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O B R A P R O D U Z I D A P O R A G R A R I S T A S D A U . B . A . U 
 
C O M I S S Ã O N A C I O N A L D A S M U L H E R E S A G R A R I S T A S D A U . B . A . U 
E M P R E E N D O R I S M O
 Liderança 
Networking
Inovação
Diversidade e Inclusão
Negócios
 
Agricultura Familiar
Crédito Rural
Questões Fundiárias
Reflexos Tributários no Agronegócio
Financiamento Rural
Sucessão Familiar
C O N H E C I M E N T O
Estratégia
Comunicação Empática
Agronegócio do Futuro
Inteligência de Mercado
Protagonismo Feminino
C O M P E T Ê N C I A
 
 
ORGANIZAÇÃO E EDITORIAL
 
 
 
Para maiores informações sobre a Comissão, patrocinar ou apoiar os projetos e
atividades das Mulheres Agraristas da U.B.A.U entre em contato com
secretaria.cnmau@gmail.com.
A presente coletânea é composta por artigos e matérias de autoria das
participantes da Comissão Nacional das Mulheres Agraristas da U.B.A.U,
publicados entre março de 2020 e março de 2022, nas redes sociais vinculadas à
CNMAU, cedidos voluntariamente por cada autora. 
É de responsabilidade exclusiva das autoras as informações constantes em seus
artigos, quanto às opiniões expressadas, autenticidade, veracidade das
informações, erros metodológicos, ortográficos e de formatação.
Para ter acesso às redes sociais da Comissão Nacional das Mulheres Agraristas da
U.B.A.U e sites parceiros confira abaixo ao clicar: 
 
 
Revista aEmpreendedora
Revista Destaque
Revista A Lavoura
 
Edição Especial de Coletânea de Publicações da
Comissão Nacional das Mulheres Agraristas da U.B.A.U
APRESENTAÇÃO
Heloísa Bagatin Cardoso Vanessa Alves dos Santos Ana Cristina Leinig de Almeida
Fabiana Ribeiro Pereira Laís de Quevedo Canez Sipmann
 Site Oficial da U.B.A.U. 
Facebook da U.B.A.U.
 Instagram da CNMAU
Jusbrasil da CNMAU
Linkedin da CNMAU
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
https://aempreendedora.com.br/
http://www.revistadestaque.com.br/
https://alavoura.com.br/
http://ubau.org.br/
http://ubau.org.br/
https://www.facebook.com/ubaubrasil/
https://www.instagram.com/cnmaubau/
https://cnmaubau.jusbrasil.com.br/
https://www.linkedin.com/company/cnmaubau/
Coletânea de Artigos & Matérias 
“A Voz Feminina no Agronegócio Brasileiro” 
 
 
 
 
 
1 
 
2022 by União Brasileira dos Agraristas Universitários 
 
Copyright da União Brasileira dos Agraristas Universitários. 
 
Coordenação da Obra: Heloísa Bagatin Cardoso, Vanessa Alves dos 
Santos, Ana Cristina Leinig de Almeida, Fabiano Ribeiro Pereira, 
Lais de Quevedo Canez Sipmann. 
 
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) 
 
 
 
Índice Para Catálogo Sistemático 
1. Direito Agrário – 347.243 (81) 
C268c Cardoso, Heloísa Bagatin; Santos Vanessa Alves dos; 
 Almeida, Ana Cristina Leinig de; Pereira, Fabiana Ribeiro; 
 Sipmann, Lais de Quevedo Canez (Coord.). 
 
 Coletânea de Artigos & Matérias: A Voz Feminina no 
 Agronegócio Brasileiro / Coordenadores Heloisa Bagatin 
 Cardoso; Vanessa Alves dos Santos; Ana Cristina Leinig de 
 Almeida; Fabiana Ribeiro Pereira; Lais de Quevedo Canez 
 Sipmann._____. Rio Grande do Sul: União Brasileira dos 
 Agraristas Universitários, 2022. 
217 p. 23 x 16 cm. 
 
ISBN: 978-65-997361-1-7 
 
Esta obra faz parte das ações estratégicas de extensão de 
conhecimento da União Brasileira dos Agraristas Universitários 
(UBAU), através da Comissão Nacional das Mulheres Agraristas. 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1. HOMENAGEM ÀS MULHERES 9 
2. APRESENTAÇÃO DA UBAU E CNMAU 13 
Valores 14 
Objetivos 15 
3. POR ANA CRISTINA LEINIG DE ALMEIDA 16 
3.1. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 
E SUCESSÓRIO 17 
3.2. SELO + INTEGRIDADE 19 
3.3. HERANÇA DIGITAL 21 
3.4. AUTOCONHECIMENTO E EMPATIA SÃO A 
CHAVE PARA CONVIVÊNCIA HARMÔNICA 24 
3.5. ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO 
SUCESSÓRIO. 28 
4. POR ANA LUÍSA S. CÂNDIDO ROSA 33 
4.1. OS EFEITOS DO CORONAVÍRUS PARA O 
AGRONEGÓCIO 34 
4.2. A IMPORTÂNCIA DO PRODUTOR RURAL 
NESSE CENÁRIO DE CRISE 35 
4.3. O QUE É CRÉDITO RURAL? 36 
5. POR ANNA PAULA CECHELLA 38 
5.1. O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) 
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 39 
 
 
 
 
3 
 
6. POR ANDREA OLIVEIRA 42 
6.1. REFLEXOS TRABALHISTAS DO COVID 19 NAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 43 
7. POR CARMEN FARIAS 49 
7.1. SEGURO RURAL E PSR 50 
8. POR CAROLINE FENSTERSEIFER MATTIONI 52 
8.1. (IN)SEGURANÇA JURÍDICA NO CAMPO 53 
9. POR CRISLEY SCAPINI 55 
9.1. UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE ESSE 
PERÍODO DESAFIADOR 56 
10. POR CRISTIANE MOREIRA ROSSONI 58 
10.1. AGRONEGÓCIO: DESBRAVANDO A VISÃO 
DISTORCIDA IMPOSTA AO SEGMENTO 59 
10.2. CADASTRO AMBIENTAL RURAL: ASPECTOS 
PRÁTICOS 60 
10.3. IMPRESSÃO EM 3D: A REVOLUÇÃO NO 
AGRONEGÓCIO 63 
11. POR CRISTIANE SANTOS 66 
11.1. PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO NÃO É EVASÃO 
FISCAL! 67 
12. POR DÉBORA MINUZZI 70 
12.1. GARANTIAS ANEXAS AO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO 71 
12.2. A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO PRODUTOR 72 
 
 
 
 
4 
 
13. POR ELIANE D. FORNARI 74 
13.1. A IMPORTÂNCIA DO MAPEAMENTO PERFIL 
COMPORTAMENTAL NA LIDERANÇA NO SETOR 
DO AGRONEGÓCIO 75 
14. POR EMANUELLE SERAFIN 77 
14.1. CONTRATOS AGRÁRIOS DO DIREITO À 
RETENÇÃO POR BENFEITORIAS 78 
15. POR GABRIELA BERTOLINI 80 
15.1. TODO IMÓVEL RURAL PRECISA DE ÁREA DE 
RESERVA LEGAL? 81 
16. POR GABRIELE BRAGHETO DE SOUZA 
NOGUEIRA 83 
16.1. A INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO PRODUTOR 
RURAL 84 
16.2. O LEGADO DAS MULHERES PARA O 
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 85 
17. POR HELOÍSA BAGATIN CARDOSO 88 
17.1. 10 DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO 
AGRONEGÓCIO 89 
17.2. BANCO GENÉTICO: O BANCO MAIS VALIOSO DO 
BRASIL 92 
17.3. IMPENHORABILIDADE DA PEQUENA 
PROPRIEDADE RURAL 95 
17.4. CRÉDITO RURAL INSTRUMENTO DE 
POLÍTICA AGRÍCOLA 97 
17.5. QUE NÃO NOS FALTE VINHO NESSA 
QUARENTENA 98 
 
 
 
 
5 
 
18. POR IRINI TSOUROUTSOGLOU 102 
18.1. FIAGRO 103 
19. POR JÉSSICA NOGUEIRA 105 
19.1. CARNE DE FRANGO HALAL – PRODUÇÃO 
BRASILEIRA EM ALTA 106 
19.2. A SECA SEVERA E A GEADA NO BRASIL 107 
20. POR JULIA BASTOS 110 
20.1. COMO RENEGOCIAR EM TEMPOS DE 
CORONAVÍRUS 111 
20.2. MP DO AGRO É SANCIONADA 112 
21. POR JULIA MACHADO 114 
21.1. COBRANÇA DE IPTU E ITR SOBRE TERRAS 
INVADIDAS: O REAL PROPRIETÁRIO É 
RESPONSÁVEL? 115 
21.2. A EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO 
PIS E DA COFINS E SEUS REFLEXOS NO 
AGRONEGÓCIO 116 
22. POR LAÍS DE QUEVEDO CANEZ SIPMANN 119 
22.1. DECLARAÇÃO DE APTIDÃO AO PRONAF: 
IMPORTÂNCIA E ESPECIFICIDADES 120 
22.2. BARTER: A PRODUÇÃO AGRÍCOLA COMO 
MOEDA DO PRODUTOR RURAL 121 
23. POR LARISSA BRIZOLA YARED 124 
23.1. AS VANTAGENS DO PLANEJAMENTO 
SUCESSÓRIO NO AGRONEGÓCIO 125 
 
 
 
 
6 
 
24. POR LILIANE CISOTTO 128 
24.1. ALGUMAS MEDIDAS TRIBUTÁRIAS PARA 
MITIGAR OS IMPACTOS DO COVID-19 129 
24.2. ASPECTOS ATUAIS SOBRE O 
PLANEJAMENTO PATRIMONIAL DO PRODUTOR 
RURAL 130 
24.3. CROWDFUNDING PARA O AGRO: Investimentos 
alternativos, sob contrato coletivo. 133 
25. POR MARCELA PITOMBO 136 
25.1. SAÍDA VERDE: POLÍTICA NACIONAL DE 
PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 137 
26. POR MARIANA MOTTA 140 
26.1. RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA DO CONTRATO DE 
ARRENDAMENTO: LIMITAÇÃO DA AUTONOMIA 
PRIVADA 141 
27. POR MARINALDA ARBIGAUS 143 
27.1. A IMPORTANCIA DAS SERVENTIAS 
EXTRAJUDICIAIS NA REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEIS 
RURAIS 144 
28. POR MIKAELI FONSÊCA DE SOUZA RUDENCO
 146 
28.1. A APOSENTADORIA DO TRABALHADOR RURAL E 
A DORMÊNCIA CAUSADA POR FALTA DE 
CONHECIMENTO. 147 
29. POR NAIRE REI 150 
29.1. USO DA MEDIAÇÃO OU ARBITRAGEM PARA 
DEFINIR VALORES INDENIZATÓRIOS NAS 
DESAPROPRIAÇÕES POR UTILIDADE PÚBLICA 151 
 
 
 
7 
 
29.2. VOCÊ SABE O QUE É USUCAPIÃO 
EXTRAJUDICIAL? 152 
29.3. RECOMPRA DE TERRAS PÚBLICAS - ESTADO DO 
PARÁ 153 
29.4. LOGÍSTICA REVERSA NA POLÍTICA NACIONAL 
DE RESÍDUOS SÓLIDOS: uma análise acerca das 
embalagens de agrotóxicos156 
 
30. POR PATRÍCIA CRISTINA CECATTO BARILI 159 
30.1. A AGRICULTURA E A PAZ SOCIAL 160 
31. POR PATRÍCIA JABLONSKI 165 
31.1. AUXÍLIO EMERGENCIAL PARA 
TRABALHADOR RURAL (SEGURADO ESPECIAL)
 166 
32. POR RAFAELA FRITZEN 168 
32.1. INCRA PRORROGA VENCIMENTO DE DÉBITO 
E SUSPENSE PRAZOS DE PROCESSOS 169 
32.2. TÍTULOS VERDES 170 
33. POR ROBERTA MELO 173 
33.1. AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 174 
34. POR SARAH LOPES 177 
34.1. PLANEJAMENTO E SUCESSÃO DA FAMÍLIA 
RURAL 178 
34.2. MEDIAÇÃO RURAL? OS BENEFÍCIOS DO USO DA 
MEDIAÇÃO NO AGRONEGÓCIO 180 
34.3. GOVERNANÇA FAMILIAR – A IMPORTÂNCIA 
DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 183 
 
 
 
8 
 
35. POR SHANA SERRÃO FENSTERSEIFER GULARTE
 188 
35.1. A RELEVÂNCIA DO SEGURO RURAL COMO 
INSTRUMENTO DE POLÍTICA AGRÍCOLA 189 
36. POR SIBELE VEREMZUK XAVIER 192 
36.1. GEORREFERENCIAMENTO 193 
36.2. AS PEQUENAS FRUTAS NOS CAMPOS DE 
CIMA DA SERRA GAÚCHA 195 
37. POR TATIANA LISBÔA 198 
37.1. A IMPORTÂNCIA DO PRONAF – PROGRAMA 
NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA 
FAMILIAR PARA PROMOÇÃO E AMPLIAÇÃO DA 
PARTICIPAÇÃO FEMININA NO CAMPO 199 
38. POR THAYRINE PRADO 202 
38.1. EDUCAÇÃO NO CAMPO 203 
39. POR THAMIRIS BOTT 206 
39.1. PRORROGAÇÃO DE CONTRATO BANCÁRIO 
RURAL 207 
39.2. COVID-19 E AS MEDIDAS EMERGENCIAIS 
AOS PEQUENOS PRODUTORES RURAIS 208 
39.3. CONTRATO DE SAFRA 209 
40. POR VANESSA ALVES DOS SANTOS 211 
40.1. A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO PRODUTOR 
RURAL 212 
 
 
 
 
 
9 
 
1. HOMENAGEM ÀS MULHERES 
 
O dia 08 de março é conhecido como o Dia 
Internacional da Mulher, a data foi oficializada pela ONU 
em 1975, a fim de celebrar as conquistas e avanços 
políticos e sociais das mulheres, bem como reivindicar 
melhorias nos problemas que ainda precisam ser 
superados. 
A Paridade de Gênero e políticas afirmativas fazem 
parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável 
aprovado pela ONU, em 2015. 
Foram estabelecidos 17 objetivos e 169 metas 
globais para erradicação da pobreza, promoção da 
prosperidade e paz mundial. O 5º objetivo de 
desenvolvimento sustentável (ODS – 5) é a igualdade de 
gênero, a fim de empoderar mulheres e meninas. 
Desta forma, a ONU Mulher lançou a campanha 
global “Planeta 50-50 em 2030”, a fim de estimular novas 
políticas, leis e planos de ação para fortalecer direitos 
relativos à igualdade de gênero. 
Você sabia que mais de 40% dos trabalhadores e 
pessoas envolvidas com o agro são mulheres? A maior 
parte das mulheres trabalha nas agroindústrias ou 
agrosserviços, mas também cresce a participação feminina 
nas atividades dentro da porteira, àquelas que são feitas 
nas propriedades rurais e fazendas. 
Elas estão estudando e se especializando a fundo, 
seja para assumir postos de trabalho em propriedades e 
empresas rurais familiares ou até mesmo em cargos de 
relevância em grandes empresas e multinacionais do agro. 
Ocupam com desenvoltura cargos políticos e 
institucionais no agronegócio, a exemplo da Ministra da 
 
 
 
10 
 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina ou 
da Presidente da Sociedade Rural Brasileira Teka 
Vendramini. E tantos outros exemplos femininos que 
podemos conferir na lista da Forbes sobre 100 mulheres 
poderosas do Agro. 
Vale destacar o trabalho pioneiro do Centro de 
Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da 
Esalq/USP, que elaborou uma pesquisa específica sobre 
mulheres no agronegócio, levantando uma série de dados 
interessantes acerca da participação feminina no setor. 
De acordo com a pesquisa, cerca de 40% dos 
trabalhadores no agronegócio são mulheres, existindo um 
crescimento da presença feminina neste segmento em 
8,3%, enquanto a participação masculina reduziu para 
11,6%, ou seja, cerca de 384.582 mulheres assumiram 
novos postos de trabalho relacionados ao agronegócio e, 
em contrapartida, ocorreu a saída de aproximadamente 
1,65 milhões de homens no setor do agro. 
O CEPEA apurou que a maior parte das mulheres 
atua nas agroindústrias (34,11%) ou nos agrosserviços 
(45,32%), e apenas 19,66% trabalham dentro da porteira, 
por consequência, isto tem relação com o fato de 80,94% 
das mulheres residirem na zona urbana – onde 
predominam os empregos agroindustriais e de serviços – 
e somente 19,06% morarem na zona rural. 
Nos últimos anos, observou-se um aumento do 
trabalho feminino com carteira assinada e também de 
mulheres que trabalham por conta própria. Além do mais, 
ocorreu um crescimento na qualificação formal das 
trabalhadoras rurais, existindo mais de 40% das mulheres 
com ensino médio, e com ensino superior o número saltou 
de 7,6% para 15%. Isto significa que as mulheres estão se 
qualificando mais no setor do agronegócio e conseguindo 
 
 
 
11 
 
ocupar mais postos de trabalho que não dependem 
necessariamente da força física, ainda mais com o avanço 
da tecnologia no campo. 
Quanto aos cargos de decisão e gestão no 
agronegócio, apesar de uma melhora nos números da 
participação feminina ao longo dos anos, a pesquisa 
apontou que ainda há grande desigualdade em relação aos 
homens, pois só 15,31% das mulheres administram 
propriedades agropecuárias. E, aproximadamente, 33,63% 
dos cargos de dirigentes e gerentes em agroindústrias são 
destinados para mulheres e 35,11% em agrosserviços. 
Deste modo, continua sendo um desafio no Brasil a 
equiparação salarial e a igualdade de oportunidades para 
as mulheres exercerem cargos de comando também no 
agronegócio. 
Da análise do conjunto de dados da pesquisa, foi 
possível traçar um perfil predominante das mulheres que 
trabalham atualmente no agronegócio: tem mais de 30 
anos, possuem ensino médio ou superior completo, 
residem na área urbana, atuam na agroindústria ou 
agrosserviços, com carteira assinada ou de forma 
autônoma. 
Por outro lado, foram identificadas as características 
das mulheres com maior fragilidade econômica e que 
necessitam de apoio e proteção do Estado: são àquelas que 
tem mais de 30 anos, todavia não possuem estudo e nem 
vínculo empregatício formalizado, bem como residem na 
área rural, onde o acesso é mais difícil à infraestrutura 
estatal. 
Os dados coletados são importantes para que o 
Poder Público implemente direitos e garantias às 
mulheres, a fim de minimizar as desigualdades e 
 
 
 
12 
 
dificuldades que enfrentam no dia a dia, principalmente, 
no âmbito do mercado de trabalho. 
E para garantir que as normas legais sejam 
cumpridas, sabe-se que o Brasil é um dos países com mais 
advogados no mundo! São mais de 1.500 cursos de direito 
espalhados pelo território nacional e existem cerca de 1,2 
milhão de profissionais da área jurídica. E, segundo o 
último Censo de Educação Superior do MEC, as mulheres 
já formam a maioria dos ingressos em cursos superiores, 
com destaque, para o direito. 
Alinhada com a iniciativa global, a advogada e 
conselheira Valentina Jungmann (OAB-GO) propôs 
projeto para paridade de gênero nas eleições da OAB, em 
dezembro de 2020, sendo publicada a Resolução nº 
05/2020, em 14 de abril de 2021. 
Assim, não é difícil concluir que num futuro breve 
as mulheres serão a maioria tanto no agronegócio quanto 
no direito, sendo que as agraristas contribuirão de forma 
significativa para a formação e evolução do estudo do 
direito agrário e na defesa do agronegócio. 
Ciente desta tendência, a União Brasileira dos 
Agraristas Universitários (UBAU) instituiu a Comissão 
Nacional das Mulheres Agraristas da UBAU (CNMAU) 
para agregar mulheres da área jurídica e demais 
interessadas que se dedicam ao direito agrário e ao setor 
do agronegócio, a fim de disseminar os direitos e garantias 
das produtoras rurais e, conforme o lema da CNMAU, 
fortalecer “A voz feminina no agronegócio”! 
 
Por Heloísa Bagatin Cardoso 
Coordenadora Geral 
da União Brasileira dos Agraristas Universitários 
UBAU 
 
 
 
13 
 
2. APRESENTAÇÃO DA UBAU E CNMAU 
 
A União Brasileirados Agraristas Universitários – 
UBAU foi fundada para congregar os agraristas gaúchos e 
brasileiros de outros Estados da Federação. A UBAU é 
uma entidade similar à UMAU – União Mundial dos 
Agraristas Universitários, com sede em Pisa, na Itália. 
De acordo com o seu Estatuto Social, a UBAU é uma 
entidade associativa civil, sem fins lucrativos, com 
duração por tempo indeterminado, organização não-
governamental, com sede administrativa e legal no 
Município de Porto Alegre-RS. 
A UBAU tem como objetivos sociais associar e 
congregar os agraristas brasileiros e aprofundar os estudos 
relativamente ao Direito Agrário, Ambiental e aos temas 
relativos ao agronegócio empresarial e familiar. 
Em reunião extraordinária realizada em 30/10/2019, 
a Diretoria da União Brasileira dos Agraristas 
Universitários (UBAU) aprovou a criação da Comissão 
Nacional das Mulheres Agraristas da UBAU (CNMAU), 
para congregar mulheres agraristas de todos os Estados da 
Federação. 
De acordo com o Estatuto Social a UBAU é uma 
entidade associativa civil, sem fins lucrativos, com 
duração por tempo indeterminado, sendo uma organização 
não-governamental, com sede administrativa e legal no 
município de Porto Alegre-RS. 
A CNMAU pretende unir as mulheres da UBAU, 
para que aprofundem o estudo do Direito Agrário, o 
Agrarismo e áreas correlatas, bem como incentivem e 
defendam a participação feminina no setor do 
agronegócio. Assim, a nossa missão pode ser resumida na 
 
 
 
14 
 
seguinte frase: “Fortalecer o agrarismo no Brasil, com a 
força e união das mulheres”. 
Deste modo, a CNMAU visa o reconhecimento 
nacional e internacional na defesa e promoção dos direitos 
da mulher atuante no agronegócio através do estudo e 
difusão do Direito Agrário, Agrarismo e matérias afins. 
Assim, a CNMAU possui por lema ser “A voz 
feminina no agronegócio”. 
 
Valores 
 
A CNMAU possui os seguintes valores que devem 
ser observados pelas associadas: 
 
 Competência: conhecimento das normas legais 
que regem o Direito Agrário e suas vertentes. 
 Dinamismo: atuação em todo território brasileiro, 
respeitando suas regionalidades. 
 Comprometimento: conhecer os problemas do 
agronegócio e criar soluções jurídicas eficientes aos 
seus problemas; 
 Paixão: defender com afinco o agrarismo e a 
mulher envolvida no setor; 
 Valorização da mulher: ressaltar através de ações 
a função e perspectiva feminina sobre o agronegócio 
brasileiro; 
 Comunicação e transparência: divulgar a toda 
sociedade a existência, planejamento e ações da 
comissão. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Objetivos 
 
Destacam-se os seguintes objetivos a serem 
desenvolvidos pela CNMAU: 
 
 Organizar estudos, eventos, congressos, 
seminários e debates, incentivando a difusão do Direito 
Agrário e do agrarismo nas unidades federativas do Brasil 
e exterior que prestigiem a participação e perspectiva 
feminina; 
 Estimular o desenvolvimento de informações no 
que se refere ao Direito Agrário e áreas correlatas ao 
Agronegócio; 
 Apoiar o desenvolvimento científico e de inovação 
tecnológica e biotecnológica na área do Agronegócio; 
 Defender os interesses do produtor e da produtora 
rural, garantindo a divulgação de seus direitos e garantias; 
 Propugnar pela introdução no currículo acadêmico 
da disciplina de Direito Agrário e áreas relacionadas ao 
agronegócio nas Instituições de Ensino Superior e criação 
de cursos de pós-graduação; 
 Promover a participação de mulheres agraristas de 
forma ativa, encaminhando às autoridades 
governamentais e demais entidades competentes estudos e 
sugestões para o fortalecimento do Direito Agrário e das 
políticas públicas de incentivo ao agronegócio; 
 Incentivar a participação de mulheres agraristas 
em campanhas de mobilização da sociedade visando 
divulgar as atividades da UBAU; 
 Manter intercâmbio de caráter cultural e 
informativo com outras associações e entidades afins no 
Brasil e Exterior, promovendo, quando for o caso, 
atividades conjuntas. 
 
 
 
16 
 
3. POR ANA CRISTINA LEINIG DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Advogada familiarista e agrarista. Graduada em Direito na 
Faculdade de Direito de Curitiba. Pós-graduada em direito 
Civil e Empresarial pela PUC-PR. Cursando pós-
graduação em Direito de Família e Sucessões pelo 
EBRADI. Sócia-fundadora da Kohl & Leinig Advogados 
Associados, com sede em Palmas/PR e atuação em todo o 
Brasil. Coordenadora da Escola de Agraristas. Associada 
do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família). 
Integrante da CNMAU (Comissão Nacional das Mulheres 
Agraristas da UBAU). Integrante da CMA (Comissão da 
Mulher Advogada) da OAB - subseção de Palmas/PR. 
Integrante da CDAA (Comissão de Direito Agrário e do 
Agronegócio) da OAB Estadual PR e da OAB - subseção 
de Palmas/PR. Colunista das revistas aEmpreendedora e 
Destaque. 
 
 
 
17 
 
3.1. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO 
FAMILIAR E SUCESSÓRIO 
 
A lei prevê a destinação automática dos bens do 
falecido, o que chamamos de princípio de Saisine, art. 
1784 do Código de Processo Civil. Creio que seja por esse 
motivo que muitas vezes não se pensa em planejamento 
sucessório no Brasil. 
Mas porque fazer um planejamento sucessório? 
No nosso país vemos uma cultura de não 
planejamento familiar e sucessório. As pessoas, em geral, 
não se planejam, e os problemas advindos disso podem 
gerar brigas familiares, altos impostos e multas que não 
estavam previstas. Aí é que percebemos a importância do 
planejamento, com ele, esses problemas podem ser 
evitados ou minimizados. 
Acontece muito de famílias com um patrimônio 
enorme não conseguirem custear as taxas, honorários e 
impostos. Apesar de possuírem muitos bens, estão 
imobilizados, como é o caso dos produtores rurais, que 
muitas vezes têm uma quantidade grande de terras, com 
alto valor, porém, o patrimônio está imobilizado. 
Outro problema é a continuidade dos negócios 
desenvolvidos. Pois assim como há famílias que possuem 
pessoas capacitadas e que já trabalham junto à propriedade 
rural. Há herdeiros que foram para grandes centros estudar 
e não têm interesse em assumir a atividade desenvolvida e 
tampouco possuem conhecimento técnico para dar 
continuidade a tudo o que foi construído. Tal situação 
pode colocar em risco a continuidade do empreendimento. 
Para que sejam evitados todos esses dissabores é que 
precisamos pensar em planejamento sucessório. Para que 
 
 
 
18 
 
seu legado seja transmitido e respeitado. O legado é 
entendido como a vontade do proprietário do patrimônio, 
em conferir tal bem específico a tal herdeiro, seja ele 
necessário (art. 1.845, CC ascendentes, descendentes e 
cônjuge) ou seja ele um terceiro sem laço consanguíneo. 
Este herdeiro seria um herdeiro legatário. 
Como anteriormente dito, há um enorme tabu em 
torno deste assunto. Ele vem sendo desconstruído, mas 
ainda existe. O brasileiro não é preparado para falar da 
morte, para pensar na morte. 
Um dado interessante que devemos trazer para 
demonstrar essa quebra do tabu é que, nesta pandemia o 
número de testamentos públicos realizados em cartório 
aumentou em 134%. 
Isso demonstra que com as incertezas trazidas pela 
pandemia fizeram com que as pessoas tenham uma outra 
visão acerca do planejamento sucessório. 
Pois bem, há inúmeras formas de planejamento 
sucessório, vou citar as mais usuais: 
1- testamento, 
2- constituição de sociedade empresária (seriam por 
exemplo as famosas holdings); 
3- doação, através do adiantamento de legítima (art. 
544, CC) com reserva de usufruto (o que se assemelha ao 
pacta corvina – mas este não é permitido no ordenamento 
jurídico); 
4-investimentos (PGBL e VGBL). 
A intenção nestes casos é o proprietário ter a 
liberalidade de dispor de seu patrimônio, pois no caso da 
realização do inventário da forma legal, a totalidade dosbens ficará para os herdeiros. Muito se discute a respeito 
da legítima (50% necessariamente destinados aos 
herdeiros necessários, art. 1.845, já citado), de sua 
 
 
 
19 
 
flexibilização ou até mesmo redução, porém, atualmente 
ela tem que ser respeitada e é 50% dos bens. 
Há outras maneiras de se realizar o planejamento 
sucessório, mas as mais utilizadas são as já citadas. A 
reflexão que deixo é a de que o brasileiro deve pensar mais 
no planejamento da sua sucessão. Não como uma morte 
antecipada - temos que superar esse pensamento - mas 
como uma maneira de que seu legado tenha continuidade 
e sua vontade seja respeitada. Além do que há uma 
previsibilidade de gastos e de que serão evitados muitos 
problemas futuros. 
 
Publicado em 21 de fevereiro de 2022 
 
 
3.2. SELO + INTEGRIDADE 
 
Primeiramente precisamos entender o que é 
compliance. A palavra compliance deriva do termo 
anglo-saxônico to comply e significa cumprir, 
obedecer, estar de acordo. No Brasil, o compliance 
está sendo ainda ligado à palavra INTEGRIDADE. 
Do ponto de vista empresarial significa ter um 
conjunto de medidas e políticas com o objetivo de: 
1. cumprir regras externas a que estejam sujeitas; 2. 
observar normas internas por parte de seus agentes, 
com o objetivo de trazer ética e integridade à 
empresa; e, 3. adequar-se a padrões éticos por ela 
estipulados ou exigidos pelo mercado onde atuam. 
No agronegócio e no mercado em geral cada 
vez mais surgem normas de atuação e certificações 
empresariais especialmente no que se referem a 
 
 
 
20 
 
atitudes anticorrupção, de preservação do meio 
ambiente, e de desburocratização. 
O programa de integridade Agro+ do MAPA 
surgiu em decorrência da assinatura de diversos 
acordos internacionais anticorrupção, inclusive a 
partir da Lei Anticorrupção brasileira, e tem como 
intuito de trazer mais integridade ao Ministério da 
Agricultora, promover mudanças para se evitar a 
corrupção, e desburocratizar e dar maior 
sustentabilidade aos procedimentos. 
A partir do programa Agro+ percebeu-se a 
necessidade de que as empresas ligadas ao MAPA 
também tivessem políticas de 
compliance/integridade, surgiu então o SELO 
AGRO+. 
O intuito é de incentivar a adesão a essa 
mudança cultural ao premiar empresas e 
cooperativas do agronegócio que desenvolvam 
práticas de integridade, responsabilidade social e 
sustentabilidade. 
Com regulamento próprio editado pelo MAPA 
o programa destaca-se por prever diversas medidas 
de compliance que vão ao encontro da criação da 
cultura ética e de respeitos às normas legais pelas 
empresas e cooperativas do agronegócio. O 
programa possui enfoque no combate à corrupção, 
mudança nas questões trabalhistas e de 
sustentabilidade. 
 
Publicado em 09 de março de 2021 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3.3. HERANÇA DIGITAL 
 
Herança digital é algo que está muito em voga 
nos dias atuais, e tem dividido opiniões acerca de sua 
transmissão aos herdeiros. 
A herança digital é o conjunto dos seus bens 
digitais. Como exemplo podemos citar seus e-mails, 
suas redes sociais, Instagram, canal no YouTube, 
seus arquivos no seu computador, fotos, livros 
digitais, arquivos na nuvem, enfim, tudo que é 
digital. 
E por que se fala tanto em herança digital e 
como se dará sua transmissão aos seus herdeiros? 
Porque atualmente são inúmeros os perfis que 
são utilizados como forma de trabalho e possuem 
retorno pecuniário ao usuário, são os chamados 
digital influencers. Eles são influenciadores do 
mercado, o que significa que sua opinião é levada em 
consideração por um grande número de pessoas. E a 
consequência disso são as parcerias e contratos para 
divulgação de produtos em seus perfis com 
contrapartida financeira. Sem contar os canais no 
YouTube que conforme o número de visualizações e 
número de seguidores, a plataforma oferece 
pagamento diário para essa produção de conteúdo. 
Há perfis que geram milhões por dia. 
Os cursos oferecidos através de plataformas 
como a Hotmart, também são parte da herança digital 
que teria um retorno financeiro. 
Por conta desse valor pecuniário vultoso gerado 
por estes perfis é que se começou a discutir acerca 
 
 
 
22 
 
da transmissão desse conteúdo digital quando do 
falecimento de seu titular. 
Não podemos esquecer também dos demais 
arquivos digitais que não necessariamente possuem 
um retorno financeiro: e-mails, fotos, arquivos no 
dropbox, no icloud, arquivos em seu computador, 
livros digitais. Como mensurar quanto valem esses 
documentos? 
E o tratamento desses bens, perfis e 
documentos digitais, no que tange à sucessão, tem 
dividido opiniões tanto na doutrina quanto na 
jurisprudência (entendimentos dos tribunais). 
Há um entendimento de que a transmissão da 
herança digital é automática e serão utilizadas as 
legislações já existentes em nosso ordenamento 
jurídico sobre sucessão. Sem haver a necessidade de 
elaboração de leis específicas para se tratar do 
instituto. 
Aqui é interessante trazermos como se dá a 
transmissão dos bens físicos. Segundo o art. 1.784 do 
Código Civil com a morte, abre-se a sucessão e os 
bens são transmitidos diretamente aos herdeiros 
necessários e testamentários, é o que chamamos de 
Princípio de Saisine. Em não havendo disposição de 
última vontade* do de cujus (falecido), os bens serão 
transmitidos igualmente aos herdeiros necessários 
(art. 1.845, CC: são herdeiros necessários os 
descendentes, os ascendentes e o cônjuge). Deve-se 
ater ainda à ordem de vocação hereditária disposta 
no art. 1.829 do Código Civil. 
O problema que surge aqui é: como mensurar 
cada perfil nas redes sociais, como atribuir um valor 
pecuniário aos bens digitais? Sem saber qual é esse 
 
 
 
23 
 
valor, como conseguiríamos dividir igualmente aos 
herdeiros conforme determina a legislação vigente? 
Para que possamos nos utilizar da legislação já 
existente, uma alternativa que vejo seria a utilização 
de quinhões específicos e assemelhados a serem 
divididos entre os herdeiros. 
Mas entendo que é muito difícil transformar a 
herança digital em pecúnia, o que dificulta também a 
elaboração de quinhões específicos. Por isso também 
a dificuldade de utilizar a legislação vigente. 
 
Outro entendimento, que é o que me filio, é o 
que entende que para que haja a transmissão da 
herança digital aos herdeiros, deve haver uma 
disposição de última vontade. Essa disposição de 
última vontade seria livre de formalidades. Basta que 
o titular da herança forneça a senha de seu 
computador, de suas redes sociais, de seu e-mail ou 
dropbox a um herdeiro. Essa expressão da vontade 
poderia ser escrita até em uma folha de papel. 
Entendo que deve haver uma discussão mais 
profunda para que legislações específicas 
regulamentem a herança digital. Há muitas questões 
novas, questões que à época da promulgação do 
Código Civil, sequer existiam. Há que se estudar os 
conceitos, e o tratamento a ser adotado com os bens 
digitais. 
Até que se avance no estudo da herança digital, 
o conselho que dou é o seguinte: se você tem a 
vontade que seus bens digitais sejam transmitidos 
aos seus herdeiros, deve expressar em vida essa 
vontade. 
Publicado em 09 de julho de 2021. 
 
 
 
24 
 
 
3.4. AUTOCONHECIMENTO E EMPATIA SÃO 
A CHAVE PARA CONVIVÊNCIA HARMÔNICA 
 
O desenvolvimento de certas capacidades 
humanas propicia um relacionamento interpessoal 
mais pacífico. 
Autoconhecimento e empatia são duas 
qualidades importantes para termos relacionamentos 
em harmonia. Devemos buscar desenvolver essas 
capacidades. 
A pandemia me fez refletir muito sobre a 
humanidade e sobre a minha vivência aqui na Terra. 
Nos últimos dias cheguei à conclusão do que, para 
mim, seria o segredo para uma convivência em 
harmonia, e cheguei a seguinte frase: 
Autoconhecimento e empatia são a chave para uma 
convivênciaem harmonia. 
No meu trabalho me deparo diariamente com 
clientes e famílias inteiras que estão em total 
desarmonia, por não terem um entendimento de que 
muito poderia ser evitado se não agissem tão 
impulsivamente, se estivessem no controle de suas 
emoções e ações. 
Tudo seria mais fácil se houvesse 
autoconhecimento e se praticassem a empatia. Ao 
desenvolver essas capacidades, a convivência seria 
mais tranquila. O que percebo é que as pessoas 
apenas agem, agem conforme seus familiares sempre 
agiram, ou mesmo apenas reagem, sem pensar nas 
consequências de suas palavras e ações. 
 
 
 
25 
 
Uma palavra pronunciada pode causar danos 
emocionais maiores que uma agressão física. 
Sempre procuro analisar o cliente como um 
todo, não apenas reduzido ao seu problema jurídico. 
Minha atuação é também em direito das famílias e 
sucessões, e por isso, me deparo com muitos 
problemas que vão muito além do âmbito jurídico. 
Vejo o cliente através de uma visão sistêmica, 
atentando-me sempre ao problema jurídico, mas 
também, e principalmente ao todo, aos 
acontecimentos que o geraram ou às consequências 
de relações desarmônicas. 
Nesse sentido somos um pouco psicólogas 
também. E percebo o quão carente o ser humano é 
por atenção, por ter alguém que ouça seus problemas, 
mas os ouça com atenção, e, ao final, dê uma palavra 
de conforto, uma palavra de alento, ou apenas 
demonstre estar ali prestando atenção em suas 
palavras. 
Sinto que podemos com nosso trabalho mudar 
vidas. Se depender de mim, o cliente sempre sairá 
melhor do meu escritório que quando entrou. 
Parei para pensar o porquê de os 
relacionamentos interpessoais serem tão difíceis. Por 
relacionamentos interpessoais me refiro a todo e 
qualquer tipo de relacionamento, sejam eles entre 
familiares, entre colegas, amigos, enfim, 
relacionamento com pessoas. 
Tenho certeza que você já teve 
desentendimentos ao menos uma vez na vida, senão, 
muitas. 
Nós somos seres complexos, temos corpo, alma 
e mente. Temos medos, defeitos, frustrações, vícios, 
 
 
 
26 
 
hábitos que carregamos conosco e experiências de 
vida. 
Cheguei à conclusão de que a chave para termos 
uma convivência em harmonia com as pessoas ao 
nosso redor é desenvolver o autoconhecimento e a 
empatia. 
É primordial conhecermos a nós mesmos, é 
preciso autoconhecimento. As situações que 
vivenciamos nos geram sentimentos, que geram 
pensamentos e, consequentemente, geram ações. E 
através do autoconhecimento passamos a ser mais 
equilibrados, agimos com maior lucidez, e a 
convivência com o outro passa a ser mais tranquila. 
Nossas atitudes e palavras têm consequências. 
Para toda a ação corresponde uma reação. O que 
dizemos e fazemos, muitas vezes, diz mais sobre o 
que estamos sentindo - nossas frustrações, nossos 
medos, nossos pré conceitos, nossas experiências de 
vida - do que o que realmente está acontecendo. 
Muitas vezes é necessário colocar-se na 
posição como um terceiro observando a situação. 
Mas é fácil falar, o difícil é fazer na prática, em meio 
a uma situação de crise. 
Porém, como sempre digo, tudo nesta vida é 
treino. Precisamos nos entender e estudar a nós 
mesmos, mas temos que testar, experenciar, viver na 
prática para a total compreensão e o aprendizado. No 
campo das ideias é tudo perfeito, mas na vida real as 
coisas são mais difíceis e imprevisíveis. 
Quanto mais treinamos nosso cérebro a 
controlar nossas emoções e sentimentos, mais a 
convivência com os demais seres fica harmoniosa. 
 
 
 
27 
 
Muitas vezes exageramos na dose, mas no calor 
da emoção não percebemos, só entendemos que 
nossa reação foi exagerada depois que a poeira 
baixar, quando conseguimos analisar de fora a 
situação. 
O que entendemos a respeito do que o outro diz 
em uma conversa, é cheio de interferências, nossa 
interpretação é carregada de nossos registros 
anteriores, de nossas vivências, nossos problemas 
conosco mesmos. 
Por isso a importância de nos conhecermos, 
resolvermos nossos problemas pessoais, e, ao sentir, 
não tenhamos a reação automática que sempre 
tivemos, possamos pensar antes de agir e falar. 
O autoconhecimento é fundamental para 
conviver em paz com os demais seres humanos. 
Podemos nos conhecer de diversas maneiras: 
sessões de terapia com psicólogos e psicoterapeutas, 
meditação, Yôga, cursos, enfim, você escolherá o 
que mais te agrada. Mas o importante é buscar o 
autoconhecimento. 
Além disso precisamos ter empatia. Ao nos 
relacionarmos com o outro, devemos nos colocar no 
lugar dele, mas de forma efetiva, sem preconceitos, 
sem interferências. Ao entender o que o outro pensa 
e sente, temos como avaliar a sua reação, e suas 
palavras. 
Ao entender as palavras e ações do outro, ainda 
que talvez não tivéssemos a mesma atitude e 
comportamento - afinal estamos trabalhando o nosso 
autoconhecimento - não vamos simplesmente reagir 
a uma ação do outro. E evitamos a desarmonia. 
 
 
 
28 
 
Colocar-se no lugar do outro é tarefa árdua, e 
somente com sensibilidade e experiência é que 
conseguimos fazê-lo. 
Muito se fala em sermos mais humanos, 
atendermos nosso cliente de forma mais humanizada. 
Isso significa que devemos estar atentos aos 
detalhes, à expressão do outro, aos gestos e palavras, 
olhar nos olhos do outro. E para realizar esse cuidado 
mais humanizado nas relações, ter empatia é 
imprescindível. 
Por isso o grande segredo para uma convivência 
em harmonia é: trabalhar seus problemas pessoais, 
através do autoconhecimento e se colocar no lugar 
do outro, praticando a empatia. 
“Autoconhecimento e empatia são a chave para 
uma convivência em harmonia” (Ana Cristina Leinig 
de Almeida) 
 
Publicado em 11 de agosto de 2021. 
 
 
3.5. ASPECTOS RELEVANTES DO DIREITO 
SUCESSÓRIO. 
 
A sucessão é um instituto do Direito que trata 
da transferência, total ou parcial de herança, por 
morte de alguém, a um ou mais herdeiros. 
O art. 1784, do Código Civil, nos traz um dos 
princípios do Direito sucessório que é o Princípio de 
“saisine” Aberta a sucessão, a herança transmite-se, 
desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. 
 
 
 
29 
 
Pelo princípio de saisine, assim que a pessoa 
falece o patrimônio se transfere aos herdeiros 
legítimos e/ou aos herdeiros contidos no testamento 
(testamentários). Por este princípio os herdeiros têm 
o direito de posse. Para que os bens não fiquem sem 
dono. 
Porém, para que a propriedade dos imóveis seja 
passada aos herdeiros, o inventário deve ser 
realizado. Mais para frente veremos como isso será 
feito. 
Antes temos que saber que os herdeiros 
legítimos são aqueles previstos no art. 1829, do 
Código Civil, que nos traz também a ordem da 
vocação hereditária: 
A sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o 
falecido no regime da comunhão universal, ou no da 
separação obrigatória de bens (cujas hipóteses são 
estabelecidas pelo art. 1.641); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em linha reta (avós, 
bisavós, trisavós), em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
Caso você não saiba qual o regime de bens 
adotados na constância do casamento/união estável, 
deve procurar sua certidão de casamento, lá terá 
descrito qual foi o regime escolhido. Mas, nesse caso 
é muito provável que o regime seja o de comunhão 
parcial de bens. Porque digo isso? Se não houve a 
 
 
 
30 
 
opção por outro regime, através do pacto 
antenupcial, este é o regime legal desde 26/12/1977, 
quando promulgada a lei do divórcio (Lei 
n.6.515/1977). O regime legal aplica-se tanto ao 
casamento quanto à união estável. 
Informação importante a ser trazida é o temade 
repercussão geral, 809 do STF, que fez a equiparação 
do casamento à união estável com relação ao art. 
1.829. O tema fixou a seguinte tese: É 
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios 
entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 
do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas 
hipóteses de casamento quanto nas de união estável, 
o regime do art. 1.829 do CC/2002. 
Portanto, onde se lê cônjuge no art. 1829, leia-
se também companheiro/a. 
Quais são os tipos de inventário quando não há 
qualquer planejamento anterior? 
Temos o inventário Judicial e o inventário 
extrajudicial. Através deste instrumento serão 
apuradas as dívidas do falecido, bens a serem 
partilhados, e como se dará a partilha. 
O inventário Extrajudicial, aquele realizado em 
cartório, possui alguns requisitos para que seja 
realizado: 1) todos os herdeiros devem estar de 
acordo; 2) não pode haver menores envolvidos; 3) 
não pode haver testamento (faz-se a ressalva de que 
alguns Estados admitem a abertura e homologação 
do testamento em juízo, e o restante do inventário 
poderá ser realizado extrajudicialmente). 
Portanto, presentes os requisitos, o inventário 
poderá ser feito em Cartório (Tabelionato de Notas). 
Cabe aqui mencionar que o inventário extrajudicial 
 
 
 
31 
 
possui grandes vantagens, é muito mais célere, e com 
menos custos aos herdeiros, além de permitir que em 
pouco tempo se dê continuidade às atividades no 
imóvel rural, por exemplo. Mas ainda que estejam 
presentes os requisitos para realizá-lo em cartório, 
poderá ser realizado em juízo. 
Os atos extrajudiciais são uma opção mais 
célere, barata e com segurança jurídica conferida 
pela fé pública dos notários e registradores. Frisando 
que sempre deve ser realizado com a orientação de 
um advogado com experiência em questões 
extrajudiciais. 
Já o inventário judicial, é um modo muito mais 
desgastante, mais demorado, há inventários que 
chegam a durar 15, 20 anos. Não há como calcular os 
prejuízos para os herdeiros terem os bens 
indisponíveis (não podem ser transferidos a 
terceiros) por tanto tempo. 
Há um desgaste emocional muito grande, brigas 
familiares, que se arrastam muitas vezes por 
gerações. E ao final, corre-se o risco do magistrado 
apenas dividir a propriedade em frações ideais, 
ficando todos os herdeiros em condomínio. Portanto, 
não é efetivamente realizada a partilha. 
Aqui o advogado tem um papel relevante, pois 
ele pode propor alternativas para solucionar o 
problema com a composição de quinhões 
específicos, por exemplo, especificando os bens que 
compõem cada quinhão. E se mesmo assim os 
herdeiros não acordarem, o juiz pode definir a 
partilha por sorteio, conforme art. 817 do Código 
Civil: 
 
 
 
32 
 
O sorteio para dirimir questões ou dividir 
coisas comuns considera-se sistema de partilha ou 
processo de transação, conforme o caso. 
Neste processo, seja nas serventias 
extrajudiciais ou no Fórum, serão apresentados todos 
os bens do falecido e todas as dívidas. Logo após 
serão quitadas as dívidas, até o montante do 
patrimônio do falecido e, após, serão partilhados os 
bens restantes aos herdeiros. 
 Este é o caminho para quem não faz um 
planejamento sucessório. 
A lei já prevê a destinação automática dos bens 
do falecido. É por isso que muitas vezes, no Brasil, 
não se pensa em planejamento sucessório. Além da 
morte em nosso país ainda ser um tabu. 
No Brasil vemos uma cultura de não 
planejamento familiar e sucessório. As pessoas, em 
geral, não se planejam, e os problemas advindos 
disso podem gerar brigas familiares e altos impostos 
e multas que não estavam no planejamento. Em 
geral, os gastos com o inventário giram em torno de 
10 a 15% de todo o patrimônio. 
Em outro texto traremos as formas possíveis 
para se realizar o planejamento sucessório. 
 
Publicado em julho/agosto de 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
4. POR ANA LUÍSA S. CÂNDIDO ROSA 
 
 
 
 
 
 
Advogada (OAB/GO 41.402); pós graduada em Direito do 
Trabalho (CESUC/GO); pós graduada em Direito Agrário 
(PROORDEM /GO); pesquisadora da temática que 
envolve o Agronegócio e a Indústria da Moda e da 
Cosmética; sócia proprietária do escritório Cândido, 
Oliveira e Dourado Sociedade de Advogados; associada à 
União Brasileira dos Agraristas Universitários (UBAU) e 
à Comissão Nacional das Mulheres Agraristas da UBAU 
(CNMAU); produtora rural integrante do grupo Mulheres 
do Agro de Catalão e Região (GO). 
 
 
 
 
 
 
34 
 
4.1. OS EFEITOS DO CORONAVÍRUS PARA O 
AGRONEGÓCIO 
 
“Como sabido, nos últimos dias o Brasil tem 
enfrentando um risco iminente de um surto do novo 
coronavírus (COVID-19), neste cenário, a maioria 
das informações relatam sobre os efeitos dessa 
epidemia para a economia de maneira geral, mas, e o 
setor agropecuário especificamente, como fica diante 
dessa situação? 
Pois bem. Há duas principais considerações que 
precisam ser pontuadas, quais sejam: (I) o 
agronegócio é um setor determinante e de extrema 
relevância para a economia brasileira; e (II) a 
globalização faz com que os países “operem” como 
uma verdadeira teia, de modo que todos estão 
interligados, portanto, restrições comerciais e 
fechamento de fronteiras em decorrência do vírus, 
trazem impactos para todos os envolvidos na cadeia 
do agro. 
Logo, o vírus já impactou o dólar, e pode vir a 
impactar de forma determinante o fornecimento de 
fertilizantes, o preço dos defensivos agrícolas, das 
rações, das sementes, e a cotações das commodities, 
entre outros... Veja, o Brasil exporta grande parte da 
sua produção, portanto, com a quebra da confiança 
dos consumidores de maneira geral, há 
consequentemente diminuição dos volumes 
vendidos. Sigamos atentos às cenas dos próximos 
capítulos, observando como a doença poderá ou não 
se alastrar de maneira drástica nos próximos dias...”. 
Publicado em 18 de março de 2020 
 
 
 
35 
 
4.2. A IMPORTÂNCIA DO PRODUTOR RURAL 
NESSE CENÁRIO DE CRISE 
 
No presente contexto mundial em que se vive, 
inegável a importância de se VENERAR os 
profissionais da saúde, assim como se tem feito e 
visto na mídia. 
Todavia, outro segmento precisa e MUITO de 
notoriedade e reconhecimento, são os 
PRODUTORES RURAIS! 
Sejam eles pequenos, médios ou grandes, 
agricultores ou pecuaristas, são esses os 
responsáveis por colocar comida à mesa de milhões 
de brasileiros que nesse momento exercem seu 
“dever” de recolhimento social (#ficaemcasa). 
Importante ressaltar que a cadeia produtiva e de 
comercialização do alimento, é bastante ampla, com 
tantos outros envolvidos, como por exemplo, os 
colaboradores dos produtores rurais, os 
caminhoneiros, as transportadoras, a indústria que 
processa o alimento e os supermercados que os 
disponibilizam para a grande massa. 
Nesse sentido, para que não haja 
desabastecimento, todos os elos dessa corrente estão 
funcionando sem cessar, mesmo com tantos 
percalços, considerando-os como – serviços 
essenciais – de acordo com o Decreto nº 10.282, de 
20 de março de 2020. 
Portanto, minhas SAUDAÇÕES a todos os 
envolvidos com a produção dos alimentos." 
 
Publicado em 23 de março de 2020 
https://www.instagram.com/explore/tags/ficaemcasa/
 
 
 
36 
 
 
4.3. O QUE É CRÉDITO RURAL? 
 
O crédito rural tem um papel importantíssimo 
no contexto da Política Agrícola de nosso país, isso 
porque, é através dessa destinação de recursos para 
contratação de operações de crédito (R$) que o 
produtor rural tem incentivo à comercialização de 
seus produtos e a industrialização, além do que, tem 
acesso, por exemplo, a assistência técnica, a 
distribuição de sementes e mudas, a inseminação 
artificial, a mecanização agrícola, aos preços 
mínimos, a eletrificação rural, aos seguros agrícolas 
e até mesmo à extensão rural. 
Nesse sentido são classificadas por quatro 
finalidades,quais sejam: 
(I) custeio - para despesas correntes de 
um ou mais período de produção agrícola ou 
pecuária; 
(II) investimento - destinado a inversões 
em bens e serviços cuja utilização ocorra no curso 
de vários períodos; 
(III) comercialização – a fim de cobrir 
despesas próprias da fase sucessiva à coleta da 
produção, sua estocagem, transporte ou à 
monetização de títulos oriundos da venda pelos 
produtores; 
(IV) industrialização – dos produtos 
agropecuários, seja através das cooperativas, seja 
pelo próprio produtor em sua propriedade. 
(V) E ainda, os beneficiários se dividem 
nas seguintes categorias: 
 
 
 
37 
 
(I) Pronaf – para faturamento de até R$ 
360,00 mil; 
(II) Pronamp - para faturamento de até R$ 
1,76 milhão; 
(III) Demais produtores: para faturamento 
de até R$ 1,76 milhão. 
Diante disso, de forma sucinta, existem 
inúmeras linhas de crédito rural, sendo que a maioria 
delas conta com taxas fixas subvencionadas pelo 
Governo Federal e são operacionalizas pelos bancos 
integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural - 
SNCR. 
 
Publicado em 22 de abril de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
5. POR ANNA PAULA CECHELLA 
 
 
 
Advogada inscrita na OAB/RJ. Mestre em Direito 
Ambiental e da Sustentabilidade pela Universidade de 
Alicante - UA (San Vicente Del Raspeig, Alicante, 
Espanha). Pós-graduada em Direito Agrário e Ambiental 
aplicado ao Agronegócio pelo Instituto de Educação no 
Agronegócio - I-UMA (Porto Alegre, RS, Brasil) em 
parceria com a Universidade Paulista - UNIP (São Paulo, 
SP, Brasil). Graduada em Direito pela Universidade 
Cândido Mendes - UCAM (Centro, Rio de Janeiro, RJ, 
Brasil). Integrante da Comissão de Direito Agrário da 
OAB/RJ; da União Brasileira dos Agraristas 
Universitários (UBAU); da Comissão Nacional das 
Mulheres Agraristas da UBAU; da Comissão Estadual da 
UBAU no RJ e da Comissão Nacional de Assuntos 
Fundiários da UBAU. 
 
 
 
 
39 
 
5.1. O PAGAMENTO POR SERVIÇOS 
AMBIENTAIS (PSA) NO ESTADO DO RIO DE 
JANEIRO 
 
O pagamento por serviços ambientais (PSA) é um 
instrumento que se propõe a remunerar, monetariamente 
ou não, aqueles que promovem práticas de conservação 
ambiental de áreas cujos ecossistemas são considerados 
aptos a fornecer serviços ecossistêmicos. 
Sendo assim, em vez de reprimir e punir, o objetivo 
do PSA é incentivar a prática de condutas que visem a 
preservar o meio ambiente. 
Os serviços ecossistêmicos podem ser definidos 
como os benefícios que as pessoas recebem dos 
ecossistemas, como, por exemplo, os serviços de produção 
de alimentos; de regulação de secas; de suporte como a 
formação dos solos e os culturais como o recreio. 
Apesar dos serviços ecossistêmicos serem 
fundamentais para a sobrevivência humana, o uso 
descontrolado e abusivo dos recursos naturais, pelo 
homem, vem ameaçando a continuidade da prestação 
desses serviços. 
Na história, um fato importante que merece ser 
lembrado foi a desapropriação de fazendas, na cidade do 
Rio de Janeiro, para a reconstrução da Floresta da Tijuca, 
durante o reinado de Dom Pedro II, devido à escassez de 
água provocada pelo desmatamento desenfreado. 
Já os serviços ambientais diferenciam-se dos 
serviços ecossistêmicos por apresentarem um caráter mais 
genérico servindo para definir tanto os benefícios 
derivados de ecossistemas naturais como de ambientes 
alterados pelo homem. 
 
 
 
40 
 
Este ano, finalmente, foi aprovada a Lei n°. 
14.119/2021, que instituiu a Política Nacional de 
Pagamento por Serviços Ambientais; e alterou as Leis nos 
8.212/1991, 8.629/1993, e 6.015/1973, para adequá-las à 
nova política. 
No Estado do Rio de Janeiro, desde 2011, vigora 
o Decreto Estadual nº 42.029, que criou e regulamentou o 
Programa Estadual de Pagamentos por Serviços 
Ambientais (PRO-PSA), que representou um grande 
avanço na proteção do meio ambiente fluminense. 
De acordo com o art. 2° do decreto, são 
considerados serviços ambientais, as práticas prestadas 
por possuidores, a qualquer título, de área rural situada no 
Estado do Rio de Janeiro, que favoreçam a conservação, 
manutenção, ampliação e restauração dos ecossistemas. 
E que se enquadrem em uma dessas modalidades: 
conservação e recuperação das águas, da biodiversidade e 
das faixas marginais de proteção, ou, ainda, sequestro de 
carbono originado de reflorestamento das matas ciliares, 
nascentes e olhos d´água. 
Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), 
o Estado do Rio de Janeiro vem apresentando um aumento 
significativo no número de projetos de PSA. 
De 2011 a 2019, este passou de 1 (um) para 9 (nove) 
projetos de PSA, abrangendo 18 municípios, com 
investimentos de mais de 40 milhões de reais. 
No Projeto Conexão Mata Atlântica, por exemplo, 
que abrange vários Municípios fluminenses, 285 
produtores rurais prestadores de serviços ambientais já 
foram beneficiados, o que representa vários hectares de 
áreas conservadas, restauradas e convertidas ¹. 
 
 
 
 
41 
 
Referência: 
1 Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Disponível 
em: https://inea.maps.arcgis.com/apps/MapSeries/index.h
Thaytml?appid=68ed6955a37e4c4a8ebda9f5c3eb4b2f. 
Acesso em: 19 de agosto de 2021. 
 
Publicado em 03 de setembro de 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
6. POR ANDREA OLIVEIRA 
 
 
 
Advogada há 21 anos, inscrita na OAB/MG 81.473. Atua 
na advocacia e consultoria para o segmento do 
agronegócio MBA em gestão de negócios pela USP Esalq. 
Associada do IBGC, UBAU e CNMAU. Sócia das 
empresas Agroresultys Gestão avançada e The Coffee. 
 
 
 
 
 
43 
 
6.1. REFLEXOS TRABALHISTAS DO COVID 19 
NAS RELAÇÕES DE TRABALHO 
 
Quais os reflexos trabalhistas do COVID 19 nas 
relações de trabalho, sobretudo na seara saúde e segurança 
do trabalho no segmento do agronegócio, já que o 
gricultor não pode deixar de produzir? 
Tedros Adhanom Ghebreyesus, QU Dongyu e 
Roberto Azevedo, respectivamente diretores-gerais da 
OMS, FAO e OMC, reuniram-se em 31/03/2020 e 
emitiram a seguinte declaração em razão da epidemia de 
COVID 19, que pode ser lida na íntegra no site abaixo, da 
qual destaco o seguinte: 
Agora é a hora de mostrar solidariedade, agir com 
responsabilidade e aderir ao nosso objetivo comum de 
aumentar a segurança alimentar, a nutrição e melhorar o 
bem-estar geral das pessoas em todo o mundo. 
Devemos garantir que nossa resposta ao COVID-19 
não crie intencionalmente escassez injustificada de itens 
essenciais e exacerba a fome e a desnutrição. E o artigo 6º 
da CF/88 dispõe que são direitos sociais “a alimentação”. 
O artigo 5º, XXIII da CF/88, dispõe que “a 
propriedade atenderá a sua função social”. 
Os artigos 186 e 170, III da CF/88, rezam sobre a 
função social da propriedade rural. E o Estatuto da Terra 
ensina que função social da propriedade é quando ela é 
explorada de forma sustentável, utiliza adequadamente os 
recursos naturais e respeita a legislação trabalhista. 
Em consonância a todo o exposto acima, a atividade 
da agricultura não pode parar, mesmo diante de uma 
epidemia sem precedentes no mundo, sob pena de 
desabastecimento de alimentos. Não se tem notícia sobre 
proibição da atividade agrícola durante este período de 
quarentena, pois se trata de uma atividade essencial à 
sociedade e à economia. Em razão da pandemia, foi criada 
 
 
 
44 
 
a Lei n. 13.979/2020, que determinou as medidas para 
enfrentamento do coronavírus e trouxe os conceitos de 
afastamento, quarentena e restrição de circulação. 
A partir disso, vários conflitos nas relações de 
trabalho surgiram, especialmente na atividade rural, que 
pode ser demasiadamente complexa por conta das 
diversas frentes de trabalho existentes. 
Por causa desse cenário, em vários estados e 
municípios brasileiros foram expedidos decretos 
declarandoEstado de Calamidade Pública e determinando 
a vários estabelecimentos empresariais seus fechamentos 
e a reclusão das pessoas em suas casas. Sendo assim, as 
relações trabalhistas continuaram diuturnamente e suas 
dúvidas também. 
Claro é que os trabalhadores em grupo de risco 
devem ser afastados do trabalho, sendo esses os maiores 
de 60 anos, portadores de doenças crônicas, pessoas 
imunocomprometidas e gestantes. Com base nas normas 
regulamentares de saúde e segurança do trabalho, 
principalmente a NR 31 e na nova legislação surgida após 
o COVID-19, várias medidas de prevenção foram tomadas 
pelos empregadores, como disponibilização de lavatórios 
com sabonetes líquidos, álcool gel, toalhas de papel, 
intensificação da higienização das áreas de trabalho, 
distanciamento mínimo de 1 metro de uma pessoa para 
outra, dentre outras. 
Em 22 de março de 2020 nasceu a Medida 
Provisória n. 927, que dispôs sobre as medidas trabalhistas 
para enfrentamento do estado de calamidade pública. 
Contudo, essa mesma MP perdeu sua vigência, pois não 
foi convertida em lei. A primeira consideração a ser feita 
é que essa MP prevalece enquanto estivermos em estado 
de calamidade pública, constituindo hipótese de força 
 
 
 
45 
 
maior. Por isso, várias medidas excepcionais foram 
aduzidas para o fim de preservar o emprego e equilibrar a 
economia brasileira. 
É importante destacar que a MP determina 
categoricamente que ela é aplicada inclusive para a Lei n. 
5.889/73, que é a Lei do Trabalho Rural, não deixando 
qualquer dúvida. A mais importante das medidas é a 
constante do artigo 2º, que estabelece a possibilidade de 
acordo escrito individual entre empregador e empregado, 
com o objetivo de garantir a permanência da relação de 
trabalho. 
Dispõe ainda que esse acordo tem preponderância 
sobre todas as regras trabalhistas, inclusive acordo e 
convenção coletiva. Porém, deve-se respeitar a 
Constituição Federal. 
Neste estado de emergência não deverá prevalecer o 
princípio da primazia da norma mais favorável ao 
trabalhador, mas princípios da prevalência da saúde 
pública sobre o individual, prevalência do coletivo sobre 
o particular, dentre outros. 
O artigo 3º traz várias ferramentas que podem ser 
usadas para manutenção dos empregos, flexibilizando as 
relações de trabalho. 
Contudo, destaco a “suspensão de exigências 
administrativas em segurança e saúde no trabalho” como 
a mais importante por ser, a meu ver, inoportuna por 
estarmos vivendo em estado de calamidade pública. 
Flexibilizar tais exigências pode colocar o 
trabalhador em risco, bem como sujeitar o empregador à 
responsabilidade indenizatória caso o empregado fique 
doente no local de trabalho, podendo a justiça considerar 
que ele agiu com negligência, imprudência ou imperícia, 
portanto, é importante continuar obedecendo às regras 
 
 
 
46 
 
contidas nas normas regulamentares, como a NR 31, e as 
praticadas neste momento de contágio. Em 1º de abril de 
2020 foi publicada a medida provisória n. 936, que 
instituiu o Programa 
Emergencial de Manutenção do Emprego e da 
Renda e dispôs sobre medidas trabalhistas 
complementares para enfrentamento do estado de 
calamidade pública. 
O art. 3º traz as medidas do Programa Emergencial 
de Manutenção do Emprego e da Renda, que são: 
I - o pagamento de Benefício Emergencial de 
Preservação do Emprego e da Renda; 
II - a redução proporcional de jornada de trabalho e 
de salários; e 
III - a suspensão temporária do contrato de trabalho. 
Já o artigo art. 19, que dispõe sobre o disposto no Capítulo 
VII da Medida Provisória nº 927/2020, não autoriza o 
descumprimento das normas regulamentadoras de 
segurança e saúde no trabalho pelo empregador, 
aplicando-se as ressalvas ali previstas apenas nas 
hipóteses excepcionadas. 
Contudo, foram mantidas as exceções que, a meu 
ver, são negativas para evitar o contágio do COVID-19. 
Por fim, a MP 936 não excluiu a incidência dela sobre a 
lei 5.889/73 (Lei do Trabalho Rural). 
Sendo assim, como a MP 927 explicitamente a 
recepcionou, subentende-se que a MP 936 também é 
válida para o meio rural. 
O Ministério da Economia, Paulo Guedes, emitiu 
em 27 de março de 2020 orientações aos trabalhadores e 
empregadores em razão da pandemia do COVID-19, cujo 
trecho destaco abaixo: 
 
 
 
47 
 
Especificamente em relação às exigências de 
Segurança e Saúde no Trabalho, destaca-se que as 
medidas adotadas não significam qualquer supressão ou 
autorização para o descumprimento das Normas 
Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, 
sendo imperativo que trabalhadores e empregadores 
mantenham foco na prevenção, evitando ocorrência de 
acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. 
Um levantamento feito pelo jornal “O Globo” indica 
que cerca de 18 milhões de trabalhadores possuem risco 
“significativo” de contágio da COVID-19 por conta das 
funções que executam. As principais funções no trabalho 
rural são: 
a) Operador de máquinas de beneficiamento de 
produtos agrícolas, no setor da agropecuária e pesca, tem 
como índice de risco 36,7 e está na categoria risco 
baixo. 
b) Trabalhador volante da agricultura, no setor da 
agropecuária e pesca, tem como índice de risco 21,7 e 
está na categoria risco baixo. 
c) Trabalhador agropecuário em geral, no setor 
agropecuária e pesca, tem como índice de risco 21,7 e está 
na categoria risco baixo. 
d) Tratorista agrícola, no setor da agropecuária e 
pesca, tem como índice de pesca 36,7 e está na categoria 
risco baixo. 
e) Trabalhador da cultura de cana-de-açúcar, no 
setor agropecuária e pesca, tem como risco 21,7 e está na 
categoria de risco baixo. 
f) Trabalhador da pecuária (bovinos de corte), no 
setor agropecuária e pesca, tem como risco 60 e está na 
categoria de risco significativo. 
 
 
 
48 
 
Por todo o exposto, não restam dúvidas de que a 
atividade do agronegócio não pode parar em decorrência 
desta epidemia. Contudo, deve-se obedecer a todas as 
regras de saúde e segurança do trabalho, sob pena, 
inclusive, de ter o produtor seu estabelecimento fechado e 
a atividade agrícola paralisada. 
 
Publicado em 30 de março de 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
7. POR CARMEN FARIAS 
 
Especialista em Direito 
Ambiental pela 
UNISINOS 
MBA em Gestão 
Ambiental pela FGV. 
Especialista em Direito 
Negocial e Imobiliário | 
EBRADI. Membro da 
UBAU/CNMAU. 
Integrante do Comitê 
Sinos | Comitê de 
Gerenciamento da Bacia 
Hidrográfica Do Rio 
Dos Sinos. Advogada 
dedicada ao Agronegócio, atua na defesa do produtor 
rural junto aos Órgãos Ambientais, Ministério 
Público e Judiciário | Multas, Embargos, Inquéritos, 
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), Ação 
Civil Pública, Crimes Ambientais. Assessora a 
regularização ambiental da propriedade - Reserva 
Legal, Área de Preservação Permanente, Outorga do 
uso da água, estudos e Licenças ambientais. 
Viabiliza e implementa Projetos Ambientais, tais 
quais, compensação ambiental de Reserva Legal, 
Reposição Florestal Obrigatória (RFO), instituição 
de Servidão Ambiental e demais aplicações do 
Código Florestal. Assessora transações imobiliárias 
rurais: Compra e Venda, Permuta, Doação. Posse & 
Propriedade. Elaboração de contratos e due 
diligencie imobiliária. 
 
 
 
50 
 
 
7.1. SEGURO RURAL E PSR 
 
É indiscutível a relevância do Seguro Rural 
enquanto ferramenta de gestão de riscos, apto a minimizar 
os prejuízos de eventual quebra de safra, sendo um 
importantíssimo mecanismo de Política Agrícola. 
O Plano safra 2020/2021 (de R$ 236,3 bi) prestigia 
o Seguro Rural e a subvenção destinada à sua contratação, 
permitindo maior cobertura em nº de apólices e extensão 
de área cobertas. O cronograma de liberação 
para Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural 
(PSR) está disposto na Resolução Nº74/2020. 
Cabe ressaltar que o Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (Mapa) fomentou o PSR, 
inclusive, no âmbito do PRONAF, através da Resolução 
Nº 75 de 22/06/2020 que aprovou o projeto-piloto de 
subvenção ao prêmio do seguro rural (PSR) - custeio 
2020/2021. 
Historicamente, as dificuldades para a contratação 
de uma apólice são evidentes, a saber: custos, 
coberturas, subsídio – PSR. 
O Mapa sinalizou interesse de novas Seguradoras 
nesse mercado, o que seria positivo, trazendo mais 
competitividade, em tese. Assim, aumentar a base de 
contratações contribuiria enormemente para essa 
dinâmica. 
Vale lembrar que o produtor rural deve prestigiar 
sua liberdade de escolha na hora de contratar o Seguro 
Rural. Eventual imposição da instituição financeira por 
ocasião do crédito rural constituiria ilegalidade, podendo 
comprometer a contratação de produto mais adequado às 
 
 
 
51 
 
reais necessidades do produtor, tanto em custos quanto em 
coberturas e demais aspectos técnicos que são 
determinantes no momento da indenização. 
O Plano Safra deste ano contemplou aumento de 
30% para o PSR 2021, totalizando 1,3 bilhões de reais, o 
que merece ser comemorado. 
Na oportunidade, foi lançado o aplicativo PSR a fim 
de conectar o produtor ao mercado segurador, fomentar a 
cultura desta modalidade de seguro e mantê-lo informado. 
Disponível para Android e IOS. 
Importante dizer que todas as Seguradoras 
habilitadas podem operar com o PSR. A subvenção pode 
ser pleiteada por qualquer produtor pessoa física ou 
jurídica, cujo valor (%) será de acordo com a cultura e o 
produto contratado. 
Outro aspecto relevante diz respeito a Resolução Nº 
73/2020 do Comitê Gestor Interministerial do Seguro 
Rural, que definiu novas regras operacionais para as 
Seguradoras, estabelecendo prazos para avisos e vistorias 
de campo quando da ocorrência de um sinistro. 
Nesse sentido, a partir de Janeiro de 2021 as 
seguradoras serão obrigadas a enviar ao Mapa “os dados 
referentes às apólices beneficiadas pelo PSR com 
ocorrência de sinistros avisados e/ou liquidados”. Com 
isso haverá maior transparência e conforto quando da 
ocorrência de um evento de perdas na lavoura. 
Ainda que ajustes possam ser necessários, para além 
do valor de subvenção, tais ações impactam positivamente 
o mercado, a fim de que a oferta de produtos e serviços 
sigam evoluindo em favor do produtor rural. 
 
Publicado em 10 de agosto de 2020 
 
 
 
 
52 
 
8. POR CAROLINE FENSTERSEIFER 
MATTIONI 
 
 
 
 
Advogada. Especialista em Direito Agrário e Direito 
Ambiental aplicado ao Agronegócio (I-UMA) e em 
Direito Processual Civil (UFRGS). Membro da União 
Brasileira da Advocacia Ambiental (UBAA), da União 
Brasileira dos Agraristas Universitários (UBAU) e da 
Comissão Nacional de Mulheres Agraristas da UBAU 
(CNMAU). 
 
 
 
53 
 
 
8.1. (IN)SEGURANÇA JURÍDICA NO CAMPO 
 
Uma das características mais marcantes da atividade 
agrária é a extensão dos riscos aos quais está exposta. É 
muito comum associarmos tais riscos a problemas 
climáticos ou às variações do mercado, mas existe uma 
série de outros fatores que afetam diretamente o setor. A 
insegurança jurídica é um deles. 
A infinidade e a complexidade de leis, a sua 
constante alteração, a ambiguidade e a falta de 
objetividade do texto normativo, bem como as constantes 
mudanças nas interpretações jurídicas acerca de direitos e 
obrigações são alguns dos motivos pelos quais os 
produtores rurais não conseguem confiar no sistema 
jurídico e ter conhecimento adequado daquilo que as 
normas estabelecem. 
Inusitadamente, a maior ameaça à segurança 
jurídica no Brasil parte justamente daqueles a quem foi 
dada a função de garanti-la: os órgãos jurisdicionais, em 
especial, o Supremo Tribunal Federal (STF). 
Citando-se apenas dois exemplos, após ter declarado 
inconstitucional a cobrança da contribuição social do 
empregador rural pessoa física (Funrural) por 
unanimidade em 2010, o STF adotou entendimento 
contrário em 2017, acarretando um passivo bilionário aos 
produtores. 
Mais recentemente, o mesmo tribunal decidiu (sem 
amparo em lei alguma) que a pretensão à reparação dos 
danos ao meio ambiente não está sujeita à prescrição. Com 
isso, todo dano ao meio ambiente cometido desde o início 
dos tempos até hoje, e os que ocorram de hoje em diante, 
 
 
 
54 
 
permanecem perpetuamente em aberto, podendo o então 
proprietário da área ser acionando a qualquer tempo. 
Não existe ambiente favorável ao crescimento com 
relações jurídicas instáveis e imprevisíveis. Ignorando 
isso, o cenário brasileiro apresenta um amplo e complexo 
(muitas vezes até contraditório) arcabouço normativo, 
jurisprudência instável e falta de confiança nas 
instituições. 
Apesar de todas as adversidades, há tempos o 
agronegócio é o setor da economia brasileira que vem 
apresentando os melhores resultados. Mas, para continuar 
se desenvolvendo, precisa de um elemento vital: a 
segurança jurídica. 
 
Publicado em 14 de dezembro de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
9. POR CRISLEY SCAPINI 
 
 
 
Advogada formada pela Universidade de Passo 
Fundo - UPF; Especialista em Direito dos Contratos 
e Responsabilidade Civil pela Universidade do Vale 
do Rio dos Sinos - Unisinos; Especialista em Direito 
Agrário e Agronegócio pela Fundação do Ministério 
Público - FMP; Autora da Obra Coletiva Direito 
Agrário na Prática: Casos Jurídicos Reais sob a 
Percepção das Mulheres Agraristas; Integrante da 
União Brasileira dos Agraristas Universitários - 
UBAU; Integrante da Comissão Nacional das 
Mulheres Agraristas da UBAU - CNMAU; Sócia 
Administradora da empresa Scapini Negócios 
Agrícolas; Sócia Proprietária do Escritório de 
Advocacia Scapini Advogadas; Advogada Associada 
do Escritório Muxfeldt & Duarte Advogados. 
 
 
 
 
56 
 
9.1. UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE ESSE 
PERÍODO DESAFIADOR 
 
Estamos vivendo um período muito desafiador, 
na saúde humana e na economia global. Em vez de 
promover uma análise em perspectiva nacional, volto 
os meus olhos, por um instante, para o que é regional. 
Enquanto a maioria dos Estados do Brasil se 
encaminham para juntos somarem a maior safra de 
soja do país que, segundo dados do IBGE, 
divulgados no site da Exame Abril em fevereiro deste 
ano, prevê um aumento na produção de 8,7% 
somente para a soja, o nosso estado do Rio Grande 
do Sul luta contra uma quebra de, pelo menos, 32,3% 
da sua safra, conforme dados divulgados em 11 de 
março de 2020 pela Emater-RS, ou seja, essa baixa 
ainda pode aumentar. 
Somado ao cenário de dificuldade de safra 
devido à forte estiagem que assolou grande parte dos 
municípios gaúchos, enfrentamos algo histórico no 
setor de saúde pública global: a pandemia do Corona 
Vírus (Covid19) que, como todos já sabem, vem 
afetando diretamente a economia global.Para se ter 
ideia da dimensão, hoje, o Senado aprovou o PDL 
88/2020, que reconhece o Estado de Calamidade 
Pública no país em virtude da pandemia causada pelo 
Corona Vírus (Covid19). 
Atualmente, alguns estados brasileiros têm 
editado decretos a fim de evitar a circulação de 
pessoas na ruas, determinando, inclusive, o 
fechamento do comércio, permitindo, unicamente, o 
funcionamento de serviços considerados essenciais, 
 
 
 
57 
 
tais como: mercados, farmácias, lavanderias, postos 
de combustível, hospitais e clínicas e restaurantes no 
sistema delivery. 
Dá para perceber que tudo parou e o que ainda 
não parou, talvez deverá parar, como já aconteceu em 
outros países. Mas e o que resta para o setor 
produtivo/industrial do país que, como todo o resto 
do mundo, também está em meio a uma pandemia 
histórica? Aquele mesmo setor que em tempos de 
glória global costuma ser criticado pela população, 
sob argumentos de maior poluidor e destruidor do 
meioambiente. Como bem dito pela Ministra da 
Agricultura, Tereza Cristina, o Brasil é realmente 
fantástico e não teremos risco de desabastecimento. 
Mas peço para que lembre-se disso enquanto estiver 
fazendo as suas compras no mercado ou em busca de 
álcool gel nas farmácias. 
Devemos sempre caminhar juntos para o 
crescimento do nosso país, principalmente em 
tempos de dificuldade, onde voltamos a acreditar no 
engajamento da humanidade por determinadas 
causas. Contudo, não esqueça que em tempos de 
pandemia e de recolhimento ao aconchego e 
segurança do seu lar, um setor não parou de produzir, 
seja dentro da porteira ou fora dela, tudo para e por 
você, também! 
Então, minha “salva de palmas na janela” vai 
para aqueles que colocam em risco sua vida cuidando 
dos seres humanos nos hospitais, mas também para 
aqueles que não podem parar de produzir e que, em 
tempos de estiagem e pandemia, não desistem de 
alimentar o mundo. 
Publicado em 20 de março de 2020 
 
 
 
58 
 
10. POR CRISTIANE MOREIRA ROSSONI 
 
 
 
Advogada inscrita na OAB/RS n. 111.947, 
especialista em Direito Ambiental, especializanda 
em Agronegocio; integrante da Comissão das 
Mulheres Agraristas (CNMAU); Integrante da 
UBAU; Integrante da Comissão das Mulheres 
Advogadas OAB RS; Facilitadora do Cadastro 
Ambiental Rural; Escritora de livros e artigos, 
envolvendo Direito do Agronegócio e Direito 
Ambiental. 
 
 
 
 
59 
 
10.1. AGRONEGÓCIO: DESBRAVANDO A 
VISÃO DISTORCIDA IMPOSTA AO 
SEGMENTO 
 
Agronegócio diz respeito a um segmento 
criticado por muitos, e desconhecido por boa parte 
da população, motivo pelo qual há de ser desbravado. 
Engana-se quem acredita que agronegócio diz 
respeito a plantações longínquas, isto é, a uma 
realidade distante dos nossos olhos. Ele está presente 
no café da manhã, almoço e jantar de cada cidadão, 
e ninguém se dá conta. 
Para parcela da população, o setor corresponde 
à atividade que tem por fim tão somente a geração de 
lucro, sem preservação ao meio ambiente, 
indiferente se, por exemplo, isso acarretou erosão ao 
solo ou contaminação das águas ou do ar. 
Frise-se que essa visão é levantada pelo 
marketing ou jornalismo negativo, que influencia, da 
mesma intensidade, países e nações, interferindo nas 
negociações internacionais. 
Ao contrário do sopesado, agronegócio envolve 
o pequeno, médio agricultor e latifundiário, e 
significa exercer a atividade de agricultura ou 
agropecuária, porém utilizando-se de meios 
alternativos e não prejudiciais ao habitat. Denomina-
se isso de desenvolvimento sustentável. 
Trata-se de agricultura equilibrada, ecológica. 
Obviamente, não prejudicial ao meio ambiente. 
Empresas também aderiram a esta evolução, 
exercendo suas atividades baseadas na 
responsabilidade ambiental e social. 
 
 
 
60 
 
Setor de peso na economia brasileira, o 
agronegócio sustentável, ainda aderido por poucos, é 
cenário promissor para a expansão e 
desenvolvimento do Brasil, uma nação potência 
composta por solos, climas, e consequentemente 
plantio de produtos diversificados. 
Como efeitos dessa adoção, brasileiros tem 
cada vez mais qualidade de vida e segurança 
alimentar, dentre outros, a nível unitário ou nacional. 
Sugestões para a efetiva inclusão da agricultura 
sustentável no Brasil, e alteração da imagem desta 
nação para com outras, passando pela exploração 
detalhada do assunto, acesse a live “Enfrentando a 
visão distorcida sobre o agronegócio”. 
 
Publicado em 01 de fevereiro de 2021 
 
 
10.2. CADASTRO AMBIENTAL RURAL: 
ASPECTOS PRÁTICOS 
 
Impasse que perdura por longas décadas no cenário 
brasileiro é o acerca do registro público eletrônico dos 
imóveis rurais, sejam eles privados, ou não, eis uma 
questão que ainda dispende incógnitas, como sobre sua 
importância/necessidade, benefícios e malefícios de tal 
prática, e que padece de enfrentamento. 
Dentre as ferramentas governamentais criadas para 
fins de promover esses registros, impulsionando-os, 
aborda-se o Cadastro Ambiental Rural, mais conhecido 
como CAR. Trata-se de mecanismo eletrônico para coleta 
de dados das áreas rurais, posses ou propriedades, 
 
 
 
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captando informações como Área de Preservação 
Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). 
Todavia, a coleta de dados tem importância ímpar, 
mais do que apenas compor a base de dados, visa a 
consequente regularização ambiental e o cumprimento das 
metas brasileiras de biodiversidade, restauração da 
vegetação nativa e redução de emissão de gases de efeito 
estufa. 
No Código Florestal, mais precisamente no Capitulo 
VI, esse instrumento está atrelado ao Sistema Nacional de 
Informação sobre o Meio Ambiente (SINIMA), e é 
definido como obrigatório, integrando informações para 
controle, monitoramento, planejamento ambiental e 
econômico e combate ao desmatamento. 
A incessante prorrogação do prazo para inserção do 
CAR é um dos fatores que causa receio na população, uma 
verdade insegurança jurídica, que, de um instrumento 
obrigatório, vem se transformando em um de caráter 
volitivo, sem penalização direta pela não adesão, o que 
enseja dada reação. 
Em que pese seja conhecido no meio rural, vários 
proprietários, posseiros, e até mesmo profissionais que 
optam por realizar o CAR dentre suas atividades, possuem 
indagações, a exemplo acerca da necessidade de realiza-
lo. 
Há agricultores que cogitam corresponder o CAR 
em uma alternativa de o governo ter conhecimento sobre 
seus bens, e nisso muitos acabam indicando informações 
equivocadas, apenas para suprir essa obrigação legal, já 
outros deixam de fazê-lo acreditando ser desnecessário, 
alegando que isso não gerará reflexos positivos para com 
o meio ambiente. 
 
 
 
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Porém, a inscrição no CAR é essencial para dar 
continuidade/obter aprovação de financiamentos e 
empréstimos de crédito rural, para ter direito aos 
benefícios do Programa de Regularização Ambiental 
(PRA), acesso a taxas menores de juros ao solicitar 
crédito, bem como para alienar, doar, ceder, desmembrar, 
ou praticar quaisquer atos de registro ou averbação perante 
o cartório de registro de imóveis. 
Inclusive, em alguns estados, como o de São Paulo, 
fora realizada parceria entre órgãos públicos, inclusive 
entre a Secretaria do Meio Ambiente e a Associação dos 
Registradores do Estado, celebrando o chamado Acordo 
de Cooperação Técnica, visando a implantação de um 
sistema de compartilhamento de dados e informações. 
Incide aqui a possibilidade de a averbação da inscrição no 
CAR ser realizada de ofício pelo próprio Cartório de 
Registro de Imóveis, sem a cobrança de emolumentos. 
 Observa-se, contudo, que tal sistema unificado 
ainda não foi implantado, dependendo da região a qual o 
imóvel está situado. 
Entretanto importante frisar que a realização do 
cadastramento não significa, por si só, que a propriedade 
está legalmente registrada, sendo necessária promover a 
averbação junto ao Registro de Imóveis pertinente. Trata-
se, a inscrição, apenas, e tão somente, de disposições 
cadastrais, mas que jamais suprem esse registro. 
Perceptível o forte entrelace de dados entre os 
órgãos públicos, de modo que a ausência de inscrição 
ocasionará efeitos nefastos quando da celebração de 
negócios jurídicos, em especial nos Registros de Imóveis, 
quiçá a impossibilidade de realizar naquele momento em 
que se espera. 
 
 
 
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Assim como o georreferenciamento, o Cadastro 
Ambiental assegura o desenvolvimento social e 
econômico de um país, e como tal deve ser fortemente 
desmistificado, e levado, de modo pleno, a conhecimento 
de toda população, nos mais diversos rincões. 
 
 Fontes de consulta: 
 BRASIL, Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. 
Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis 
nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de 
dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro

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