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DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃ O CONTRÃ SURTOS - DPS E-book da Abracopel Regional – Minas Gerais. D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 1 Sumário O que é DPS? .............................................................................. 3 Para o que serve o DPS? ............................................................. 3 Cálculo e Dimensionamento DPS ............................................... 4 1.Definir o nível de proteção do SPDA da Estrutura ................ 5 2.Definir os parâmetros da edificação ..................................... 6 3.Cálculo de IF .......................................................................... 8 4.Determinando o DPS ............................................................ 9 5.Esquema de Conexão ......................................................... 11 6.Dimensionamento dos DPS tipo II ...................................... 12 7.Perigos na instalação do DPS .............................................. 13 DPS no sistema fotovoltaico ..................................................... 14 Referências .............................................................................. 17 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 2 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 Estrutura a ser analisada ......................................................... 5 Figura 2 - Valores máximos dos parâmetros das descargas atmosféricas correspondentes aos níveis de proteção (NP) ............... 5 Figura 3 Valores de impedâncias convencionais de aterramento Z e Z1 de acordo com a resistividade do solo .................................................. 7 Figura 4 - Valor mínimo de Uc exigível do DPS, em função do esquema de aterramento. ..................................................................................... 9 Figura 5 - Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação ..............................................................................................10 Figura 6 - Esquema de conexão .............................................................11 Figura 7 - Surtos de correntes devido às descargas atmosféricas previstos em sistemas de baixa tensão ................................................12 Figura 8 – Ligação em Y e DPS ................................................................15 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 3 O que é DPS? Os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS), são dispositivos do sistema elétrico que tem como finalidade a proteção contra os efeitos diretos e indiretos das descargas atmosféricas ou contra as sobretensões transitórias. Os DPS desviam as correntes de surto. O surto elétrico é um fenômeno que ocorre devido a uma elevada taxa de variação em um período muito curto de tempo de onda de tensão, corrente ou potência. Os surtos elétricos são comumente causados por descargas atmosféricas, manobras de rede ou liga/desliga de máquinas e equipamentos elétricos. Os DPS protegem os condutores da instalação, os equipamentos da mesma e devem ser posicionados em diferentes locais das instalações elétricas, de acordo com a compatibilidade da proteção pretendida. São comumente fabricados com componentes centelhadores, varistores e diodos supressores. Para o que serve o DPS? Os DPS são dispositivos capazes de detectar a presença de surtos de tensão, tanto nos sistemas de energia elétrica quanto nas linhas de sinais, a fim de drená- las para o sistema de aterramento, para que elas não se propaguem pela rede e atinjam os equipamentos eletroeletrônicos do local. Os surtos de tensão, muitas das vezes, podem não danificar imediatamente os equipamentos, desta maneira, muitos usuários não têm conhecimento sobre ele. Repetidos surtos de tensão, mesmo que em baixa amplitude, comprometem a tensão de resistência dielétrica dos isolamentos, o que ocasiona na redução da vida útil dos dispositivos. Caso os surtos de tensão ultrapassem a tensão de resistência do isolamento sólido (desgastado), o isolante falhará e o dispositivo será permanentemente danificado. Estes dispositivos são necessários em qualquer tipo de instalação que podem sofrer riscos por sobretensões, sejam elas por descargas atmosféricas diretas, indiretas ou por surtos por chaveamento. Em comparação a outros sistemas de proteção, os DPS, são relativamente econômicos e podem ser adicionados a um sistema existente, funcionando perfeitamente se forem devidamente selecionados e instalados. Considerando o aspecto econômico, como citado, por trás da falha de um dispositivo, não há apenas o custo da sua substituição, que muitas vezes constitui o menor prejuízo econômico, mas também é necessário considerar o prejuízo econômico causado pela retirada de serviço. Também não pode ser esquecido, que um surto de tensão pode causar danos mais graves como, morte de pessoas, incêndios de edifícios e outros aspectos que devem ser desconsiderados. D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 4 As aplicações são diversas, possibilitando a utilização do dispositivo em redes de distribuição de energia elétrica, para proteção de transformadores e luminárias urbanas, linhas de telecomunicações, tubulações de companhias de óleo e gás, painéis de energia solar fotovoltaica, conectados às tomadas e acoplados aos equipamentos, os quais necessitam de proteção, de acordo com o desejo do usuário. Existem três classes de DPS: • Classe I – Dispositivos com capacidade para drenar correntes parciais de um raio. Utilizada em ambientes expostos a descargas atmosféricas diretas, como áreas urbanas periféricas ou áreas rurais. São instalados nos quadros primários (QGBT) de distribuição. • Classe II – Dispositivos com capacidade para drenar correntes induzidas que penetram nas edificações, ou seja, os efeitos indiretos de uma descarga atmosférica. Utilizados em áreas urbanas e instalados nos quadros secundários de distribuição. • Classe III – Dispositivos destinados à proteção fina de equipamentos, instalados próximos aos equipamentos. São utilizados para proteção de equipamentos ligados à rede elétrica, à linha de dados e linhas telefônicas. É importante ressaltar que os DPS não são disjuntores. Os disjuntores são equipamentos que protegem os condutores da instalação contra sobrecorrentes e curto-circuito e são instalados em série. Cálculo e Dimensionamento DPS O Dimensionamento será realizado em um galpão com dimensões 30,20 m x 15,00 m x 10,00 m no qual possui um SPDA Classe I instalado com entrada aérea não blindada em baixa tensão de 220V trifásica. Através dos ensaios realizados no solo chegou-se aos valores de resistividade do solo de 500 Ωm e uma resistência de 15 Ω. O esquema de aterramento da edificação é o TN-S. A entrada de sinal é aérea e o encanamento de combate a incêndio é subterrâneo. D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 5 FIGURA 1 ESTRUTURA A SER ANALISADA FONTE ELABORADO PELO AUTOR. 1.Definir o nível de proteção do SPDA da Estrutura Como a estrutura possui um SPDA com o NP de I, a corrente de pico adotada será de 200KA de acordo com a Tabela 3 da NBR 5419-1 FIGURA 2 - VALORES MÁXIMOS DOS PARÂMETROS DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS CORRESPONDENTES AOS NÍVEIS DE PROTEÇÃO (NP) FONTE 2:NBR 5419 – 2015 CADERNO 1 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 6 2.Definir os parâmetros da edificação Qual o número de partes externas ou linhas enterradas (n1)? 2 – Referente a tubulação de combate incêndio + Cabo de equipotencialização BEP Qualo número de partes externas ou linhas aéreas (n2)? 5- Referente a 3 fases + 1 neutro + 1 linha de sinal 1) Definir o Ke através de cálculo: Para instalação enterrada: 𝑘𝑒 = 𝑍 𝑍1 + 𝑍 × (𝑛1 + 𝑛2 × 𝑍1 𝑍2 ) (1) Para instalação aérea: 𝑘𝑒 = 𝑍 𝑍2 + 𝑍 × (𝑛1 + 𝑛2 × 𝑍2 𝑍1 ) (2) Onde: Z: é a impedância convencional de aterramento do subsistema de aterramento; Z1: é a impedância convencional de aterramento das partes externas ou linhas externas (Tabela E.1) instaladas enterradas; Z2: é a resistência de terra do arranjo de aterramento que conecta a linha aérea à terra. Se a resistência de terra do ponto de aterramento não for conhecida, o valor de Z1 pode ser utilizado (observando, na Tabela E.1, a resistividade do solo no ponto de aterramento). NOTA 1: Assume-se que o valor de ke é o mesmo em cada ponto de aterramento. Se este não for o caso, recomenda-se que sejam utilizadas equações mais complexas. n1: é o número total de partes externas ou linhas enterradas; n2: é o número total de partes externas ou linhas aéreas; I : é a corrente da descarga atmosférica pertinente ao nível de proteção (NP) considerado. Como uma primeira aproximação, assumindo que metade da corrente da descarga atmosférica flui no subsistema de aterramento e Z2 = Z1, o valor k de partes condutoras externas ou linhas externas pode ser estimado da seguinte maneira: 𝑘𝑒 = 0,5 (𝑛1 + 𝑛2) (3) D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 7 Como a resistividade do solo encontrada é de 500Ωm a impedância Z1 será de 16Ω e a impedância Z será de 10Ω conforme Tabela E.1 da 5419-1 e a impedância encontrada através dos testes é de 15 Ω Logo substituindo os valores na equação (2) pois a entrada da instalação é aérea: 𝑘𝑒 = 𝑍 𝑍2 + 𝑍 × (𝑛1 + 𝑛2 × 𝑍2 𝑍1 ) (2) 𝑘𝑒 = 10 15 + 10 × (2 + 5 × 15 16) = 0,122137 Para a equação simplificada (3) teremos: 𝑘𝑒 = 0,5 (𝑛1 + 𝑛2) (3) 𝑘𝑒 = 0,5 (2 + 5) = 0,071429 FIGURA 3 VALORES DE IMPEDÂNCIAS CONVENCIONAIS DE ATERRAMENTO Z E Z1 DE ACORDO COM A RESISTIVIDADE DO SOLO FONTE 2: NBR 5419 – 2015 CADERNO 1 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 8 3.Cálculo de IF 𝐼𝑓 = 𝑘𝑒 × 𝐼 (4) É parte da corrente da descarga atmosférica associada a cada parte condutiva ou circuito externo, portanto, o fator de divisão da corrente ke depende de: a) o número de caminhos paralelos; b) suas impedâncias convencionais de aterramento para as partes enterradas ou suas resistências de aterramento para as partes aéreas, onde estas partes se conectem com outras partes enterradas; c) a impedância convencional de aterramento do subsistema de aterramento. substituindo os valores na equação (4) No item 1 definimos o valor de I = 200 KA Cálculo de IF simplificado usando Ke simplificado 𝐼𝑓 = 0,071429 × 200 = 14,29 𝐾𝐴 OBS: Caso não tenha os valores da resistência e da resistividade obtidos através dos ensaios pode-se estimar o DPS pelo valor de Ke simplificado. Cálculo de IF Completo usando Ke completo 𝐼𝑓 = 0,122137 × 200 = 24,43 𝐾𝐴 Pela NBR 5410 item 6.3.5.2.4 é estabelecido valores mínimos para o dimensionamento do DPS. Quando destinado à proteção contra sobretensões transmitidas pela linha externa de alimentação e contra sobre tensões de manobra, sua corrente nominal de descarga “In” não deve ser inferior a 5 kA (8/20 µs) para cada modo de proteção. Todavia, “In” não deve ser inferior a 20 kA (8/20 µs) em redes trifásicas, ou a 10 kA (8/20 µs) em redes monofásicas, quando o DPS for usado entre neutro e PE. Quando destinado à proteção contra sobretensões provocadas por descargas atmosféricas diretas sobre a edificação ou em suas proximidades, sua corrente de impulso “Iimp” deve ser determinada com base na IEC 61312-1; se o valor da corrente não puder ser determinado, “Iimp” não deve ser inferior a 12,5 kA para cada modo de proteção. Caso o valor da corrente não possa ser determinado, Iimp não deve ser inferior a 50 kA para uma rede trifásica ou 25 kA para uma rede monofásica. Como pode se observar a NBR 5410 estipula valores mínimos para a instalação dos DPS já a NBR 5419 apresenta uma metodologia mais complexa para cálculo de dimensionamento. D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 9 Comparando as sugestões da NBR 5410 com os valores encontrados com os métodos da NBR 5419 adotasse-se o que apresenta o maior valor de corrente de impulso, logo o maior valor obtido foi através do cálculo utilizando Ke completo Corrente de impulso calculada é de: 24,43 KA, é interessante acrescentar uma margem de segurança de 20%. O novo valor mínimo será de 29,16 KA, com base nesse valor tem que se encontrar um dispositivo com o valor comercial igual ou superior ao dimensionado. 4.Determinando o DPS Como o valor da corrente de impulso do DPS foi dimensionado outros parâmetros tem que ser considerados como: Uc- Máxima tensão de operação contínua O DPS não deve atuar com a tensão de operação da linha na qual ele está instalado, portanto, deve ser projetado com uma margem de segurança, a Tabela 49 da NBR 5410 detalha como será realizado esse acréscimo que pode variar de acordo com o tipo de aterramento Como a tensão de fase neutro do sistema é de 127V e o esquema de aterramento é o TN-S a tensão Uc será conforme a Tabela 49 da NBR 5410: 𝑈𝑐 = 𝑈0 × 1,1 U0: Tensão fase-neutro Substituindo os valores: 𝑈𝑐 = 127 × 1,1 = 139,7 E para o DPS do Neutro a Tabela 49 da NBR 5410 temos que: 𝑈𝑐 = 𝑈0 OBS: Encontrar o valor mais próximo comercial. FIGURA 4 - VALOR MÍNIMO DE UC EXIGÍVEL DO DPS, EM FUNÇÃO DO ESQUEMA DE ATERRAMENTO. FONTE 3: NBR 5410 DE 2004 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 10 Up – Tensão Máxima de Operação A tensão de operação (Up) tem que ser menor que o valor que a tensão de suportabilidade do equipamento a ser protegido (Uw). Quanto menor a tensão de proteção do DPS, melhor será a proteção para o equipamento. Logo o valor de Up deve ser o menor possível, desde que não comprometa a tensão máxima de operação contínua do DPS como pode ser observado na Tabela 31 da NBR 5410. Ao se analisar a Tabela 31 da NBR 5410 tem-se a tensão de impulso suportável requerida para equipamentos de utilização de 1,5KV. FIGURA 5 - SUPORTABILIDADE A IMPULSO EXIGÍVEL DOS COMPONENTES DA INSTALAÇÃO FONTE 3: NBR 5410 DE 2004 Os DPS para essa edificação será: DPS Tipo : I Nível de tensão de proteção Up: ≤ 1,5 kV Tensão de operação continua Uc: ≥ 139,7 V Corrente de Impulso Imp: ≥30KÃ DPS Tipo : I Para Neutro Nível de tensão de proteção Up: ≤ 1,5 kV Tensão de operação continua Uc: ≥ 127 V D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 11 Corrente de Impulso Imp: ≥30KÃ 5.Esquema de Conexão A Figura 13 da NBR 5410 apresenta os diversos esquemas de conexão dos DPS no ponto de entrada da linha de energia ou no quadro de distribuição principal da edificação. Para essa estrutura será utilizado o esquema de conexão 2 onde os DPS devem ser conectados aos condutores fase em uma extremidade e na outra ao barramento de terra, o condutor de neutro também será conectado ao DPS em uma extremidade e a outra ao barramento de terra. FIGURA 6 - ESQUEMA DE CONEXÃO FONTE 3: NBR 5410 DE 2004 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 12 6.Dimensionamento dos DPS tipo II Os DPS de classe 2 são dimensionados conforme a Tabela E.2 da NBR 5419 – 1, ela apresenta os surtos que a rede pode sofrer S4, S2 e S1e a classe de proteçãodo SPDA. O dano S3 não é contemplado pois, o DPS foi dimensionado conforme a metodologia apresentada para dimensionamento do DPS tipo I. Os parâmetros de dimensionamento de Uc- Máxima tensão de operação contínua, Up – Tensão Máxima de Operação e a método de instalação são análogos as metodologias apresentadas para dimensionamento do DPS tipo I. O DPS tipo II que viria em um painel a jusante do exemplo acima seria: DPS Tipo: II Nível de tensão de proteção Up: ≤ 1,2 kV Tensão de operação continua Uc: ≥ 139,7V Corrente nominal In 8/20 µs: 10 kA FIGURA 7 - SURTOS DE CORRENTES DEVIDO ÀS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS PREVISTOS EM SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO FONTE 2:NBR 5419 – 2015 CADERNO 1 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 13 7.Perigos na instalação do DPS Quando se trata da utilização do DPS, alguns cuidados devem ser tomados no projeto e instalação do produto a fim de não se expor a instalação elétrica (e por consequência seus usuários) aos perigos de uma instalação malfeita, o que pode ocasionar riscos de acidentes com pessoas e animais, perdas de equipamentos elétricos e patrimoniais e a ainda, a falsa sensação de proteção e segurança da instalação. O DPS é um dispositivo bastante conhecido entre os profissionais sérios que executam trabalhos em instalações elétricas, tais como os eletricistas, técnicos e engenheiros. Entretanto, em muitas das vezes o proprietário da planta onde está a instalação elétrica desconhece a função deste dispositivo e por isso acaba optando por não adquirir e instalar o produto, mesmo quando orientado do contrário. Ainda assim, em muitos dos casos o proprietário opta por fabricantes de menor custo na busca por economia, o que nem sempre pode ser considerado uma boa escolha, devido à baixa vida útil e confiabilidade destes dispositivos. Além disso existe o fato do DPS ainda ser um produto que carece de melhor divulgação e por isso é bastante comum ocorrerem erros no dimensionamento e instalação do mesmo. Um dos principais erros encontrados quando se trata do DPS é o mal dimensionamento do dispositivo e a escolha incorreta da classe de proteção. O dimensionamento diz respeito à escolha correta da tensão e corrente de surto calculadas para o ponto a ser protegido. A tensão de rede não deve ser a utilizada e sim a tensão de surto. A classe do DPS diz respeito às características do local, tais como se existe ou não SPDA instalado na planta. Um erro bastante comum é o de se pensar que o DPS deve ser instalado apenas onde existe SPDA, sendo o correto a avaliação da exigência ou não por um profissional habilitado e capacitado. Existe ainda a preocupação com a distância máxima do cabo de alimentação do DPS, que não deve ultrapassar 0,5 m. Distâncias maiores podem causar uma maior impedância, alterando o funcionamento do dispositivo. Outro erro bastante comum é o subdimensionamento do DPS. O superdimensionamento ocorre, mas é menos comum nas instalações devido à elevação do custo do produto conforme aumentam o valor das grandezas a serem consideradas na proteção (tensão e corrente de surto). Porém quando existe, pode ocorrer de o dispositivo não atuar quando se é esperado que atuasse. O subdimensionamento ocorre visando-se a economia no momento da aquisição do produto e como resultado, o dispositivo pode trazer consigo uma baixa vida útil e redução da confiabilidade pois irá atuar com grandezas fora daquelas consideradas adequadas. D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 14 Uma vez que não existe a exigência de testes do DPS pelo INMETRO, é muito importante se adquirir o dispositivo de fabricantes conceituados e que estejam de acordo com o estipulado nas normas vigentes. Vale a pena observar que um produto de qualidade inferior trará consigo uma baixa confiabilidade e pode não atuar como desejado. Haja vista que como não é um equipamento onde seja possível a realização de testes, o dono da instalação só descobrirá seu mal funcionamento quando alguma falha no dispositivo ocorrer, podendo já ter trazido prejuízos ao proprietário. Por fim, erros na instalação também podem trazer perigos à instalação. Apesar de ser um dispositivo de fácil instalação o erro mais notado é a escolha incorreta do DPS. Porém erros como falta de aterramento adequado, ligação em série com os disjuntores e ausência de DPS no neutro onde exigido, são erros bastante cometidos por profissionais incapacitados para trabalhos em instalações. Assim, pode se concluir que uma instalação malfeita e/ou DPS de fabricantes não conceituados podem não trazer os resultados esperados para o produto, trazendo sim, perigos, aborrecimentos e prejuízos ao proprietário da instalação elétrica. DPS no sistema fotovoltaico O DPS (Dispositivo de proteção contra surtos) tem sua obrigatoriedade norteada pela NBR 5410/04 e pela NBR5419/15, e a norma específica do dispositivo é a NBR IEC 61643-1:2007. Este equipamento é de uso fundamental em sistemas fotovoltaicos, devem ser instalados tanto na parte CA quanto na parte CC, não podendo a distância entre os dois dispositivos ultrapassar 10 metros, pois se isto ocorrer e houver uma descarga atmosférica pode ocasionar uma corrente induzida no circuito. Ressalta-se que o circuito CC e CA não podem ser instalados no mesmo quadro elétrico. Para uma proteção eficiente do sistema necessita-se de um DPS entre os módulos fotovoltaicos e o inversor, lembrando que esta é a parte CC do sistema, o outro DPS entre o inversor e a rede elétrica sendo a parte CA do sistema. Neste método de instalação o inversor fotovoltaico que é a parte mais cara do sistema estará protegido em caso de descarga nos módulos fotovoltaicos ou de sobretensões vindas da rede elétrica. O DPS atua de modo a conduzir o surto até o aterramento do sistema, sendo assim o mesmo passa de um estado em circuito aberto (isolante) para um estado em circuito fechado (curto) quando o surto se cessa o dispositivo deveria voltar ao normal, e se a corrente de fuga for extremamente alta o fusível de retaguarda que é externo ao DPS iria isolar a combustão e impedir que acontecesse um incêndio. Mas no caso de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, o principal detalhe é que a corrente de curto-circuito não é muito acima a nominal, e nas situações de baixa insolação a corrente de curto acaba sendo menor que a D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 15 corrente do sistema em alta insolação portanto o fusível de retaguarda não iria atuar nesse cenário podendo assim ocasionar um incêndio. A norma referente a este dispositivo é a NBR IEC 61643-1, de 2007 que deve passar em breve por revisão, e prevê que no interior do equipamento deve ocorrer uma desconexão mecânica de modo a evitar o risco de arco elétrico, mas o fato de haver corrente e tensão contínua em valores elevados junto há falta de uma câmara de extinção de arco dentro do DPS, ele se torna uma fonte de calor e se tornar um potencial foco de incêndio. Para evitar que se ocorra um incêndio é recomendado que o DPS utilizado em instalações fotovoltaicas seja ligado em Y pois esta configuração garante a segurança mesmo em caso de falha na isolação. FIGURA 8 – LIGAÇÃO EM Y E DPS Fonte: Próprio autor Para evita o risco de incêndio a EN 50539-11 referente a DPS para sistemas em tensão contínua determina que proteção para desconexão embutida no próprio dispositivo e/ou seccionador externo ao DPS, de modo que o equipamento possa operar independentemente da corrente produzida pelos módulos fotovoltaicos No caso de um sistema fotovoltaico contendo 10 módulos fotovoltaicos de 330Wp com duas stringse com tensão máxima na conexão serie é de 469,8V deve- se então escolher um DPS em que o Uc seja maior que a tensão máxima encontrada. Considera-se que a edificação onde o sistema foi instalado não conta com SPDA portanto foi recomendado o DPS tipo 2 para a parte CC do sistema. O inversor fotovoltaico é de 6kW e possui uma tensão de entrada de 220V por isso necessita- se de um DPS para a parte CA que tenha Uc maior que a tensão de entrada e dispositivo a ser instalado pode ser o tipo 2 ou o tipo 1+2. PE + - + - D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 16 D IS P O SI TI V O S D E P R O TE Ç Ã O C O N TR A S U R TO S - D P S 17 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS. Coletânea de diversas Normas. PAULINO, José Osvaldo Saldanha et al, Proteção de equipamentos elétricos e eletrônicos contra surtos elétricos em instalações. Minas Gerais:Ed. Clamper, 1a Ed 2016. FINDER. Guia para aplicação de Dispositivos de Proteção contra Surtos – DPS. Disponível em: <http://www.instalacoeseletricas.com/Findernet/download/section/PDFs/guia -dps.pdf>. Acesso em: 30/12/2016 FINDER. Sistemas de proteção para minirredes com sistemas fotovoltaicos. DPS. Disponível em: <http://www.iee.usp.br/lsf/sites/default/files/Apresentacao_Finder.pdf>. Acesso em: 30/12/2016 https://www.clamper.com.br/pt/2019/10/21/dps-em-sistemas-fotovoltaicos/ https://canalsolar.com.br/o-que-e-dps-e-como-e-usado-nos-sistemas- fotovoltaicos/ https://viniciusayrao.com.br/dps-solar/ https://www.steck.com.br/noticias/como-utilizar-o-dps-de-maneira-correta Acessado em 12/05/2021. FINDER. Guia de Aplicação de Dispositivos de Proteção Contra Surtos – DPS. Disponível em: https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/38742/1509027809Guia_DPS- 2017.pdf.>. Acesso em: 13 maio de 2021. https://canalsolar.com.br/o-que-e-dps-e-como-e-usado-nos-sistemas-fotovoltaicos/ https://canalsolar.com.br/o-que-e-dps-e-como-e-usado-nos-sistemas-fotovoltaicos/ https://viniciusayrao.com.br/dps-solar/ https://www.steck.com.br/noticias/como-utilizar-o-dps-de-maneira-correta https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/38742/1509027809Guia_DPS-2017.pdf https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/38742/1509027809Guia_DPS-2017.pdf