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O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal em muito auxilia ao podador. Ficará ele sabendo porque se poda, o que se poda e quando se poda. Os vegetais nutrem-se através de suas raízes, que retiram do solo sais minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação. A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva pode também ter sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela osmose, etc. Baseando-se nas relações hídricas vegetal, estabelecem-se leis nas quais se baseiam as podas das plantas: 1. O vigor e a fertilidade de uma planta dependem em grande parte das condições climáticas e edáficas. 2. O vigor de uma árvore como um todo, depende d circulação da seiva em todas as suas partes. 3. Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular. Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas. 4. A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo, enquanto que a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos. 5. A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ramos mais expostos ao invés de se dirigir àqueles submetidos à sombra. 6. As folhas são órgãos são órgãos que realizam as sínteses das substâncias minerais e a sua redução debilita o vegetal. 7. Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente e outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos. 8. O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa à intensidade da poda. 9. O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos. 10. Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor. 11. A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas e vegetativas são antagônicas. 12. A frutificação é uma consequência de acumulação de carboidratos. Esta acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos e nos finos do que nos grossos. A poda pode ser definida como a operação de eliminação de ramos ou parte de ramos de uma planta, para que ela adquira forma e produção compatíveis com a finalidade desejada. Através dessa eliminação de ramos ou de suas partes, altera-se não só a forma, mas também a fisiologia da planta, justificando-se, assim, alguns comentários sobre os princípios fisiológicos e anatômicos sobre os quais essa prática se apoia. Esses princípios estão, em geral, associados ao volume e pressão das seivas bruta e elaborada, não só em razão do conteúdo nutricional que possuem, mas também por nelas se encontrarem difundidas substâncias químicas responsáveis por estímulos e bloqueios de atividades fisiológicas. Mesmo sendo esses princípios há muito referidos na literatura técnica, a sua visão molecular ainda é pouco conhecida e muitas vezes controvertida, em face dos ainda incipientes conhecimentos da bioquímica que regula os processos de crescimento vegetativo e de reprodução nas árvores frutíferas. Apesar dessa dificuldade, a poda só pode ser bem-sucedida à medida que conheçamos, por antecipação, a resposta da planta à intervenção do operador. Os princípios que regem a poda podem ser assim apresentados: 1º. A rápida circulação da seiva favorece o desenvolvimento vegetativo, enquanto a circulação lenta estimula a produção. Em outras palavras, quanto mais rápida for a circulação da seiva no interior do ramo, maior será o número de gemas que originarão crescimentos vegetativos vigorosos e, ao contrário, quanto mais difícil e lenta for essa circulação, mais numerosas serão as gemas que se transformarão em botões floríferos. Isso, de certa forma, pode ser explicado pelo fato de haver uma intensa competição por nutrientes entre os ramos produtivos e vegetativos, uma vez que durante a acumulação de sais minerais, açúcares e aminoácidos nos órgãos reprodutivos, é possível se constatar um decréscimo correspondente e aproximadamente igual nas quantidades desses nutrientes presentes nas folhas. A produção de gemas floríferas depende da acumulação de fotossintatos nos tecidos que as originarão. Essa acumulação depende da velocidade com que a seiva circula no interior do ramo que, por sua vez, depende da relação entre a produção e o consumo desses produtos; quando o consumo é suplantado pela produção, surgem condições para a formação de gemas floríferas. Como em ramos em fase de crescimento o carboidrato disponível está sendo utilizado na formação de novos tecidos vegetativos, há pouca possibilidade de ocorrer a sua acumulação e, consequentemente, do aparecimento de gemas floríferas. Além disso, sabe-se que certos fatores hormonais, especialmente citocininas, estão envolvidos nesse processo. 2º. A velocidade de circulação da seiva no interior da planta depende do seu estado fisiológico. A velocidade de circulação da seiva em uma planta é maior quando ela se encontra em fase de crescimento vegetativo intenso, com grande divisão e crescimento celulares. Após o amadurecimento dos frutos a velocidade de circulação da seiva no interior da planta diminui, verificando-se então uma correspondente maturação dos ramos e das folhas. Nessa ocasião, acumulam-se, nesses órgãos, grandes reservas de fotossintatos, que criarão as condições para que as gemas vegetativas sejam transformadas em frutíferas. 3º - A circulação da seiva será tanto mais intensa quanto mais retilíneo for o ramo. Como decorrência, dentro de certos limites, quanto maiores forem os obstáculos que se opuserem à livre circulação da seiva em uma planta ou ramo, tanto maior será sua predisposição para florescer e frutificar. Também, nesse caso, o fenômeno está associado ao acúmulo de seiva elaborada nos tecidos em que ela circula em velocidade mais baixa, favorecendo, com isto, o processo reprodutivo em detrimento do vegetativo. Nisso baseiam-se as conhecidas técnicas de forçamento da produção, como anelamento, estrangulamento e ferimento do caule, este muito usado em mangueiras pelos caboclos brasileiros. Por outro lado, as podas sucessivas feitas em uma mesma unidade produtiva criam obstáculos à circulação da seiva, favorecendo a produção em plantas vigorosas ou jovens. Em plantas velhas ou fracas a poda deve, em contrapartida, aproximar a unidade produtiva da estrutura básica da planta, eliminando a tortuosidade da sucessão de ramos. 3º. Os ramos em posição vertical favorecem uma maior velocidade de circulação da seiva em seu interior, enquanto naqueles em posição mais horizontal a velocidade dessa circulação é reduzida. A seiva elaborada, circulando em menores velocidades, favorece o acúmulo, nesses tecidos, de substâncias por ela transportadas, estimulando assim o processo reprodutivo. Dessa forma, os ramos em posição horizontal crescem menos e florescem mais; enquanto ramos verticais dificilmente florescem, sendo por isso mesmo chamados de “ladrões”. Por essa razão, e por absorverem grande quantidade de seiva, em detrimento das demais ramificações existentes no ramo sobre o qual se desenvolvem, esses ramos devem ser eliminados ainda no início de seu desenvolvimento, por meio de um corte raso na sua base, ou através de um corte inclinado de 15 a 20 cm de altura, quando se pretende aproveitar uma brotação lateral para preencher um vazio existente na copa. 4º. A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da copa. Nas posições altas e externas da planta a transpiração e a fotossíntese são mais intensas, gerando maior pressão negativa de água, o que resulta no fluxo ascendente da seiva bruta. Pela mesma razão, os ramos enfolhados atraem muito mais seiva bruta do que os que possuem poucas folhas. Ainda como consequência desse princípio,os ramos secundários próximos à extremidade do ramo primário recebem mais seiva que os situados em sua base. 5º. Quanto mais amplo for o ponto de inserção de um ramo, mais seiva por ele, circulará. Quanto maior a área da secção transversal dos vasos condutores, maior o volume de seiva que por ela circulará, uma vez que se admite que a taxa de translocação é diretamente proporcional à secção dos vasos condutores. Esse aspecto, pela sua importância, deve ser considerado quando se faz a seleção dos ramos que permanecerão na planta por ocasião das podas. 6º. Os ramos secundários receberão tanto mais seiva ascendente quanto menor for o seu número em um dado ramo primário. O volume de seiva transportado pelo xilema distribui-se proporcionalmente pelas ramificações existentes. Eliminando-se parte da planta pela poda, a seiva ascendente refluirá para as porções restantes, aumentando-lhes o vigor. 8. O desbaste de um ramo secundário não só aumenta o vigor do ramo principal, como também inibe ainda mais a brotação das gemas axilares nele existentes. Desbaste é a eliminação total de um ramo, por meio de um corte raso feito na sua base. Essa poda remove os ramos laterais, mas se for deixada intacta a extremidade do ramo principal, aumentará seu vigor. Sua prática avoluma excessivamente as dimensões da copa, conferindo-lhe uma forma mais aberta para cima. Induz, também, a frutificação nas extremidades dos ramos longos. O desbaste favorece a produção de terminais mais longos, por acentuar a dominância apical, fenômeno este atribuído à ação de auxinas e citoquininas. As auxinas, produzidas principalmente nos meristemas apicais, favorecem a translocação preferencial de nutrientes para o ápice do ramo, em detrimento das gemas laterais, que ficam assim carentes de substrato para seu desenvolvimento. Elas são importantes no controle de processos como o reinicio da atividade do câmbio vascular em plantas lenhosas no começo da primavera e o crescimento das células formadoras dos tecidos dos ramos. As citocininas, por outro lado, promovem o enfraquecimento gradativo da planta, o que poderá resultar na sua morte por outras causas. 7º. O encurtamento do ramo favorece o aparecimento de brotação lateral. Encurtamento é a eliminação da porção terminal de um ramo, geralmente feita imediatamente acima de uma gema voltada para fora da copa. Como essa poda elimina a dominância apical, por supor-se que ela reduza a produção de auxinas, as gemas axilares passam á se desenvolver. Essa brotação é mais vigorosa do que aquela originária da gema apical, caso o ramo não tivesse sido podado. Entretanto, como não chega a compensar a porção retirada com a poda, a sua pratica confere à planta uma forma mais baixa e compacta. Para espécies como a goiabeira, que produzem em ramos em crescimento, o encurtamento na fase de frutificação é de grande importância por estimular a brotação contendo gemas floríferas. Durante o período de repouso, as plantas armazenam fotossintatos predominantemente nos tecidos jovens, existentes na extremidade do ramo, enquanto a disponibilidade de nitrogênio é maior nos tecidos mais velhos, que se encontram na sua base. Por essa razão, a relação carbono/nitrogênio nos tecidos próximos à gema apical é bastante elevada, dando origem a um crescimento pouco vigoroso e muito fértil. Por outro lado, quanto mais severo for o encurtamento feito em um ramo, mais estreito será a relação C/N nos tecidos próximos à gema que ficará na posição terminal, razão pela qual esse crescimento é mais vigoroso e menos frutífero que o de plantas não podadas. Assim, se o encurtamento for feito de maneira insuficiente, a planta produzirá uma grande quantidade de frutos pequenos e de baixa qualidade; se muito severo, o ramo vegetará intensamente e não produzirá. Cabe ao operador, portanto, definir a intensidade da poda, de forma que os tecidos próximos à gema terminal apresentem uma relação C/N favorável a uma grande produção de frutos de qualidade superior. Isso irá depender, também, do estado nutricional da planta, do vigor da variedade e da época do ano em que a operação está sendo feita. Durante a fase de vegetação, os teores de nutrientes dos tecidos jovens e velhos tendem a se aproximar, razão pela qual este efeito não é tão notável nas podas feitas quando a planta está em franca atividade metabólica. Tanto o desbaste como o encurtamento são métodos igualmente importantes na formação e manejo de uma árvore frutífera; o encurtamento é mais valioso na fase de formação, por facilitar a obtenção de uma copa bem- conformada, enquanto o desbaste favorece a produção de ramos frutíferos e a sua manutenção em boas condições. Por outro lado, à medida que a planta vai ficando mais velha, ela deve receber mais desbaste e menos encurtamento. Entre outras formas de supressão de ramos ou de suas partes, as mais importantes são: Desponte: é o encurtamento praticado em verde, sobre a extremidade do ramo novo. Sua prática diminui o vigor da planta. Desbrota: é a intervenção que se faz em verde, para eliminar ramos supérfluos e concorrentes. Poda em coroa: é o encurtamento total do ramo, que fica reduzido à “coroa”, que é a porção mais grossa existente em sua base e onde existe um cordão de gemas. Poda em esporão: é o encurtamento deixando-se apenas a base do ramo, geralmente com duas ou três gemas, ou com quatro a seis centímetros de comprimento. Poda em vara: é o encurtamento em que se deixa o ramo com um número maior de gemas, em geral com 10 a 20 cm de comprimento. 8º. Quanto mais severa for a poda, maior será o vigor da brotação resultante. Esse efeito da poda pode ser explicado pela maior disponibilidade relativa de nitrogênio acumulado pela planta na porção mais velha de seus ramos, bem como pela maior quantidade disponível de reservas acumuladas em ramos, troncos e raízes, para os pontos de crescimento que permanecem na planta após a operação. Pela mesma razão, a poda severa, freqüentemente, favorece também a frutificação em plantas senis. Isso é verdadeiro para as plantas de clima temperado, que têm um período de repouso bem definido antes de iniciarem novo ciclo produtivo,quando há acúmulo de fotossintatos nos ramos, troncos e raízes, ou para plantas sempre verdes regularmente submetidas à poda severa. E que as plantas sempre-verdes, como é o caso da goiabeira, mantidas sob crescimento natural, habitualmente não armazenam grandes quantidades de carboidratos. Em conseqüência disso, quando se submete uma goiabeira à poda total pela primeira vez, a sua brotação posterior é fraca e irregular, e a produção pequena. À medida que a planta se habitua ao novo manejo, ela passa a responder bem este tipo de poda, possivelmente por se adaptar nutricional e hormonalmente ao novo sistema ao qual está sendo submetida. De qualquer forma, no caso das plantas sempre-verdes, o estímulo ao novo crescimento causado pela poda severa é sempre menos intenso que no caso das espécies de folhas caducas. No entanto, esse estímulo sempre existe, e uma poda desequilibrada, que reduz mais severamente certas partes da copa que outras, leva à produção de ramos desenvolvimento dessas gemas laterais, além de influírem na divisão celular, na formação de novos órgãos, de estimularem a formação de células cicatriciais e de atrasarem a senescência. Deve-se notar, no entanto, que as informações disponíveis indicam que os efeitos desses hormônios dependem não apenas da sua concentração absoluta, mas, principalmente, de seus teores relativos em um dado tecido vegetal. Se a poda ocorrer logo após a árvore ter utilizado as suas reservas no desenvolvimentode novos tecidos e antes que ocorra a reposição desses fotossintatos, pode-se esperar o enfraquecimento da planta. Por outro lado, a eliminação de grande quantidade de ramos a cada ano ocasiona o “ladrões” na porção mais afetada pela operação. 9º. O crescimento adicional apresentado por uma planta podada não é suficiente para compensar a porção retirada, razão pela qual a poda é, na realidade, um processo ananicante. Segundo alguns autores este é, de fato, o efeito mais evidente da poda sobre as plantas perenes, de tal forma que o indivíduo resultante pode ser sensivelmente menor que aqueles não submetidos a qualquer tipo de intervenção. Acrescente-se a isso que quanto mais severa for a poda, maior será o efeito ananicante observado. Esse nanismo não decorre do fato de a planta não podada crescer mais, mas sim de ela não sofrer as perdas causadas pela poda. Em outras palavras, apesar de a poda estimular a brotação e o crescimento do ramo podado, este não chega a compensar a porção retirada com a operação, acrescida do novo crescimento que ele teria caso a planta não tivesse sido podada. Isso pode ser medido não apenas pelo comprimento e peso dos ramos, mas também pelo diâmetro do tronco, que em geral guarda boa correlação com o peso da copa (0,83 a 0,92, dependendo da espécie) e com o peso das raízes (0,76 a 0,84, também em função da espécie). Isso deve-se ao fato de que, com a poda, elimina-se parte das reservas dá planta acumuladas nos ramos, efeito muito importante nas espécies de folhas caducas e nas sempre-verdes regularmente submetidas a poda severa, principalmente quando a operação é realizada no período de repouso. Em contrapartida, a poda de plantas em fase de vegetação implica na eliminação de folhas, que são os órgãos que realizam a síntese das substâncias orgânicas que nutrem o vegetal. Apesar de as folhas remanescentes aumentarem a eficiência fotossintética, isto não é suficiente para repor a produção de fotossintatos nos níveis anteriores, decorrendo daí o principal efeito debilitador da poda neste caso. E necessário lembrar que, durante a maturação dos frutos, a planta acumula neles a maior parte de suas reservas, de tal forma que a poda realizada logo após a colheita, antes que as folhas possam restabelecer o nível de reservas existente nos ramos e raízes, através da fotossíntese, é extremamente debilitante. A poda feita logo após um fluxo de crescimento é mais ananicante, não só porque a planta acabou de utilizar suas reservas para realizá-lo, mas também porque a poda pode estimular um novo crescimento, exaurindo-a ainda mais. Como a planta fica no final com menor número de folhas, a reposição das reservas é mais difícil e lenta. A poda de plantas sempre-verdes não tem o efeito estimulante da poda de inverno, nem o efeito depressivo da poda de verão executada em plantas decíduas. 10º. A poda da parte aérea tende a reduzir, na mesma proporção, o volume do sistema radicular. Há uma relação ótima entre o tamanho da copa e do sistema radicular de uma planta que ela procura manter. A redução da copa através da poda influi no tamanho do sistema radicular, resultando em morte de parte deste até que o equilíbrio do conjunto seja restabelecido. O equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular rompido pela poda é restabelecido mais rapidamente nas plantas sempre-verdes. Entretanto, o crescimento total é menor que o de uma planta não podada. Tem-se observado também que o tamanho do sistema radicular de plantas podadas é menor que o daquelas não submetidas a qualquer intervenção, sendo essa redução proporcional à intensidade da poda executada. Em outras palavras, qualquer prática que possa reduzir a produção de novos ramos pela planta, inclusive de ramos “ladrões”, deve resultar em uma menor superfície foliar e menor crescimento radicular. Esse efeito soma- se ao exposto no princípio anterior para acentuar ainda mais a ação ananicante da poda. 11º. O vigor e a produtividade de uma planta variam com o clima, solo e outras condições locais. A compreensão deste princípio é de suma importância para a correta execução da poda, uma vez que uma mesma espécie vegetal, cultivada em diferentes condições de clima, freqüentemente requer podas de tipos diferentes. Em outras palavras, uma fruteira de folhas caducas na região fria da Europa deve ser podada de forma que seu vigor aumente e ela seja então capaz de produzir economicamente. Entre nós, há que se procurar reduzir seu vigor, estimulado pelas condições de calor e umidade reinantes por ocasião do ciclo vegetativo, se desejarem produções compensadoras. Desta forma, enquanto aqui o encurtamento dos ramos deve ser a prática preferida, lá o desbaste dos ramos deve ser mais empregado. Também, nas regiões mais frias o produtor preferirá a eliminação total do ramo, enquanto naquelas mais quentes a poda em esporão poderá ser uma necessidade, pois ao dificultar a circulação da seiva nos ramos que dele brotarem, estará estimulando a produção, enquanto essa mesma poda, feita em regiões mais frias, resultaria em ramos por demais fracos para frutificarem bem. 12º. Ramos em ângulo agudo são fracos e tendem a se quebrar quando sob pressão. O vigor estrutural de um ramo pode ser prognosticado com bastante exatidão com base na sua aparência. Essa fraqueza estrutural dos ramos em ângulo agudo deve-se à falta de um câmbio contínuo e à compressão da casca para fora, no ponto de bifurcação. TIPOS DE PODA 1. Quanto à Fase da Vida das Arvores a) Poda de formação: corresponde esta poda ao sistema de operações a efetuar nas árvores novas durante a fase de crescimento vegetativo. O seu objetivo consiste em construir, no mais curto período possível, um esqueleto de acordo com uma forma previamente estabelecida, esqueleto este que forneça um suporte adequado à máxima produtividade das plantas; A poda de formação, pela redução do porte da árvore, favorece os tratos culturais do dolo, o controle fitossanitário, o ensacamento e a colheita dos frutos, além de possibilitar o plantio de maior número de árvores por unidade de área. Divide-se em poda de educação, transplantação e formação propriamente dita. Educação Tem por finalidade orientar as plantas no viveiro, desde o seu nascimento até o momento em que de lá serão retiradas. Transplantação É praticada para manter o equilíbrio entre a parte aérea e a parte subterrânea da planta. Por maior que seja o cuidado no desplante de uma muda, há sempre perda de raízes, e as plantas são tanto mais sensíveis quanto mais velhas forem. Formação propriamente dita As plantas cultivadas em intervalos da poda desenvolvem-se, frutificam e adquirem formas específicas. A poda é executada com o objetivo de disciplinar a planta e comunicar a ela uma forma equilibrada, de modo a favorecer a frutificação e demais operações sempre necessárias. Execução da poda A poda de formação na forma de vaso é dada durante os quatro primeiros anos da planta. No primeiro ano, a árvore normalmente apresenta uma haste única, e a poda consiste em suprimir a parte superior à altura desejada e permitir a emissão de três a quatro pernadas. A poda, no segundo ano, limita-se a eliminar o excesso de ramos e deixar apenas três a quatro, distantes entre si de 15 a 20 cm. A distância das pernadas entre si exerce influência na resistência da copa. Quando muito próximas umas das outras, há tendência de desaparecerem com a idade, pelo engrossamento, formando verdadeiras bifurcações. Estas, quando opostas, fendem-se facilmente. Deve-se levar em consideração também o ângulo de inserção das pernadas. Quando muito agudo, a copatende a fechar, o que não é conveniente. Escolhidas as pernadas que irão formar o arcabouço da planta, elas são podadas a 0,20 ou 0,30 m de comprimento ou deixadas de três a cinco gemas. As últimas gemas devem estar situadas lateralmente em relação ao eixo da planta. No terceiro ano, procede-se de maneira semelhante ao segundo, obtendo-se os ramos. Sobre cada pernada deixam-se ramos dispostos lateralmente. Muitas espécies já entram em produção durante o terceiro ano. Outras, porém, exigem mais um ano de formação (pêra, maçã). Finalmente, no quarto ano, as plantas já mostram sinais de entrar em frutificação e, em vista disso, a poda é feita eliminando-se apenas um terço a um quarto do comprimento dos ramos. A poda curta ou drástica atrasará o início do florescimento, forçando uma maior vegetação. b) Poda de frutificação: engloba o conjunto de intervenções aplicado nas frutíferas, não só no período em que o esqueleto se aproxima da sua forma definitiva, como também durante a fase produtiva das plantas. Seu objetivo principal é manter o equilíbrio entre as funções vegetativa e produtiva, buscando dentro dos limites possíveis, realçá-las ao máximo. A poda de frutificação interfere, diretamente, com os órgãos ou ramos de frutos especializados. E uma vez que tais órgãos e ramos possuem características funcionais diferenciadas, a sua poda deve-se levar em conta tais diferenças. Um ramo misto, por exemplo, depois de frutificar uma vez, não volta a produzir, razão porque os pessegueiros, que produzem basicamente sobre estes ramos, necessitam de uma poda que promova a sua renovação anual, como meio ou processo de manter uma frutificação adequada e constante. Já nas pereiras e nas macieiras, cuja produção predomina principalmente nos esporões, órgãos que duram por vários anos, a renovação anual destes órgãos não só não é necessária, como se tomaria desastrosa para estas frutíferas. Intensidade da poda A intensidade depende da idade, do número de pernadas, do vigor, do hábito de vegetação. A poda, com relação à intensidade, divide-se em curta, longa e média. A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ramo. Pode- se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa sobre o ramo de uma a duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermediário entre os dois anteriores. c) Poda de rejuvenescimento: são podas realizadas em árvores em decadência, mas em fase que evidencie ainda capacidade de recuperação. Destina-se esta poda a revigorar o esqueleto e renovar a vegetação e órgãos de frutificação das plantas. Há pomares onde, pela deficiente formação, por carência ou inadequação de podas de frutificação, por adubações deficientes, por defeitos cumulativos desfavoráveis de natureza cultural, climática ou de outra ordem, as árvores começam a gerar desequilíbrios que, progressivamente, vão-se conduzindo para uma fase de esgotamento precoce. Nestes casos, uma poda de rejuvenescimento, pode ainda recuperar as árvores em níveis econômicos de produção. Essa poda corresponde a uma renovação mais ou menos intensa e profunda do esqueleto da planta e, dos próprios órgãos de frutificação. Efetua se essa poda encurtando bastante as pernadas, braços e outros componentes do esqueleto. Os suportes e órgãos de frutificação remanescentes, notadamente os esporões, serão revitalizados, se inseridos em boa localização e em condições de aproveitamento. De outro modo serão suprimidos, tal como todos os ramos secos, debilitados e inúteis. A intensidade da poda em cada árvore deve permitir que a sua estrutura fique equilibrada, de maneira a obter uma reação vegetativa quanto possível uniforme. As brotações e ramificações provenientes da nova vegetação devem ser acompanhados depois com podas em verde promovendo a reconstituição da copa, no mais curto período possível. 2. Quanto à Época em que são Executadas a) Poda de inverno ou seca: também designada por poda de inverno, sendo praticada nos fins do inverno, próximo da época de brotação, no período, portanto, em que as frutíferas caducifólias estão despidas de folhas. Porém, em virtude dos efeitos negativos e prejudiciais dos encurtamentos efetuados nesta época, as podas em seco tendem, atualmente, a se restringir ao mínimo, durante a formação e condução das árvores; b) Poda verde ou de verão: engloba todas as operações de poda que são praticadas no período em que as plantas se mantêm em atividade vegetativa, quando os ramos se encontram, portanto, verdes e com folhas. As podas em verde apresentam substancial relevância nos modernos sistemas de condução. Como podas em verde destacam-se: Poda de ramificação: esta poda objetiva a produção de ramificações indispensáveis à formação do esqueleto das árvores. Usam-se, para esse efeito, os encurtamentos, as despontas, os anelamentos e descorticações; Poda de concorrência: objetiva suprimir os ramos que concorrem com as ramificações selecionadas para a formação de esqueleto, como no caso das pernadas e dos braços, por exemplo, de forma a evitar a sua competição e a favorecer, portanto, um maior e mais rápido crescimento vegetativo dessas ramificações; Poda de equilíbrio: tem como finalidade restabelecer o equilíbrio relativo entre os diversos eixos do esqueleto das plantas, notadamente das pernadas e da flecha. Esta poda baseia-se na aplicação de inclinações sobre esses eixos. Poda interna: é a desbrota dos ramos que, não interessando à formação do esqueleto das plantas, se dirigem para a parte interna das copas, promovendo o seu adensamento ou estabelecendo competição com outros ramos essenciais à estrutura. Poda de recuo: esta operação visa promover o rebaixamento da copa, de modo a evitar que esta atinja uma altura indesejável e inapropriada para a execução de diversos trabalhos culturais, desde a colheita dos frutos, até aos tratamentos fitossanitários e á própria prática das podas. Emprega-se para esta finalidade, encurtamentos laterais, já que estes não criam os reflexos negativos, derivados da reação vegetativa terminal, que ocorreriam na hipótese de usar simples encurtamentos. Frequentemente, a poda de recuo também é utilização quando as árvores começam a enfraquecer e os ramos terminais das pernadas e braços mostram uma debilitação vegetativa e necessitam, portanto, de uma renovação. 3.Cortes Encurtamento Consiste esta operação na eliminação de uma parte de um ramo através de um corte praticado junto a uma gema. O encurtamento é o tipo básico de intervenção realizado tanto na poda de frutificação como condução, apresentando efeitos imprevisíveis e danosos. Realizado na fase de crescimento os encurtamentos das árvores sob condições normais, promove quase sempre uma intensa brotação a partir das gemas situadas na proximidade dos cortes. Quando aplicados em toda a árvore e de forma sistemática, para promover a ramificação das pernadas, braços ou de outras estruturas, com a finalidade de formar o esqueleto definitivo das plantas, sabe-se que a intensa e vigorosa renovação vegetativa, que é caracterizada por essas intervenções, atrasa a entrada das árvores na frutificação. Esta prática realizada no final do período do repouso vegetativo (poda de inverno) agrava ainda mais esses efeitos. Encurtamento Lateral Constitui tal prática, num encurtamento sobre um ramo lateral, podendo envolver, não só simples ramos, como também toda uma estrutura renovável da planta. Supressão Esta operação é a eliminação total do ramo. As supressões são bastante utilizadas durante a poda de formação, principalmenteem plantas que apresentam considerável vigor vegetativo. Em árvores com atividade vegetativa pouco acentuada, as supressões devem ser utilizadas com cuidado e só durante a fase em que as plantas mostram, de fato, uma atividade vegetativa mais intensa, para não favorecer sua debilitação precoce. E ainda aplicada na poda de frutificação, visando a eliminação dos ramos excedentes e sem interesse para a produção ou vegetação das árvores. Desponta Constitui num simples encurtamento, praticado com a planta em vegetação, eliminando cerca de 5 a 20 cm, ou mais de sua extremidade. Entretanto, estas intervenções devem ser praticadas preferencialmente sobre árvores vigorosas para não enfraquecer mais os ramos e, às vezes, as próprias plantas. As despontas são normalmente utilizadas na fase de condução das plantas, evitando- se assim qualquer concorrência em relação aos ramos que foram selecionados para compor o esqueleto dessas plantas. Desbrota Considerada como uma supressão, aplicada aos ramos do ano, tão logo começam a crescer e a concorrer com o crescimento e evolução daqueles que deverão formar o esqueleto. Trata-se de uma poda em verde, objetivando eliminar ramos supérfluos e concorrentes, chamadas também de podas de concorrência ou de limpeza. Arqueamentos Aqui englobam todas as operações que alteram a posição normal no topo ou em parte, a direção original dos ramos. O efeito desta prática é idêntico ao das incisões ou descorticações, diferindo, entretanto, no processo de promover o bloqueio da seiva. Enquanto nos últimos casos, esse bloqueio é obtido pela interrupção dos tecidos vasculares, à custa de cortes efetuados na casca e até na parte do lenho, no presente é conseguido pela própria compressão dos tecidos vasculares. Inclinações São realizadas estas operações, deslocando a posição dos ramos de sua direção vertical, ou quase vertical, para uma posição oblíqua. A inclinação, porém, abrange todo o comprimento dos ramos, uma vez que ela é praticada justamente na própria base desses ramos. Quanto maior for a inclinação dada a um ramo em relação à vertical mais enfraquecido este ficará. Assim, quando um ramo, destinado à formação de uma pernada se apresentar com pouco vigor em relação a outro, deve ser deixado com uma inclinação menor. Ou seja, quando acontecer um desequilíbrio vegetativo entre dois ramos, podemos realizar inclinações adequadas para restabelecer seu equilíbrio inclinando bastante o ramo mais vigoroso e chegando até a deixar o mais fraco, se disso for o caso, na própria vertical As inclinações dos ramos constituem intervenções muito comuns nos modernos sistemas de condução. Porém, a inclinação dos ramos destinados a formar pernadas, normalmente não é feita de uma só vez, mas por sucessivas intervenções. A primeira inclinação que os ramos sofrem, para abrir o esqueleto das plantas, dá-se o nome de inclinação de abertura. As que se seguem são destinadas a ajustar os ramos a posições mais favoráveis ao seu desenvolvimento e ao melhor equilíbrio da copa, sendo designadas por inclinações de ajuste. Finalmente, as últimas inclinações que se praticam, deixando as pernadas na sua posição definitiva são chamadas de inclinações definitivas. Horizontalizações As horizontalizações são inclinações que atingem 90º em relação à vertical, deixando, portanto, os ramos numa direção horizontal. Há casos, porém, em que os ramos por terem de ser desvigorizados, são levados a uma posição invertida, isto é, a extremidade dos ramos é deixada num plano mais baixo que a horizontal. As horizontalizaçães são mais comumente utilizadas em ramos subsidiários de elaboração ou frutificação e, com caráter temporário. Desbaste O desbaste ou raleio de frutos consiste na remoção de uma parte da produção, antes da maturação morfológica dos frutos. O desbaste tem como objetivo, reduzir o número de frutos por planta, melhorando a qualidade dos frutos remanescentes (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitando a quebra dos ramos; reduzindo as despesas com a colheita dos frutos imprestáveis; além de evitar a alternância de safra, comum em diversas espécies de citros, especialmente tangerinas (Coelho e Medina, 1992; Marinho et al., 1996; Simão, 1998). O desbaste pode ser feito manualmente, retirando-se os frutos, com a supressão de ramos ou de através de aplicação de hormônios vegetais. Algumas espécies apresentam estreita correlação entre número de folhas e qualidade do fruto. Assim, em citros, é boa a relação de um fruto para cada vinte folhas. Como o desbaste constitui uma operação onerosa, tem-se experimentado o uso de hormônios ou herbicidas para eliminar o excesso de flores e frutos. O Ethel quando aplicado em concentrações de 200 a 350 mg.L-1, pulverizado na forma de neblina sobre a copa das plantas com frutos de 0,5 a 2,0 cm de diâmetro, promove o raleio de 40 a 70% dos frutos (Silva e Donadio, 1992; Sharma e Awasthi, 1990). Dosagens baixas (100 mg.L-1) podem não promover raleio significativo de frutos ao nível de não quebrar a alternância de produção e concentração alta de ethrel (300 mg.L-1) promove excessivo raleio (Souza et al., 1993). Em tangerineira ‘Ponkan’, em concentração de 300 mg.L-1, o Ethrel aplicado aos 40 dias após o florescimento promove até 95% de raleio de frutos, incrementando o tamanho e peso dos frutos remanescentes (Pacheco e Castro, 1998). E quando aplicado acima de 500 mg.L-1, o etefon pode causar abscisão de folhas (Domingues et al., 2001). O ácido naftaleno acético a 0,2% numa única aplicação, ou 2,4 D a 0,001%, tem sido empregado. O 2,4 D, embora efetivo, causa certas distorções nas folhas.
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