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Resenha crítica sobre a legalização do aborto no âmbito mundial. Matheus da Silva Martins Brito Matricula: 201801102392 Yan Eduardo Lima do Espirito Santo Matricula: 201803167866 Antônio da Cruz e Souza Neto Matricula: 201802106898 Sala: 2001 Professor: Thaiana Bitti de Oliveira Almeida Castanhal/PA 2020 1.1 Resumo: Iniciaremos a discorrer a seguir, diz respeito ao aborto de modo geral, explicando como a legalização ocorreu nos Estados Unidos da América e suas questões sociais presentes na época. Observando propostas e contrapostas do tema na década de 70, de acordo com juristas daquele período. Levantando fatos sobre o tema nos dias atuais e explicando o porquê de sua regressão ou evolução. Fazendo assim uma alusão nos dias atuais e como o aborto é visto, estudado e seguido legislativamente no Brasil, e quanto a legalização no domínio brasileiro. Abordando discussões no Judiciário Brasileiro, em temas que o aborto é o principal motivo de antagonismo. 1.2 Resenha Crítica: As principais ideias da resenha a seguir são a respeito do aborto, partindo da questão de legalização nos Estados Unidos da América que ocorreu na década de 70. A historia se inicia com uma mulher do estado do Texas que já estava gravida do seu terceiro filho, onde ela queria efetuar o aborto, portanto, no estado o aborto só era permitido se a mulher estivesse em eminência de morte, onde ela se vê obrigada a mentir, e diz que sofreu estupro coletivo de uma gangue, como o estado não aprovava esse tipo de solicitação, ela recorreu a duas advogadas, onde entraram com uma ação contra o Texas falando que o estado não deveria ter essa autonomia no corpo da mulher, surgindo assim o famoso caso de “Roe vs Wade”, que foi onde iniciou o processo de legalização do aborto, partindo de uma mentira. A decisão da Suprema Corte foi de que a mulher tem o direito constitucional de praticar o aborto. Como no texto norteador é as ideias do pensamento discursivo do filósofo e jurista Ronald Dworkin, em uma de suas obras o maior questionamento do autor é a existência ou não dos direitos individuais inerentes ao feto, para Dworkin só é possível falar em direitos quando existem interesses e não se pode falar em interesses individualizados quando não há consciência ou qualquer vida mental propriamente dita por parte do individuo a que nos referimos. Dworkin defende o pensamento da concepção de valor intrínseco da vida, pois, para ele entrar na discussão da possibilidade ou não de classificar o nascituro como pessoa não é só controverso como também de difícil aplicabilidade tanto no Direito, quanto para a Medicina. O jurista também falava que as questões religiosas estão restritas “às convicções individuais”, dizendo que argumento de ordem religiosa são privados e não podem ocupar debates públicos e políticos. Examinando mais o caso “Roe vs Wade”, observa-se justamente o elemento da responsabilidade, uma vez que uma mulher grávida tem o direito constitucional à privacidade, os estados não podem proibir o aborto a menos que tenham simples razão, mas sim uma razão exonerável para fazê-lo. Porém, restringir nosso debate à questão de se os estados têm ou não uma razão inexorável em virtude de uma responsabilidade derivativa de proteger os direitos e interesses do feto. Mesmo que o conceito de interesse ganhe peso ao lado dos direitos constitucionais de qualquer cidadão dos Estados Unidos, através do texto observamos claramente a aclamação central de Ronald pela responsabilidade, não se trata apenas de decidir a inclusão como pessoa constitucional. Dando uma analisada mais a fundo no pensamento de Dworkin, percebi que ele considera duas tradições adversárias: a da liberdade pessoal e da responsabilidade governamental por “guardar espaço público moral em que vivem todos os cidadãos”, ele diz que essa segunda ideia é ambígua entre as ideias antagônicas de pretender fazer os cidadãos responsáveis, ou pretender fazer com que se conforme aquilo que a maioria quer. Se não há razão para proibir o aborto que derive da ideia de que o feto é uma pessoa (e o estado, portanto, tem apenas o interesse independente na manutenção da santidade do feto), então em razão para proibir o aborto só pode ser que a mãe está agindo irresponsavelmente. De um lado, temos a liberdade religiosa e argumento da vida humana, ponto pétreo da cultura política norte americana, de outro, a liberdade de escolha da mulher ocupar uma posição igualmente importante. Levando em considerações os tempos atuais onde esse debate está muito mais acalorado e muito mais polêmico, os movimentos anti- aborto tem crescido bastante no país Norte Americano, e em alguns estados beira a proibição, com leis muito restritivas ao tema. Depois de Donald Trump ocupar a Presidência os movimentos pró-vida como são denominados, cresceram bastante com apoio presidencial, fazendo assim os estados sancionarem leis mais severas, diz respeito ao aborto, assim, criando uma série de manifestações no país, com pessoas pró e contra ao aborto. Trump nomeia magistrados mais conservadores nos Tribunais, assim, gerando uma certa preocupação aos defensores do direito ao aborto. Agora vindo ao Brasil, iremos analisar a questão do aborto no nosso país, sendo ela, de regularização ou não do tema, bastante polêmico e muito difícil em chegar em um consenso de ambas as partes pró e contra. Vamos partir do contexto histórico, onde o aborto foi tratado no Brasil como crime pela primeira vez no Código Criminal do Império em 1830, onde não se condenava a gestante, mas quem realizava o procedimento. Já no Código penal de 1890, considerou-se crime pela primeira vez o aborto feito pela própria gestante, intencional ou não. Ganhando força assim no Código Penal de 1940 onde é considerado um delito e passível de prisão, para as mulheres que se submetem e para aqueles que o realizam como está previsto nos Artigos 124, 125, 126, 127 e 128 do CP. Encontra-se no Art. 128, as únicas possibilidades do aborto no Brasil são: quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três situações: risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico. As gestantes que se enquadrarem em uma dessas três situações tem respaldo do governo para obter gratuitamente o aborto legal através do SUS (Sistema Único de Saúde). Analisando agora o contexto atual do Brasil, vamos ver as principais propostas a favor e em desfavor do aborto. Iniciando com as pessoas que são a favor do aborto temos as principais tese são: que o feto faz parte do organismo materno e a mulher tem livre disposições do seu corpo sua autonomia; Há no ventre materno apenas protoplasma, que é uma substância indefinida contendo os processos vitais contidos no interior das células. Não pode haver homicídio onde não há vida humana, figurando assim um crime impossível; Uma asserção bem famoso e usada são os critérios sociais, políticos e econômicos, onde o aborto justifica-se por razões que podem colocar a vida das mulheres que o praticam em risco eminente, onde elas vão recorrer da clandestinidade, para cometer o ato; Questões financeiras em razão dos responsáveis pelo sustento, normalmente os pais, onde não tem recursos suficiente para manter; Um dos argumentos mais fortes do pró aborto é que o aborto é questão de saúde pública, não de crenças. O estado laico deve promover politicas públicas e não valores religiosos. A definição de quando começa a vida varia de acordo com cada crença, a legalização abre portas a uma política pública responsável que pensa nos direitos de todas as gestantes, independentemente de sua religião; A discussão não é “aborto sim” ou “aborto não”, mas “aborto legal” ou “aborto clandestino”, o aborto acontece,sendo legal ou não, as mulheres abortam, por isso a questão não é sim ou não a discussão é que condições abortarão; A criminalização do aborto é também uma questão de desigualdade social e racial, pois, as ricas abortam e as pobre morrem, onde, complicações decorrentes de um aborto são a principal causa da morte no país. Tendo analisado os pró aborto, vamos abordar alguns argumentos contra aborto que são eles: O feto é um ser humano então deve possuir os mesmos direitos que qualquer indivíduo, adulto ou não, nascido ou não; Não há como traçar uma linha (que seja livre de contestação) na qual possa determinar quando o feto passa a ser uma pessoa ou a possuir vida, então o melhor é partir do pressuposto que se trata de uma vida desde o momento da concepção; Toda pessoa tem direito a vida, logo a concepção tem esse direito; O feto sente dor durante o aborto, depois da 20º semana; É inegável que a vida humana deve ser respeitada e não coisificada, como se o feto fosse um objetivo que se destrói e depois joga fora; Quanto mais falarmos de redução de desigualdades menos vamos ter que falar de aborto, Não há necessidade de aborto, mas sim de investimento em educação, saúde e em garantir que a informação sobre métodos contraceptivos cheguem em todas as pessoas, bem como o fornecimento dos mesmos. Como podemos perceber nos argumentos anteriores, um é bem contrário ao outro, onde é uma discussão eterna, que gera bastantes antagonismo no Judiciário. Um deles foi a discussão no STF sobre o aborto no feto anencefálico (Anencefalia é a malformação congênita do feto, por ausência do crânio e de encéfalo), é a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) Nº 54, onde em 2012 o supremo decide que o aborto em feto sem cérebro não é crime. Fundamento jurídico levantado diz respeito ao aborto de feto anencefálico, tem morte cerebral, ele é um natimorto cerebral, logo, não tem vida, no sentido de que esteja tutela pela norma penal do aborto, sem vida, não há o que se falar de crime de aborto, portanto, é tipicidade formal o fato é formalmente atípico. O Ministro do STF citado no texto onde devemos nos basear, foi o Ministro Luís Roberto Barroso que fala estritamente e claramente sobre o aborto uma de suas falas deixa claro sobre a sua opinião onde diz “nenhum país desenvolvido do mundo criminaliza o aborto, o aborto é uma coisa indesejável, o estado deve se empenhar para evitar que ele aconteça, o estado deve se empenhar para dar contraceptivos para as mulheres, darem educação sexual e amparar a mulher que deseje ter filho (.....) ninguém acha que o aborto deva ser estimulado, pelo contrário, porém, criminalizar a mulher que não pode ter o filho é uma escolha absurda e viola a dignidade da mulher, é uma politica pública atrasada e perversa, respeitado o direito de qualquer pessoa que por motivo religioso seja contrario e se manifeste contrariamente esse é um direito, e pode pregar para que não se faça, agora criminalizar, a posição do outro é uma forma autoritária e intolerante de viver a vida e precisamos derrotar isso”. Como podemos perceber nessa fala o Ministro deixa bem claro sua posição, onde um dos motivos torpe para não legalização do aborto no Brasil é a questão religiosa, onde uma população de aproximadamente 87% de cristãos, onde a maior parte deles leva o aborto não só como um crime mas como um pecado gigantesco que fere vários princípios religiosos. É valido ressaltar que segundo uma pesquisa do Paraná pesquisas diz que cerca de 75,4% da população Brasileira é contra a legalização do aborto, e com o apoio popular de tremenda grandeza, faz com que legisladores votem contra ao aborto, com o medo da sua reprovação popular, que para muito legisladores é mais importante que seu princípios e sua ideias, com medo de não serem reeleitos, muitos vão onde a “manada” vai. Acerca dos tópicos, argumentos e exemplos que foram ressaltados na resenha, concluo que não há um real debate quanto ao Direito à vida em qualquer lugar do mundo. Onde para os contra aborto os pressupostos da religião e da moral são perseverantemente desrespeitados. E para os pró aborto a questão religiosa são de ordem privada e não podem ser abordadas nos casos em questão relativizando assim a dignidade da pessoa humana e enaltecendo a autonomia e o direito da mulher escolher o que quer fazer com seu corpo. Levando em ênfase o caso do aborto nos fetos anencefálicos foi uma decisão correta, pois será a preservação da vida da mulher e o que temos é o interesse pela manutenção da vida, que não configura na minha opinião uma atitude errônea. Sendo assim, nunca chegaremos em um consenso sobre em qual momento da gestação se configura vida no feto, para sabermos se o aborto será acometido como um crime de homicídio ou não.
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