Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CLÍNICA CIRÚRGICA AULA 05 CIRURGIA DE UNHA Pedro Henrique Nogueira Barbosa Acadêmico de Medicina Afya – 6º Período 2 A N A T O M IA 3 • Unhas: placas de células queratinizadas localizadas na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos • Funções: • Proteção: das falanges distais dos dedos • Superfície de apoio: aumentando a percepção do toque e de manipulação • Composição: escamas córneas compactadas, fortemente aderidas umas a outras • Estrutura; cada unha é formada pela raiz, corpo e borda • Raiz: porção proximal, faz proliferação e diferenciação das células epiteliais (queratinizam gradualmente) • Cutícula: C Córnea do epitélio (Epitélio que cobre a raiz são as duas camadas do Tegmento) • Lúnula: parte proximal em formato de crescente, é esbranquiçada devido epitélio mais espesso • Corpo da unha: é a parte visível da unha que é transparente • Hiponíquio: une a unha a porção final do dedo • Extremidade livre: porção distal, ultrapassa a falange distal (esbranquiçada pois não possui vascularização) • Leito ungueal: porção da pele abaixo do corpo da unha, onde a unha desliza no seu crescimento (não faz firmamento) ANATOMIA A N A T O M IA 4 P A R O N ÍQ U IA • Conceito: processo de inflamação da pele em torno da unha • início devido à “perda” da cutícula (traumatismos ou agentes químicos) • Agente etiológico: S. aureus • menos comum: estreptococo beta-hemolítico e bactérias gram- entéricas • Estágio inicial: edema e eritema na base ou borda lateral acompanhado de dor • Utilização de calor úmido (20min 3-4x/dia) + ATB tópico • Casos graves: ATB oral (evitar distrofia ungueal permanente) • Escolha do ATB • Doxaciclina e Cefalexina áreas com ↓prevalência de MARS • Sulfametoxazol-trimetoprima áreas com ↑prevalência de MARS • Amoxicilina/clavulanato p/ exposição a flora oral (roedores de unha e chupadores dedo) • S. aureus, E. corrodens, H. influenzae e bactérias anaeróbias produtoras de betalactamase • Estágios avançados: sem melhora em 2 dias ou coleção purulenta • Drenagem cirúrgica com bisturi lâmina 11 entre epinóquio e unha (dispensa anestesia) • Curativo com gaze embebida em pomada de neomicina • Abscesso ungueal: anestesia por bloqueio dos nervos digitais + drenagem • Afastar eponíquio da unha nas bordas laterais em seu terço proximal e seccionando dois pequenos triângulos de base lateral • Opção: extirpar todo o terço proximal da unha (técnica de Bunnell) PARONÍQUIA AGUDA 5 P A R O N ÍQ U IA 6 P A R O N ÍQ U IA 7 P A R O N ÍQ U IA 8 P A R O N ÍQ U IA • Conceito: inflamação crônica do epinóquio • Etiologia: lesão da cutícula com perda da proteção da prega ungueal proximal • Dermatite de contato devido exposição crônica a irritantes e alérgenos • Fator de risco: pessoas expostas a água e microtraumas repetitivos (lavadeiras ou cozinheiras) • Clínica: epinóquio torna arroxeado, edemaciado e desloca-se (1mm) do lâmina ungueal • Exsudato sero-purulento que pode secar e formar dobras • Sulcos transversais na unha (aspecto ondulado) • Prega ungueal proximal separa-se da lâmina ungueal (manutenção e agravamento) • Infecção secundária: Candida sp. e/ou bactérias (S. aureus) • Tratamento: abster do contato com fatores de risco • Corticoide tópico de alta potência: propionato de clobetasol a 0,05%, ao deitar • Hipoclorito de sódio ou ácido acético a 2%: colonização por Pseudomonas • Casos graves: injeção intralesional de corticoide ou uso sistêmico (prednisona 20 mg/dia) • Exacerbação aguda não requer ATB sistêmico • Exérese parcial/total da unha: presença de necrose (age como corpo estranho) • Utilização de curativo compressivo PARONÍQUIA CRÔNICA 9 P A R O N ÍQ U IA 10 O N IC O M IC O S E • Conceito: infecção da unha por invasão fúngica • Agente etiológico: maioria causado por dermatófitos • 10% causado por outros tipos • Tipos: são determinado pela rota de invasão • Diagnóstico: encontro do fundo por pesquisa direta e/ou cultura • Tratamento: • Superficiais: remoção da área e antifúngico tópico • Demais: antifúngicos sistêmicos ONICOMICOSE 11 O N IC O M IC O S E • Tipo mais comum de onicomicose • Trajeto: alcançam leito ungueal através do hiponíquio, pela parte distal e lateral • Sítio primário: infecção da pela da palma das mãos ou planta dos pés • Reação: processo inflamatório hiperqueratósico • Hiperqueratose subungueal (sinal típico) • Apresentação: despigmentação (branca, amarelada, marrom, preta ou laranja) • onicólise: separação da unha do leito ungueal • Destruição total da unha: vários anos de infecção • Agente etiológico: Trichophyton rubrum ONICOMICOSE SUBUNGUEAL DISTAL E LATERAL • Trajeto: colonizam por superficial da placa subungueal sem penetrá-la • Apresentação: superfície da unha torna-se branca, opaca e friável • Onicomicose superficial branca (pode ficar preta) • Agente etiológico: T. mentagrophytes e, frequentemente, está associada a Tinea pedis interdigitalis ONICOMICOSE SUPERFICIAL 12 O N IC O M IC O S E 13 O N IC O M IC O S E 14 O N IC O M IC O S E • Trajeto: alcançam matriz ungueal pela área de queratogênese na região proximal • Colonizam a porção ventral da unha, com pouca inflamatória local • Apresentação: leuconíquia na porção proximal da unha • Porção proximal fica intacta na maioria das vezes • Forma estriada associação frequente com onicomicose superficial • Grupo: imunossuprimidos e/ou portadores de HIV/AIDS (acomete vários dedos) • Agente etiológico: Trichophyton rubrum • Se secundário a paroníquia, C. albicans e Fusarium sp. ONICOMICOSE SUBUNGUEAL PROXIMAL • Cenário: isolada em áreas subungueais, de onicólises e em paroníquias crônicas • Processo secundário, mas pode invadir a região ungueal e produzir inflamação • Apresentação: polpa digital torna-se edemaciada e avermelhada • leito ungueal hiperceratósico • unha espessada, distrófica e difusamente friável • Associação: comum com candidíase oral • Candidíase invasiva (candidíase mucocutânea): geralmente indica deficiência imunológica ONICOMICOSE por Candida albicans 15 O N IC O M IC O S E 16 O N IC O M IC O S E 17 O N IC O G R IF O S E • Conceito: distrofia adquirida marcada por da unhas irregulares, espessadas e curvas • Local: mais comum nos dedos dos pés • Acometendo pacientes idosos e piorando com idade • Etiologia: trauma local ou desenvolvimento de exostose subungueal ou devido à hiperextensão crônica do hálux • placa ungueal curva-se e perde orientação p/ crescimento • Apresentação: unhas curvas, crescimento divergente p/ lado, duras e espessas (difíceis de cortar) • Tratamento: exérese da unha + aplicação de fenol por 3 min na matriz e leito ungueal • destruição do epitélio germinativo da matriz ungueal devido incidência de recidiva alta ONICOGRIFOSE 18 O N IC O G R IF O S E 19 U N H A E M P IN Ç A • Conceito: distrofia por exacerbação da curvatura transversal das unhas, que adquirem conformação tubular • ↑curvatura transversal é progressivo ao longo do eixo longitudinal, e alcança sua maior proporção na ponta da unha • Apresentação: bordas laterais pinçam, aprisionam e comprimem o leito ungueal • Dor leve a moderada, pode ser intensa • Acometimento: idiopático mais comum em mulheres ou idosos (hálux) • Pode estar associada a deformidade dos pés, exostose subungueal ou osteoartrite inflamatória • Tratamento: reservado aos casos sintomáticos • Aplicação de grampos metálicos: regular a curvatura ungueal • Lixar a parte média da placa ungueal: quase até o leito, p/ quebrar a curvatura convexa da unha, elevando suas partes laterais • Casos graves: remover unha e destruir o leito ungueal com aplicação de fenol • Secundária à exostose subungueal: esta deve ser ressecada UNHA EM PINÇA 20 U N H A E M P IN Ç A 21 U N H A E N C R A V A D A • Conceito: margem ungueal irrita e penetra os tecidos vizinhos • lesão da pele nas dobras laterais, com instalação de infecção crônica e formação de tecidode granulação • Etiologia: corte inadequado das unhas e/ou sapatos apertados (saltos agrava problema) • Ocorre comumente no hálux • Penetração da borda, sem tecido de granulação: medidas educativas (cortar em 90º com eixo longitudinal do artelho) • Espícula lateral perfurando pele e granulação: anestesia troncular e levantamento da borda lateral com Halstead curva • Secciona espícula (lâmina 11 ou tesoura) + introdução de algodão sob o leito • Embebido 2x com PVP-I e mantido no local até que o ressalto lateral ultrapasse 2mm o hiponíquio • Unha encravada sem infecção: anestesia troncular + elipse de pele e tecido celular subcutâneo é retirada na borda lateral ou medial do artelho • Ferida suturada com fio de mononáilon 4.0 (menor morbidez por cicatrização de primeira intenção • Tecido adjacente hipertrofiado: anestesia troncular + secção em cunha do tecido • Coxim de algodão sob toda a borda ungueal p/ deslocar unha do leite (mm) • Se espícula, seccionar com técnica anterior • Algodão 2x/dia com PVP-I até cicatrização • Outra técnica: ressecar terço da unha do lado acometido, da borda livre até a raiz, junto com o tecido hipertrofiado e de granulação • Cauterização com fenol ou raspagem do leito germinativo UNHA ENCRAVADA 22 U N H A E N C R A V A D A 23 U N H A E N C R A V A D A 24 U N H A E N C R A V A D A Tratamento cirúrgico da unha encravada por ressecção da borda e cauterização com fenol do leito e matriz ungueais. (A e B) Anestesia por bloqueio dos nervos digitais (nunca utilizar anestésicos com vasoconstritores). (C) Envolvimento do dedo com gaze estéril. (D) O dedo é enrolado com faixa elástica do sentido distal para o proximal. (E) Aplicação de torniquete na base do dedo. (F) Remoção da gaze e faixa elástica. (G e H) Secção da borda ungueal até a matriz com tesoura ou bisturi. (I e J) Remoção da borda ungueal com pinça hemostática. (K e L) Aplicação de fenol no leito e matriz ungueais por 3 minutos. (M) Resultado final. 25 U N H A E N C R A V A D A 26 U N H A E N C R A V A D A 27 H E M A T O M A S U B U N G U E A L • Conceito: extravasamento de sangue entre o leito e a lâmina ungueal • Etiologia: contusão na extremidade do dedo gerando lesão vascular • Apresentação: dor extrema • Tratamento: rápido alívio ao descomprimir o espaço subungueal • Dispensa anestesia • Perfurar a unha com agulha de calibre fino (25 × 7 ou 25 × 8) fazendo-se movimentos de rotação • Curativo compressivo + enfeixamento com tipoia por 24h • Necessidade de radiografia p/ avaliar fratura da falange distal HEMATOMA SUBUNGUEAL 28 H E M A T O M A S U B U N G U E A L 29 H E M A T O M A S U B U N G U E A L • Conceito: extravasamento de sangue entre o leito e a lâmina ungueal • Etiologia: contusão na extremidade do dedo gerando lesão vascular • Apresentação: dor extrema • Tratamento: rápido alívio ao descomprimir o espaço subungueal • Dispensa anestesia • Perfurar a unha com agulha de calibre fino (25 × 7 ou 25 × 8) fazendo-se movimentos de rotação • Curativo compressivo + enfeixamento com tipoia por 24h • Necessidade de radiografia p/ avaliar fratura da falange distal HEMATOMA SUBUNGUEAL 30 T R A U M A U N G U E A L • Objetivo: fragmentos de unha aderentes ao leito ungueal devem ser conservados • Avulsão parcial: bloqueio regional + limpeza cuidadosa • Realocar a unha com 3 pontos em U com fio mononáilon 5.0 TRAUMA UNGUEAL 31 T U M O R G L Ô M IC O • Conceito: hipertrofia do glômus normal • Glômus: arteríola aferente, um vaso intermediário (canal de sucquet-hoyer), gerando anastomose arteriovenosa • Envolvido por fibras musculares • Veia eferente, retículo intra-glômico, fibras nervosas e cápsula periférica • Apresentação: mancha vermelho-arroxeada é visível através da lâmina ungueal • Dor extrema espontânea que exacerba com variação de temperatura (frio) • Macroscopicamente: massa compacta, vermelho-arroxeada, arredondada e bem delimitada • Microscopicamente: aparência hemangiomatosa bem diferenciada • Tratamento: anestesia regional + garroteamento → exérese cirúrgica • Desloca-se a unha de seu leito e faz-se a excisão total do tumor • Realocação da unha por ponto de mononáilon 4-0 • Curativo compressivo + mão enfaixada com tipoia alta • Encaminhar ao anatomopatológico • Recidiva: 10-20% dos casos (excisão incompleta do tumor, pequenos tumores não evidenciados na cirurgia ou crescimento de novos tumores) TUMOR GLÔMICO 32 T U M O R G L Ô M IC O 33 V E R R U G A S • Conceito: tumores causados pelo HPV • Morfologia: variada, sendo comum a verruga vulgar • Lesão vegetante de coloração pardacenta, amarelada ou mais escura • Sangra facilmente ao desbridamento superficial • Apresenta pontos escuros espalhados na superfície da lesão (devido capilares trombosados) • Tratamento: desaconselhável exérese cirúrgica devido recidiva alta • Ácido tricloroacético a 30% a 75%, em aplicações com intervalos de 5 dias • Ácido salicílico a 10% adicionado a ácido láctico a 10% em colódio elástico, diariamente • Cantaridina a 1% aplicada a cada 2 a 3 semanas, até que ocorra remissão • Adição de ácido salicílico a 30% e podofilina a 5% aumenta a eficácia • Imiquimod a 5% pode ser utilizado nos casos de lesões recorrentes • Eletrocoagulação e curetagem • Localização no leito ungueal: anestesia regional + remoção da parte da unha em torno da lesão e proceder a eletrocoagulação e curetagem VERRUGAS 34 G R A N U L O M A T E L A N G IE C T Á S IC O • Conceito: tumor gerado por proliferação vascular secundária à trauma • Surge comumente na gravidez • Apresentação: superficial, polipoide, de coloração avermelhada ou vermelho-arroxeada • sangra com muita facilidade • Local: região ungueal nas dobras laterais ou no hiponíquio • pode atingir o leito ungueal • Diagnóstico diferencial: melanoma amelanótico • Tratamento: indicado p/ lesões que sangram facilmente, localização incômoda ou questões estéticas • Excisão cirúrgica (técnica de punch, shaving ou curetagem) • Seguida por eletrocauterização ou cauterização • Fechamento primário GRANULOMA TELANGIECTÁSICO 35 G R A N U L O M A T E L A N G IE C T Á S IC O 36 M E L A N O N ÍQ U IA • Conceito: hipercromia linear marrom ou enegrecida da lâmina ou do leito ungueal • Origem: matriz ungueal distal que contém melanócitos ativos • Etiologia: • Neoplásica: nevo melanocítico e melanoma • Não neoplásica: racial e medicamentosa • Antibióticos de tetraciclina, cetoconazol e antibióticos de sulfonamida, fenindiona e fenotiazinas • Dermatoscopia: coloração acinzentada com padrão irregular de finas linhas longitudinais MELANONÍQUIA 37 M E L A N O N ÍQ U IA 38 M E L A N O M A • Conceito: lesão assimétrica e mal delimitada, com proliferação de melanócitos atípicos • Arranjados em ninhos ou em unidades solitárias • Localizadas em todos os níveis da matriz ungueal • Local de desenvolvimento: matriz ungueal, epitélio do leito ungueal ou epiderme ao redor da matriz ungueal • Melanoma do tipo acral lentiginoso: melanoma da matriz ungueal • Acometimento: idosos na região do polegar ou hálux • Dermatoscopia • Benigno: padrão regular com coloração marrom-acinzentada • Maligno: padrão irregular e de coloração marrom a preta indica provável lesão maligna • Diagnóstico: biópsia e estudo anatomopatológico • Biópsia pode ser incisional ou excisional de acordo tamanho • Tratamento: amputação do dedo acometido ou da articulação justaproximal à lesão MELANOMA 39 M E L A N O M A • A. Age (idade). Pico entre o quinto e o sétimo decênios de vida. • B. Band (faixa ungueal). Pigmentação marrom a preta • Largura superior ou igual a 3 mm • Bordas irregulares. • C. Change (alteração). Aumento rápido de tamanho ou da taxa de crescimento • Lack of change. Ausência de melhora da distrofia ungueal, apesar do tratamento adequado. • D. Digit involved (dedo afetado). ordem de frequência • Polegar, hálux, indicador;• Dedo único, múltiplos dedos; • Mão dominante. • E. Extension (extensão). Pigmentação envolvendo a prega ungueal proximal ou lateral (sinal de Hutchinson), ou a borda livre da lâmina ungueal • F. Familial history (antecedentes familiares). Antecedente familiar ou pessoal de melanoma ou síndrome do nevo displásico. SUSPEIÇÃO MALIGNA 40 M E L A N O M A CLÍNICA CIRÚRGICA AULA 05 CIRURGIA DE UNHA Pedro Henrique Nogueira Barbosa Acadêmico de Medicina Afya – 6º Período
Compartilhar