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CONTRATOS CÍVEIS E COMERCIAIS 
CONTRATO é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades (STOLZE, 2017). 
DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
O contrato nasce a partir do acordo de vontades, do interesse de contratar, devendo o mesmo obedecer aos princípios da boa-fé e da função social.
· Etapas dos contratos:
· Negociação preliminar/puntuação: as partes ainda estão tentando chegar a um denominador comum.
· A puntuação diz respeito a tentar entrar em um consenso quanto às cláusulas do contrato.
· Ex.: entrar em uma loja de calçados, pedir para experimentar e pechinchar o valor é uma negociação.
· Essa fase não tem força vinculatória (partes contratantes), sendo assim, podemos não avançar no contrato.
· A boa-fé já tem de estar presente, senão não falamos em contrato válido.
· Proposta: já estipulamos todas as cláusulas, chegamos em um denominador comum e, se ele era verbal, passamos para algo escrito ou mesmo solene.
· Ao contrário da negociação, tem força vinculatória.
· As partes contratantes só vão ter uma alternativa possível e lógica, que é ir para a aceitação.
· Dizer que o contrato foi negociado, já foi para proposta, é dizer que não há mais motivo para se desvincular.
· Ninguém é obrigado a contratar, mas em razão da vinculação, já estou sujeito a possíveis penalidades (penalidades estas que já vem pré-discutidas).
· O valor prévio de um depósito já é um sinal, já são arras. As arras, nessa etapa, confirmam o andamento do contrário e, portanto, são arras confirmatórias.
· Se antes de chegar na aceitação, por sua vez, desistir do contrato, elas se tornam arras penitenciais.
· Pode gerar uma expectativa de direito, probabilidade de contratar.
· Ex.: se o que negociamos não for contemplado na proposta, continua a força vinculatória? Não, pois ela só existe se proposta contemplar os requisitos previstos na negociação. Podemos, assim, cancelar tudo e voltar para a negociação.
· A proposta tem de vir impregnada nesta etapa e todas as outras.
· Aceitação:
· Também é vinculatória.
Momento de consumação dos contratos
· A negociação, proposta e aceitação devem vir permeadas de boa-fé objetiva. Devem vir cumprindo a função social dos contratos.
· Os momentos de consumação dos contratos são:
· Entre presentes:
· As etapas não vêm bem nítidas, pois a resposta é imediata.
· Consideramos que o momento de aceitação seria equivalente ao momento da proposta.
· Consideramos consumado os momentos de proposta e aceitação porque se confundem.
· Temos uma extensão do que seria os contratos entre presentes: telefone ou qualquer meio atual (eletrônico), que permita resposta imediata.
1- Obs.: o e-mail é resposta imediata? Depende. Ele ainda não é considerado contrato entre presentes, pois a pessoa espera, mas se a resposta for imediata, pode ser (isso cabe ao WhatsApp também).
2- Ex. de contrato entre presentes: Imo, Skype...
· Entre ausentes:
· É o mais controverso, pois o problema quanto à resposta, em relação ao prazo, é conturbado).
· Teorias:
1-Teoria da cognição/informação:
· Defendida pelo Carlos Roberto Gonçalves, Maria Helena Diniz e Venoza;
· Nós esperaríamos que a pessoa recebesse a proposta para passar a computar o prazo.
· Aqui não há dúvida, pois a pessoa dirá na hora se quer ou não.
2-Teoria da agnição/aceitação:
· Declaração, expedição, recepção;
· O Código Civil adota essa teoria. Para ele, o momento oportuno da contratação é desde o momento da expedição da proposta;
· Não precisa esperar chegar ao conhecimento da pessoa a proposta para que se passe a computar o prazo;
· Ex.: se eu solicitar um orçamento pelo e-mail, me respondem, e eu tenho 5 dias para responder se aceito ou não, o momento de computação do prazo seria o da proposta, já que não tenho como saber quando a pessoa receberá a mesma [proposta].
· Mesma coisa se aplica às cartas registradas, sedex 10 etc., que podem estar suscetíveis aos imprevistos.
· Art. 427 – A proposta do contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
· Só não vincula se:
· O contrário não resultar dos termos dela (Ex.: o próprio contrato diz que não vincula);
· Natureza do negócio (Ex.: “Só enquanto durar os estoques – contrato relâmpago”);
· Circunstâncias do caso (Ex.: se tínhamos estipulado todas as normas e, no momento da aceitação, a proposta não contempla o acordado).
OBS: Nos contratos entre presentes, já esperamos a resposta imediata. São raros os casos que nós esperaremos para receber as respostas. É por isso que existe o Art. 428.
· Art. 428 – Deixa de ser obrigatória a proposta:
· I - Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
· Perde a força porque a resposta deveria ser imediata.
· I - ...Considera-se, também, presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante.
· II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
· Nesse ponto, o CC não esclarece quem é ausente (ou seja, vai por dedução).
· E o prazo, qual seria o prazo razoável? O tempo suficiente pode ser horas, pode ser minutos, pode ser dias. Sabendo que o CC não deixa claro, a doutrina pede que adotemos o critério da razoabilidade. A análise deve ser caso a caso.
· O tempo suficiente pode ser postergado/flexibilizado por conta desse critério.
· III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
· Não considerou o tempo que tomaria o conhecimento, mas só o que demos para a pessoa responder.
· IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
· Essa hipótese diz respeito a uma retratação de quem enviou a proposta.
· A pessoa nos enviou a proposta e ela não especifica prazo;
· Antes de receber a proposta, ou junto da proposta já vem uma retratação (Ex.: “desconsidere o documento que lhe mandei anteriormente”).
· Art. 434 – Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto (aqui há uma clara percepção da teoria da agnição na modalidade da expedição):
· I – No caso do artigo antecedente.
· Art. 433 – considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
· II – Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta.
· III – Se ela não chegar no prazo convencionado.
· Lugar dos contratos:
· Art. 435 – Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
· Obs.: Contrato eletrônico.
1- Lei Modelo da UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law):
· Art. 15, § 4° - Uma declaração eletrônica se considerará expedida e recebida no lugar onde remetente e destinatário, respectivamente, tenham seu estabelecimento.
· O lugar será os dois ao mesmo tempo (o do remetente e destinatário).
· Contratos atípicos (especiais):
· Quando celebramos um contrato, as partes vinculadas são as contratantes (contratante, contratado e objeto);
· Por que esses contratos podem ser atípicos? Porque eles não vão dizer respeito às partes contratantes, mas a um terceiro que muitas vezes nem fez parte do nosso contrato (não tem vinculação, não opinou).
· A parte contratante pode vincular um terceiro para usufruir o contrato ou para o mesmo assumir obrigações.

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