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RELATÓRIO DO ESTÁGIO EM AGRONOMIA COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
ÁREA DO CONHECIMENTO CIÊNCIAS DA VIDA
CURSO DE AGRONOMIA
TIAGO RAMBO KOCHHANN
RELATÓRIO DO ESTÁGIO EM AGRONOMIA
COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA
Vacaria
2019
TIAGO RAMBO KOCHHANN
RELATÓRIO DO ESTÁGIO EM AGRONOMIA
Relatório apresentado como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo na Universidade de Caxias do Sul. 
Orientadora: Prof.ª M.ª Elaine Damiani Conte 
Supervisores: Michael Parizotto
Vacaria
2019
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado o maravilhoso dom da vida, saúde, perseverança, proteção e por sonhar os meus sonhos, por fazer de mim um ser capaz de vencer obstáculos jamais imaginados por mim. Obrigada Pai por colocar no meu caminho pessoas especiais e tão importantes na minha vida.
A minha esposa Elisângela, pela paciência, companheirismo e amor, sem você com certeza essa caminhada teria sido muito mais difícil, obrigado por acalmar como ninguém o meu coração, por fazer eu me sentir um gigante, por sempre apoiar minhas decisões. Amor te amo para sempre, essa conquista eu dedico inteiramente a você. Aos meus filhos por me darem forças todos os dias com um simples sorriso.
A minha família, mãe (Doralice), pai (Mauro) e meu irmão (Fábio), obrigado por compreenderem cada ausência minha e por estarem ao meu lado a cada conquista. Desculpa por inúmeras vezes ter deixado vocês um pouco de lado e obrigado por entenderem todo cansaço que um aluno que estuda e trabalha sente. Amo muito vocês.
A família Cooperval pela oportunidade de aprendizado e por todo o apoio, principalmente ao Sr. Michael Parizotto pelos ensinamentos e de maneira mais especial ainda ao meu primo Adriano Brandt Kochhann, sem o qual nada disso teria sido possível.
À UCS pela oportunidade, principalmente pelo ensino de qualidade.
RESUMO
O estágio foi realizado com foco nos manejos da colheita e pós-colheita da macieira. Procurou-se neste trabalho, realizado na COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA., analisar com uma visão crítica os manejos realizados nas fases de poda verde, de limpeza e de inverno, colheita, pós-colheita e implantação de pomar nas fases de pré-plantio e plantio. Os manejos de pré-plantio e plantio não foram acompanhados in loco pois estavam em fase de planejamento, as informações deste planejamento foram coletadas a partir de conversas com o produtor e o agrônomo da cooperativa que auxiliou nesses projetos. A empresa em que o estágio foi realizado se trata de uma empresa que presta assistência para seus cooperados na fruticultura, como a maçã.
Palavras chaves: COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA., poda verde, poda de limpeza, poda de inverno, colheita, pós-colheita, plantio de pomar, pré-plantio, plantio.
ABSTRACT
The stage was carried out focusing on the management of the harvest and post-harvest of the apple tree. This work was carried out at the TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA. COOPERATIVE, to analyze with a critical view the management carried out in the green pruning, cleaning and winter phases, harvesting, post-harvesting and orchard implantation in the pre-planting phases and planting. The pre-planting and planting operations were not monitored locally as they were in the planning phase, the information from this planning was collected from conversations with the producer and agronomist of the cooperative that assisted in these projects. The company where the internship was held is a company that provides assistance to its members in fruit growing, such as the apple.
Keywords: Palavras chaves: COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA., green pruning, pruning, winter pruning, harvesting, post-harvesting, orchard planting, pre-planting, planting.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Sede da Cooperativa, na cidade de Vacaria/RS.
Figura 2: Maçã Gala.
Figura 3: Maçã Gala.
Figura 43: Maçã Fuji.
Figura 5: Maçã Fuji.
Figura 6: Destaques em 2018 da maçã.
Figura 7: Macieiras conduzidas no sistema ‘Tall Spindle'.
Figura 8: Arqueamento de ramos em planta jovem com uso de fitilhos.
Figura 9: Detalhe do corte em ângulo deixando uma porção de lenho para a brotação de um novo ramo menos vigoroso.  A seta vermelha o corte realizado e a seta branca indica o novo ramo formado.
Figura 104: Caracterização da respiração em frutas climatéricas.
Figura 5: Penetrômetro utilizado para medir a firmeza da polpa das frutas.
Figura 6: – Refratômetros utilizados para a determinação do teor de sólidos solúveis totais (SST) das frutas.
Figura 7: Medição da acidez titulável em frutas.
Figura 8: Teste iodo-amido em maçãs.
Figura 119: Máquinas adequadas para a colheita de frutas em plantas altas.
Figura 1210: Sacolas de colheita.
Figura 13: Sintomas de russeting em maçã.
Figura 14: Sintomas internos (A) e externos (B) de bitter pit em frutas de macieira.
Figura 15: Sintomas de pingo-de-mel (“water core”) em maçãs.
Figura 161: Sintomas da sarna em folhas e frutos de macieira.
Figura 172: Sintomas da mancha-foliar-de-GlomerellaGlomerella em folhas e frutos de macieira.
Figura 18: Ramo infectado com cancro europeu Neonectria ditíssima.
Figura 19: Mariposa de Grapholita molesta.
Figura 20: Representação esquemática de divisão de uma propriedade em glebas ou talhões a serem amostrados.
Figura 21: Ferramentas mais utilizadas para retirar amostras de solos.LISTA DE 
TABELAS
Tabela 1: Características das principais cultivares de macieira recomendadas para plantio no Sul do Brasil, por ordem de época de maturação.
Tabela 2: Classes ou Calibres da Maça, com base no número de frutos contidos numa caixa modelo Mark IV, com capacidade para conter 18 kg do produto.
Tabela 3: Natureza, Causa, Número e Tamanho dos Defeitos permitidos por Categoria.
Tabela 4: Tolerâncias máximas permitidas de categoria, em percentual, dentro de cada uma delas.
Tabela 5: Limites máximos de firmeza da polpa, medida com o penetrômetro com ponta 7/16.
Tabela 61: Correção do teor de sólidos solúveis totais (SST) para a temperatura de 20°C.
Tabela 2: Condições de armazenamento para algumas espécies frutíferas.
Tabela 73: Herbicidas com permissão de uso na Produção Integrada de Maçã – PIM.
Sumário 
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS..............................................................................
1.	INTRODUÇÃO	10
2.	APRESENTAÇÃO DA EMPRESA	10
3.	REVISÃO DA LITERATURA	13
3.1.	História da maçã no Brasil	13
3.2.	Cultivares	15
3.3.	Cenário atual da maçã no Brasil	18
3.4.	Poda	22
3.4.1.	Tipos de poda da macieira de acordo com o objetivo	22
3.4.2.	Tipos de poda de acordo com a época em que é realizada	23
3.4.3.	De acordo com a intensidade da poda	23
3.5.	Operações da poda	24
3.5.1.	Supressão e encurtamento de ramos	24
3.5.2.	Desbrota	24
3.5.3.	Esladroamento	24
3.5.4.	Desfolha	24
3.5.5.	Desponte	25
3.5.6.	Ferramentas utilizadas na poda	25
3.6.	Arqueamento	26
3.7.	Desfolha química	30
3.8.	Colheita e armazenamento	31
3.8.1.	Parâmetros para determinação do ponto de colheita	33
3.8.1.1.	Parâmetros de indicação direta	33
3.8.1.2.	Parâmetros de indicação indireta	34
3.8.2.	Colheita	35
3.8.3.	Seleção e classificação	37
3.8.4.	Problemas de pós-colheita	38
3.8.4.1.	Russeting	38
3.8.4.2.	Bitter pit	39
3.8.4.3.	Pingo-de-mel	41
3.8.5.	Armazenamento	43
3.8.5.1.	Pré-resfriamento	44
3.8.5.2.	Tipos de armazenamento refrigerado	44
3.8.5.3.	Condições de armazenamento	46
3.9.	Controle de brotações dos porta enxertos	47
3.9.1.	Herbicidas permitidos	48
3.10.	Pulverizações	48
3.11.	Principais doenças	48
3.10.1.	Sarna	48
3.10.2.	Mancha-foliar-de-Glomerella (Colletotrichum spp.)	51
 3.10.3.	Manejo do Cancro Europeu	53
3.11.	Grapholita molesta	56
3.12.	Análise de solo	59
3.12.1.	Amostragem de solos	59
3.13.	Implantação de pomar	62
3.13.2.	Seleção de espécies a serem plantadas	67
3.13.3.	Preparo de solo para plantio	68
3.13.4.	Sistemas de alinhamento e marcação do pomar	70
3.13.5.	Plantio	74
5.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS79
1. INTRODUÇÃO
A maçã (Malus domestica Borkh) é a fruta de clima temperado de maior dispersão, comercialização e consumo como fruta fresca no mundo, e ainda a quarta frutífera mais produzida (FERREIRA et al., 2018, pág. 1).
As vendas de maçã do Rio Grande do Sul têm como principal origem Vacaria, cidade que detém mais de 20% da produção nacional e 80% das exportações brasileiras de maçã (RBS - ZERO HORA EDITORA JORNALÍSTICA S/A, 2018).
Após redução da área plantada de maçã, Vacaria perdeu há dois anos o posto de maior produtora de maçã do país para São Joaquim (SC). A queda chegou a 454 hectares entre 2011 e 2016. Hoje, são 6,6 mil hectares, segundo a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi) (RBS - ZERO HORA EDITORA JORNALÍSTICA S/A, 2018).
Ainda assim, a economia local gira em torno dos pomares de maçã. A prefeitura informa que a atividade gera 30% dos empregos do município de cerca de 70 mil habitantes (RBS - ZERO HORA EDITORA JORNALÍSTICA S/A, 2018).
A localidade detém mais da metade da produção de maçã do Rio Grande do Sul e um quinto do Brasil. Assim, as grandes empresas do ramo são as maiores empregadoras. Isso sem levar em consideração o movimento de trabalhadores temporários, entre janeiro e abril, durante o período da colheita. A produção é concentrada em médios e grandes produtores, em total que não passa de 70, diferentemente de São Joaquim, onde a produção é pulverizada (RBS - ZERO HORA EDITORA JORNALÍSTICA S/A, 2018).
Este relatório de estágio compreende as atividades desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado de Agronomia, realizado na Empresa COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA, totalizado em 360 horas, no período compreendido entre 26/03/2019 a 06/07/2019. 
O principal objetivo desta atividade visa a formação acadêmica integral, possibilitando ao aluno vivenciar na prática o conhecimento adquirido durante a graduação. É fundamental para a preparação do aluno para o mercado de trabalho. 
2. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
NOME DA EMPRESA: COOPERATIVA TRITICOLA MISTA VACARIENSE LTDA. 
ENDEREÇO: Avenida Militar, Nº 4500, Bairro Glória, CEP 95.200-000 – VACARIA/RS.
VISÃO: Ser referência regional no agronegócio, proporcionando crescimento pessoal e financeiro aos associados e clientes. 
MISSÃO: Oferecer aos associados e clientes, soluções inovadoras e confiáveis, através de colaboradores e fornecedores qualificados e comprometidos com a sustentabilidade do agronegócio e a preservação do meio ambiente.
VALORES: 
1. Credibilidade 
1. Comprometimento
1. Honestidade
1. Cooperação
1. Transparência
1. Fidelidade
1. Pessoas
1. Ética
1. Sustentabilidade 
HISTÓRICO: 
No final da década de 1950, alguns produtores da região de Vacaria, sentiram a necessidade de um local para recebimento, beneficiamento e armazenamento de grãos. A compra de insumos e comercialização da produção passou a ser de importância fundamental.
A partir da fundação em 15 de novembro de 1958, foram dados os primeiros passos para atuação da cooperativa. As motivações de 12 produtores rurais deram início a construção da sede utilizada na época para encontros e organização dos primeiros associados. A cultura do Trigo e centeio com duplo propósito, e no verão a cultura do mourisco, motivou a cooperativa a solicitar recursos para construção do armazém graneleiro, visando o armazenamento de grãos de trigo. Nesta década de 70 grandes mudanças na agricultura com a intensificação na utilização de insumos agrícolas nas lavouras e mecanização agrícola, motivou os pioneiros a aumentar a área de plantio da cultura do trigo no inverno e a cultura da soja no verão. A cultura da maçã era fomentada. Com a cultura da soja houve grandes conquistas tecnológicas e uma maior estabilidade das receitas agropecuárias da região. 
Figura 1 – Sede da Cooperativa, na cidade de Vacaria/RS. Fonte: Cooperval (2019)
12. REVISÃO DA LITERATURA	Comment by ELAINE DAMIANI CONTE: Achei muito extensa... deveria sintetizar
1. 
1. 
1. 
15. História da maçã no Brasil
Conhecida desde os primórdios dos tempos, a maçã possui também a sua história no Brasil. Aqui pode ser considerada ainda recente, mas é por certo muito intensa e bela, como a própria fruta se apresenta ao ser colhida nos vastos pomares implantados. Com cerca de meio século de introdução comercial no País, já tem quatro décadas de vida organizada e mostra estrutura produtiva de primeira linha, para atender com toda a qualidade aos consumidores nacionais e internacionais (Kist et al, 2018).
Para quem dependia há pouco tempo da importação e hoje exporta para muitos países, esta é uma realidade inequívoca da área produtora, firmada nas regiões altas e frias dos estados do Sul do Brasil, com muita tecnologia e empreendedorismo. Dificuldades nunca esfriaram o ânimo do setor, que investiu forte, venceu obstáculos, construiu uma atividade moderna e fez frutificar produtos do mais elevado quilate, que convencem a todos (Kist et al, 2018).
A história da maçã brasileira, que conquistou o seu lugar, continua a ser contada com pleno vigor por todos os agentes do segmento, permanece com o mesmo ímpeto de se renovar e buscar os melhores caminhos para se manter marcante e competitiva (Kist et al, 2018).
A macieira é uma planta caducifólia originária de regiões de clima temperado característico, encontradas na Ásia. Inserida nacionalmente na década de 1970, tornou-se uma forte opção de diversificação econômica para a região Sul do país. Embora seu cultivo tenha se difundido muito há uma alta necessidade de quantidade e qualidade de frio em seu período hibernal para expressar todo seu potencial produtivo. Porém as condições climáticas da região Sul do Brasil não suprem toda essa necessidade, ocasionando brotações desuniformes que afetam a produção da safra em curso e a estruturação produtiva para os anos seguintes (VARGAS et al., 2018, pág. 1).
O cultivo da maçã em nível comercial no Brasil é um caso de sucesso que acontece há menos de 50 anos. Os registros existentes apontam que o primeiro plantio comercial representativo aconteceu em 1969, em Fraiburgo, no planalto do meio-oeste de Santa Catarina. Ele sucedeu a pomar experimental implantado (ANUÁRIO, 2015). 
Com mudas vindas da França, em 1963, pela Sociedade Agrícola Fraiburgo (Safra), integrada por fundadores da cidade recém-criada e fruticultores franceses vindos da Argélia, após sua independência, em 1958. O ciclo da madeira, que declinava, começava a dar lugar a uma nova fase da economia, baseada na maçã (ANUÁRIO, 2015).
O governo brasileiro, na época, mostrou interesse em estimular o cultivo da fruta, que era então o segundo produto alimentar mais importado, com alto gasto de divisas. Após parecer contrário dado por americanos em diversos locais do País, o governo ficou encantado com experiência feita na cidade catarinense, indicada pelo viveirista francês George Delbard, e criou um programa da maçã com incentivos fiscais (ANUÁRIO, 2015).
O comerciante francês integrou-se à Sociedade Fraiburgo, composta pelos fundadores da cidade e investidores em madeira Renê e Arnoldo Frey, imigrantes oriundos da região francesa da Alsácia (que já pertenceu à Alemanha), bem como os franceses Gabriel Evrard e Alberto Mahler, vindos do grupo Viti-Vini-Fruticultura, da Argélia independente, e mais o especialista Roger Biau. O grupo antes investira em parreirais, mas acabou dando impulso às macieiras com o experimento realizado e que, junto com o parceiro Pedro Nodari, no Reflorestamento Fraiburgo, resultou no primeiro pomar comercial de maçã, em 1969, em terras hoje da empresa Fischer (ANUÁRIO, 2015).
A partir daí o que era experiência virou negócio, e deslanchou. Em 1974, Fraiburgo já colhia 1.528 toneladas. Outras áreas também passaram então a ganhar espaço comercial na cultura nesta década, como ocorreu em Vacaria (RS), na região dos Campos de Cima da Serra, após ter havido pequenos plantios em Veranópolis e em outros municípios da Serra Gaúcha, bem como foi o caso de São Joaquim, na Serra Catarinense. O polo gaúcho de Vacaria tornou-se realidade em vistada sua topografia, da altitude e do clima adequados para pomares de grande porte, ao lado da concessão de incentivos pela área pública. Assim acolheu, entre outros, investimentos de empresas como a Randon, de Caxias do Sul (com o nome Rasip), a Agriflor (hoje Schio), Scania e Emaflor. Enquanto isso, na região catarinense de São Joaquim chegavam imigrantes japoneses de cooperativa paulista e introduziam de vez a maçã naquela área (ANUÁRIO, 2015).
A fruta, com graduais avanços alcançados em organização, pesquisa e tecnologia, passou a ser produzida em larga escala nestas regiões altas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e também do Sul do Paraná. Caiu no gosto dos brasileiros e, ao mesmo tempo, dos consumidores de outros países. Um produto que era importado passou a ser exportado e a gerar emprego e renda no País, com repercussão econômica e social muito forte nas áreas produtoras (ANUÁRIO, 2015).
O plantio da maçã no Brasil foi iniciado com baixas produtividades. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, destacando-se o aumento da densidade de plantio, houve um aumento significativo com pomares atingindo 80 ou mais toneladas por hectare (SCHVEITZER; PETRI; HAHN, 2018, pág. 1)
15. Cultivares
O Brasil conseguiu desenvolver – e apresenta ao consumidor brasileiro e internacional – maçãs com características que agradam aos seus mais apurados sentidos. Atualmente, as principais cultivares de maçã trabalhadas no Brasil são: ‘Gala’ e ‘Fuji’, as quais representam em torno de 60% e 30% da produção, respectivamente. Ambas são cultivares que abastecem o mercado interno com elevado padrão de qualidade, e ao mesmo tempo, possibilitam a exportação de uma parcela significativa da produção. Entretanto, restringir a pomicultura nacional em apenas duas cultivares traz inúmeras vulnerabilidades, tais quais: dificuldade para o gerenciamento dos pomares, a contratação de mão de obra causada pela concentração de atividades em determinadas fases da cultura e o uso excessivo de insumos químicos. Além disso, o uso de poucas cultivares também pode ser prejudicial no caso da ocorrência de eventos climáticos adversos ou surtos de pragas e doença (FERREIRA et al., 2018, pág. 1).
As maçãs brasileiras são produzidas de modo geral em áreas acima de mil metros de altitude (no nordeste gaúcho, no planalto e no meio-oeste catarinenses e no sul paranaense), o que permite a obtenção de produção de qualidade. A maturação da fruta normalmente mais estendida, de outro lado, propicia o desenvolvimento de teores elevados de açúcar, assim como cor e sabor mais expressivos, observa Argenta. Ele ainda menciona a técnica e o clima favoráveis à armazenagem por mais tempo (ANUÁRIO, 2015).
A Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) salienta a diferenciação de sabor do produto obtido em solo nacional, onde haveria inclusive influência do clima subtropical, ao lado do temperado. “A nossa maçã tem maior apelo gustativo, consistência, firmeza e crocância”, salienta o presidente Pierre Nicolas Pérès, ao verificar como se inseriu no gosto dos brasileiros e abriu espaços no mundo.
A variedade Gala, que tem ainda os clones Galaxy, Brookfield, Imperial, Maxi e Royal, é de tamanho médio (em torno de 135 gramas), forma arredondada e pouco cônica, com listras vermelhas claras sobre fundo creme a amarelo claro. Colorida, lustrosa e atraente, tem polpa creme, crocante e suculenta, aroma marcante e sabor doce, segundo as informações técnicas (ANUÁRIO, 2015).
A Fuji, por sua vez, apresenta ainda as variações Select, Standard e Suprema. É arredondada, de tamanho médio a grande (140 gramas ou mais), com casca nas cores vermelho e verde claro a amarelo. A polpa é bastante doce e refrescante, crocante e com muito suco. Além da Gala e da Fuji, que dominam a produção e o mercado, ainda são oferecidas outras variedades, como a Pink Lady, buscando sempre atender às mais rigorosas exigências dos consumidores (ANUÁRIO, 2015).
Podemos ver a seguir uma ilustração de uma maçã fuji na figura 2 e de uma maçã gala na figura 3.
Figura 2 – Maçã Gala. Fonte: Anuário (2015).
Figura 3 – Maçã Fuji. Fonte: Anuário (2015).
Os clones mais plantados de macieira ‘Gala’, apresentam uma tendência a desenvolverem maior coloração dos frutos, no entanto, ainda são, em sua maioria, bicolores (GABARDO et al., 2018, pág. 1).
A maçã da cultivar ‘Pink Lady®’ apresenta boa capacidade de conservação em armazenamento refrigerado, sendo uma cultivar que possui maturação tardia se comparada a outras (SOARDI et al., 2018, pág. 1). Porém, se faz necessário conhecimento técnico-científico para melhor manutenção das características dos frutos submetidos a tal processo (PEREIRA et al., 2018, pág. 1).
A produção da macieira em regiões climáticas desfavoráveis exige variedades com características bem distintas das tradicionais variedades que predominam na produção brasileira. Para o melhoramento genético o acompanhamento da fenologia da macieira, é uma ferramenta bastante importante para a recomendação de variedades mais produtivas e adaptadas para as diversas condições climáticas do nosso país. O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) possui um programa de melhoramento de macieira (PMM) que tem potencial para gerar genótipos promissores, com características agronômicas interessantes para o pomicultor (RIBAS et al, 2018, pág. 1).
15. Cenário atual da maçã no Brasil
A produção da maçã brasileira, concentrada em áreas altas no Sul do País, apresenta em 2018 mais uma safra de qualidade, após uma temporada de excelência produtiva. O tamanho dos frutos diminuiu, o volume total também, mas o sabor diferenciado e ao gosto do consumidor mantém-se intacto. É o que se apurou na colheita do último ciclo, encerrada em maio de 2018 (Kist et al, 2018).
No total, foram produzidas cerca de 1,1 milhão de toneladas na safara 2017/2018. As frutas da temporada 2017/18 apresentaram boa qualidade, porém, houve um maior número de maçãs acometidas pelo russeting (manchas escuras na casca). Vale destacar, ainda, que o cancro europeu, relatado nos últimos anos, tem sido controlado. Além disso, a safra 2017/18 foi caracterizada pela predominância de frutas miúdas, o que limitou a recuperação da rentabilidade frente a 2017. Em relação ao mercado internacional, o dólar valorizado favoreceu as exportações brasileiras, que já vinham apresentando tendência de alta no ano passado (MORAIS; BARBIERI, 2019).
As atividades de campo da temporada 2018/19 começaram para a gala no final de janeiro nas regiões mais quentes e, em fevereiro, nas mais frias. O inverno um pouco mais rigoroso em 2018 resultou em maior período de dormência e, consequentemente, em leve atraso na florada. Já o clima chuvoso em outubro prejudicou alguns pomares em relação ao “pegamento” da fruta (MORAIS; BARBIERI, 2019).
Podemos ver na ilustração da figura 4 a seguir os destaques do setor da maçã em 2018.
Figura 4 – Destaques em 2018 da maçã. Fonte: MORAIS; BARBIERI (2019).
Ainda em relação à safra anterior e às principais variedades produzidas (Gala e Fuji, nessa sequência), o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), verificou que o volume colhido na primeira ficou próximo ao nível histórico e na segunda foi superior. Na presente temporada, pelo que se observou na área produtora, a Gala alcançou quantidade total próxima à anterior, enquanto a Fuji teve quebra, em índices ainda não confirmados em maio. Ambas apresentaram calibres menores do que os obtidos um ano antes, porém mantiveram um alto nível qualitativo (Kist et al, 2018).
Pierre Nicolas Pérès, presidente da ABPM, ainda no mês de março, durante a fase mais intensa da colheita de Gala e do início na Fuji, indicava a influência no tamanho da fruta de geadas ocorridas na frutificação, frio excessivo no período de polinização e secas em novembro. Mas confirmava “qualidade fantástica, com frutos firmes, suculentos e doces, bem como coloração e crocâncias superiores”.Rudiard Muniz Neto, engenheiro agrônomo que assiste produtores na principal área produtora, com destaque à Fuji, em São Joaquim, Santa Catarina, confirmava em abril que o inverno passado mais quente e a falta de chuva nos períodos de floração e de crescimento, bem com a superprodução anterior, interferiram na safra, sem deixar de garantir elevado padrão de sabor no produto (Kist et al, 2018).
A área de maçã da safra 2017/18 foi maior em relação à anterior, principalmente nas regiões produtoras de Santa Catarina. Em Fraiburgo, houve ampliação de grandes empresas, as quais se organizaram após reduções de área nos últimos anos. Em São Joaquim, os incrementos de área se deram pela importância da maçã na economia local. Por outro lado, a produção da safra 2017/18 foi menor, finalizando em cerca de 1,1 milhão de toneladas, 200 mil t a menos que a passada, visto que a fuji, que apresenta uma produção de comportamento bianual, teve produção 15% a 20% menor em relação à “superssafra” de 2016/17. É importante ressaltar que para a temporada 2018/19 (considerando os três estados do Sul) a área deve se manter, visto que agentes do setor se encontram descapitalizados, devido à baixa rentabilidade dos últimos anos. Assim, não devem realizar novos investimentos (MORAIS; BARBIERI, 2019).
A safra 2017/18 foi caracterizada pelo perfil miúdo das maçãs. O inverno pouco rigoroso em 2017 e a falta de chuvas após a florada resultaram em menor desenvolvimento das frutas. Por esse motivo, embora a quantidade de maçãs colhida tenha sido similar à da safra 2016/17, o volume total foi menor. No geral, os preços médios da gala de janeiro a novembro de 2018 foram 15% superiores aos custos. Apesar desse cenário, o setor não conseguiu se recuperar, devido à elevada quantidade de miúdas, que limitou a receita dos classificadores e produtores. A perspectiva para 2019 é de melhora das cotações, visto que o calibre das frutas deve ser mais graúdo, equilibrando as receitas (MORAIS; BARBIERI, 2019).
O preço médio da maçã fuji ao produtor na safra 2017/18 aumentou 28% de janeiro a novembro, sendo comercializada por R$ 37,38/cx de 18 kg. A recuperação das cotações se deu, principalmente, por conta da quebra de safra da fuji, que contribuiu para que agentes do setor elevassem seus preços. No entanto, vale destacar que os preços das frutas graúdas foram superiores aos das miúdas – estas estiveram em maior quantidade no mercado e, portanto, atrapalharam na obtenção de receitas por agentes do setor. De maneira geral, a cotação das maçãs fuji miúdas foram 42% inferiores aos da graúda. Outra importante questão que tem influenciado os preços na safra 2017/18 é a qualidade de cada variedade. A gala se mostrou mais valorizada ao longo do ano, devido às melhores qualidade e à resistência pós-colheita. A fuji, por outro lado, apresentou alguns problemas de podridão carpelar, pressionando as cotações (MORAIS; BARBIERI, 2019).
Em 2018, as vendas de maçãs ao mercado internacional foram maiores em relação a 2017. Mesmo com predominância de frutas miúdas, um maior volume foi destinado a países do Oriente Médio – principalmente Bangladesh – e europeus. Além disso, a abertura do mercado indiano e a retomada das vendas para Rússia foram fatores que contribuíram para o aumento das exportações. De acordo com a Secex, de janeiro a novembro, foram enviadas cerca de 70,9 mil toneladas, obtendo um valor de US$ 52,4 milhões. Já quanto às importações, foram 6% menores frente ao mesmo período do ano passado, uma vez que a produção interna foi suficiente para suprir à demanda brasileira. Além disso, a alta do dólar tornou a fruta importada menos competitiva no mercado nacional. Dessa forma, de janeiro a novembro, as importações totalizaram 64,9 mil toneladas, representando um valor monetário de US$ 60 milhões. Embora a balança comercial tenha se registrado negativa neste ano – US$ 7,6 milhões negativos –, o saldo foi o menor dos últimos 5 anos. Isso indica tendência favorável ao Brasil no cenário internacional, que deve continuar em 2019 (MORAIS; BARBIERI, 2019).
Por conta do menor volume produzido e da melhor qualidade pós-colheita na safra 2017/18, a expectativa era de uma quantidade reduzida de maçãs destinada ao processamento. Cerca de 220 a 280 mil toneladas de maçãs foram recebidas pelas indústrias até novembro de 2018, segundo agentes consultados pelo Cepea – o que representa proporção similar aos demais anos, sendo de 20% a 25% do total da safra. Desse volume, 15% do suco produzido foi destinado ao mercado interno, o que mostra tendência de consumo saudável de alimentos, visto que há alguns anos apenas 5% era destinado ao mercado doméstico. Outros pontos importantes a serem destacados é que neste ano pequenos produtores aumentaram a oferta da fruta para a fabricação de sucos, houve boa competitividade no mercado internacional, por conta da desvalorização do Real e menor produção nos países do hemisfério Norte (MORAIS; BARBIERI, 2019).
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18. Poda
3. Tipos de poda da macieira de acordo com o objetivo
0. Poda de Formação
A poda de formação tem o objetivo de formar uma boa estrutura de copa, deixando-a simétrica e arejada, o que facilita os tratos culturais e garante uma maior resistência a tombamentos e quebras de galhos. É realizada nos primeiros anos após o plantio (de três a quatro anos, dependendo da espécie) e neste período deve-se priorizar o desenvolvimento vegetativo, evitando que a planta entre em produção (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
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0. Poda de Frutificação ou Produção
Consiste na retirada do excesso de ramos produtivos para obter o equilíbrio entre vegetação e frutificação, evitando alternâncias de safras. É realizada durante a fase produtiva das plantas. Deve-se ressaltar que esta poda não aumenta a produção de frutos, mas regulariza a produção, com frutos que atendem as exigências de mercado (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
Na poda de frutificação, o erro mais comum é deixar de realizar essa poda durante vários anos e voltar a fazê-la de forma severa em anos subsequentes, podendo resultar em alternância de safras, pelo esgotamento das reservas e pelo crescimento vegetativo intenso, levando à uma redução da produtividade. Outro erro é a eliminação exagerada de ramos no interior ou na base da planta, prejudicando a produção e expondo os ramos secundários à insolação intensa que causa escaldadura (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
0. Poda de Limpeza
É realizada principalmente na fase de repouso fisiológico das plantas e após a poda de frutificação. Nesta operação são retirados o excesso de ramos, que estejam mal posicionados, fracos, excessivamente vigorosos ou contaminados (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
3. Tipos de poda de acordo com a época em que é realizada
1. Poda de inverno (ou poda seca)
Nas plantas de clima temperado, como pêssego, uva, entre outras, que são caducifólias, ou seja, que perdem suas folhas no outono, executa-se tanto a poda de limpeza como a de frutificação no inverno e início de primavera. Como nessa época as plantas se apresentam sem folhas e bastante lignificadas, com ramos lenhosos, é denominada de poda seca ou de inverno (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
1. Poda de verão (ou poda verde)
É realizada durante o período de desenvolvimento vegetativo, quando as plantas se apresentam totalmente enfolhadas. Esta forma de poda é importante e complementa a poda de inverno, pois permite uma seleção mais criteriosa dos ramos, facilitando a penetração de luz e canalizando as energias para os ramos remanescentes, melhorando a qualidade dos frutos. Compreende as operações de esladroamento, desponte, desbrota, desfolha, incisão e anelamento, desbaste e desnetamento (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
Também pode ser realizada a poda verde com o objetivo de produção. Esta técnica é utilizada em diversas frutíferas, como uva e goiaba com a finalidade de deslocar a época de colheita (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
3. De acordo com a intensidade da poda
2. Poda drásticaA poda drástica deve ser considerada quando parte da arquitetura principal da planta, como tronco e ramos primários, são cortados com a finalidade de serem reformados e renovados (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
2. Poda de renovação
A poda de renovação da copa deve ser considerada quando o objetivo é refazer parte da copa, porém, sem alterar a arquitetura principal da planta (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
21. Operações da poda
4. Supressão e encurtamento de ramos
A supressão consiste na eliminação total de ramos, enquanto o encurtamento consiste na eliminação de partes dos mesmos (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
4. Desbrota
É a retirada de brotos novos improdutivos ou em excesso, que se desenvolvem às custas das reservas, em detrimento ao crescimento e à frutificação. É comum esta prática na condução de plantas após a poda principal (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
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4. Esladroamento
Consiste na retirada dos ramos chamados ladrões. Estes ramos são vigorosos e provocam desequilíbrio nutricional na planta, pois os mesmos competem por nutrientes, espaço e luz com os ramos de produção (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
4. Desfolha
É a remoção de folhas para favorecer a iluminação e o arejamento das flores e frutos, eliminando focos de doenças e pragas e melhorando a coloração dos frutos de maçã. Esta operação deve ser feita com cuidado, pois o desfolhamento excessivo prejudica o desenvolvimento da planta, visto que a folha é a responsável pela fotossíntese. As folhas próximas aos frutos são as responsáveis pela sua proteção e nutrição e proporcionam melhor qualidade, desde que não haja contato entre ambos (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
4. Desponte
Consiste num simples encurtamento da ponta do ramo, onde se encontra o meristema apical, de modo que o ramo diminua seu crescimento, favorecendo o desenvolvimento dos frutos. Essa operação também pode ser utilizada para forçar o desenvolvimento de ramos inferiores, ou brotações laterais quando necessárias (FILHO; MEDINA; SILVA, 2011).
4. Ferramentas utilizadas na poda
São utilizadas diversas ferramentas na execução das diferentes modalidades de poda tais como: tesouras pequena e grande, tesoura pneumática, canivete, serrote, machado, foice, serra, escada, entre outros (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
As tesouras pequenas podem ser manuseadas apenas com uma mão e cortam ramos de diâmetro reduzido. Para realizar o corte, a contra lâmina deve ser apoiada no ramo que irá ser podado e a lâmina cortante deve ir de encontro ao ramo. Desta maneira, não há compressão ou esmagamento da parte do ramo mantida na planta. As tesouras maiores são manuseadas com as duas mãos e possuem cabos mais alongados, possibilitando o corte de ramos mais grossos devido à força da alavanca. Nas partes mais altas da planta a poda deve ser feita com o auxílio de uma escada. É aconselhável que ela tenha três pontos de apoio para maior estabilidade e que seja fabricada com material leve, para facilitar o transporte. Há também tesouras elétricas e pneumáticas, viáveis em grandes propriedades, pois reduzem o tempo de poda (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Quando o diâmetro do ramo não permitir o corte pela tesoura grande, é necessário a utilização de um serrote pequeno que possua uma forma curva para facilitar a poda nas ramificações, com todos os dentes na mesma altura, a fim de que o corte seja limpo e o esforço reduzido (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Independentemente da ferramenta utilizada, é aconselhável que seja fabricada com um material leve, para reduzir o peso, diminuir o tempo da operação e aumentar a eficiência do trabalho. Para o uso correto do equipamento, é necessário que ele esteja em boas condições de uso, com lâminas afiadas e sem folga entre as facas para que seja utilizado sem interrupções e obter cortes mais lisos e com menos esforço. É sempre indicado seguir as recomendações técnicas dos fabricantes e distribuidores (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
22. Poda e arqueamento de ‘Tall Spindle'
Espécies como a macieira precisam de poda para equilibrar o crescimento vegetativo e a produção, portanto plantas bem podadas tendem a ser mais produtivas e com produção constante ao longo dos anos.  Existem vários conceitos que norteiam a poda e estão fundamentados na fisiologia das plantas, ou seja, no modo como as plantas irão responder a esse manejo (RUFATO, 2016). 
Ao longo da vida útil de um pomar, existem necessidades diferentes em termos de poda. Nos primeiros anos, a poda de formação, como o próprio nome diz, serve para dar às plantas a forma que desejamos: seja taça, Y, líder central, Tall Spindle ou outro sistema de condução. Depois que as plantas tiverem a estrutura desejada, inicia-se então a poda de frutificação, ou seja, a poda realizada quando o pomar já entrou em produção e serve para favorecer a formação de frutos (RUFATO, 2016).
Não existe uma receita única para se realizar a poda das macieiras, mas existem orientações que podem auxiliar o produtor neste momento. Com a dificuldade na disponibilidade de mão de obra, otimizar a poda é uma boa recomendação. Nesse sentido, sistemas de condução que exijam menor uso de mão de obra são bem-vindos (RUFATO, 2016).
O ‘Tall Spindle' (Figura 5) é um sistema de condução que torna as plantas produtivas em menor tempo.  Ao fazer com que as plantas produzam mais cedo, reduz-se a poda durante os quatro primeiros anos, período no qual não devem ser feitos cortes no líder central nem nos nos ramos laterais. Devem ser retirados apenas os ramos que tiverem diâmetro maior do que 2/3 do diâmetro do líder central. O mais importante durante esses anos iniciais do pomar é formar um ângulo adequado dos ramos, fazendo o arqueamento para reduzir seu vigor (Figura 6) (RUFATO, 2016).
Figura 5 – Macieiras conduzidas no sistema ‘Tall Spindle'. Fonte: Terrence Lee Robinson (2016).
Figura 6 – Arqueamento de ramos em planta jovem com uso de fitilhos. Fonte: João Carlos Zantedeschi (2016).
Para pomares em produção conduzidos em Tall Spindle, a recomendação é iniciar tirando de uma a dois ramos inteiros no topo da planta. A retirada dos ramos inteiros promove uma boa distribuição de luz no interior da copa, sem tornar as plantas vigorosas. Estes ramos devem ser cortados em ângulo, ficando uma pequena parte de lenho, da qual vai se desenvolver um novo ramo (Figura 7) (RUFATO, 2016).
Figura 7 – Detalhe do corte em ângulo deixando uma porção de lenho para a brotação de um novo ramo menos vigoroso.  A seta vermelha o corte realizado e a seta branca indica o novo ramo formado. Fonte: João Carlos Zantedeschi (2016).
Por outro lado, o encurtamento de ramos permanentes e "cortes de retorno" tendem a tornar as plantas mais vigorosas com relação à poda de renovação, pois essas práticas estimulam o vigor localizado nos ramos cortados, resultando em sombreamento na parte mais baixa da copa (RUFATO, 2016).
Os ramos que estiverem na horizontal ou pendentes pelo peso da produção, podem ser encurtados ou simplificados.  O arqueamento natural dos ramos, em função do peso da produção, pode ser usado na parte alta de plantas vigorosas para limitar a altura das plantas. Alguns produtores querem limitar a altura da planta pelo corte do líder central ou em brotações que estão na posição vertical, o que vai resultar em novo crescimento vigoroso (RUFATO, 2016).
Se a brotação lateral ou o ramo forem colocados na horizontal natural ou propositalmente, eles terão boa produção no ano seguinte. Se o topo da planta for produtivo e o líder estiver pendente pelo peso da produção, ele poderá ser encurtado em um ramo fraco lateral sem estimular o vigor de brotação (RUFATO, 2016).
Resumindo, em pomares de macieira, altas produções e boa qualidade de frutos podem ser conseguidos mantendo o formato limitado da planta, equilibrando produção e crescimento vegetativo. O uso de poda mínima, com renovação de ramos, e porta enxertos pouco vigorosos permite limitar o crescimento vegetativo e manter a produção satisfatóriaao longo dos anos (RUFATO, 2016).
22. Desfolha química
A senescência das folhas é a última fase de desenvolvimento da planta, mas não menos importante para as espécies caducifólias. Esse processo fisiológico é importante para a regulação do crescimento e desenvolvimento das plantas de macieira. Pelo fato da queda das folhas de macieiras cultivadas sob as condições de clima subtropical, ser retardada e não ocorrer completamente, é necessária a adoção de alguma técnica que promova a queda das folhas. Assim, a desfolha manual ou induzida precocemente por um desfolhante artificial são alternativas que podem ser utilizadas para amenizar os efeitos ocasionados pela irregularidade climática. Contudo, o desfolhamento precoce em macieira reduz o acúmulo de reservas e impede a boa diferenciação de gemas floríferas, o que se traduz em baixa produção de frutos, e produção de frutos de menor qualidade (RIBEIRO et al., 2018, pág. 1).
22. Colheita e armazenamento
A avaliação da qualidade da maçã na colheita é uma ferramenta importante para a decisão do destino da fruta em pós-colheita. O manejo adotado, as condições climáticas e nutricionais das plantas, durante o crescimento e desenvolvimento do fruto, resultam em frutas de maior ou menor qualidade (MEYER et al., 2018, pág. 1).
Maturação é a fase fenológica do desenvolvimento da maçã em que ocorrem diversas mudanças químicas e físicas, como por exemplo nas pectinas, nos compostos fenólicos, nas proteínas, mudanças nos teores de ácidos orgânicos e de carboidratos, formação de ceras na epiderme, produção de substâncias voláteis, mudanças na permeabilidade dos tecidos, de alterações na textura, no sabor e na coloração, entre outros (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A determinação do grau de maturação correto, por ocasião da colheita da maçã, é de suma importância para que a fruta atinja a indústria ou o mercado em condições de excelência (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
O grau de maturação ideal é bastante volátil de acordo a cultivar. Outro fator determinante para o ponto de colheita é a destinação que será dada à maçã, assim maçãs destinadas ao consumo “in natura” devem ser colhidas ligeiramente firmes ou maduras, enquanto as que se destinam ao armazenamento ou à industrialização podem ser colhidas com um grau de maturação inferior a maçã in natura (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
As mudanças que ocorrem durante a maturação provêm, principalmente, pela produção de etileno e consequente aumento na taxa respiratória (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Lotes de maçãs são normalmente identificados logo após a colheita segundo seu potencial de armazenagem com base nos índices de maturação. No entanto, frutos colhidos em estádio de maturação semelhante e armazenados sob as mesmas condições podem apresentar variações quanto a conservação da qualidade, indicando que o emprego isolado dos índices de maturação na colheita não é suficiente para detectar variações entre pomares, microrregiões e/ou safras quanto à susceptibilidade a distúrbios fisiológicos e à taxa de perda de firmeza de polpa (VIEIRA et al., 2018, pág. 1).
A respiração é decorrente da decomposição oxidativa de substâncias de estrutura química mais complexa, como ácidos orgânicos, açúcares e amido, em estruturas mais simples, como água e CO2, havendo produção de energia (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A respiração continua ocorrendo mesmo após a colheita da maçã e está diretamente ligada com a temperatura. Geralmente, temperaturas mais altas, tanto antes como após a colheita, aumentam a taxa respiratória, diminuindo, dessa maneira, a vida pós-colheita dessa maçã (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
De acordo com o modelo respiratório apresentado na figura 8, as frutas podem ser classificadas em dois grupos, Climatéricas e Não Climatéricas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Frutas Climatéricas são as que apresentam um período em que ocorre uma elevação na taxa de respiração, ocasionada pela produção autocatalítica de etileno. Esta produção de etileno, proteínas e ácido ribonuclêico (RNA), conjuntamente com a decomposição de certas estruturas celulares e com o aumento na taxa de respiração, identificam a transição entre a fase de maturação e senescência (Figura 8) (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Figura 8 - Caracterização da respiração em frutas climatéricas. Fonte: FACHINELLO, NACHTIGAL e KERSTEN (2008)
As frutas climatéricas podem ser colhidas mesmo que ainda não estejam no ponto ideal de maturação, pois o amadurecimento é atingido após a colheita. Porém, as frutas não devem ser colhidas muito cedo, devido a perdas nas qualidades organolépticas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
As principais frutas climatéricas são tomate, melão, damasco, cherimólia, banana, maracujá, manga, mamão, abacate, caqui, figo, goiaba, ameixa, pêssego, pêra e maçã (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
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10. Parâmetros para determinação do ponto de colheita
Os principais parâmetros utilizados para determinação do ponto de colheita podem ser divididos em dois grupos (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008):
0. Parâmetros de indicação direta
a) Mudanças na coloração da casca
A coloração em maçãs é o atributo determinante para a comercialização e aceitação do fruto pelo mercado consumidor. Contudo, algumas técnicas de manejo empregadas no pomar, como a cobertura da área com telas antigranizo ou até mesmo o uso de inibidores da síntese do etileno podem retardar o acúmulo de antocianinas reduzindo a coloração vermelha nos frutos (COLDEBELLA, 2018, pág. 1).
A mudança na cor da polpa e/ou da casca (epiderme) é ocasionado pela degradação da clorofila e síntese de novos pigmentos, como, por exemplo, antocianinas (vermelho e roxo) e carotenóides (amarelo). É uma medida empírica que necessita de experiência do pomicultor, devido a mudança na coloração da casca ser característica individual de cada cultivar (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A qualidade visual dos frutos é tida como um dos maiores entraves à comercialização de maçãs. O mercado consumidor exige frutos com maior porcentagem de coloração vermelha na casca, sendo que a falta de cor classifica os frutos em categorias de menor valor comercial. Além das técnicas de manejo de pomar que visam a maior exposição dos frutos à luz, produtos comerciais com ação bioestimulante podem promover o aumento da coloração vermelha dos frutos (GABARDO et al., 2018, pág. 1).
b) Firmeza da polpa
A firmeza da polpa é se deve as substâncias pécticas que formam as paredes celulares. Com a maturação, estas substâncias vão sendo solubilizadas, o que provoca o amolecimento dos tecidos das frutas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
c) Crescimento da fruta
O crescimento das maçãs é caracterizado por um crescimento final rápido, ocorrendo decréscimo ao se iniciar a fase de maturação. Desta forma, o monitoramento do crescimento pode ser um parâmetro para precisar o início da maturação, já que as maçãs atingem o seu máximo peso e tamanho antes do amadurecimento (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
O crescimento pode ser avaliado pelo diâmetro ou pelo peso das maçãs (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
0. Parâmetros de indicação indireta
a) Dias após a plena floração
O número de dias da plena floração até a colheita é relativamente constante para uma mesma cultivar, dentro de uma dada região. Desta forma, é possível saber-se, com antecedência, a época em que as maçãs de uma determinada cultivar iniciarão o estágio de maturação. Isto é importante, nem tanto para definir o início da colheita propriamente dito, mas sim para realizar um planejamento de atividades (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Há outros parâmetros indiretos para definir o ponto de colheita, como, por exemplo, dias após o estágio T, soma das temperaturas a partir dos 40 dias depois da plena floração, entre outros, mas não são muito usados (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
10. Colheita
Uma vez definido o melhor ponto de maturação, é iniciadoo processo de colheita, que, na maioria das vezes, é feita manualmente, colhendo-se as maçãs uma a uma (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Apesar da colheita ser uma operação feita por mão-de-obra com pouca qualificação, é preciso que sejam tomados alguns cuidados básicos para que as maçãs cheguem ao destino final com boa qualidade. Dentre os principais cuidados que devem ser tomados podemos citar (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008):
- Não provocar qualquer tipo de dano mecânico à maçã, quer seja devido à utilização de ferramentas, como tesouras de colheita, ou a unhas muito compridas; evitar o choque da fruta com a embalagem (caixas, bins, entre outras); evitar a queda da maçã no chão, devido a sacudidas nos galhos; entre outras. Estes danos facilitam a entrada de doenças, principalmente de fungos que causam o apodrecimento das maçãs (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- A colheita normalmente é feita em 3 ou 4 operações, devido à maturação desconexa das maçãs. Por isso, deve-se ter o cuidado de não colher frutas verdes, não machucar as maçãs que permaneceram na planta e não causar a quebra de galhos (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- Em macieiras muito altas, pode-se utilizar máquinas apropriadas, varas de colheita e escadas (Figura 9), mas deve-se tomar o cuidado para não danificar as maçãs, nem deixá-las cair no chão (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- A colheita deve, sempre que possível, ser feita nas horas com temperaturas mais amenas, sendo que as maçãs colhidas devem ser postas em local protegido do sol, seja na sombra das plantas do pomar ou mesmo no galpão, pois o sol pode provocar graves danos à película das frutas, assim como aumentar a temperatura das mesmas, com aumento na taxa de transpiração e respiração (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- As maçãs precisam ser colhidas com pedúnculo, isto é feito através de uma leve torção das frutas. (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- Para a maçã, a colheita é realizada utilizando-se bolsas presas ao corpo do colhedor (Figura 10) e, depois, as maçãs são postas em caixas grandes de madeira (bins), com capacidade média de 350 a 400kg, sendo transportados por tratores (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- É necessário que seja feito a desinfecção do material usado para a colheita das maçãs, de maneira especial as embalagens de armazenamento e transporte, para isso, pode-se fazer uso do hipoclorito de sódio (água sanitária), na concentração de 400mg.L-1, para embalagens de plástico, e 800mg.L-1, para embalagens de madeira (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- Antes de iniciar a colheita, deve-se realizar a manutenção das estradas internas do pomar, eliminando-se buracos, pedras e tocos, que possam ocasionar saltos bruscos nos veículos que transportam as maçãs colhidas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008);
- As maçãs são bastante perecíveis, isto faz com que o intervalo de tempo, entre a colheita e o destino final, necessite ser o mais breve possível (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Figura 9 – Máquinas adequadas para a colheita de frutas em plantas altas. Foto: José Carlos Fachinello (2008).
Figura 10 - Sacolas de colheita. Foto: José Carlos Fachinello (2008).
Dentre outros motivos, uma colheita malfeita gera um grande volume de maçãs, especialmente das categorias 2 e 3, e estas encontram uma dificuldade de comercialização de maneira mais adequada e/ou obtém um preço baixo do mercado (KIRINUS et al., 2018, pág. 1).
10. Seleção e classificação
Por seleção, entende-se a separação das maçãs quanto à defeitos, coloração, forma, sanidade, entre outras. Já a classificação é a separação das maçãs quanto ao tamanho (calibre), que pode ser representado pelo peso ou pelo diâmetro (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A classificação e a seleção das maçãs são processos que podem iniciar na colheita, onde já feita a eliminação daquelas demasiadamente manchadas, podres, verdes, muito pequenas, entre outros. Depois da colheita, as maçãs são levadas para os galpões de beneficiamento (packing house) (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Ambos os processos podem ser feitos mecanicamente ou manualmente, sendo que, no primeiro, o rendimento é muito maior. A operação manual apresenta bons resultados, porém é um processo lento que necessita de mão-de-obra com experiência (qualificada) e em quantidade. O uso de maquinários normalmente é restrito pelo elevado custo de aquisição e pela inviabilidade de utilização para mais de um tipo de fruta, o que praticamente limita o seu uso a grandes empresas monocultoras (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A maçã hoje, é a fruta que mais apresentou evolução técnica, no Brasil, na parte de pós-colheita, sendo que algumas empresas já realizam a seleção e classificação simultaneamente por meio de máquinas que separam as maçãs eletronicamente pelo tamanho e cor, perfazendo, em torno, de 24 toneladas/hora (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A rotulagem e padronização das maçãs, de acordo com a finalidade a que se destina, é realizada através de portarias específicas para a cultura, expedidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo a principal a Instrução Normativa 5/2006 (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
10. Problemas de pós-colheita
3. Russeting
Russeting é um distúrbio que causa manchas irregulares de coloração amarronzada próximas à cavidade peduncular ou por toda a superfície da casca da maçã, as depreciando pelo aspecto visual. É uma característica varietal e a ‘Fuji Suprema’ é muito suscetível. No entanto, fatores ambientais comuns no sul do Brasil, como baixa temperatura e alta umidade durante o período de floração, ou baixo frio hibernal, podem intensificar o problema (FENILI et al., 2018, pág. 1).
O ‘russeting’ em maçãs é um distúrbio fisiológico na película dos frutos, sendo caracterizado por uma aparência de cortiça, apresentando manchas marrom-clara, ásperas, depreciando comercialmente os frutos, cuja ocorrência é dependente de condições climáticas, características varietais e a interação delas com o manejo do pomar. A cobertura dos pomares de macieiras com telas antigranizo pode resultar em modificações no microclima do ambiente, podendo interferir na produção, qualidade dos frutos e ocorrência de distúrbios fisiológicos, dentre os quais o ‘russeting’ (OLIVEIRA et al., 2018, pág. 1).
Podemos ver a seguir uma ilustração do russeting na figura 11.
Figura 11 – Sintomas de russeting em maçã. Fonte: GIRARDI; FLORES-CANTILLANO (2004).
3. Bitter pit
Considerado o principal distúrbio fisiológico em maçãs, o bitter pit é fortemente associado ao desequilíbrio nutricional da planta e frutos, especialmente em relação ao teor de cálcio. Os sintomas visuais, normalmente, surgem após o armazenamento, o que compromete a qualidade e valor comercial dos frutos (RETAMALES et al. 2000). Embora o bitter pit seja o distúrbio fisiológico mais estudado em maçãs, seu aparecimento ainda não é completamente compreendido, permanecendo como um sério problema pós-colheita na grande maioria dos países produtores de maçãs (PERRING, 1986; NACHTIGALL & FREIRE, 1998). Sob certas condições ambientais e de cultivo, a incidência pode ser potencializada mesmo em cultivares normalmente consideradas pouco suscetíveis (PERRING, 1986), o que torna, muitas vezes imprevisível de um ano para outro, a ocorrência do distúrbio (WITNEY et al., 1991). De maneira geral, pulverizações com cálcio em intervalos regulares, durante a estação de crescimento e a imersão e/ou infiltração pós-colheita dos frutos em solução com cálcio, têm sido utilizados preventivamente, contudo o controle é altamente variável e nem sempre completo.
Vários estudos têm sido conduzidos com intuito de estabelecer sistemas de previsão do potencial de ocorrência de bitter pit em maçãs, durante o armazenamento (RETAMALES et al., 1993; RETAMALES et al., 1998; GAJARDO, 1996; VALDÉS, 1997). Na prática, sistemas predictivos utilizam-se da análise de frutos isoladamenteou em combinação com outros fatores do pomar (idade da planta, carga de frutos e tamanho do fruto), para prever a ocorrência do distúrbio ao final do armazenamento (HOLLAND, 1980). No entanto, a praticidade destes métodos é limitada devido à inerente variabilidade da incidência dentro e entre pomares, cultivares e estações de crescimento (WILLS et al., 1976). De acordo com FERGUSON & TRIGGS (1990), para ser efetivo, qualquer método predictivo deverá objetivar a redução da variabilidade. Conforme os mesmos autores, a maior fonte de variabilidade na predição de bitter pit é a seleção de plantas e frutos no pomar. Além disso, para qualquer sistema predictivo ser prático, o resultado deve ser obtido com relativa antecedência, para que possibilite a tomada de decisões a respeito das práticas de manejo que deverão ser adotadas (BURMEISTER & DILLEY, 1994).
Uma maneira de prever a ocorrência de bitter pit é através da análise mineral de frutos (BURMEISTER & DILLEY, 1994). Em países onde é utilizada com regularidade, a predição é baseada nos níveis de cálcio e sua relação com outros nutrientes (N/Ca, K/Ca e K + Mg/Ca), determinados em frutos coletados na précolheita e comparados em relação a padrões que garantem a ausência do distúrbio (FERGUSON & WATKINS, 1989; MARCELLE, 1990). Entretanto, PERRING & PEARSON (1976) verificaram que a incidência de bitter pit em maçãs ‘Cox’s Orange Pippin’, não foi correlacionada à composição mineral dos frutos, afirmando que sua predição não pode ser feita somente com base no tamanho do fruto e concentrações de cálcio, magnésio e potássio. Alternativamente, EKSTEEN et al. (1977) observaram que, como os sintomas aparecem predominantemente na pós-colheita e estão relacionados à maturação dos frutos. Assim a aplicação de etileno, liberado pelo composto ethephon, poderia ser utilizado para acelerar o aparecimento dos sintomas (FERGUSON & WATKINS, 1989).
Atualmente, a infiltração de magnésio em frutos representa o método de predição mais promissor. Segundo COOPER & BANGERTH (1976), esse método tem como base o antagonismo, em nível celular, entre o cálcio e o magnésio. A possibilidade do uso de tal método para predição de bitter pit deve-se ao fato de que a troca do cálcio pelo magnésio no tecido é inversamente proporcional à concentração de cálcio no fruto (RETAMALES & VALDES, 1996). Assim, esse método representa um processo indireto de mensuração da concentração de cálcio no fruto, diferindo da análise mineral por integrar todos os tecidos do fruto que estão envolvidos com a incidência do distúrbio (HOPFINGER et al., 1984).
Na ultima década, vários estudos realizados determinaram diferentes épocas de amostragem e a capacidade predictiva da infiltração de magnésio para diferentes cultivares (LLANOS, 1993) e regiões produtoras (VALDÉS, 1997). Todavia, embora o método seja utilizado em escala comercial no Chile, RETAMALES et al. (1998) sugerem que vários aspectos metodológicos ainda devem ser aprimorados visando à melhoria da capacidade predictiva do método.
Podemos ver a seguir uma ilustração do bitter pit na figura 12.
Figura 12 – Sintomas internos (A) e externos (B) de bitter pit em frutas de macieira. Fonte: GIRARDI; FLORES-CANTILLANO (2004).
3. Pingo-de-mel
O pingo-de-mel é um distúrbio de pré-colheita muito frequente na maçã ‘Fuji’, e caracteriza-se por apresentar áreas de aparência translúcidas na polpa, devido à inundação dos espaços intercelulares com suco rico em sorbitol (Bowen & Watkins, 1996). O sorbitol é produzido na folha e translocado para os demais órgãos da macieira (Epagri, 2002), e tende a desaparecer durante o armazenamento quando o dano não é muito severo (Clarck et al., 1996). O preenchimento dos espaços intercelulares pelo sorbitol aumenta o potencial osmótico e promove a retenção de água (Bowen & Watkins, 1997), dificultando assim a difusão do CO2 da polpa e podendo ocasionar maior incidência de degenerescência, resultante do acúmulo de etanol e acetaldeído.
Estes produtos do metabolismo anaeróbico, em altas concentrações, são tóxicos aos tecidos e causam a degenerescência da polpa, durante o armazenamento. Williams (1966) observou que ocorre uma conversão prematura do amido, em determinadas áreas específicas do fruto, seguindo-se de um aumento da pressão osmótica, que ocasiona o preenchimento dos espaços intercelulares com líquido. Ocorre também incremento da absorção de água e do volume da célula. Assim, as células repletas de água entrariam em contato umas com as outras, dificultando a difusão do CO2. No entanto, mesmo quando os frutos apresentam pingo-de-mel na colheita eles podem não apresentar incidência de degenerescência da polpa (Brackmann et al., 2001). Segundo Ferguson et al. (1999), o pingo-de-mel pode desaparecer durante o armazenamento e não induzir o desenvolvimento de degenerescência da polpa. A maçã ‘Fuji’ também pode tolerar altos níveis de pingo-de-mel sem desenvolver degenerescência da polpa durante o armazenamento (Watkins et al., 1993). A incidência de pingo-de-mel está associada ao estádio de maturação dos frutos, sendo que frutos mais maduros apresentam maior incidência e severidade (Bowen & Watkins, 1997), que podem evoluir para a degenerescência da polpa (Lammertyn et al., 2000). Entretanto, Harker et al. (1999) citam que, na Nova Zelândia, os frutos produzidos em regiões mais frias apresentam maior incidência de pingo-de-mel, além de desenvolver o distúrbio mais precocemente e com maior severidade, independentemente do estádio de maturação, indicando que fatores climáticos estão envolvidos na ocorrência.
Podemos ver a seguir uma ilustração do pingo-se-mel na figura 13.
Figura 13 – Sintomas de pingo-de-mel (“water core”) em maçãs. Fonte: GIRARDI; FLORES-CANTILLANO (2004).
10. Armazenamento
O armazenamento de maçãs permitiu que o Brasil conseguisse suprir a demanda do mercado interno, ao longo de todo o ano, e ainda exportar parte da produção. Para que isso acontecesse, o setor produtivo investiu significativamente para adotar tecnologias modernas, como por exemplo, o armazenamento em atmosfera controlada. Entretanto, doenças ocasionadas por fatores bióticos e abióticos tem depreciado a qualidade dessas maçãs e, consequentemente, diminuindo a rentabilidade dos produtores e da indústria (OGOSHI; ARGENTA; MONTEIRO, 2018, pág. 1).
A colheita de grande parte das maçãs se dá num espaço de tempo relativamente reduzido, isso ocasiona a necessidade de conservá-los além da época de produção, o que proporciona benefícios tanto para o pomicultor, que obtém preços melhores, quanto para o consumidor final que pode ter acesso as maçãs em épocas em que não é possível produzí-las (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A maçã, Malus domestica é um fruto com alto potencial de armazenamento, porém com elevada perecibilidade. Desta forma, é necessário aliar medidas que permitam aumentar ainda mais o período de oferta, reduzindo perdas causadas pelas taxas respiratórias (ANAMI et al., 2018, pág. 1).
Dentre os variados métodos de conservação de maçãs, somente será abordado o método de conservação pelo uso do frio ou frigoconservação ou armazenamento refrigerado, muito embora existam outros métodos também importantes (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A frigoconservação é o método mais utilizado para conservação de maçãs, que podem ser destinadas tanto ao consumo “in natura” quanto para a industrialização, daí sua importância relevante (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
4. Pré-resfriamento
O pré-resfriamento de maçãs é uma prática preconizada para reduzir o metabolismo celular e retardar o amadurecimento de frutos, sendo uma das mais importantes etapas pós-colheita. Alguns trabalhos têm observado que determinadas práticas de manejo pós-colheita podem influenciar diretamente na manutenção de compostos bioativos de frutos (BRITO et al., 2018, pág. 1).
4. Tipos de armazenamento refrigerado
a) Atmosfera Normal (AN)
A atmosfera normal é o sistema mais usado para o prolongamento do período de armazenamento da maioriadas frutas, principalmente as de clima temperado (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Ele é baseado na combinação de temperaturas baixas, variando geralmente de -1 a 4°C, com umidade relativa do ar (UR) alta, geralmente superior a 85% (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A baixa temperatura retarda a velocidade do metabolismo de respiração, sendo que o valor mais baixo tolerado é variável com a cultivar (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
O uso de UR alta no armazenamento dificulta a desidratação das maçãs, porém se em demasia, promove a proliferação de microrganismos patogênicos (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
b) Atmosfera Modificada (AM)
A atmosfera modificada é um método de conservação que tem por objetivo modificar a concentração de gases no entorno e dentro da maçã, associada ou não ao uso de temperaturas baixas, porém sem um controle preciso dos teores gasosos (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
A atmosfera modificada pode ser atingida colocando-se as maçãs em embalagens de polietileno ou PVC, aplicando-se ácidos graxos não saturados de cadeia curta, Na-carboximetilcelulose, ésteres de sacarose, ceras, entre outros (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Alguns materiais plásticos têm baixa permeabilidade ao vapor d’água, o que ocasiona aumento excessivo da umidade relativa (95%), beneficiando a ocorrência de fungos. Para que este problema seja evitado, pode-se fazer minúsculas perfurações nos plásticos, que impedem, também, o acúmulo excessivo de gás carbônico (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
As ceras não modificam a transpiração, mas diminuem as trocas de oxigênio e gás carbônico com a atmosfera e podem induzir a produção de aldeídos, alcóois e outros compostos indesejáveis (FACHINELLO; COSTA NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
c) Atmosfera Controlada (AC)
O armazenamento em atmosfera controlada é uma técnica que vem sendo usada com bastante sucesso em algumas frutíferas, de maneira especial em maçãs. Ela é baseada na manutenção das maçãs em uma câmara fria com uma proporção definida de oxigênio e gás carbônico, aliada à temperatura baixa (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
O ar atmosférico é composto por, aproximadamente, 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 0,03 de gás carbônico. Com o uso de câmaras frias hermeticamente fechadas, altera-se os teores de CO2 e O2 para 3 a 1% e 5 a 1%, respectivamente. Com isso, é reduzido o processo de respiração da maçã, reduzindo, por consequência, os processos de degradação (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
O oxigênio, na atmosfera e dentro da maçã, atua no seu metabolismo, mas concentrações muito baixas fazem com que ocorra a respiração na ausência de oxigênio (anaeróbia0 e a produção de acetaldeído, etanol e outros compostos que prejudicam as qualidades organolépticas das frutas. Com relação ao gás carbônico, concentrações elevadas (acima de 5%) ocasionam alterações na estrutura, como desintegração do citoplasma e das membranas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Os níveis de CO2 e O2 a serem usados variam bastante com as cultivares utilizadas, sendo que esse controle é realizado por computadores que analisam a composição do ar dentro da câmara, fazendo a correção de forma automática. A proporção correta do ar atmosférico no interior da câmara pode ser obtida pela eliminação de oxigênio e aumento de gás carbônico, via respiração natural das maçãs. Caso os níveis de gás carbônico ultrapassem os limites máximos, passa-se o ar por soluções de hidróxido de cálcio, soda cáustica ou água, que absorvem o gás. Caso os níveis de oxigênio reduzam muito, a recomposição é realizada pela injeção de ar dentro da câmara. Para retirar o excesso de etileno, passa-se a atmosfera da câmara numa solução de KMnO4 (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Outras formas mais rápidas de baixar a concentração de oxigênio e aumentar a de gás carbônico são a queima do gás propano ou através da purga da câmara com N2 (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Os maiores inconvenientes deste sistema são a exigência de câmaras frias praticamente herméticas, equipamentos complexos e mão-de-obra especializada o que aumenta os custos de utilização (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
4. Condições de armazenamento
A manutenção da qualidade das maçãs ao longo do maior período depende de uma interação entre as condições envolvidas no armazenamento (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
É importante que se tenha informações sobre os efeitos das tecnologias pós-colheita nas propriedades funcionais dos frutos após o período de armazenagem, pois o conteúdo de compostos fenólicos e antioxidantes totais podem sofrer alterações de acordo com as condições que o fruto foi submetido. A aplicação pós-colheita de vapor de etanol, por atuar na biossíntese de etileno e em outros processos fisiológicos, e o uso de 1-MCP, por ser um inibidor da ação do etileno, mantém a qualidade sensorial dos frutos armazenados, porém pouco se conhece sobre os efeitos destas tecnologias pós-colheita sobre as propriedades funcionais do fruto (FERNANDES et al., 2018, pág. 1).
As condições principais que influenciam na qualidade das maçãs são o período de armazenamento, a umidade relativa e a temperatura. Estas condições são bastante variáveis com com as cultivares. Desta maneira, na Tabela 1 são demonstradas as condições de armazenamento que tornam possível a manutenção da qualidade para algumas das principais espécies frutíferas (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008).
Tabela 1 - Condições de armazenamento para algumas espécies frutíferas. Fonte: FACHINELLO, NACHTIGAL e KERSTEN (2008).
22. Controle de brotações dos porta enxertos
No manejo dos pomares durante o período vegetativo o controle das plantas daninhas é uma prática cultural importante. As plantas daninhas podem competir com a cultura por recursos naturais e dificultar a execução das atividades do manejo (SOUZA; NAVROSKI; SOUZA, 2018, pág. 1).
A macieira é uma planta decídua com crescimento dos frutos durante a primavera e verão, quando são realizadas as práticas culturais do período vegetativo. Nesta fase fenológica deve ser observada a ocorrência das principais plantas espontâneas nos pomares para decidir pelas melhores estratégias de manejo e controle (SOUZA et al., 2018, pág. 1).
O controle pode ser feito manualmente arrancando-se os rebrotes do porta enxerto comumente conhecidos como cavalos ou por pulverização de herbicidas direcionados por meio de caneta nos rebrotes.
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12. Herbicidas permitidos
Tabela 2. Herbicidas com permissão de uso na Produção Integrada de Maçã – PIM. (1) Para prevenir resistência aos herbicidas recomenda-se: a) evitar o uso de um mesmo princípio ativo, b) promover rotação de mecanismos de ação e de métodos de controle, c) monitor as mudanças na flora. Fonte: PRODUÇÃO (2018).
22. Pulverizações
A pulverização, além do objetivo de aplicar o composto fitossanitário, também visa maximizar a eficiência de tratamentos, economia, eficiência operacional, adequação de máquinas, segurança do operador e ainda, minimizar possíveis impactos ambientais. Aspectos como o ambiente e qualidade da pulverização são fundamentais para o sucesso da aplicação. Para a cultura da macieira, no que se refere ao controle de doenças, recomenda-se pulverizações de 1.000 a 2000L.ha-1 (ARRUDA; ANESE; HUGEN, 2018, pág. 1).
22. Principais doenças
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6. Sarna
A sarna está presente em todos os países que cultivam a macieira. É considerada a principal doença desta cultura em regiões com primavera fria e úmida. Em locais quentes e secos torna-se de pouca importância. No Brasil, a doença foi constatada pela primeira vez no Estado de São Paulo no ano de 1950 e atualmente ocorre em todas as regiões produtoras de maçã (ROMERO et al., 1997).
A sarna da macieira (SDM) é a principal doença de primavera da cultura e o manejo adotado atualmente é baseado na aplicação preventiva de fungicidas em períodos anteriores a chuva. Caso ocorra chuva em altas precipitações, acima de 30 mm, pode ocorrer alavagem do produto, sendo necessário fazer a aplicação de um fungicida curativo (ARAUJO; PINTO; 2018, pág. 1).
Atualmente o fungicida pirimetanil (PNIL) tem sido posicionado no período de maior suscetibilidade ao russeting, enquanto o difenoconazol (DFZOL) é utilizado principalmente em frutos de diâmetro superior a 2cm (BRANCO; ARAUJO; PINTO, 2018, pág. 1).
Nos últimos anos aplicações recorrentes de fungicidas com ação curativa levaram a perda de eficiência dos benzimidazóis, dodine e estrobirulinas para o controle da SDM, devido à seleção de populações resistentes de Venturia inaequalis (MEDEIROS; ARAUJO; PINTO, 2018, pág. 1).
A sarna da macieira é controlada eficazmente com fungicidas protetores (captan, ditiocarbamatos) e sistêmicos (inibidores de biossintese de ergosterol). Benzimidazóis e dodine são pouco utilizados devido à resistência de Venturia inaequalis a estes fungicidas. Para o controle da sarna em períodos críticos (estádio C3 a J), as aplicações são feitas de acordo com o calendário fenológico. Fungicidas são aplicados nos estádios C3, D, F, H e I. O número de aplicações durante o período crítico varia em função da quantidade de inóculo inicial, da suscetibilidade do cultivar e do tipo e modo de aplicação de fungicidas. Em regiões com inóculo inicial elevado como São Joaquim-SC; Vacaria-RS e Palmas-PR, o número de aplicações varia de 9 a 12 anualmente. Este número pode cair para três em regiões como Paranapanema-SP (ROMERO et al., 1997).
Com os fungicidas curativos, pode-se espaçar o número de aplicações. Em média, recomenda-se um intervalo de aplicação de 7 a 10 dias. No caso de usar mistura de fungicidas curativos e protetores, o prazo pode ser estendido até 12 dias. Após o período crítico, as aplicações de fungicidas podem ser espaçadas de 14 até 21 dias. Outra alternativa de controle é o uso de fungicidas em alta concentração. Nem todos os fungicidas se prestam a esse sistema. O fungicida dithianon, aplicado na dosagem de 280 g. i.a./1001, cinco vezes a concentração normal, no estádio C-3, protege as plantas até o início da queda das pétalas. Este fungicida se redistribui muito bem na planta com o auxílio de chuva e orvalho, protegendo os tecidos novos. No estádio de queda das pétalas, cerca de 30 dias após a aplicação em alta concentração, deve-se reiniciar os tratamentos com fungicidas protetores na dosagem convencional. Este sistema é especialmente indicado para pomares novos (ROMERO et al., 1997).
Algumas práticas culturais podem contribuir para o controle da sarna. Plantas bem podadas, com o seu interior aberto, facilitando a entrada de luminosidade e cobertura com fungicidas, impedem o acúmulo de umidade e reduzem a taxa de infecção do fungo. Tratamento de uréia a 5%, durante o mês de maio, quando a maioria das folhas estão amareladas e prestes a cair, procurando também atingir as folhas caídas no solo, acelera a decomposição destas folhas e, com isso, reduz substancialmente a formação de ascósporos, responsáveis pela infecção primária no pomar. Tratamentos com fungicidas sistêmicos (fenarimol, por exemplo), para o mesmo fim, fornecem resultados igualmente eficientes (PERES ROMERO et al., 1997).
Podemos ver a seguir uma ilustração de sintomas da sarna na figura 14.
Figura 14 - Sintomas da sarna em folhas e frutos de macieira.
NOTA: Figuras 1A a 1E - Nas folhas. Figuras 1F a 1K - Nos frutos.
Fonte: Doenças (2016)
6. Mancha-foliar-de-Glomerella (Colletotrichum spp.)
A mancha-foliar-de-Glomerella (sinonímia de mancha-foliar-da-Gala) é considerada, nos últimos anos, a principal doença de verão da macieira no Brasil (DOENÇAS, 2016).
A mancha-foliar-de-Glomerella é causada por C. gloeosporioides e C. acutatum, mas a primeira espécie é a mais importante, por sua frequência e potencial patogênico (SANHUEZA; BETTI, 2005; BONETI; KATSURAYAMA; BLEICHER, 2006). Nos Estados Unidos, Glomerella cingulata, que corresponde à fase sexuada de C. gloeosporioides, tem sido associada à mancha-foliar-de-Glomerella em pomares de maçã (GONZÁLEZ; SUTTON; CORRELL, 2006). No entanto, nos últimos anos, por causa dos recentes avanços na sistemática taxonômica de Colletotrichum, a nomenclatura de algumas espécies deste gênero vem sendo alterada. Por exemplo, Velho et al. (2015) determinaram, com o auxílio de técnicas moleculares, que C. gloeosporioides e C. acutatum, são considerados complexos e dentro destes estão incluídas espécies, tais como C. fructicola, C. karstii e C. nymphaeae (DOENÇAS, 2016).
A disponibilização de novos cultivares melhor adaptados e resistentes às doenças de verão, principalmente a mancha foliar de Glomerella (Colletotricum spp. agente causal), poderão ser a solução mais indicada, tanto pelo baixo custo de controle quanto pela segurança ao produtor, aos consumidores e ao meio ambiente (COUTO et al., 2018, pág. 1).
A pulverização com fungicidas de contato, principalmente do grupo dos ditiocarbamatos, é o método mais utilizado para o controle da mancha-foliar-de-Glomerella, porém os fungicidas não são muito eficientes, quando a pressão de inóculo é muito alta. Por não haver fungicidas com ação curativa, em razão do problema de resistência de Colletotrichum a fungicidas do grupo das estrobilurinas, recomenda- se que os tratamentos sejam efetuados preventivamente, um a dois dias antes de um período chuvoso, e repetidos sempre que houver acúmulo de 30 mm ou mais de chuva. Isto também resulta em um número elevado de pulverizações até o final da safra (BECKER; KATSURAYAMA; BONETI, 2004; STADNIK, 2009).
A exemplo da sarna-da-macieira, é possível realizar pulverizações nos períodos de maior risco de infecção por Colletotrichum spp. determinados com o uso dos sistemas de previsão de doenças. O sistema AgroAlerta da Epagri também contém um modelo para a mancha-foliar-de-Glomerella (DOENÇAS, 2016).
Podemos ver a seguir uma ilustração de sintomas da mancha-foliar-de-Glomerella na figura 15.
Figura 15 - Sintomas da mancha-foliar-de-Glomerella em folhas e frutos de macieira.
NOTA: Figuras 2A a 2E - Nas folhas. Figuras 2F a 2M - Nos frutos. Nas Figuras 2F e 2G, os frutos apresentam sintomas típicos da mancha-foliar-de-Glomerella que não evoluem para podridão; enquanto que, nas Figuras 2H a 2M, os frutos exibem lesões características da mancha-foliar-de-Glomerella (ponta-de-seta), mas que podem evoluir para podridão-amarga (setas). Fonte: Doenças (2016)
6. Manejo do Cancro Europeu
 O cancro europeu, no Brasil, é uma doença quarentenária causada pelo fungo Neonectria galligena. Foi identificada primeiramente em um viveiro comercial no município de Vacaria no RS no ano de 2002. No mesmo ano foi realizado um trabalho de erradicação oficial das plantas infectadas visando evitar a disseminação da doença para as demais regiões produtoras. Apesar disso, a doença se espalhou em pomares do RS, SC e PR, inclusive no munícipio de São Joaquim e região. O cancro europeu é uma doença muito severa que ocasiona cancro profundo no tronco e nos ramos podendo até causar a morte das plantas. O fungo é transmitido por esporos liberados no ar e principalmente, pelas mudas doentes. O período crítico de infecção se inicia na fase de queda foliar, no outono. A cicatriz que fica no ponto de abscisão das folhas é o ponto ideal de infecção pela doença. Além destes ferimentos, que são naturais, todo o tipo de dano mecânico pode servir como porta de entrada para a doença, cujo desenvolvimento é lento, podendo os sintomas aparecerem dentro de 3 meses até 3 anos após a infecção do fungo. Os esporos do fungo podem ser espalhados pela corrente de ar até 10 km de distância (BONETI; KATSURAYAMA, 2013).
O entorno dos pomares pode abrigar diferentes espécies de plantas, entre elas as florestais. Informações sobre a infecção de N. ditissima em outras plantas além da macieira são escassas no Brasil (CARDOSO et al, 2018, pág. 1).
A principal estratégia de manejo da doença é a erradicação de ramos e plantas sintomáticas, bem como a proteção dos ferimentos e aberturais naturais com a aplicação de

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