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Prof. Renan Araujo 20/09/18 Direito Processual Penal AULA 01: Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral Pietra Prado Página 1 de 16 Sumário Provas em Espécie (Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral) ............................................... 2 Dos Auxiliares Da Justiça ................................................................................................................................. 5 Incompatibilidades e Impedimentos ........................................................................................................ 11 Resumo ................................................................................................................................................................ 11 Questões .............................................................................................................................................................. 12 Gabarito ............................................................................................................................................................... 16 Página 2 de 16 CUIDADO! Não confundam exame de corpo de delito indireto com prova testemunhal que supre o exame de corpo de delito. O art. 167 do CPP autoriza a comprovação do crime mediante prova testemunhal quando os vestígios não mais existirem: Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. No entanto, nesse caso, não há exame de corpo de delito indireto, mas mera prova testemunhal. No exame de corpo de delito indireto, há um laudo, firmado por perito, atestando a ocorrência do delito, embora esse laudo não tenha sido feito com base no contato direto com os vestígios do crime. DAS PROVAS EM ESPÉCIE: Exame de corpo de delito e perícias em geral O exame de corpo de delito nada mais é que a perícia cuja finalidade é comprovar a materialidade (existência) das infrações que deixam vestígios. Nos termos do art. 158 do CPP: Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. O exame de corpo de delito pode ser direto, quando realizado pelo perito diretamente sobre o vestígio deixado, ou indireto, quando o perito realizar o exame com base em informações verossímeis fornecidas a ele. Imagine um crime de estupro, no qual tenha sido determinado o exame de corpo de delito mais de dois meses após a prática do crime. Parte da Doutrina, na verdade, entende que o exame de corpo de delito indireto não é bem um exame, pois não se está a inspecionar ou vistoriar qualquer coisa. Este exame pode ocorrer tanto na fase investigatória quanto na fase de instrução do processo criminal. Inclusive, o art. 184 do CPP determina que a autoridade não pode indeferir a realização de exame de corpo de delito: Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. O exame de corpo de delito é, em regra, obrigatório nos crimes que deixam vestígios. Entretanto, como vimos, o art. 167 do CPP autoriza o suprimento deste exame pela prova testemunhal quando os vestígios tiverem desaparecido. A Doutrina critica isto, ao argumento de que não só a prova testemunhal poderia suprir, mas qualquer outra prova, como, por exemplo, a prova documental, sendo descabida a diferenciação. Em razão disso, a jurisprudência se consolidou no sentido de que qualquer prova, e não só a testemunhal, podem suprir o exame nessa hipótese. O exame de corpo de delito também está dispensado no caso de infrações de menor potencial ofensivo (de competência dos Juizados Criminais), desde que a inicial acusatória venha acompanhada de boletim médico, ou prova equivalente, atestando o fato (art. 77, § 1º da Lei 9.099/95). Existem algumas formalidades na realização desta prova (previstas entre o art. 159 e 166 do CPP), dentre elas, a necessidade de que ser trate de um perito oficial, ou dois peritos não oficiais. No caso de peritos não oficiais, estes deverão prestar compromisso (art. 159, § 2º do CPP). Porém, se a perícia for complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento, poderá o Juiz designar mais de um perito oficial (a parte também poderá indicar mais de um assistente técnico). EXEMPLO: Num processo é necessária perícia em engenharia. Contudo, será necessária perícia em engenharia ambiental e em engenharia civil, pois existem questões controvertidas a serem resolvidas. Nesse caso, o Juiz pode designar um perito para cada área da perícia, bem como a parte poderá designar um assistente técnico para cada área. Página 3 de 16 As partes, o ofendido e o assistente de acusação podem formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (art. 159, §§ 3º, 4º e 5º do CPP). Embora o CPP não diga expressamente que o assistente técnico e o ofendido possam requerer esclarecimentos ao perito, isto decorre da lógica do art. 271 do CPP: Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. A Jurisprudência e Doutrina majoritárias vêm entendendo que estas possibilidades citadas são restritas à fase judicial, até pela redação do CPP, que fala em “acusado” e não em “indiciado”. O assistente técnico só começará a atuar a partir de sua admissão pelo Juiz, que é obrigatória, salvo se houver óbices processuais relevantes. A não admissão de assistente técnico sem motivo relevante pode ensejar a impetração de Habeas Corpus. O art. 159, § 5º, II do CPP, possibilita, ainda, que os assistentes técnicos sejam inquiridos em audiência, do que decorre a interpretação de que possam, também, ser alvo de pedidos de esclarecimentos quanto aos laudos que apresentarem (os assistentes técnicos podem apresentar seus próprios laudos). E se houver divergência entre os peritos? Nesse caso (que só é possível na hipótese de dois peritos que estejam atuando na mesma área de conhecimento), cada um deles elaborará seu laudo separadamente, e a autoridade deverá nomear um terceiro perito. Caso o terceiro perito discorde de ambos, a autoridade poderá mandar proceder à realização de um novo exame pericial. Do laudo pericial podem decorrer, portanto, as seguintes conclusões: • Peritos convergem em seu entendimento – Juiz pode concordar com eles, fundamentando sua decisão no laudo. Juiz pode discordar do laudo, fundamentando sua decisão em outros elementos de prova constantes dos autos; • Peritos divergem em suas conclusões: - Juiz nomeia terceiro perito, que concorda com um deles – Juiz pode concordar ou não com a conclusão do terceiro; - Juiz nomeia terceiro, que discorda de ambos – Juiz pode mandar realizar outro exame ou concordar com o laudo de qualquer dos três peritos (os dois primeiros ou o desempatador); O Juiz pode discordar do laudo? Sim. Esta previsão está contida no art. 182 do CPP: Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. A isso se dá o nome de sistema liberatório de apreciação da prova pericial. Esse sistema guarda estreita relação com o já estudado sistema do livre convencimento motivado de apreciação da prova, previsto no art. 155 do CPP. Página 4 de 16 Abaixo, algumas regrinhas para determinadas espécies de perícias: ESPÉCIE DE PERÍCIA REGRAMENTO DO CPP AUTÓPSIA Pelo menos seis horas após o óbito (salvo se pelos sinais da morte os peritos entenderem que pode ser feita antes) No caso de morte violenta, basta o exame externo do cadáver Os cadáveres serão sempre fotografados na posiçãoem que forem encontrados, bem como as lesões externas e vestígios deixados no local Para melhor esclarecer as lesões encontradas, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados Serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados que possam ser úteis à identificação do cadáver LESÕES CORPORAIS Caso o primeiro exame tenha sido incompleto, será procedido a novo exame, por determinação da autoridade policial ou do Juiz. O exame complementar pode ser determinado de ofício (sem requerimento de ninguém) ou a requerimento do MP, do ofendido, do acusado ou de seu defensor. No exame complementar os peritos terão em mãos auto de corpo de delito, para poderem complementá-lo ou retificá-lo (caso contenha erros) Se a finalidade for comprovar que se trata de crime de lesão corporal GRAVE (por deixar a vítima afastada de suas atividades habituais por mais de 30 dias), deverá o exame ser realizado logo após o prazo de 30 dias. A ausência do exame complementar pode ser suprida pela prova testemunhal. ANÁLISE DE DESTRUIÇÃO DE COISAS OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO Os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado, podendo proceder-se, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. INCÊNDIO Deve ser verificada: A causa e o lugar em que houver começado; O perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio; A extensão do dano e o seu valor; Demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato; RECONHECIMENTO DE ESCRITOS Devem ser observadas as seguintes regras (literalidade do CPP): A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. (CUIDADO! O acusado não está obrigado a fornecer os padrões gráficos para a realização do exame, ou seja, não está obrigado a escrever nada, pelo princípio do nemo tenetur se detegere, ou seja, ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si próprio). Página 5 de 16 Existem alguns pontos específicos sobre diversas modalidades de exame de corpo de delito que suscitam discussão jurisprudencial. Natureza da Perícia Regra Legal Jurisprudência Dominante Necropsia (art.162do CPP) Exame interno do cadáver, sendo obrigatório no caso de morte não violenta. No caso de morte violenta, basta o simples exame externo do cadáver, em regra. Entende-se que pode ser suprido por outras provas. Exumação (art.163 do CPP) Consiste no ato de desenterrar o cadáver. Entende que deve haver ordem judicial, sendo considerada prova ilegal se realizada sem as formalidades legais. Lesões Corporais Graves (art.129, s1, + art. 168, SS2. e 3. do CPP) Para comprovar que a pessoa, de fato, ficou incapacitada para o trabalho por mais de 30 dias. Tem entendido que a perícia é necessária, e, no caso de sua ausência, o crime deve ser desqualificado para lesões leves. Furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 171 do CPP) Perícia para apurar se houve rompimento de obstáculo. Entende que a perícia é dispensável, se puder ser provada por outros meios. Porte ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003) Para constatar o poder de fogo da arma. O STJ tem entendido que este exame pode ser suprido por outros meios de prova, quando necessário. Contudo, há, ainda, decisões entendendo que não se exige a comprovação do potencial lesivo da arma. Roubo majorado pelo uso de arma de fogo (art.157, S2,I, do CP) Perícia para apurar a potencialidade lesiva da arma. STJ entende que é dispensável o exame, se puder ser provado por outros meios. Disparo de arma de fogo (Lei 10.826/2003) Também se fundamenta no art. 175 do CPP. A Jurisprudência dominante entende que também é dispensável o exame, na presença de outras provas. DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA 1.1 Dos peritos e intérpretes Os peritos e intérpretes não possuem interesse na causa (não acusam, não julgam, não são acusados), mas contribuem para que a tutela jurisdicional seja efetivamente prestada. Estão regulamentados nos arts. 275 a 281 do CPP. O CPP regulamenta a atividade dos peritos, e equipara a estes, os intérpretes. Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. Os peritos também podem ser suspeitos, de forma a não poder atuar no processo. Isso acontece porque o perito também deve ser imparcial. Nos termos do art. 280 do CPP: Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. Página 6 de 16 Mas, quais são essas situações de impedimento e suspeição? Estão previstas nos arts. 252 e 254 do CPP. 1.1.1 Suspeição, impedimento e incompatibilidades dos peritos Existem determinadas hipóteses nas quais o Juiz (e, por extensão, os peritos e intérpretes) não pode atuar, pelo fato de se considerar prejudicada a sua condição de imparcialidade. São as hipóteses de impedimento ou suspeição. As hipóteses de impedimento estão previstas no art. 252 do CPP, e são consideradas como ensejadoras de incapacidade absoluta para atuar no processo: Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I- tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II- ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III- tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV- ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Nestas hipóteses o CPP estabelece uma presunção absoluta (jure et de jure) de que o Juiz seria parcial, violando um dos deveres da Jurisdição, que é a imparcialidade. Este rol é considerado um rol taxativo (numerus clausus), não admitindo interpretação extensiva, portanto. A suspeição, por sua vez, é considerada uma incapacidade subjetiva do Juiz, que pode ou não se declarar suspeito. Caso o Juiz não se declare suspeito, as partes poderão entender que está prejudicada sua imparcialidade e arguir a suspeição, nos termos do mesmo art. 112 do CPP. As hipóteses de suspeição estão previstas no art. 254 do CPP: Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I- se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III- se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV- se tiver aconselhado qualquer das partes; V- se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ouadministrador de sociedade interessada no processo. Entretanto, o CPP traz uma regra curiosa em seu art. 256: Se a parte, de alguma forma, der causa, de maneira proposital à situação de suspeição, esta não poderá ser declarada nem reconhecida: Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. EXEMPLO: Imaginem que Fulano está sendo julgado pelo crime de estupro por uma Juíza extremamente rigorosa. Entretanto, fulano sabe que o outro Juiz criminal da comarca não é tão rigoroso. Assim, fulano cria, propositalmente, uma rixa pessoal com a Juíza, de forma a arguir, posteriormente, sua suspeição, com base no art. 254, I do CPP, afim de que o processo seja remetido para julgamento ao outro Juiz. Nessa hipótese, o CPP veda o reconhecimento ou declaração da suspeição. A suspeição ou o impedimento em decorrência de parentesco por afinidade (parentesco que não é de sangue) cessa com a dissolução do casamento que fez surgir o parentesco. Esta é a regra. No entanto, existem duas exceções: a)Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspeição não se extingue em hipótese nenhuma; b)Havendo ou não filhos da relação, o impedimento ou suspeição permanece em relação a sogros, genros, cunhados, padrasto e enteado (e os correspondentes femininos, é claro); Página 7 de 16 Mas, o que isso tem a ver com os peritos? O art. 280 do CPP determina que se aplicam aos peritos as hipóteses de suspeição do Juiz, conforme já vimos lá atrás. Importante destacar que tais hipóteses também se aplicam aos funcionários da Justiça, na forma do art. 274 do CPP: Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável. Os funcionários da Justiça, portanto, assim como os Juízes, os peritos e os intérpretes, devem ser imparciais em sua atuação. 1.1.2 Vedações ao exercício da função Além das hipóteses de suspeição e impedimento, o art. 279 do CPP traz três vedações ao exercício da função de perito: Art. 279. Não poderão ser peritos: I- os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal; II- os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; III- os analfabetos e os menores de 21 anos. Entretanto, o inciso III deve ser analisado à luz do Código Civil de 2002, que alterou a maioridade civil para 18 anos (quando da publicação do CPP, a maioridade civil era de 21 anos). Assim, atualmente a vedação em razão da idade se dá somente para os menores de 18 anos. Contudo, se a prova trouxer a literalidade da lei (21 anos), deve ser marcada a alternativa como correta. Quanto ao inciso I, ele se refere ao art. 69, I a IV do CP. No entanto, essa referência se dá ao texto original do CP. Atualmente vigora, na parte geral do CP, a redação conferida pela Lei 7.209/84, que revogou este art. 69 do CP, conferindo a ele outra redação, que não guarda qualquer pertinência com essa vedação. Assim, entende-se que esse inciso I perdeu vigência. O inciso II trata de uma hipótese de impedimento, pois no caso de o perito ter prestado depoimento anteriormente no processo ou ter nele opinada, nitidamente há prejuízo à sua imparcialidade. 1.1.3 Atuação do perito na fase do inquérito policial 1.1.3.1 Introdução ao Inquérito Policial “Inquérito policial é, pois, o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”. Assim, por Polícia Judiciária podemos entender a Polícia responsável por apurar fatos criminosos e coligir (reunir) elementos que apontem se, de fato, houve o crime e quem o praticou (materialidade e autoria). A Polícia Judiciária é representada, no Brasil, pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Lei nº 9.043, de 9.5.1995) Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. A Polícia Militar, por sua vez, não tem função investigatória, mas apenas função administrativa (Polícia administrativa), de caráter ostensivo, ou seja, sua função é agir na prevenção de crimes, não na sua apuração. As formas pelas quais o Inquérito Policial pode ser instaurado variam de acordo com a natureza da Ação Penal para a qual ele pretende angariar informações. A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada ou ação penal privada. Primeiramente, vamos analisar as hipóteses de instauração do IP nos crimes de ação penal pública incondicionada. Inicialmente, o IP pode ser instaurado “de ofício”, ou seja, pode ser instaurado pela autoridade policial sem que haja provocação de quem quer que seja. Tomando a autoridade policial Página 8 de 16 conhecimento da prática de fato definido como crime cuja ação penal seja pública incondicionada, poderá proceder (sem que haja necessidade de requerimento de quem quer que seja) à instauração do IP, mediante Portaria. Isso, todavia, só é cabível nos crimes de ação penal pública incondicionada. Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; Apesar de o art. 5º, I falar apenas em “ação pública”, veremos que na ação penal pública condicionada à representação a instauração ex officio do IP é incabível, pois se exige que haja representação da vítima. Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato criminoso, independentemente do meio (pela mídia, por boatos, ou por qualquer outro meio), ocorre o que se chama de notitia criminis. Diante da notitia criminis relativa a um crime cuja ação penal é pública incondicionada, a instauração do IP passa a ser admitida, ex officio, nos termos do já citado art. 5º, I do CPP. Quando esta notícia de crime surge através de uma delação formalizada por qualquer pessoa do povo, estaremos diante da delatio criminis simples. Nos termos do art. 5º, § 3º do CPP: § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. A Doutrina classifica a notitia criminis da seguinte forma: Notitia criminis de cognição imediata – Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razão de suas atividades rotineiras. Notitia criminis de cognição mediata – Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de um expediente formal (ex.: requisição do MP, com vistas à instauração do IP). Notitia criminis de cognição coercitiva – Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razão da prisão em flagrante do suspeito. A delatio criminis, que é uma forma de notitia criminis, pode ser: Delatio criminis simples – Comunicação feita à autoridade policial por qualquer do povo (art. 5º, §3º). Delatio criminis postulatória – É a comunicação feita pelo ofendido nos crimes de ação penal pública condicionada ou ação penal privada, mediante a qual o ofendido já pleiteia a instauração do IP. Delatio criminis inqualificada – É a chamada “denúncia anônima”, ou seja, a comunicação do fato feita à autoridade policial por qualquer do povo, mas sem a identificação do comunicante. Mas, e no caso de se tratar de uma denúncia anônima. Como deve proceder o Delegado, já que a Constituição permite a manifestação do pensamento, mas veda o anonimato? Nesse caso, estamos diante da delatio criminis inqualificada, que abrange, inclusive, a chamada “disque-denúncia”. A solução encontrada pela Doutrina e pela Jurisprudência para conciliaro interesse público na investigação com a proibição de manifestações apócrifas (anônimas) foi determinar que o Delegado, quando tomar ciência de fato definido como crime, através de denúncia anônima, não deverá instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja verificada a procedência da denúncia e, caso realmente se tenha notícia do crime, instaurar o IP. Essa requisição deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, não podendo ele se recusar a cumpri- la, pois requisitar é sinônimo de exigir com base na Lei. Contudo, o Delegado pode se recusar a instaurar o IP quando a requisição: For manifestamente ilegal Não contiver os elementos fáticos mínimos para subsidiar a investigação (não contiver os dados suficientes acerca do fato criminoso). Nos termos do art. 5º, II do CPP, o IP pode ser instaurado, ainda, por requerimento da vítima ou quem tenha qualidade para representá-la: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: (...) Página 9 de 16 II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Vejam que aqui o CPP fala em requerimento, não requisição. Por isso, a Doutrina entende que nessa hipótese o Delegado não está obrigado a instaurar o IP, podendo, de acordo com a análise dos fatos, entender que não existem indícios de que fora praticada uma infração penal e, portanto, deixar de instaurar o IP. O requerimento feito pela vítima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso não for possível, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5º, § 1º do CPP: § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: - a narração do fato, com todas as circunstâncias; - a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; - a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. Caso seja indeferido o requerimento, caberá recurso para o Chefe de Polícia. Vejamos: Art. 5o § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. O IP, de acordo com parte da Doutrina, pode ser instaurado ainda em razão da lavratura de APF (Auto de Prisão em Flagrante). Embora essa hipótese não conste no rol do art. 5º do CPP, trata-se de hipótese clássica de fato que enseja a instauração de IP. Parte da Doutrina, no entanto, a equipara à notitia criminis e, portanto, estaríamos diante de uma instauração ex officio. Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, o IP somente poderá ser instaurado se houver representação da vítima. A ação penal pública condicionada é aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende da representação da vítima, a vítima tem que querer que o autor do crime seja denunciado. Trata-se de formalidade necessária nesse tipo de crime, nos termos do art. 5º, § 4º do CPP: O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Caso se trate de vítima menor de 18 anos, quem deve representar é o seu representante legal. Caso não o faça, entretanto, o prazo decadencial só começa a correr quando a vítima completa 18 anos, para que esta não seja prejudicada por eventual inércia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular nº 594 do STF se coaduna com este entendimento. E se o autor do fato for o próprio representante legal (como no caso de estupro e violência doméstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do CPP11, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representação: Nos crimes de ação penal privada, por sua vez, o IP somente poderá ser instaurado se houver requerimento de quem tenha qualidade para ajuizar a queixa-crime, ou seja, quem tenha qualidade para ajuizar a ação penal privada. Nos termos do art. 5º, § 5º do CPP: Art. 5º (...) § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Caso a vítima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instauração do IP, nos termos do art. 31 do CPP. Este requerimento também está sujeito ao prazo decadencial de seis meses, previsto no art. 38 do CPP, bem como deve atender aos requisitos previstos no art. 5º, § 1º do CPP, sempre que possível. Página 10 de 16 1.1.3.2 Providências que a autoridade deve adotar O art. 6º do CPP assim estabelece: Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV- ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI- proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII- determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII- ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX- averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Percebam que alguns desses dispositivos se referem diretamente à atuação dos peritos na fase do inquérito policial (estão destacados em negrito). O inciso I trata da preservação da “cena do crime”, de forma a garantir que os peritos tenham condições adequadas para a elaboração do laudo. O inciso II estabelece que o delegado só deve apreender os objetos relativos ao crime após a liberação pelos peritos, exatamente para que não haja interferência no trabalho destes, ou seja, os peritos realizam o trabalho e, só então, os objetos são apreendidos. O inciso VII trata da possibilidade de determinação da realização do exame de corpo de delito e demais perícias, que já vimos anteriormente. Como se vê, estes exames não são restritos à fase do processo judicial. Importante destacar, ainda, o inciso VIII, que trata do procedimento de identificação datiloscópica. A despeito de tal previsão no CPP, a CF/88 determina que, como regra, o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, embora a lei possa estabelecer exceções. Vejamos o art. 5º, VIII: Art. 5º VIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 1.1.3.3 Outras disposições relevantes A nomeação do perito é ato privativo da autoridade (óbvio, dada a sua imparcialidade), não cabendo às partes intervirem nesse ato. Além disso, o perito nomeado não poderá recusar o encargo, salvo se provar motivo relevante para isso, sob pena de multa: Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito. Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Poderá ser multado, ainda, o perito que, sem justa causa, faltar com suas obrigações de auxiliar da Justiça. Estas obrigações estão previstas no art. 277, §único do CPP: Art. 277 Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: a)deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; b)não comparecer no dia e local designados para o exame; c)não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos. No caso de o descumprimento da obrigação ser o não comparecimento a algum ato para o qual tenha sido intimado, poderá o perito ser conduzido à força, à semelhança do que ocorre com o acusado. Nos termos do art. 278 do CPP: Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução. Página 11 de 16 INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes devem se abster de atuar no processo quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, o que deve ser por eles declarado nos autos do processo Caso não haja abstenção, a situação impeditiva poderá ser arguida pelas partes. Neste caso, segue-se o rito estabelecido no CPP para o processamento da exceção de suspeição. As hipóteses de impedimento e suspeição estão espalhadas pelo Código de Processo Penal e outras leis. Destaque para as previsões contidas no art. 252 (hipóteses de impedimento) e no art. 254 do CPP (hipóteses de suspeição). O art. 253 do CPP, por exemplo, trata de hipótese de incompatibilidade. Frise-se, mais uma vez, que não só o Juiz está obrigado a proceder desta forma, mas também o membro do MP, os serventuários e funcionários da Justiça, os peritos e os intérpretes. Resumo PROVAS EM ESPÉCIE: EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GERAL Conceito - O exame de corpo de delito é a perícia cuja finalidade é comprovar a materialidade (existência) das infrações que deixam vestígios. Espécies: Direto - Quando realizado pelo perito diretamente sobre o vestígio deixado. Indireto - Quando o perito realizar o exame com base em informações verossímeis fornecidas a ele. Momento - Pode ocorrer tanto na fase investigatória quanto na fase de instrução do processo criminal. Obrigatoriedade - O exame de corpo de delito é, em regra, obrigatório nos crimes que deixam vestígios. Caso tenham desaparecido os vestígios, a prova testemunhal pode suprir a falta (para a jurisprudência, qualquer prova pode). OBS.: O exame de corpo de delito está dispensado no caso de infrações de menor potencial ofensivo, desde que a inicial acusatória esteja acompanhada de boletim médico, ou prova equivalente, atestando o fato. Formalidades: Deve ser realizado por 1 perito oficial - Não sendo possível, por 2 peritos não oficiais. Se a perícia for complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento, poderá o Juiz designar MAIS de um perito oficial (nesse caso, a parte também poderá indicar mais de um assistente técnico). Indicação de assistente de técnico e formulação de quesitos - As partes, o ofendido e o assistente de acusação podem formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (restrito à fase judicial – jurisprudência). Divergência entre os peritos - Cada um elaborará seu laudo separadamente, e a autoridade deverá nomear um terceiro perito. Caso o terceiro perito discorde de ambos, a autoridade poderá mandar proceder à realização de um novo exame pericial. * O Juiz pode discordar do laudo? Sim. A isso se dá o nome de sistema liberatório de apreciação da prova pericial. AUXILIARES DA JUSTIÇA Os peritos e intérpretes devem ser imparciais, pois não possuem interesse na causa. Estende-se aos peritos (e aos intérpretes) as mesmas regras de suspeição dos Juízes. Vedações ao exercício da função de perito. Não podem exercer a função: Aqueles que estiverem sujeitos à interdição de direito Aqueles que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia Os analfabetos e os menores de 21 anos – Atualmente, com a maioridade civil aos 18 anos, esse dispositivo deve ser adaptado à nova maioridade civil. Contudo, se a prova trouxer a literalidade da lei, deve ser marcado como correta a idade de 21 anos. Página 12 de 16 Observações: Nomeação do perito é ato privativo do Juiz As partes não podem intervir na nomeação Perito não pode recusar a nomeação, salvo se provar motivo relevante Perito que faltar com suas obrigações pode ser multado *Perito pode ser conduzido à força caso não compareça a algum ato para o qual foi intimado Questões 01. (VUNESP — 2017 — TJ-SP — JUIZ) No que diz respeito ao exame de corpo de delito e às perícias em geral, é correto afirmar que: a)será facultada ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a indicação de assistente técnico, vedada, porém, a formulação de quesitos. b)é permitido às partes, durante o curso do processo, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova, desde que o mandado de intimação e as questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar. c)é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão. d)o assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz, sempre antes da conclusão dos exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as partes intimadas desta decisão. 02.(VUNESP — 2010 — FUNDAÇÃO CASA — ANALISTA ADMINISTRATIVO) Analise as seguintes assertivas, no que concerne ao tratamento que o Código de Processo Penal dispensa ao exame de corpo de delito. I. Será indispensável, quando a infração deixar vestígios, mas a confissão do acusado poderá supri-lo. II.Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e a indicação de assistente técnico. III.Deve ser realizado, exclusivamente, por perito portador de diploma de curso superior. É correto o que se afirma em a)II, apenas. b)III, apenas. c)I e II, apenas. d)II e III, apenas. e)todas as assertivas. 03.(VUNESP — 2009 — TJ/MS — TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E REGISTROS) A confissão do réu: a)é a rainha das provas e dispensa o exame de corpo de delito. b)supre somente o exame de corpo de delito indireto. c)somente se obtida durante a fase judicial dispensa o exame de corpo de delito. d)não pode suprir o exame de corpo de delito, direto ou indireto. e)deixou de ser rainha das provas no processo penal, tendo em vista que inúmeras razões podem levar a uma confissão, todavia, o exame de corpo de delito, caso a confissão seja considerada válida, torna-se dispensável. 04.(VUNESP — 2013 — PC/SP — ESCRIVÃO) Nos termos do art. 184 do CPP, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade, salvo quando se tratar de: a)pedido do acusado. b)vistoria judicial. c)pedido do Ministério Público. d)exame de corpo de delito. e)perícia contábil. Página 13 de 16 05.(VUNESP — 2013 — PC/SP — PERITO CRIMINAL) Sobre o exame de corpo de delito e outras perícias, assinale a alternativa correta. a)Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, impor- se-á a atuação de mais de dois peritos oficiais, sendo vedado à parte indicar mais de um assistente técnico. b)Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, necessariamentena área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. c)Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. d)O exame de corpo de delito será realizado por perito oficial, obrigatoriamente portador de diploma do curso superior em Medicina. e)Quando a infração deixar vestígios, será facultada ao juiz a determinação da realização do exame de corpo de delito, direto ou indireto, podendo tal exame ser suprido pela confissão do acusado. 06.(VUNESP — 2014 — PC-SP — MÉDICO LEGISTA) Tendo em vista o que dispõe o Código de Processo Penal no tocante ao exame de corpo de delito e das perícias em geral, é correto afirmar que: a)o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo esse prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. b)o exame de corpo de delito será realizado por perito oficial, portador de diploma de curso de medicina ou, na falta deste, por um médico de confiança da autoridade policial. c)todos os peritos, oficiais e não oficiais, prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo assim que forem nomeados para realizar a perícia. d)serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos, sendo, porém, vedada às partes a indicação de assistente técnico. e)os cadáveres não poderão ser fotografados no local em que forem encontrados, devendo ser levados imediatamente ao Instituto Médico Legal para o exame pericial. 07.(COPS-UEL — 2013 — PC-PR —DELEGADO DE POLÍCIA — ADPTADA) O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 08.(COPS-UEL — 2013 — PC-PR —DELEGADO DE POLÍCIA — ADPTADA) Quando a infraça o deixar vestí gios, sera dispensa vel o exame de corpo de delito, mediante a confis- são do acusado. 09.(COPS-UEL — 2013 — PC-PR —DELEGADO DE POLÍCIA — ADPTADA) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e qualquer hora. 10.(FCC — 2017 — PC-AP — DELEGADO DE POLÍCIA) O exame de corpo de delito: a)é dispensável nos crimes que deixam vestígios. b)deve ser feito imediatamente para que não se percam os vestígios do crime, o que veda a indicação de assistente técnico pelas partes. c)deve ser feito, em regra, pelo menos 2 horas após o óbito. d)realiza-se sobre vestígios do corpo humano, havendo regime diverso para o exame sobre objetos e sobre reconhecimento de escritos. e)pode ser rejeitado pelo juiz, no todo ou em parte. 11.(FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Quanto ao exame de corpo de delito e às perícias em geral, de acordo com o Código de Processo Penal: A)Os exames de corpo de delito serão feitos por dois peritos oficiais. B)Se a infração deixar vestígios, a ausência do exame de corpo de delito pode ser suprida pela confissão do acusado. Página 14 de 16 C)Ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado é facultada a indicação de assistente técnico. D)Os peritos não oficiais ficarão dispensados de compromisso se forem especialistas na matéria objeto da perícia e tiverem prestado compromisso em entidade de classe. E)O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de cinco dias, podendo este prazo ser prorrogado por igual período, a requerimento do Ministério Público. 12.(FCC — 2012 — TJ-GO — JUIZ - ADAPTADA) Em relação à prova no processo penal, é correto afirmar que não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal não poderá suprir-lhe a falta. 13.(FCC — 2012 — TJ-GO — JUIZ - ADAPTADA) Em relação à prova no processo penal, é correto afirmar que a autópsia será feita até 6 (seis) horas depois do óbito. 14.(FCC — 2012 — TRF2 — TÉCNICO JUDICIÁRIO) No que concerne às provas, considere: I. Quando a infração deixar vestígios, a confissão do acusado poderá suprir o exame de corpo de delito, direto ou indireto. II.Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. III.O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. Está correto o que consta SOMENTE em a)I e III. b)I e II. c)II e III. d)I. e)III. 15.(FCC — 2011 — TRE-RN — ANALISTA JUDICIÁRIO) O exame de corpo de delito: a)é dispensável e pode ser suprido pela confissão do acusado. b)não pode ser feito entre 22:00 e 6:00 horas. c)não pode ser feito aos domingos e feriados. d)pode ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. e)deve ser sempre direto, não podendo jamais ser indireto. 16.(FCC — 2011 — TRE-TO — ANALISTA JUDICIÁRIO) Quanto ao exame de corpo de delito e às perícias em geral, de acordo com o Código de Processo Penal: a)Os exames de corpo de delito serão feitos por dois peritos oficiais. b)Se a infração deixar vestígios, a ausência do exame de corpo de delito pode ser suprida pela confissão do acusado. c)Ao assistente de acusação, ofendido, querelante e acusado é facultada a indicação de assistente técnico. d)Os peritos não oficiais ficarão dispensados de compromisso se forem especialistas na matéria objeto da perícia e tiverem prestado compromisso em entidade de classe. e)O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de cinco dias, podendo este prazo ser prorrogado por igual período, a requerimento do Ministério Público. 17.(FCC — 2009 — TJ-GO — JUIZ) O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por: a)perito oficial e, na sua falta, por 2 pessoas idôneas, ainda que sem diploma de curso superior. b)perito oficial portador de diploma de curso superior. c)dois peritos oficiais. d)perito oficial, ainda que não portador de diploma de curso superior. e)perito oficial e, na sua falta, por pessoa idônea portadora de diploma de curso superior. Página 15 de 16 18.(FCC — 2014 — TRF4 — ANALISTA JUDICIÁRIO — ÁREA JUDICIÁRIA) No tocante à prova, de acordo com o Código de Processo Penal, a)durante o curso do processo judicial, quanto à perícia, é permitido às partes requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova, mas não para responderem a quesitos. b)quando a infração deixar vestígios, será necessário o exame de corpo de delito, mas a confissão do acusado pode supri-lo. c)o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão, exclusivamente, nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. d)durante o curso do processo, é vedada às partes a indicação de assistentes técnicos. e)o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados sempre por dois peritos oficiais, portadores de diploma de curso superior. 19.(FGV — 2012 — PC-MA — DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Com relação ao capítulo da prova, admite-se a prova pericial, apesar de o juiz não ficar adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 20.(FGV — 2010 — PC-AP — DELEGADO DE POLÍCIA) Relativamente ao tema prova, analise as afirmativas a seguir: I. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. II.No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado, não podendo o indiciado recusar-se sob pena de crime de desobediência. III.O juiz ficará adstrito ao laudo, não podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo apenas em parte. Assinale: a)se somente a afirmativa I estivercorreta. b)se somente a afirmativa II estiver correta. c)se somente a afirmativa III estiver correta. d)se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e)se todas as afirmativas estiverem corretas. 21. (FUNIVERSA — 2013 — PM-DF — SOLDADO) Quando a infração penal deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, a)que poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. b)que será realizado apenas por perito oficial, portador ou não de diploma de curso superior. c)sendo facultado apenas ao MP formular quesitos e apresentar ass técnico durante a realização do exame. d)ficando o juiz adstrito ao laudo do exame. e)podendo ser suprido pela confissão do acusado. 22. (FUNIVERSA—2009—PC-DF—DELEGADO DE POLÍCIA- ADAPTADA) A confissão do acusado poderá suprir o exame de corpo de delito, direto ou indireto, quando a infração deixar vestígios. 23. (FUNIVERSA — 2009 — PC-DF — DELEGADO DE POLÍCIA - ADAPTADA) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 24. (FUNIVERSA — 2009 — PC-DF — AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. 25. (FUNIVERSA — 2009 — PC-DF — AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) Se for impossível a realização do exame de corpo de delito, mesmo nas hipóteses em que exigido pela lei, a prova testemunhal poderá suprir a sua falta. Página 16 de 16 26. (FUNIVERSA — 2009 — PC-DF — AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 27.(FUNCAB — 2013 — PC-ES — MÉDICO LEGISTA) O exame de corpo de delito, segundo o Código de Processo Penal: a)deve ser realizado obrigatoriamente durante o dia. b)pode ter sua necessidade suprida pela confissão do réu, mesmo que tenha a infração deixado vestígios. c)pode ser dispensado sob critério de conveniência da autoridade policial. d)deverá ser direto, sendo inadmissível exame de corpo de delito indireto. e)pode ser suprido por prova testemunhal, quando impossibilitado pelo desaparecimento dos vestígios. 28.(FUNCAB — 2012 — PC-RO — MÉDICO LEGISTA) A respeito da prova pericial no âmbito do processo penal é correto afirmar: a) As partes não poderão indicar assistentes técnicos particulares para acompanhamento da perícia, sob pena de prejuízo à imparcialidade da prova. b)Os peritos, a seu critério, poderão elaborar laudo pericial ou responder oralmente aos quesitos. c)A autópsia será feita pelo menos doze horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. d)A prova testemunhal não supre a falta de exame de corpo de delito cuja realização não foi possível. e)O exame de corpo de delito poderá ser realizado a qualquer dia e a qualquer hora. 29. (FUNCAB — 2010 — SEJUS-RO — NUTRICIONISTA) O Código de Processo Penal ao disciplinar a questão DA PROVA enuncia inúmeras regras e procedimentos que devem ser seguidos para que a persecução criminal tenha o seu trâmite normal. Tendo em vista o Código de Processo Penal, assinale a alternativa INCORRETA. a)Oexame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. b)Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. c)Os peritos elaborarão o laudo pericial, no qual descreverão, minuciosamente, o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. d)Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. e)A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 30.(VUNESP — 2015 — PC-CE — DELEGADO DE POLÍCIA) Prescreve o art. 6o , VIII do CPP: logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível. Acerca do tema, a Constituição da República de 1988: a)recepcionou integralmente o CPP b)ampliou as hipóteses de identificação criminal, admitindo-a também para testemunhas e declarantes. c)ampliou os métodos de identificação criminal, admitindo expressamente outros que decorram do progresso científico, tais como os exames de DNA. d)revogou totalmente o dispositivo do CPP, não admitindo mais a identificação criminal. e)determina, com exceções previstas em lei, que o civilmente ident não será submetido à ident criminal. Gabarito 1. B 7. CORRETA 13. ERRADA 19. CORRETA 25. CORRETA 2. D 8. ERRADA 14. C 20. A 26. CORRETA 3. D 9. CORRETA 15. D 21. A 27. E 4. D 10. E 16. C 22. ERRADA 28. E 5. C 11. C 17. B 23. CORRETA 29. D 6. A 12. ERRADA 18. C 24. ERRADA 30. E
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