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ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Cor porativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Bruno Galelli Chieregatt i Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Text o, Design lnstrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria. salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de concei t os. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock 1 ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 1 CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. 1 CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. 1 CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. 1 DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 1 EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. @ I EXPLICANDO Expl1caçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao espec1f1ca da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Introdução à mecânica dos sólidos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Definição e conceitos da Mecânica ................................................................................ 13 Conceitos e hipóteses fundamentais ........... ................ .. ................ .. ........... ................. 14 Leis de Newton ................................................ ............................................... ................. 15 Unidades de medida ...................................................................................... ................. 17 Estática abstrata ................................................................................................................... 19 Soma de vetores .............................................................................................................. 21 Subtração de vetores ..................................................................................................... 24 Decomposição de vetores ............................................................................................. 25 Força e equilíbrio ................................................................................................................. 26 Contextualizando força como um vetor .................... ................. ................. ................. 26 Definição do conceito de equilíbrio ......................... .. ........... .. ............... ... .. ................. 29 Sintetizando ........................................................................................................................... 34 Referências bibliográficas ................................................................................................. 35 Unidade 2 - Introdução à estática Objetivos da unidade ........................................................................................................... 37 Momento estático ................................................................................................................. 38 Momento de uma força: forma escalar ....................................................................... 39 O produtovetorial .......................................................................... .................................. 46 Momento de uma força: forma vetorial ....................................................................... 51 Estática das partículas ........................................................................................................ 55 Estática dos corpos rígidos ................................................................................................ 60 Sintetizando ........................................................................................................................... 64 Referências bibliográficas ................................................................................................. 65 Unidade 3 - Estática técnica Objetivos da unidade ........................................................................................................... 67 Estática técnica: vínculos, apoios e ligações ........................................................... 68 Vínculos bidimensionais ................................................................................................. 70 Vínculos tridimensionais .................................................. ............................. ................. 78 Equilíbrio e sistema de força ........................................................................................ 86 Sistema de forças equivalentes .................... ................................................................ 91 Sintetizando ........................................................................................................................... 94 Referências bibliográficas ................................................................................................. 95 Unidade 4 - Estruturas e vigas Objetivos da unidade ........................................................................................................... 97 Estruturas ............................................................................................................................... 98 Treliças ................................................................................................................................. 101 Método dos nós .................. .......................................................... ................................. 107 Método das seções ............ ......................................... ...... ............................. ............... 112 Treliças espaciais .......................................................................................................... 113 Vigas ..................................................................................................................................... 116 Análise de carregamentos em vigas .......................................................................... 117 Sintetizando ......................................................................................................................... 122 Referências bibliográficas ............................................................................................... 123 Bem-vindo, aluno, à disciplina de Mecânica dos Sólidos. Espera-se que, após a conclusão deste curso, você esteja apto a interpretar e aplicar os conceitos fundamentais que regem os movimentos das partículas, sendo essa uma atri buição relevante de qualquer profissional da área, e que deve ser ensinada, sempre, nos primeiros anos do curso de graduação. O aprendizado desta disciplina é progressivo, passando pelos conceitos ele mentares que modelam as bases do estudo da estática e avançando sistemati camente até o estudo de estruturas mais complexas, em que essas bases serão aplicadas para a resolução dos parâmetros queforem pedidos. Recomenda-se que se pratique os conceitos aprendidos através dos exer cícios de fixação e exemplos propostos ao final de cada tópico dos livros. Com foco e dedicação, a mecânica dos sólidos pode ser desbravada, se tornando uma importante ferramenta para o futuro profissional. Bons estudos! MECÂNICA DOS SÓLIDOS. O professor Bruno Galelli Chieregatti é doutor em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP (2020), pela qual tam bém concluiu a Graduação e o Mestrado. Atua como professor universitário desde a conclusão do Mestrado, passando por algumas das principais instituições de ensino do estado de São Paulo. Além da experiência em cursos presen ciais, especializou-se no ensino a distân cia, possuindo centenas de videoaulas gravadas em diversos temas, desde dis ciplinas do Ensino Médio até matérias de cursos de Engenharia. Também focou seus esforços no desafio da produção editorial, criando apostilas, livros-texto e exercícios padrão Enade. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0836632530177173 Dedico esta obra à minha família, que sempre acreditou no meu potencial e apoiou a minha escolha de sair do mercado de trabalho e entrar no mundo acadêmico. Sem o incentivo deles, acredito que este sonho não teria sido possível! MECÂNICA DOS SÓLIDOS • UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade • Introduzira ciência mecânica com os seus conceitos fundamentais; • Restringir o estudo à parte de estática dos sólidos, explicando as hipóteses fundamentais; • Apresentar o conceito de estática abstrata, que envolve a definição de vetor e suas operações; • Definir os conceitos de força e equilíbrio. Tópicos de estudo ~ Definição e conceitos da Mecânica Conceitos e hipóteses funda mentais Leis de Newton Unidades de medida • Estática abstrata Soma de vetores Subtração de vetores Decomposição de vetores ~ Força e equilíbrio Contextualizando força como um vetor Definição do conceito de equilíbrio MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Definição e conceitos da Mecânica Quando se pensa em um curso de Engenharia, independente da especia lidade, alguma disciplina com a ma téria de Mecânica sempre estará na grade curricular. Os engenheiros civis possuem disciplinas, como Mecânica dos Solos, Mecânica dos Sólidos, den tre outras; já os mecânicos possuem a palavra no próprio nome da profissão, e um número ainda maior de matérias relacionadas à mecânica. Até cursos que parecem não ter •• nada relacionado com a mecânica, como Elétrica e Química, têm disciplinas com essa palavra, mas disfarçadas com nomes como Fenômenos de Transporte, que nada mais é do que a Mecânica dos Fluidos. Portanto, entender o significado dessa palavra e como ela entra no estudo da disciplina é fundamental nesse início de curso. A ciência mecânica é definida como uma parte da Física que estuda a variação do movimento dos corpos, sejam eles em repouso ou em movimento (HIBBELER, 2011). Como essa definição é muito abrangente, para especificarmos o escopo desta unidade, e das seguintes, será apresentado a primeira sub- divisão dessa ciência em três áreas: os corpos rígidos (sólidos), os corpos deformáveis (sólidos) e os fluidos (líquidos e gases). É importante observar que existem duas áreas para os corpos que estão no estado sólido e apenas uma para fluidos e gases. A justificativa é que não existem líquidos e gases indeformáveis, portanto a definição fluido rígido não possui sentido físico. Voltando para os sólidos, que é o escopo deste curso, a hipótese fundamen tal que separa corpos rígidos e deformáveis é justamente a presença, ou não, do fenômeno de deformação, que é uma pequena alteração nas dimensões do sólido, quando ele recebe a ação de uma força. A Figura 1 apresenta um esque ma simplificado de observação da deformação. MECÂNICA DOS SÓLIDOS • F l Corpo rígido Corpo deformável Figura 1. Comparação entre corpo rígido e corpo deformável. Na prática, não existe nenhum corpo rígido, mas em casos em que a defor mação é muito baixa despreza-se esse efeito, assim aplica-se a mecânica dos corpos rígidos no sólido em questão. Nesta disciplina de Mecânica dos Sólidos, vamos particularizar o estudo em corpos rígidos, utilizando a hipótese mencionada acima. A parte de corpos de formáveis fica a cargo da disciplina de Resistência, ou Mecânica, dos Materiais (BEER et ai., 2015). e a parte de fluidos, a cargo da disciplina de Mecânica dos Fluidos (WHITE, 2010). Adicionalmente, além de particularizar o estudo para corpos rígidos, este curso tratará apenas de corpos rígidos que estão em repouso, ou seja, com velocidade nula. Essa área, em particular, da mecânica dos corpos rígidos é co nhecida como estática dos corpos rígidos, e terá seus conceitos apresentados nos tópicos e subtópicos seguintes. •• Conceitos e hipóteses fundamentais No estudo da estática dos corpos rígidos destacam-se três unidades de me dida fundamentais (HIBBELER, 2011 ): • Comprimento: dimensão utilizada como referência de localização de um ponto ou um corpo no espaço. Define-se uma unidade padrão de medida e uma origem de coordenadas, a fim de se criar um distanciamento referenciado; MECÂNICA DOS SÓLIDOS. · Massa: é o quantitativo de matéria. Também pode ser definida como a cons tante de proporcionalidade entre a força aplicada a um corpo e sua aceleração desenvolvida, definida através da segunda lei de Newton. Na prática, será utiliza da na estática para calcular o carregamento devido à ação gravitacional no corpo; • Força: é ação que um corpo pode exercer sobre outro. Também é definida como a interação necessária para tirar um corpo de sua inércia, alterando assim sua velocidade (seja em repouso ou não). Além disso, algumas definições elementais serão utilizadas ao longo do curso e recomenda-se a sua memorização para melhor entendimento dos tópicos se guintes (HIBBELER, 2011): • Ponto material: a hipótese de ponto material é aplicada quando as dimen sões do corpo não são relevantes para o cálculo, ou como uma forma de simpli ficar o cálculo de um sistema de forças. Dado um determinado corpo com certa massa, ele é resumido a um único ponto, concentrando toda a sua massa nessa região, além de todas as forças aplicadas nele; • Corpo rígido: como explicado, o conceito de corpo rígido não existe na natureza, sendo uma idealização de um sólido em que suas deformações são desprezíveis perante as forças que agem sobre ele. Com as dimensões fixas, os cálculos de equilíbrio que serão apresentados posteriormente serão simplifi cados com essa hipótese; • Força concentrada: quando dois corpos interagem através de uma força de contato, por exemplo, haverá um valor de área onde os corpos estão encos tados. O conceito de força concentrada simplifica essa área a um único ponto, determinando uma localização fixa da força e quantificando-a em sua totalidade nesse determinado ponto. •• Leis de Newton O conhecimento das leis de Newton é requisito fundamental para o entendi mento de qualquer assunto relacionado à ciência mecânica: • Princípio da inércia: a primeira lei de Newton baseia-se na definição de inércia, em que um corpo permanece em seu estado atual (em repouso ou movimento) se não houver nenhuma força resultante aplicada sobre ele que o faça mudar de direção. Portanto, a principal informação a se saber a respeito MECÂNICA DOS SÓLIDOS. da aplicação da primeira lei de Newton é justamente o valor dessa força re sultante, verificando se ela é nula ou não. No caso da estática dos corpos rígidos, esse princípio vale justamente na manutenção do repouso (estática) dos corpos estudados (rígidos); • Resultante das forças: a segunda lei de Newton enumera que o somatório das forças atuantes no corpo, que é definida como força resultante, é igual ao produto da massadeste corpo pela aceleração por ele desenvolvida. Ou seja, quando uma força resultante é aplicada a um corpo, ele sempre desen volverá uma aceleração na mesma direção dessa força. Como visto na primeira lei, a estática dos corpos rígidos tem como premissa a manutenção do estado de repouso dos corpos, e para isso ocorrer a aceleração dele deve ser nula. Como consequência, a resultante das forças aplicadas em um ponto material que re presenta um corpo, ou no corpo rígido, será sempre nula; • Ação e reação: conhecida como lei da ação e reação, a terceira lei de Newton enumera que as forças sempre surgem em pares, com uma corres pondente de mesma direção, porém de sentido oposto, aplicada ao corpo que gerou a força original. Em outras palavras, quando um corpo A exerce uma força sobre um outro corpo B, define-se isso como ação. Pela terceira lei, o corpo B irá exercer uma força de mesmo valor e direção, porém de sentido contrário e aplicada ao corpo A, o que chamamos de reação. Este conceito será importante na estática dos corpos rígidos quando os diagramas de cor po livre forem montados e as forças atuantes neles forem representadas. ASSISTA Os crash testssão importantes experimentos para avaliar a segurança de um veículo. No vídeo Crash testwith and without safety be/t, postado pelo canal TexasClicklt, é pos- sível ver a comparação entre uma colisão frontal em que o motorista não utiliza o cinto de segurança e o caso em que se utiliza dispositivos de segurança, como cintos e airbags. Observe que o princípio da inércia aparecerá claramente. É de suma importância que o aluno tenha em mente as leis de Newton, de tal forma que, quando os problemas de estática dos corpos rígidos forem estu dados, esses conceitos sejam aplicados de maneira praticamente automática. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. •• Unidades de medida Toda e qualquer ciência necessita de parâmetros para a modelagem de seus fenômenos. Na maioria dos casos, esses parâmetros são quantificados através de unidades de medida que auxiliam os cientistas, professores e estudantes a visualizarem a magnitude das variáveis que estão sendo calculadas. Até o século XIX, cada cientista criava suas próprias unidades de medida, o que dificultava o intercâmbio de informações entre eles, pois era necessá rio conhecer a métrica de cada trabalho antes de conseguir interpretá-lo. De forma a resolver esse problema e buscar uma maior sinergia entre os pesqui sadores do mundo, a comunidade internacional de pesos e medidas criou o Sistema Internacional de Medidas, que é a tradução do francês de Systeme lnternational d'Unités, ou simplesmente SI (HIBBELER, 2011 ). Este sistema teve aceitação internacional e adotou o sistema métrico, já existente, como padrão. A Tabela 1 apresenta as principais grandezas que se rão utilizadas em Mecânica dos Sólidos com as suas respectivas unidades no SI. TABELA 1. GRANDEZAS UTILIZADAS EM MECÂNICA DOS SÓLIDOS E SUAS UNIDADES NO SI ~ Grandeza Unidade Leitura por extenso / / / / / oúÍ 1o{ra ~ / / / / / Comprimento Metro Área Metro quadrado Volume Metro cúbico Tempo Segundo Velocidade Metro por segundo Aceleração m/s2 Metro por segundo ao quadrado Força Newton Energia Joule Potência Watt Pressão Pa ~ N/m2 Pascal ou newton por metro ao quadrado Tensão Pa ~ N/m2 Pascal ou newton por metro ao quadrado Momento de força N · rn Newton metro Momento de inércia kg· m' Quilograma vezes metro ao quadrado Temperatura Kelvin MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Essas são as unidades principais que serão utilizadas na estática dos corpos rígidos; qualquer outra unidade adicional que apareça ao longo deste material será descrita quando ela for citada. Além das unidades de medida, o 51 também define alguns prefixos que podem anteceder as mesmas. O objetivo destes prefixos é padronizar magnitudes dessas gran- dezas, em que valores muito altos ou muito baixos podem ser escritos da mesma forma e tamanho tex- tual. A Tabela 2 apresenta os prefixos mais comuns. TABELA 2. PREFIXOS MAIS UTILIZADOS EM MECÂNICA DOS SÓLIDOS Múltiplo ~ ~ Potência de 10 Símbolo Leitura por extenso / ) .000.000'.ooó.ooo / 1.000.000.000 Giga 1.000.000 Mega 1000 Quilo Hecto Deci 0,01 Centi 0,001 Mili 0,000001 Micro 0,000000001 Nano A maioria dos símbolos é escrito com letras minúsculas, com exceção a mega, giga e tera, que são escritos com letras maiúsculas. EXEMPLIFICANDO No caso de peças mecânicas com dimensões pequenas como 0,005 m, em vez de usarmos essa notação, podemos usar o múltiplo de 0,001 e escrever que a peça tem 5 mm (milímetros), em que o primeiro m representa o prefixo mili e o segundo m representa a grandeza metro. Da mesma forma, se falarmos da distância entre duas cidades como sendo de 65.000 m, pode-se utilizar o múltiplo de 1000 e afirmar que a distância entre elas é de 65 km (quilômetros), em que o prefixo krepresenta o quilo e a letra m representa novamente a grandeza metro. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. • Estática abstrata O termo estática abstrata vem sendo substituído sistematicamente por cál culo vetorial, pois, além de ser uma notação direta do conteúdo que é aborda do, trata-se de uma linguagem mais moderna. Introdução ao conceito de vetor O conceito de vetor foi criado com o objetivo de representar grandezas em que a sua magnitude não é suficiente para descrevê-las. Por exemplo, quan do se trata de massa, temperatura e massa específica, basta o valor destas grandezas para as caracterizarmos. Nesse caso, definimos essas propriedades como grandezas escalares (YOUNG; FREEDMAN, 2015). EXPLICANDO A grandeza massa específica, também conhecida como densidade, é a relação entre a massa de um sólido pelo volume por ele ocupado. Sua unidade no SI é kg/m3 (quilograma por metro cúbico). Se considerarmos que um indiví duo andou 1 O km, saberemos o quan to ele andou, mas não por onde ele andou; ou seja, não basta sabermos o valor do deslocamento para carac terizá-lo completamente, é necessário saber também qual a direção e o sen tido adotados. Assim, define-se as grandezas vetoriais como as propriedades que necessitam de três informações para serem caracterizadas: a magnitude, a direção e o sentido. Como exemplo, va- mos aprofundar a análise em relação ao nosso deslocamento. Para determi narmos a direção e o sentido do deslocamento, deve-se definir um sistema de direções, que será, nesse caso, a conhecida rosa dos ventos. Na Figura 2, representaremos o indivíduo do exemplo por um ponto P e colocaremos algu- mas direções para interpretarmos. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. N (4) w (1) ----(2) 10km 10km (3) Figura 2. Possíveis direções do ponto P ao lado de uma rosa dos ventos de referência. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/05/2020. (Adaptado). Observe que, na seta (1), segue-se na direção norte-sul com o sentido para o norte; na seta (2), segue-se na direção leste-oeste com o sentido para o leste, o que é totalmente diferente do caso anterior; a seta (3) também segue na di reção norte-sul, como na seta (1), porém neste caso o sentido é para o sul; e a seta (4) está na direção noroeste-sudeste com sentido para noroeste. Isso quer dizer que temos quatro caminhos totalmente distintos que pos suem 10 km de magnitude (observe que as setas possuem o mesmo tamanho). Logo, define-se como vetor a representação gráfica de uma grandeza vetorial, em que seu tamanho representa a sua magnitude, o corpo da seta representa a reta que dá a direção e a ponta da seta indica o sentido desse vetor. Para a representação algébrica, trata-se os vetores com uma letra qualquer, mas com uma seta acima dela, o que por convenção será considerado como grandeza vetorial. Assim, se nosso deslocamento no exemplo anterior for cha mado de d, a sua notação vetorial será d. Os vetores possuem algumas propriedades importantes, baseando-se nas convenções atuaisda Física (YOUNG; FREEDMAN, 2015): ➔ ➔ • Vetores iguais: dois vetores a e b serão considerados iguais se possuírem módulo (magnitude), direção e sentido iguais, conforme o grupo A da Figura 3; ➔ ➔ • Vetores opostos: dois vetores a e b serão considerados opostos se pos- suírem módulo (magnitude) e direção iguais, e apenas o sentido diferente, con forme o grupo B da Figura 3; MECÂNICA DOS SÓLIDOS. ➔ ➔ · Vetores paralelos: dois vetores a e b serão considerados paralelos quan- do possuírem direção e sentido iguais, porém magnitudes diferentes, confor me o grupo e da Figura 3; ➔ ➔ • Vetores anti-paralelos: dois vetores a e b serão considerados anti-para- lelos quando possuírem a mesma direção, mas módulo e sentido diferentes, conforme o grupo D da Figura 3. (A) (B) (C} (D) Figura 3. Vetores iguais (A), opostos (B), paralelos (C) e anti-paralelos (D). @ DICA 1 Quando dois vetores são opostos, podemos escrever que um vetor é o negativo do outro, ou seja, se 1 e 7J são opostos, tem-se que 1 = -7! . •• Soma de vetores Os vetores são representações de grandezas que devem ter indicação de módulo, direção e sentido; então, espera-se que seja possível realizar operações com eles. Tomando a grandeza de deslocamento como exem plo, vamos supor novamente uma caminhada, mas agora realizada em duas etapas. Primeiro, percorre-se 5 km na direção norte e depois percorre-se outros 5 km para leste. Assim, temos que representar esse deslocamento através de vetores, indicando cada etapa, conforme a parte A da Figura 4. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Aqui deve-se tomar um cuidado conceituai importante, que é justamente quando ocorrer a soma destes dois vetores: intuitivamente, pensa-se que a soma de dois vetores de 5 km irá resultar em um vetor de 2 · 5 = 10 km, mas isso é verda de apenas se os vetores forem paralelos, ou seja, com mesma direção e sentido. No caso de vetores que não possuem direção e sentido iguais, a soma deve ser feita geometricamente, por meio de dois teoremas: teorema do paralelo gramo ou o método da poligonal. Falando primeiramente do método do paralelogramo, ele funciona quando se tem apenas dois vetores a serem somados e consiste, basica mente, na formação de um quadrilátero (um paralelogramo), em que sua diagonal será exatamente a soma vetorial dos dois vetores, conforme a parte B da Figura 4. Skm A Skm B Skm S km Figura 4. Deslocamento do ponto P em duas etapas (A) e vetor resultante do deslocamento de P (B). A diagonal do paralelogramo formado (que nesse caso é um quadrado) for ma exatamente a soma vetorial dos dois deslocamentos de 5 km. Para achar mos o módulo desse vetor resultante "ft utiliza-se o conceito já conhecido do teorema de Pitágoras: IRi = ,/52 + 52 =5../2 = 1 m (1l Ou seja, a magnitude do vetor possui o comprimento de 7 metros, e não os 10 metros de uma soma convencional. Em relação à direção, compondo as direções norte-sul e oeste-leste, encontra-se a direção sudoeste-nordeste, e o sentido é a composição do norte com o leste, que resulta em sudeste. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Obviamente, nem sempre o caminho em linha reta será possível como no caso do deslocamento do ponto P. Um teste interessante que pode ser feito é acessar o Google Maps e calcular a distância em linha reta do ponto em que você está até um certo destino. Depois, peça para o aplicativo calcular a rota mais curta e veja a quilometragem indicada. Essa quilometragem será certa mente maior que a linha reta, uma vez que você deve realizar mudanças de direções (ruas) até chegar ao destino. Agora, vamos complicar um pouco mais o problema adicionando mais uma etapa ao deslocamento, movimentando-se 3 km na direção sul. Para se achar o vetor resultante, o método do paralelogramo pode ser utili zado, mas terá que ser aplicado duas vezes: primeiro para somar os dois trechos de 5 km e depois o resultado deve compor uma soma com o vetor de 3 km ao sul. De forma a evitar repetições de operações, criou-se o método da poligonal em que basta ligar os vetores (conforme a parte B da Figura 5), com a ponta da seta do primeiro vetor ligada na origem do segundo e a ponta do segundo vetor ligada à origem do terceiro vetor. Quando os vetores são dispostos dessa forma, o vetor resultante R será a ligação entre a origem do primeiro vetor, com a ponta do último vetor da operação, que no caso é a terceira etapa do deslocamento. A 5 km 5 km 3km B 5km Figura 5. Deslacamenta de P em três etapas (A) e resultante da deslacamenta de P (B). O resultado da soma dos três vetores formou um vetor resultante que está em um sentido entre o nordeste e o leste (o ideal é que tenhamos o ângulo que este ângulo forma com a horizontal). Para acharmos seu módulo, conseguimos MECÂNICA DOS SÓLIDOS. aplicar uma triangulação entre a resultante e os outros vetores, e aplicar nova mente o teorema de Pitágoras: IRÍ = ,/52 + 22 =5./29 = 5,4 km (2) Observe que, mesmo com um deslocamento maior (5 + 5 + 3 = 13 km), a soma vetorial gera apenas um vetor de aproximadamente 5,4 km, mostrando que quase nunca teremos uma soma direta da magnitude dos três vetores . •• Subtração de vetores Agora que se apresentou a soma vetorial e os dois métodos de resolução, po de-se partir para a explicação da subtração vetorial. Para se realizar essa opera ção é preciso relembrar do conceito de vetor oposto, explicado anteriormente. Assim, a subtração vetorial é definida como a soma de um vetor com o oposto do outro. Para verificarmos a afirmação, vamos analisá-la graficamente. Supo ➔ ➔ nha que temos novamente dois vetores a e b, cujas geometrias são mostradas na parte A da Figura 6. Primeiro, vamos realizar a soma vetorial, adotando o método da poligonal, conforme a parte B da Figura 6. Partindo para a subtração, desenha-se o vetor ➔ ➔ -b, que é o vetor b com o sentido contrário e aplicando novamente o método ➔ da poligonal com o vetor a. A B e Figura 6. Vetares~ e Tt (A), sarna das vetares~ e Tt pela método da poligonal (B) e sarna e subtraçaa das vetares~ e 71 pelo método da poligonal (C). Assim, ao se somar o oposto, temos a expressão apresentada na parte C da Figura 6. Porém, lembrando da regra de sinal da matemática: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. c!+<-7JJ=c!-r! (3l Portanto, a subtração vetorial nada mais é do que a soma do oposto do vetor que está sendo subtraído. •• Decomposição de vetores A terceira operação de vetores a ser estudada é a decomposição. Ela consiste em uma operação contrária à operação de soma, em que se parte de um vetor e o decompõe em duas ou mais componentes; normalmente, o foco da decom posição é em apenas dois vetores nessa operação. Os vetores que resultam da decomposição do vetor original são chamados de componentes. A estratégia de decomposição é utilizada principalmente quando um vetor não está nas direções conhecidas do plano de referência, como as direçõesx ey do plano cartesiano. Assim, decompõe-se o vetor em duas componentes, uma paralela ao eixo x e a outra paralela ao eixo y. Observe o vetor apresentado na parte A do Gráfico 1. O vetor F forma um ângulo e, que vamos supor como conhecido, com o eixo horizontal x. Utilizando o método da poligonal, pode-se montar uma soma de dois vetores: i=': na direção x e~ na direção y, como mostra a parte B do Gráfico 1. GRÁFICO 1. VETOR F NO PLANO CARTESIANO xy(A) E DECOMPOSIÇÃO DO VETOR F EM DOIS VETORES PARALELOS AOS EIXOS DE COORDENADAS (B) ~ (A} (B} y y X X Pela decomposição vetorial e pelo método da poligonal, pode-se afirmar que: t = r: + r;. Ou seja, r: e r; são componentes do vetor f MECÂNICA DOS SÓLIDOS. De posse dessas informações, agora é necessário determinar os módulos dessas componentes, uma vez que direção e sentido estão determi nados. Para isso, é conveniente que a decomposição vetorial utili ze componentes que são perpendicularesentre si, pois adotando essa estratégia os módulos (magnitudes) das componentes ficam diretamente relacionadas à magnitude do vetor r: além do seno e cosseno do ângulo 8. Conforme: { 1~1 = IFÍ ·cose (4l w;1 = 1 FÍ · sen e DICA Para não se confundir sobre qual componente usará o cosseno do ângulo e qual componente usará o seno do ângulo, relembre a definição dessas propriedades trigonométricas: seno é o cateto oposto sobre a hipotenusa, e cosseno é o cateto adjacente sobre a hipotenusa. Admita sempre que o vetor original é a hipotenusa e as componentes serão os catetos. O Força e equilíbrio •• Agora que o leitor tem os conhecimentos necessários do conceito de vetor, pode-se definir dois elementos fundamentais que irão nortear a análise de es- tática dos sólidos: força e equilíbrio. A força é uma grandeza vetorial e será contextualizada de maneira gráfica e de maneira algébrica, de forma que possa ser utilizada nas análises de es truturas. Já o equilíbrio é o ponto chave da definição da estática, e que deverá ocorrer para o corpo ou ponto material se manter em repouso. •• Contextualizando força como um vetor Na estática dos sólidos, uma das principais variáveis para o cálculo dases truturas será os esforços solicitantes nas mesmas; esses esforços nada mais são do que forças atuantes que são representadas através de vetores. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. A força é uma grandeza vetorial, pois para defini-la é necessário que se conheça sua magnitude, direção e sentido. Quando um ponto material ou um corpo rígido recebe a ação de várias forças com diferentes magnitudes, dire ções e sentidos, deve-se realizar uma soma vetorial para encontrar a força resultante atuante. É importante que o aluno saiba representar uma força através do espaço tridimensional, uma vez que nos problemas de estática de corpos rígidos é fre quente que tenhamos forças atuantes nas três direções possíveis (x, y e z). Para auxiliar na representação, define-se o conceito de linha de ação da força, que nada mais é do que uma reta auxiliar por onde o vetor força passa (HIBBELER, 2011). A parte A da Figura 7 representa esse conceito. Para o corpo se manter suspenso, os fios devem ter uma força de tração que equilibra a força peso desse corpo. Para representar a força de tração, ela deve ser coincidente com a reta que define a direção do fio, conforme a parte B da Figura 7. A Linha de ação B Linha de ação ~ z da força FAc ,/ da força ,;e ' ' z B ,Â, ,, , A Jí]B , y y X Figura 7. Corpo suspenso através de dois fios (A) e linha de ação das forças P,, e 1'.'!, (B). A representação gráfica é importante para a visualização do fenômeno, mas a dependência na precisão dos desenhos faz com que uma análise de soma ve torial feita por método do paralelogramo ou pela poligonal seja custosa. Assim, a decomposição dos vetores surge como uma importante ferramen ta para facilitar a análise, representando a força, ou qualquer vetor que se es teja estudando, através de suas componentes. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Antes de apresentar a notação, é importante explicar o conceito de vetor unitário, que será o ponto inicial para a representação algébrica dos vetores. Esse vetor possui magnitude igual a 1 e será apenas o referencial para qual o eixo daquela componente estará apontada. Define-se três vetores unitários: f, J e k, que serão as representações dosei xos x,y e z, respectivamente (YOUNG; FREEDMAN, 2015). Cada um desses vetores unitários irá apontar para o sentido positivo dos eixos, conforme indica a Figura 8. X z A k,,. Figura 8. Representação das vetores unitárias na plana cartesiam. y Portanto, quando quisermos representar uma força através dos vetores unitários, basta ter as componentes dela nas três direções dos eixos e colocá-la de acordo com a Equação 5: F=Ff+Fj+Fk X y Z ~ Ou seja, a força F fica representada pela soma de cada componente em cada (5) ~ ~ ~ eixo, com Fx sendo a componente na direção x, ,-r a componente na direção y e F, a componente na direção z. A Figura 9 mostra graficamente essa representação. z -----,. ✓ 1 1 1/ y ,I Figura 9. Componentes de -r representados graficamente. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Observe que, ao se falar de cada componente separadamente, coloca-se a sim bologia de vetor, com a seta acima da letra, entretanto, quando as componentes .... estão representadas dentro da força F, como na Equação 5, não se coloca setas nas componentes, pois a representação vetorial está nos vetores unitários fJ e k. .... No caso de precisarmos do módulo de F, basta utilizar os módulos de cada componente de acordo com a Equação 6: li'Í = ✓1?,1 2 + 1fe;12 + 1?,'1 2 (6) A grande vantagem dessa notação será apresentada a seguir. Suponha dois vetores, A= A/+ AJ + A,k e B = B/ + BJ + B/, e que seja pedido para se encontrar -,,+ -,,+ -+ -,,+ um vetor e de tal forma que e= A+ B. Vimos, até o momento, que a única forma de se encontrar ê seria desenhar os vetores ;f; + 71 e somá-los através do método da poligonal; porém, para evi tar que se perca muito tempo realizando desenhos, sendo que às vezes nem temos acesso a papéis quadriculados que facilitariam o processo, pode-se sim- plesmente utilizar as propriedades dos vetores unitários e somar cada campo -+ -,,+ nente de A e B separadamente: ...... --,+ ....,,. (< (< " C = A + t1 = (A + B )1 + (A + B l, + (A + B)K X X y ytJ Z (7) Assim, a notação algébrica permite que façamos operações com vetores muito mais rapidamente, sem a necessidade de se desenhar os gráficos. Esse conceito também vale para a subtração, como mostra a Equação 8: ~~ ~ 1). A A A - B = (Ax - B)I + (Ay - B)J + (A, - B)k (8) •• Definição do conceito de equilíbrio No início desta unidade, definiu-se as leis de Newton, em que na primeira o princípio da inércia indica que se não houver nenhuma força resultante atuan te em um corpo, ou ponto material, ele permanecerá em seu estado atual, que pode ser repouso ou movimento com velocidade constante. Na estática, trataremos de corpos em repouso, ou seja, com velocidade nula. Assim, define-se o conceito de equilíbrio estático como sendo um corpo ou ponto material permanecendo em repouso por meio do somatório das forças atuantes nele ser nulo. Veremos diversos exemplos simples de equilíbrio; todos os corpos estarão em repouso, já atendendo os princípios da estática. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Plano horizontal Um corpo apoiado em um plano horizontal tem a ação de duas forças, am bas na direção y: força peso, °P= PJ, e força normal de contato, r:I = Nj, conforme a Figura 10. X Figura 1 O. Forças atuantes em um corpo em repouso no plano horizontal. -+ Para o corpo permanecer em repouso, a soma das forças sobre ele deve ser nula, nesse caso: (9) O vetor a+ é definido como vetor nulo, cuja característica é ter todas as suas componentes iguais a zero. Assim, deve-se igualar os vetores r:/ e -P R=(Nr-PJÍ=OJ=N=P (10) Suspensão vertical por um fio Esse caso é análogo ao plano horizontal, diferenciando-se a força normal pela força de tração do fio f*= TJ, conforme a Figura 11. /////,////// YL X H 'r ', p' Figura 11. Forças atuantes em um carpa suspensa par um fio. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Para o corpo permanecer em repouso, a soma das forças sobre ele deve ser nula. Nesse caso: 71=°T-7'=7r=T=P (11i Assim, deve-se igualar os vetores "'re 75'! - "' "' R=(T-P)J=OJ=T=P (12) Suspensão vertical por dois fios O caso é semelhante ao anterior, mas, em vez de um fio suspendendo o corpo, temos dois fios, como mostra a Figura 12. Figura 12. Forças atuantes em um carpa suspensa por dais fios. Observe que as forças de tração do fio não estão alinhadas com os eixos x e y, como a força peso. Assim, essas forças de tração precisam ser decompostas em duas componentes, uma em cada direção: {r: =TA}+ TAyi (13) ~ 1:,. t.. TB = TBxl + TByÍ Na Figura 13, é apresentada como fica a configuração de forças. Figura 13. Decomposição das forças dos fios. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Assim, para termos o equilíbrio nas duas direções, tem-se que a resultante de forças deve ser nula: -=-+ .. .. .. .. ~ R = Rxl + R) = (T8x - TA)l + (T8y + TAy - P)j = O (14) Portanto, as componentes horizontais das forças de tração devem se anular e as componentes verticais somadas devem equilibrar a força peso: { ~ x=TBx (15) ~y= TBy= p Plano inclinado No caso do plano inclinado, considera-se um fio segurando o corpo para que ele não deslize. Nesse caso, o plano será liso e sem efeitos de atrito, como exibido na Figura 14. Figura 14. Forças atuantes no plano inclinado. É importante observar que o eixo x está alinhado com o plano inclinado, e que o eixo y é perpendicular a esse plano, paralelo à força normal de contato. Neste caso, a força que deve ser decomposta é a força peso, já que ela está desalinhada com os eixos: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. É possível observar a decomposição na Figura 15. Figura 15. Decomposiçâo da farça pesa no plano inclinado. Com essa decomposição é possível aplicar o equilíbrio em x e y: - ~ ~ ~ ~-R=Rx1+RyJ=(T-P)1+(N-P)J=O (17) Portanto, a força peso é equilibrada em duas frentes: a sua componente em x é equilibrada pela tração, e sua componente em y é equilibrada pela força normal: { T=Px (18) N=P y MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Sintetizando • A Mecânica é uma ciência vasta e engloba diversas áreas de estudo. Nessa unidade, restringimos a análise para a estática dos corpos rígidos, em que a velocidade deles é nula e o corpo sofre deformações pequenas o suficiente para serem desprezadas. Dado que o corpo segue em repouso, ele deve se manter nessa situação, e as leis de Newton enunciam que para isso ocorrer a resultante das forças apli cada ao corpo, que é a soma de todas as forças aplicadas nele, deve ser zero. Se isso ocorrer, a primeira lei, que se trata do princípio da inércia, nos diz que ele permanecerá em repouso se nenhuma força resultante atuar sobre ele. Definidos os conceitos elementais do curso, passou-se para a estática abs trata, ou cálculo vetorial, em que se definiu o conceito de grandeza vetorial e sua representação através de um vetor. Os vetores possuem algumas particu laridades e as operações entre eles devem ser estudadas, pois possuem dife renças conceituais em relação a simples operações escalares. A soma vetorial não é apenas uma soma das magnitudes de cada vetor, e sim uma composição das magnitudes, com direção e sentido de cada uma das componentes da soma. Dois métodos gráficos foram apresentados: o método do paralelogramo e o método da poligonal. O primeiro é apropriado apenas para soma de dois vetores, enquanto o segundo é mais genérico, permitindo uma soma de três ou mais componentes. Fechando esse tópico, apresentou-se o conceito de decomposição vetorial, em que um vetor pode ser separado em uma soma de dois ou mais vetores, chamados de componentes. Passou-se para o estudo da força como um vetor, em que a representação algébrica foi apresentada, partindo do conceito de decomposição vetorial. Apre sentou-se os vetores unitários t, J e k, que representam as componentes dos vetores nas direções x, y e z, respectivamente; com essa representação, a soma vetorial ficou mais simples, trabalhando-se individualmente cada componente. Por fim, consolidou-se o conceito de equilíbrio, apresentando alguns casos simples, mas de fácil visualização, de forma a dei xar o leitor acostumado com representações gráficas de veto res, bem como as suas operações através da forma algébrica. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Referências bibliográficas • BEER, F. P. et ai. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R.; MAZUREK, D. F. Mecânica vetorial para enge nheiros: estática. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019. CRASH test with and without safety belt. Postado por TexasClicklt. (41 s.). calor. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=d7iYZPp2zYY>. Acesso em: 28 maio 2020. HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física de Sears & Zemansky: mecânica. 14. ed., v. 1. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2015. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade "' Introduzir o conceito de momento e sua importância dentro da análise dos carregamentos atuantes em um sólido; i>· Introduzir a estática do ponto material, com apresentação de seus usos mais comuns por meio de exemplos; ,r. Introduzir a estática dos corpos rígidos, em que o conceito de momento é importante para a concepção do equilíbrio do corpo. Tópicos de estudo «;,: Momento estático Momento de uma força: forma escalar O produto vetorial Momento de uma força: forma vetorial 1., Estática das partículas ,j, Estática dos corpos rígidos MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Momento estático Dentro da estática, temos uma hi pótese simplificadora relevante, que consistem em considerar ou não as dimensões do corpo rígido. Quando não consideramos, estamos adotan do a hipótese de partícula ou ponto material, em que se concentra toda a massa e as forças atuantes em um único ponto. Quando esta última não é aplicada, as dimensões do corpo são relevantes e, por consequência, surge um questionamento: existe diferença se aplicarmos uma força no centro do • corpo ou em uma de suas extremidades? A resposta a essa pergunta é sim, e para mostrar a diferença define-se o conceito de momento. Para explicar esse conceito, vamos usar um exemplo corriqueiro, como a troca de um pneu furado. Para trocarmos o pneu, precisamos retirar os para fusos que prendem a roda ao carro e, para isso, usamos uma chave de roda. A pessoa faz uma força para baixo na ponta da chave e o parafuso que está na outra extremidade começa a girar junto com a ferramenta. Como é possível converter uma força para baixo em um movimento de rotação? Esse fenômeno é conhecido como momento (HIBBELER, 2011) ou torque (YOUNG; FREEDMAN, 2015), definido como a rotação de um corpo causada pela aplicação de uma força. Além da preocupação de saber a magnitude, a direção e o sentido da força, deve-se considerar o ponto em aplicação dessa força, pois isso interferirá dire tamente na rotação, ou não, do corpo. Sabendo que uma força pode gerar uma rotação em um corpo, é necessário definir quais são os parâmetros que irão quantificar o momento. O primeiro deles será a própria força, pois se aumentarmos a sua magnitude certamente causaremos um efeito de rotação maior. O outro parâmetro que interfere dire tamente no valor do momento é justamente a distância em que essa força está sendo aplicada em relação ao eixo de rotação do corpo. Observe a Figura 1: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Ponto de rotação Ponto de rotação Figura 1. Pontos de apl,cação diferentes de uma força na chave inglesa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/06/2020. (Adaptado). Observando a Figura 1, temos dois pontos de aplicação da força F: um na ex tremidade da chave e outro no meio dela. Em qual deles a rotação da chave será mais fácil? Quem já fez esse movimento responderá facilmente que a rotação será mais fácil com a força aplicada na extremidade da chave, ou seja, quando a força está mais distante do ponto de rotação o momento será maior. Essa distância entre o ponto de aplicação da força e o ponto de rotação será definida como braço da força, ou simplesmente braço. Adicionalmente, o braço sempre será perpendicular à linha de ação da força. •• Momento de uma força: forma escalar Sabendo que o momento depende da intensidade da força e de seu braço, define-se a magnitude do momento da seguinte maneira: Em que,M 0 é o valor do momento aplicado no ponto o, Fé o valor da força, em Newtons, e b o valor do braço da força, em metros. EXPLICANDO É importante explicar que os momentos sempre serão calculados em relação a um ponto ou eixo de rotação. Se o ponto ou o eixo de rotação mudam, os valores do momento em relação a eles serão diferentes caso as forças permaneçam na mesma posição. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. A unidade de medida do momento será N · m (Newton vezes metro), no sistema internacional. Um momento não é definido apenas pela sua magnitude, pois estamos tra tando de uma grandeza vetorial. Logo, precisamos definir uma direção e um sentido para a grandeza. Observando novamente a Figura 1, ao se aplicar a força, a chave terá a tendência para rotacionar no sentido horário ou anti-ho rário? Pelo sentido da força, a chave irá rodar no sentido anti-horário, e este será o sentido de um momento. A direção será justamente o eixo de rotação do parafuso, que nesse caso é uma linha perpendicular ao plano da Figura 1. Se considerarmos a Figura 1 colocada em um plano cartesiano com os eixos x e y no plano, a direção do momento será o eixo z. No estudo de momentos existem duas abordagens: bidimensional e tri dimensional. Na abordagem bidimensional as forças estão aplicadas em um mesmo plano e só teremos momentos com direção perpendicular a ele. Já na abordagem tridimensional podemos ter forças aplicadas nos três ei xos de coordenadas, o que pode gerar momentos nesses três eixos. Para essa abordagem, a forma vetorial do momento é mais apropriada, e será explicada nos tópicos seguintes dessa unidade. Voltando aos problemas bidimensionais, os momentos podem ser repre sentados através de uma simbologia bem simples: uma seta circular indicando o sentido de rotação. Na Figura 2, indica-se o momento aplicado no parafuso da Figura 1: M Figura 2. Indicação do momento na chave inglesa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/06/2020. (Adaptado). MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Com essa indicação, nota-se que o momento deverá ser considerado como um carregamento, assim como a força. Dessa forma, relembra-se a primeira lei de Newton, a qual estabelece que um corpo permanecerá em seu estado ini cial se a resultante dos carregamentos atuantes nele for nula. Essa resultante será tanto nas forças quanto nos momentos, ou seja, para termos equilíbrio, o somatório dos momentos atuantes em um corpo deverá ser zero também. Para verificar esse conceito, vamos ao caso clássico de uma tábua apoiada no seu ponto médio, com pesos posicionados em suas extremidades (Figura 3): 1,0m 1,0m Figura 3. Tábua com pesos em suas extremidades. Nesse caso, temos a tábua suportando os pesos, resultando em um equi líbrio de forças. Porém, e os momentos? Aproximando a aceleração da gra vidade local para 10 m/s2 e desprezando o peso da tábua, podemos trocar a representação dos pesos por forças, como mostra a Figura 4: 60 N 120 N 60 N 1,0m 1,0 m Figura 4. Representação das forças atuantes na tábua. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. O ponto de rotação da tábua está localizado no apoio com a base, então, é possível avaliar os momentos em relação a esse ponto. Iniciando com a força de 120 N, que é a força normal da base na tábua, temos que o momento dessa força é nulo, uma vez que ela está aplicada no próprio ponto de rotação, e as sim o braço da força será zero. Já as forças de 60 N possuem braços de 1,0 m, e pela definição de momento irão gerar 60 • 1,0 = 60 N · m de momento. A diferença está no sentido deles. Observamos que a força do lado esquerdo terá a tendência de girar a tábua no sentido anti-horário, enquanto a força de 60 N da direita terá a tendência de girar a força no sentido horário. DICA Para você verificar se o momento é no sentido horário ou anti-horário, uma dica é posicionar o dedo indicador de uma de suas mãos no ponto de rotação e, com a outra, fazer o movimento da força. Isso auxiliará a visua- lizar a rotação, determinando seu sentido. Sabendo a direção dos momentos, atualiza-se a Figura 4, conforme de monstra a Figura 5: 120 N 60N 60N 60N · m 1,0m 1,0m Figura 5. Indicação dos momentos atuantes no ponto de rotação da tábua. Com todos os carregamentos atuantes representados, observa-se claramen te que a tábua está em equilíbrio, tanto nas forças quanto nos momentos. Agora, vamos deslocar a base em 0,5 m para a direita, conforme a Figura 6: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. 120 N 60 N 60 N 1,5m 0,5m Figura 6. Nova posição da base da tábua. Olhando novamente os carregamentos, percebemos que não houve altera ções em relação às forças, então imagina-se que o equilíbrio é mantido. Porém, se calcularmos novamente os momentos, teremos os valores de 60 · 1,5 = 90 N ·me 60 · 0,5 = 30 N · m, assim temos a Figura 7: 120 N 60 N 60 N --- ( ---: -------- --------. ----- ----- 1 ------ ------·---- ----\ ----~----- 1,5 m 0,5 m Figura 7. Desequihblio de momentos. Com a diferença de momentos entre os sentidos horário e anti-horário, a tábua perde o equilíbrio, elimina-se a hipótese da estática e a tábua rotaciona. Para retomarmos o equilíbrio, vamos considerar novamente a Figura 6, mas agora a força da direita possuirá um valor F, que ainda é desconhecido, conforme a Figura 8: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. 60 N 60 + F 1,5 rn 0,5 rn Figura 8. Nova configuração da tábua. Temos que descobrir qual valor a força F precisa ter para se manter o equilí brio na tábua. Em relação às forças, o valor de Fserá adicionado à força normal de apoio e o equilíbrio em relação às forças se manterá naturalmente. Porém, é necessário também analisar os momentos. Calculando os momentos das duas forças das extremidades, tem-se que: { M01 = 60 · 1,5 = 90 N · m M 02 = F · 0,5 = 0,5F N · m (2) Sabendo do valor dos momentos, pode-se aplicar o equilíbrio em que os dois devem ter magnitudes iguais por terem sentidos diferentes, assim: Resolvendo a equação: 90 = 0,5 F ⇒ F = 180 N (4) Dessa forma, para equilibramos uma força de 60 N aplicada em um braço de 1,5 m, necessitamos que seja aplicada uma força na outra extremidade de 180 N, com braço de 0,5 m. Passando agora para uma geometria um pouco mais complexa, observe a Figura 9, em que temos uma peça em formato de L, que está fixada no ponto O (que permite apenas rotação) e possui as forças r; e r; aplicadas nos pontos apresentados: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. 0,4m o ➔ F, _ ,... __ .. 1( .__ ________ ....,I 0,5m Figura 9. Peça em L com duas forças atuantes. Como o ponto O é um ponto de fixação que permite rotação, as forças t=; e;=; serão equilibradas por forças normais aplicadas nesse ponto, já que a peça está em contato com ele. Com isso, o equilíbrio de forças está garantido. Resta saber o equilíbrio de momentos. Ao observarmos a força t=;, ela está aplicada para a esquerda e possui um braço de 0,4 m (perpendicular a ela), em relação ao ponto O. Devido a esse sentido, observa-se uma tendência de rotação no sentido anti-horário. Já a força ~ está apontada para baixo e possui braço de 0,5 m em relação ao ponto O. Como consequência, um momento no sentido horário é gerado. A Figura 10 ilustra esses carregamentos: ➔ F, 0,4m \ M, ➔ ., ~ ' F, 1 o 1 I / 0,5 m Figura 1 O. Momentos atuantes no ponta O. Supondo que a força~ tem magnitude de 100 N, para acharmos a força~. que mantém a peça em equilíbrio, basta realizar a igualdade de momentos: Resolvendo a equação: F 1 • 0,4 = 100 · 0,5 ⇒ F 1 = 125 N (6) MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Assim, o equilíbrio de momentos permite que se encontrem carregamentos com diferentes direções e sentidos, sendo uma equação importante quando se aplica o equilíbrio em corpos rígidos. A forma escalar da análise de momentos é apropriada para se estudar pro blemas bidimensionais, pois o momento gerado será sempre na mesma direção. Entretanto, o nosso mundo é tridimensionale é necessário uma abordagem que contemple forças e momentos nas direções x, y e z. Antes de passarmos à forma vetorial, há um importante conceito deve ser introduzido: o produto vetorial. •• O produto vetorial Para se abordar a forma vetorial na análise de momentos de uma força é necessário introduzir uma operação com vetores elementares: o produto veto rial. Trata-se do produto de dois vetores cujo resultado será um vetor também. O produto vetorial de dois vetores  e B, resultará em um vetor ê com a seguin- te notação: (7) O vetor ê terá a seguintes propriedades (HIBBELER, 2011): • Intensidade: a sua intensidade (ou módulo) será o produto das magnitu des dos vetores A e B, ou seja: 1c1 = IÂI x IBI; • Direção: a direção do vetor ê será perpendicular ao plano que define os vetores  e B (a Figura 11 exemplifica esse resultado); • Sentido: quanto ao sentido, de ve-se usar uma regra que foi vista no ensino médio em Física, e que será re capitulada agora, chamada de regra da mão direita. O objetivo da regra é curvar a mão direita, com os dedos apontados de  para B. O polegar apontará o sentido do vetor ê (confor- ➔ e me a Figura 12). Figura 11. lnd,caçâo do vetor resultado do produto vetorial. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Figura 12. Utilização da regra da mão direita. É importante observar que o produto vetorial não possui a propriedade comutativa, ou seja:  x B -:t- B x Â. A prova se dá justamente pela regra da mão direita, ao invertermos a direção da curvatura da mão, apontando agora de B para Â, conforme a Figura 13: ➔ e Figura 13. Regra da mão direita para o produto B x À. Logo, quando se invertem os termos do produto vetorial o resultado é o vetor oposto ao original, ou seja:  X B = - (8 X Â) (8) Sabendo como se efetua a operação do produto vetorial, vamos utilizar esse conceito nos vetores unitários, o que será fundamental para se realizar a análise de momentos na forma vetorial. Como realizamos um produto vetorial entre o vetor força e o vetor deslocamento, teremos produtos entre os vetores unitários i,} e k. Como são três direções e realizaremos produtos dois a dois, teremos seis produtos a serem estudados. A Figura 14 será a referência para observamos o resultado das direções dos produtos vetoriais: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Figura 14. Vetores unitários. Vamos começar pelo produto i x}. Utilizando a regra da mão direita, pode mos ver que o produto vetorial entre esses vetores unitários será k: i x j = k (9) A k Figura 15. Produto vetorial Í x J. Utilizando a propriedade de comutação do produto vetorial, invertendo o produto, temos que: jxl=-k (10l k T Figura 16. Produto vetorial i x /. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Passando agora para o produto] x k, temos, pela regra da mão direita, o resultado em i, conforme a Figura 17: j x k = i (11) A k A j Figura 17. Produto vetorial/ x k. Utilizando a propriedade de comutação do produto vetorial, invertendo o produto, temos que: k x j = -1 (12) K J Figura 18. Produto vetorial k x J. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Finalmente, realizando o produto vetorial i x k, temos que, pela regra da mão direita, o resultado será-}, conforme a Figura 19: i x k = -J (13) k a@ -I I Figura 19. Produto vetorial I x k. Utilizando a propriedade de comutação do produto vetorial, invertendo o produto, temos que: kxi=+J (14l k K C(iu=o 1 1 Figura 20. Produto vetorial k xi. Recomenda-se não memorizar esses resultados, mas sim compreender o uso da regra da mão direita para se chegar aos produtos indicados. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. EXPLICANDO Ao realizar repetidamente essas operações, imagina-se que o leitor irá memorizar naturalmente as operações de produto vetorial com os vetores unitários. Porém, é de suma importância o conhecimento da regra da mão direita como ferramenta de análise nos problemas envolvendo momentos de uma força. •• Momento de uma força: forma vetorial Com a definição do produto vetorial, é possível realizar a análise de mo mentos na sua forma vetorial. Define-se, portanto, o momento como um vetor, sendo resultado do produto entre o vetor posição e a força aplicada: ~ = r x F (15) Em que o vetor posição é definido a partir do ponto O, que é o ponto de apoio (polo) do momento, até a linha de ação da força. A Figura 21 apresenta a relação entre os vetores: h 1 Figura 21. Definição de momento sob a forma vetorial. I I I I Sendo um vetor, é preciso definir sua intensidade, direção e sentido. Ini ciando pela intensidade, ela segue a mesma definição da forma escalar, sendo o valor o produto do módulo da força pelo braço de aplicação que, lembrando, deve ser perpendicular à linha de ação dela: 1 Mo 1 = 1r1 x 1"f 1 (16) MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Quanto à direção, segue-se a mesma linha da formulação escalar, em que é definida perpendicularmente ao plano definido pelos vetores posição e força.Já o sentido segue o que foi visto no produto vetorial, através da regra da mão direita. Dentro da formulação vetorial, há ainda uma variação do cálculo do momen to quando não se tem o vetor posição na direção perpendicular à linha de ação da força. Para se calcular a magnitude será necessário calcular o comprimento da projeção desse vetor na direção perpendicular à força, que é justamente o valor necessário para o cálculo do produto vetorial. Esse princípio é chamado de transmissibilidade e pode ser visto na Figura 22 (HIBBELER, 2011 ): h 1 I Figura 22. Pnnc,pio da transmissibilidade. I I I I o / I I I F I I I Observe que os vetores posição entre os pontos O, A e B possuem a mesma projeção r na direção perpendicular ao vetor força. Com isso, a magnitude do momento calculado sempre será a mesma e, pela regra da mão direita, a dire ção e o sentido também, logo: M = T x f = T x f (17) O A B MECÂNICA DOS SÓLIDOS. EXPLICANDO Normalmente, busca-se encontrar o vetor posição na direção perpendicular à linha de força, para simplificar o cálculo do momento. Porém, o princípio da transmissibilidade é uma ferramenta conveniente para o cálculo ser realizado diretamente entre o vetor força e o vetor posição que liga o polo e o ponto de aplicação da força, independente se são perpendiculares ou não. Com a definição concluída, vamos passar para o cálculo do momento de uma força utilizando os vetores unitários. Seja uma força F = F) + F) + F,f< apli cada em um ponto A. Deseja-se calcular o momento dessa força no ponto O, sendo que o vetor posição entre O eA é definido como sendo r; = r) + r) + r,f<. Aplicando o produto vetorial, tem-se que: M0 = rA x F =(ri+ r J + r k) x (F i + F j + F k) (18) X y l X y l Existem dois métodos de resolução: direta e matricial. Na resolução direta, aplica-se a propriedade distributiva, chegando-se a nove termos: Mo= r;x F = (r/)I x Í + (r/)} x Í + (rf)k x Í + (rxF)I x} + (r/)} x} + (rf)k x} + (rxF)Í x k + (r/)J x k + (rf) k x k (19) Na seção sobre produto vetorial, não se comentou a respeito do produto entre vetores unitários iguais, como i x i,J x J e k x k. Nesse caso, o resultado será sempre zero, uma vez que vetores paralelos sempre terão produto vetorial nulo. Assim, eliminam-se três termos, e realizando os outros pro dutos vetoriais, tem-se que: ~ = r"; x F = -(r/)k + (r/)} + (r/)k- (r,F)i- (rf) J + (r/)I (20) Aglomerando os termos com o mesmo vetor unitário, chega-se ao resul tado geral: A segunda forma tem a vantagem de eliminar a necessidade de se calcular o produto vetorial entre os vetores unitários, o que auxilia a condensar o cálculo, já que precisaremos apenas calcular o determinante da matriz montada da maneira: i j k M = (X F= rx rr r, O A Fx Fy F, (22) MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Calculando o determinante, tem-se que: Aglomerando novamente os termos semelhantes temos: M0 = rA x F = (r F - r F 1i + (r F - r F),J + (r F -r F)k (24) yz zy' z x x xy y Observe que o resultado é o mesmo da equação (22). mostrando que os dois métodos são aplicáveis. Extrapolando esse conceito para um sistema de forças, temos que o momento atuante em um ponto O será o somatório dos momentos de cada força. Dessa forma: Mo= L_,nr; X -r; (25) A Figura 23 exemplifica um sistema de três forças e os vetores posição em relação ao ponto O: X Figura 23. Sistema de três forças com seus vetores posição. Logo, quando tratarmos de equilíbrio, teremos que impor que esse soma tório deverá ser nulo, respeitando os preceitos da estática dos corpos rígidos. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. O Estática das partículas •• Já vimos, ao longo dessa unidade, que o conceito de equilíbrio é o elemento fundamental para a estática dos corpos rígidos ser aplicada. Também vimos o conceito de momento, que leva em consideração a dimensão do corpo rígido sobre o qual as forças estão sendo aplicadas. Quando esses momentos são desprezíveis e não interferem significativamente no movimento ou no repouso desse corpo, admite-se a hipótese de ponto mate rial, que consiste na redução do corpo a um único ponto e em fazer com que todas as forças atuantes nele sejam aplicadas nesse lugar geométrico sem nenhuma di mensão, o que faz qualquer produto de força por distância se tornar nulo. A essa hipótese, insere-se o conceito de estática das partículas ou estática do ponto material. Nesse assunto, esse lugar geométrico permanecerá em repouso e o somatório de forças atuantes nele, o qual nomeamos como resultante, será nulo, estando de acordo com a primeira lei de Newton (HIBBELER, 2011). Para se obter esse equilíbrio é necessário esquematizar as forças atuantes no ponto, através do que chamamos de diagrama de corpo livre. Esse diagrama nada mais é que o desenho do ponto que representa o corpo e das forças atuan tes, com suas respectivas magnitudes, direções e sentidos. A Figura 24 apresenta um exemplo para um conjunto de forças aplicadas apenas em duas dimensões: X ~ 3 ~ 2 Figura 24. Sistema de três forças com seus vetores posição. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Como utilizamos um exemplo bidimensional, vamos começar observando o diagrama de corpo livre, para depois extrapolarmos para o caso tridimensional. Observando a Figura 24, já temos um diagrama de corpo livre para o ponto material em questão. Para montar as equações de equilíbrio, novamente temos duas abordagens: escalar e vetorial. Utilizando a primeira, deve-se fazer a de composição das forças 1 e 3 nas direções x e y, dessa forma: X Figura 25. Sistema de três forças decompostas nos dois eixos. Com a decomposição de forças, basta fazer o somatório das forças nas duas direções: { F -F =O 1x 3x F,y - F3Y - F2 = O (26) Dadas as componentes conhecidas, resolve-se o sistema de duas equações. Para o caso de sistemas tridimensionais, a abordagem vetorial é mais apropria da. Portanto, basta impor o somatório de forças iguais a zero: ,_F= O (27) Decompondo as forças nas direções unitárias: Para o vetor ser nulo, todas as suas componentes devem ser nulas: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Para contextualizar essas abordagens, iremos passar por dois exemplos, cada um utilizando uma delas para ser resolvido. Um vaso é suportado por dois cabos, conforme a Figura 26. Determinemos o peso máximo desse vaso, saben do que os cabos possuem limite estrutural de 80 N. Aproximemos ../3 = 1,75: Figura 26. Exempla de equihbria de ponta material. Para resolver esse problema, é possível adotar o ponto C como um ponto material e aplicar os três carregamentos atuantes nele: o peso do vaso, que cha maremos de P, e as forças nos fios, que serão chamadas de FA e F8 : e e p p Figura 27. Equilíbna na ponta C. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Com a decomposição de forças já realizada na direção vertical e horizontal, aplica-se o equilíbrio nas duas direções: Substituindo as componentes pelos valores totais das forças com seus res pectivos ângulos, tem-se que: (31) Na primeira equação do sistema (31). encontra-se uma relação direta entre as forças dos dois fios: FA = ¾ · F 8 , o que mostra que F 8 > FA. Sendo a força em B maior, ela será o limitante de 80 N da carga limite. Assim, adota-se F 8 = 80 N. Como con sequência, FA = 50 N. Substituindo na segunda equação: 0,6 · 50 + 80 · 1,;s = P = P = 100 N (32) No segundo exemplo, será considerado um problema de cabos, semelhante ao primeiro exemplo, mas agora com três componentes, cada um com representação diferente para o leitor se acostumar com as possibilidades de apresentações dos ângulos tridimensionais. Considere uma caixa de 250 N suportada por três cabos, conforme Figura 28. Determinemos a força de tração em cada um dos cabos: z X Figura 28. Exemplo tridimensional de equilíbrio. 1 11m 1 ini -,"" 135º ,,'2m y MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Como se trata de um problema tridimensional, a notação vetorial se mostra mais adequada. Primeiramente, deve-se definir os vetores força dos cabos A, B e e, além do vetor da força peso da caixa de 100 N. No cabo A, foram pas sadas três distâncias, uma em cada eixo do cabo A em relação ao ponto de encontro dos três cabos. Nessa notação, para se achar o vetor força define-se seu módulo, FA, que ainda é desconhecido, calcula-se o módulo desta distância: ldA 1 = .J(22 + 22 + 12) = .../5 e monta-se o vetor com a razão entre a distância pas sada no eixo e seu módulo, assim: -2~2 ~ 1' FA = -15 Fi + -15 FAJ + -15 FAk (33) O vetor força do cabo B é simples de se obter, uma vez que ele está apenas na direção x, portanto: (34) O vetor força no cabo C teve sua representação através do ângulo que essa força possui com os eixos de coordenadas. Dessa forma, cada compo nente será o produto do módulo da força, neste caso Fc, pelos cossenos dos ângulos indicados: 7; = Fc · cos120º i + Fc · cos135º] + Fc · cos60º k (35) Substituindo os valores dos cossenos: 7; = -0,5Fc i -OJFJ + 0,5Fc k (36) A força peso é vertical para baixo, portanto: W = -Wk. Finalmente, aplica-se o equilíbrio de forças em cada componente no ponto de junção dos três cabos, admitindo a hipótese de ponto material. Montando três equações: - _?_ F + F - O SF = O -./5 A 8 ' C +_?__F -07F =O -/5 A ' C (37) + ~1~ F + O SF - W = O -/5 A ' C As três equações possuem três incógnitas e o sistema linear pode ser resol vido. Utilizando as equações em y e z, percebe-se que há apenas as forças 7_; e 7;, o que facilita a resolução do sistema. Desta forma: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. { 11'.:I = 230,2 N iT,;1 = 352,9 N lr;'. I = 294, 1 N O Estática dos corpos rígidos (38) •• Nos corpos rígidos, as equações de equilíbrio de forças serão as mesmas que no caso de se aplicar a hipótese de ponto material. O que diferencia este caso do anterior é justamente a consideração sobre as dimensões do corpo, o que implicará o surgimento de momentos de forças com tendência a rotacio ná-lo. Sendo assim, para se equilibrar corpos rígidos, deve-se ter o equilíbrio de forças e momentos: IF=O IM= O (39) Decompondo as forças e momentos nas direções unitárias: IF)+IF)+IF,k=Ô IM)+ IM)+ IM,k = Ô (40) Para os vetores serem nulos, todas as suas componentes devem ser nulas: Observe que no caso de existirem todas as componentes teremos seis equações de equilíbrio, que representam os seis graus de liberdade de um corpo no espaço tridimensional, com três movimentos devido às forças e três rotações devido aos momentos. Para exemplificar, iremos apresentar um caso geral, abordando a maior quantidade de graus de liberdade possível. Um mastro está fixado no solo conforme a Figura 29. A fixação é conhecida como junta esférica e permite que o mastro rotacione nas três direções, mas não permite seu deslocamento em nenhuma direção. Além da junta, dois ca bos complementam a fixação do mastro. Determinemos as forças de traçãodos cabos A e B e também as reações à junta esférica, sabendo que o mastro é solicitado em sua ponta por uma força F = -500} N. Devido à magnitude das forças, a força peso do próprio mastro pode ser desprezada. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. , , A..,_, Figura 29. Equihbria em um mastro. z F -------------- B ,-' 2 o m , , -, -------------.,, ,,' 5,0 m , , ,,' 5,0 m , y Para identificar as forças atuantes no mastro, é necessário realizar o diagra ma de corpo livre no mastro, lembrando que o problema indicou para despre zar a força peso da peça, assim: z F y Figura 30. Diagrama de corpo livre. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. As reações 0:, o; e O: existem porque o problema impôs que a fixação do mastro se desse através de uma junta esférica que permite a rotação do mas tro (não há resistência a momentos), mas que não permite o seu deslocamento (há resistência a forças). Assim, para resistir aos movimentos devem existir for ças nas três direções impedindo isso. Vetorizando todas as forças, tem-se que: f = -soo} --+F = 5 F j_ 4 F k A~ A~ A F = - 2 F j + 5 F j - 4 FBI< B -./22 + 42 + 52 B -./22 + 42 + 52 B -./22 + 42 + 52 (42) Montando as três equações de equilíbrio de forças teremos cinco incógnitas (FA, FEY o,, OYe O,). Para completar o sistema, é necessário realizar o equilíbrio de momentos. Adotando o ponto o como ponto de rotação (polo) e eliminando os momentos de o,, OY e 0 1 , tem-se que: Os vetores posição são respectivamente: 7 = 7 = 7 = 4k (44) F A B 1 EXEMPLIFICANDO O vetor posição é feito pela ligação do ponto de apoio, nesse caso O, e o ponto de aplicação da força, que é no alto do mastro. Aplicando o produto vetorial: MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Observe que apenas duas direções possuem momentos e formarão as duas equações de equilíbrio que faltavam. Finalmente: 5 2 L Fx =O=> ../41 FA - -./45 F8 + Ox = O 5 I F, =O=>+ -145 FB + o, -500 = O 4 4 "F=O=>--F--F+O=O L, ../41 A -./45 B z 20 , M = O => - - F + 2000 = O L x -./45 8 20 8 L M, = o= ../41 FA - -./45 FB = o (46) Da quarta equação do sistema (46), chega-se a F 8 = 670,82 N. Da quinta equação, chega-se a FA = 256, 13 N. Da primeira à terceira equações, encontram -se respectivamente as seguintes reações de apoio: ox = o, OY = o e o, = 560 N. Observe que as reações nas direções x e y são iguais a zero, o que signifi ca que apenas os cabos exercem forças nessas direções e se anulam entre si. Devido à fixação dos cabos com o solo, ambos acabam possuindo uma compo nente na direção z, que é equilibrada pela única reação da junta que não é nula. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Sintetizando • Essa unidade focou nos conceitos de equilíbrio de pontos materiais e de corpos rígidos, apresentando primeiramente o conceito de momento estático, que consiste na tendência de uma força a rotacionar um corpo rígido. O momento possui duas abordagens quando é analisado: escalar e veto rial. Na análise escalar, utilizada em problemas com carregamentos apenas em duas dimensões, o momento sempre será o produto da força pela distância perpendicular do ponto de apoio (conhecido também como polo) e a linha de ação da força. A sua direção será sempre perpendicular ao plano que contém as forças, e o sentido será dado sempre pela regra da mão direita, podendo ser horário ou anti-horário. Antes de apresentar a abordagem vetorial do momento foi necessário de finir a operação que caracteriza seu cálculo: o produto vetorial. Esse produto entre vetores resulta em um terceiro vetor, perpendicular ao plano que define os dois primeiros. No caso de vetores tridimensionais foram apresentados os produtos dos vetores unitários, respeitando também a regra da mão direita. Na abordagem vetorial dos momentos, eles foram definidos a partir do produto vetorial do vetor posição e do vetor força, sendo apresentadas duas maneiras de cálculo, direta e matricial, em que a segunda se mostra mais van tajosa por reduzir o número de operações. Após as definições de momento, abordamos o detalhamento das análises estáticas de pontos materiais e corpos rígidos. Nos pontos materiais, concen tram-se as forças em um único ponto, realizando o equilíbrio em duas (bidi mensional) ou três (tridimensional) direções. Por fim, apresentamos um problema completo de equilíbrio do corpo rígi do, considerando todos os seis graus de liberdade, caracterizado por três des locamentos, devido às forças, e três rotações, devido aos momentos atuantes. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. Referências bibliográficas • BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R.; MAZUREK, D. F. Mecânica vetorial para enge nheiros: estática. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019. HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física de Sears & Zemansky: Mecânica. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2015. v. 1. MECÂNICA DOS SÓLIDOS. UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade • Introduzir o conceito de estática técnica e suas aplicações em engenharia; ,1:: Apresentar os principais vínculos de fixação das estruturas, considerando aplicações bidimensionais e tridimensionais; • Apresentar determinados sistemas de forças e suas equivalências nos cálculos de engenharia. Tópicos de estudo e Estática técnica: vínculos, apoios e ligações Vínculos bidimensionais Vínculos tridimensionais ~ Equilíbrio e sistema de força Sistema de forças equivalentes MECÂNICA DOS SÓLIDOS. •• Estática técnica: vínculos, apoios e ligações A estática técnica é a aplicação dos conceitos da estática dos corpos rígidos em modelos de engenharia. A partir das equações de equilíbrio, as estruturas são modeladas de acordo com os carregamentos nelas atuantes, assim como as reações que ocorrem em suas fixações. Essas fixações serão detalhadas a seguir, definindo o que denomina-se vín culos. Assim, os vínculos são os pontos de fixação das estruturas em algo fixo, como chão, paredes ou outras estruturas. Esses vínculos são responsáveis por fornecer reações que impedem a movimentação da estrutura em determinadas direções. Portanto, uma determinada estrutura é modelada a partir das equações de equilíbrio da estática dos corpos rígidos, incluindo as reações de vínculo. Figura 1. Guindastes em operação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/06/2020. Os guindastes, que podem ser observados na Figura 1, são excelentes exem plos de aplicações da estática em estruturas construídas pelo homem. Dada a posição da carga no equipamento, os carregamentos atuantes variam, sempre levando em consideração que o equilíbrio deve ser invariavelmente respeitado. Outro exemplo comum são as estruturas que suportam algum tipo de car- ga. Uma das mais usuais, conhecida como treliça, consiste em um conjunto MECÂNICA DOS SÓLIDOS • de barras que, juntas, formam uma estrutura única. A Figura 2 apresenta um exemplo deste tipo de aplicação. Figura 2. Estrutura de treliça. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/06/2020. Assim, pode-se afirmar que a estática técnica trata direta mente dessas estruturas complexas, as quais são montadas de acordo com projetos desenvolvidos e com dimensões determi nadas de maneira a suportar os carregamentos nelas atuantes. Vínculos, apoios e ligações Ao estudar as estruturas, é necessário executar as equações de equilíbrio, a fim de checar se os requisitos da estática estão sendo respeitados. Isso posto, é possível asseverar que alguns desses carregamentos não são conhecidos a priori; todavia, ao se impor o equilíbrio, eles serão encontrados. Esses carregamentos são classificados como reações de apoio, ou reações de vínculo, que são as forças geradas a partir da forma de fixação da estrutura em uma parede, teto ou chão. Assim, cada vínculo possui sua própria característica e irá gerar reações em um ou mais graus de liberdade. A seguir, serão
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