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que nós não conseguimos diferenciar um bebê prematuro de um feto, por isso o nascimento é problemático para definir a vida. b) Viabilidade: Um limite que veremos é o da viabilidade, enquanto um feto for viável fora da barriga da mãe, ele é considerado um ser humano. Se ele consegue sobreviver sem a ajuda do útero da mãe, não é mais considerado um feto, sendo então considerado como humano. Nesse argumento, enquanto o feto faz parte do seu corpo e só existe com ele, então é de sua vontade fazer o que quiser com ele, mas se ele conseguir ser independente do seu corpo, já é um outro ser. Um grande problema desse argumento, é que um bebe mesmo após nascer, ainda precisa dos cuidados maternos, até que seja considerado um ser autônomo, tanto é que legalmente os pais são obrigados a cuidar dos filhos. c) Primeiros sinais de vida: Seriam aqueles momentos em que as mulheres sentem os bebes, já começam a se movimentar mostrando que eles estão vivos. Mas essa ideia é bem frágil, porque o que seria esses sinais? Seria o movimento? Mas pode acontecer de dois fetos de mesma idade não terem respostas de movimentos iguais. Peter classifica esse argumento como frágil, de um senso comum. d) Consciência: Ligado a capacidade de enviar pensamentos. Singer coloca que as 8 semanas de gestação já temos uma espécie de linha de sistema nervoso que já é uma consciência primitiva. Porém, também, não concorda com esse argumento. Singer em seguida mostra quais seriam as perspectivas liberais que não estão ligadas a tentativas de falseamento desses argumentos de senso comum. LIBERAIS 1. As consequências das leis restritivas – As leis penais não tem a capacidade de mudar a realidade, então não adianta proibir certas condutas, porque as pessoas vão continuar fazendo. No caso do aborto, a gente deve pensar “ok, temos uma lei penal que proíbe o abordo, contanto as mulheres continuam abortando. E sem um aborto legal, vão procurar maneiras inseguras para fazer o aborto”. Logo, esse argumento não está pautado na ideia de que não é errado matar um feto e sim que a proibição não vai impedir que os abortos aconteçam. Então a medida seria regulamentar o aborto e fazer com que as mulheres repensem o aborto. Assim evita a morte de várias mulheres e evita abortos, se conseguirem convencer as mulheres a não abortar. O argumento liberal diz que o Estado não pode interferir na sua autonomia privada para te moralizar. Então o Estado tentar fazer isso seria errado, porque o estado não pode tentar mudar aquilo que você acredita, ele só pode produzir discursos no espaço público. Problema: o problema nesse argumento, refere-se à questão de autonomia privada, uma vez que haverá a influência na decisão de uma pessoa que está em situação de vulnerabilidade. Há uma violação à autonomia da mulher, por parte do Estado. Então o Singer já descarta esse argumento, porque ele é muito problemático e viola a autonomia das mulheres. 2. Argumentos nada a ver com a lei – Essa afirmação parte principalmente da teoria de Stuart Mill. Então se nós temos uma vítima de uma conduta causada por mim eu vou me responsabilizar, mas o feto pode ser considerado uma vítima? Parte da teoria de que teria essa liberdade porque não estaria interferindo na vida de outra pessoa. O grande problema, é que para os conservadores, o feto é uma outra pessoa. A mãe seria a autora de um crime (pensamento conservador) contra uma vítima que é o feto? O Singer então já afasta essa possibilidade, que tem a ver com o fato de que essa lei deve ser imposta a todos. 3. Argumentos feministas – Diz respeito a autonomia do corpo feminino em relação ao seu desejo de não levar sua gestação adiante. A ideia é que quando falamos “meu corpo, minhas regras”, acabamos em certa medida dizendo que teríamos autonomia para fazer qualquer coisa. O argumento do discurso feminista liberal, é que algumas mulheres engravidam contra sua vontade, no caso do estupro ou se o parceiro tirar o preservativo sem o consentimento da mulher, onde nesses casos ela teria total liberdade para abortar. Ocorre que esses casos não são a maioria, existindo múltiplas possibilidades de se engravidar, onde Singer diz que mesmo essas mulheres que não foram estupradas teria o direito de abortar.
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