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Projetos de Interiores: Comercial Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Edvânia Helenice Dantas Comitre Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Setorização • Os Setores da Loja; • Os Setores Funcionais; • Os Setores e o Projeto; • Visual Merchandising – Design de Interiores; • Loja Timberland – Estudo de Caso. • Identificar os setores e usos da área comercial e aprender a lidar com eles no Projeto de Interiores. OBJETIVO DE APRENDIZADO Setorização Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Setorização Os Setores da Loja A evolução do comércio varejista vem sendo constante no Brasil e no mundo, trazendo mudanças significativas em termos de modelos e canais. Trata-se de um reflexo direto das transformações no comportamento do consumidor, que fez com que o desafio do varejo passasse a aumentar a percepção de valor de seus produtos e serviços para satisfazer necessidades, expectativas e desejos dos clientes, em um contexto no qual o ato de comprar é cada vez mais uma busca por experiências. Simultaneamente a essas mudanças, o mercado de varejo no Brasil tem se tornado alvo de grandes corporações, com investimentos em amplos centros de compras, como shoppings, outlets e home centers. É um cenário que demanda aos lojistas de rua uma reorganização coletiva, com a finalidade de progredir na atratividade dos espaços em que estão inseridos, agregando facilidades e serviços relacionados ao conforto, à segurança e à comodidade. Os Projetos de Interiores de Espaços Comerciais propõem uma abordagem ter- ritorial capaz de criar um ambiente favorável à competitividade do comércio de rua em face dos desafios de manter e atrair consumidores. O sucesso desses projetos passa pela adesão e atuação sinérgica de diversos agentes de desenvolvimento, entre os quais a Prefeitura Municipal. Entendemos como interiores comerciais os espaços dedicados à venda de produtos, ao varejo ou atacado, em vários tipos e portes, mas sempre lojas. Os espaços de escritórios e outras empresas, que serão tratados em outra disciplina, são dos ramos Institucionais ou de serviços. Da mesma forma que os projetos para ambientes residenciais, os projetos para os ambientes comerciais requerem alguns cuidados e muito planejamento. Os pro- fissionais de design que apostam nesse tipo de trabalho precisam ter a proposta do negócio muito bem definida para elaborar projetos com estilo, beleza, conforto e que sejam coerentes com o público. Ainda, o projeto não deve fugir da proposta da empresa, e nem daquilo que já é característico da marca. Sem dúvida nenhuma, os ambientes modernos e diferentes atraem a atenção dos clientes, independente de seu ramo de atuação. Por isso cada dia é crescente o nú- mero de comerciantes que optam por inovar seus estabelecimentos comerciais, inves- tindo em projetos arrojados que venham a surpreender sua clientela. Em ambientes comerciais as tendências costumam ser bem flexíveis, mas é importante estabele- cer os limites de cada projeto, optando sempre por agregar cada conceito ao seu público-alvo. Observe a proposta geral do estabelecimento, e invista em elementos característicos dos consumidores que compõem esse grupo. Por exemplo: uma loja de artigos naturais poderá adotar uma decoração a partir de materiais sustentáveis, unindo o rústico ao moderno, além de enfatizar a tônica do estabelecimento. Aliás, a tematização é uma grande aliada para os profissionais, pois é como se fosse um pon- to de partida para iniciar qualquer projeto. Mas perceba um detalhe: a tematização jamais deve comprometer o conforto e bem-estar de seus usuários. O desenvolvimento de projetos para ambientes de uso comercial requer um pla- nejamento prévio bastante criterioso. Além das questões arquitetônicas que também 8 9 envolvem o design de espaços residenciais, é preciso levar em conta os mínimos detalhes sobre as legislações e protocolos específicos ao tipo de negócio que será efetuado naquele local. Tudo isso será determinante desde a escolha dos materiais até os toques finais de acabamento. Designers de interiores costumam utilizar critérios próprios para seus projetos, mas são consensuais em afirmar que o conhecimento prévio sobre o ramo é deter- minante. “É necessário fazer uma pesquisa profunda sobre o nicho comercial e so- bre as características da empresa. Só então se estabelece um programa adequado ao início da empreitada”, esclarece Ana Maria Wey, presidente da Associação de Decoração do Estado de São Paulo (ADESP). A estratificação do mercado em diversas categorias e ramificações também de- manda uma sensibilidade aguçada por parte do designer de interiores, assim como a realidade em que a empresa pretende se inserir. Segundo Cintia Lie Matuzawa, coor- denadora do curso de extensão em Visual Merchandising do IED São Paulo, muitas vezes o briefing passado pelo cliente não condiz com as necessidades do seu negócio. “O seu cliente pode ser um alto empresário que abrirá um restaurante para atender a classe popular. Nesse caso, critérios que às vezes fogem ao conhecimento dele irão definir a identidade do espaço, quais materiais de acabamento serão selecionados, qual será a localização…”, exemplifica Cintia, que reforça a necessidade de uma pos- tura participativa: “O designer de interiores ou arquiteto deve ter bagagem suficiente para propor soluções inovadoras ou mesmo dar um direcionamento ao negócio”. Para a arquiteta Ana Ono, o conhecimento sobre as especificidades do negócio e o conhecimento sobre o público-alvo podem evitar gastos no futuro. “O conhe- cimento das normas facilita o projeto e evita adequações ou ‘puxadinhos’ na fase final. Também é importante considerar a eficiência, durabilidade e resistência dos materiais que irá utilizar, além da estética, claro”, comenta. Vice-presidente de marketing da ADESP, Daniela Colnaghi conta que utilizou materiais requintados para realizar o projeto de decoração da Pucci, sofisticada casa de eventos localizada no Itaim Bibi. “Os acabamentos são em madeira, luminá- rias de aço, cor em tons de cobre e aço. O ambiente foi propositalmente integrado para que todos que estão no mezanino possam vero que acontece no andar de baixo”, explica Daniela. Os Setores Funcionais Muitos fatores influenciam o projeto, tais como: o clima, medidas ergonômicas, apropriação do espaço, detalhes das atividades das pessoas, e mais recentemente os conceitos de sustentabilidade e ecodesign. Em um país extenso e diversificado como o Brasil, não podemos desprezar as influências das correntes imigratórias, suas contribuições socioculturais mesmo em tempos de globalização. O espaço comercial pode ser compreendido a partir da setorização funcional. Os setores são grupos de ambientes que, com suas afinidades, criam divisões 9 UNIDADE Setorização simbólicas e microclimas dentro do ambiente comercial. Em cada um dos setores encontramos áreas com diferentes funções e necessidades, e que se relacionam conforme as exigências de funcionalidade, sequência lógica e circulação. O espaço comercial de venda está dividido em três principais setores funcionais: • Exposição de Produtos: ambientes que devem ser visitados por todas as pes- soas, e cujas atividades são relacionadas à compra; • Pagamento: espaço para a finalização da compra; • Estoque: ambiente restrito aos funcionários e voltados a atividades de estoca- gem de mercadorias. Exposição de Produtos Grupo de ambientes públicos da loja cujo objetivo é expor os produtos e cativar o cliente para uma possível compra. Os ambientes podem ser um único, ou vários, ter vitrine, ou não, ter provador, ou não, e podem ser implantados em pequenas ou grandes áreas. A comodidade e a qualidade dos produtos à venda são reforçadas pela organiza- ção e pelo mobiliário de expositores e sua disposição, ou layout do lugar. Ambien- tes interessantes e que dialogam com o usuário. Vejamos quais eles são: • Vitrine: Espaço onde se dá o primeiro contato com o consumidor. Os produ- tos que ali estão, muitas vezes, são conceituais ou mais significativos, a ponto de chamarem a atenção. Muito útil nas lojas de rua, a vitrine tem sido elimi- nada dentro dos shoppings centers, propiciando uma experiência de compra diferente, onde o consumidor entra no ambiente de compra e vai procurar ajuda dos vendedores; Mesmo com espaço restrito, é necessário usá-lo bem do ponto de vista de quali- dade e impacto visual, contraste entre os produtos e o fundo, destaque com ilu- minação adequada, elementos gráficos ou físicos de destaque para ser atraente. Nunca se deve encher demais a vitrine com excesso de produtos, pois a poluição visual distrai o cliente e faz o efeito contrário: ele não se define pela compra; A atração começa pela vitrine, em lojas pertencentes a complexos comerciais e pela fachada, em lojas localizadas diretamente nas vias de acesso externas. Em ambos os casos, elas devem retratar tanto o interior quanto o perfil do produto à venda. É extremamente necessária essa correlação para que a leitura visual informe a quem se destina o produto; Case: Vitrine loja Hope; • Entrada: Livre de empecilhos físicos, tais como armários, tapetes, objetos e de- graus, a entrada de uma loja deve ser agradável e espaçosa. A passagem livre deverá ser de 1,2 m, no mínimo, as portas pequenas devem ser evitadas. Consi- derando a indecisão das pessoas nesse momento de acesso inicial, o comprador 10 11 poderá ficar parado ali por alguns instantes, sentindo o ambiente e eventualmente estar acompanhado, ou seja, várias pessoas paradas em pé esperando na entrada; O impacto da entrada pode ser amenizado por outras questões sensoriais, como música interna e aromas de boas vindas, todos adequados ao tipo de produtos e ao consumidor possível; Case: Loja de sapatos; • Exposição de produtos: Através de móveis do tipo balcões, prateleiras, araras etc., os produtos se distribuem pela loja, dependendo do tipo de mercadoria a ser exposta. Há móveis feitos sob medida e os de linha, que podem resolver a forma como expor melhor. Devemos ter em mente que se trata de um ambiente complexo, onde o mobiliário é apenas uma parte do assunto. Um erro comum é desprezar, por exemplo, a ocupação das paredes, principalmente para pé direito maior que 3 metros de altura. As paredes vazias são uma péssima impressão, como se toda a loja estivesse vazia. A sugestão é preenchê-las com revestimen- tos coloridos, tais como: papel de parede, revestimentos cerâmicos ou painéis adesivos que ocupam as paredes, e, então, acomoda-se o pé direito. Outra ques- tão importantíssima é a iluminação adequada, que dá vida e destaca os produtos, principalmente para lojas dentro dos shoppings centers; A área de atendimento pode incorporar pequenas estações de trabalho, inde- pendentes ou acopladas, dependendo das necessidades de desenvolvimento do negócio. Alguns estabelecimentos oferecem uma área com café, chá ou água, operada no sistema self-service ou com a utilização de copeiros além de uma área de espera, para acompanhantes ou pessoas idosas; Case: Loja qualquer; • Provadores: São ambientes públicos existentes nas lojas de vestuário. De vá- rias formas, materiais e cores, o comum entre eles é que deveriam acomodar bem as pessoas nesse momento de experimentar as peças, já que a decisão de compra se faz ali. Infelizmente não é o mais comum de se encontrar. A maioria tem condições precárias de privacidade, conforto ambiental e dimensional in- suficiente e iluminação inadequada. É necessário se movimentar com conforto. O piso desses locais pode ser de madeira ou de carpete. Evite a cerâmica e os pisos frios, pois, embora sejam de fácil manutenção, não são agradáveis ao toque dos pés. Ou seja, precisamos de mais atenção a esse item do projeto. Em lojas de calçado, o mobiliário é o provador, bancos ou poltronas ajudam a definir a compra, geralmente na mesma área de exposição dos produtos. Nas óticas e joalherias, igualmente sentados, devemos experimentar as peças com espelhos disponíveis para visualização; Case: provadores apertados; • Pagamento: Como toda compra é finalizada pelo pagamento, esse local é sem- pre importante. Muitas vezes trata-se do mesmo ambiente de exposição de pro- dutos, sendo marcado pelo mobiliário: um balcão para pagamento em pé ou mesas para fazê-lo sentado; 11 UNIDADE Setorização As opções em pé ou sentado estão atreladas ao tipo de produto e quantidade de pessoas que são atendidas no espaço ao mesmo tempo, propiciando a uti- lização de filas pré-organizadas para pagamento, quanto maior for o numero de pessoas. Por outro lado, pagamento se faz sentado quanto mais caro for o produto. No varejo, esse ambiente está cada vez mais discreto, sem a sinaliza- ção ostensiva que o marcava em tempos atrás. Entende-se que quanto mais a pessoa circular pela loja, tanto melhor, pois assim comprará mais; Case típico: Loja de departamentos (C&A); • Estoque: Grupo de ambientes privados da loja cujo objetivo é a acomodação e controle de saída de mercadorias. Pode também não existir ou estar acoplado ao espaço de vendas, não configurando estoque dessa forma. Muitas vezes, nas lojas pequenas e quiosques, os produtos estão todos em exposição ou inte- grados, através da marcenaria, com a exposição dos produtos; Case típico: Loja Poderoso Timão. A figura 1 indica as comunicações entre os setores: • O acesso externo se dá pelo espaço de exposição de produtos; o espaço de exposição de produtos está conectado ao estoque e ao pagamento e ele distri- bui a circulação; • o estoque não está conectado com o pagamento. Acesso Externo Pagamento Exposição de Produto Figura 1 – Fluxograma de Setores O fluxograma é uma peça gráfica que indica as conexões entre as peças. No caso, as conexões entre os nossos setores da loja. Entendendo o fluxograma, po- demos perceber: • Acesso externo: em geral, o acesso externo do cliente se dá pelo setor ex- posição de produtos. Funcionários e técnicos podem ter outros acessos, pe- los fundos (configurando uma entrada de serviço) ou pela área técnica nos shoppings centers. Nas lojas de rua, deve-se dedicar atenção à acessibilidade, poisdegraus e pisos escorregadios devem ser resolvidos. Sempre respeitando a legislação sobre larguras e circulações, escadas, rampas e portas, deve-se observar a norma ABNT NBR 9050; 12 13 • Conexão setores entrada x exposição de produtos: a entrada está conec- tada ao Setor de Exposição de produtos, em geral, por um elemento físico de distribuição do fluxo de pessoas, como um expositor, ou móvel decorativo. O primeiro expositor ou o primeiro móvel já marca o final da entrada. Na au- sência de vitrine, nas lojas abertas, nem sempre há essa peça, portanto, pode acontecer uma entrada imediata ao setor de exposição de produtos; • Conexão exposição de produtos x setor de pagamento: o setor de paga- mento deve ser estrategicamente colocado no layout da loja, para não ser agressivo ao consumidor. Podendo ser apenas um balcão, ou mesa ou ban- cada. Todos serão abastecidos de máquinas para pagamento, computador e telefone e instalações para um funcionário operador, pelo menos, espaço para uma boa cadeira. Assim, mesmo em se tratando de uma loja seca, sem insta- lações para água e esgoto, as instalações elétricas, telefonia e de internet são fundamentais e estarão fisicamente dispostas no setor de pagamento; • Conexão setores pagamento x setor estoque: o pagamento não está conec- tado ao estoque. Em geral, essa ligação não existe. Deve-se retornar ao setor de exposição de produtos para que haja a distribuição dos fluxos. Os Setores e o Projeto Qual será a influência dos setores no Projeto de Interiores? A compreensão dos setores de uma loja implica na compreensão de sua estrutu- ra funcional. A partir de como definimos seus setores, podemos gerar ou não lucro e credibilidade ao estabelecimento comercial. Influencia-nos também nas escolhas do projeto, para as quais devemos, prin- cipalmente nos imóveis de menor área, promover a continuidade e sequência de materiais. As escolhas de elementos finalizadores do projeto devem ser pensadas por setores. Assim, as escolhas de moveis, revestimentos de piso e paredes, cores e acabamentos dos materiais são influenciados pela percepção dos setores. Um dos concorrentes que alguns empresários enfrentam hoje é a internet. Com a possibilidade de compras on-line, em qualquer parte do mundo, a competição tornou-se mais acirrada. A comodidade de comprar a qualquer hora sem enfrentar filas, problemas com estacionamento ou transito é, de certo modo, o grande res- ponsável por alterações nos hábitos de grande parte da população mundial. Graças a essas mudanças, a comodidade oferecida pelos lojistas e a qualidade do serviço prestado são agora os carros-chefes de algumas empresas bem-sucedidas. O papel dos designers passou a ter maior importância e responsabilidade, tradu- zindo e representando a filosofia do produto ou da empresa, ou a criação – conser- vadora ou ousada – de ambientes interessantes e que possam atrair o público como também servi-lo confortavelmente. 13 UNIDADE Setorização É importante relembrar que o resultado visual pode induzir ou não o cliente a entrar em uma loja. Por essa razão, é fundamental que o público-alvo seja correta- mente identificado. Para um bom projeto, reflita sobre o seguinte: • Inicie a organização de suas ideias a partir do produto oferecido por esse esta- belecimento comercial, pois essa será a sua base conceitual; • Defina com exatidão cada espaço que irá compor o projeto em sua totalidade, escolhendo elementos que não tornem o ambiente carregado visualmente; • Lojas que pretendem mostrar uma imagem diferenciada, de exclusividade, para atingir um público de maior poder aquisitivo, investem em projeto personaliza- do, digamos que proporcional ao valor das mercadorias; • Em lojas de grande rotatividade, o que se leva em conta é o baixo custo da mer- cadoria, com menor investimento possível. Elas não atraem pelo visual, mas sim pelo preço. Essas lojas devem ter uma atmosfera clara, com circulação que facilite percorrer o espaço num percurso contínuo e com expositores simples; • Em lojas diversas, invista sempre em estruturas modernas, com iluminação agradável e toda uma ambientação de forma a deixar o consumidor à vontade. Faça uso da cromoterapia, pois afinal, sabemos o quanto as cores exercem influências nos espaços; • Preocupe-se também com a questão espacial. A circulação das pessoas é fundamental para criar um espaço agradável, onde se queira estar. Por isso mesmo, sempre programe passagens, corredores e espaçamento adequado entre o mobiliário, para que nada fique com aspecto de “amontoado”. Mais importante que “encher” o projeto de móveis, é pensar que pessoas utilizarão aquele espaço, e precisarão sentir-se confortáveis ali. Menos sempre é mais em matéria de design de interiores! • Ao projetar academias e áreas de lazer, faça uso também da cromoterapia. As cores são muito importantes na elaboração de um espaço dedicado à prá- tica de exercícios físicos. Na área de alongamento, por exemplo, use cores relaxantes como o azul, verde e lilás. Já na área dos exercícios intensos, como musculação e exercícios aeróbicos, cores vibrantes são excelentes opções para colorir uma das paredes. “Queima de estoque”, “Liquidação”, “Compre 1 e leve 2” – essas frases são muito comuns no comércio e acabam sendo uma saída para os lojistas que pre- cisam movimentar o estoque que, por algum motivo, acabou ficando parado. Segundo Marcelo Caetano, consultor do Sebrae-SP, é importante tentar en- tender qual a demanda do mercado e o que o cliente realmente quer comprar para evitar mercadorias estagnadas – “Essa percepção vai garantir a compra do mínimo de estoque para manter a operação naquele período. O lojista deve conter a ansiedade e focar em comprar apenas aquilo que o mercado está pre- parado para consumir”, afirma ele. Caetano também ressalta a importância de 14 15 um bom sistema de cadastro e controle de estoque. “Muitas vezes, o estoque está parado simplesmente porque ninguém sabe que o produto está lá”, diz. Ele explica que cada comerciante tem um método de controle que pode ir desde o modo manual até o uso de ferramentas tecnológicas e que não há for- ma correta de fazer essa gestão. “Cada lojista sabe o que funciona para o seu estoque, mas a organização é fundamental para evitar esses deslizes.” Mesmo com todos esses cuidados, alguns erros podem passar despercebidos e levar a um acúmulo de peças paradas em estoque. As promoções e combos podem ser a solução. Assim, seu projeto deve ter a flexibilidade suficiente para esses momentos de renovação e movimentação. Visual Merchandising – Design de Interiores O que é visual merchandising? O visual merchandising é uma estratégia de varejo que trabalha o ambiente do ponto de venda, e cria uma identidade da loja ou da marca a ser trabalhada, também personaliza o ambiente através do design, do layout e da disposição dos produtos, impulsionando e influenciando nas decisões de compra dos clientes. Figura 2 Fonte: Getty Images Qual a função do visual merchandising nas lojas? A principal função do visual merchandising é ser uma ferramenta criativa e movimentadora para as vendas, ela também orienta os seus colaboradores para pensarem constantemente de forma cada vez mais comercial, fazendo com que eles estejam sempre pensando no impacto que podem causar no seu público-alvo. 15 UNIDADE Setorização Entenda o marketing: • Market: mercado; • Marketing: mercadologia; • Mercadologia: estudo do mercado. Marketing é o conjunto de ações que buscam satisfazer as necessidades do clien- te, de forma mais eficaz que a concorrência, com maior participação de mercado e foco nos resultados. São ações do marketing: • Propaganda: TV; • Publicidade: folder, outdoor; • Promoção de vendas; • Vendas pessoais; • Relações públicas; • Design Visual Merchandising; • Merchandising: é uma ação dentro do marketing que visa ao planejamento e à operacionalização de atividades que se realizam dentro da loja, tendo como objetivo a exposiçãoe apresentação dos produtos de maneira adequada a criar impulsos de compra na mente dos consumidores, tornando mais rentáveis to- das as operações nos canais de marketing. Qual a importância e o que é o visual merchandising? É importante você entender como funciona a comunicação de um negócio. Tudo é construído pensando em três elementos muito importantes: o negócio propria- mente dito (a loja), que é chamado de emissor, somado ao cliente (que seria o re- ceptor), somado ao recurso que você vai usar para falar com seu cliente (chamado de meio). Nesse conceito, cabe ao emissor se fazer entender. Trazendo isso para a rea- lidade do varejo, toda loja tem a responsabilidade de comunicar ao mercado em que atua qual é o conceito do próprio negócio. A partir dele, é possível transmitir a identidade visual da marca por meio de todos os elementos que vão entrar em contato com o consumidor. Dessa forma, a loja é o emissor que tem como proposta comunicar ao cliente a ideia de valor do seu ponto de venda. Para que isso ocorra, ela utiliza o visual merchandising como meio para transmitir sua mensagem. Isso é feito com base em estratégias que visam facilitar a entrega desse comunicado, para que não haja dificuldades no entendimento da proposta. 16 17 Como o visual merchandising funciona? Precisamos ter em mente qual o conceito da loja ou marca, qual o valor que você defende e quer transmitir? Algumas perguntas podem te ajudar a entender melhor e a definir isso, qual a imagem que você quer passar? De um negócio mais moderno, descolado, tradicional, clássico ou alinhado às causas sociais? Qual seu público-alvo e como é o comportamento de compra dele? Além disso, a localização é importante, lojas de bairro, isoladas, no meio de centros comerciais ou até mesmo serviços delivery trazem significados diferentes para o consumidor e devem ser levados em consideração. A partir daí, começa o trabalho de disposição da vitrine, dos produtos dentro da loja, da decoração e de tudo mais que influenciar nas sensações visuais do cliente. O objetivo é sempre o mesmo, criar o ambiente com a melhor experiência pos- sível, para estimular a compra e a vontade de voltar. Um exemplo bastante simples é a disposição das peças de roupa em uma loja de roupa íntima – se tudo estiver sinalizado, etiquetado e precificado, as clientes não se irritam e tendem a ficar mais tempo por ali procurando peças. O contrário também é verdade, se você tem dificuldades em encontrar o que procura e, quando acha, não sabe o preço e fica insatisfeita, as chances de compra e de retorno são mínimas. Por isso todo o visual do seu negócio deve ser pensado com bastante cuidado, do nome e logotipo às cores e decoração interna. O visual merchandising deve ser encarado como um aliado, ele existe para ajudar a adequar seus produtos, deixando tudo mais harmonioso e prático para o cliente. Para que um negócio do varejo seja bem-sucedido, é imprescindível compre- ender a importância das ações do visual merchandising no processo de compra. Podemos dizer que o visual merchandising é um fator decisivo no sucesso ou fra- casso de uma empresa – fica apenas em segundo plano se o compararmos com o relacionamento para com o cliente, que, quando mal executado, pode levar a em- presa ao fracasso independente de qualquer ação de marketing ou merchandising. • O Design: o design de interiores de uma loja de roupas deve ser compatível com o produto que a loja oferece – tanto a fachada quanto a vitrine devem seguir a mesma linha das suas roupas. Por exemplo, se você vende produtos de jeans, é interessante buscar uma linguagem de quem consome esse tipo de produto, construir uma atmosfera descolada e jovial. • Acessibilidade: O visual merchandising serve para facilitar a vida do seu clien- te, a acessibilidade é uma das questões mais importantes para o negócio ser bem-sucedido, por isso orientamos que o projeto pense em tudo, desde como o cliente vai chegar, até se há estacionamento e se a sua entrada é de fácil acesso. 17 UNIDADE Setorização Loja Timberland – Estudo de Caso A técnica de visual merchandising (VM) foi utilizada por alguns escritórios de design de interiores e arquitetura, e idealizada para dar vida ao produto no ponto de venda, pois fundamenta na análise de vários pontos de seu negócio, com o intui- to de alavancar as vendas. Como? Coordenando uma (e somente uma) política de design (da concepção da marca até o projeto de sua loja) que objetiva transmitir o valor da marca, manter um diálogo do vendedor com o consumidor, e influenciar o seu comportamento, fazendo-o comprar! Citamos como um belo exemplo: a loja Timberland (fotos) na Regent St, de Londres. A marca foi reconhecida pela qualidade de suas botas e até hoje o modelo que faz mais sucesso é a “yellow boots”. O público-alvo da Timberland procura conforto, qualidade e tecnologia, e são excelentes para quem pratica esportes natu- rais e trabalha em ambientes com condições extremas. O significado de seu nome já é um grande guia para reforçar a marca, Timber, que significa madeira e Land, terra. Repare que no ambiente estão muito presentes elementos como madeira e vasos com plantas que remetem a terra. E para reforçar o espírito aventureiro de seu público não faltam materiais como aço, material de demolição, couro e madeira, no seu estado mais natural. A técnica do VM, leva em consideração as informações, portanto, do posiciona- mento estratégico da marca, produto, passando pelas informações do público-alvo, até chegar ao projeto de interior de sua loja (projeto do mobiliário, luminotécnico, sonorização, aroma, expositores etc.). Figura 3 Fonte: Getty Images A forma de expor seu produto provoca no cliente o desejo de comprar, princi- palmente se ele, o produto, envolver o cliente emocionalmente, como a exposição da Timberland, onde a posição dos sapatos forma uma linha diagonal apontando 18 19 para o porta-retrato (elemento-chave nesse caso), direcionando o cliente a associar o produto a momentos especiais, agregando, assim, valor ao produto. O VM aumenta as vendas, pois o espaço, por si só, orienta os consumidores e desperta o desejo pelos produtos que eles querem ou que precisam. Também, incen- tiva os consumidores a descobrirem novos produtos e/ou soluções dentro do espaço. Podemos notar isso na loja Anthropologie, também na Regent St, em Londres, a qual é uma loja superdescontraída que vende roupas femininas, acessórios, móveis pequenos e artigos de decoração. Mas todos esses produtos diferentes no mesmo ambiente? No mesmo display? Sim! São pensados minuciosamente de maneira a manipular a trajetória do cliente e sua percepção de produto, com o intuito de ofe- recer a chamada “experiência máxima de compras” ou “experiência de consumo”. E digo mais: tudo ficou em plena harmonia! Figura 4 Fonte: Getty Images Um elemento visual pode encorajar um cliente a ver uma mercadoria que não estavam buscando originalmente. A estrutura sensorial total traz o conforto neces- sário para ficar mais tempo na loja, pesquisar mais dentro da loja e comprar mais nessa mesma loja! Figura 5 Fonte: Getty Images 19 UNIDADE Setorização Muitas vezes o projeto de interiores com foco em visual merchandising é com- prometido devido ao custo adicional se comparado a um projeto de interiores sem essa técnica. Esse comprometimento se dá devido à dificuldade de o empresariado mensurar esse incremento de venda que ocorre no futuro, porém, o tempo de payback desse investimento, historicamente, é muito baixo, ou seja, vale a pena! Lembre-se: quanto mais confortável os clientes estiverem na loja e quanto mais tempo permanecerem, maior a chance de compras! Vá ao shopping e perceba os diferentes tipos de lojas e seus setores (exposição de produtos, pagamento e estoque etc.).Ex pl or 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura O Design no Contexto da Economia Criativa https://bit.ly/2y8oZt1Guia Métrico https://glo.bo/2VHq98F Conheça os 12 projetos comerciais mais bonitos do ano https://glo.bo/2GgcAYk Designer de Interiores https://bit.ly/2Z0ckE5 21 UNIDADE Setorização Referências GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas comerciais. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2011. LEE, V. 10 princípios do bom design de interiores. São Paulo: Germakoff, 2012. PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta e referência para projetos. São Paulo: GG Brasil, 2013. 22
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