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literatura africana-74

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Um retrospecto dos anos 60 e 70 do século XX em Moçambique nos é dado por 
Pires Laranjeira: "vão estar em cena bastantes escritores que abandonarão o país na 
independência (pouco antes ou pouco depois, sobretudo brancos,mas também um 
que outro mulato).  
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Intensifica-se assim uma tendência própria da colônia, qual seja a de criar muitos 
intelectuais, escritores e artistas com uma identidade nacional indefinida, vacilante ou 
dupla, escritores que passam a sentir-se moçambicanos e/ou portugueses: Rui Knopfli, 
Glória de Sant'Anna, Guilherme de Melo, Jorge Viegas, Sebastião Alba, Lourenço de 
Carvalho, Eduardo Pitta, João Pedro Grabato Dias (ou Mutimati Barnabé João ou 
Antonio Quadros), Eugênio Lisboa, Ascêncio de Freitas etc. Outros como Mia Couto, 
Heliodoro Baptista, Leite de Vasconcelos, ficarão no Índico, assumindo sem reservas a 
cidadania moçambicana. Recordemos que a tradição de escritores brancos, nascidos 
ou criados em Moçambique, mas que, muito cedo ou em idade madura, ativa ou 
passivamente, demandaram ou foram incluídos noutras pátrias, inclusive culturais, já 
era desproporcionada em relação à real extensão e valia da sua literatura: Alberto 
Lacerda, Helder Macedo, Reinaldo Ferreira, Orlando de Albuquerque etc." [LAELP, 
p.p261-62]. 
No período pós-colonial, que vai de 1975 a 1992, aconteceu não apenas a 
autonomização, ocorrendo do mesmo modo a afirmação definitiva da literatura 
moçambicana dentro e fora do país. No lapso temporal compreendido entre 1975 e 1982 
deu espaço à publicação de trabalhos engavetados durante o período colonial, ou à reunião 
dos que foram veiculados, esparsa e precariamente, por motivos técnicos ou políticos. O 
livro de Rui Nogar, Silêncio Escancarado (1982), exemplifica a partir do título alusivo à 
política colonial de impedimento da fala do colonizado, uma das tendências dessa fase. 
Outra, entretanto, consistente na tendência para a exaltação dos feitos heróicos acontecidos 
no fragor da luta de libertação nacional, e do sentimento pátrio, produziu-se ao lado da 
divulgação de textos de caráter doutrinário, exigidos pela militância construtiva de pós-
guerrilha, necessariamente empenhada. O Estado e a FRELIMO promoveram inúmeras 
edições após a Independência. Nessa fase das letras de Moçambique, Mia Couto publica um 
livro de poemas, Raiz de Orvalho (1983), que iniciará sua trajetória sendo editada também 
oito números da revista Charrua (1984), em torno da qual despontaram Ba Ka Khos, Hélder 
Muteia, Pedro Chissano e Juvenal Bucuane e alguns mais. Esses dois últimos registros 
conduzem a literatura sob análise para uma linha programática noutra direção que não a do 
empenhamento. Não tardará a publicação dos contos enfeixados em Vozes Anoitecidas
(1986), de Mia Couto, que a partir de então fará da narrativa sua pedra de toque. Em pouco 
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