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Alencar. À primeira oração (Conheci a casa), agregamos a informação seguinte (Nessa casa de que estamos falando nasceu José de Alencar) e assim construímos um único período "costurando" as informações com a ajuda do elo coesivo "onde". O usuário da língua percebe essa função coesiva do pronome "onde" e estende a outros contextos, mesmo àqueles em que a palavra retomada não encerra ideia de lugar. Por esse motivo, é muito frequente encontrarmos construções como: (4) Essa é uma situação onde eu me sinto desconfortável. (5) O ministro disse que é na educação onde estão os mais difíceis problemas nacionais. (6) Isso aconteceu numa época onde a superstição fervilhava na cabeça do povo. Não é difícil perceber que, em nenhum dos três enunciados acima, o pronome "onde" está se referindo a um lugar físico, pois "situação", "educação" e "época" não são locativos, isto é, termos que indiquem lugar. De acordo com o que recomenda a gramática a ser seguida em situações nas quais se exige o domínio culto da língua, esses enunciados poderiam ser assim formulados: (4a) Essa é uma situação em que eu me sinto desconfortável. (5a) O ministro disse que na educação estão os mais difíceis problemas nacionais. (6a) Isso aconteceu numa época em que a superstição fervilhava na cabeça do povo. Além dos contextos em que não está retomando um termo que manifesta ideia de lugar, o pronome "onde" também é usado, na variedade não padrão, para "costurar" informações que vão sendo acrescentadas ao texto, como é o caso do enunciado retirado da redação. Se observarmos bem, o pronome "onde" não está retomando nenhum termo específico nem nenhuma porção maior do texto. Sua função está sendo a de agregar uma informação que se relaciona ao tópico do parágrafo: a infração cometida pelas barracas de praia. CONTRIBUIÇÃO Para trabalhar com a diferença entre o uso culto e o uso não padrão do pronome relativo "onde". CLIQUE AQUI VARIEDADES DA LÍNGUA Observe: 94