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Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS 1 - Movimento Harmônico Simples Nesta parte, estudaremos os sistemas que oscilam em movimento harmônico simples (MHS) que são movimentos periódicos nos quais a aceleração e a força resultante são proporcionais e opostas ao deslocamento. Você aprenderá: • Entender a cinemática e a dinâmica do movimento harmônico simples; • Usar representações gráficas e matemáticas do movimento oscilatório; • Entender a energia dos sistemas oscilatórios; • Correlacionar o movimento harmônico simples com o movimento circular. −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− • Oscilador Harmônico Simples: O MHS ocorre quando uma força restaura- dora linear atua para fazer o sistema re- tornar à posição de equilíbrio. O exemplo mais simples de um MHS é constituído de uma massa m presa a uma mola de constante elástica k. A 2a Lei de Newton aplicada para este sistema é descrito pela equação: 0 x d2x dt2 + k m x = 0 (1) onde x(t) significa que a posição da par- tícula x é uma função do tempo t. Esta equação também pode ser escrita como: ẍ+ ω2 0x = 0 (2) onde definimos ω2 0 = k m (3) e usamos a notação de ponto indicando uma derivada temporal: dx dt = ẋ e d2x dt2 = ẍ (4) • A grandeza ω0 é denominada frequência angular e sua unidade é rad/s. • Ela relaciona-se ao período (T ) do movi- mento por: ω0 = 2π T = 2πf (5) onde f é a frequência do movimento e sua unidade é o hertz, abreviada como Hz. Por definição 1 Hz=1 ciclo por segundo = 1 s−1 • A equação (1) é uma equação diferencial linear de segunda ordem. – linear ⇒ na equação não aparecem termos como x2, x3, ( dx dt )2, ( dx dt )3 – ordem ⇒ maior índice da derivada. • Equação diferencial linear de 2a or- dem: A ( d2x dt2 )1 +B ( dx dt )1 +C(x)1 = F (6) – A, B, C, F são os coeficientes da equação (podem ser constantes ou dependentes de t). Não podem de- pender de x. – se A, B, C, F são constantes a equa- ção é uma equação diferencial a coe- ficientes constantes. – F = 0 a equação é dita homogênea. • Propriedades das equações diferen- ciais lineares de 2a ordem homogê- neas: 1) Se x1(t) e x2(t) são soluções, a soma x1(t) + x2(t) também é. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 1 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Prova: Se x1(t) é solução, então A d2x1 dt2 +B dx1 dt + Cx1 = 0 (7) Se x2(t) é solução, então A d2x2 dt2 +B dx2 dt + Cx2 = 0 (8) Somando as expressões (7) e (8) temos: A d2(x1 + x2) dt2 +B d(x1 + x2) dt +C(x1+x2) = 0. (9) Portanto x1 + x2 também é solução. 2) Se x1 é solução ax1(t) (a=constante) também é solução. 3) Se x1 e x2 são soluções, qualquer com- binação x(t) = ax1(t) + bx2(t), (10) onde a e b são constantes arbitrárias, é solução. • Função horária do oscilador harmô- nico: Vamos adotar como solução tenta- tiva da equação (1) a expressão: x1(t) = cos(ω0t) (11) dx1 dt = −ω0 sin(ω0t) (12) d2x1 dt2 = −ω2 0 cos(ω0t) (13) Substituindo (11) e (13) em (1) é fácil ve- rificar que x1(t) = cos(ω0t) é solução. É fácil verificar que x2(t) = sin(ω0t) tam- bém é solução. Logo a solução mais geral da eq. (1) é: x(t) = a cos(ω0t) + b sin(ω0t) (14) que pode ser reescrita como: x(t) = A cos(ω0t+ φ0) (15) • Desenvolvendo a expressão (15) obtemos: x(t) = A {cos(ω0t) cosφ0 − sin(ω0t) sinφ0} (16) • Identificando a = A cosφ0 e b = −A sinφ0 verificamos que as expressões (14) e (15) são as mesmas. • Para passar de uma expressão para outra usamos A = √ a2 + b2 cosφ0 = a√ a2 + b2 • Exemplo: Reescreva na forma x(t) = A cos(ω0t+ φ0) a expressão x(t) = 3 cos(2πt) + 4 sin(2πt) • Interpretação física dos parâmetros: Na expressão x(t) = A cos(ω0t+ φ0) – A = |xmax(t)| é a amplitude da osci- lação; – (ω0t+ φ0)⇒ chama-se fase; – φ0 é denominada fase inicial do mo- vimento. • Na figura (a) a fase inicial é nula (φ0 = 0). Em (b) a fase inicial é π/2. Mudando- se a fase inicial, muda-se a posição inicial do movimento. A fase inicial φ0 = π/2 deslocou a função π/2 para a esquerda. • A amplitude é A = 2 cm • O período: T = 2π ω0 = 2π 1 s 2pp t(s) x(cm) p 2 3p 2 2 -2 0 x(t)=2cos(t) 2ppp 2 3p 2 2 -2 0 x(t)=2cos(t+p/2) (a) (b) t(s) x(cm) Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 2 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Vimos que a solução da equação diferen- cial para o MHS é dada por x(t) = A cos(ω0t+ φ0) (17) onde ω0 = √ k/m. Como determinar A e φ0? • Ajuste das condições iniciais: Supo- nha que em t = 0 a posição da partí- cula seja x = x0 e sua velocidade seja v = v0. Substituindo estas informações na eq. (17) temos: x0 = A cosφ0 (18) v(t) = dx dt = −Aω0 sin(ω0t+ φ0)⇒ v0 ω0 = −A sinφ0 (19) • Elevando ao quadrado as expressões (18) e (19) e somando-as obtemos: x20 + v20 ω2 0 = A2 (20) cosφ0 = x0√ x20 + v20 ω2 0 (21) Portanto A e φ ficam completamente de- terminadas conhecendo-se x0, v0 e ω0. • A partir de x(t), encontramos v(t) e a(t), simplesmente derivando: v(t) = ẋ = −ω0A sin(ω0t+ φ0) a(t) = ẍ = −ω2 0A cos(ω0t+φ0) = −ω2 0x(t) A máxima velocidade atingida pela par- tícula no movimento de oscilação ocorre quando sin(ω0t+ φ0) = 1, isto é: vmax = ω0A • MHS e movimento circular O mo- vimento circular uniforme projetado em uma dimensão é um movimento harmô- nico simples. • Para entender isso considere uma partí- cula em movimento circular uniforme, em sentido anti-horário, em um círculo de raio A. • Podemos localizar a partícula pelo ângulo φ medido no sentido anti-horário a partir do eixo x. • A posição em um instante t é x(t) = A cosφ(t) = A cos(ω0t+ φ0). A constante de fase φ0 determina as condições iniciais: x0 = A cosφ0 e v0x = −ω0A sinφ0. • Na figura abaixo, uma partícula em mo- vimento circular uniforme em um círculo de raio A e velocidade angular ω0. O componente x da posição da partícula descreve a posição da sombra da partícula Partícula em movimento circular uniforme x y w x -A A Acosf 0 0 A -A AAcosf f • Na figura abaixo, uma partícula que co- meçou o movimento na posição x0 = A cosφ0, na fase inicial φ0. O componente x da posição inicial da partícula pode estar em qualquer lugar entre -A e A, dependendo de f0 O ângulo no instante t é f = wt + f0 x y w 0 A -A AAcosf f x =Acosf0 0 f0 • Quando usado para descrever o mo- vimento oscilatório, ω0 é chamado de frequência angular, em vez de velocidade angular. A frequência angular de um os- cilador tem o mesmo valor numérico, em rad/s, que a velocidade angular da partí- cula no correspondente movimento circu- lar. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 3 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS x y w 0 0-A A f0 t = 0 f = 0 3 p + rad A 2 1 AA 2 1-A x y 0 0-A Af0 f = 0 3 prad A 2 1 t = 0 AA 2 1-A x y 0 0-A A f0t = 0 f = 0 prad A 2 1 AA 2 1-A x A -A 0 T t x A -A 0 T t x A -A 0 T t x A -A 0 T t vmax 0 T t 0 T t 0 T t v vv vmax vmax -vmax-vmax -vmax • Energia do oscilador: A energia mecâ- nica E de um objeto oscilando numa mola é dada por: E = K + U = 1 2 mv2x + 1 2 kx2 (22) • A partícula apresenta energia puramente potencial em x = ±A e puramente ciné- tica ao passar pelo ponto de equilíbrio em x = 0. • A figura mostra como a energia poten- cial e energia cinética são alteradas com o tempo. As duas oscilam, mas permane- cem positivas porque x e vmax estão ele- vados ao quadrado. A energia é continu- amente alternada de cinética para poten- cial armazenada na mola, todavia a soma das duas permanece constante. Energia cinética Energia potencial Energia mecânica total E constante Energia tt T • No deslocamento máximo, com x = ±A e vx = 0, a energia é E(em x = ±A) = U = 1 2 kA2 (23) • Em x = 0, onde vx = ±vmax, a energia é E(em x = 0) = K = 1 2 mv2max = (24) • Na ausência de atrito, a energia do sis- tema é conservada e podemos escrever: 1 2 mv2max = 1 2 kA2 ⇒ (25) vmax = √ k m A = ω0A (26) • Uma vez que a energiaé conservada po- demos escrever: E = 1 2 mv2x + 1 2 kx2 = 1 2 kA2 = 1 2 mv2max (27) Qualquer uma dessas expressões pode ser útil, dependendo das informações conhe- cidas. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 4 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Sistema massa-mola com gravidade: Quando uma massa é suspensa vertical- mente por uma mola, como mostrado na figura, em adição à força restauradora da mola (~Fm = −ky~), a massa fica também sujeita à força gravitacional (~P = mĝ). Então, a 2a Lei de Newton para o sistema fica: m d2y(t) dt2 = mg − ky (28) onde adotamos o eixo y com o mesmo sen- tido da gravidade. • O ponto y0 no qual as forças se anulam - o ponto de equilíbrio - é tal que: mg − ky0 = 0 ⇒ y0 = mg k Esse é o novo ponto de equilíbrio, em torno do qual o corpo executará um mo- vimento harmônico simples. De fato, in- troduzindo na equação (28) uma nova va- ríavel definida por y′ = y − y0 teremos m d2y′(t) dt2 = mg − k(y′ + y0)⇒ (29) m d2y′(t) dt2 = −ky′ (30) sendo y′ a coordenada associada à defor- mação da mola a partir da posição de equilíbrio. O movimento será harmônico simples com o período dado por T = 2π ω0 = 2π √ m k 0 L0 Mola relaxada, comprimento natural L0 y 0 Fm Py 0 y’ ’ Valores de ângulos pequenos • Considere o ângulo θ = 5◦. Vamos calcu- lar os valores de sin θ = 5◦ = 0, 087155 cos θ = 5◦ = 0, 2837 Transformando graus em radianos: θ = 2π 5 360 = 0, 087267 sin(θ = 0, 087267 rad) = 0, 087155 cos(θ = 0, 087267 rad) = 0, 99619 Série de Taylor das funções seno e cosseno sin(θ) = θ cos(θ) = 1− θ2 2 Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 5 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS Pequenas oscilações de sistemas reais em equilíbrio estável • A energia potencial de um sistema ideal tal como o sistema massa-mola, é simétrica em torno da sua posi- ção de mínimo, como mostra a figura (a). No entanto a energia potencial de sistemas reais não têm uma forma tão idealizada, mas apresenta-se como o exemplo mostrado na figura (b). U(x) xmin x U(x) x (a) (b) • A energia potencial do gráfico na figura (b) é um exemplo de uma função não si- métrica em torno do ponto de mínimo xmin. Se considerarmos um sistema onde a massa está sob a ação de um potencial da forma acima, e inicialmente se encon- tra na posição de equilíbrio xmin, caso seja afastado de sua posição de equilíbrio ele tenderá a retornar a essa posição. • Se o afastamento da posição de equilíbrio for muito pequeno, a massa se deslocará por uma região onde a energia potencial é vizinha do ponto de mínimo, e essa região tem uma forma muito parecida com a pa- rábola. Daí dizermos que para qualquer forma que tenha a energia potencial, para oscilações de pequenas amplitudes pode- mos aproximar o movimento por um osci- lador harmônico. • A Matemática que nos possibilitou estu- dar e correlacionar estes problemas varia- dos foi a Série de Taylor, instrumento ma- temático que possibilita aproximar a fun- ção energia potencial como um polinômio em torno do centro do movimento para pequenas oscilações. A conclusão obtida é de que qualquer sistema físico em equilí- brio estável sofrendo pequenas oscilações é um oscilador harmônico, o que torna esse modelo fundamental para a compreensão de vários fenômenos na natureza. • Série de Taylor de uma função f(x) em torno do ponto x = a. f(x) = f(a)+f ′(a) (x− a)1 1! +f ′′(a) (x− a)2 2! +... No caso de pequnas oscilações em torno de um ponto de equilíbrio estável, a deri- vada primeira é nula, pois a função tem um mínimo nessa posição, isto é, f ′(a) = df dx ∣∣∣∣ x=a = 0 Se a função é a energia potencial que tem um ponto de mínimo em x = a (isto é com dU/dx = 0 em x = 0) então teremos: U(x) = U0 + dU dx ∣∣∣∣ x=a︸ ︷︷ ︸ =0 (x− a) 1! + + d2U dx2 ∣∣∣∣ x=a (x− a)2 2 ⇒ U(x) = U0 + d2U dx2 ∣∣∣∣ x=a (x− a)2 2 . Assim, identificamos que, na aproxima- ção de pequenas oscilações a constante de mola é dada por: k = d2U dx2 ∣∣∣∣ x=a Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 6 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • O pêndulo simples: a) Determine o pe- ríodo de oscilação de um pêndulo simples; b) Escreva a expressão da energia total. Lo T mg o s mg cos omg sin o m o e s são negativos à esquerda o e s são positivos à direita • Duas forças são exercidas sobre a massa: a tensão no barbante ~T , e força peso ~P exer- cida pela gravidade. Vamos decompor as forças em componentes tangencias, para- lelos ao movimento, e componentes radi- ais, paralelos ao barbante. • A segunda lei de Newton para o compo- nente tangencial é: ~Fres,t(t) = m~at = −mg sin θ~eθ (31) • Usando que d2s dt2 = at para a aceleração ao longo do círculo, a eq. (31) fica: d2s dt2 ~eθ = −g sin θ~eθ (32) onde o comprimento do arco está relacio- nado com o ângulo pela relação s = Lθ. Na aproximação de pequenas oscilações, sin θ ≈ θ e a equação anterior fica: d2θ dt2 = − g L θ (33) que tem como solução θ(t) = A cos (ω0t+ φ0) (34) onde ω0 = √ g L ⇒ T = 2π ω0 = 2π √ L g (35) • A energia cínética é dada por K = 1 2 mv2 = 1 2 m ( ds dt )2 (36) onde s(t) = Lθ(t) e ds dt = L dθ dt . Assim, K = 1 2 mL2 ( dθ dt )2 (37) Adotando o ponto inferior da trajetória como referência, a energia potencial gra- vitacional é dada por (complemente sua leitura nas páginas 48 e 49 do vol. 2 do Moysés): Ug = mgL(1− cos θ) (38) Portanto a energia mecânica será: Emec = mgL(1− cos θ) + 1 2 mL2 ( dθ dt )2 (39) oL cos oL (1 - cos ) oL cos referência L y x • O pêndulo físico é constituído por uma esfera de raio r e massa m suspensa por um fio de comprimento L − r. A distân- cia entre o centro da esfera e o ponto de suspensão O é igual a L. Muitas vezes, quando r é muito menor do que L, pode-se tratar o sistema como um pêndulo simples de comprimento L. q L r y x Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 7 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • 1) Utilizando o teorema dos eixos para- lelos, calcular o momento de inércia em relação ao ponto de suspensão. O momento de inércia de uma esfera em relação ao centro de massa é dado por ICM = 2 5 mR2. Pelo teorema dos eixos paralelos podemos calcular o momento de inércia em relação ao ponto de suspensão O. IO = ICM +mL2 = mL2 ( 1 + 2 5 r2 L2 ) • 2) Escreva a equação de movimento do sistema e determine o período do movimento. Para o pêndulo físico a equação de movi- mento é dada pela 2a Lei de Newton para o movimento de rotação em torno do eixo fixo que passa por O: ~τO = IO~α = IO d2θ dt2 ~k (40) onde ~τO é o torque resultante no disco em relação ao ponto O, que é dado por: ~τO = −mg sin θL ~k Na aproximação de pequenas oscilações, sin θ ≈ θ. Assim a equação (40) fica: −mgθL ~k = IO d2θ dt2 ~k ⇒ (41) d2θ dt2 = −mgL IO θ = −ω2 0θ (42) onde definimos ω0 = √ mgL IO (43) e o período do movimento será T = 2π ω0 = 2π √ L g ( 1 + 2 5 r2 L2 ) (44) • O período pode ser reescrito como T = 2π √ L g ( 1 + 2r2 5L2 ) = T0 √ 1 + 2r2 5L2 (45) onde T0 é o período de um pêndulo simples de comprimento L. • Nota importante: A aproximaxão de pe- quenos ângulos somente será válida se o ângulo θ estiver expresso em radianos! • 3) Usando a aproximação (1 + x)α ≈ 1 + αx, válida para x << 1, mostre que no caso r << L o período pode ser apro- ximado por: T = T0 { 1 + r2 5L2 } • 4) Para L = 1 m e r = 0, 2 m, calcule o período do pêndulo. Para os valores dados, T = T0(1 + 0, 008) s Portanto, oito milésimos de segundos é a correção no período por causa da geome- tria do pêndulo. • 5) Se o relógio foi calibrado como um pêndulo simples, quantos minutos ele atrasa ou adianta por dia? O relógio foi calibrado para marcar (er- radamente) T0, mas de fato, em cada pe- ríodo ele gasta mais tempo para ir e vol- tar. Então ele vai se atrasar em relação aos outros relógios. Para saber quantos minutos ele se atrasa devemos contar o número de oscilações queele realiza em uma dia! Finalize o exercício. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 8 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Exercício: Um bloco de massa M , ca- paz de deslizar com atrito desprezível so- bre um trilho horizontal, está preso a uma uma parede vertical por uma mola de massa desprezível e constante elástica k, inicialmente relaxada. Uma bolinha de ci- clete de massa m, lançada em direção ao bloco com velocidade horizontal ~v = v~ı, atinge-o no instante t = 0 e fica grudada nele. Ache a expressão do deslocamento x(t) do sistema para t > 0. M o x v m • Solução: Colisão inelástica ⇒ conserva- ção do momento linear, mas não da ener- gia do sistema. mv~ı = (m+M)~Vcm ⇒ ~VCM = mv (m+M) ~ı • Condições iniciais do MHS: Em t = 0 x0 = 0 e v0 = mv (m+M) A expressão do deslocamento em função do tempo é x(t) = A cos(ω0t+ φ0) onde ω0 = √ k (m+M) Para t = 0 A cosφ0 = 0 ⇒ cosφ0 = ±π 2 . Para decidir sobre o sinal algébrico da constante de fase usamos a informação que, em t = 0, a velocidade é positiva. Portanto, a fase será cosφ0 = −π 2 . • Ainda precisamos determinar a ampli- tude A. Para isso usamos que v(t) = −Aω0 cos(ω0t+φ0) e a condição incial em t = 0: v0 = mv (m+M) = −Aω0 sin− (π 2 ) ⇒ A = mv (m+M)ω0 Assim, todos os parâmetros de x(t) estão definidos. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 9 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS 1 - A Fórmula de Euler A fórmula de Euler mostra uma relação en- tre as funções trigonométricas e a função exponencial. Ela é dada por eix = cosx+ i sinx , (46) onde e = 2, 71828 é o número Neperiano, i é a unidade imaginária e x é o ângulo em radianos. • A função exponencial f(x) = eλx é a solução da equação diferencial linear de 1a ordem df dx = λf(x) (47) que satisfaz a condição inicial f(0) = 1. (48) • Considere a função f(x) = cosx + i sinx. Derivando f(x) temos: d dx (cosx+ i sinx) = i cosx− sinx = i(cosx+ i sinx) (49) • Para x = 0, temos cosx + i sinx = 1. Comparando esses resultados com (47) e (48), somos levados a definir eix = cosx+ i sinx (50) Substituindo x por −x na expres- são (50) e lembrando que cos(−x) = cosx e sin(−x) = − sinx obtemos e−ix = cosx− i sinx (51) • Outras expressões importantes: Somando as expressões (50) e (51) te- mos: cosx = 1 2 (eix + e−ix) (52) Subtraindo as expressões (50) e (51) temos: sinx = 1 2i (eix − e−ix) (53) 2 - Forma trigonométrica de um número complexo (Revisão nas páginas 57-61 do vol. 2 - Moysés). x y O P q a b r (a) ib x y O p/2 b BO (b) • Considere um ponto P no plano xy, cujo vetor posição é OP= a~ı + b~. Podemos associar a OP um número complexo z • Podemos associar a OP um número complexo z z = a+ ib (54) que se obtem pela substituição de ~ı → 1, ~ → i onde a e b são reais e i ≡ rotação de + π 2 no plano xy. • O número complexo z pode ser repre- sentado geometricamente no plano complexo como um segmento ori- entado (vetor) da origem ao ponto (a, b). Podemos escrevê-lo em coor- denadas polares utilizando as rela- ções: a = r cos θ e b = r sin θ. Então teremos: z = a+ ib = r(cos θ + i sin θ) = reiθ (55) que é a forma trigonométrica do nú- mero complexo. • O módulo de z é dado por: |z| = r = √ a2 + b2 (56) e θ chama-se argumento de z, dado por: θ = tan−1(b/a) (57) Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 10 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS 2 - Oscilações Amortecidas • Todos os osciladores reais terminam deixando de funcionar - uns muito lentamente, outros bem rapidamente - por que o atrito ou outras formas dissipadoras transformam continu- amente sua energia mecânica em energia térmica do oscilador e seu ambiente. • Uma oscilação que se esgota e deixa de existir é chamada de oscilação amortecida. • Existem muitas possíveis razões para a dissipação de energia, por exemplo, a resistência do ar, o atrito, as forças internas no metal da mola quando ela é flexionada e assim por diante. • Nesta parte, estudaremos os sistemas oscilatórios na presença de amortecimento. Dos experimentos sabe-se que a força de atrito sobre objetos que se movem lentamente é linearmente proporcional ao módulo da velocidade. • Desta forma, um modelo razoável para a força de arraste1 sobre um objeto que se move lentamente é dado por: ~D = −ρ~v (modelo para a força de arraste) onde o sinal negativo é a indicação matemática de que a força tem sempre sentido contrário ao da velocidade, desacelerando o objeto. A constante de amortecimento ρ depende, de modo complexo, da forma do objeto e da viscosidade do ar ou de outro meio no qual a partícula se desloque. Em nosso modelo para a resistência do ar, a constante de amortecimento desempenha o mesmo papel que o coeficiente de atrito desempenha no modelo para o atrito. • Alguns livros usam a letra b, em vez de ρ para denotar a constante de amortecimento. • Neste parte de nossos estudos você deve reconhecer os diferentes regimes de amorteci- mento. −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− • Assim como no caso de um pêndulo, as os- cilações se amortecem devido à resistência do ar. • A resistência que um fluido como o ar ofe- rece ao movimento de um corpo é propor- cional à sua velocidade para velocidades suficientemente pequenas. • Para um oscilador como o harmônico sim- ples, a resistência dá origem a um termo adicional: mẍ = −kx−ρẋ (ρ > 0) (58) onde (−ρẋ) representa a resistência dissi- pativa que atua em sentido oposto à velo- cidade. • A equação anterior pode ser reescrita como: ẍ+ γẋ+ ω2 0x = 0 (59) onde γ = ρ m e ω2 0 = k m (60) • Como resolver uma equação desse tipo? Função tentativa z(t) = ert ż(t) = rert = rz(t) z̈(t) = r2z(t) (61) • Substituindo a função tentativa e suas de- rivadas na equação (59) temos r2z + γrz + ω2 0z =0⇒ z(r2 + γr + ω2 0) =0 (62) 1Na dinâmica dos fluidos, arrasto é a força que faz resistência ao movimento de um objeto sólido através de um fluido (um líquido ou um gás). Ao contrário de outras forças resistivas, como o atrito, que é quase independente da velocidade, forças de arrasto dependem da velocidade. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 11 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • ou r2 + γr + ω2 0 = 0 (63) denominada equação característica. • Resolvendo (63) obtemos: r = −γ 2 ± √ γ2 − 4ω2 0 2 = −γ 2 ± √(γ 2 )2 − ω2 0 (64) • Dependendo do valor do radicando, temos os seguintes movimentos: 1. Subcrítico → γ 2 < ω0 2. Crítico → γ 2 = ω0 3. Supercrítico → γ 2 > ω0 • Amortecimento subcrítico: Neste mo- vimento, γ 2 < ω0 ⇒ γ2 4 < ω2 0 ⇒ r = −γ 2 ± √ − ( ω2 0 − γ2 4 ) r = −γ 2 ± iω onde ω = √ ω2 0 − γ2 4 Aqui ω0 = √ k/m fornece a frequência angular de um oscilador não-amortecido (ρ = 0). • Com isso a solução tentativa fica: z(t) = C1e r+t + C2e r−t = C1e (− γ 2 +iω)t + C2e (− γ 2 −iω)t = e− γ 2 t ( C1e +iωt + C2e −iωt) (65) • Devemos lembrar que a função x(t) deve ser real. E para que um número complexo tenha apenas sua parte real é necessário que ele seja igual ao seu complexo con- jugado, isto é, que z∗ = z. Tomando o complexo conjugado de (65) temos: z(t)∗ = e− γ 2 t ( C∗1e −iωt + C∗2e +iωt ) (66) • Para que z∗ = z, os coeficientes C1 e C2 devem obedecer a condição: C∗1e −iωt +C∗2e iωt = C1e iωt +C2e −iωt (67) • A equação (67) será satisfeita se C1 = C∗2 e neste caso, C2 = C∗1 . Assim, escrevendo C1 e C2 em notação complexa e tomando seus módulos como A/2 e seus argumentos como φ0 temos: C1 = A 2 eiφ0 , C2 = A 2 e−iφ0 Introduzindo esses coeficientes na equação (65) obtemos x(t) = e− γ 2 tA 2 [ ei(ωt+φ0) + e−i(ωt+φ0) ] Usando a fórmula de Euler para números complexos: e+ix = cosx+ i sinx e−ix = cosx− i sinx a equação (65) pode ser reescrita como: x(t) = Ae− γ 2 t cos(ωt+ φ0) (68) • O gráfico da função (68) está esquema- tizado abaixo. Valores maiores da cons- tante de amortecimento ρ fazem que as oscilações sejam amortecidas com maior rapidez.0 -xm +xm tt2t x xm exp(-r/2m t) xm exp(-r/2m t) x(t) envoltória Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 12 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS Casos particulares • Amortecimento fraco: Um sistema com amortecimento fraco oscila muitas vezes antes de parar, isto é, aquele para o qual ρ/2m << ω0. Neste caso, ω ≈ ω0 é uma boa aproximação, ou seja o amor- tecimento fraco não afeta a frequência de oscilação. • No caso de amortecimento fraco γ << ω0, o fator Ae− γ 2 t pode ser considerado como amplitude de oscilação lentamente variá- vel. • A(t) = Ae− γ 2 t ⇒ é a amplitude variável; • ±Ae− γ2 t ⇒ envoltória das oscilações. • No amortecimento fraco, as oscilações não são mais periódicas, mas continuare- mos chamando de ‘período’ o intervalo de tempo τ = 2π ω onde ω = √ ω2 0 − γ2 4 • Amortecimento forte: O amorteci- mento forte extingue o movimento em poucas oscilações e reduz significativa- mente a frequência de oscilação. -A r=0,1 km (força de amortecimento fraca) r=0,4 km (força de amortecimento mais forte) T0 2T0 4T03T0 5T0 A O t xx Com um amortecimento mais forte (quanto maior for r): A amplitude (curvas tracejadas) diminui mais rapidamente O período T aumenta (T é o período com amortecimento igual a zero) 0 Valores maiores de r fazem com que as oscilações sejam amortecidas com maior rapidez • O balanço de energia: A energia me- cânica do oscilador no instante t é dada por: E(t) = 1 2 m [ẋ(t)]2 + 1 2 k [x(t)]2 (69) e não é conservada!!! • A variação temporal de E(t) é dada por: dE(t) dt = 1 2 m [2ẍ.ẋ] + 1 2 k [2ẋ.x] d dt (x.x) = dx dt x+ xdx dt ⇒ d dt (x2) = 2xẋ d dt (ẋ.ẋ) = dẋ dt ẋ+ ẋdẋ dt ⇒ d dt (ẋ2) = 2ẋẍ • Finalmente dE(t) dt = mẍẋ+ kẋx = ẋ (mẍ+ kx)︸ ︷︷ ︸ −ρẋ dE(t) dt = −ρ(ẋ)2 A expressão anterior mostra que a varia- ção da energia no tempo é o produto da força de resistência (−ρẋ) pela velocidade (ẋ), e que a energia diminui com o tempo (dE dt < 0). • O valor médio da energia durante um período para o movimento sub- crítico: O valor médio de uma função qualquer f em um período é dado por: f̄ = 1 T ∫ t+T t f(t)dt No caso da energia, f(t) = E(t) onde E(t) é a função dada na expressão (69). • Para o cálculo do valor médio da ener- gia para o movimento subcrítico usaremos x(t) = Ae− γ 2 t cos(ωt+φ0) e substituiremos esta função e suas derivadas na expressão (69). x2(t) = A2e−γt cos2(ωt+ φ0) (70) ẋ(t) = A(−γ 2 )e− γ 2 t cos(ωt+ φ0) − Aωe− γ 2 t sin(ωt+ φ0) (71) Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 13 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS ẋ2(t) = A2(−γ 2 4 )e−γt cos2(ωt+ φ0) + A2(ω2)e−γt sin2(ωt+ φ0) + 2A2γ 2 ωe−γt cos(ωt+ φ0) sin(ωt+ φ0) (72) • Substituindo as funções dadas nas eqs. (70) e (72) na (69) podemos escrever a função energia E em função do tempo t para o movimento subcrítico como: E(t) = 1 2 kA2e−γt cos2(ωt+ φ0) + 1 2 m { A2(−γ 2 4 )e−γt cos2(ωt+ φ0) + A2(ω2)e−γt sin2(ωt+ φ0) +2A2γ 2 ωe−γt cos(ωt+ φ0) sin(ωt+ φ0) } • Trocando k = mω2 0 e reagrupando os ter- mos obtemos: E(t) = 1 2 mA2e−γt { (ω2 0 + γ2 4 ) cos2(ωt+ φ0) + 2ω γ 2 ω cos(ωt+ φ0) sin(ωt+ φ0) + ω2 sin2(ωt+ φ0) } (73) • Usando a identidade trigonométrica sin 2x = 2 sin x cosx a expressão (73) fica: E(t) = 1 2 mA2e−γt { (ω2 0 + γ2 4 ) cos2(ωt+ φ0) + ω2 sin2(ωt+ φ0) + γω 2 sin [2(ωt+ φ0)] } (74) • Agora podemos calcular o valor médio da energia mecânica em dado instante: Ē(t) = 1 T ( 1 2 mA2e−γt ) × { (ω2 0 + γ2 4 ) ∫ cos2(ωt+ φ0)dt + ω2 ∫ sin2(ωt+ φ0)dt + γω 2 ∫ sin [2(ωt+ φ0)] dt } (75) • Nas integrais na expressão (75) tiramos para fora das integrais o fator e−γt, que varia muito pouco, pois vamos considerar de amortecimento fraco. • A integral no período das várias funções trigonométricas são:∫ T 0 cos2(ωt+ φ)dt = T 2∫ T 0 sin2(ωt+ φ)dt = T 2∫ T 0 sin [2(ωt+ φ)] = 0 • Assim a expressão (75) reduz-se à: Ē(t) = 1 2 mA2e−γt T { (ω2 0 + γ2 4 ) T 2 + ω2T 2 } (76) • ou Ē(t) = 1 4 mA2e−γt { ω2 0 + γ2 4 + ω2 } (77) • No caso de amortecimento fraco γ/2 << ω0 e ω ≈ ω0. Assim a energia média fica: Ē(t) = 1 4 mA2e−γt(2ω2 0) = 1 2 mω2 0A 2e−γt = 1 2 kA2e−γt (78) Essa energia Ē(t) é a energia média arma- zenada no oscilador em um ciclo completo no instante t. • Para t = 0 Ē(t) = 1 2 mω2 0A 2 = 1 2 kA2 (79) • Portanto podemos escrever que a energia média instantânea é dada por: Ē(t) = 1 2 kA2(t) onde A(t) = Ae− γ 2 t Ē(0)e−γt (80) Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 14 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • A energia dissipada num ciclo de período T = 2π ω ≈ 2π ω0 (para γ << ω0) pode ser calculada como: ∆E = −dE dt .T = γT Ē(t) (81) pois corresponde a um intervalo de tempo ∆t = T , Ē(t) representa a energia mecâ- nica média ainda armazenada no oscila- dor no instante considerado. • Chama-se fator de mérito ou fator Q (=qualidade) do oscilador a grandeza: Q = 2π ( Energia armazenada no oscilador por ciclo Energia dissipada por ciclo ) • Pela equação (81) podemos escrever: Q = 2π Ē(t) ∆Ē(t) = 2π Ē(t) γĒ(t)T ⇒ (82) Q = ω0 γ (83) que é >> 1, pela hipótese de amorteci- mento fraco. • Ao considerar a energia mecânica de um oscilador, é útil definir a constante de tempo τ (letra grega "tau") como: τ = m ρ ⇒ 1 τ = ρ m [s−1] • Uma vez que ρ tem unidades de kg/s, τ tem unidades de segundo. Com essa de- finição podemos expressar a amplitude de oscilação como: A(t) = Ae− t 2τ (84) e a energia média instantânea (da eq. 80) será escrita como Ē(t) = E0e − t τ (85) onde E0 = 1 2 kA2 é a energia em t = 0. Em outras palavras, a energia mecânica do oscilador decai exponencialmente com a constante de tempo τ . • O gráfico seguinte mostra o comporta- mento da energia com o tempo. 0,37E0 0,13E0 E0 Energia tt=t t=2 t O oscilador inicia com energia E0 A energia diminui 37% de seu valor inicial em t = t. para o A energia diminui 13% de seu valor inicial em t = 2t. para o • Amortecimento crítico: Neste caso γ 2 = ω0 e a solução da equação caracte- rística é uma raiz dupla: r = −γ 2 ± √√√√(γ2)2 − ω2 0︸ ︷︷ ︸ zero = −γ 2 (86) e a solução fica: x(t) = e− γ 2 t(A+Bt) (87) • Amortecimento supercrítico: Neste caso γ 2 > ω0 e as soluções da equação ca- racterística são números reais: r = −γ 2 ± √(γ 2 )2 − ω2 0 = −γ 2 ± β (88) e a solução fica: x(t) = e− γ 2 t(Aeβt +Be−βt) (89) onde β = √ γ2 4 − ω2 0 x(t) t supercrítico g 2 > w0 crítico g 2 = w0 subcrítico g 2 < w0 Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 15 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS Movimentos típicos MHS 1 2 3 Positiva Nula Negativa velocidade inicial (a) Posição inicial positiva x 1 3 t 2 x 1 2 3 Movimentos típicos do caso supercrítico t 1 2 3 Positiva Nula Negativa velocidade inicial (a) Posição inicial positiva x t 1 2 3 (b) Posição inicial negativa Movimentos típicos do caso crítico 1 2 3 Positiva Nula Negativa velocidade inicial (a) Posição inicial positiva x 1 2 3 t • Decaimento exponencial: O de- caimento exponencial ocorre numa ampla variedade de sistemas físicos de importância na ciência e na en- genharia. Vibrações mecânicas, cir- cuitos elétricos e radiatividade nu- clear exibem decaimento exponen- cial. Uma função que descreve um decaimento exponencial tem a forma: u = Ae−v/v0 . • Um gráfico de u ilustra um de- caimento exponencial. Ele começa com u = A e, v = 0 (porque e0 = 1) e depois diminui de forma constante, aproximando assintotica- mente de zero. A quantidade v0 é chamada de constante de decai- mento. Quando v = v0, u = e−1A = 0, 37A. Quando v = 2v0, u = e−2A = 0, 13A. Portanto, a constante de de- caimento é o intervalo de tempo ao longo do qual a grandeza diminui para 37% de seu valor inicial. O argu- mento da função exponencial deve ser um número puro, sem unidades. Se v/v0 é um número puro, a constante de decaimentov0 deve ter as mesmas unidades que v. Se v representa posi- ção, então v0 é um comprimento. Se v é um intervalo de tempo, então v0 é um intervalo de tempo. Nesta situa- ção específica, v0 é chamado de tempo característico de decaimento. Ele é o intervalo de tempo para o qual a grandeza decai para 37% de seu va- lor inicial. A u vv 2v u começa em A o u diminui para 37% de seu valor inicial em v = v .o 0 u diminui para 13% de seu valor inicial em v =2v . -1e A -2e A 0 0 Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 16 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Exercício 1: Uma massa de 500 g oscila como um pêndulo por um barbante de 60 cm. Observa-se que a amplitude decai para a metade de seu valor inicial após 35,0 s. Qual é a constante de tempo do oscilador? • Solução 1: O movimento é uma oscilação amortecida. A amplitude inicial em t = 0 é xmax = A. Em t = 35, 0 s, a amplitude é xmax = A/2. • Usando a expressão (84) temos xmax(t) = Ae− γ 2 t = Ae− ρ 2m t = Ae− t 2τ (90) • Neste caso, 1 2 A = Ae− 35,0 2τ Observe que não precisamos saber o va- lor de A que se cancela por simplificação. Isolando τ obtemos ln ( 1 2 ) = − ln 2 = ln e− 35,0 2τ = −35, 0 s 2τ ⇒ τ = 35,0 s 2 ln 2 = 25, 2 s • Exercício 2: Uma partícula de massa 500 g move-se em um movimento harmônico simples. O período de escilação é de 0, 10 s e a amplitude do movimento é 0, 10 m. Quando a partícula está a 0,050 m da po- sição de equilíbrio determine: (a) Qual é a magnitude da força que age sobre a par- tícula? (b) Qual é a sua energia cinética? • Solução 2: (a) Para calcular a força F devemos conhecer a constante de mola k. T = 2π ω0 ⇒ ω0 = 2π 0, 10 = 20π rad/s Mas ω2 0 = k/m. Assim k = mω2 0 = 1 2 (20π)2 = 200π2N/m e |F (x)| = kx = (200π2)(0, 050) = 10π2 N • (b) A energia cinética pode ser calculada como: Ec = 1 2 mv2 = 1 2 mẋ2 onde x(t) = A cos(ω0t+φ0) e a velocidade é dada por v(t) = −Aω0 sin(ω0t + φ0). Quando a partícula está na posição x = 0, 05 m temos: 0, 05 = 0, 1 cos(ω0t+ φ0)⇒ cos(ω0t+ φ0) =0, 5 sin(ω0t+ φ0) =± √ 3 2 Assim a velocidade quando ela está em x = 0, 05 m será: v(t) = −Aω0 sin(ω0t+ φ0)︸ ︷︷ ︸ ± √ 3/2 = ∓(0, 1)(20π) √ 3 2 ⇒ v(t) = ∓ √ 3π m/s ⇒ Ec = 3 4 π2 J • (b) - Solução Alternativa: A energia mecânica total (E) é a soma das ener- gias cinética (Ec) e potencial elástica (Ue): E = Ec + Ue. Como E = 1 2 kA2 podemos escrever: Ec = E − Ue = 1 2 kA2 − 1 2 kx2 = 1 2 k(A2 − x2) Substituindo os valores numéricos Ec = 1 2 k(A2 − x2) = 1 2 [ 200π2 ] [ (0, 10)2 − (0, 05)2 ] = 3 4 π2 J Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 17 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Exercício 3: Uma partícula de massa m = 0, 5 kg oscila sob a ação da força de uma mola Fe = −kx~ı, de constante elástica k = 50, 5 N/m, e de uma força amortece- dora F = −ρẋ~ı, com coeficiente de amor- tecimento ρ = 1 kg/s. Sabendo que em t = 0 a partícula é abandonada na posi- ção x0 = 10 cm determine: (a) a função x(t); (b) a variação porcentual de energia durante o primeiro ciclo de oscilação. • Solução (a): - A 2a Lei de Newton para o problema é dada por: mẍ = −ρẋ− kx⇒ ẍ+ ρ m ẋ+ k m x = 0 ou ẍ+ γẋ+ ω2 0x = 0 onde ω0 = √ k m e γ = ρ m . Substi- tuindo valores obtemos ω0 = √ 50, 5 0, 5 = √ 101 rad/s e γ = ρ m = 1 0, 5 = 2 s−1. • Como ω0 > γ/2 o movimento é subcrí- tico, que tem como posição e velocidade instantâneas as expressões: x(t) = Ae− γ 2 t cos(ωt+ φ0) v(t) = −A (γ 2 ) e− γ 2 t cos(ωt+ φ0) − Aωe− γ 2 t sin(ωt+ φ0) onde ω = √ ω2 0 − γ2 4 = 10 rad/s • Sabemos que em t = 0 a partícula encontra-se em x0 = 10 cm com veloci- dade v0 = 0. Usando essas condições te- mos: x(t = 0) = x0 = A cosφ0 ⇒ A = x0 cosφ0 (91) v(t = 0) = 0 = −A (γ 2 ) cos(φ0)−Aω sin(φ0) (92) • Dividindo (92) por cosφ0 temos ω tanφ0 = −γ 2 ⇒ φ0 = tan−1 ( − γ 2ω ) • Para os valores dados obtemos φ0 = tan−1 ( − γ 2ω ) = tan−1 ( − 2 2 · 10 ) φ0 = −0, 0997 rad A = x0 cosφ0 = 9, 95 cm x(t) = 9, 95e−t cos(10t− 0, 0997) • Solução (b): A variação porcentual é dada por: ∆E E0 = E(t = T )− E(t = 0) E(t = 0) ⇒ ∆E E0 = E0e −γT − E0 E0 ⇒ ∆E E0 = e−γT − 1 Como o período é dado por T = 2π ω fica- mos com ∆E E0 = e−2 2π 10 − 1 = 0, 28− 1 = −0, 72 e a variação porcentual é ∆E E0 = −72% Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 18 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS Glossário • Oscilação – Fenômeno em que uma gran- deza ou conjunto de grandezas de um sis- tema varia segundo uma função periódica no tempo. • Oscilar – Mover-se alternadamente em sentidos opostos; movimentar-se em vai e vem; mover-se tornando a passar (ao me- nos aproximadamente) pelas mesmas po- sições • Oscilação Forçada – A que um sistema oscilante efetua sob a ação de um agente externo que varia periodicamente. • Oscilação Livre – A que é efetuada por um sistema sem a intervenção de agentes externos. • Amplitude A do movimento –É simples- mente o valor máximo da posição da par- tícula na direção x positiva ou negativa. • Frequência angular ω – Tem unidades de radianos por segundo. É uma medida de quão rapidamente as oscilações ocor- rem. Quanto mais oscilações por unidade de tempo, maior o valor de ω. • O ângulo constante φ0 é chamado de constante de fase ou fase inicial. Junto com a amplitude A, é determinado unica- mente pela posição e velocidade da partí- cula em t = 0. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 19 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Dois vagões de estrada de ferro, de massas m1 e m2 respectivamente, são ligados entre si por uma mola cuja constante de mola é k. Supõe-se que o sistema seja livre de dissipação; desprezam-se a massa da mola e aquela das rodas. Estando o sistema inicialmente em repouso com a mola relaxada, deslocam-se os carros de modo a produzir um incremento a na separação entre eles, e abandonam-se-os simultaneamente, a partir do repouso. Pede-se a frequência angular de oscilação do sistema. x1 x2 x m1 m2 L • Solução: O comprimento da mola L0 quando a mola está relaxada é dada por x2 − x1 = L Quando a mola não está relaxada, podemos escrever a distenção ou compressão como ∆L = (x2 − x1)− L Se ∆L > 0 a mola está esticada. Se ∆L < 0 a mola está comprimida. Vamos considerar o caso que a mola está esticada. A força F1 que atua no corpo de massa m1 é dada por: ~F1 = +k(x2 − x1 − L)~i. A força F2 que atua no corpo de massa m2 é dada por: ~F2 = −k(x2 − x1 − L)~i. • As equações de movimento para os vagões serão: m1ẍ1 = +k(x2 − x1 − L). (93) m2ẍ2 = −k(x2 − x1 − L). (94) Analisando as equações anteriores, vemos que a aceleração do bloco 1 depende não so de sua posição (x1), mas também da posição do bloco 2 (x2), o mesmo acontecendo para o bloco 2. Em outras palavras, nós temos duas equações diferenciais acopladas. Como resolver esse problema? Uma estratégia é usar uma coordenada relativa, como faremos a seguir. • Multiplicando a primeira equação por (−m2) e a segunda por (+m1), −m1m2ẍ1 = −km2(x2 − x1 − L). (95) m1m2ẍ2 = −km1(x2 − x1 − L). (96) e somando membro a membro as duas equações, vem: m1m2(ẍ2 − ẍ1) = −k(x2 − x1 − L)(m1 +m2). (97) Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 20 Física 2 para a Escola Politécnica (4323102) Módulo 1 - MHS • Vamos fazer uma mudança de variável: X = x2−x1−L. Assim, Ẍ = ẍ2− ẍ1 e a equação anterior fica: m1m2(Ẍ) = −kX(m1 +m2). (98) que ainda pode ser reescrita como: m1m2 (m1 +m2) Ẍ + kX = 0 (99) Fazendo µ = m1m2 (m1 +m2) µẌ + kX = 0 (100) que é a equação de um MHS com frequência angular ω0 = √ k µ = √ k m1 +m2 m1 ·m2 (101) A variável X = x2 − x1 − L obedece à equação: X = a cosω0t (102) Alem disso, a quantidade de movimento inicial do sistema é nula, e se conserva: m1ẋ1 +m2ẋ2 = 0 (103) A equação X = x2 − x1 − L nos dá: ẋ2 − ẋ1 = −aω0 sinω0t (104) • Isolando x2 na (103) temos: ẋ2 = −m1 m2 ẋ1 (105) • Substituindo (105) em (104) obtemos: ẋ1 = m2(m1 +m2) aω0 sinω0t (106) e ẋ2 = − m1 (m2 +m1) aω0 sinω0t (107) • Portanto, x1 = m2 (m1 +m2) a cos(ω0t+ π) (108) x2 = m1 (m2 +m1) a cos(ω0t) (109) • Os dois vagões oscilam com iguais períodos, em oposição de fase, com amplitudes inver- samente proporciomais às respectivas massas. Profa. Euzi C. Fernandes da Silva - 2022 21
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