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Página 46 de 57 Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Ou seja, as provas sobre o estado das pessoas no processo penal é uma prova tarifada, o valor que esta vai ter não vai ser simplesmente pelo sistema da livre apreciação da prova, que é o sistema adotado como regra no Brasil. Este dispositivo estabelece que serão atendidas as regras dos sistema legal ou tarifado civil. Portanto as regras concernentes ao estado civil das pessoas é o que está previsto na lei civil. O segundo sistema é o da íntima convicção ou o chamado julgamento secundum conscientiam, segundo a consciência. Também não foi o adotado como regra no Brasil mas que nós temos uma exceção no processo penal brasileiro que permite o sistema da intima convicção, qual seja o tribunal do júri. CPP Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando- se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: Assim o prometo. Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. E o terceiro sistema que foi o adotado, ta no caput do 155, é o sistema da persuasão racional ou livre convencimento motivado. Ou seja, o juiz é livre para apreciar a prova, desde que fundamente. ÔNUS DA PROVA No Brasil ao contrario do que o próprio CPP estabelece, e que muitos doutrinadores dizem, no processo penal o ônus da prova não cabe a quem alega., ao contrario do processo civil Aqui o ônus da prova cabe exclusivamente a acusação. E esse ônus decorre do princípio constitucional da presunção de inocência Este ônus da prova recai sobre todos os elementos do conceito analítico de crime. a doutrina mais tradicional fazia distinção destes elementos. Dizia por ex. que a acusação caberia apenas o ônus de provar os elementos da culpa, mas o dolo seria presumido. Equívoco! Todos os elementos inclusive o dolo, sob pena de responsabilidade objetiva, e de haver uma inversão, a presunção de dolo seria uma ofensa a presunção de inocência. Portanto tanto o dolo quanto todos os elementos da culpa, devem ser provados pela acusação. E se houver dúvida absolvição do réu. A doutrina mais tradicional também considerava que as excludentes tanto de ilicitude quanto de culpabilidade por serem normalmente alegadas pela defesa, deveriam ser por ela provadas. Também já não se sustenta. E ai o ônus da prova da acusação recairá igualmente sobre as excludentes, tanto de ilicitude quanto de culpabilidade. 27.05.13 PROVAS EM ESPÉCIE Página 47 de 57 Comentou sobre a palestra de Ricardo Gloeckner. É basicamente o que vimos em sala de aula. Pessoal, veremos hoje as principais espécies de provas. Nós já falamos sobre teoria geral em dois encontros e hoje nós iremos falar das principais formas de perícia. Especialmente as que estão reguladas no CPP. A primeira delas e certamente uma das mais importantes é exatamente: Exame de Corpo de Delito e Outras Perícias Nós ainda vamos ter reguladas no CPP além desse, o interrogatório previsto como meio de prova, a confissão, acareação, reconhecimento de pessoas ou coisas. Busca e apreensão, já vimos no Case, portanto desta não falaremos. E a prova testemunhal que é outra bastante utilizada. Perícia Vem a ser um exame realizado por uma pessoa com conhecimentos técnicos científicos, ou artísticos inclusive. Seja nomeado ou oficial que acaba sendo produzido / materializado posteriormente por meio de um laudo pericial. Como regra é que haja peritos oficiais, são pessoas concursadas que fazem parte dos órgãos policiais ou não, pois em alguns lugares do Brasil a pericia não é realizada por um órgão da polícia, existe nesses casos uma instituição própria desvinculada. Aqui no Maranhão e em outros estados continua sendo uma polícia, um órgão da polícia, o perito é um policial. O concurso é vinculado a polícia civil. Excepcionalmente o CPP prevê a possibilidade de nomeação ad hoc de peritos. E esses devem ter um curso superior, exigência do CPP, e de preferência uma formação técnica específica de acordo com a perícia a ser realizada. Isso não quer dizer que a perícia a ser feita não necessita de um conhecimento técnico, toda perícia vai ser a aplicação de um conhecimento técnico. Não necessariamente o perito terá formação técnica naquilo, inclusive os peritos oficiais. Se vcs observarem os peritos eles vão ter formações das mais variadas possíveis (engenheiro, contador, biólogo, etc) mas todos farão por ex. exames grafotécnicos – afinal não existe um curso superior de grafotecnia. Mas é sempre a aplicação de um conhecimento técnico, seja de um curso superior ou de outra formação específica. O cara fez um curso específico sobre balística e daí começou a realizar perícia. Como regra essa perícia é constituída de observação, avaliação e declaração. O resultado é o chamado visun et repertum , que é exatamente o que os peritos fazem – que é “ver e repetir”. Na estruturação de um laudo depois da fase preambular, do início, do histórico, existe a descrição daquilo. Depois valoração daquelas observações e conclusão. Via de regra a perícia tem o objetivo de demonstrar elementos de convicção acerca da materialidade delitiva. *Laudo Pericial – via de regra: o Descrição o Valoração o Conclusão (com demonstração de elementos de convicção) Excepcionalmente, contudo, os peritos não farão uma avaliação, farão apenas uma observação e declaração, ou seja, não fazem a valoração. É quando os peritos são chamados pelo juiz para expedir uma espécie de parecer acerca de algum fato ou do próprio laudo já produzido (contraditório postergado), ou ainda de outros laudos realizados por outrem. É como se fosse uma forma de esclarecimento, algo que consta no laudo que requer um conhecimento técnico o qual do juiz porventura não possua. Via de regra é feito de forma oral, e reduzido a termo, uma oitiva dos peritos. Muito comum. Existe uma classificação doutrinária dessas perícias. Página 48 de 57 CLASSIFICAÇÃO *Quanto ao objeto da perícia o Intrínseca É aquela realizada sobre o próprio corpo de delito. Por ex. o exame necroscópico realizado no presunto que foi encontrado. No último plantão, na invasão da invasão do Coroadinho chamada, salvo engano, Novo Natal, o CIOPS2 ligou dizendo que tinha um corpo, então lá foi Cleops, quase não chega. Povo todo acordado e marocando. Resumo, tinham poucas facadas, na frente. Quando virou de costas, era uma tábua de pirulito... [ok] Foram contadas 49, nas costas. O povo que viu disse que eram três caras e o agrediram com ripa, e facadas. Bem, a perícia realizada naquele corpo é uma perícia intrínseca. Aquele corpo é o próprio corpo de delito, no caso do homicídio. o Extrínseca É aquela que não é realizada diretamente no corpo de delito, mas em alguma coisa ou objeto encontrado em poder do acusado. Por ex. uma perícia computacional, ou grafotécnica (documentos), que podem revelar alguma coisa, mas não necessariamente sendo o corpo de delito. São outras provas. Uma carta pode ser um corpo de delito, mas não necessariamente. Numa carta por ex. o cara pode confessar, escrever que matou, mas o corpo de delito é a vítima. Isto no homicídio. A carta aqui não seria o corpo de delito. Já um documento seria sim o corpo dedelito, num crime de fraude. *Quanto a atividade do perito o Percipiendi Expressão em latim que vem do verbo perceber. Aquela em que o perito já exterioriza apenas sua percepção do fato, SEM valorá-lo. Ex. disso, perícia realizado com uso de um medidor da intensidade do som, um decibelímetro, que é comumente realizada em situações de festas. O perito chega simplesmente e avalia com aquele medidor se está acima ou abaixo dos decibéis estabelecidos regularmente. Não avalia, não tem qq outra conexão lógica, ele não deduz absolutamente nada. Ele em seu laudo simplesmente diz que apontava tantos decibéis a distancia x e pronto. Isto é estabelecido de forma objetiva. o Deducendi Aqui, o perito não só avalia os dados. Alem de observar valora, faz análises valorativas e conexões dedutivas. Por isso o nome. Ex. ele avalia um projétil encontrado no corpo da vítima e depois de avaliar, comparando com determinada arma, identifica que aquele projétil foi disparada daquela arma e demais conclusões. Ou seja, existem conclusões dedutivas acerca daquela observação. Uma figura aqui essencial neste estudo sobre perícias é exatamente o perito. 2 Centro Integrado de Operações de Segurança - é a reunião das instituições envolvidas no atendimento de emergências na área de segurança pública e defesa da cidadania em um mesmo local. Página 49 de 57 O Perito É o auxiliar do juízo dotado de conhecimentos técnicos / científicos / artísticos que realizam exatamente essas perícias. *Ad hoc (nomeado): é obrigado a realizar aquela perícia, sob pena de multa inclusive. Mesmo aquele que é nomeado, ou seja, alguém pode questionar, mas não tem conversa existe essa obrigatoriedade. Os nomeados (ad hoc) não são remunerados. O que é diferente do juízo cível, onde a parte arca com as despesas do perito, naquele ele é sempre remunerado. Aqui só são remunerados os oficiais, os nomeados os ad hoc não. Alguns casos o perito que foi nomeado entra na justiça e tal. *Oficial: Obviamente o perito oficial também não pode se negar, mas este tem a obrigatoriedade por ser seu dever de ofício, ou seja, a obrigatoriedade deste está vinculada ao serviço público, ao simples desempenho normal de sua atividade. Sob pena de cometer crime. O perito oficial tem a obrigatoriedade presumida por ser funcionário público. O perito ad hoc tem a obrigatoriedade imposta sob pena de multa. CPP Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; b) não comparecer no dia e local designados para o exame; c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos. O perito deve desenvolver suas atividades com imparcialidade. Deve atuar, realizar sua perícia, elaborar seu laudo de forma imparcial. Em regra, a partir da reforma de 2008, é realizado por um só perito, oficial. Ates disso deveria ser realizada por dois. CPP Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Não havendo perito oficial, ai é que serão nomeadas duas pessoas idôneas que serão chamados peritos ad hocs / nomeados / louvados (como chama a doutrina). Essas pessoas devem ser idôneas e obviamente possuir formação superior, de preferência quando for indicado segundo o §1º com formação técnica especifica para aquela perícia. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Obs.: Súmula 31 STF, é nulo o exame realizado por um só perito considerando-se impedido que tiver funcionado anteriormente na diligencia de apreensão. Página 50 de 57 Aqui diz que que se o perito é considerado impedido na apreensão, que eu não sei exatamente a que ele está se referindo esta apreensão anterior, é que o ato será nulo. Não pelo fato de ser por um só perito, mas por este ser impedido. E por evidente, pois feito por perito impedido. Pq as causas de impedimento e suspeição, igualmente aplicáveis a juízes e promotores, também se aplicam aos peritos. Então aqui não é pela quantidade, pois a lei de forma expressa diz que deve ser realizado por um só perito. Daí se não tiver perito oficial é que serão nomeados dois não oficiais. Para nomeação dos peritos não oficiais via Fe regra não existe prova, nem escrita nem oral, nem questionamento de qq natureza. O único procedimento, é que a gente chama, via de regra já tem a lista das pessoas com formação. Geralmente professores, de física, química, etc. Com esse CONPEJ ??? (acho), ficou mais fácil. Eu sempre nomeava professores, e já conversava previamente com todos é feito um termo de compromisso. Já o perito oficial não é compromissado, o seu compromisso é presumido pelo dever de oficio, ele tem o compromisso de falar a verdade e de desempenhar fielmente a sua atividade. O nomeado assume o compromisso. Então a única formalidade é a sua informação dada no momento da sua nomeação. Existe um termo de compromisso onde ele se propõe a desempenhar fielmente a sua atividade. É feita por intimação. E pode realizar tanto pela autoridade policial quanto pelo juiz. Via de regra na fase preliminar. Corpo de Delito e Exame de Corpo de Delito *Corpo de Delito é o conjunto de elementos materiais deixados pelo crime. seja pessoa, coisa, ou qq outra. O objeto material aqui acaba sendo o mesmo que o corpo de delito. *Exame de Corpo de Delito é um meio de prova realizado sobre o corpo de delito. É exatamente a análise realizada pelo perito, a perícia realizada sobre o corpo de delito. Quando o crime deixa vestígios o CPP exige a realização de corpo de delito, sob pena de nulidade. CPP Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Isso não deixa de ser um limite epistemológico tanto a busca da verdade quanto ao próprio princípio do livre convencimento motivado do juiz. Acaba sendo um limite pq vejam só, no momento em que ele diz que é essencial isso retira do juiz a possibilidade de chegar a verdade daquele fato a partir de outras formas de prova. Quando coloca como indispensável a realização de corpo de delito, ta exatamente limitando. É limite pq sem este exame não é possível. Tem homicídio, que deixa vestígio, mas não tem corpo, segundo este princípio é obrigatório o exame de corpo de delito. A solução o CPP tenta dar dizendo que quando não for possível realizar esse exame de corpo de delito direto – que é aquele sobre o corpo de delito – pq o corpo desapareceu, é possível o exame de corpo de delito indireto. A partir de fotografias, e outros vestígios encontrados, ex. camisa, calcinha, sangue, etc. E pode em ultima hipótese ser substituído ainda por depoimento de testemunha, como hipótese excepcional. Só quando não houver corpo de delito, nem nenhum outro elemento que possa levar o perito a elaboração de um laudo através de uma pericia indireta. Só nesta hipótese que é possível a substituição pelo testemunho. CPP Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
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