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GRA Comunicação (2)-5

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9COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Já encontramos razões suficientes para que aprofundemos nosso olhar sobre a Comuni-
cação e seus fenômenos. Nesta unidade, abordaremos primeiramente o conceito e o processo 
de comunicação, a fim de alargarmos a visão sobre essa área tão instigante e valorizada em 
nossos dias. Luiz Carlos Martino (2001) explica que “comunicação” tem sua origem etimoló-
gica em comunnicatio, palavra do latim que pode ser traduzida como “uma atividade realizada 
conjuntamente”. Se você preferir, também podemos decompor o vocábulo da seguinte forma: 
comum+ação. Não lhe parece que a expressão que mais se aproxima dessa decomposição é 
“ação em comum”? Trata-se, portanto, de uma ação ou atividade em conjunto, em comum. 
Comum diz respeito àquilo que é público, e assim não pertence à esfera do privado. Comum 
lembra “comunhão”, algo que não é de domínio exclusivo de uma pessoa, mas sim de todos. 
Ambas as concepções de “comunicação” apontam para a existência de uma vocação social 
envolvendo a palavra. Vamos entender melhor o significado de “social”. Já perguntamos em 
aula o antônimo de “social”, e sabe qual foi a resposta uníssona? “Antissocial”. Tudo bem, 
mas você concordaria que “individual” é sinônimo de “antissocial”? Sim, porque, do ponto 
de vista gnoseológico, social é tudo aquilo que transcende a figura de um indivíduo. Não fi-
cou claro? Imagine que nós dois, você, leitor(a), e eu, professor Tiago Pellizzaro, joguemos 
uma partida de canastra, de damas, de gamão, de tênis, de xadrez, bom, não importa o jogo. 
Importa que ele é um evento social. Não ficou satisfeito(a) com a explicação? Então, pense 
no seguinte... Você é casado(a)? Pois o casamento é uma sociedade. Digamos que você seja 
um(a) empresário(a) individual e quer encerrar a sua empresa para, em seguida, iniciar um 
novo negócio, desta vez contando com a minha participação. Se eu aceitar, seremos sócios. 
Ficou claro agora? Assim é a comunicação. Uma ação de caráter eminentemente social. Gary 
Kreps (1995) dividiu-a em quatro níveis, sendo que três destacam a interação humana: in-
terpessoal, entre grupos pequenos e entre multigrupos. Pense numa empresa de médio porte, 
que funciona numa sede e não tem filiais: a comunicação corporativa pode envolver somente 
dois funcionários, ou todos os funcionários de um setor, ou, ainda, todos os seus funcioná-
rios. É oportuna a observação do pesquisador. “Ninguém é uma ilha”, preconiza uma frase 
famosíssima. Até mesmo quando lemos um livro ou uma apostila praticamos a comunicação 
interpessoal, pois o autor da obra está se comunicando virtualmente conosco. Surpreenden-
te, entretanto, é a categoria “comunicação intrapessoal” proposta por Kreps. Ela permite ao 
indivíduo o processamento da informação. Em outras palavras, confere-lhe a prerrogativa de 
exercitar a autocomunicação, tal como a dinâmica do silêncio oportuniza.
A dinâmica do silêncio suscita a “prática de conscientização individual”. Com a comu-
nicação cada vez mais passível de ruídos, ou, por outra, com a exigência de que se conquiste 
uma comunicação eficiente, porém, mais e mais ágil, o que amplia as probabilidades de ocor-
rência de erros, ganham importância as habilidades ligadas à concentração, à análise acurada 
de procedimentos adotados (ou a serem adotados) e à arquitetura de planejamentos. Ao en-
contro dessas necessidades, o silêncio opera como indutor da autocomunicação e da valoriza-
ção da criticidade que, no processo comunicacional, são irrenunciáveis. Nessa dinâmica, com 
o auxílio de uma música de relaxamento, orienta-se o estudante a “descansar a mente” por 
uns dez minutos, livrando-se provisoriamente das preocupações instantâneas.
Após tomarmos ciência acerca do conceito de Comunicação, é apropriado questionar: 
por que nos comunicamos? Com qual finalidade fazemos uso da comunicação? Certamente, 
muitas respostas caberiam a essa indagação, porém, sob um ângulo mais assertivo, concor-
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 SUMÁRIO
da-se com o ponto de vista de Gary Kreps (1995), que afirma que a comunicação objetiva pro-
move a redução de equívocos por parte dos indivíduos. Apesar da polêmica criada em torno 
da frase “quem tem boca vai a Roma”, ela leva ao pensamento de que as dúvidas devem ser 
desfeitas através da interação humana. Não há porque sentir receio de pedir ajuda ou algum 
esclarecimento com o outro. Afinal, quando eliminamos as incertezas que nos cegam, conse-
guimos tomar as decisões necessárias para dar prosseguimento a um plano ou uma intenção.
O PROCESSO E OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Quando falamos em “processo da comunicação”, é importante assimilar, de primeiro, o 
caráter em curso da comunicação. Ela é dinâmica, está em movimento, em contínua circula-
ção e, nos tempos atuais, até “viralizando”, ou seja, multiplicando rapidamente os seus efei-
tos. Historicamente, nota-se que a Tecnologia de Informação e Comunicação foi abreviando 
drasticamente o intervalo de tempo entre o envio da mensagem por parte do remetente e a 
sua chegada ao destinatário. A sincronia outrora assegurada apenas pelo telefone foi também 
viabilizada pelos chats e pelo whatsapp, duas ferramentas cada vez mais presentes na vida 
das pessoas.
O processo da comunicação depende de determinados elementos para sua ocorrência. 
Na década de 40 do século anterior, o norte-americano Harold Laswell, ao construir um mo-
delo que explicasse o funcionamento do fluxo comunicacional, desenvolveu o seguinte e eco-
nômico esquema: quem (emissor) / diz o quê (mensagem) / a quem (receptor) / com que ca-
nal (meio) / e com que efeito (efeitos de audiência). Juntamente com Paul Lazarfeld, lançou 
a “teoria dos efeitos limitados”, que procurava analisar os efeitos ocasionados pelos meios 
de comunicação de massa junto à audiência. Tal teoria concebia o receptor como ser passi-
vo, que acolhia a mensagem transmitida pela mídia sem contrariá-la. Somente mais tarde o 
sociólogo francês Edgar Morin trouxe uma nova perspectiva para as teorias da Comunicação, 
sustentando que, entre emissor e receptor, dá-se uma negociação de sentidos. 
Posteriormente, os estudos de recepção inverteram o paradigma postulado por Laswell 
e Lazarfeld. Em vez de concentrar no emissor o estudo dos efeitos da comunicação, o foco re-
cai na investigação sobre o que os receptores fazem com as notícias dos jornais e com os pro-
gramas radiofônicos e televisivos. Seriam realmente passivos e extremamente afetados pelo 
que a mídia propala? 
Tal questão se mantém atual. Ainda são necessárias inúmeras pesquisas para que esse 
fenômeno seja mais bem compreendido. Apesar disso, a contribuição de Laswell e Lazarfeld 
converteu-se num legado: emissor, mensagem, receptor e canal são elementos da comunica-
ção. A representação do modelo por eles criado é reproduzida abaixo.
A partir de então, os quatro elementos passaram a configurar o que de mais elementar 
constituía o processo de comunicação. Ou seja: para que haja comunicação, deve estar pres-
suposta a existência de um emissor, que transmite uma mensagem, que, por sua vez, é en-
dereçada, por meio de um canal, a um receptor. Porém, tal modelo deixava de considerar al-
EMISSOR → MENSAGEM → CANAL → RECEPTOR
	PRINCIPAIS ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DE LINGUAGEM
	O PROCESSO E OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

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