Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HIDRÁULICA APLICADAHIDRÁULICA APLICADA SISTEMAS DE TUBULAÇÕESSISTEMAS DE TUBULAÇÕES Autor: Dr. José Antônio Colvara de Oliveira Revisor : Rosa lvo Miranda IN IC IAR introdução Introdução Um sistema de tubulações é composto por uma série de elementos, tais como nós, trechos e anéis. Esses elementos têm por �nalidade levar o escoamento de um ponto a outro, ou a outros. Esse percurso faz com que, em muitas vezes, ocorram mudanças nas variáveis que o compõem, tais como diâmetro, velocidade, vazão ou cotas altimétricas. O engenheiro é o pro�ssional habilitado para efetuar cada uma dessas dimensões, atuando sempre no sentido de executar o melhor serviço, com maior segurança, entrega no prazo estipulado e pelo menor preço. Portanto, �ca evidente a responsabilidade do calculista e a importância do seu trabalho, uma vez que dimensionamentos fora dos padrões podem levar a resultados completamente inesperados. Quando há necessidade de substituir uma tubulação existente por outra, na maioria das vezes é necessário que as mesmas variáveis existentes continuem com o mesmo valor, ou seja, a nova tubulação deverá oferecer condições de que o sistema receba a mesma vazão anterior e que ocorra no trecho a mesma perda de carga que havia na tubulação antiga. Quando o novo sistema possui as mesmas características do antigo, pode-se dizer, então, que um sistema é equivalente ao outro. O que estudamos até aqui se resumia ao fato de utilizar uma tubulação para ligar um ponto numa determinada posição, até outro, num outro ponto geográ�co, sem mudar a vazão, nem diâmetro nem o tipo de tubo. Passamos agora a considerar o que ocorre na maioria das intervenções técnicas no sentido de efetuar ajustes ou trocas nas redes urbanas de fornecimento de água. Assim, se temos uma tubulação , com diâmetro , comprimento e coe�ciente de rugosidade de Hazen-Willians , e outra tubulação , com diâmetro , comprimento e coe�ciente , partindo da equação de Hazen-Willians tem-se que: Lembrando que J é a perda de carga por metro de tubulação. Se substituirmos J por hf / L, resultaremos em: Então, para a tubulação , temos: E, para a tubulação , temos: Como , �caremos com: Condutos EquivalentesCondutos Equivalentes t1 D1 L1 C1 t2 D2 L2 C2 J = 10, 643 × × × (eq. 2.1)Q1,85 C−1,85 D−4,87 hf = 10, 643 × × × × L (eq. 2.2)Q1,85 C−1,85 D−4,87 t1 h = 10, 643 × × × × (eq. 2.3)f1 Q1 1,85 C1 −1,85 D1 −4,87 L1 t2 h = 10, 643 × × × × (eq. 2.4)f2 Q2 1,85 C2 −1,85 D2 −4,87 L2 h = hff1 Como , podemos simpli�car o termo 10,643, e teremos: Isolando : Esse conceito é utilizado para operações que envolvem substituições de tubulações em paralelo por um sistema equivalente em série, ou, o contrário, substituir um conjunto de tubulações em paralelo por uma só, equivalente, em série. A utilização de tubulações equivalentes é um dos mais frequentes serviços realizados nas equipes que atendem distribuição de água nas prefeituras e seus órgãos de escoamento pluvial. Seu correto dimensionamento pode trazer, além de economia, os parâmetros hidráulicos adequados para o bom funcionamento da rede. praticar Vamos Praticar Para substituir uma tubulação de 150 mm de diâmetro, de aço rebitado, com mais de 20 anos, de 800 m de comprimento, por outra, nova, de PEAD (Polietileno de alta densidade) (C = 140), na mesma vala, o engenheiro deve prescrever qual diâmetro? a) 90 mm b) 100 mm c) 120 mm. d) 150 mm. e) 200 mm. 10, 643 × × × × = 10, 643 × × × × (eq. 2Q1 1,85 C1 −1,85 D1 −4,87 L1 Q2 1,85 C2 −1,85 D2 −4,87 L2 =Q1 Q2 × × = × × (eq. 2.6)C1 −1,85 D1 −4,87 L1 C2 −1,85 D2 −4,87 L2 L2 = × (eq. 2.7)L2 L1( )C2 C1 1,85 ( )D2 D1 4,87 Quando temos uma sequência de tubos de diferentes diâmetros, com perda de carga diferente em cada trecho, chamamos essa caracterização de tubulações em série. Dessa forma, considerando que há apenas uma entrada e uma saída, a vazão no trecho será a mesma. A substituição desse sistema por um sistema equivalente, de um único lance, com a mesma vazão e perda de carga total igual à soma das perdas parciais dos trechos antigos, aplicando-se a fórmula de Hazen-Williams, �caremos com: praticar Vamos Praticar Uma adutora de ferro fundido, revestido internamente com argamassa de cimento, com 50 anos de uso, será substituída por outra, nova, de PEAD (C = 135), na mesma vala. A antiga é constituída de três trechos consecutivos, medindo respectivamente 200, 150 e 350 metros, com os diâmetros respectivos de 150, 200 e 150 mm. Qual o diâmetro da nova tubulação que manterá as mesmas condições hidráulicas? a) 90 mm. b) 100 mm. c) 140 mm. d) 150 mm. Tubulações em sérieTubulações em série = + +. . . (eq. 2.8) Le ×D 4,87 e C 1,85 e L1 ×D 4,87 1 C 1,85 1 L2 ×D 4,87 2 C 1,85 2 e) 200 mm. Quando duas ou mais tubulações partem de um mesmo ponto e, por caminhos diversos, chegam a um outro ponto comum para todas, diz-se que as mesmas formam um sistema de tubulações em paralelo. Aqui temos um caso em que a vazão ao início do trajeto é dividida em tantos quantos forem os ramos do sistema e a vazão da tubulação equivalente é a soma das vazões de cada uma das tubulações que irá substituir. Por outro lado, a perda de carga é igual para todos uma vez que todas as tubulações têm o mesmo ponto de partida e o mesmo ponto de chegada. A equação que reúne todas essas condições numa tubulação equivalente é: praticar Vamos Praticar Uma tubulação única de PEAD (C=140), nova, irá substituir três tubulações em paralelo, todas com mais de 20 anos de uso, com as características abaixo: Tubulações em ParaleloTubulações em Paralelo = + +. . . (eq. 2.9) ×D 2,63 e Ce L0,54 e ×D 2,63 1 C1 L0,54 1 ×D 2,63 2 C2 L0,54 2 Fonte: Elaborada pelo autor. A tubulação nova utilizará a mesma valeta da tubulação de ferro fundido revestido com argamassa de cimento. Qual o diâmetro para essa tubulação? a) 100 mm. b) 150 mm. c) 200 mm. d) 220 mm. e) 250 mm. Tubulação Diâmetro (mm) Material Comprimento (m) 1 150 aço rebitado 300 2 120 aço soldado com revestimento epóxi 600 3 200 ferro fundido coberto por argamassa de cimento 500 Embora, por sua complexidade, seja mais adequado para resolução através de programas de computadores, é importante que o engenheiro tenha uma visão do cálculo por trás do dimensionamento das tubulações que interligam dois ou mais reservatórios. A noção dos parâmetros envolvidos irá proporcionar que o pro�ssional possa utilizar adequadamente ou mesmo criar dispositivo programável para calcular as variáveis que pertencem a esse ramo especial da hidráulica. Dois Reservatórios Considerando dois reservatórios R1 e R2, interligados por uma tubulação L, composta de dois tramos, L1 e L2, na junção dos quais há uma derivação gerenciada por um registro, que admite duas Tubulações InterligandoTubulações Interligando ReservatóriosReservatórios saiba mais Saiba mais Sobre grandes reservatórios, ocorre a evaporação de grandes quantidades de água. Veja o que a prefeitura de Los Angeles, nos Estados Unidos, executou para evitar essa evaporação, lançando sobre o reservatório milhões de balões de plástico preto. Fonte: Engenhariacivil.com ACESSAR https://www.engenhariacivil.com/bolas-plastico-reservatorios-agua-california posições: fechada ou completamente aberta. Utilizaremos a �gura a seguir que esquematiza as variáveis envolvidas. Analisaremos duas situações, conforme o registro esteja aberto ou fechado. a) Fechado Neste caso, o trânsito se dará apenas de R1 para R2, e o cálculo pode ser feito pela expressão: Sendo K’ = 0,0827 f, expressão extraída do termo , da expressão Uma vez que o fator de atrito f pode ser obtido de tabelas ou calculado através da expressão de Haaland: Extraído da equação original de Darcy-Weisbach: Figura 2.1 - Dois reservatórios interligados Fonte: Azevedo Netto (2015, p. 316). Q = (eq. 2.10) ×H2 D5 ×( + )K ′ L1 L2 − −−−−−−−−−−−− √ × 2gπ2D4 16 = f × × (eq. 2.11)hf L D Q2 × 2gπ2D4 16 = −1, 85 log [ + ] (eq. 2.12) 1 f 0,5 6, 9 Re ( ) ϵ/D 3, 7 1,11 = f (eq. 2.13)hf L D V 2 2g Com o termo da velocidade substituído pelo correspondente da vazão e a diferença de nível entre os dois reservatórios. b) Aberta (completamente): R1 e R2 fornecem água para a derivação. Nesse caso, pela equação de Darcy-Weisbach, temos: Onde: = desnível entre superfície da água de R1 e o ponto de derivação. = diferença de nível entre os dois reservatórios. D = diâmetro da tubulação que interliga os reservatórios. L1 e L2 = trechos até a derivação. K’ = 0,0827 f. f = fator de atrito, retirado de tabelas ou da equação de Haaland. Três Reservatórios H2 = + (eq2.14)Q ( )×H1 D5 ×K ′ L1 0,5 ( ) ( − ) ×H1 H2 D5 ×K ′ L2 0,5 H1 H2 reflita Re�ita Observe a complexidade que envolve esse dimensionamento. A simples interligação entre dois reservatórios exige do projetista conhecimentos sobre topogra�a, propriedades dos �uídos (pois a temperatura interfere no número de Reynolds, que por sua vez interfere na viscosidade da água, que por sua vez interfere no cálculo do fator de atrito f). Isso para dois reservatórios. Agora imagine a quantidade de variáveis envolvidas quando se trata de uma cidade inteira que, em localidades de porte médio, não raro envolve a interligação de uma dezena de reservatórios. Fonte: Elaborado pelo autor. A interligação de mais de dois reservatórios adquire um nível de complexidade considerável. Dimensionar as tubulações para três reservatórios, por exemplo, envolve quatro casos, os quais combinados com cada um dos cinco parâmetros possíveis de serem dimensionados (vazão, comprimento do trecho, diâmetro, rugosidade e nível de água) apresentam um total de sessenta (4 x 15) variáveis que podem intervir na distribuição. No geral, nesse caso, sempre vai haver um reservatório que será sempre abastecedor, ou seja, aquele de mais alta cota, como também um que será sempre receptor, aquele de cota mais baixa. O reservatório intermediário poderá ser receptor ou fornecedor, dependendo de suas variáveis, tais como a cota, diâmetro, comprimentos, coe�ciente de rugosidade etc. A título de aprofundamento, sugerimos consultar Azevedo Netto (2015, p. 317), que apresenta detalhadamente uma con�guração estrutural com fórmulas e esquemas associativos para três reservatórios. praticar Vamos Praticar Uma empresa está executando uma obra de interligação de dois reservatórios com tubulação de PEAD de rugosidade 0,00002 m. Ambos os reservatórios irão abastecer um novo ramal derivado do ponto O. Dimensione a vazão, em , que irá �uir do reservatório maior para o menor. A velocidade de projeto deve ser 2 m/s. Considere o fator de atrito f igual a 0,0136. Os demais dados estão no esquema a seguir. (A sigla msnm signi�ca metros sobre o nível do mar, ou seja, é a cota do ponto). a) 0,6 b) 1,2 /sm3 Figura 2.2 - Dois reservatórios interligados Fonte: Elaborada pelo autor. c) 1,8 d) 2,5 e) 3,1 indicações Material Complementar LIVRO O século da escassez Marussia Whately e Maura Campanili Editora: Claro Enigma ISBN: 9788581661285 Comentário: Focado exclusivamente no território brasileiro, mas de abrangência mundial, o livro trata sobre a complicada relação disponibilidade de água e ações do homem sobre o meio ambiente. Rios poluídos, hidrelétricas intervindo no �uxo normal das águas e tantos outros problemas da atualidade. LIVRO Manual de Hidráulica José Martimiano Azevedo Netto Editora: Blücher ISBN: 978-85-212-0500-5 Comentário: Este manual está inteiramente voltado ao estudo da hidráulica e traz aprofundamentos consideráveis em diversos ramos desta ciência. Neste ponto, especi�camente, indicamos fortemente a leitura, à página 317, do desenvolvimento realizado pelo autor, da associação de três reservatórios. FILME A lei da água Ano: 2015 Comentário: Esse �lme trata-se de um documentário sobre o código �orestal e sua interveniência sobre a forma como obtemos e reservamos a água. conclusão Conclusão A condução das águas foi estudada neste capítulo sob a forma de condutos forçados, ou seja, tubulações no interior das quais a pressão é maior do que a pressão atmosférica. Tivemos oportunidade de tratar sobre associações de tubulações, seja em paralelo seja em série, fato que ocorre inevitavelmente nos sistemas encontrados nos municípios e cidades em que a água é tratada, reservada e distribuída para a população. Encerramos com este importante estudo da combinação de reservatórios no sentido de proporcionarem o fornecimento tão permanente quanto possível. Dentro dos cálculos realizados para dimensionamento de tubulações nessa situação, também destacamos a complexidade que envolve esses cálculos quando o número de reservatórios aumenta. referências Referências Bibliográ�cas 96 MILHÕES de bolas de plástico usadas para proteger reservatórios de água na Califórnia. 12 ago. 2015. Disponível em: https://www.engenhariacivil.com/bolas-plastico-reservatorios-agua-california . Acesso em: jan. 2020. AZEVEDO NETTO, J. M. Manual de Hidráulica . 9. ed. São Paulo: Blucher, 2015. TSUTIYA, M. R. Abastecimento de água . 4. ed. São Paulo: EPUSP, 2006. WHATELY, M.; CAMPANILI, M. O Século da Escassez . Uma nova cultura de cuidado com a água: impasses e desa�os. 1. ed. São Paulo: Claro Enigma, 2016. https://www.engenhariacivil.com/bolas-plastico-reservatorios-agua-california
Compartilhar