ulisses toma o cuidado de não 
revelar sua identidade ao ciclope, apresentando-se como “Ninguém”.
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Porém, a recepção foi muito diferente daquele que idealizou, 
Polifemo acaba esmagando alguns de seus tripulantes. Polifemo 
era um ciclope, e não era de sua natureza ser gentil e deucado.
Figura 11 – Polifemo Reconstrução da Vila de Tibério em Sperlonga, século I
Fonte: wikimedia commons
Decido a vingar-se Ulisses continuasua cordial visita ao 
ciclope, ofertando-lhe vinho até que o mesmo adormecesse. 
Enquanto o Polifemo dorme, Ulisses fura-lhe o olho com uma lança.
Ao desferir o ataque, o ciclope grita “Ninguém está me 
cegando”! Porém, os demais ciclopes não vêm em seu auxílio, 
pois julgam que o mesmo está brincando. Devido a sua astúcia 
e inteligência, Ulisses e seus tripulantes conseguem escapar da 
caverna do ciclope. Tal ato foi um marco em sua jornada, pois 
Polifemo era filho de Poseidon, deus jurou vingar o filho e impedir 
o retorno de nosso herói a Ítaca.
Uma análise mais minuciosa sobre o perfil do personagem 
Ulisses, descortina características marcantes e representativas, 
à época, tais como astúcia, raciocínio, discurso, inteligência e 
habilidade tanto política quanto bélica. Assim, observa-se que 
a narrativa homérica intencionava influenciar o comportamento 
grego da época.
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A Tragédia Grega e a Composição do 
Trágico: Édipo Rei de Sófocles
RESUMINDO
Então, caro estudante, conhecemos a obra literária universal 
Odisseia, seu autor e contexto de construção. Bem, pudemos 
confirmar a função da universalidade e atemporalidade. Pronto 
(a) para desenvolver esta competência? Odisseia de Homero teve 
relevante e significativa influência sob a tradição da literatura 
ocidental, atuando como construção seminal para obras. Observamos 
também, que embora na forma de aventura a narrativa homérica 
intencionava influenciar o comportamento grego da época.
Ao término deste capítulo você conhecerá a obra literária universal 
Édipo Rei, seu autor e contexto de construção. Bem, como observará 
a aplicação das características universalidade e atemporalidade. 
Então, vamos focar nesta competência? Boa leitura!
OBJETIVO
Falando do Trágico
Caro estudante, pensada inicialmente para o teatro, Édipo 
Rei, compreende o exemplo mais fidedigno de uma tragédia 
grega, baseada na mitologia e escrita pelo dramaturgo Sófocles 
em 427 a.C.
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A tragédia grega compreende um dos principais gêneros 
teatrais, sendo também o estilo o mais encenado durante a Grécia 
Antiga. O termo tragédia denota drama, em sua maior parte discorre 
temas relativos ao destino e sociedade. (VERNANT, 2002).
Que os principais representantes deste estilo foram: 
Ésquilo (524-456 a.C.), Sófocles (496-406 a.C.) e Eurípedes 
(480-406 a.C.). (VERNANT, 2002).
Figura 12 – Sófocles, autor de Édipo Rei
Fonte: wikimedia commons
Conhecendo os personagens da Obra
Antes de iniciarmos o estudo do mito de Épido Rei, objeto, 
deste capítulo faz-se necessária a apresentação e caracterização 
de suas personagens. A descrição das personagens é baseada na 
leitura da obra de Sófocles de 2004.
 �Édipo: personagem principal do mito, desde o seu 
nascimento é condenado a morte. Pois, sei pai, o rei Laio, não 
atende as recomendações do oráculo de Delfos, e tendo um filho 
com sua esposa. Segundo a profecia do oráculo o filho gerado seria 
responsável por sua morte, tornar-se-ia rei ao casar com a mãe.
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 �Rei Laio: rei de Tebas, Laio é casado com Jocasta, com 
quem tem o filho Édipo. Filho este que teve sua morte ordenada 
desde os primeiros momentos, após seu nascimento.
 �Rainha Jocasta: mãe de Édipo, o qual acredita estar 
morto. Viúva do Rei Laio que é assassinado, casa-se com Édipo, 
aquele de decifrou o enigma da Esfinge, e com ele tem quatro filhos.
 �Camponês (Servo Fiel): é aquele que recebe as ordens 
do rei Laio para abandonar o recém nascido a própria sorte.
 �Políbio: regente de Corinto (região próxima a Tebas), 
adota Édipo e o considera como seu próprio filho.
 �Esfinge: figura mitológica, metade mulher, metade 
leão. A principal característica da esfinge é propor desafios na 
forma enigmas impossíveis de desvendar. Quando Édipo acerta 
a questão, torna-se herói e recebe como direito desposar a viúva, 
a rainha Jocasta.
A sina de Édipo
Caro, aluno (a) na sequência é apresentado o mito de 
Édipo Rei, assim como na obra Odisseia, convido você a realizar 
a leitura e aprofundamento desta obra, e assim estabelecer suas 
relações de universalidade e atemporalidade. Boa Leitura!
Na mitologia Laio, marido de Jocasta e rei de Tebas, ao 
consultar o oráculo de Delfos é advertido de que não deve gerar 
descendentes. Caso contrário estaria fadado a um triste destino: 
ser morto pelo próprio filho.
Laio, no entanto, não seguiu tal orientação, e teve um filho 
com Jocasta. Porém, arrependeu-se, e temeu a concretização da 
profecia, revelando à esposa a profecia e, com seu consentimento, 
decide evitar tal sina. Assim, logo que seu filho nasce, ele o 
entrega ao seu servo mais fiel, e lhe ordena que o mate. O servo 
com pena o abandona à própria sorte, em uma região próxima a 
Tebas e Corinto com os tornozelos amarrados à uma árvore.
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Figura 13 – Consulta ao Oráculo de Delfos
Fonte: wikimedia commons
Contudo, seu filho é encontrado e adotado pelo rei de 
Corinto, esta criança chamar-se-ia Édipo.
Que Édipo significa “pés inchados”, e que esta condição 
foi devido aos seus tornozelos estarem amarrados.
Já adulto, Édipo em dado momento descobre que não era 
filho legítimo do rei de Corinto. E, decido a descobrir sua real 
origem destino vai a Tebas e consulta o mesmo oráculo que Laio.
Este lhe revela o seguinte: “seu destino é matar seu pai e 
casar com sua mãe”. Então, para fugir de sua sina, Édipo decide 
ficar em Tebas e não retornar mais para Corinto.
Ao dirigir-se a cidade, durante seu trajeto, Édipo encontra 
com Laio que lhe ordena a liberação do caminho, para que ele 
passasse. Porém, Édipo não acatou tal ordem e em uma discussão 
e violenta briga, ele mata Laio.
Sem saber que acabara de matar o próprio pai, Édipo segue 
rumo a Tebas.
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Figura 14 – Conflito entre Laio e Édipo
Fonte: wikimedia commons
Além disso, em seu caminho à cidade também encontra 
a Esfinge. Esfinge é um ser mitológico metade leão e metade 
mulher, que devorava os viajantes que não decifrassem seu 
enigma, e caso seu enigma fosse decifrado esta se mataria.
O encontro entre Édipo e a Esfinge é retratado na Figura 
15, ao encontrar a esfinge, Édipo, escuta e acerta seu enigma, o 
que a leva a se matar.
Como “matou a esfinge” Édipo converte-se em herói de 
Tebas, e como tal é aclamado Rei, e casa-se com a rainha viúva, 
Jocasta. E, com ela tem quatro filhos.
Édipo converte-se em um regente preocupado com 
seu povo, e atento as suas necessidades. Uma questão que 
demandava muita atenção do novo rei era uma peste que 
acometia significativa parte de seu reino. 
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Figura 15 – Édipo encontrando a Esfinge, e confrontando seu enigma
Fonte: wikimedia commons
Decifrando o Clássico
Você sabe qual foi o enigma apresentado a Édipo pela 
esfinge? “Qual é o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao 
meio dia e três à tarde?” Você saberia responder? 
Simples, é o homem que quando criança engatinha, e 
sendo adulto caminha ereto sob os dois pés, e quando velho se 
apoia em uma bengala, seu terceiro pé.
Édipo, agora rei de Tebas, busca descobrir a razão de 
uma peste que acomete seu povo, descobre pelo oráculo que 
somente quando o assassino, do rei antecessor, fosse encontrado 
e devidamente punido, a peste cessaria. Édipo determinado a 
encontrar o assassino, e atender seu povo realiza investigações 
sobre as condições da morte de seu antecessor.
E a verdade vem à tona, aquele homem que ele havia 
matado na estrada rumo à Tebas, era o rei Laio. Novamente, 
Édipo reencontra sua maldição, pois o próprio oráculo de Delfos 
lhe confirmaria que estava predestinado a ser rei, porém que para 
chegar ao trono ele se casaria com sua mãe, e mataria seu pai. 
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Ao saber da verdade, Jocasta, enforca-se e Édipo, perfura 
os olhos como forma de punição. Visto que, trata-se de um 
romance proibido e incestuoso.
Observe o desespero de Édipo ao constatar, que mesmo 
estruturando caminhos de forma a evitar sua sina, o seu destino, 
enfim foi cumprido. A seguir, apresentamos o extrato do momento 
exato em que ele resolve punir-se pelos atos reconhecidos:
“Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja 
pela derradeira vez! Todos sabem: tudo me era interdito: ser 
filho de quem sou, casar-me com quem me caseie e eu matei 
aquele a quem eu não poderia matar!” 
Figura 16 – Final “trágico” do Rei Édipo na tragédia de Sófocles: 
Édipo é consciente de sua culpa e dá facadas em seus olhos
Fonte: wikimedia commons
Em Édipo Rei, podemos observar a impotência humana 
frente a seu destino, e a capacidade de reconhecimento de seus 
atos. Isto é, a conexão à vida e atos humanos, retratando a 
condução de uma vida em busca da real revelação.
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O mito de Édipo também conduz o leitor, a pensar o 
papel da verdade e da justiça, para além da questão mítica de 
destino. Pois, ao investigar o crime, por ele cometido, Édipo, 
confrontasse com um criminoso que demanda punição.
Caso deseje conhecer um pouco da obra realize o download 
“Édipo Rei - eBooksBrasil” acessível pelo link: https://bit.
ly/2QYqALm (Acesso em 27/02/2020).
SAIBA MAIS
Complexo de Édipo
Agora, vamos lançar um novo olhar sobre esta obra da 
literatura universal, o da psicanálise. Freud formulou a partir 
do mito Édipo Rei, o Complexo de Édipo, um dos conceitos 
seminais da Teoria Psicanalítica.
Achou interessante, então vamos à leitura!
Freud dedicava-se a estudar o comportamento humano. 
Em um de seus achados ele objetivou relacionar a sina de Édipo 
como forma auxiliar a compreensão de processos psíquicos, 
relacionados à sexualidade humana. Em 1924, publica a obra “A 
Dissolução do Complexo de Édipo”.
Que o Complexo de Édipo, conforme teorizado por Freud, 
manifesta-se entre os 3 e 4 anos e vai até os 6 e 7 anos.
Mas, como uma obra da literatura universal contribuiu 
à construção de um postulado da Teoria Psicanalítica? Freud 
em seus estudos concluiu que nesta fase do desenvolvimento 
infantil, observa-se com maior intensidade a “disputa pelo amor 
e atenção” do progenitor do sexo oposto.
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Ele observou que a disputa era construída pela da criança 
frente a seu progenitor do mesmo sexo. Fica mais claro quando 
atribuímos os papeis, em que o menino disputa com seu pai o 
amor da mãe, ou a filha disputa com sua mãe o amor do pai.
Cabe destacar que no caso da menina este movimento 
recebe o nome de Complexo de Electra. 
Pensando nesse estudo, trouxemos uma lista de filmes, 
que foram influenciados em sua construção ou características 
pelo Complexo de Édipo: Psicose (1960) de Alfred Hitchcock; 
Contos de Nova York (1989) de Woody Allen, Francis Ford 
Coppola, Martin Scorsese; Olhar do Desejo (2007) de David 
Mackenzie; Mommy (2014) de Xavier Dolan.
Caro estudante, chegamos ao final de mais um capítulo. 
Como está sendo seu aprendizado até aqui? Está gostando 
de conhecer a obra literária universal Édipo Rei, seu autor 
e contexto de construção? Bem, como observar a aplicação 
das características universalidade e atemporalidade? Trata-
se de uma obra instigadora que nos leva a refletir sobre atos e 
consequências. 
O Renascimento em Shakespeare: 
Hamlet e Tragédia Moderna
Ao término deste capítulo você conhecerá a obra literária 
universal Hamlet, seu autor e contexto de construção. Bem, 
como observará a aplicação das características universalidade 
e atemporalidade. Então, vamos desenvolver esta competência? 
Ler ou não ler, eis a questão! Boa Leitura!
OBJETIVO
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Aspectos Iniciais
Caro estudante, estamos chegando ao fim desta unidade! 
Estudamos obras da Literatura Universal como a Odisseia, de 
Homero e Édipo Rei, Sófocles. Porém, não poderíamos falar de 
Clássicos Universais sem citar Hamlet.
Tenho certeza de que em algum momento de sua vida, já 
deves ter escutado a expressão: “Ser ou não ser, eis a questão?”, 
“Há algo de podre no reino da Dinamarca”, e “O resto é silêncio”.
Estas famosas construções compreendem falas icônicas da 
obra inglesa Hamlet, de William Shakespeare (1603). Uma das 
obras de gênero trágico, mais conhecida e adaptada até os dias 
atuais. Dada a relevância de sua temática universal e atemporal.
Figura 17 – William Shakespeare
Fonte: wikimedia commons
William Shakespeare (1564-1616), autor de Hamlet, de 
outras relevantes obras foi um poeta, ator e dramaturgo inglês. 
Sua temática de desenvolvimento discute temas como: amor, ódio, 
vingança, inveja, morte e tragédia. Seu trabalho permanece popular, 
tendo muitas de suas obras estudadas, encenadas e reinterpretadas.
Conhecendo os personagens da Obra
Antes de iniciarmos o estudo de Hamlet, objeto, deste 
capítulo faz-se necessária a apresentação e caracterização de 
alguns de seus personagens, tal caracterização compreende a 
análise das personagens da obra de Heliodora (1998).
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 �Hamlet: sobrinho de Cláudio, filho do rei Hamlet, 
apaixonado por Ofélia e personagem principal. 
 �Cláudio: tio de Hamlet, irmão e assassino do falecido 
rei Hamlet, rei da Dinamarca.
 �Polônio: conselheiro do rei Cláudio, pai de Ofélia e 
Laertes. Homem preocupado com os filhos, morto por Hamlet 
ao confundi-lo com o rei Cláudio.
Figura 18 – Morte de Polônio
Fonte: wikimedia commons
 �Horácio: amigo fiel de Hamlet, que o apoio a sustentar 
a loucura representada, bem como oauxiliou em seu plano de 
vingança.
 �Laertes: filho de Polônio, irmão de Ofélia. Cego pelo 
ódio e vingança pela morte do pai, desafia Hamlet em um duelo, 
do qual ambos saem perdedores.
 �Ofélia: filha de Polônio, irmã de Laertes, apaixonada 
por Hamlet. Com a notícia da morte de seu pai, Ofélia suicida-se 
num lago.
 �Gertrudes: mãe de Hamlet, viúva do falecido rei 
Hamlet e esposa do atual rei da Dinamarca, Rei Cláudio.
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Entendo o Clássico
Agora que já conhecemos alguns dos personagens que 
são mencionados no clássico Hamlet. É chegado, o momento de 
entendermos, como a trama se desenrola, ao longo de diferentes 
momentos de tempo-espaço. 
A trama se desenvolve no Castelo Elsione, na Dinamarca, 
e apresenta ao expectador o jovem príncipe Hamlet, personagem 
principal, que passa a questionar as condições suspeitas 
relacionadas à morte de seu pai (morto pela picada de uma 
serpente), e subsequente ascensão ao trono de seu tio Cláudio.
Contudo, caro aluno. Esta suspeita é construída a partir 
do tormento que Hamlet discorre durante toda a obra, tormento 
este proveniente do “fantasma de seu pai” que clama vingança 
e justiça por seu assassinato. Despertei sua curiosidade? Vamos 
explorar um pouco mais...
Após, algum tempo da morte de seu pai, inicia-se no castelo 
o comentário de que o fantasma do antigo rei vaga por entre 
suas estruturas. Certa noite, tal fantasma armado revela-se para 
Horácio e o príncipe Hamlet, confirmando que fora envenenado, 
por seu irmão Cláudio.
Tal descoberta gera no príncipe o desejo de vingar o pai, 
este sentimento de vingança torna-se tão inflamado que passa a 
consumir os pensamentos, desejos e ações do jovem príncipe.
Figura 19 – Horácio, Hamlet, e o Fantasma (Artista: Henry Fuseli, 1798)
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 41
Que a primeira estratégia utilizada pelo príncipe foi a 
de mostrar-se louco, pois acreditava que cada ato de loucura 
praticado, convertia-se em um momento oportuno para vingar-se.
Observando, a condição de Hamlet, Cláudio decide enviá-
lo à Inglaterra, o que frustra totalmente seus planos de vingança. 
Porém, ele não desiste apenas redireciona seus esforços.
Estando, já na Inglaterra, Hamlet se junta a uma trupe de 
atores, com a qual organiza uma peça semelhante ao assassinato 
de seu pai, cometido por Cláudio.
Esperando, assim observar a reação do rei, e constatar sua 
culpa. A peça organizada perturbou profundamente o rei, que 
não suportou assistir o espetáculo até o final.
É neste exato instante que tio e sobrinho se confrontam, 
pois, Cláudio agora está ciente das reais intenções de seu sobrinho, 
bem como Hamlet obteve sua confirmação, fortalecendo-o ainda 
mais para sua vingança.
Que Hamlet em meio ao seu plano de vingança, também 
viveu um romance com Ofélia, porém aqui este viés não foi 
explorado. Sugerimos que caso tenhas interesse aprofunde seus 
conhecimentos.
Figura 20 – O desmascaramento de Cláudio é atingido através 
de um recurso singular: o teatro no teatro. (Artista: Maclise)
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal42
Sentindo que seu sobrinho lhe representava uma ameaça, 
Cláudio, novamente envia Hamlet para a Inglaterra, porém nesta 
viagem orientou que o príncipe fosse executado na chegada ao 
país. Hamlet descobre a trama e consegue escapar.
Enquanto, Hamlet retornava Cláudio convenceu Laertes de 
que ambos deveriam enfrentar-se em um combate até morte. Para 
tanto, Laertes prepara seu florete com veneno, convertendo-o 
em um instrumento mortal a Hamlet, independentemente do tipo 
de golpe que fosse desferido. Num movimento brusco, ambas as 
espadas são trocadas, e ambos são expostos ao veneno.
Figura 21 – O embate Hamlet e Laertes
Fonte: wikimedia commons
Está gostando da narrativa de Hamlet? Que tal aprofundar 
ainda mais teus conceitos?
Caso deseje conhecer um pouco da obra realize o download “Hamlet 
- eBooksBrasil” acessível pelo link: https://bit.ly/2xCzHdI (Acesso 
em 28/02/2020).
SAIBA MAIS
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 43
Cláudio prepara um cálice de vinho envenenado para o 
sobrinho, caso Laertes perdesse o combate. Porém, a rainha 
toma vinho do cálice de Hamlet, e morre.
Laertes, morrendo, confidencia ao que o combate foi 
arquitetado por Cláudio. Hamlet, também tocado pelo veneno, 
antes de sua morte fere o rei com a lâmina envenenada, bem 
como o obriga a beber do vinho, antes por ele preparado.
Figura 22 – Momento em que Hamlet vinga a morte de seu pai envenenando o tio
Fonte: wikimedia commons
Realizada sua vingança, Hamlet morre deixando Horácio 
testemunha do ocorrido.
O que o Clássico nos ensina? 
Vamos refletir sobre a obra Hamlet? O que você considera 
como contribuições desta obra?
Caros alunos, Hamlet revela-se uma proposta para além 
do óbvio, ou seja, a discussão de um assassinato.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal44
Esta obra, ao mesmo tempo em que apresenta o tormento 
de um filho inconformado com a morte de seu pai, convida o 
expectador juntamente ao personagem “sofrer” ao conduzir seu 
plano de vingança.
Desde o inicio da obra, Hamlet externaliza tristeza e luto 
pela morte do pai, porém não pontua claramente sua motivação 
de vingança, utilizando tão somente para isso a imagem de um 
“fantasma”.
Deve-se observar que a vingança foi motivada, também 
por questões pessoais e políticas. Pessoal frente à perda do pai, e 
política pela perda de poder, uma vez que um novo rei foi posto 
imediatamente.
Observem que aqui, constatamos um ponto relevante da 
obra, em que devido à universalidade e atemporalidade somos 
convidados juntamente a Hamlet refletir sobre ética, moral, 
vingança, traição, corrupção, comportamento, caráter, valores 
humanos e reconhecimento de atos.
Cumpre destacar que o autor, ao final de sua obra, como 
legado nos deixa algumas inquietações: Todos são passiveis 
de segredos, e pensamentos terríveis; Somos responsáveis por 
nossa própria ruína; O quão nobre e terrível pode revelar-se a 
natureza humana.
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à 
seguinte fonte - Artigo: “Hamlet: Uma Expressão da Corrupção 
Humana” (POLIDORIO; JURKEVICZ; SELLA), acessível pelo 
link: https://bit.ly/2UOxhkj. (Acesso em 27/02/2020).
SAIBA MAIS
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 45
Neste artigo, os autores, convidam o leitor a refletir a 
corrupção humana nas relações pessoais, a partir da obra Hamlet, 
de Shakespeare. No entanto, o enfoque é dado ao personagem de 
Cláudio que se vale da corrupção como forma de reinado.
A análise de dados centra-se na significância dos diálogos 
estabelecidos entre aspersonagens, e o uso de imagens que 
remetem à correlação da corrupção como “escuridão, veneno, 
podridão, sujeira”.
RESUMINDO
Neste capítulo conhecemos a obra literária universal Hamlet, 
seu autor e contexto de construção. Bem, como observamos a 
aplicação das características universalidade e atemporalidade em 
seu contexto. Caro estudante, chegamos ao final de nosso estudo 
sobre textos fundamentais em que estudamos obras da Literatura 
Universal como a Odisseia, de Homero e Édipo Rei, Sófocles. 
Este estudo foi relevante, pois irá embasar os demais temas que 
abordaremos nas próximas aulas. Desejo a você um bom estudo 
deste material, não limite-se a ler as obras, aqui tratadas, existe 
uma infinidade de obras a serem exploradas por você.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 47
UNIDADE
02
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Textos Fundamentais da Literatura Universal48
Textos Fundamentais da Literatura Universal compreende 
o estudo de textos pertencentes aos diversos gêneros literários, 
a partir da leitura e análise de textos referenciais, em especial, 
da cultura ocidental. O estudo da Literatura Universal além de 
possibilitar a aproximação de obras fundamentais da literatura, 
também oportuniza a construção de saberes relativos à influência 
destas obras entre si, bem como sobre as obras de outros gêneros. 
Ao oportunizar o conhecimento, sobre as principais obras literárias 
universais, autores e contextos de construção, torna-se possível ao 
leitor estabelecer relações dialógicas, frente à problematização de 
suas realidades e experiências. Nesta unidade II vamos direcionar 
a atenção de nossos estudos sobre o Romantismo como gênero 
literário, e alguns autores e suas obras. Então, será neste universo 
que você irá mergulhar, ao longo desta unidade! Nós acreditamos 
em você! Desejamos sucesso em seus objetivos e formação!
INTRODUÇÃO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 49
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
OBJETIVOS
1 Caracterizar o Romantismo Alemão;
2 Caracterizar as obras trabalhadas nesta Unidade;
3 Identificar a influência, universalidade e atempora-
lidade das obras;
4 Interpretar as relações dialógicas das obras estudadas.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo 
ao conhecimento? Ao trabalho!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal50
O Legado do Romantismo Alemão
Na Unidade I você aprendeu a identificar a influência da universali-
dade e atemporalidade de obras universais, essencial a nossa 
disciplina. Agora, a partir deste conhecimento você será capaz de 
compreender a relevância, definição, características do Romantismo 
Alemão. Vamos desenvolver esta competência? Avante, bom estudo!
OBJETIVO
Romantismo Alemão, caracterizando o 
Movimento
Como vimos na Unidade I, obras universais nos remetem 
também ao confrontamento de realidades e contextos de períodos 
específicos, bem como tratam temas universais e atemporais. 
Dando sequência em nosso estudo sobre Textos Fundamentais 
da Literatura Universal, vamos estudar o legado do Romantismo 
Alemão. Boa leitura! Então, preparado (a) vamos iniciar 
nossos estudos da Unidade II! Primeiramente, é necessário que 
consigamos definir o que foi este movimento e qual foi seu 
impacto sobre a produção literária de uma época.
Para Citelli (1993) o Romantismo marca a preocupação 
com a visão individualista, o desejo de ruptura com a norma-
tividade e excessos do racionalismo. Acompanhando os preceitos 
históricos da época, cujo período corresponde aproximadamente 
entre o final do século XVIII e meados do século XIX, na Europa.
Observe que foi no Romantismo, que o individualismo se 
converte em aspecto central, pois a visão de mundo é proveniente 
do indivíduo (egocentrismo). Autores deste gênero discorriam 
sob sentimentos, dores e alegrias (subjetivismo).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 51
O Romantismo, do final do século XVIII e início do século 
XIX, compreendeu um estilo fortemente caracterizado pela 
complexidade, diversidade, e riqueza de novos olhares sobre o 
mundo. O novo olhar de mundo compreendeu a liberdade de 
criação, em que o sentimento poderia ser livremente expresso.
A construção “livremente expresso” compreende a descon-
tinuidade ao uso de padrões clássicos e métricos via estrofes 
e rimas. Passando-se a registrar na forma que se apresentam 
as ideias. Cumpre comentar, caros alunos, que a ruptura aqui 
indicada não foi apenas estética, foi principalmente a quebra de 
paradigma sob o pensar e o agir de uma sociedade em transição 
de valores.
Figura 1 - Retrato de Lord Byron (1788-1824: expoente do romantismo.
Fonte: wikimedia commons
Na Alemanha o Romantismo, surge paralelamente ao 
movimento iluminista na França, como crítica aos postulados da 
racionalidade. A primeira “arte” romântica alemã foi publicada 
na revista “Atheanum”, em 1797, trazendo obras de diferentes 
artistas e filósofos da época.
Foi no Romantismo que ocorrem muitas rupturas tanto 
de âmbito político quanto cultural, com destaque ao campo da 
ética e moral. Observa-se a ascensão de novos ideais marcados 
por movimentos revolucionários, como a Revolução Francesa e 
Revolução Industrial, o que influenciou sobremaneira muitas obras 
que destacavam o nacionalismo, o egocentrismo, e o naturalismo.
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Figura 2 - A Liberdade Guiando o Povo por Eugène Delacroix, no Museu do Louvre
Fonte: wikimedia commons
Que a primeira “arte” romântica alemã apareceu na revista 
“Atheanum”, em 1797. Athenaeum (1828-1921) era uma revista 
literária londrina, conhecida por publicar somente crônicas e 
críticas dos melhores escritores da época. Seus temas de discussão 
abarcavam literatura, arte, música, teatro, ciência e política.
Figura 3 - Revista Atheanum
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 53
Além de aspectos como nacionalismo, egocentrismo, 
o gênero Romântico, discute temas universais e atemporais 
como: morte, sonho, imaginação e loucura. Aspectos muito bem 
trabalhados em obras deste estilo, nas quais as personagens, por 
muitas vezes e de forma constante, buscam a fuga de sua realidade.
Na obra de Goethepode-se observar o naturalismo em 
trechos como: “Outrora, do alto de um rochedo, contemplando os 
vales férteis, desde o riacho até as colinas ao longe, eu via em torno 
de mim tudo germinando e brotando.” (GOETHE, 2009, p. 52)
A obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Goethe 
constituiu um marco do Romantismo. Uma vez que, tal obra 
abarcou todas as características deste movimento, bem como da 
revolução que amparou a construção literária do período.
Figura 4 - Os Sofrimentos do Jovem Werther - Página de rosto da primeira impressão
Fonte: wikimedia commons
Então, caro aluno o que você considera sobre o exposto 
acima? Como esta obra marco do Romantismo demonstra toda a 
especificidade deste movimento?
Podemos observar isso quando, Goethe, utiliza-se da perso-
nagem Werther ao apresentá-la como um homem dominado por 
sentimentos e sensações, cujos atos são contrários à razão ao 
desejar uma mulher comprometida e inacessível. Outro momento, 
em que o autor utilizasse das características do Romantismo é 
quando apresenta o lado egocêntrico de sua personagem principal.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal54
A obra, Os Sofrimentos do Jovem Werther, compreende um 
romance alemão de 1774 do autor Johann Wolfgang Von Goethe. 
Considerado o pai da escola romântica, sua obra influenciou e 
influencia muitos trabalhos até os dias atuais. Membro de uma 
rica família nasceu em Frankfurt, em 1749. Atuou como escritor 
e conselheiro da nobreza. Em 1770, Goethe adere ao movimento 
Sturm und Drang, o qual influenciou fortemente sua produção. 
Faleceu em 1832.
Goethe foi um dos representantes do movimento Sturm Und Drang 
(1765-1785), juntamente a outros autores como: Von Schiller, Johann 
Georg Hamann, Johann Gottfried Herder, Friedrich Maximilian 
Klinger, Friedrich Gottlieb Klopstock (ROSENFELD, 1992).
SAIBA MAIS
Ficou curioso (a) para saber o que significa Sturm Und 
Drang, então consulte ROSENFELD, A. Introdução. IN: Autores 
Pré-Românticos Alemães. São Paulo: EPU, 1992.
Neste artigo os autores apresentam alguns dos principais 
escritos de Anatol Rosenfeld sobre teatro, bem como seu trabalho 
como organizador de antologias de autores canônicos da literatura 
alemã como Lessing, Goethe e Schiller, demonstrando como as 
influências atuam sobre a produção teatral brasileira dos anos 1960.
O movimento Sturm Und Drang surge como oposição aos 
valores aristocratas, iluministas e racionalistas de uma época. Sendo, 
a expressão artística a forma pela qual seus expoentes encontraram 
para questionar tais representações morais. Este movimento ficou 
conhecido também pela forte exaltação do objeto amado, e pela 
experiência do sentimento supervalorizado (sentimentalismo), sendo 
também conhecido como pré-romantismo.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 55
Que os adeptos ao movimento Sturm Und Drang eram 
chamados de stürmer. Sendo o stürmer aquele que defendiam 
o homem como um ser de emoção, movido pelos sentimentos e 
desejos.
Figura 5 - Goethe em 1828, óleo sobre tela de Stieler.
Fonte: wikimedia commons
Caro estudante, na obra de Goethe a exaltação do objeto 
amado, centra-se na representação da personagem Charlotte. 
Represente da figura feminina idealizada daquela época, isto 
é, uma mulher culta, e apta ao casamento. Traço marcante do 
Romantismo, sendo possível através da personagem de Lotte, 
constatar a personificação da mulher ideal de um período histórico.
Figura 6 - A idealização da figura feminina
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal56
A seguir são apresentados trechos da obra, em que podemos 
analisar o sentimentalismo e exaltação do objeto amado: “Às 
vezes não compreendo que possa outro amá-la, que ouse amá-
la, quando eu, somente eu, a amava de um amor tão ardente, tão 
completo!” (GOETHE, 2009, p. 77).
“É um anjo!... Ora já sei que todos dizem isso de sua 
amada, não é verdade? Todavia, é-me possível dizer 
a você o quanto ela é perfeita, e também o porquê de 
ser tão perfeita.” (GOETHE, 2009, p. 23).
Que a obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther” foi escrita por 
Goethe em seu aniversário de 24 anos, em apenas quatro semanas? 
São características deste movimento: o abandono de normas e 
métricas de escrita, a liberdade de criação, a subjetividade (centrada 
na emoção e sentimento); a idealização do feminino (como ser 
superior); a idealização do amor; a natureza como inspiração; o 
egocentrismo; a dramaticidade; o uso de substantivos abstratos 
e figuras de linguagem; a figura do heroi romântico; e a tragédia 
(CITELLI, 1993; BENJAMIN, 2002; SAFRANSKI, 2010). 
Figura 7 - Arquétipo do amor romântico, Romeu e Julieta retratados por Frank Dicksee
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 57
A Figura acima retrata as principais características do 
Romantismo, a idealização do amor e da mulher, o primeiro 
atual como tema central em quase todas as obras; a segunda atua 
como fonte de inspiração responsável pela perdição do homem, 
seja pelo aspecto virginal, angelical ou demoníaco.
Que conforme as características discutidas nas obras, 
o Romantismo pode ser classificado em primeira geração 
(subjetivismo, imaginação, emoção, exagero, presença do amor 
inatingível); segunda geração ou ultrarromantismo (tristeza, 
depressão, decepções amorosas e morte); e a terceira geração 
(males, injustiças sociais).
O Anjo da Morte de Horace Vernet retrata exatamente o 
ambiente de criação de autores desta geração, cujos trabalhos 
orientam-se pela a idealização e a representação da mulher 
desejada, bem como a exaltação da morte.
Os autores desta geração possuem como características de 
suas personagens o escapismo (fuga da realidade), assim como 
os da primeira geração, porém nesta geração as personagens 
encontram na morte a saída para suas angústias.
Figura 8 - O Anjo da Morte de Horace Vernet
Fonte: wikimedia commons
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No ultrarromantismo características como tristeza, depressão, 
decepções e morte, são potencializadas pelo pessimismo frente à 
necessidade de existência do sujeito. Os principais autores dessa 
vertente são Goethe, Novalis, Lord Byron, Mary Shelley. No 
Brasil Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
Neste capítulo, caro estudante, aprendemos que o Roman-
tismo compreendeu um estilo literário fortemente caracterizado 
pela complexidade, diversidade, e riqueza de novos olhares sobre 
o mundo. Bem como, constatamos que foi no Romantismo que 
ocorrem muitas rupturas tanto de âmbito político quanto cultural, 
com destaque ao campo da ética e moral. A obra “Os Sofrimentos 
do Jovem Werther”, de Goethe compreendeu uma das principais 
obras deste movimento, sendo que influenciou e influencia muitos 
trabalhos até os dias atuais. São características deste movimento: 
o abandono de normas e métricas de escrita, a liberdade de 
criação, a subjetividade; a idealização do feminino; aidealização 
do amor; a natureza como fonte de inspiração; o egocentrismo; 
a dramaticidade; o uso de substantivos abstratos e figuras de 
linguagem; a figura do heroi romântico; e a tragédia.
Ele a amou até a morte
Ao término deste capítulo você conhecerá a obra literária 
universal “Os sofrimentos do Jovem Werther”, seu autor e 
contexto de construção. Bem, como confirmará a função da 
universalidade e atemporalidade. Pronto (a) para desenvolver 
esta competência? Foco na leitura e novos conceitos. Tenha uma 
boa leitura!
OBJETIVO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 59
Para um amor sem esperança, resta-se 
apenas o túmulo
Como vimos na Unidade I, obras universais nos remetem 
também ao confrontamento de realidades e contextos de 
períodos específicos. Na de Goethe podemos observar marcos da 
Revolução Francesa e da Revolução Industrial. Tais constatações 
encontram respaldo em aspectos como a discussão, constante, 
da dualidade entre indivíduo e sociedade.
Iremos neste capítulo lhe apresentar a obra de Goethe, Os 
Sofrimentos do Jovem Werther, para tanto inicialmente apresenta-
se um trecho, em que lhe convidamos a observar as características 
do Romantismo vista no capítulo anterior. Então, vamos à leitura!
Figura 9 - Werther (desenho de Chodowiecki)
Fonte: wikimedia commons
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Minha alma inunda-se de uma serenidade maravilhosa, 
harmonizando-se com a das doces manhãs primaveris que 
procuro fruir com todas as minhas forças. Estou só e abandono-
me à alegria de viver nesta região criada para as almas iguais à 
minha. Sou tão feliz, meu amigo, e de tal modo mergulhado no 
tranquilo sentimento da minha própria existência, que esqueci a 
minha arte. Neste momento, ser-me-ia impossível desenhar a coisa 
mais simples; e, no entanto, nunca fui tão grande pintor. Quando, 
em torno de mim os vapores do meu vale querido se elevam, e o 
sol a pino procura devassar a impenetrável penumbra da minha 
floresta, mas apenas alguns dos raios conseguem insinuar-se 
no fundo deste santuário; quando, à beira da cascata, ocultas 
sob arbustos, descubro rente ao chão mil diferentes espécies de 
plantas; quando sinto mais perto do meu coração o formigar de 
um pequeno universo escondido embaixo das folhagens, e são 
insetos, moscardos de formas inumeráveis cuja variedade desafia 
o observador, e sinto a presença do Todo Poderoso que nos criou 
à sua imagem, o sopro do Todo-Amante que nos sustenta e faz 
flutuar num mundo de tenras delícias […] (GOETHE, 2009).
Que a obra “Os sofrimentos do Jovem Werther” é consi-
derada a primeira obra romântica publicada. E, que consta entre 
as grandes obras da literatura universal? 
A obra orbita a narrativa epistolar e intimista de um jovem 
apaixonado que compartilha com o leitor, de forma muito particular, 
a penosa experiência de uma paixão não correspondida. Na trama 
o jovem alemão Werther confidencia a seu amigo Wilhelm, através 
de cartas, relatos de suas viagens e acontecimentos cotidianos, até 
o encontro com Charlotte, sua Lotte.
A narrativa em forma epistolar é aquela que utiliza como 
técnica a troca de correspondência entre as personagens. Toda 
técnica de narrativa que se apresenta em formato de carta ou 
aglomerado de cartas. Sendo uma característica marcante da obra 
de Goethe, sendo escrita por vezes na primeira pessoa, outras na 
terceira pessoa.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 61
Figura 10 - Werther e Charlotte, d’Os Sofrimentos do Jovem Werther
Fonte: wikimedia commons
Que a obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther” foi 
construída a partir de uma experiência real, por isso possui caráter 
autobiográfico. Na verdade, a experiência aqui é de Goethe no 
que tange a temática de um romance mal sucedido (sua paixão 
por Charlotte Buff), e a de um colega de universidade de Goethe, 
no que diz respeito ao fim da personagem Werther.
Figura 11 - Charlotte Buff-Kestner por Johann Heinrich Schröder
Fonte: wikimedia commons
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A partir deste encontro, a narrativa da obra assume uma 
forma mais descritiva, pois o autor foca na necessidade de 
descrição ao leitor do encantamento que a jovem Lotte causa 
em Werther. Sendo possível identificar, tamanha a riqueza de 
detalhes, um amor puro, contudo doentio. Então, caro aluno leia 
o fragmento a seguir e constate o exposto acima:
É um anjo! [...]. Todavia, é-me impossível dizer a 
você o quanto ela é perfeita, e também o porquê 
de ser tão perfeita. Só isto basta: ela tomou conta 
de todo meu ser. Tanta naturalidade com tão alto 
senso de justiça! Tanta bondade com tamanha 
firmeza! Uma alma tão serena e tão cheia de vida 
e energia!” (GOETHE, 2009, p. 23-24,)
Figura 12 - Lotte (desenho de Chodowiecki)
Fonte: wikimedia commons
A principal relação discutida é a tríplice Werther – Lotte – 
Albert, uma relação corrompida, e socialmente não conveniente. 
Lotte era comprometida com Albert, que à época do primeiro 
encontro com Lotte encontrava em viagem. Fato este que nunca 
foi desconhecido por Werther, e que, no entanto, continuava a 
nutrir sentimentos pela jovem Lotte.
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Na narrativa, a seguir, é possível observar o sentimento de 
Werther que, angustiadamente, receia o retorno de seu rival: “Albert 
voltou, e eu quero partir. Mesmo que ele fosse o melhor, o mais 
nobre dos homens, e eu me reconhecesse inferior a ele de todos os 
pontos de vista, ainda assim não suportaria vê-lo, com meus próprios 
olhos, possuidor de tantas perfeições… possuidor!… Wilhelm isto 
é o bastante: o noivo está aqui.” (GOETHE, p. 44, 2009)
Werther e Charlotte viveram um romance (baseado na forte 
atração física e emocional), porém este não pode ser completo, pois 
Charlotte era comprometida. Tal impedimento, pela narrativa, 
potencializou o surgimento de sentimentos como depressão e a 
dor de uma paixão impossível.
Figura 13 - Lotte e Werther
Fonte: wikimedia commons
Além da impossibilidade de uma “relação” não conven-
cional para os padrões da época, Werther também enfrentava a 
dualidade do sentimento de amizade e admiração que estabeleceu 
com Albert, desde seu primeiro encontro. A dualidade de seu 
sofrimento reside na falta de esperança frente a sua amada, e na 
culpa por interferir neste relacionamento.
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Figura 14 - Werther e Lotte. Aquarela de Donat
Fonte: wikimedia commons
Em seus relatos ao amigo, Werther, lhe compartilha 
momentos de convívio com Lotte que lhe faziam apaixonar-se 
cada vez mais, tais como passeios, conversas, leituras de poemas. 
Bem como a necessidade que sente em afastar-se para evitar tal 
sentimento, uma vezque não coloca Albert com um antagonista, 
pelo contrário a ele dedicando admiração.
Com a proximidade do casamento de Lotte e Albert, 
Werther encontra-se cada vez mais desesperado e envolto por 
sua depressão, uma vez que a possibilidade de viver este amor 
encontrava-se mais distante. Pensamentos suicidas iniciam a 
constar na narrativa, e mostram-se mais constantes e intensos 
nos relatos finais da obra.
Figura 15 - O Suicida de Édouard Manet 1877–1881
Fonte: wikimedia commons
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Charlotte agora se encontra casada com Albert, este agora 
como marido já não aceita com naturalidade, as frequentes 
visitas que Werther realizava a sua casa, e passa a demonstrar 
ciúmes em relação à Werther. 
Assim, Werther resolve não mais visitar Charlotte, e como 
forma de despedida realiza uma última leitura em sua companhia, 
porém durante a leitura emocionados estes se beijam. Werther é 
repelido prontamente por Charlotte que deseja não o ver mais. 
Aqui, cumpri destacar, que ela o amava, contudo sabia que era 
um amor impossível. Logo, lhe pediu para nunca mais voltasse 
a lhe visitar, e este concordou.
Em seu último momento juntos, Lotte e Werther, durante 
uma leitura emocionada se beijam. Apesar da intensidade 
do momento, o qual é retratado no trecho abaixo, ele conflita 
com os valores e comportamentos esperados da “mulher ideal” 
daquela época. Aqui, representados na figura de Charlotte, que 
profundamente incomodada com o ato, embora o desejasse, 
externaliza seus sentimentos mesclados de amor e raiva contra 
Werther (“Foi a última vez! Werther! Nunca mais me vera!” 
(GOETHE, 2009, p. 112)
Por alguns segundos, Lotte pressentiu o 
terrível desígnio que Werther concebera. Ficou 
transtornada. Apertou-lhe as mãos, e ele premiu as 
dela contra o peito. Em dado momento inclinou-
se sobre Werther, com uma emoção dolorosa, e 
as faces ardentes de ambos se tocaram. O mundo 
inteiro deixou de existir. Werther enlaçou-a 
com os braços, apertou-a contra o coração e 
cobriu de beijos furiosos seus lábios trêmulos e 
balbuciantes.” (GOETHE, 2009, p. 111)
Do beijo trocado ficou evidente que este amor era recíproco, 
contudo, impossível. Cada vez mais depressivo e inconformado 
com a impossibilidade de viver este amor, Werther, põe fim a sua 
existência. Então, na mesma noite em que foi ao céu ao beijar 
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sua amada, comete suicídio com as bistolas de Albert, visto a 
impossibilidade de tê-la para si. Na manhã seguinte, Werther é 
encontrado morto em seu quarto. 
Figura 16 - Charlotte no túmulo de Werther
Fonte: wikimedia commons
Para além das características do Romantismo, esta obra 
de Goethe, permite-nos a discussão de temas também universais 
como o suicídio, o escapismo da realidade, a obsessão exacerbada 
e doentia de um objeto de desejo. Neste sentido, esta nos permite 
refletir sobre a real relevância que se atribui ao sentimento, 
levando-nos a observar o quão exageradamente podemos conduzir 
tal questão, com destaque ao sofrer, que possui outras formas de 
ponderar, para além da forma apresentada na leitura da obra.
Que após a publicação da obra de Goethe em 1774, houve 
um aumento do número de por mortes por suicido, provocando 
forte repercussão na Europa. Em que muitos leitores identificados 
com a personagem depressiva de Werther, optaram pela mesma 
resolução do suicídio. Chegando a ser uma obra criticada pela 
igreja (SANTOS, 2011).
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Figura 17 - Leitura de Werther de Goethe - Wilhelm Amberg, 1870
Fonte: wikimedia commons
Que Werther é uma ópera em quatro atos de Jules Massenet 
escrita em 1887, baseada na obra de Goethe, Os sofrimentos do 
Jovem Werther. Porém, somente em estreou em 1892. 
Figura 18 - Pôster da première francesa, 1893.
Fonte: wikimedia commons
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Assim, como a obra Édipo Rei, de Sófocles, na psicanálise, 
a obra de Goethe também contribuiu à construção de um 
conceito clínico: o “Efeito Werther”. Sendo a este atribuído o 
comportamento suicida copiado, ou seja, o aumento de suicídios 
após a morte por suicídio de uma figura pública ou celebridade. 
Observe no trecho, a seguir, como a obra de Goethe referencia o 
suicídio como forma de escape a uma realidade, que possui mais 
do que apenas um único fim: [...]. Somente o túmulo poderá me 
libertar deste tormento (GOETHE, 2009).
A obra de Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther, 
orbita a narrativa epistolar e intimista de um jovem apaixonado 
que compartilha com o leitor, de forma muito particular, a 
penosa experiência de uma paixão não correspondida. Werther 
e Charlotte viveram um romance (baseado na forte atração 
física e emocional), porém este não pode ser completo, pois 
Charlotte era comprometida. Tal impedimento, pela narrativa, 
potencializou o surgimento de sentimentos como depressão e a 
dor de uma paixão impossível.
O Gótico Terror Americano
Ao término deste capítulo você conhecerá o estilo literário da 
ficção policial, seu seguidor e contexto de construção. Bem, 
como observará a aplicação das características universalidade 
e atemporalidade. Então, vamos focar nesta competência? Boa 
leitura!
OBJETIVO
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De louco e perdido, todo mundo tem um 
pouquinho ...
Caros alunos, vamos iniciar os estudos do capítulo 3. 
Convido-os a conhecer um autor, cuja narrativa possui a excepcional 
capacidade de nós levar a refletir sobre nossa existência, e nossos 
mais íntimos medos. Em seus contos mais do que leitores somos 
testemunhas de crimes “quase perfeitos”.
Acompanharemos o desenrolar de histórias de personagens 
que muitas vezes, assim como nós, precisam confrontar-se em 
face de sua sanidade, ou sua loucura, ou seja, a racionalidade e 
as angústias internas.
Figura 19 - Edgar Allan Poe
Fonte: wikimedia commons
Pai do Conto, Edgar Allan Poe, foi um dos maiores contista 
do gênero ficção policial e de toda uma geração. Figura entre as 
principais influências, até os dias atuais, em termos de ficção 
policial para muitas gerações de escritores. Tais como Donan 
Doyle, Agtha Cristie, Bioy Casares, J.L Borges e Dostoiévski.
Somente possuímos grandes detetives como Sherlock 
Holmes (Conan Doyle); Hercule Poirot (Agatha Christie), Don 
Isidoro Parodi (Bioy Casares), dentre outros, porque antes houve 
certo detetive chamado Auguste Dupin da obra Assassinatos na 
Rua Morgue.
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Figura 20 - O detetive Dupin confronta o marinheiro numa passagem 
de “Os assassinatos da Rua Morgue”. Ilustração de 1909 Byam Shaw
Fonte: wikimedia commons
C. Auguste Dupiné o detetive francês criado por Poe 
para a resolução do crime ocorrido em “Os Assassinatos da 
Rua Morgue”, através da dedução e observação dos fatos, 
características estas que faziam parte da personalidade do autor, 
e que foram “transferidas” a sua personagem. Esta personagem, 
também, participa da construção de mais duas obras: O Mistério 
de Marie Rogêt (1842), e A Carta Roubada (1844).
Poe foi um escritor do Movimento Romântico Americano, 
contudo é mais reconhecido por seu estilo gótico, sempre 
recorrendo ao uso de temas que tratavam a questão da morte 
e demais alegorias como a decomposição, a reanimação, etc. 
(FERNANDES, 2014)
Muitas, das obras de Poe, abarcam a temática do sofrimento 
causado pela morte (perda), pois para este não havia nada mais 
belo e romântico, do que escrever sobre a morte de uma mulher 
tão bela quanto à narrativa.
O estilo gótico, aqui referido, compreende a construção de 
narrativas cujo tema recorrente é o romance atrelado à morte, em 
que a realidade e a ficção podem ser tão próximas e assustadoras.
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Figura 21 - A representação ocidental da Morte, tema constante no estilo gótico de Edgar Allan Poe
Fonte: wikimedia commons
Que embora conhecido como pai do conto, Poe também se 
dedicou à escrita de poemas, editoração e crítica literária. Neste 
último tratou em atuar de forma crítica sobre sua obra, e as de 
seus pares.
Também referenciado como Pai do Terror, trata-se do 
fundador da narrativa de horror e de mistério. Edgar Allan Poe 
foi um escritor americano, nascido em Boston em 1809. Faleceu 
em 1849, sendo sua morte um mistério, assim como toda a 
atmosfera de seus contos.
Contudo, este autor, também possuía um lado autodestru-
tivo, e inebriado constantemente pelo álcool e pelos tormentos de 
sua alma. Aspectos que potencializaram ainda mais a curiosidade 
a respeito das causas de sua morte.
Figura 22 - Poe foi enterrado originalmente na parte de trás do cemitério 
de Westminster, sem uma lápide. A da imagem marca hoje em dia o lugar original.
Fonte: wikimedia commons
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Que, após exatos dois anos da publicação de “O Corvo”, 
falece aos 40 anos (sob circunstâncias misteriosas) Edgar Allan 
Poe. Ele foi encontrado morto em Baltimore.
Quatro dias anteriores a sua morte, Poe, foi encontrado 
“perambulando” pelas ruas em estado delirante (louco e perdido), 
após é encaminhado para um hospital local, onde morre a seguir.
Contudo, assim, como sua obra sua morte também foi 
envolta pelo mistério, uma vez que ainda se debate se sua morte 
foi devida a um ato de suicídio, assassinato, ou grave doença.
Figura 23 - Retrato de Elizabeth Arnold Hopkins Poe, a mãe de Edgar Allan Poe
Fonte: wikimedia commons
O espectro da morte o acompanhou desde sua tenra idade, 
primeiro com a morte de sua mãe, e posterior abandono do pai; 
após já adulto com a morte trágica de sua esposa e prima, de 
primeiro grau aos 24 anos, por tuberculose.
Poe casou-se aos 27 anos, com sua prima Virgínia de 13 
anos. Poe segue um rumo contrário ao Romantismo, pois para 
ele a forma mais eficaz de acessar o íntimo do leitor, era através 
da narrativa curta e envolvente. Aqui reside a sua receita de 
sucesso, a brevidade, a técnica do breve relato acessa com maior 
sucesso a experiência e a significância do leitor.
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Figura 24 - Retrato de Virginia Clem, a prima de 13 anos de Poe que se tornaria a esposa do escritor
Fonte: wikimedia commons
“Se alguma obra literária é longa demais para ser lida de 
uma assentada, devemos resignar-nos a dispensar o efeito [...] 
que se deriva da unidade de impressão, [...], pois os negócios do 
mundo interferem [...] com totalidade [...]” (POE, 1999, p. 2).
Assim, ocupando-se mais com a experiência do leitor 
(efeito), do que somente a descrição de um cenário. Edgar 
Allan Poe já visava à construção de criações, cuja leitura já 
provocasse resultados sobre o seu leitor. Embora, seja um autor 
muito famoso devido ao gênero trabalhado, durante sua carreira 
também foi alvo de muita crítica. Com destaque à sua proposta 
de construção de obras literárias, para Poe o processo de criação 
deveria ser detalhado em seus mínimos detalhes.
Sendo possível, através da recriação de suas etapas a 
construção de uma obra literária. Poe desejava assim, demonstrar 
que o ato de criar não se limitava ao “dom”. 
Poe trabalha com o psicológico em suas narrativas, sendo 
a principal marca de suas personagens a ambiguidade, nem bom, 
nem mau, apenas humano. Temas frequentes em suas obras a 
morte, o mistério, o macabro, o medo, a ambiguidade, a loucura, 
a histeria, a culpa, a fuga a realidade.
Caro estudante o que você acha considera quando Poe 
discute a necessidade de não julgar o bem ou o mal, apenas a 
questão humana? Que tal, pensar um pouco sobre isso, bem 
como tentar estabelecer um paralelo desta proposta com o estudo 
da menta humana e seus distúrbios.
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Figura 25 - Uma ilustração de O Corvo de Edgar Allan Poe, feita por Gustave Doré.
Fonte: wikimedia commons
A Figura 25 retrata bem as narrativas de Edgar Allan Poe, 
estas possuem uma atmosfera envolta de terror e mistério, onde 
temas como o sobrenatural e a loucura, materializam-se na forma 
de devaneios, assassinatos e suicídio. Que 1827 é considerado o 
ano em que Poe inicia sua carreira com a publicação “Tamerlane 
and Other Poems” (Tamerlão e Outros Poemas), tratou-sede 
uma coleção de poemas reunida em um livro.
Figura 26 - Tamerlane and Other Poems (1827)
Fonte: wikimedia commons
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Se você ficou interessado (a) em conhecer um pouco mais 
da obra de Poe, seguem sugestões de leituras: Assassinatos na Rua 
Morgue, A carta Roubada, O Mistério de Maria Roget, O Corvo, 
A Máscara da Morte Rubra, O Gato Preto. Além da literatura, 
Edgar Allan Poe, se dedicava aos estudos da pseudociência, 
frenologia e fisionomia. Ficou curioso (a) que tal pesquisar o que 
compreende cada uma destas áreas, após estabelecer as devidas 
conexões com sua obra. 
Que tal comprovar, você também, se o estilo de narrativa 
proposto por Poe é caracterizado pela leitura de apenas uma 
assentada! Cabe lembrar que uma das características é ser univalente, 
ou seja, o enredo opera em torno de um único conflito. Boa Leitura!
Neste capítulo fomos apresentados ao autor Edgar Allan Poe, 
Pai do Conto, este foi um dos maiores contista do gênero ficção 
policial. Figura entre as principais influências do gênero, até os dias 
atuais. Também referenciado como Pai do Terror foi do fundador 
da narrativa de horror e de mistério. Poe trabalha com o psicológico 
em suas narrativas, sendo a principal marca de suas personagens 
a ambiguidade, nem bom, nem mau, apenas humano. Temas 
frequentes em suas obras a morte, o mistério, o macabro,o medo, a 
ambiguidade, a loucura, a histeria, a culpa, a fuga a realidade.
Obras de Edgar Allan Poe
Ao término deste capítulo você conhecerá algumas das obras 
literárias do gênero ficção policial. Bem, como observará a 
aplicação das características universalidade e atemporalidade. 
Então, vamos desenvolver esta competência? Boa Leitura!
OBJETIVO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal76
Análise das obras de Edgar Allan Poe
Caro estudante, estamos chegando ao fim desta unidade! 
Estudamos sobre o Romantismo Alemão e Americano, bem como 
falamos sobre obras universais representativas destes gêneros.
Este capítulo será dedicado a apresentação resumida e 
contextualizada de algumas das obras do autor Edgar Allan Poe. 
Espero que o capítulo 3 tenha despertado sua curiosidade sobre 
a sua obra. Então, boa leitura!
A Máscara da Morte Rubra (1842)
Vejamos o trecho a seguir. 
“Assim protegidos, seria impossível o contágio. O mundo 
exterior que se arranjasse. Lá dentro, o príncipe previu tudo. 
Nada faltava. Até diversões. Música, bailarinos, vinho. Lá 
dentro, tudo isso e mais a segurança. Lá fora, o desespero, a 
morte rubra”. (POE, 2011, p. 8)
Figura 27 - A Máscara da Morte Rubra
Fonte: wikimedia commons
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Na obra A Máscara da Morte Rubra encontramos a narrativa 
sobre uma peste, a Morte Rubra, que assombra determinado 
reino. De forma a evitar a doença, o príncipe reúne mil amigos 
em um mosteiro. E, lá promove a realização de uma imponente 
festa, um baile de máscara com duração de seis meses, cujo tema 
cerceia a beleza e o terror, o sonho e o pesadelo.
Uma das características da narrativa de Poe é a forma 
detalhada como descreve o ambiente, e as situações. Na presente 
obra ele descreve em detalhes o local do baile, bem como a 
doença. A morte rubra era caracterizada por dores agudas, com 
um desvanecimento súbito, e logo os poros da pessoa sangravam 
abundantemente. Em seguida, vinha a sua decomposição. 
Manchas escarlates surgiam no corpo e, com maior concentração 
no rosto da vítima, esta era segregada do convívio social, da 
assistência e da compaixão. (POE, 2011)
Contudo, uma figura mascarada surge em meio à festa, e 
passa a assombrar os nobres quanto à doença e suas implicações, 
tais como a total devastação de um reino, e a decadência humana.
Figura 28 - O Príncipe próspero enfrentando a morte, este embate nos faz bem pensar 
que embora fosse seu desejo escapar à morte, ela sempre lhe encontra
Fonte: wikimedia commons
Nesta obra, podemos estabelecer uma relação direta com 
os seguintes temas centrais do trabalho de Poe:
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 �Descrição da morte quando indica, em detalhes, o 
processo de morte pela “Morte Rubra”;
 �A fuga da realidade caracterizada pela ida do príncipe 
ao mosteiro de forma a evitar o contágio; 
 �O sobrenatural quando os convidados do príncipe retiram 
a máscara da Morte Rubra, e descobrem que ali não há nada.
As cores, dos salões, descritas em “A Máscara da Morte 
Rubra”, refere-se às fases da vida do homem. Ficou curioso que 
tal aprofundar-se nesta narrativa.
O Gato Preto (1843)
Em O Gato Preto observa-se a narrativa da história de 
um homem ébrio, casado, cuja esposa gostava de animais de 
estimação. Dentre estes animais um se sobressaia, um enorme e 
belo Gato Preto, chamado Pluto.
Na obra é possível perceber que homem e gato possuem 
uma boa relação de convivência. Até o dia em que, ao retornar 
a casa, bêbado o homem, desfere um golpe contra o gato, e lhe 
arranca um olho. O nome do animal, Pluto, faz alusão ao deus 
dos mortos – Plutão da mitologia romana.
Figura 29 - O Gato Preto
Fonte: wikimedia commons
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Figura 30 - Plutão deus dos mortos e das riquezas
Fonte: wikimedia commons
Porém, o animal, após o evento e por medo, passa a afastar-
se de seu dono, devido ao consumo excessivo de álcool. Incon-
formado com a rejeição, o homem passa a nutrir um sentimento 
avesso por seu gato.
Este sentimento é caracterizado pelo autor como uma fúria 
sem limite, capaz de mobilizá-lo a atos cruciais ao desfecho da 
trama. O gato Pluto não foi a única vítima da personagem deste 
conto, outra vítima também fará parte do tormento dos atos 
praticados. Ficou curioso (a)? Recomendamos a leitura do conto 
“O Gato Preto”.
Nesta obra o tema central, universal e atemporal discutido 
pelo autor é a culpa, contudo podemos observar elementos como 
a superstição e o terror psicológico. Sendo que estes elementos, 
quando postos no contexto tendem a guiar a relação da mente 
humana e seus distúrbios. Levando-nos a questionar será que a 
culpa pode levar o indivíduo à loucura?
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Figura 31 - A Culpa, sentimento retratado na obra O Gato Preto, 
bem como na pintura Adão e Eva de Lucas Cranach (1513-15).
Fonte: wikimedia commons
O terror psicológico é encontrado em eventos como: o 
avistamento da sombra de um gato enforcado; o aparecimento 
de um novo gato com as mesmas características de Pluto; bem 
como em demais eventos em que é possível o leitor observar 
que a culpa consume o homem. Caso tenhas interesse em seguir 
a análise de outros contos, que também discutam a “culpa” 
recomendamos a leitura do conto “O Coração Denunciador”.
Os Assassinatos da Rua Morgue (1841)
Neste conto, Edgar Allan Poe, convida o leitor a uma breve 
e diferente forma de efeito, pois não trabalha a temática do terror, 
e sim a busca de um efeito mais analítico em seu leitor. Para 
tanto emprega a narrativa na primeira pessoa via um narrador 
participante. Foi a partir deste conto que a literatura policial 
internacional teve mais visibilidade. Apresentando ao leitor um 
detetive protagonista, um narrador para encadear eventos, e uso 
de técnicas lógico-analíticas. 
O conto cumpre em narrar o contexto de dois assassinatos 
brutais ocorridos na Rua Morgue, em Paris. As vítimas deste 
crime foram duas mulheres: madame L’Espanaye e sua filha 
mortas em um ambiente fechado.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 81
A narrativa e a descrição dos assassinatos são tão ricas 
que, num primeiro olhar, indicam um crime sem solução, um 
“crime perfeito”.
Figura 32 - Assassinatos na Rua Morgue
Fonte: wikimedia commons
Figura 33 - Ilustração de Aubrey Bearsdley, 1894 ou 1895 – Referência ao conto
Fonte: wikimedia commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal82
Uma jogada de mestre de Poepara prender o leitor, e 
causar-lhe o efeito desejado, foi utilizar-se da descrição do 
raciocínio analítico de Dupin. Ao fazer isso Poe viabilizou ao 
leitor acompanhar a construção de tal raciocínio.
Entra em cena, o detetive Auguste Dupin, personagem que 
através da lógica e raciocínio analítico, apresenta uma solução 
surpreendente aos casos, até então sem saída.
Figura 34 – Auguste Dupin atuando na resolução do caso em “A Carta Roubada”. Ilustração do roubo da 
carta, por Frederic Theodore Lix (1830-1897) ou Jean-Édouard Dargent (ou Yan’ Dargent, 1824-1899)
Fonte: wikimedia commons
Que Edgar Allan Poe recebeu apenas 56 dólares pela 
entrega deste conto. Quem diria que este viria a se tornar um 
dos mais famosos de seus contos. Convido você, caro aluno, a 
realizar a leitura destes contos e realizar suas devidas análises 
dialógicas quanto à universalidade e atemporalidade.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 83
RESUMINDO
Neste capítulo foram apresentadas, de forma resumida e 
contextualizada, algumas das obras literárias do gênero ficção 
policial do autor Edgar Allan Poe. Na obra “A Máscara da Morte 
Rubra” observou a narrativa de uma peste, a Morte Rubra, que 
assombrou determinado reino. Em “O Gato Preto” analisou-se a 
narrativa de um homem ébrio, casado, cuja esposa gostava de animais 
de estimação. Nesta obra o tema central, universal e atemporal foi a 
culpa. “Assassinatos da Rua Morgue” cumpriu em narrar o contexto 
de dois assassinatos brutais ocorridos na Rua Morgue, em Paris. As 
vítimas deste crime foram duas mulheres: madame L’Espanaye e 
sua filha mortas em um ambiente fechado. A narrativa e a descrição 
dos assassinatos são tão ricas que, num primeiro olhar, indicam um 
crime sem solução, um “crime perfeito”.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 85
UNIDADE
03
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Textos Fundamentais da Literatura Universal86
Textos Fundamentais da Literatura Universal compreende 
o estudo de textos pertencentes aos diversos gêneros literários, 
a partir da leitura e análise de textos referenciais, em especial, 
da cultura ocidental. O estudo da Literatura Universal, além de 
possibilitar a aproximação de obras fundamentais da literatura, 
também oportuniza a construção de saberes relativos à influência 
destas obras entre si, bem como sobre as obras de outros gêneros. 
Em um mundo em constantes transformações, muitas advindas 
da Revolução Francesa e Revolução Industrial, já não há mais 
espaço para o temperamento romântico. É neste cenário que 
o Realismo e o Simbolismo surgem e sobre sua égide serão 
apresentadas as obras literárias universais – Madame Bovary, 
As Flores do Mal, e A Metamorfose – autores e contextos de 
construção. Tratam-se de obras instigadoras que provocam a 
reflexão sobre outras formas de escrita e representação de uma 
realidade. Ao oportunizar o conhecimento, sobre as principais 
obras literárias universais, autores e contextos de construção, 
torna-se possível ao leitor estabelecer relações dialógicas, frente 
à problematização de suas realidades e experiências. Então, será 
neste vasto universo que você irá mergulhar, ao longo desta 
unidade! Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso em seus 
objetivos e formação!
INTRODUÇÃO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 87
1 Compreender a relevância do Realismo;
2 Caracterizar a obra literária universal Madame 
Bovary, seu autor e contexto de construção;
3 Caracterizar a obra literária universal “As Flores 
do Mal”, seu autor e contexto de construção;
4 Caracterizar a obra literária universal Metamorfose, 
seu autor e contexto de construção.
Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 03. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
OBJETIVOS
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Textos Fundamentais da Literatura Universal88
Realismo
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
como o Realismo é relevante à formação crítica no que tange 
a representatividade e conectividade entres os clássicos e a 
realidade. Motivado(a) para desenvolver esta competência? 
Avante, e boa leitura!
OBJETIVO
Discutindo a relevância do Realismo
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando nosso estudo sobre o 
Realismo, um movimento sucessor ao Romantismo que dominou 
grande parte das construções literárias do século XIX.
Nesta concepção, conforme já estudado no Romantismo, 
a representação da vida é resultado direto da liberdade criativa, 
frente ao “eu” e ao mundo. Gradativamente, a partir da segunda 
metade do século, há o surgimento de uma nova percepção, em 
que as relações do “eu” são descontinuadas. Dando lugar a um 
novo fazer literário orientado a descrição direta da realidade, o 
Realismo.
O Realismo é um movimento cultural e literário surgido no 
século XIX em oposição ao Romantismo, possuía um expressivo 
caráter ideológico e político. Sua escrita compreende a utilização 
de linguagem clara e objetiva, e tem como temática principal 
os problemas sociais da época, usando a literatura como forma 
de denúncia de problemas como: miséria, pobreza, exploração, 
corrupção, dentre outros aspectos (COUTINHO, 1999).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 89
Observam-se dois eventos históricos fundamentais 
ao desenvolvimento e crescimento do Realismo, enquanto 
movimento: a Revolução Francesa e Revolução Industrial. 
Como resultado de ambos os movimentos, tem-se o crescimento 
do poder burguês na sociedade.
O Realismo foi o movimento que retratou – com 
objetividade – o dia a dia de novas cidades e estruturas 
decorrentes da classe social que subia ao poder – a burguesia. 
Bem como, as condições de vida da população de classe média 
e pobre, sobre as quais se desenvolveu em diferentes obras de 
autores a crítica social.
Representantes de um tempo em efervescência, os realistas, 
adotam a ciência como patrona do século XIX, substituindo 
processos de idealização e anseios de liberdade, por uma postura 
analítico-científica, a partir da qual “dissecam” a realidade 
apresentada.
+
OBSERVAÇÃO
Figura 1: Madame Bovary
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal90
Em um mundo em constantes transformações, muitas 
advindas da RevoluçãoIndustrial, já não há mais espaço para 
o temperamento romântico. O fim do ciclo do Romantismo é 
marcado pela publicação do romance Madame Bovary (1857) de 
Gustave Flaubert (1821-1880), o qual estabeleceu os conceitos 
seminais que subsidiaram a base da escola realista.
O Realismo compreendeu um movimento de cunho 
revolucionário, à medida que buscava tratar e solucionar aspectos 
e falhas da escola anterior. Uma das premissas deste movimento 
é apresentar uma nova visão de mundo baseada na descrição e 
no detalhamento (COUTINHO, 1999).
Figura 2: Gustave Flaubert um dos precursores do Realismo
Fonte: Wikimedia
Uma constante nas obras deste gênero é o retrato da 
realidade vigente (COUTINHO, 1999). Tem-se, assim, neste 
gênero a busca constante pela descrição minuciosa da realidade, 
a partir de uma nova perspectiva do homem e do mundo.
Os textos literários do Realismo ocupam suas narrativas 
quanto: à crítica social, o poder do Estado e da Igreja, os 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 91
problemas matrimoniais. As principais características do 
Realismo, conforme Coutinho (1999) compreendem:
 �Objetividade: esta característica nega claramente a 
subjetividade uma característica do movimento romântico. Ao 
utilizar a objetividade em suas narrativas, o autor realista, visa 
representar a realidade exatamente como esta se apresenta, sem 
fantasiar tal realidade. Aqui, vale a máxima do termo retrato.
 �Correção e clareza de linguagem: para o Realismo a 
representação de uma realidade, assim como se apresenta, deve 
também observar o uso de uma linguagem direta e objetiva.
 �Contenção das emoções: em obras realistas a contenção 
das emoções é primordial, uma vez que este movimento não visa 
idealizar o amor, tão pouco o objeto de desejo. No Realismo 
assume-se uma posição de afastamento do objeto.
 �Narrativa lenta: esta característica é resultado da 
construção de análises descritivas muito longas. Uma obra 
realista sempre irá abarcar reflexões dentro das narrativas, ou 
seja, é este movimento que converte a narrativa em forma lenta. 
Observa-se tal característica na obra Madame Bovary em que as 
longas descrições de Flaubert são constantes.
 � Impessoalidade do Narrador: narrador em terceira 
pessoa.
Então, caro aluno, o que acha de realizar um exercício? 
Escolha uma obra do realismo e valide as características 
apresentadas acima!
O romance de Flaubert, Madame Bovary, é um clássico 
do movimento que contém muitas das características citadas, 
discutindo o entrave de um casamento, retratando uma realidade 
vigente de sucessão de fatos que levaram ao adultério e à morte.
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Figura 3 - Madame Bovary
Fonte: Wikimedia
As principais características de narrativas realistas, que 
visam oposição ao movimento do Romantismo, compreendem 
critérios como: a representação da figura humana, objetividade, 
impessoalidade, criticidade, e afastamento do objeto retratado.
Os romances realistas possuem caráter social e psicológico, 
uma vez que abordam temas polêmicos para a sociedade do século 
XIX. Nesta proposta as instituições sociais são criticadas, bem 
como a Igreja e a burguesia. Nas obras literárias deste período, 
os escritores também abarcavam temas como o preconceito, a 
intolerância e a exploração. Sempre utilizando uma linguagem 
direta e objetiva, na forma de prosa.
Compreendem importantes obras do romantismo para o 
realismo: Comédia Humana de Honoré de Balzac, O Vermelho 
e o Negro de Stendhal, Carmen de Prosper Merimée e Almas 
Mortas de Nikolai Gogol.
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Figura 4 - Volumes d’A Comédia Humana, na edição inglesa de 1901
Fonte: Wikimedia
Além da obra de Gustave Flaubert (Madame Bovary) é 
interessante conhecer outros autores do Realismo como: Balzac, 
Eça de Queirós, Émile Zola, Dostoiévski. Ficou curioso (a)? 
Que tal ampliar seu conhecimento em obras universais, busque 
a obra de um destes autores, e avalie o alinhamento de suas 
características ao movimento.
VOCÊ SABIA?
Além da literatura este movimento também se manifestou 
em outras formas como escultura, pintura e em alguns aspectos 
sociais. Vamos analisar brevemente um exemplo?
Na escultura observa-se a construção de algo social, de 
forma a potencializar a prática do “retrato de uma realidade 
vigente”. Um representante realista foi Auguste Rodin, detentor 
de um estilo relacionado ao naturalismo e passionalismo.
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Figura 5: Auguste Rodin
Figura 7: Obra “O Beijo”
Fonte: Wikimedia
Fonte: Wikimedia
O trabalho de Rodin possui influência da mitologia 
e da alegoria, retratando o corpo humano com realismo, 
individualismo e fisicalidade. Em sua obra representa através 
do uso da figura individual a preocupação e a reflexão sobre a 
existência. Uma obra que discute tal contexto é “O Pensador” 
em que o homem é retratado em meditação (JANSON, 2001).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 95
“O Beijo” (1886) é uma escultura em mármore branco, 
que representa dois amantes envoltos por um intenso beijo. A 
forma como a escultura é retratada transmite uma grande força 
emotiva e sensual (JANSON, 2001).
“O Beijo” apresenta uma altura de 183 centímetros, e encontra-
se exposta no Museu Rodin, em Paris.
VOCÊ SABIA?
Na obra “O Beijo” Auguste Rodin libera da pedra o amor 
de dois amantes, inspirado em sua relação com Camille Claudel, 
sua assistente. Bem como, no amor de dois personagens de “A 
Divina Comédia” (Paolo e Francesca) mortos e condenados ao 
Inferno quando descobertos. Esta obra visa remeter sentimentos 
de amor e sedução (JANSON, 2001).
Logo, é possível observar que o realismo foi um movimento 
com expressões em diversos campos da arte.
Então, caro aluno, está gostando da leitura? E, agora, a 
realização de leituras de clássicos faz mais sentido para você? 
Espero que sim! Neste capítulo você compreendeu que o 
realismo foi um movimento com expressões em diversos campos 
da arte. Surgiu na segunda metade do século XIX, em oposição 
à proposição do romantismo. Como premissas de orientação 
valorizavam a objetividade, o fato apresentado e situações 
cotidianas. Tendo como principal aspecto a exposição dos fatos, 
tal como se apresentam, sem qualquer tipo de idealização.
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Flaubert e uma nova composição da 
realidade: Madame Bovary
Ao término deste capítulo você caracterizará a obra literária 
universal Madame Bovary, seu autor e contexto de construção. 
Bem, como confirmará a função da universalidade e 
atemporalidade. Pronto(a) para desenvolver esta competência? 
Foco na leitura e novos conceitos. Tenha uma boa leitura!
OBJETIVOContexto da obra – Madame Bovary
Caro estudante, primeiramente será apresentado um 
resumo da obra Madame Bovary, para que tomes conhecimento 
de sua trama. Após, será apresentado o enredo da obra, seus 
detalhamentos e alinhamentos dialógicos. Vamos lá, que tal 
iniciarmos nosso estudo nesta importante obra do realismo. Fica 
o desafio inicial você pode amá-la ou odiá-la. Avante!
Madame Bovary, compreende uma obra clássica francesa 
do romance mundial, foi escrito por Gustave Flaubert em 1857.
Figura 8: Gustave Flaubert
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 97
Esta obra é considerada um marco do realismo, enquanto 
gênero da literatura universal. Como característica principal 
consta a originalidade da obra frente às demais obras deste 
período. Tal originalidade é regida pela descrição minuciosa de 
situações, cenários e personagens (JOUVE, 2012).
A obra Madame Bovary é composta por três partes, sendo que 
cada uma apresenta divisões numéricas em forma de capítulos 
sem títulos (FLAUBERT, 2006).
VOCÊ SABIA?
VOCÊ SABIA?
Madame Bovary assume a função de polemizar temáticas 
de uma época, aqui com grande ênfase crítica aos hábitos da 
burguesia idealizadora de um padrão moral de mulher e esposa. 
Em sua construção Flaubert conjectura uma personagem 
totalmente díspar desta imagem idealizada, em sua visão a 
mulher assume papel como protagonista, guia de sua vida e 
inconformada com os “desígnios” de uma vida enfadonha 
(KEHL, 1998).
Que a obra Madame Bovary é considerada um romance precursor 
do realismo na literatura universal. E, que demorou cinco anos 
para ser escrita. 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal98
O romance de Flaubert possui como protagonista Emma 
Bovary, uma mulher simples, educada, religiosa, ávida leitora, 
que anseia por uma vida diferente da que leva no campo. Ao olhar 
desta personagem a vida poderia ser mais agitada e apaixonante, 
por isso para “livrar-se das amarras que a prendiam ao campo”, 
esta opta pelo matrimônio.
Enfim, casada e com uma filha, Emma percebe que sua 
vida não parecia tão agitada e apaixonante, como nas leituras que 
realizava. Situação esta que contribuía, dia a dia, ao aumento de 
um sentimento de frustração, frente à vida e ao seu casamento.
Como resposta aos seus problemas, e como forma de 
“libertação” de um relacionamento enfadonho, Emma orienta-
se a um comportamento nada convencional, aos padrões de sua 
época.
Que a obra foi inspirada em um caso real de suicídio na 
Normandia, em que a esposa de um oficial após cometer adultério 
pratica o suicídio.
VOCÊ SABIA?
Que Gustave Flaubert foi julgado pela Sexta Corte 
Correcional do Tribunal de Sena por sua obra Madame Bovary, 
pois segundo a acusação esta ofendia a moral e a religião. Sua 
obra foi classificada como: imoral, indecente, corruptora.
Em determinada altura da trama, Emma, encontra-se 
desiludida por conta de um de seus amantes, bem como imersa 
em dívidas decorrentes de seus atos de infidelidade. Esta 
encontra como resposta ao seu desespero a fuga de sua realidade, 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 99
pela morte por envenenamento. Charles, seu marido, ciente 
das traições e das dívidas, morre devido ao imenso desgosto e 
vergonha.
Personagens da obra
Conforme Flaubert (2006) segue descritivo das 
personagens da obra Madame Bovary:
 �Charles Bovary – Primeira personagem a ser descrita 
na trama, fortemente influenciado e dominado pela mãe, Charles 
se forma em medicina. E, para atender aos padrões sociais da 
época casa-se com Héloise Dubuc. Inesperadamente apaixona-
se pela filha de um paciente (Emma), bem como fica viúvo um 
tempo depois. Casa-se, após o período de luto, com Emma com 
quem teve uma filha.
 �Emma Bovary – Principal característica desta 
personagem é o romantismo, jovem sonhadora, dotada, 
educada, ávida leitora, e ambiciosa. Durante sua juventude teve 
sua educação conduzida em um convento. Casa-se com um 
jovem médico, Charles, mas nunca consegue corresponder ao 
sentimento que seu marido lhe dedicava, devido a sua constante 
insatisfação com a relação.
 �Héloise Dubuc - Primeira esposa do médico Charles. 
Héloise, assim como a mãe de Charles exerce um papel 
dominante na relação, no entanto falece precocemente durante 
uma discussão em família.
 �Theodore Rouault - Pai de Emma e paciente de 
Charles.
Análise da Obra – Madame Bovary
Caro estudante, cumpre comentar que a análise aqui 
apresentada é resultado da obra de Hehl (1998), Flaubert (2006) 
e Jouve (2012).
A narrativa inicia-se pela apresentação da personagem 
Charles Bovary, esta se ocupa em apresentar um jovem 
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de intelecto mediano, enviado à escola de Medicina, em 
determinado momento de sua formação. Agora, na posição de 
estudante de Medicina e longe da orientação atenta de seus pais, 
com destaque de sua mãe, o jovem e boêmio Charles dedica suas 
noites de estudos à jogatina, e aos “prazeres proibidos”, ao invés 
de preparar-se para as provas de Oficial de Saúde.
Como resultado, de um comportamento libertino e nada 
responsável, o jovem Bovary é reprovado à primeira tentativa 
ao exame do cargo pretendido. Contudo, este não desiste de 
tal pretensão profissional, e após nova tentativa é aprovado 
medianamente.
Ainda, seguindo a narrativa formativa desta personagem, 
mais uma informação é dada ao leitor: o desejo materno de 
casar um filho. Isto é a mãe de Charles lhe ambiciona um bom 
casamento, e para tanto promove o casamento do jovem com 
Héloise Dubuc, uma mulher madura e viúva, a qual devido à 
maturidade e posses revelou-se extremamente controladora.
O tempo passa na trama, e Charles, ao visitar um paciente, 
é apresentado à jovem donzela Emma, por quem rapidamente 
encanta-se e interessa-se, contudo, devido a sua atual condição 
reprime qualquer investida. Após, um período a esposa de 
Charles falece, e passado o luto, o médico pede a jovem Emma 
em casamento.
Figura 10: Casamento de Emma e Charles
Fonte: Wikimedia
eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 100eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 100 18/10/2021 13:11:4318/10/2021 13:11:43
Textos Fundamentais da Literatura Universal 101
Aqui é relevante contextualizar, ao leitor, a personagem 
Emma uma figura formada e proveniente de um convento. 
Sua personagem e comportamento remetem ao romantismo 
de um amor perfeito, capaz de mudar sua vida e status social. 
Tal aspecto era proveniente dos romances que a jovem lia com 
tamanha avidez (JOUVE, 2012).
+
OBSERVAÇÃO
Este momento da obra ocupa-se em narrar a vida do casal 
Bovary, com destaque a visão de Emma. Charles, agora, encontra-
se em um casamento que lhe proporciona satisfação e felicidade. 
Frente a sua jovem esposa demonstra-se extremamente dedicado, 
o que a encanta, pois lhe configura a concretização de um sonho 
idealizado. 
Como já comentado, Emma possuía grandes expectativas 
quanto ao seu status social, sendo que tais expectativas não 
encontravam alinhamento as de seu marido. Charles, aos olhos 
de Emma,apresentava-se um homem muito simples e sem 
ambição, tais aspectos passaram a irritar e a frustrar cada vez 
mais sua vida conjugal.
Emma buscava constantemente em seu casamento a 
felicidade e a paixão, que tanto figuravam em suas leituras, porém 
o que lhe era oferecido não lhe parecia suficiente, pelo contrário 
para ela sua relação era monótona e tediosa. E, assim, esta passa 
a questionar a sua escolha, e a necessidade de conformismo 
frente sua atual situação.
A rotina do casal é interrompida quando são convidados 
para o baile do Marquês d’Andervilliers. Emma, nesta noite, 
acessa uma realidade muito diferente daquela em que se 
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encontra, e a partir desta passa a fantasiar histórias paralelas, de 
muitas possibilidades e diferentes personagens.
Após, este evento e atendendo às constantes solicitações 
de sua esposa, Charles muda-se do campo com Emma, ao 
mesmo tempo em que descobre sua gravidez. Emma dá à luz a 
uma menina chamada Bert (Berta), esta se encontra feliz pelo 
nascimento de sua filha, contudo a maternidade não foi suficiente 
para superar o sentimento de tédio, bem como aplacar busca de 
uma felicidade ainda desejada.
A condição de Emma, de insatisfação com o matrimônio, 
era um terreno fértil ao adultério, e foi a partir desta condição 
que Rodolphe Boulander, um típico conquistador encontrou 
espaço e oportunidade para seduzi-la. Com Boulander, Emma, 
passa a vivenciar a emoção perseguida em suas fantasias, bem 
como “liberta-se” da monotonia de sua vida conjugal.
Para manter sua relação com Boulander, Emma, passa a 
realizar elevados gastos para atender suas extravagâncias. Esta 
relação, no entanto, não frutifica, uma vez que Boulander não 
visava um real compromisso. Emma teve certeza disto, quando 
após planejarem uma fuga, ele se arrepende e desiste da fuga, 
abandonando-a. Tamanha foi sua desilusão que esta adoece, e 
orienta-se somente a religião como forma de fuga da realidade. 
Cumpre destacar que Charles a esta altura encontra-se imerso em 
dívidas, muitas destas devido aos excessivos gastos de Emma.
Frente à decepção do primeiro amante, Emma apaixona-
se por Leon, um jovem romântico, com quem mantém uma 
relação por um determinado tempo. Assim, como no primeiro 
caso, Emma utilizou de valores para manter a relação. Contudo, 
Emma percebe a tempo que essa relação não atende, e tão pouco 
atenderá suas necessidades, pois Léon não possui condições de 
arcar com uma relação, ainda mais que irá para França estudar 
Direito. O que a frustra mais uma vez, frente ao que idealizava 
ou buscava em uma relação.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 103
Que em ambos os casos de Emma, esta estabeleceu com seus 
amantes relações tóxicas, doentes, possessivas, inconstantes, 
regadas a ciúmes.
VOCÊ SABIA?
Emma encontra-se, agora, imersa em contas, as dívidas 
contraídas, para atender seus amantes, estão fora de controle. 
Esta se encontra em total estado de desespero, uma vez que, 
que além de administrar as contas, precisa escondê-las de seu 
marido. Pois, corre o risco de bloqueio de bens, desesperada 
recorre aos amantes como forma auxiliar na quitação dos gastos, 
mas ambos não possuem condições.
Desesperada com sua situação financeira, frustrada por 
um casamento tedioso, e amargurada pelo insucesso de seus 
casos amorosos, Emma, encontra como resposta a fuga de sua 
realidade, a morte por envenenamento com arsênico. Charles, 
seu marido, ciente das traições e das dívidas, morre devido 
ao imenso desgosto e vergonha. Berta, a filha do casal, órfã 
necessita morar com um parente próximo, bem como agora 
necessita trabalhar em uma fábrica para se manter.
Assim, como outras obras universais, Madame Bovary 
contribuiu ao estudo e a definição de um comportamento da área 
da psicanálise. A Síndrome de Madame Bovary ou Bovarismo 
compreende o transtorno de comportamento resultante da 
idealização e busca constante por um ideal romântico (parceiro 
ou sentimento inatingível), o que gera no indivíduo a sensação 
de insatisfação crônica. Ou seja, permanentemente encontra-
se melancólico e insatisfeito com as relações que estabelece 
(HOSSNE, 2000).
eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 103eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 103 18/10/2021 13:11:4318/10/2021 13:11:43
Textos Fundamentais da Literatura Universal104
Madame Bovary critica a idealização do amor perfeito, 
aborda temas tabus como o adultério feminino, o suicídio, a 
depressão, e as relações tóxicas e doentias de um relacionamento. 
Cumpre comentar que apesar de trabalhar a figura da esposa 
adúltera, sonhadora e insatisfeita, trás a discussão aspectos como 
a necessidade de confrontamento a uma realidade não desejada, 
a busca pela felicidade e realização pessoal (JOUVE, 2012).
Esta obra compreende muito mais do que uma história 
de traição feminina, busca também discutir o despertar da 
sensibilidade do gênero, quanto aos seus sonhos, fantasias, 
anseios e desejos (KEHL, 1998). Trata do sentimento motor 
do “querer mais”, do “ir além”, do “realizar-se”, que por vezes 
espera-se partilhar com o outro. Às vezes, a companhia, não 
consegue compreender esta expectativa e necessidade, logo 
deixando, assim espaço para busca do “algo faltante”.
Madame Bovary aborda a incompatibilidade entre um 
casal, aspecto o qual não deve ser negligenciado pela falta de 
compreensão, empatia e diálogo. Logo, caro estudante, devemos 
observar que a discussão proposta na obra visa e ambiciona algo 
maior.
Então, caro estudante, agora conheces a obra literária 
universal Madame Bovary, seu autor e contexto de construção. 
Bem, podes confirmar a função da universalidade e 
atemporalidade em seu contexto. Madame Bovary, de Gustave 
Flaubert teve relevante e significativa influência sob a tradição 
da literatura ocidental, atuando como construção seminal para 
outras obras do gênero. Madame Bovary critica a idealização do 
amor perfeito, aborda temas tabus como o adultério feminino, 
o suicídio, a depressão, e as relações tóxicas e doentias de um 
relacionamento. Cumpre comentar que apesar de trabalhar 
a figura da esposa adúltera, sonhadora e insatisfeita, trás a 
discussão aspectos como a necessidade de confrontamento a 
uma realidade não desejada, a busca pela felicidade e realização 
pessoal.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 105
As Flores do Mal de Baudelaire: o 
prenúncio da estética simbolista
Ao término deste capítulo você irá caracterizar a obra literária 
universal “As Flores do Mal”, seu autor e contexto de 
construção. Bem, como observará a aplicação das características 
universalidade e atemporalidade. Então, vamos focar nesta 
competência? Boa leitura!
OBJETIVO
Contextualização do Simbolismo
A obra francesa “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal) 
de Charles Baudelaire (1857) compreende uma publicação 
expressiva do movimento simbolista. Tal movimento apresentou 
como características a reação da intuição contra a lógica, o 
subjetivismo contra a racionalidade. A principal classe envolvida 
neste movimento artístico foi a dos poetas (JOUVE, 2012).
Figura 11: Primeira edição de Les fleurs du mal com anotações do autor
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal106
A obra de Baudelaire (2012) encontra-se organizada em 
cinco seções: Tédio e Ideal; Quadros Parisienses, O Vinho, As 
Flores do Mal, Revolta, A Morte.
Destaca-se, aqui, que a obra “As Flores do Mal” possui 
como contexto o enfretamento de duas classes sociais: a burguesa 
e o proletariado. Duas classes emergentes frente ao avanço 
tecnológico promovido pela Revolução Industrial (JOUVE, 
2012).
Charles-Pierre Baudelaire é um dos principais 
representantes do Simbolismo, nascido em Paris no ano de 
1821, atuou como tradutor, poeta, e crítico de arte (BALAKIAN, 
1985).
Assim, como a obra “Madame Bovary”, “As Flores do 
Mal” também foram fortemente criticadas, após sua publicação 
(25 de Junho de 1857), chegando a possuir exemplares recolhidos 
sob a acusação de ferir os bons costumes. Representando um 
incomodo social e um escândalo, pois retratava temas satânicos 
e referentes ao lesbianismo.
Você sabia que deste processo Baudelaire pagou uma multa 
de 50 francos, bem como teve seis de seus poemas retirados da 
publicação.
Figura 13: Charles-Pierre Baudelaire
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 107
VOCÊ SABIA?
Que o autor Charles Baudelaire é considerado o precursor do 
movimento simbolista, sendo um dos principais expoentes da 
modernidade. Sendo também conhecido como “O primeiro poeta 
moderno” do século XIX, influenciador da poesia internacional 
de tendência simbolista (FERREIRA; PEREIRA, 2012).
Seu tema principal é a natureza inseparável da beleza e da 
corrupção. Baudelaire rompe, assim, com a visão de natureza 
absoluta do belo e do bem, e atribuindo a está aspecto maléfico 
(FERREIRA; PEREIRA, 2012).
A figura acima busca representar exatamente o que a 
proposta do simbolismo frente a imagem da natureza.
No Simbolismo analisa-se a existência de forma reflexiva 
e crítica, abandonando-se aspectos relacionados à paixão, e 
sim ao indivíduo, ao “eu”. Nesse sentido, os poemas de “As 
Flores do Mal” na perspectiva do indivíduo não visam retratar 
acontecimentos íntimos (JOUVE, 2012).
Figura 15: capa da obra “As Flores do Mal”, observe a preocupação do artista em representar o “eu” na flor
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal108
Simbolismo compreende o movimento literário da poesia, 
ocorrido na França, como oposição ao Realismo, Naturalismo e 
Positivismo. Tal movimento teve sua origem na obra Les Fleurs 
du Mal. Cumpre destacar que este movimento confrontava a 
capacidade absoluta da ciência em explicar todos os fenômenos 
relacionados ao homem (BALAKIAN, 1985; FERREIRA; 
PEREIRA, 2012; JOUVE, 2012).
O simbolismo foi um movimento parisiense, cosmopolita [...]. 
Com o simbolismo, a arte deixou de ser nacional e assumiu 
as premissas da cultura ocidental. Sua preocupação maior era 
o problema não temporal, não-sectário, não-geográfico e não-
racional da condição humana: o confronto entre a mortalidade 
humana com o poder de sobrevivência, através da preservação 
das sensibilidades humanas nas formas artísticas (BALAKIAN, 
1985, p. 15).
SAIBA MAIS
Para Baudelaire, a poesia compreende o mundo real, em 
que a composição poética do Simbolismo é reflexo direto de seu 
tempo e espaço. Além das temáticas já apresentadas, cumpre 
apresentar questões como: distanciamento, abandono e solidão 
do indivíduo.
As Flores do Mal: uma análise de poemas
A obra “As Flores do Mal” (2012) reúnem poemas 
relativos aos seguintes temas: a queda e expulsão do paraíso, o 
amor; o erotismo, a decadência, a morte, o tempo, o exílio e o 
tédio. A seguir, são expostos alguns trechos de poemas da obra 
“As flores do Mal”:
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 109
Ao Leitor
É o Diabo que nos move e até nos manuseia!
Em tudo o que repugna uma jóia encontramos;
Dia após dia, para o Inferno caminhamos,
Sem medo algum, dentro da treva que nauseia.
Assim como um voraz devasso beija e suga
O seio murcho que lhe oferta uma vadia,
Furtamos ao acaso uma carícia esguia
Para espremê-la qual laranja que se enruga.
 É o Tédio! - O olhar esquivo à mínima emoção,
Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado.
Tu conheces, leitor, o monstro delicado
- Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!
(BAUDELAIRE, 1985, p.71).
No fragmento acima, o autor, convida o leitor a observar 
o uso de imagens alucinantes, a cerca da temática do tédio nos 
tempos modernos, observa-se também a solidão do homem, os 
desamores humanos.
A seguir, caro aluno, apresenta-se o fragmento dos poemas 
mais conhecidos e polêmicos do compêndio “As Flores do Mal”:
Uma carniça
E o céu olhava do alto a esplêndida carcaça
Como uma flor a se entreabrir.
O fedor era tal que sobre a relva escassa
Chegaste quase a sucumbir.
Zumbiam moscas sobre o ventre e, em alvoroço,
Dali saíam negros bandos
De larvas, a escorrer como um líquido grosso
Por entre esses trapos nefandos.
(BAUDELAIRE, 1985, p.181).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal110
Figura 16: Imagem alusiva ao poema “Carniça”, de Baudelaire (1985)
Fonte: Wikimedia
Neste outro poema, Baudelaire fortemente separa o 
conceito de beleza absoluta, bem como claramente expressa 
seu posicionamento da natureza inseparável da beleza e da 
corrupção. Rompendo, assim, com a visão de natureza do belo 
e do bem. Em “Uma Carniça”, o autor expressa a visão de que 
tudo o que é natural, padece, e suscetível a ação do tempo.
A seguir, caro aluno, apresenta-se mais um poema do 
compêndio “As Flores do Mal”, vamos fazer as devidas análises:
Uma Passante
A rua entorno era um frenético alarido.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.
Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.
Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
A doçura que envolve e o prazer que assassina.
Que luz...e a noite após!- Efêmera beldade
Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 111
Não mais hei de te ver senão na eternidade?
Longe daqui! Tarde demais! Nunca talvez!
Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!
(BAUDELAIRE, 1985, p.475).
Neste poema a figura central é o feminino erotizado, sua 
narrativa centra-se na descrição do “andar”, o qual é inquietante 
e hipnotizador. Tal é o desejo e a curiosidade, que claramente, 
observa-se frente à inquietação do observador, ao constatar a 
impossibilidade de rever seu objeto de admiração
Este poema também visa expressar o desconforto, frente 
às formas de relacionamentos da modernidade, abarcadas pela 
superficialidade e brevidade de encontros eventuais.
Caro estudante, chegamos ao final de mais um capítulo. 
Como está sendo seu aprendizadoaté aqui? Está gostando de 
conhecer a obra literária universal “As Flores do Mal”, seu autor 
e contexto de construção? Bem, como observar a aplicação das 
características universalidade e atemporalidade? Trata-se de 
uma obra instigadora que nos leva a refletir sobre outras formas 
de escrita e representação de uma realidade. 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal112
Tendências modernas: A Metamorfose 
de Kafka
Ao término deste capítulo você irá caracterizar a obra literária 
universal Metamorfose, seu autor e contexto de construção. Bem, 
como observará a aplicação das características universalidade e 
atemporalidade. Então, vamos desenvolver esta competência? 
Boa Leitura!
VOCÊ SABIA?
Aspectos Iniciais de Kafka
Caro estudante, estamos chegando ao fim desta unidade! Já 
conheces obras da Literatura Universal como Madame Bovary, 
As Flores do Mal, porém, não poderíamos falar de Clássicos 
Universais sem citar Metamorfose de Kafka.
Figura 18: A Metamorfose (1916)
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 113
Fonte: Wikimedia
O século XX, cenário desta obra, na Europa foi marcado 
por profundas transformações e adversidade, comumente 
podemos escutar que esta é a era do tcheco Franz Kafka, este 
de forma inquietante sugere ao leitor que nem a sua mente pode 
salvá-lo. De forma direta leva a reflexão de um mundo cruel e 
solitário.
A Metamorfose constitui uma obra de autoria do escritor 
Franz Kafka, este também responde pela autoria de romances 
e contos. É considerado pela crítica como um dos expoentes 
literários mais influentes do século XX (BENJAMIN, 1996).
Sua obra abarca temas referentes à alienação, brutalidade 
física e psicológica, conflitos familiares, e transformações 
místicas.
Figura 19: Franz Kafka
Suas temáticas de trabalho orbitam o desespero e o absurdo 
da existência de uma realidade aparente, expondo aspectos 
de vidas desumanizadas, indivíduos como números frente à 
máquina do Estado (BENJAMIN, 1996).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal114
Que embora tenha sido escrito em 1912 (20 dias), a obra A 
Metamorfose somente foi publicada no ano de 1915.
VOCÊ SABIA?
A narrativa kafkiana é um convite ao adverso e estranho, 
implica em aceitar a presença do inaceitável e inverossímil. 
Tudo, em sua narrativa, apresenta-se deslocado e fora de 
contexto, contudo de uma forma estranhamente familiar revela-
se grotesco.
Personagens da obra
Conforme Kafka (1997) segue descrito das personagens 
da obra “A Metamorfose”:
 �Gregor Samsa: caixeiro viajante que vive para o 
trabalho, não possui muitos amigos. Pressionado pelo trabalho e 
suas atividades, mantém-se no atual cargo, pois é a única fonte 
de sustento de sua família. No início, da novela, se transforma 
num inseto monstruoso, e por conta disso, passa a enfrentar 
problemas como: rejeição e exclusão familiar de sua família.
 �Greta Samsa: Irmã de Samsa, uma jovem sem 
preconceitos. É a única que estabelece uma relação direta com 
Samsa, mesmo após sua mudança. Amante da música com 
destaque ao violino o qual tocava muito bem, contudo sua família 
não dispunha de recursos para custear seus estudos. Durante a 
metamorfose ela atua como vendedora.
 � Sr. Samsa: Pai de Samsa. Rejeitava o filho e sua forma 
de inseto. Era extremamente preconceituoso e não trabalhava, 
pois possui problemas de coluna.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 115
 � Sra. Samsa: Mãe de Samsa, assim como o pai 
demonstrava nojo de seu filho, agora, em forma de inseto, mas 
continuava amá-lo e reconhecê-lo como filho.
 �Os três inquilinos: pessoas que alugam um quarto na 
casa dos Samsa, após a transformação de Samsa como forma 
complementar a renda da família.
 �Gerente do escritório: personagem que chantageava 
Samsa, devido a uma dívida contraída, frente a isto, obrigava 
Samsa a trabalhar freneticamente.
 �Empregada: interagia poucas vezes com Samsa, era 
quem sempre caçoava de sua condição, foi ela quem descobriu 
também o corpo de Samsa.
A obra “A Metamorfose” e sua avaliação
A Metamorfose (1997), novela escrita em 1912, retrata 
este universo grotesco de Kafka, no qual o anormal se encadeia 
a fatos diários e corriqueiros. Apresenta a história de Gregor 
Samsa, um homem na multidão, um caixeiro viajante que 
vivencia algo inominável ao possuir sua realidade absorvida 
pelo absurdo kafkaniano:
Quando certa manhã Gregor Samsa desperta de seus 
sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado 
num imenso e monstruoso inseto.
Figura 20: alusão da metamorfose sofrida por Samsa. “Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, 
Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.
Fonte: Wikimedia
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Textos Fundamentais da Literatura Universal116
Estava deitado sobre suas costas duras como 
couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu 
ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras 
arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a 
deslizar de vez, ainda mal se sustinha.
Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas 
em comparação com o volume do resto do corpo, 
tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
– Que me aconteceu comigo? – Pensou. Não era um 
sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, 
só que um pouco pequeno demais, permanecia 
calmo entre as quatro paredes bem conhecidas.
Sobre a mesa, na qual se espelhava, desempacotado, 
um mostruário de tecidos – Samsa era caixeiro 
viajante –, pendia a imagem que ele havia 
recortado fazia pouco tempo de uma revista 
ilustrada e colocado numa bela moldura dourada. 
Representava uma dama de chapéu de pele e boa 
de pele que, sentada em posição ereta, erguia ao 
encontro do espectador um pesado regalo também 
de pele, no qual desaparecida todo o seu antebraço.
O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e 
o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo 
no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente 
melancólico.
– Que tal se eu continuasse dormindo mais um 
pouco e esquecesse todas essas tolices? – pensou, 
mas isso era completamente irrealizável, pois 
estava habituado a dormir do lado direito e no 
seu estado atual não conseguia se colocar nessa 
posição.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 117
Qualquer que fosse a força com se jogava para o 
lado direito, balançava sempre de volta à postura 
de costas. Tentou isso umas cem vezes, fechando 
os olhos para não ter de enxergar as pernas 
desordenadamente agitadas, e só desistiu quando 
começou a sentir do lado uma dor ainda nunca 
experimentada, leve e surda.
– Ah, meu Deus! – pensou. – que profissão 
cansativa eu escolhi. Entra dia, sai dia – viajando. 
A excitação comercial é muito maior que na 
própria sede da firma e além dissome é imposta 
essa canseira de viajar, a preocupação com a 
troca de trens, as refeições irregulares e ruins, 
um convívio humano que muda sempre, jamais 
perdura, nunca se torna caloroso. O que diabo que 
carregue tudo isso! (KAFKA, 1997, p. 7-8).
A narrativa de “A Metamorfose” tem como ponto de 
partida um evento abrupto da realidade de um indivíduo, quando 
este ao despertar se encontra metamorfoseado na forma de um 
horripilante inseto.
Como o fato da metamorfose é posto a priori, não resta 
alternativa, ao leitor, senão de aceitar o ocorrido e continuar 
a leitura da novela. Transformar em “normal” um ato desta 
magnitude desde o princípio da narrativa é um dos principais 
feitos de “A Metamorfose”.
Ao realizar esta ação o autor, propositalmente deforma 
situações, e a figura do homem contemporâneo, realiza uma 
inversão de realidade e absurdo, do banal e do cotidiano.
Samsa, o personagem, não se demonstra preocupado com 
sua repentina metamorfose. Porém, está fortemente incomodado 
com a impossibilidade de dormir apoiado sobre o seu lado 
direito, ou mesmo com o trabalho que era exaustivo.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal118
Uma característica marcante da obra de Kafka é a apresentação, 
ao leitor, de fatos extraordinários e incomuns, sem nenhuma 
explicação, sua apresentação mostra-se tão envolvente na 
narrativa, que o leitor a aceita muito facilmente.
+
OBSERVAÇÃO
Como comentado acima, em A Metamorfose, é a reação 
natural de Samsa, mesmo após sua transformação, que suporta 
o leitor a aceitar este fato incomum e extraordinário desde 
o princípio de sua leitura. Nada muda para ele, e sua atenção 
permanece orientada ao trabalho e à família.
A partir da metamorfose de Samsa, Kafka atribui também 
outras transformações decorrentes da adversidade agora imposta 
ao grupo. Isto é, toda a família de Samsa também demandará 
sair de seu status quo e necessitará trabalhar para manter seu 
sustento.
Assim, como descrito na seção personagens, o pai de 
Samsa apresenta problemas de saúde, logo continua em casa 
sentado ou dormindo. Cabe à irmã de Samsa a função de limpeza 
de seu quarto, inicialmente esta realiza a tarefa com dedicação 
e carinho ao irmão, contudo, com o passar do tempo, passa a 
considerar a atividade penosa e pesada.
A estrutura familiar vai ser transformando em detrimento 
da movimentação da personagem de Samsa, cumpre destacar que 
a família em um primeiro momento o isola, sendo a ele permitido 
com o tempo a “participar” dos ritos da família a distância.
eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 118eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 118 18/10/2021 13:11:4418/10/2021 13:11:44
Textos Fundamentais da Literatura Universal 119
Em determinado momento da narrativa a família passa a 
alugar um dos quartos para três inquilinos. Frente a isso, Samsa 
volta a ser isolado em seu quarto, contudo desta vez, não é 
somente ele que fica excluído das áreas comuns da casa. Agora, 
a família passa a realizar suas as refeições na cozinha, enquanto 
os inquilinos ocupam a sala.
Observa-se, no transcorrer da leitura, que à medida que a 
família aumentava o nível de isolamento de Samsa, esta realiza 
um processo de desumanização, ao passo que cada vez mais o 
consideravam como um animal. O exposto pode ser evidenciado 
em passagens como a descrita abaixo:
Torna-se homem coisa que estando à margem 
é reduzido a bicho é precisa ser eliminado [...]. 
Quando já se tem de trabalhar tão pesado, como 
todos nós, não é possível suportar em casa esse 
eterno tormento. Eu não aguento mais. [...] 
(KAFKA,1997, p.75).
A desumanização acompanha o movimento da família. O 
ápice do processo ocorre quando os inquilinos solicitam a sua 
irmã que toque violino para sua apreciação.
Neste momento, Samsa é atraído pela música e avança 
sala adentro. Os inquilinos ao fitarem a imagem de um enorme 
inseto, mostram-se chocados e rompem o contrato, bem como 
ameaçam processar a família.
Os inquilinos vão embora, a figura do homem que Samsa 
já fora não existe mais, apenas um animal é tolerado naquele 
ambiente. A metamorfose, enfim, está completa, nada mais resta 
de Samsa. Sua morte por inanição é percebida pela emprega, e 
pouco tempo depois a família muda de apartamento.
A obra “A Metamorfose” retrata o ser humano, através 
de metáforas, contextualizando a condição humana e os 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal120
dramas psíquicos da sociedade. Sua principal função enquanto 
clássico universal é “tocar a ferida” da solidão, conformismo, 
inadequação, vergonha e humilhação humana. Discute as 
angústias do homem moderno frente ao avanço tecnológico, 
bem como o aprisionamento e consequente submissão a um 
sistema dominante (KAFKA, 1997). 
Neste capítulo seu estudo foi ampliado ao conhecer a 
obra literária universal “A Metamorfose”, seu autor e contexto 
de construção. Bem, como compreendeu a aplicação das 
características universalidade e atemporalidade em seu contexto. 
Este estudo foi relevante, pois irá embasar os demais temas de 
estudo de sua formação acadêmica. Desejo a você um bom 
estudo deste material, não se limite a ler as obras, aqui tratadas, 
existe uma infinidade de obras a serem exploradas por você. 
Boa Leitura.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 121
UNIDADE
04
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Textos Fundamentais da Literatura Universal122
Textos Fundamentais da Literatura Universal compreende 
o estudo de textos pertencentes aos diversos gêneros literários, 
a partir da leitura e análise de textos referenciais, em especial, 
da cultura ocidental. O estudo da Literatura Universal além de 
possibilitar a aproximação de obras fundamentais da literatura, 
também oportuniza a construção de saberes relativos à influência 
destas obras entre si, bem como sobre as obras de outros gêneros. 
Nesta Unidade você irá abordar a origem da literatura brasileira, 
em sua Era colonial e Era nacional. Nesta Unidade seu estudo será 
orientado ao Modernismo e retomada da relevância do gênero 
realista, na literatura brasileira, identificar as características do 
gênero e comentar sobre obras relacionadas. Então, será neste 
vasto universo que você irá mergulhar, ao longo desta unidade! 
Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso em seus objetivos 
e formação!
INTRODUÇÃO
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 123
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 04. Nesta 
unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das 
seguintes competências profissionais:
OBJETIVOS
1 Entender a origem da Literatura Brasileira;
2 Caracterizar o modernismo e as suas obras;
3 Reconhecer a relevância do gênero romance na 
literatura brasileira;
4 Reconhecer a relevância do gênero realismo na 
literatura.
Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal124
Clássicos Universais e Identidade 
Cultural
A Literatura Brasileira
Caro (a) aluno (a), estamos finalizando o estudo sobre os 
Textos Fundamentais da Literatura Universal. Nesta seção serão 
acessadas algumas das obras da literatura brasileira, bem como 
aprofundar seu conhecimento no tema.
A literatura brasileira tem seu início em 1.500 com a 
chegada dos primeiros portugueses. Pode-se afirmar que a 
produção literária no Brasil inicia quando são registradas as 
primeiras impressões da nova terra. Mesmo que na forma de 
diários, cartas, ou outras formas documentais são consideradas 
como as primeiras manifestações escritas em solo brasileiro 
(CANDIDO, 1997).
OBJETIVO
Ao término deste capítulo o estudante será capaz de entender a 
origem da literatura brasileira. Motivado (a) para desenvolver 
esta competência? Avante, e boa leitura!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 125
Figura 1: ac-símile da Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Manuel I de Portugal
 
Fonte: Wikimedia Commons
A história da literatura brasileira é subdividida em duas 
eras que acompanharam a evolução política e econômica do 
país: Era colonial, Era nacional. A era colonial inicia em 1.500 
e perdura até 1.808. Esta fase é dividida em Quinhentismo, 
Barroco e Arcadismo, recebe esta denominação, pois neste 
período o Brasil era colônia de Portugal (CANDIDO, 1997).
São características do Quinhentismo: crônica de viagens, 
texto descritivo e informativo, conquista material e espiritual, 
linguagem simples, utilização de adjetivos. No quinhentismo 
reúnem-se relatos informativos e descritivos, compreendem 
textos descritivos da terra descoberta, desde sua fauna, sua flora 
e seu povo (CANDIDO, 1997).
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Figura 2: Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro Álvares Cabral, o Frei Henrique de Coimbra e o 
mestre João a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.
 
Fonte: Wikimedia Commons
Dentre os expoentes desse período constam: Pero Vaz de 
Caminha, Pero Magalhães Gândavo, Padre Manuel da Nóbrega 
e Padre José de Anchieta.
Pero Vaz de Caminha foi o escrivão da esquadra de Pedro 
Álvares Cabral, ele foi a primeira pessoa a registrar as impressões 
sobre as terras brasileiras. Seu relato foi realizado via carta, cujo 
assunto fazia menção a descoberta do Brasil, e foi endereçada ao 
Rei de Portugal, D. Manuel (COUTINHO, 2004).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 127
Figura 3: Carta a El Rei D. Manuel
 
Fonte: Wikimedia Commons.
José de Anchieta, outro nome do Quinhentismo, foi 
historiador, gramático, poeta, teatrólogo e padre jesuíta. No 
Brasil, sua atuação na recém descoberta terra foi a de catequizar 
os indígenas. Para tanto aprendeu a língua tupi e elaborou a 
primeira gramática indígena (COUTINHO, 2004).
Figura 4: Retrato do Padre José de Anchieta, Benedito Calixto, 1902
 
Fonte:Wikimedia Commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal128
As obras de Anchieta mais expressivas foram “Arte de 
gramática da língua mais usada na costa do Brasil” (1595) 
e “Poema à virgem”. Contudo, sua obra só foi publicada na 
segunda metade do século XX (COUTINHO, 2004). 
Figura 5: Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, 1595, de José de Anchieta
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
A fase Barroco da Era colonial compreendeu o período 
entre 1.601 e 1.768, e desenvolve-se na Bahia. O marco seminal 
da fase coincide com a publicação do poema Prosopopéia, de 
Bento Teixeira (1.601) e termina com a fundação da Arcádia 
Ultramarina, em Vila Rica, Minas Gerais.
Entre as características desta fase constam: Linguagem 
dramática; Racionalismo; Exagero e rebuscamento; Uso de figuras 
de linguagem; União do religioso e do profano; Arte dualista; 
Jogo de contrastes; Valorização dos detalhes; Cultismo (jogo de 
palavras); Conceptismo (jogo de ideias) (CANDIDO, 1997).
Gregório de Matos, também conhecido como, Boca do 
Inferno foi um expressivo poeta do Barroco brasileiro. Sua poesia 
trata do amor e religião, contudo sua forma de apresentação era 
satírica e agressiva em um primeiro momento.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 129
Figura 6: Gregório de Matos
 
Fonte: Wikimedia Commons.
Figura 7: Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório de Matos.
 
Fonte: Wikimedia Commons.
A última fase da Era Colonial foi o Arcadismo que se 
estendeu de 1.768 a 1.808. O contexto histórico desta fase 
acompanha o movimento inconfidente em Minas Gerais. Ao 
contrário das demais fases que possuíam como cenário o cultivo 
agrícola, nesta observa-se a extração de ouro e pedras preciosas 
(CANDIDO, 1997).
O marco inicial desta fase foi a publicação de “Obras 
Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. E, “Marília de 
Dirceu” (1792), de Tomás Antônio Gonzaga.
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Figura 8: Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
Figura 9: Obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga
 
Fonte: Wikimedia Commons
A Era Nacional inicia em 1.836 e perdura até os dias 
atuais. Esta era assume diferentes gêneros ao longo do tempo 
como: Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, 
Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o Pós-modernismo 
(COUTINHO, 2004).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 131
O romantismo, tema já estudado na Unidade II, influenciou 
muito a literatura brasileira. O Romantismo no Brasil se inicia 
em 1.836, e perdura até 1.881, quando Machado de Assis e 
Aluísio de Azevedo publicam obras orientadas ao Realismo 
(CANDIDO, 1997). O romance brasileiro é dividido em três 
fases: indianismo, urbano e regionalismo. Sendo, melhor 
retratados ao longo desta unidade.
Figura 10: Iracema, por José Maria de Medeiros – Indianismo
 
Figura: Wikimedia Commons
O realismo, conforme já estudado, foi uma escola de 
grande influência nas artes ocidentais no final do século XIX, 
desenvolvida sob os pilares da realidade, da observação, da razão 
e da ciência. Recebe esta denominação, pois literatura, pintura 
e escultura orientam-se a proposta de retratação da realidade 
como se apresentava, de forma fiel e concreta.
Os artistas realistas independentemente de sua área de 
criação orientavam seus trabalhos a partir de suaexperiência e 
da observação de mundo. Abordando a realidade e temas sociais, 
via cenas exageradas, de forma a enfatizar problemas sociais.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal132
O Realismo não produziu um estilo arquitetônico próprio 
e expressivo, na escultura busca a expressão crítica e social, 
mas foi na pintura que o gênero recebeu destaque com temas 
cotidianos.
Na escultura observa-se a construção de algo social, de 
forma a potencializar a prática do “retrato de uma realidade 
vigente”. Um representante realista foi Auguste Rodin, detentor 
de um estilo relacionado ao naturalismo e passionalismo.
Grande admirador e seguidor, de aspectos naturalísticos 
e dramáticos, de Donatello e Michelangelo. Este escultor, no 
entanto, não se preocupou em idealizar uma realidade. As obras 
mais significativas, deste escultor compreendem O Beijo, O 
Pensador e Balzac.
RESUMINDO
Neste capítulo vocês compreendeu que a literatura brasileira 
teve seu início em 1.500 com a chegada dos primeiros 
portugueses. Pode-se afirmar que a produção literária no Brasil 
inicia quando são registradas as primeiras impressões da nova 
terra. A história da literatura brasileira é subdividida em duas 
eras que acompanharam a evolução política e econômica 
do país: Era colonial, Era nacional. A Era Nacional perdura 
até os dias atuais. Esta era assume diferentes gêneros ao 
longo do tempo como: Romantismo, Realismo, Naturalismo, 
Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o 
Pós-modernismo.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 133
Era Nacional
Modernismo Brasileiro
O modernismo compreendeu um movimento cultural, 
artístico e literário da primeira metade do século XX. Surge como 
resposta a um momento de elevada insatisfação política, e latente 
necessidade de reestruturação da arte brasileira. As características 
do modernismo compreendem: liberdade estética; ruptura ao 
tradicional; experimentação artística; uso do humor; e valorização 
do cotidiano (CANDIDO, 1997; COUTINHO, 2004).
Figura 11: “O grito”, de Edvard Munch, foi uma das obras precursoras 
das vanguardas europeias, trazendo a ruptura com as artes tradicionais.
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
OBJETIVO
Caro estudante, como já visto em sua formação a Era Nacional 
perdura até os dias atuais. Esta assumiu gêneros como: Romantismo, 
Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo. 
Ao final da leitura do capítulo você estará apto a caracterizar o 
modernismo e as suas obras. Pronto (a) para desenvolver esta 
competência? Foco em sua aprendizagem!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal134
No Brasil, o Modernismo, possui como destaque e marco 
inicial a Semana de Arte Moderna de 1922, este evento caracteriza 
uma nova fase na literatura e nas demais artes brasileiras. Este 
movimento propôs o rompimento com o aspecto acadêmico e 
tradicional de conceitos, dando agora espaço à liberdade estética 
e experimentação artística (CANDIDO, 1997).
Figura 12: Semana de Arte Moderna
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
A Semana de Arte Moderna ocorreu em São Paulo, 
representou um marco na cultura brasileira, pois gerou profundas 
transformações na arte brasileira. O evento reuniu atividades de 
dança, música, poesia, exposição de obras - pintura e escultura 
- e palestras. Os artistas envolvidos propunham uma nova visão, 
de cultura e arte, inspirada na vanguarda europeia (BOSI, 2000).
São destaques deste movimento escritores como: Oswald 
de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos 
Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, 
Clarice Lispector, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, 
Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Vinícius de Moraes, dentre 
outros.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 135
Figura 13: Mário de Andrade (primeiro à esquerda, no alto), Rubens Borba de Moraes (sentado, segundo 
da esquerda para a direita) e outros modernistas em 1922, dentre os quais (não identificados) Tácito, Baby, 
Mário de Almeida e Guilherme de Almeida e Yan de Almeida Prado
 
Fonte: Wikimedia Commons
A literatura brasileira contemporânea é composta por 
autores como: Ariano Suassuna, Millôr Fernandes, Paulo 
Leminski, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Cora Coralina, Nélida 
Pinõn, Lya Luft, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, etc.
Observa-se uma intensa produção artística brasileira, 
porém agora sob a égide do modernismo, e sua efervescência de 
ideias e modelos. Novas formas de expressão são observadas na 
literatura, no teatro, no cinema e nas artes plásticas, pautadas pela 
total ausência de valores e modelo único de criação, liberdade de 
expressão, individualismo (CANDIDO, 1997; COUTINHO, 2004)
Análise de obras modernas – Vidas Secas
Antes de iniciarmos a análise desta obra, cumpre 
caracterizarmos, conforme Ramos (1938) alguns dos personagens 
desta história:
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Textos Fundamentais da Literatura Universal136
- Fabiano: chefe da família retirante, nordestino pobre e 
alcoólatra;
- Sinhá Vitória: esposa de Fabiano, nordestina batalhadora 
e corajosa, mãe de 2 filhos.
- Filhos: são representados nos capítulos como “menino 
mais novo” e o “menino mais velho”. Assim, como seus pais 
fogem da seca e miséria na esperança de uma vida melhor.
- Baleia: animal de estimação da família, querido por 
todos, sobretudo pelos filhos. É um membro relevante da família.
- Patrão: dono da fazenda em que Fabiano trabalha, 
representa o capitalismo e exploração.
Figura 14: Grande Seca
 
Fonte: Wikimedia Commons
Vidas Secas é uma obra moderna do escritor Graciliano 
Ramos, sendo publicada em 1938, retrata uma trama inspirada 
na experiência do autor. O ambiente em que se desenvolve a 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 137
trama é o sertão brasileiro, lar de uma família de retirantes que 
deseja buscar novas oportunidades e fugir de sua miséria. Nesta 
obra o autor dá voz ao homem sertanejo, retratando suas mazelas 
e a difícil vida no nordeste brasileiro (RAMOS, 1938).
Figura 15: O sertão nordestino é caracterizado por muitas 
estiagens, com impactos no seu desenvolvimento econômico
 
Fonte:Wikimedia Commons
Graciliano Ramos (1938) estruturou “Vidas Secas” em 
terceira pessoa e valeu-se um narrador. Destaca-se que a obra 
possui utiliza aspectos psicológicos e cronológicos, sendo 
apresentada em 13 capítulos: Capítulo I – Mudança, Capítulo 
II – Fabiano, Capítulo III – Cadeia, Capítulo IV – Sinhá 
Vitória, Capítulo V – O Menino Mais Novo, Capítulo VI - O 
Menino Mais Velho, Capítulo VII – Inverno, Capítulo VIII – 
Festa, Capítulo IX – Baleia, Capítulo X – Contas, Capítulo XI 
– Soldado Amarelo, Capítulo XII – Mundo coberto de penas, 
Capítulo XIII – Fuga.
Graciliano Ramos conheceudesde muito cedo a barbárie 
das relações sociais, a experiência da injustiça e a revolta contra 
a situação da miséria humana. Publicado em 1938, Vidas Secas 
se vale da arte para demonstrar uma sociedade opressora e 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal138
desigual. Valendo-se da linguagem oral e regional, Graciliano 
fala da decepção política que sobreveio nas décadas de 1930-
1940 (BOSI, 1997).
Figura 16: Monumento ao retirante «Dona Lindu», única obra de Oscar Niemeyer em Recife.
 
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 17: Vidas Secas
 
Fonte: Wikimedia Commons
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 139
Conforme Ramos (1938) “Vidas Secas” retrata a sociedade 
brasileira, e seus problemas sociais. Sua narrativa realiza uma 
crítica social às dificuldades enfrentadas por uma família de 
retirantes. A obra contextualiza o leitor quanto à convivência da 
família com a miséria e a seca do sertão nordestino brasileiro.
Figura 18: representação da seca
 
Fonte: Wikimedia Commons
A complexidade dos humildes e humilhados é representada 
por Graciliano em sua obra de ficção. Num cenário de penúria e 
opressão a escrita remete a um vocabulário exíguo, frases curtas, 
interjeições e onomatopeias, e o silêncio é a regra (CANDIDO, 
1997).
Fabiano e Sinhá Vitória representam um casal nordestino 
com dois filhos: “o mais novo” e “o mais velho.” Mesmo 
convivendo com a miséria e suas mazelas, a família ainda possui 
sonhos. “O mais velho” é curioso, e “o mais novo” deseja a 
aceitação e orgulhos dos demais membros de sua família.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal140
Figura 19: Seca na região Nordeste do Brasil
 
Fonte: Wikimedia Commons.
A narrativa possui poucos diálogos. Quando a família 
encontra um lugar para descansar e se proteger do clima, 
depara-se com a presença do dono da terra, o qual se converte 
em patrão de Fabiano. Logo, decidem estabelecer-se no local, e 
Fabiano passa a trabalhar como vaqueiro da fazenda. O romance 
apresenta felicidades e desafios à família de retirantes. Dentre os 
desafios ainda figuram os problemas sociais enfrentados pelas 
personagens (BOSI, 1997). O que os leva ainda aspirar melhores 
oportunidades. No capítulo “Fuga” observa-se que a miséria e a 
seca voltam a assolar a família, que se vê novamente inclinada 
a “fugir” da seca.
RESUMINDO
Caro estudante, neste capítulo você aprendeu que o modernismo 
compreendeu um movimento cultural, artístico e literário da 
primeira metade do século XX. Surge como resposta a um
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 141
Os clássicos universais e a literatura 
brasileira – Romance Urbano
Romance Brasileiro 
Caro estudante, ao longo de sua formação aprendeste 
que o Romantismo Europeu compreendeu um estilo literário 
fortemente caracterizado pela complexidade, diversidade, e 
riqueza de novos olhares sobre o mundo. Bem como, constatamos 
que foi no Romantismo que ocorram muitas rupturas tanto de 
âmbito político quanto cultural.
RESUMINDO
momento de elevada insatisfação política, e latente necessidade 
de reestruturação da arte brasileira. No Brasil, o Modernismo, 
possui como destaque a Semana de Arte Moderna de 1922, este 
evento é o marco de uma nova fase na literatura e nas demais 
artes brasileiras. Este movimento propôs o rompimento com 
o aspecto acadêmico e tradicional de conceitos, dando agora 
espaço à liberdade estética e experimentação artística.
OBJETIVO
Ao final deste capítulo, espera-se que o (a) você reconheça a 
relevância do gênero romance, tema já estudado, na literatura 
brasileira; identifique as características do romance urbano; 
comente sobre obras do romance urbano, e seus respectivos 
autores. Então, vamos focar nestas competência? Boa leitura!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal142
Figura 20: La lectrice (“A leitora”), óleo de Jean-Honoré Fragonard, 1770-1772. 
Representação do público alvo dos romances a mulher burguesa.
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
Em seus estudos, também, constatou que as características 
deste movimento compreendem: o abandono de normas e 
métricas de escrita, a liberdade de criação, a subjetividade; a 
idealização do feminino; a idealização do amor; a natureza como 
fonte de inspiração; o egocentrismo; a dramaticidade; o uso de 
substantivos abstratos e figuras de linguagem; a figura do herói 
romântico; e a tragédia. Sendo, cada uma destas desenvolvidas 
pelo olhar de muitos autores ao longo do tempo.
A formação do romantismo brasileiro advém das 
premissas do Romantismo Europeu do fim do século XIX. No 
Brasil, o gênero romântico é classificado em indianista, urbano 
e regionalista (CANDIDO, 1997). Sendo, o objeto de discussão 
deste capítulo o gênero urbano.
O chamado romance urbano visa relatar o cotidiano e os 
costumes de uma sociedade burguesa. No romance urbano, a 
narrativa movimenta-se da imagem do indígena, e da natureza, 
para a cidade, o povo, e suas mazelas (BOSI, 2000).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 143
O romance urbano ocupava-se em narrar o estilo de vida 
burguês da capital carioca de 1830. Nesta linha de narrativa 
retrata-se e criticava-se tal realidade, a partir de situações gerais 
como costumes burgueses, o casamento por interesse, e a busca 
pela ascensão social (CANDIDO, 2004).
Logo, o romance urbano desenvolve temas relacionados 
à vida social. O personagem central passa do aristocrata, ao 
homem comum. Suas ações compreendem a dualidade de 
aspectos sentimentais, sociais e financeiros (MASSAUD, 1973). 
Assim, a expressão romântica conquista adeptos em todas as 
literaturas, e neste contexto o romance urbano chega ao Brasil 
(CANDIDO, 2004).
Os primeiros romances brasileiros datados de 1844 foram 
“O Filho do Pescador”, de Teixeira e Souza, e “A Moreninha”, 
de Joaquim Manuel de Macedo (CANDIDO, 2004). Conforme 
Bosi (2000) estes escritores seminais ocupavam-se em incorporar 
a realidade brasileira em suas obras sob o viés nacionalista, 
sendo em “O Filho do Pescador” representado pela Praia de 
Copacabana, e “A Moreninha” a Ilha do Governador.
Figura 21: Romance a Moreninha e seu autor Joaquim Manuel de Macedo
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal144
Embora “O Filho do Pescador” e “A moreninha” sejam 
obras seminais do romance brasileiro, o romance “O Guarani”, 
de José de Alencar (1857) teve maior representatividade como 
obra do gênero. Os romances mais expressivos desta fase são: 
Lucíola (1862), Diva (1864) eSenhora (1875) que fazem parte 
da chamada trilogia “perfis de mulheres” (CANDIDO, 2004).
Dentre os principais romances urbanos de José de Alencar 
constam: Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da Gazela (1870), 
Sonhos de Ouro (1872), Senhora (1875) e Encarnação (1877). 
Cumpre destacar que o referido autor possui muitas outras obras. 
O que acha de pesquisar mais obras do autor? 
Figura 22: O Guarani, 1ª edição, 1857
 
Fonte: Wikimedia Commons.
CURIOSIDADE
Que o Romance Urbano também recebe o nome de Romance da 
Cidade.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 145
Figura 23: José de Alencar
 
Fonte: Wikimedia Commons.
Obras em que retratou aspectos sociais, políticos, culturais 
e econômicos da sociedade brasileira de sua época. Com destaque 
a representação de classes, corrupção, poder e problemas sociais 
(CANDIDO, 1997; BOSI, 2000).
“Os romances urbanos de Alencar são um convite ao 
entendimento dos comportamentos de homens e mulheres do 
século XIX. A leitura de livros como Diva, Lucíola e Senhora 
ajudam-nos a compreender como as pessoas deveriam se relacionar 
ou, pelo menos, como se esperava que elas se relacionassem 
civilizadamente no Rio de Janeiro” (SOARES, 2010, p. 196-197).
CURIOSIDADE
Que foi com José de Alencar que o romance brasileiro se 
destaca como gênero literário de valor. Contudo, o título de 
Pai do Romance Brasileiro é atribuído a Machado de Assis 
(CANDIDO, 1997).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal146
Análise do Romance Lucíola
Caro estudante, cumpre apresentar que a análise 
apresentada compreende uma produção baseada na obra de 
Alencar (2003), bem como contribuições de outros autores.
A Obra Lucíola possui como cenário o Rio de Janeiro, sua 
trama gira em torno da paixão entre o jovem e ingênuo Paulo, 
e Lúcia uma cortesã de luxo. A obra é narrada por Paulo que ao 
chegar ao Rio de Janeiro apaixona-se à primeira vista por Lúcia, 
contudo sem saber de sua real ocupação.
Durante uma festa, Paulo se depara com uma bela jovem, 
por quem fica interessado. Ao comentar a sua pretensão em 
cortejar a bela jovem, vê-se alvo de zombarias, pois toma 
conhecimento de que a jovem na verdade é uma cortesã.
Uma vez apresentados, Paulo e Lúcia mantêm encontros 
regulares, os quais fortalecem e estreitam os laços de sua relação. 
Contudo, Paulo era constantemente levado pelo julgamento 
alheio e seus preconceitos. Enquanto, Lúcia uma mulher de 
caráter não submisso combatia às críticas e preconceitos da atual 
sociedade burguesa.
CURIOSIDADE
Que “Lúcia é o nome que a personagem apresenta na trama e 
significa Lúcifer, o anjo mais belo de Deus, porém um anjo caído 
e condenado ao reino do inferno por seu orgulho e pecados. É 
por esse nome que a personagem buscava ser tratada enquanto 
exercia o ofício da prostituição (SOARES, 2010, p.199).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 147
Devido a isto, Paulo demonstra ambiguidade em 
sentimentos e atitudes em relação à Lúcia. Por vezes a despreza, 
a ofende, e exige exclusividade, em outros momentos a deseja, 
lhe pede perdão, e mostra-se indiferente a sua condição. 
Conforme Soares (2010) esta dualidade revela a marca do autor 
José de Alencar: ora deseja-se intensamente a mulher demônio, 
ora respeita-se a mulher anjo. Deseja-se Lúcia, e ama-se Maria 
da Glória.
Figura 24: Lucíola, O Anjo Pecador
 
Fonte: Wikimedia Commons
A aproximação entre os dois permite a Lúcia compartilhar 
sua história de vida, bem como constatar seu amor por Paulo. 
Lúcia era na verdade Maria da Glória, uma jovem levada à vida de 
cortesã aos 14 anos pela extrema dificuldade e penúria familiar. 
Apesar de viver uma vida de luxo, Lúcia sentia vergonha em ser 
uma cortesã, em verdade o ato de prostituir-se era algo penoso 
e angustiante.
Assim, o desejo de estar ao lado de Paulo é maior, logo 
esta resolve abandonar a vida de luxo que tinha enquanto 
cortesã. Resgatando a pureza uma vez perdida em um passado 
de necessidade e penúria, onde Lúcia deixará de existir para 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal148
Maria da Glória ressurgir. Decidiu assim, dedicar-se ao amor e 
por ele ser purificada, em uma espécie de transformação pessoal.
Ao lado de Paulo, Lúcia encontra paz de espírito. 
Engravida, porém esta é acometida pela tuberculose, esta morre 
jovem, porém ao lado de seu amado.
Figura 25: A Dama das Camélias
 
Fonte: Wikimedia Commons
José de Alencar em “Lucíola” aborda a imagem feminina, 
típica figura do romance, porém longe da imagem da mulher 
virgem e educada para casar, este discute a regeneração ante 
uma sociedade pautada por disparidades econômicas, sociais e 
preconceitos diversos (BOSI, 2000).
CURIOSIDADE
Que a obra “Lucíola” possui influência direta do romance francês 
“A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho.
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Em “Lucíola” discute-se a força regeneradora do amor, o 
perdão, o jogo de aparências e a empatia pelo próximo. No trecho 
a seguir é possível constatar esta posição: “Lucíola é o lampiro 
noturno que brilha de uma luz tão viva no seio da treva e à beira 
dos charcos. Não será a imagem verdadeira da mulher que no 
abismo da perdição conserva a pureza d’alma?” (ALENCAR, 
2003, p.53).
Caro estudante, consegues observar a relação dialógica 
entre o romantismo europeu e o romantismo brasileiro? Nesta 
obra de José de Alencar, assim como no romantismo europeu 
retrata-se uma sociedade burguesa marcada por costumes e 
aparências, em que a figura feminina representa a pureza. 
Alencar, em “Lucíola” apresenta uma visão crítica ao retratar a 
heroína cortesã.
RESUMINDO
Caro estudante, chegamos ao final de mais um capítulo. Como 
está sendo seu aprendizado até aqui? Neste capítulo, abordou-
se o romance urbano, gênero que se dedica a narrar o estilo de 
vida burguês da capital carioca de 1830. Esta linha de narrativa 
retratou e criticou a realidade social. Logo, o romance urbano 
desenvolveu temas relacionados à vida social. Observamos que 
a personagem central passa do aristocrata, ao homem comum, 
tendo em suas ações a dualidade de aspectos sentimentais, 
sociais e financeiros. A obra discutida foi “Lucíola” em que 
acompanhaste a paixão entre o jovem e ingênuo Paulo, e Lúcia 
uma cortesã de luxo. Conseguimos observar a relação dialógica 
entre o romantismo europeu e o romantismo brasileiro. Lucíola 
é um exemplo de obra em que se discutem as diferenças 
sociais, bem como a constante dualidade de suas personagens. 
Característica marcante da imagem feminina de José de Alencar.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal150
Os clássicos universais e a literatura 
brasileira – Realismo
Realismo de Machado de Assis
Em sua formaçãovocê aprendeu que o Realismo foi 
um movimento cultural e literário surgido no século XIX em 
oposição ao Romantismo, e que possuía um expressivo caráter 
ideológico e político. Constatamos que a escrita deste gênero 
compreende o uso de linguagem clara e objetiva, possuindo 
como temática principal os problemas sociais da época como: 
miséria, pobreza, exploração, corrupção, dentre outros aspectos.
OBJETIVO
Ao final deste capítulo, espera-se que o (a) estudante reconheça 
a relevância do gênero realismo, tema já estudado, na literatura 
brasileira; identifique as características do realismo brasileiro; 
comente sobre obras relacionadas. Então, vamos focar nestas 
novas competências? Boa leitura!
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 151
Figura 26: Becos de Londres, obra de Gustave Dore, ilustrador francês, 
retratando as mazelas de uma sociedade com enorme disparidade social
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
O Realismo foi o movimento que retratava a vida cotidiana 
de novas cidades e estruturas decorrentes da emergência da 
burguesa. Bem como, as condições de vida da população, as 
quais eram relevantes fontes de crítica social. Neste gênero, 
também, estudamos que seus representantes adotaram a ciência 
como padrão, substituindo processos de idealização e anseios de 
liberdade, por uma postura analítico-científica, frente à realidade 
apresentada.
Assim, já não há mais espaço para o temperamento 
romântico. Sendo o fim do ciclo do Romantismo marcado 
pela publicação do romance Madame Bovary (1857) de 
Gustave Flaubert, o qual estabeleceu os conceitos seminais que 
subsidiaram a base da escola realista, e o retrato fiel da realidade 
apresentada.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal152
Figura 27: Madame Bovary
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
Logo, caro estudante, ao longo de sua formação conseguiste 
constatar que no romantismo os temas de debate compreendiam 
a idealização feminina, o amor, o herói romântico, e a exaltação 
da natureza. E, que no realismo buscava-se retratar o pecado 
feminino, a corrupção do amor, as discrepâncias sociais, e o 
ambiente urbano.
No gênero realista não há o envolvimento emocional 
na escrita, e sim a preocupação em representar a realidade 
concreta, real, objetiva e fiel, através de narrativas detalhadas e 
personagens psicologicamente retratados. 
No Brasil, o realismo teve na figura de Machado de Assis 
seu principal expoente, sendo o marco deste gênero a publicação 
do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (BOSI, 2000).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 153
Figura 28: Machado de Assis, aos 57 anos
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
As obras de Machado de Assis, assim como esperado de 
um representante da escola realista, retratam cenas corriqueiras 
da capital carioca, através de uma linguagem simples, direta, por 
vezes levemente irônica, contudo, com extremo foco narrativo. 
Levando o leitor à reflexão sobre aspectos da sociedade brasileira 
colonial, escravocrata e autoritária (BOSI, 1997; COUTINHO, 
2004).
Machado de Assis, em suas obras, também considera o 
estado psicológico de suas personagens. Isto é, sua narrativa 
preocupa-se em retratar uma realidade a partir da percepção do 
indivíduo, para além dos fatos apresentados (DIAS, 2010). Esse 
recurso aproxima o leitor da narrativa, pela identificação e pela 
sensação da construção de um diálogo.
No trabalho de Machado de Assis é possível observar 
uma das características do realismo brasileiro, isto é o enfoque 
na descrição psicológica. Neste movimento, é possível retratar 
a sociedade, bem como a descrição de valores e pensamentos 
(DIAS, 2010).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal154
No trecho, a seguir é possível observar tal característica, 
ao serem descritos os olhos de Capitu: “[...]. Olhos de ressaca? 
Vá, de ressaca. E o que me dá idéia daquella feição nova. 
Traziam não sei que fluido mysterioso e energico, uma força 
que arrastava para dentro, como a vaga que se refira da praia, 
nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me ás outras 
partes visinhas, ás orelhas, aos braços, aos cabellos espalhados 
pelos hombros; mas tão depressa buscava as pupillas, a onda que 
saia dellas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-
me, puxar-me e tragar-me” (ASSIS, p. 97, 1899).
Figura 29: o olhar de Capitu, os olhos de resseca
 
Fonte: Desciclopédia
A expressão “olhos de ressaca” atribui à personagem 
a característica de força e atração, ao comparar seus olhos ao 
movimento do mar em ressaca. Logo, sendo possível identificar 
na narrativa, não somente a descrição fiel de uma dada 
realidade, mas também o aprofundamento de aspectos de âmbito 
psicológico.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 155
Dom Casmurro. Quem é o pai do menino? 
Bentinho ou Escobar?
Dom Casmurro é um romance realista de Machado de 
Assis, com 148 capítulos titulados, publicado em 1899, e 
narrado na primeira pessoa pela personagem Bentinho. Nesta 
obra, o leitor consegue acompanhar o retrato fiel da realidade 
comentada, contudo somente sob a percepção desta personagem.
Figura 30: Capa de Dom Casmurro, by Machado de Assis
 
Fonte: Wikimedia Commons. 
Observe que a narrativa de Bentinho é carregada por 
sentimentos tóxicos como a amargura, ciúmes, obsessão e 
desconfiança. Ao ponto de perceber-se em sua narrativa uma 
espécie de julgamento da esposa, considerando-a uma traidora.
Casmurro remete a uma pessoa teimosa, turrona.
Antes de iniciar a análise deste romance, cumpre 
caracterizar, conforme Assis (1988) alguns dos personagens e 
família desta história:
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Textos Fundamentais da Literatura Universal156
Figura 31: Típica cena familiar carioca dos tempos de Dom Casmurro, 
em 1891 (Cena de Família de Adolpho Augusto Pinto; artista: Almeida Júnior)
 
Fonte:Wikimedia Commons
- Bentinho (Bento Santiago): jovem da elite carioca, que 
possui o apelido de Dom Casmurro (o que confere o nome a 
obra) é o narrador-personagem de toda a trama. Personagem 
em constante tormento pela dúvida da traição de sua amada 
Capitu;
- Capitu: linda jovem pobre e humilde, vizinha e grande 
paixão de Bentinho, com quem se casou e teve um filho;
- Ezequiel Escobar: desde o tempo de seminário é o melhor 
amigo de Bentinho. Juntamente com Capitu recebe a suspeita de 
traição;
- Dona Sancha: esposa de Escobar, e ex-colega de Capitu;
- Dona Glória: é a mãe de Bentinho, personagem 
extremamente religiosa, tanto que desejava para seu filho o 
sacerdócio;
eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 156eBook impressão - Textos Fundamentais da Literatura Universal - Aberto - SER.indb 156 18/10/2021 13:11:4718/10/2021 13:11:47Textos Fundamentais da Literatura Universal 157
- Pedro de Albuquerque Santiago: pai de Bentinho, que 
viera a falecer muito cedo;
- Senhor Pádua e Dona Fortuna: pais de Capitu, que 
viam no casamento da filha a possibilidade de mudança de vida. 
Observa-se aqui a temática do casamento por interesse;
- Ezequiel: filho de Capitu, objeto da dúvida de toda a 
trama. Em certo momento de sua velhice, Bentinho amargurado, 
ao relembrar suas memórias, narra a história de sua paixão por 
Capitu. Bento Santiago (Bentinho, o Dom Casmurro) pertencia 
à alta sociedade do Rio de Janeiro, filho de Dona Glória uma 
rica viúva escravocrata.
Figura 32: O Rio de Janeiro em 1889
 
Fonte: Wikimedia Commons
Dona Glória era uma mulher muito religiosa, e havia 
prometido seu filho ao sacerdócio ainda pequeno. Esta, ao 
perceber que seu filho estava começando a interessar-se por uma 
moça pobre chamada Capitu, resolve enviá-lo ao seminário, a 
fim de evitar tal romance. Porém, já era tarde demais Bentinho 
e Capitu estavam apaixonados, tanto que antes de sua ida ao 
seminário este a beija e lhe promete matrimônio.
No seminário Bentinho conhece aquele que seria seu 
melhor amigo, jovem astuto Ezequiel Escobar. Este no papel de 
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Textos Fundamentais da Literatura Universal158
melhor amigo o aconselha a não se converter em padre, uma 
vez que Bentinho não tinha vocação, bem como demonstrava 
interesse pelo estudo do Direito.
E, assim foi o que aconteceu, Bentinho sai do seminário e 
inicia seus estudos em Direito. Escobar, agora converter-se em 
amigo do casal, Bentinho casa-se com Capitu, e com ela tem um 
filho a quem chama de Ezequiel em homenagem ao amigo.
Certo dia, em uma fatalidade, Escobar morre afogado num 
terrível acidente. Durante o enterro, Capitu chora muito, ação 
que chama a atenção de Bentinho levando-o a pensar que sua 
esposa chorava pelo falecido como uma viúva. Este foi o gatilho 
da obsessão e do ciúme de Bentinho, pois passa a alimentar a 
dúvida sobre uma possível traição de Capitu.
Figura 33: Os amantes de Veneza - Paris Bordonne (século XVI). 
Imagem representativa do fantasma da traição de Capitu
 
Fonte: Wikimedia Commons
Agora, inicia-se a trama, da obra Dom Casmurro, a 
discussão de uma possível traição. Pois, Bentinho passa a 
suspeitar que sua esposa Capitu o traiu com seu melhor amigo 
Escobar, chegando até questionar a paternidade de seu filho 
Ezequiel. Uma vez que, passou a perceber em seu filho muitos 
traços de Escobar (BOSI, 2000).
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 159
Em um momento de extrema raiva, Bentinho tenta matar a 
criança, mas Capitu chega a tempo de salvar seu filho, contudo 
lhe fala que pode ser não ser seu pai. Por fim, após muitos anos 
de brigas e desconfiança o casal se separa, Capitu e o filho 
são enviados para a Europa, e é por lá que a mesma faleceu. 
E, Bentinho torna-se um homem amargurado pela dúvida e 
nostálgico dos momentos de sua vida.
Assim, como na obra Madame Bovary, Dom Casmurro 
também critica a idealização do amor perfeito, aborda temas 
tabus como o adultério feminino, e as relações tóxicas e doentias 
de um relacionamento. Se Capitu traiu ou se não traiu Bentinho, 
fica a critério de o leitor inferir. Uma vez que, o autor não 
confirma tal ato, tão pouco disponibiliza evidências concretas. 
Foi exatamente esta dúvida que tão fortemente levou a obra ao 
destaque no imaginário popular.
RESUMINDO
Caro estudante, chegamos ao final de mais um capítulo. Como 
está sendo seu aprendizado até aqui? Neste capítulo retomamos 
o Realismo, tema já estudado, no qual não há o envolvimento 
emocional do autor na escrita, e sim a preocupação em 
representar a realidade concreta, real, objetiva e fiel, através 
de narrativas detalhadas e personagens psicologicamente 
retratados. Aprendeste que no Brasil, o realismo teve na figura 
de Machado de Assis seu principal expoente, sendo o marco 
deste gênero a publicação do romance “Memórias Póstumas 
de Brás Cubas”. Bem como analisaste a obra Dom Casmurro, 
um romance realista de Machado de Assis, com 148 capítulos 
titulados, publicado em 1899, e narrado na primeira pessoa.
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Textos Fundamentais da Literatura Universal 161
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