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Co rt es ia M ár io R an ge l/T op S tu di o Novembro 20024 NOVO FORMATO Comprei hoje a lindíssima UFO 81 e felicito os parceiros Mythos e CBPDV, desejando-lhes enorme êxito. Antes mes- mo de a ler já pude notar que foi mantida a tradicional qualidade informativa e a beleza das ilustrações. Acho que muitas agências de publicida- de e empresas deseja- rão estar presentes na publicação. O tema de capa, atualíssimo, aju- dará a atrair novos lei- tores. A emoção foi tanta que nem deu para esperar meu exemplar de assinante... Mário Rangel, mario.rangel@terra.com.br Fiquei entusiasma- da quando vi a “nova” UFO nas bancas. A re- vista está revigorada, mais bonita e atrativa. Parabéns pela par- ceria com a competente Mythos Edito- ra. E muito obrigada por nunca desisti- rem de continuar seu trabalho. Durante estes meses em que a revista não circu- lou, senti um imenso vazio. Deborah Carvalho Farias, Rio de Janeiro (RJ) Parabéns pela edição de outubro (81). A Mythos Editora foi uma grande escolha que vocês fizeram como parceira. Como acompanho a revista, posso dizer que UFO deu um grande salto de qualidade. Roberto Pintucci, robertopintucci@uol.com.br Acompanho a revista desde a época em que se chamava PSI-UFO. Lembro- me que, naquela época, a equipe chegou a inventar uma espécie de cartão de só- cio, a fim de obter recursos para a produ- ção e manutenção da publicação. Mas agora as coisas mudaram e UFO conta com o apoio da Mythos Editora. Fico ex- tremamente contente com isso. A publi- cação melhorou tanto na qualidade im- pressa quanto editorial. Parabéns. Leandro da Rocha Tavares, leantav@hotmail.com Comprei UFO 81 numa banca perto de minha casa. Está linda e é muito legal poder adquirí-la novamente. Também gos- tei muito do artigo de Philipe Kling David, Grandes Desafios da Perícia Ufológica no Século XXI. Parabéns para ele pelo novo formato da revista. Mas gostaria de alertá- los de que algumas bancas ainda não sa- bem que a UFO voltou a circular normal- mente. Inclusive, depois que comprei a revista, levei para meu jornalei- ro preferido e ele não acreditou que tinha saí- do mais uma edição. Laura Elias, São Paulo (SP) A Equipe Ufonewsbr gostaria de externar sua enorme satisfação com a qualidade da “nova” Re- vista UFO, edição 81. Ela é certamente uma conseqüência natural da longa jornada virtuosa a que se propõe. O Conselho Editorial da pu- blicação nunca esteve tão perfeito e com- pleto como atualmente. Reinaldo Stabolito, stabolito@ieg.com.br Além da ótima qualidade gráfica, a re- vista manteve sua credibilidade ao tratar de forma séria a questão ufológica. Para- béns a todas as pessoas que tornam essa publicação cada vez melhor. Nunca desis- tam da luta em prol da Ufologia! Diego Mubarack de Melo, ovnisbr@yahoo.com.br UFO 81 Considero a matéria sobre os círcu- los ingleses, publicada em UFO 81, uma das mais completas abordagens do as- sunto que já li nos últimos tempos. Des- de o lançamento do filme Sinais, de M. Night Shyamalan, o assunto foi tratado em diversos veículos de comunicação do país, que, ao contrário desta revista, trataram do importante fenômeno ape- nas como um espetáculo. Ana Carolina Ribas, Bauru (SP) Extremamente pertinente o artigo Até que Ponto a Internet Melhora a Pesquisa Ufológica?, de A. J. Gevaerd publicado na última edição de UFO. É realmente as- sustador quando algo sério como a pes- quisa de campo é trocada pela pesquisa virtual. Os novos ufólogos deveriam aprender que o diferencial de um traba- lho completo e eficiente é a experiência somada à pesquisa de campo. Ângela Nascimento, Belém (PA) Interessantes as afirmações do editor A. J. Gevaerd sobre a questão da Ufolo- gia estar ameaçada pela dominação glo- balizada dos meios virtuais. A internet é muito importante para a difusão ufológi- ca. No entanto, devemos ficar atentos e não deixar que investigações fiquem sem respostas. Ao longo de suas edições, UFO demonstrou seriedade e coragem para solucionar as dúvidas dos leitores. Válter Silva, valter.silva@solvay.com A idéia defendida por Philipe Kling David em seu artigo Grandes Desafios da Perícia Ufológica no Século XXI, de que nunca houve tanta gente desesperada em acreditar no Fenômeno UFO, não me pa- rece compatível com o que acontece nos meios ufológicos. Como exemplo, cito alguns casos antes considerados verdadei- ros e que hoje são revistos, como ocorreu com o Caso Guarapiranga. Isso indica um amadurecimento da Comunidade Ufoló- gica, que está reconstruindo sua própria história a partir de pesquisas mais con- cretas e aprofundadas. Daniel Augusto Silveira, Sorocaba (SP) Fico feliz em ver um assunto tão polê- mico quanto os implantes ser abordado de forma séria e minuciosa pelo médico Ro- ger Leir, no livro Implantes Alienígenas [LV-11] e no artigo publicado por UFO na última edição, Implantes Alienígenas: Sólidas Evidências da Manipulação Bio- lógica de Seres Humanos. Acredito que esses artefatos retirados de abduzidos se- jam a mais concreta das provas da existên- cia de seres extraterrestres. Helena Barros Medeiros, Manaus (AM) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 5Novembro 2002 Desejo cumprimentar toda a Equi- pe UFO e, em especial, Philipe Kling David, Carlos Alberto Machado, Rogé- rio Chola e Fabrina Martinez, que con- tribuíram para a confecção da edição 81. Com uma capa bem diagramada e pa- pel de ótima qualidade, a publicação surpreendeu a todos. Esperamos que os ufólogos procurem colaborar com esta nova fase editorial, deixando de lado as tradicionais disputas, que são o marco negativo da Ufologia. Rodolfo Heltai, grupoandromeda@ieg.com.br Gostei da atitude da Revista UFO ao escolher o tema mutilações para a edi- ção 81 [Onda de Mutilação de Animais Põe em Alerta Ufólogos Argentinos]. A casuística em nossos países vizinhos, como Argentina e Chile, está cada vez mais intensa e a revista soube abordar esse fato esplendidamente. Enos F. Beolchi, enosfb@terra.com.br O artigo de Carlos Al- berto Machado, Novas Formas de Encarar a Pre- sença Alienígena na Ter- ra, foi extremamente in- teligente ao propor uma mudança na visão cientí- fica das pessoas em rela- ção ao Universo. Mais que procurar respostas em outros planetas e galáxias, está na hora de começarmos a reformular as questões que permeiam o tema – e que estão a nossa frente. Maria Paula Teixeira, Salvador (BA) UFO 80 Parabenizo o autor Ataíde Ferreira da Silva Neto pela matéria Evidências de Ati- vidades Alienígenas em Mato Grosso, que está muito interessante. Gostaria de suge- rir que a revista se torne mensal, como an- tigamente, haja vista que algumas bancas não sabem que a mesma voltou a circular, em razão de alguns atrasos no passado. Cássia Batista, Corumbá (MS) BIBLIOTECA UFO Comprei o livro Quedas de UFOs [LV-09], do ufólogo Thiago Ticchetti, e afirmo que nunca li uma obra tão bem elaborada. Fiquei surpreso com as re- velações inéditas da obra e com a quan- tidade de casos registrados no mundo. É, com certeza, um dos melhores livros ufológicos já lançados no Brasil. Fernando Veras, comercial@stpeter.com.br Resolvi ler o livro UFOs no Brasil [LV-10] depois de ver a entrevista do au- tor Antonio Faleiro, publicada em UFO 80. O ufólogo é realmente muito corajo- so ao desmistificar mitos e lendas do fol- clore popular, afirmando que se tratam de manifestações do Fenômeno UFO. A explicação detalhada dos casos e a argumenta- ção do autor comprovam que a Equipe UFO é ex- tremamente seletiva em seus lançamentos. Alice Goez, Juiz de Fora (MG) Fiquei surpresa com o novo lançamento da Bi- blioteca UFO, O Mistério dos Círculos Ingleses [LV-12], de Wallacy Al- bino. O livro impressiona ao trazerfiguras de círculos ao lado dos textos, além das 40 páginas de encarte com fotos dos círculos mais surpreen- dentes de 2002. Recomendo a todos os interessados no assunto. Luciana Borges, Passo Fundo (RS) A Equipe UFO continua se aprimo- rando. O novo formato do livro O Misté- rio dos Círculos Ingleses [LV-12], de Wal- lacy Albino, deixa isso claro. Mais fotos, textos mais consistentes, os ícones late- rais das páginas nos formatos dos círcu- los e um belíssimo encarte. Muito bom mesmo. Eu o recomendaria a muitos ci- entistas, que precisam saber o que ocorre além de seus limitados horizontes. Juarez Machado Filho, Natal (RN) Nossos leitores se surpreende- ram ao ver a UFO 81, de outubro, que muitos chamaram de “a nova UFO”. A edição realmente trouxe novidades que a fizeram merecer a menção. Suas características gráfi- cas mostraram-se imensamente superi- ores, sendo a revista impressa em papel de alta qualidade e in- teiramente em cores. Seus textos também demonstraram cuida- do e consistência – virtudes indispensáveis à imprensa ufológica. Mas se aquela edição sur- preendeu, essa agora, de novem- bro, irá fazê-lo em dose ainda mai- or. Basta que se folheie o exemplar e se veja a diversidade de seus arti- gos, cobrindo áreas importantes da fenomenologia ufológica. Mas o que mais chamará a atenção é que a revista, após quase dois anos de ir- regularidades em sua circulação, volta finalmente ao normal. Esta edi- ção é prova de que UFO será mais uma vez mensal. Isso só é possí- vel graças a uma parceria que o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) acaba de fazer com a Mythos Editora, dona de títulos muito bem-sucedidos no mercado, tais como Sexto Sentido e Além da Vida. A Mythos, com sua sólida infra- estrutura e sensível às exigências da população por informações ufo- lógicas de qualidade, abraçou a cau- sa de UFO por pelo menos três edi- ções – período de testes da parce- ria. Nesta fase, será a responsável pela impressão e circulação da re- vista, enquanto o CBPDV continua à frente de seu manejo editorial. Mas quem ganha com essa parce- ria não somos apenas nós – CBPDV ou Mythos –, e sim a Ufologia Bra- sileira, que volta a ter um veículo forte de divulgação do assunto. Ja m es N ef f ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Novembro 20026 UFO PRÓXIMO DA ESTAÇÃO MIR Sempre envolto por um manto de mistério, o programa espacial russo ago- ra se agita com a recente informação de que mais um vôo espacial foi seguido por UFOs. Gennadij Strekhalov, ainda a bordo da estação espacial Mir, duran- te o vôo de 1990, observou da escotilha da espaçonave um objeto que chamou de “árvore de natal”. Strekhalov deu uma entrevista à imprensa mundial em que afirmou categoricamente que, em seus dois últimos vôos, viu algo inusi- tado junto do comandante da Mir, Gen- nadij Manakov. “Infelizmente – mas não é comum –, não pensamos em co- locar um filme em nossa câmera rápi- do o suficiente para registrar o objeto”, disse Strekhalov. “Eu e Manakov olhamos para aquilo e vimos também que a atmosfera estava completa- mente limpa. De repente, um tipo de esfera apareceu. Pode- ria compará-la com uma deco- ração de árvore natalina, bo- nita, brilhante e reluzente”. O cosmonauta observou o fenômeno por 10 segundos. A esfera surgiu da mesma forma que desapareceu. “O que era aquilo? Qual o seu verdadeiro tamanho? Não sei, mas sei que não existe nada comparável!”, completou. Ele garantiu também ter avi- sado o centro de controle da missão, mas, receoso, não disse ter visto um UFO, e sim um fenômeno incomum. “Tinha de ser cuidadoso com a escolha de pala- vras, pois não quero que alguém espe- cule demais ou que me leve à mal”, con- cluiu o cosmonauta. PERU BUSCA TECNOLOGIA DE ETS Na edição de 28 de setembro do jor- nal The Miami Herald foi noticiado que a Força Aérea Peruana (FAP) está ten- tando aproveitar as descobertas sobre UFOs com vistas a usar tecnologia ex- traterrestre. O comandante Julio Cha- morro, diretor do Centro de Investiga- ção de Fenômenos Aéreos da FAP, declarou que seu escritório recebe cen- tenas de chamadas que podem estar re- lacionadas com o fenômeno ufológico. “Algumas das quais descrevem situa- ções que poderiam causar problemas para a aviação”, alega Chamorro. Ele afirmou ainda que é importante provar a existência dos UFOs, “que é um tema que merece toda a nossa atenção, tanto em investigação como por questões de segurança aérea”. Mas o comandan- te também planeja usar a tecnologia des- sas naves para proporcionar avanços tec- nológicos para a FAP. Estas declarações são evidentemente po- lêmicas, mas partindo de um comandante militar, podem dei- xar transparecer al- RÚSSIA ESCONDE INFORMAÇÕES Em sua edição de 18 de outubro, o jornal russo Pravda trouxe extensa ma- téria do investigador Nikolai Subbotin, em que denuncia a política de sigilo im- posta à questão ufológica em seu país. Apesar da modernização por que a Rús- sia tem passado nos últimos anos, e a ten- tativa de acompanhar a Europa e EUA no que se refere à globalização, não se tinha visto até então denúncias tão pe- sadas contra o governo de Vladimir Put- tin quanto ao assunto. Subbotin expôs as di- ficuldades por que passam os investiga- dores russos para ob- ter documentos milita- res e do governo sobre o Fenômeno UFO. Ele acusou a agên- cia remanescente da KGB de sonegar informações à população. “Até nos Estados Unidos, onde o tema é manti- do a sete chaves, há milhares de documentos à disposição dos ufólogos e de qualquer ci- dadão”, afirmou. Em seu arti- go, Subbotin se refere a uma entrevista que fez com o ex-mi- litar Eugeny Lutsenko, que participou de operações de per- seguição a UFOs antes da ex- tinção da União Soviética. “O tema é de interesse de todos e tem sido ampla- mente tratado até mesmo pela Acade- mia Russa de Ciências, o Comitê Esta- tal de Hidrometeorologia e o Ministé- rio da Defesa, mas os resultados são mantidos em sigilo”. LUZES EM FEIRA DE AVIAÇÃO NO CHILE Objetos voadores não identificados causaram surpresa no Chile. Em duas gravações em vídeo, realizadas durante a última Feira Internacional do Ar e Es- paço (FIDAE), em Santiago, surgiram estranhos fenômenos luminosos que pa- reciam interceptar as evoluções de um avião de caça em exibição. Não é a pri- meira vez que isso acontece. A FIDAE, guma nova iniciativa com relação ao assunto. Militares norte-americanos tentam, há décadas, usar informações sobre UFOs como forma de aprimo- rar seus recursos tecnológicos. Sabe- se que naves acidentadas ou derruba- das naquele país, porém com poucos danos, foram restauradas e testadas por pilotos de provas. Nos Estados Unidos, nação de muita tecnologia e fartos recursos destinados às pesqui- sas bélicas de todos os tipos, isso pode ser possível. Mas no Peru, uma nação quase miserável, não se tem idéia de como isso seria feito. A ESTAÇÃO MIR, antes de cair na Terra, foi palco de observações de inúmeros UFOs, sempre ocultadas. No detalhe, Strekhalov (direita) e Manakov Co rt es ia N AS A Co rt es ia P ra vd a ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 7Novembro 2002 uma das mais tradicionais e d i s p u t a d a s feiras de avia- ção do mun- do, tem sido palco de ob- servações de UFOs há vári- os anos. Dessa vez, em abril passado, não foi diferente. No dia 06, Cláudia Cabezas e seu irmão chegaram ao recinto da exposição, no Aeroporto de Los Cerrilos, equipados com câmeras devídeo. Segundos depois da decolagem do caça, ambos viram um estranho brilho segui- los. O jovem, que já estava gravando tudo, tentou registrar a cena. Chegando em casa mais tarde, no entanto, Cláudia passou a fita quadro-a-quadro para ver se localizava o estranho brilho. Em vári- as passagens da gravação – que não dura mais de cinco minutos – pode-se notar uma série de faíscas luminosas que atra- vessam o quadro em segundos. “Gosto muito de Ufologia desde pe- quena”, disse Cláudia aos repórteres. “In- clusive, meu primeiro avistamento acon- teceu há 10 anos. Eu sabia que neste tipo de feira sempre podemos ver coisas estra- nhas. Por isso levei minha câmera”. Ela ainda pediu ao seu irmão para que revisas- se inteiramente a fita gravada por ele, sen- do possível encontrar na mesma vários ou- tros objetos de origem desconhecida. Após uma análise preliminar no material, ficou completamente descartada a possibilidade de fraude. Mas a fita ainda deverá ser exa- minada em detalhes, para se apurar dados como o tamanho dos objetos, velocidade de deslocamento e comporta- mento. Nesse instante, os in- vestigadores chilenos procu- ram saber se a força aérea fez algum registro da presença de UFOs naquele dia. No aero- porto de Cerrilos também existe uma torre de controle, de onde os funcionários po- dem ter observado algo estra- nho. Como se sabe, no Chile há uma relativa abertura deste assunto entre militares, que têm até uma comissão de pesqui- sas oficiais sobre o Fenômeno UFO. Mas ela ainda não se pro- nunciou a respeito. ÁREA 51 PODE VIRAR FILME A Área 51, uma base de provas norte- americana ultra-secreta, localizada no De- serto de Nevada, sempre inspirou teorias conspiracionistas entre os ufólogos. Não é pequena a quantidade deles que acredita que a base, que tem apenas uma pequena parte acima da superfície e muitos andares subterrâneos, abriga naves extraterrestres – adquiridas à força ou não pelos norte- americanos – e seus tripulantes. Essa hi- pótese tomou corpo principalmente no fim dos anos 80, começo dos 90, após declara- ções do físico Robert Lazar, que alega ter trabalhado com vários modelos de UFOs na base, junto de outros cientistas. “Havia um tipo de nave que, por suas característi- cas, eu a chamava de modelo esportivo”, diz Lazar, referindo-se a um objeto peque- no. Muitos ufólogos daquele país acredi- tam em suas declarações, ao passo que os mais ortodoxos as consideram pura elucu- bração. Pois agora os mistérios em torno da Área 51 poderão ser revelados através do cinema, e novamente a façanha se de- verá a Lazar. A história será baseada na experiência narrada por ele, com detalhes das atividades que desenvolveu naquele lu- gar. O físico teria firmado um contrato com a produtora inglesa Bluebook Films para tornar públicos os segredos da Área 51 sobre a manipulação de tecnologia extra- terrestre. O fundador da produtora, Bru- ce Burgess, afirmou que “depois de Ros- well, a história de Bob Lazar é o evento mais significativo deste gênero”. UFOS NO CHILE são comuns, inclusive sobre a capital, Santiago, como na foto acima. No detalhe, uma das lu- zes filmadas na FIDAE NOVAS FOTOGRAFIAS REVELAM MAIS MISTÉRIOS NA SUPERFÍCIE DE MARTE Acabam de ser reveladas novas e intrigantes fotografias de uma área da superfície de Marte que já vem sendo chamada por estudiosos de “Cidade Inca”, numa referência às semelhanças entre as estruturas no Planeta Verme- lho – que se acredita serem artificiais – e Machu Pichu, no Peru. O escritor científico Robert Roy Britt, em artigo publicado no site Space.com, em 15 de outubro, informa que as imagens foram captadas pela sonda Mars Global Sur- veyor. “Elas revelam claramente uma estrutura circular de mais de 80 km de extensão, que tem nítidas caracte- rísticas artificiais”. Britt informa ain- da que há, inclusive, sinais de água dentro da inusitada construção. “Nas fotografias é possível ver paredes erguidas na região chamada Sirenum Terra, ainda que, apesar da claridade das evidências, os cientistas da NASA resistam em aceitar a possibilidade de existência de vida inteligente em nos- so vizinho cósmico”. Fo to s Co rt es ia R od rig o Fu en za lid a Co rt es ia J PL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Novembro 20028 UFO — Os círculos são considera- dos pelos ufólogos uma das mais con- cretas provas de que o Fenômeno UFO não é fantasia. Você acredita que eles representam respostas para questões relacionadas à Ufologia? WALLACY — Sim. Acredito que os de- senhos sejam mensagens enviadas por seres superiores a nós. Definitivamente, o Fenômeno UFO não é uma fantasia. Costumo dizer que quando a existência de vidas em outros planetas for provada, a foto de um círculo inglês valerá mais que a de um disco voador. Enquanto as naves confirmam essa existência, os de- senhos mostram que tais seres estiveram aqui e tentaram se comunicar conosco. Esses pictogramas simbolizam, sobretu- do, nosso analfabetismo. Existem evidên- cias claras dessa relação. Em 2001, a re- vista britânica UFO Magazine UK [www.ufomag.co.uk] publicou uma ma- téria sobre um casal que supostamente teria presenciado a criação de um círculo. O depoimento de David Park mostra que seus pais viram uma nave discóide de cer- O desafio para os ufólogos vem da Inglaterra ca de 30 m de diâmetro pairando sobre o campo. O fato foi noticiado, assim como avistamentos, luzes e outros in- dícios da relação entre o Fenômeno UFO e essas formações. UFO — Apesar dessa relação clara, o assunto foi analisado à exaustão por es- pecialistas, tal como o doutor W. C. Le- vengood e Colin Andrews, que não se contentam com soluções simplistas. Es- sas análises falam sobre alterações ge- néticas e aceleração do crescimento das plantas que se encontravam no interior dos círculos. São indicativos de que algo muito sério estaria acontecendo? WALLACY — Não tenha dúvidas. Os exames laboratoriais indicam mudanças na estrutura celular das plantas, provavel- mente causadas pelo excesso de calor so- bre a vegetação. Isso é mais facilmente encontrado nos locais onde as sementes germinaram. Seus invólucros passam a envolvê-las de uma forma diferente do normal, que intriga biólogos. Além de outros fatores que desafiam a Física atu- al, que podem facilmente ser encontrados nas for- mações. Elas têm concen- tração anormal de energia, especialmente nas bordas externas. Os resultados de Levengood mostraram que as plantas são dobra- das horizontalmente e possuem alterações anatô- micas improváveis de se- rem copiadas por frauda- dores, tal como os talos próximos ao solo, que for- mam redemoinhos complexos. Os “cir- cólogos” dedicam-se tanto a isso que não há como falar em círculos e não mencio- nar tais modificações. Andrews, por exemplo, trabalha em tempo integral com essa questão e sua pesquisa ufológica tem apoio total do instituto britânico Circles Phenomena Research International (CPRI), que é patrocinado pela Funda- ção Rockfeller. Além dele, existem fotó- grafos, jornalistas, químicos e inúmeros estudiosos que se dedicam ao tema. UFO — Quais são os principais argu- mentos que comprovam a teoria de que os círculos são produtos de inteligências extraterrestres? WALLACY — Em primeiro lugar está o fato de que é impossível para seres hu- manos realizarem aqueles desenhos. Há evidências claras de que uma avançada e desconhecida tecnologia alienígena está por trás dos fatos. O argumento fa- vorável a um propósito inteligente é re- forçado também por diversas outras ca- racterísticas, como a forte concentração desses desenhos nas áreas próximas a sítios arqueológicos construídos por ra- ças com incomum avanço para suas épo- cas. A impressão é que, depois de 1980, a coisa se tornou freqüente, como se hou- vesse uma contagem regressiva para algo... Mas, é claro, observações sobre vida extraterrestre não são bem vistas entre os cientistas maisortodoxos, que repelem essa idéia por não estarem de acordo com suas crenças pessoais. Wallacy Albino é uma daquelas pessoas que observam mais do que falam, até o exato momento em que se começa a discutir Ufologia. Ufólogo desde 1985, se interessou pelo assunto depois que presenciou dois avistamentos no início da década de 80. Des- de essa época, manteve intensa atividade ufológica. Chegou a editar o jornal Hangar 18 e tornou-se apresentador, na cidade do Guarujá (SP), do programa de rádio e tevê Contato UFO. Wallacy é consultor da Revista UFO há anos e presidente do Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), fundado em 2000 e um dos mais atuantes no país. Em meio a todas essas atividades, produziu o documentário Círculos Ingleses: O Enigma Continua, em parceria com o ufólogo Marco Antonio Petit. Agora, sua nova produção procurou agrupar as pesquisas das últimas décadas em torno do fenômeno dos círculos nas plantações, reunidas na obra O Mistério dos Círculos Ingleses [LV-12], recém- publicada pela Biblioteca UFO. Embora defenda a teoria de que os círculos são mensagens de civilizações alienígenas, em seu livro ele apresenta todas as possíveis explicações para as ocorrências, através de minuciosas investi- gações e entrevistas com renomados pesquisadores, que, como ele, se dedi- cam ao assunto há anos. Wallacy garante, nessa entrevista, boas informa- ções para os entusiastas das incríveis formações da Inglaterra, ao passo que procura mostrar que a busca de uma resposta para o mistério continua. “Ainda não há nada garantido”, diz. Vamos à entrevista. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Ar qu iv o U FO 9Novembro 2002 UFO — Mas a postura dos cientistas ortodoxos não é contra a autenticidade dos círculos ingleses? WALLACY — Sim. Mas pela lógica, a Ufologia é o meio mais sensato de se ex- plicar o que está ocorrendo nas plantações inglesas e pelo mundo afora. Isso não pode ser ignorado por eles. Há fraudes também, que sempre existiram, mas seu mecanis- mo de fabricação é muito simplório e fa- cilmente detectável. Além disso, as pes- soas que reivindicaram a autoria das ima- gens fracassaram ao tentar reproduzi-las. Os argumentos tornaram a ser menos con- vincentes com o passar dos anos. Defini- tivamente, esses desenhos são criados por uma inteligência superior a nossa. UFO — Isso foi reforçado pelas for- mações surgidas em Chilbolton, em 2001, e Crabwood, em 2002, que são tão significativas que chegaram a ganhar capítulos próprios no seu livro. O que elas tentaram nos dizer? WALLACY — Antes de qualquer coi- sa, que nós estamos atados. As caracte- rísticas das figuras e as peculiaridades de cada uma delas geram desconforto até mesmo entre os circólogos e um terrível mal-estar entre os céticos, que agora es- tão sem condições de explicar o que se passa. A figura de Chilbolton foi um grande susto. O desenho era extrema- mente parecido com a mensagem envia- da pelo Programa de Busca por Inteli- gência Extraterrestre (SETI), em 1974, e estava grafada ao lado de um observa- tório localizado naquela região. Era como se a formação fosse uma resposta a nossa mensagem. Mas ela trazia alte- rações em seu conteúdo, tal como em relação aos números atômicos que indi- cam os elementos necessários à vida na Terra, além de outros dados que deixa- vam claro que há uso de inteligência avançada na imagem. Todas essas infor- mações estão explicadas no livro. Ade- mais, fazer desenhos como esses, de Chilbolton e Crabwood, é uma tarefa que está além da habilidade humana, ainda mais numa única noite. Quem quer que tenha criado a figura estava tentando di- zer algo realmente sério para nós. O pro- blema é que não compreendemos, ain- da, o significado da mensagem. Mas os circólogos estão trabalhando nisso. UFO — No caso da formação de Crab- wood há uma imagem que lembra um CD, bem ao lado da figura de um extraterres- tre. Você tem idéia do que isso significa? WALLACY — Crabwood ainda é uma dúvida. Ela surgiu justamente quando as discussões sobre Chilbolton – que dei- xaram os estudiosos atônitos – pareciam ter esfriado. O rosto do ET e o círculo codificado parecem ter sido feitos pelos mesmos autores da formação de 2001 [Chilbolton]. É como se eles tivessem se esforçado em deixar o mundo ainda mais desconcertado. Os eventos anteri- ores foram um aquecimento para este desenho, que surgiu para dividir a opi- nião dos ufólogos. No entanto, indepen- dente do seu autor, a figura é importante por dois as- pectos: se for provado que é autêntica, estamos dian- te de algo ab- solutamente extraordiná- rio para a Hu- manidade, uma mensa- gem verdadei- ra de seres de outros mun- dos. Só nos resta saber quando fare- mos contato com as civilizações que a criaram... UFO — Walla- cy, seu livro foi lançado justamen- te no momento em que o país está li- gado na questão dos círculos ingle- ses. Isso vai ajudar a conscientizar as pessoas. Você crê que o tema é um modismo ou que será cada vez mais difundido? WALLACY — Quem se interessa e acompanha a Ufo- logia de perto já está bastante familiari- zado com o fenômeno dos círculos nas plantações. Mas agora parece que a gran- de mídia se interessou ainda mais pelo assunto. Parte disso se deu em razão de Sinais, o filme do diretor M. Night Shya- malan, estrelado por Mel Gibson. Ape- sar do filme não ter se aprofundado no assunto como deveria, mostrou que es- sas marcas nas plantações existem e sua origem está cada vez mais confirmada como tendo ligação com UFOs. Então, as pessoas acordaram para o fato de que a coisa é muito séria. Depois que o filme sair dos cinemas, o assunto ficará um pouco de lado, mas as novas formações continuarão a ser acompanhadas, pesqui- sadas e, principalmente, divulgadas no meio ufológico. Ao contrário dos lançamentos de Hollywood, as pes- quisas nunca param. No início da década de 80, pu- blicações do mundo inteiro se jun- tavam a emissoras de tevê para estampar incríveis imagens de de- senhos feitos nas lavouras da In- glaterra. Eram imagens até então simples, mas inexplicadas. Ago- ra, após mais de 20 anos, o fenô- meno não apenas persiste como assumiu uma complexi- dade impressionante. As figuras são cada vez maiores e mais desafiadoras, compostas muitas vezes por centenas de objetos geometricamente arranjados entre si, que os estudiosos atribuem a extraterrestres. De fato, muitos UFOs e sondas já foram observados sobre os círculos. O mistério dos círculos ingleses inspirou um ufólogo brasileiro a escrever uma bela e completa obra. Wallacy Albino estuda o tema há anos e o considera um dos mai- ores enigmas da atualidade. O resultado de seus estu- dos está em O Mistério dos Círculos Ingleses, lançado pela Biblioteca UFO, com o código LV-12. A obra analisa as manifestações desde 1980 até os dias de hoje, apre- sentando dados técnicos sobre as ocorrências, fazendo comparações com sítios arqueológicos e expondo entre- vistas com pesquisadores, ufólogos e estudiosos. O livro traz um capítulo especial e um encarte colorido de 40 páginas com os novíssimos casos registrados este ano. Para adquirir um exemplar, consulte o encarte de Supri- mentos de Ufologia, desta edição. Uma busca por explicações ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ B ib lio te ca U FO Novembro 200210 InvestigaçãoInvestigação RESGATANDO A HISTÓRIA Casos Barra da Tijuca e Ilha da Trindade: dois m 17 de maio de 1952, a extinta revista O Cruzeiro trazia um en- carte extra com o título Disco Vo- ador na Barra da Tijuca. O tex- to informava em letras garrafais um fato impressionante:“A revista O Cru- zeiro apresenta, num furo jornalístico es- petacular, a mais sensacional documen- tação jamais conseguida sobre o mistério dos discos voadores”. A publicação deixava claro que se tratava de uma nave alienígena, quando com- pletava a descrição sumá- ria do fato: “O estranho ob- jeto veio do mar com enor- me velocidade e foi visto durante um minuto. Tinha cor cinza-azulada, era ab- solutamente si- lencioso, sem dei- xar rastros de fu- maça ou de cha- mas. Leia o rela- to completo da fascinante apari- ção na Barra da Tijuca”. A maté- ria foi assinada por dois grandes nomes do Jorna- lismo da época, o repórter fotográfico Ed Keffel e o jornalista João Martins. Mais abaixo, na capa, do lado esquerdo das fotos de Keffel e Martins, ambos vestidos à caráter, o texto informava ainda: “Fantás- tico mas real. O disco voa- dor sobrevoando a Pedra da Gávea, vendo-se sua parte inferior”. Estava as- sim, oficialmente falando, aberta de uma forma defi- nitiva a polêmica sobre UFOs e extraterrestres em nosso país, 50 anos atrás. Embora a Ufologia já viesse sendo praticada antes disso, inclusive com extraordinários acontecimentos, foi a partir da reportagem sensacionalista de O Cruzeiro que a população passou a dar mais atenção ao tema. A revista tinha enorme circulação, para os padrões da época, e era lida pela elite brasileira. A edição a que nos referimos foi lançada nas bancas em 08 de maio de 1952, em- bora na capa constasse a data de 17 da- quele mês. Isso é comum até nos dias de hoje, lançar publicações nas bancas com data futura. O que não é comum, atual- mente, é uma revista dar tanta atenção ao Fenômeno UFO. Algumas edições da Manchete e Fatos & Fotos, ambas extin- tas, assim como O Cruzeiro, anos mais tarde trariam reportagens de capa sensa- cionalistas sobre discos voadores. VOLTA AO MUNDO — Além dessa edição específica, de maio de 1952, O Cruzeiro também noticiou o Caso Barra da Tijuca, como ficou imediatamente conhecido, vá- rias outras vezes, como em 02 de novembro de 1954, 16 de novembro de 1957, 31 de dezembro de 1959 e 12 de dezembro de 1973. Jornais e revistas em todo o mundo obtiveram o ma- terial de O Cruzeiro e o re- produziram inúmeras ve- zes, com fotos e textos. O Caso Barra da Tiju- ca correu o planeta, foi tra- tado em livros, palestras e também em boletins ufo- lógicos de todo o planeta, tais como o APRO Bulle- tin e o Inforespace, res- pectivamente os órgãos de divulgação da entida- de norte-americana Aerial Phenomena Research Or- ganization (APRO) e bel- ga Société Belge de Étu- de des Phenómènes Spa- tiaux (Sobeps). Elas eram pioneiras em todo o mun- do e consideradas entre as mais sérias. Enfim, as fo- tos de Ed Keffel e João Martins estão entre as mais Claudeir Covo, co-editor e Paola Lucherini Covo E A TERCEIRA FOTO da se- qüência de cinco ima- gens obtidas por Ed Kef- fel na Barra da Tijuca, em 1952. 50 anos depois, a verdade é reveladaFo to s Ar qu iv o IN FA 11Novembro 2002 DA UFOLOGIA BRASILEIRA clássicos nacionais em situações opostas publicadas em toda a história da Ufolo- gia. Mas o que aconteceu de fato na Barra da Tijuca? Vamos conhecer esses dados lendo o artigo da tal edição extra. Ele in- forma que, em 07 de maio 1952, entre 16:00 h e 16:30 h, os repórteres Ed Keffel e João Martins estavam naquele local da zona sul carioca fotografando casais apai- xonados, que para lá se dirigiam em bus- ca de privacidade. Em 12 de dezembro de 1973, o próprio O Cruzeiro, em artigo es- crito por Júlio Bartolo, informava que os repórteres estavam na Barra tentando lo- calizar um estrangeiro que se parecia com Hitler, para uma matéria. Outro artigo posterior mencionou que eles estavam atrás do foragi- do Luís Carlos Prestes. E por aí vão as versões, num flagrante de que já começam as divergências so- bre o caso e o que os repórte- res estavam fa- zendo no local. Isso é crucial, pois se soubés- semos o que pretendiam de fato na Barra da Tijuca, teríamos condições de avaliar melhor a forma como as fotos foram fei- tas. De qualquer forma, Keffel e Martins saíram da redação da revista por volta das 12:00 h e, perto das 13:00 h, atravessa- ram a pequena laguna que separava o Grande Rio de Janeiro da Barra da Tiju- ca no barquinho Piaba. Keffel e Martins chegaram, então, ao Bar do Compadre, de propriedade de An- tônio Teixeira, na Ilha dos Amores, e al- moçaram camarões. Por diversas vezes, se levantaram para acompanhar as acro- bacias de aviões da Força Aérea Brasilei- ra (FAB), que estavam sobrevoando o lo- cal. Depois sentaram na areia e ali fica- Duas coisas caracterizam um bom ufólogo. Primeiro, a capacidade de des- prender-se de conceitos universalmen- te aceitos como inquestionáveis, nos campos da religião, ciência, sociedade, história etc. Ou seja, um bom ufólogo, diante do que representa o Fenômeno UFO, deve saber quando e como ques- tionar seus conhecimentos tradicionais e aqueles que regem os pilares da socieda- de – pois à luz da Ufo- logia muitos deles precisam ser revistos. Um bom ufólogo deve ter a flexibilidade de refletir sobre suas próprias opiniões, re formulando-as quan- do necessário, e a humildade de reco- nhecer seus próprios erros, em beneficio da Ufologia. Agindo assim, refazendo análises, reconduzin- do estudos e revisando o que conhece, um bom ufólogo estará sendo também um ufólogo responsável. Mas essas características não são simples de serem implementadas. É ne- cessário muito caráter para isso. E uma boa dose de bravura. Quando se busca fazer uma Ufologia de qualidade, o ufó- logo responsável deve, muitas vezes, ir contra aquilo que sempre teve como cer- to, aquilo que seus próprios colegas de- fendem, aquilo em que todos acreditam. A publicação dessa matéria é um bom exemplo disso. Seus autores, os ufólo- gos Claudeir e Paola Covo, estão tocan- do numa ferida exposta da Ufologia Bra- sileira ao revelarem que as tradicionais, onipresentes e universalmente aceitas fotos da Barra da Tijuca, feitas por Ed Keffel e João Martins em 1952, são fal- sas. Ora, elas são reconhecidas como pilares da Ufologia mundial e, principal- mente, da nacional. E são falsas. Clau- deir e Paola certamente serão critica- dos por muita gente ao publicarem esse artigo, como também será o editor de UFO e a equipe da revista. Há duas dé- cadas, quando ousou fazer a mesma exposição das fotos da Barra da Tijuca, o então ufólogo Carlos A. Reis foi muito criticado. Talvez por isso tenha escrito, anos mais tarde, aqui na UFO, um dos artigos mais contundentes sobre os des- tinos da Ufologia [Para onde caminha a Ufologia Brasileira?, edição 70]. UFOLOGIA “MODERNA” — Os autores des- ta matéria estão repetindo o feito. Mas fazendo-o agora, em época de uma Ufo- logia “mais moderna”, talvez sua nobre motivação seja melhor compreendida. Eles são da opinião – compartilhada por expressiva maioria dos membros do Con- selho Editorial de UFO – que a verdade deva ser dita, doa a quem doer. É com um comportamento desses, reconhecen- do erros cometidos no passado pela pró- pria Ufologia que ajudaram a construir, que os autores dessa matéria participam na pavimentação do caminho ao tão al- mejado reconhecimento oficial desta dis- ciplina. Por exemplo, ao mesmo tempo em que se expõe aqui que as famosas fotos da Barra da Tijuca são fraude, tam- bém publicamos outra curta matéria em que as igualmente famosas fotos de Al- miro Baraúna na Ilha da Trindade são exemplos inquebrantáveis de legitimida- de. No exterior, há vozes que se postam contra essas últimas fotos, com alguns roucos ecos aqui em nosso país. Por isso, essa verdade, como a da Barra da Tijuca, deve ser defendida. E será. — A. J. GEVAERD, editor A NECESSIDADE DE REVER POSIÇÕES KEFFEL E MARTINS (a partir da esquerda) examinam o negati- vo recém-revelado das fotos da Barra Ar qu iv o IN FA Novembro 200212 ram conversando. Por volta das 16:00 h, segundo contam na matéria, um disco vo- ador apareceu vindo do mar. Martins pe- diu para Keffel bater fotos do objeto. A primeira que teria obtido foi contrao Sol. A segunda deu-se com o objeto acima do morro Dois Irmãos, que fica nas ime- diações. A terceira foi com o suposto dis- co voador sobre a Pedra da Gávea e, a quarta, sobre o morro que desce para o mar, onde havia uma palmeira. A quinta e última foto mostrava o objeto retornan- do para o mar, tendo ao fundo as ilhas Alfavaca e Pontuda. ACROBACIA CÓSMICA — Foi uma bela acro- bacia, a realizada pelo disco voador de Keffel e Martins. Observando sua trajetó- ria num mapa, podemos verificar que o objeto fez um círculo quase perfeito ao redor dos dois repórteres: veio do mar e para ele retornou. “Era totalmente silen- cioso e tudo durou aproximadamente um minuto”, enfatiza- vam os repórteres em sua matéria. Após o fato, Keffel e Martins ligaram imediatamente para a redação de O Cru- zeiro e informaram o que havia aconte- cido. Ainda procu- raram por testemu- nhas na área, mas não encontraram nenhuma. O pesca- dor Claudionor – o Nonô – nada vira, assim como o dono do bar, Antônio Teixeira. Dois casais que ali estavam comendo camarões tam- bém disseram nada terem visto. E as- sim, sem ninguém para lhes corroborar a história, Keffel e Martins voltaram cor- rendo para a sede de O Cruzeiro. O últi- mo declarou posteriormente que dirigiu seu carro “a mil por hora” e ainda que ambos “esperaram uma eternidade pela revelação do filme”. Os diretores da revista, Leão Gondim de Oliveira e Accioly Netto, e o pessoal que trabalhava no laboratório fotográfico da pu- blicação, José Amádio, Milton D’Ávila e Ari Vasconcelos, compartilhavam da ansi- edade dos repórteres. “Quando, por fim, o filme foi tirado do fixador, e lá na película surgiram as imagens do disco, o entusias- mo foi geral”, declarou Keffel. A imediata ampliação dos negativos veio confirmar seu relato, sem possibilidade de dúvidas. Até o adido de Aeronáutica da embaixada norte- americana no Rio de Janeiro, coronel Hu- ghes, estava aguardando a revelação. Finalmente, lá estava o disco voador devidamente documentado em cinco fo- tos belíssimas. Os diretores de O Cruzeiro mandaram parar as máquinas e fizeram ra- pidamente um encarte extra com a notí- cia. Infelizmente, no entanto, não houve tempo para se alterar a capa da edição, que já estava impressa. A notícia explodiu ra- pidamente e, no dia seguinte, rádios e te- vês noticiavam para todo o Brasil o feito dos repórteres. A redação de O Cruzeiro foi literalmente invadida por todo tipo de cu- riosos. Veio até a redação o então ministro da Guerra, ge- neral Ciro do E. S. Cardoso, o chefe da Casa Militar da Presidência da República, general Caiado de Castro, os majores Artur Peralta e Fernando Hall, o capitão Múcio Scevola e o técnico em fotografia Raul Al- fredo da Silva, todos do Estado-Maior da Aeronáutica à época. EDIÇÃO ESGOTADA — Assim que a notícia foi para as bancas, a revista esgotou rapi- damente. Foi um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos em nosso país. Nos dias seguintes, alguns oficiais da Ae- ronáutica, chefiados e orientados pelo co- ronel João Adil de Oliveira, estiveram na Barra da Tijuca junto de fotógrafos e, com o auxílio de dois modelos, tentaram re- produzir a mesma seqüência de fotos. Queriam che- car se havia possibilidade de fraudes. Eles estavam certos em tentar uma análise daquele material. Se as fotos do Caso Barra da Tijuca de- ram a volta ao mundo, o mes- mo aconteceu com sua veracidade. Mui- to já se questionou sobre as divergências entre as sombras causadas pelo Sol no objeto fotografado e na paisagem ao redor. O próprio diretor de O Cru- zeiro, Leão Gondim de Oliveira, contratou o pe- rito Carlos de Melo Ébo- li, da Polícia Técnica, para a elaboração de um laudo técnico. Realmente, as sombras eram divergen- tes. Mas o que isso signi- ficaria? Em janeiro de 1955, a revista Ci- ência Popular, em sua edição 76, divul- gou que as imagens de Keffel e Martins eram falsas. Em outubro de 1957, a mes- ma publicação, agora em sua edição 109, veiculou novamente a mesma coisa. Des- ta vez o texto dizia que O Cruzeiro teria explorado as fotos com fins comerciais. No Caso Barra Tijuca, a fraude foi planejada A HISTÓRIA da Ufologia Bra- sileira está em parte nestas fotos: o coro- nel Adil de Oli- veira, que de- fendeu a legi- timidade das imagens. Keffel aparece ao lado de Martins, no local onde al- moçaram na Barra, ambos forjando uma prova. Por fim, Martins mostra ao jornalista Accioly e ao norte-america- no Hughes onde as fotos foram feitas. Tudo não passou de uma farsa para au- mentar a vendagem de O Cruzeiro Fo to s Ar qu iv o IN FA 13Novembro 2002 “Uma das mais esplêndi- das revistas no gênero, inclu- sive pelo seu quadro de ex- celentes jornalistas, durante várias semanas também ex- plorou tais fotografias obti- das na Barra da Tijuca por dois de seus repórteres”. E completava: “As fotografias são completamente falsifica- das, como afirmamos em nos- sa edição de janeiro de 1955, e agora tornamos a decla- rar”. Já na época as fotos de Keffel e Martins não foram engolidas facilmente. A Ciência Popular foi ain- da mais longe, publicando que esperava que O Cruzeiro esti- vesse apenas tentando desper- tar a curiosidade de seus leito- res, para depois mostrar como conseguira falsificar as fotos, “e assim pôr um ponto final nessa mania de discos voado- res”, segundo transcrição lite- ral do texto. “Mas aconteceu o imprevisto, é o que supomos, com a entrada em cena de al- guns oficiais da Aeronáutica, exatos cumpridores de seus de- veres, magníficos pilotos, mas inteiramente jejunos em conhe- cimentos científicos”, conti- nuou o artigo da Ciência Popular. Segun- do a revista, para esses oficiais a reporta- gem de Keffel e Martins viera a calhar, pois puderam explorar o tema como nunca an- tes, fazendo conferências, dando entrevis- tas etc. “Até foram à Campinas recolher uma amostra de estanho desconhecido na Terra, segundo parecer de um químico campineiro, que com as asnices que profe- riu apenas patenteou nada entender de sua especialização”. Os repórteres de Ciência Popular garantiam que uma conjunção de fatores e muita ignorância científica expli- caria a manutenção de um embuste tão gros- seiro, aceito apenas por incultos. DURO GOLPE NAS FOTOS — “Temos ple- na convicção do que afirmamos, porque essas fotografias falsificadas de O Cru- zeiro foram feitas na presença de amigos nossos, pessoas de grande valor moral, que os repórteres consideraram simples pescadores. Nossos amigos estavam na Barra da Tijuca naquela ocasião, a pes- car e satisfazendo um hobby”, finalizou o artigo de Ciência Popular, num dos mais duros golpes que Keffel e Martins teriam em sua reputação. E estava longe de ser o último. O físico nuclear canadense Stan- ton Friedman diz que uma alegação ex- traordinária requer evidências extraordi- nárias que a garantam. Este é o caso. Um conjunto de fotos tão extraordinárias e es- petacularmente obtidas requeria, igual- mente, um conjunto de evidências sólidas e inquestionáveis de sua autenticidade. E desde os meses e anos seguintes à obten- ção das fotos da Barra da Tijuca, nem Keffel, nem Martins puderam oferecê-las a quem quer que seja. Em dezembro de 1981, em correspon- dência ao ex-ufólogo paulista Carlos Al- berto Reis [Veja matéria Para onde cami- nha a Ufologia Brasileira?, em UFO 70], William H. Spaulding, diretor da entidade ufológica norte-ameri- cana Ground Saucer Watch (GSW), informou que já tinha analisado as fotos de O Cruzei- ro e que as sombras eram com- pletamente divergentes – prin- cipalmente na quarta foto, onde aparece uma pal- meira. Nesse caso, o mais gritante é que o ambiente estava iluminado da direita para a esquerda, quase frontalmente, com o Sol ligeiramen- te deslocado, mas o suposto disco voador estava iluminado da esquerda para a di- reita. A GSW também descobriu que a fotografia apresentava dis- torção atmosférica, ou seja, que o fundo da foto estava longe e o objeto fotografado, perto. Conclusão: para Spaulding, foi usado um modelo de 40 cm de diâmetro para forjar as imagens. Am- parado portamanho respaldo, Reis publi- cou uma matéria na revista Planeta, na edi- ção 138-C, em março 1984. E novamente a polêmica voltou ao cenário ufológico, ten- do de um lado os defensores da autentici- dade da foto e, do outro, os da fraude. PREÇO ALTO — Apesar da reputação da GSW, Reis pagou um preço alto por ter decidido revelar a verdade. “Mexi numa casa de marimbondos ao querer informar, simplesmente, que as fotos da Barra da Tijuca eram falsas”, desabafou Reis ao editor de UFO, A. J. Gevaerd. De fato. Também sobrou para a Ground Saucer Watch (GSW), que à época era uma das poucas entidades em todo o mundo que realizava esse tipo de análises em fotos e negativos ufológicos. Como se constatou com muito cuidado e bastante antecedência A QUARTA FOTO da seqüên- cia obtida por Ed Keffel, em companhia de João Mar- tins, na Barra da Tijuca. Os repórteres tiraram fotos do céu e depois produziram uma fotomontagem com imagens de um modelo Fo to s Ar qu iv o IN FA Novembro 200214 posteriormente, na quinta e última foto da seqüência de Keffel e Martins também a sombra é completamente divergente no que diz respeito à posição real em que es- tava o Sol. O leitor poderá acompanhar nesta matéria os detalhes, observando na respectiva foto que a seta mostra claramen- te que, para gerar a sombra no objeto voa- dor não identificado, o Sol deveria estar dentro do Oceano Atlântico... Mas com um modelo posicionado de forma correta no ar, não se vê sombras no objeto. Na tentativa de analisar todos os ângulos dessa controvérsia, em benefício da Ufologia, fizemos uma foto semelhan- te, também publicada nesta matéria, usan- do um modelo fabricado. Esta fotografia foi batida no mesmo horário, no mesmo dia e no mesmo mês em que Keffel fez sua quinta foto – porém 32 anos depois, para se ter certeza de que o Sol estaria exa- tamente na mesma posição em que estava quando a foto original foi obtida. JOGO DE SOMBRAS — Essa não foi uma tarefa simples. Em meio à polêmica insta- lada com a publicação do artigo de Reis na Planeta, o autor preparou um modelo em escala compatível com o suposto UFO de O Cruzeiro e viajou para a Barra da Tijuca, em 07 de maio de 1984. O local estava bem diferente de 1952, mas os re- ferenciais ainda estavam lá. Trinta e dois anos depois, no mesmo mês, no mesmo dia, no mesmo horário, no mesmo local e na mesma posição, para se aproveitar o Sol na inclinação certa, fizemos os testes. E realmente constatamos que as sombras geradas pela luz solar no ambiente e no objeto são divergentes. Para chegar a isso, primeiro foi fotogra- fado o ambiente, e depois foi sobreposta a imagem do objeto, ou vice-versa. Concluí- mos, então, que o disco voador de Keffel e Martins, pelo menos no que se refere à quar- ta e a quinta fotos, foi provavelmente ilumi- nado de forma artificial, com luzes ou refle- tores para uso fotográfico, já existentes na época. Com essas conclusões, os autores iniciaram um longo estudo do Caso Barra da Tijuca, analisando não só as sombras di- vergentes, mas também o que deve ter acon- tecido desde que Martins e Keffel tiveram a idéia de fabricar aquelas fotos e porquê. Membros do laboratório fotográfico da re- vista O Cruzeiro, consultados, informaram que, antes das fotos, a dupla passou aproximadamente um mês inteiro indo e vindo da Barra da Tijuca, possivelmen- te para planejar como iria fabricá-las. E o fez com o co- nhecimento da diretoria da pu- blicação, o que é pior. Segundo fontes, Martins teria sido o mentor do pla- no. Na época da revelação das fotos e logo depois, mui- tas pessoas consultadas afirmaram que a revista estava com sua venda- gem baixa, e que, por isso, seus direto- res resolve- ram lançar uma “bomba” no mercado, para aumentar os números de venda e dimi- nuir o encalhe. Outras dis- seram que O Cruzeiro fez apenas uma brincadeira para depois mostrar a realidade ao público. Mas como al- guns oficiais da Aeronáutica entraram e endossaram a autenticidade das fotos, a re- vista não teve outra opção senão assumir a publicação na íntegra, da forma que foi feita. Estariam os diretores de O Cruzeiro tentando proteger os militares brasileiros que, precipitada e ingenuamente, reconhe- ceram a legitimidade das fotos? Essa é uma das perguntas sem resposta que temos no Caso Barra da Tijuca. O próprio João Martins disse a um amigo que tudo foi brincadeira e nunca imaginou que o caso teria uma repercussão tão grande. É uma triste constatação, mas o fato é que a Ufologia Brasileira começou com uma fraude gritante. Para se chegar a essa conclusão, no entanto, muito trabalho foi empreendido, muitas análises foram feitas e refeitas, e muitas testemunhas foram ou- vidas. Nosso trabalho começou com o es- tudo das circunstâncias técnicas da fotogra- fia, do negativo, da câmera e métodos de obtenção. Ed Keffel tinha em sua máquina fotográfica, uma Rolleiflex, um filme com doze poses. O negativo revelado mostra que Keffel usou as seis primeiras para fotogra- Há graves imperfeições nas fotos de Keffel, far dois elementos do hotel onde estava residindo (duas fotos), uma paisagem (uma foto), um companheiro da redação de O Cruzeiro (uma foto), um casal de namorados (uma foto) e o dono do res- taurante (uma foto). Na sétima foto, bati- da pelo dono do bar, no local onde sur- giu o disco voador dos repórteres, os pró- prios aparecem almoçando camarões. Restam então cinco poses, e é justamen- te nelas que está o suposto objeto voador não identificado, que hoje sabemos não ser nada além de um embuste. FOTOMONTAGEM TÍPICA — Para se come- çar a entender a trama, foi necessário ana- lisar as fotos sem cortes, embora elas te- nham sido publicadas diversas vezes com cortes. Em quase todas as cinco fotografi- as, mundialmente veiculadas, temos sem- pre, da metade para baixo do quadro, algo conhecido e, da metade para cima, o céu limpo com o disco voador de Keffel e Mar- tins. Isso é típico de fotomontagens, e a grande maioria desses truques, na Ufolo- gia, é feita usando-se a metade de cima da Fo to s Ar qu iv o IN FA 15Novembro 2002 mas nem os militares da Aeronáutica notaram foto com o céu limpo e sem nuvens. Ób- vio. Como os repórteres passaram pratica- mente um mês estudando o local, bem como fizeram várias experiências com modelos em laboratório, é muito prová- vel que tenham antes fotografado o mo- delo e, depois, tenham ido à Barra da Ti- juca para fotografar o ambiente. Assim conseguiriam a fotomontagem. E como Keffel e Martins foram diversas vezes ao local, provavelmente estavam aguardan- do um dia propício para a execução do truque, sem muitas nuvens no céu. Martins, em suas reportagens, sempre utilizava os veículos da empresa, com mo- torista próprio. Mas no dia em que Keffel e ele forjaram as fotos, ambos estavam com o carro de Martins. Por que? É evidente que eles queriam o menor número possível de testemunhas – e o motorista é uma a me- nos para se preocupar. Isso também é ób- vio. Em suas análises no local, dias de- pois, os militares da Aeronáutica utiliza- ram um modelo e uma tampa de panela, e foram no mesmo ponto onde Keffel fez as fotografias. Queriam reproduzir a se- qüência de cinco fotos em apenas um minuto, atirando o modelo para o alto. Mas não tiveram sucesso. Ora, se Martins e Keffel tivessem jo- gado um modelo para o ar, para assim fotografá-los, as sombras estariam todas cor- retas, e isso não aconteceu. A premissa dos militares es- tava errada. As fotos foram obtidas por montagem e não pelo arremesso de modelos para o céu. Até porque, se essa última fosse a técnica dos repórteres, considerando-se que no lo- cal, ainda que ermo, haveria testemunhas, elas certamente iriam denunciar a farsa. Em seus estudos, os militares falharam também em identificar as divergências nas fotos 4 e 5 – já nas fotos 1, 2 e 3, as som- bras estão praticamente corretas. Também falharam ao jogar um modelo para o ar e querer, em apenas um minuto, sem o ob- jeto atingir o chão, reproduzir as cinco fo- tos iguais as de Keffel. Isso só seria possí- vel se o modelo fosse teleguiado...Mas do ponto de vista técnico, o erro mais gritante dos oficiais da Aeronáutica brasileira foi tentar calcular a distância do suposto objeto voador não identificado em cada uma das fotos de Keffel. Isso é um tremendo absurdo. Em 31 de outubro de 1959, a revista O Cruzeiro chegou a publi- car um estudo feito pela Força Aérea Bra- sileira (FAB) mostrando a distância do dis- co voador à câmera, a distância zenital do objeto, o azimute, a declinação, o ângulo horário e até a altura do disco voador em relação ao nível do mar. Oras, esse é um erro grosseiro de análise, mas ainda foi as- sim foi publicado. Por que? O estudo da FAB poderia até ser interessante, se não fosse um pequeno detalhe: não se sabia qual era o diâmetro do suposto disco voador. Sem esse dado, todos os detalhes da análi- se de nada servem. Isso a revista O Cruzei- ro esqueceu-se de publicar, e a FAB calou a respeito. Aqui está outra obviedade, pois nas fotos de Keffel não há elementos técni- cos de referência para se calcular o diâme- tro do objeto captado, nem sua distância da câmera ou sua altura do solo [Veja na ma- téria um quadro com os dados divulgados pela FAB através de O Cruzeiro]. ERROS GROSSEIROS — Os militares, no entanto, calcularam corretamente a incli- nação do Sol em relação à linha do hori- zonte (nível do mar), que era de 27 graus e 30 minutos. Mas na hora de projetarem esse dado para uma análise perspectiva, cometeram alguns erros inacreditáveis, principalmente na quinta foto. A própria revista O Cruzeiro, talvez para chamar a atenção dos oficiais que fizeram os cálcu- los e as perspectivas equivocadas, fez ques- tão de publicar, somente na quinta foto, um desenho que representasse sua análi- se, impresso bem em cima da própria ima- gem. Parece até uma indução para que a mesma seja aceita e reforce as análises. Nas outras fotografias, de 1 a 4, os dese- nhos representando as análises errôneas da FAB foram publicados separados. Para se concluir que há manipulação, basta comparar as sombras nos desenhos e as sombras nas imagens do objeto. Qual- quer leigo pode perceber esse grave erro. Não é necessário ser especialista em fotos para se constatar as divergências. Mas con- tinuando nosso raciocínio, para tentarmos A PRIMEIRA FOTO da seqüência de Ed Keffel (página anterior) mostra o objeto quase de frente, num flagrante erro de cálculo. Nessa pá- gina está a quinta foto, a mais grosseira das falsificações. As som- bras projetadas pelo que seria a cúpula do UFO estão para cima, como se o Sol estivesse abaixo do oceano. O au- tor usou um mo- delo (ao lado) para simular a posição do Sol e confirmar assim a fraude de Kef- fel e Martins Fo to s Ar qu iv o IN FA Novembro 200216 entender o que realmente aconteceu, ou seja, como a trama foi armada, devemos voltar novamente às 12 poses do filme de Ed Keffel. Em nosso entendimento, um fo- tógrafo profissional que se preze não sai por aí fotografando coisas particulares com um filme de propriedade da empresa para qual trabalha. Esse foi seu primeiro erro, e foi exatamente o que aconteceu. Por outro lado, se analisarmos uma vista aérea do lo- cal onde estavam Keffel e Martins na Bar- ra da Tijuca [Marcado com um x na ima- gem publicada nesta matéria], veremos que esse ponto não está na frente do restauran- te, como haviam afirmado, mas sim algu- mas dezenas de metros além dele. FORÇANDO A BARRA — Ora, por que bate- riam uma foto do dono do restaurante e depois pediriam para ele, Antônio Teixei- ra, bater uma deles? Sem sombras de dú- vidas, fizeram isso para chamar sua aten- ção e também para ter uma prova de que estavam lá. É nesse ponto que se constata sua má-fé. Ou, em outras palavras, onde forçaram a barra – e não a da Tijuca... Se eles estavam naquele local para fotogra- far casais de namorados, como é que se explica que fotografaram somente um de- les, já que havia vários naquela hora e o objetivo de sua matéria era justamente esse, segundo alegaram? Igualmente, por que as fotos anteriores foram feitas com coisas particulares? Tais fotografias nun- ca foram publicadas. Mas, de qualquer for- ma, não são relevantes para a elucidação deste caso. Aqui nós fazemos questiona- mentos para que se compreenda como a trama foi montada, e não como as fotos foram forjadas tecnicamente. E o que é muito relevante para nossa análise é que as cinco fotos do suposto disco voador são obtidas com a continuação do filme dis- ponível na câmera de Keffel. Hoje temos filmadoras de vídeo com baterias e fitas de longa duração. Mas an- tigamente não era assim. Quem chegou a filmar um casamento com um equipamen- to que usasse película de 8 mm entenderá melhor o seguinte raciocínio. Imagine que o leitor tenha que filmar um casamento que vai durar 30 minutos, mas só tem uma única película de 3 minutos. O cinegrafis- ta tem que filmar apenas três minutos pe- gando as cenas mais importantes que vão acontecer durante o casamento, que tem 10 vezes mais duração. Para se conseguir distribuir correta- mente e gravar as cenas prin- cipais, o leitor teria que saber todas as que ocorrerão no ca- samento com antecedência, para assim documentar os me- lhores momentos. Essa informação, aplicada ao Caso Barra da Tijuca, faz muita diferença. Keffel só tinha cinco negativos disponíveis em sua máquina, e ele precisaria saber com precisão e antecedên- cia o que iria acontecer, para po- der obter com qualidade as ima- gens. E sabia. Estava tudo pro- gramado. Keffel e Martins leva- ram um mês programando tudo, para que não houvesse erro. SANTO DESCONFIADO — Numa comparação com o exemplo do casamento, a primeira foto de Keffel seria da noiva entrando na igreja, ou seja, o suposto dis- co voador entrando em cena, vindo do mar para o continen- te. Depois, sobre o morro Dois Irmãos. Após isso, sobrevoan- do a Pedra da Gávea e, em se- guida, o terreno onde havia a tal palmeira. Finalmente, quando a noiva sai da igreja e joga o buquê, no último negati- vo, o suposto disco voador aparece sain- do de cena, retornando para o mar... Foi tudo calculado meticulosamente e dividido com perfeição. Em apenas cin- co fotos, Keffel e Martins conseguiram registrar seu disco voador de perfil, por cima, por baixo e inclinado. Há um dita- do popular que diz que quando a esmola é muita, o santo desconfia... Peço a per- missão do leitor para uma piada: para que a história e as fotos dos repórteres pos- TRINDADE Fotos de Almiro MILITARES SUSPEITOS, mas não muito brilhantes, tentaram provar que as fotos eram de um mo- delo arremessado ao céu. Acertaram em supor que eram falsas, mas não na forma como fo- ram feitas, por sistema de dupla exposição fotógrafo profissional flumi- nense Almiro Baraúna, em 1954, após analisar detalhada- mente as fotos de um suposto UFO na Barra da Tijuca, reali- zadas por Ed Keffel e João Martins, e ter concluído que se tratavam de dupla expo- sição, acabou fazendo diversos truques fo- tográficos na tentativa de repetir o feito. Os resultados de seus testes foram pu- blicados junto de um texto de Vinícius Lima na revista Mundo Ilustrado, com o título Um Disco Voador Esteve na Mi- nha Casa. Na época, isso foi muito co- mentado pela imprensa carioca. Baraú- na mal sabia que, quatro anos depois, iria se envolver pessoalmente em uma oportunidade única de fotografar um dis- co voador de verdade. Mas pelo fato de ter dado uma aula de como fraudar fo- tos do gênero, foi muito criticado e ques- tionado pela mesma imprensa. Começava o Ano Geofísico Interna- cional de 1958, e em 16 de janeiro, a con- vite da Marinha brasileira, Almiro Baraú- na juntou-se à tripulação do navio-escola Almirante Saldanha, para pesquisar a Ilha da Trindade, no litoral do Espírito Santo. O navio estava atracado, preparando-se para retornar ao continente, quando algo inusitado aconteceu. Baraúna, então com 43 anos, tinha batido algumas fotos do cenário um pouco antes e estava deitado no convés, passando mal. Tinha uma for- O Fo to s Ar qu iv o IN FA 17Novembro 2002 sam ser dadas como um fato real, somos obrigadosa acreditar que o piloto do su- posto disco voador tenha telefonado para Keffel e Martins marcando um encontro com dia, hora, minuto, local e direção pré- programada de vôo. Em resumo, a desconfiança que tínha- mos de que tudo não passava de uma farsa agora está devidamente confirmada. Pode- se especular que os diretores de O Cruzei- ro, tendo em vista a baixa vendagem da revista, e também que estava na moda o assunto disco voador, resolveram preparar RESTAURA A CREDIBILIDADE Baraúna, 6 anos após as de Keffel, são reais uma estratégia para aumentar as vendas. E contaram com Keffel e Martins, os mais destacados repórteres do time da revista, para executar o plano. Ou seria o contrário: os repórteres é que sugeriram a estratégia para seus patrões? Não sabemos. Mas o fato é que deu certo e a publicação teve um au- mento vertiginoso de vendas. Talvez seja verdade o que alguns de seus funcionários alegaram depois, que os diretores da revis- ta iriam divulgar como a fraude foi realiza- da, mostrando assim que é muito fácil fa- bricar fotos de discos voadores. Mas não o fizeram. E talvez jamais pudessem imagi- nar que os militares da época, comandados pelo coronel João Adil de Oliveira, iriam se interessar pelas fotos e, pior, dariam a elas autenticidade. É claro que não se insi- nua aqui que estes oficiais também tenham tido participação na trama. De qualquer forma, seu respaldo ao caso foi decisivo para que ela tenha sido mantida por tantos anos. E assim, infelizmente, vemos que a Ufologia Brasileira iniciou-se com essa grande fraude. Seria esse também o moti- vo dela não decolar até hoje? te dor-de-cabeça e enjôo. De repente, por volta das 12:15 h, percebeu uma grande movimentação na embarcação. Os mari- nheiros chamavam sua atenção para algo lumi- noso no céu. O capitão Viegas, da Aeronáutica, abordou Baraúna e pediu para que fotografasse aquele misterioso objeto aéreo. Rapidamente, Ba- raúna pegou a sua má- quina Rolleiflex e conse- guiu fazer seis fotogra- fias. Perdeu duas fotos, a quarta e a quinta da se- qüência, devido à velo- cidade do objeto e a agi- tação no convés. O objeto registrado, em forma do planeta Sa- turno, veio do mar, sobre- voou a ilha, passou sobre a ponta da Crista do Galo e depois sobre o monte Desejo, e escon- deu-se atrás de um morro. Mas reapare- ceu novamente do outro lado, retornou para o mar, parou e em seguida disparou em altíssima velocidade, como se fosse um foguete. Era completamente silencioso. O fato não durou mais que 14 segundos, mas 48 testemunhas observaram tudo o que aconteceu, perplexas, e entre elas mari- nheiros, sargentos e oficiais. Como civis, estavam no navio o advogado e funcioná- rio do Banco do Brasil Amilar Vieira Fi- lho, o funcionário do Banco de Londres Mauro Andrade, José Teobaldo Viegas, então capitão da reserva da FAB, indus- trial e diretor de um Aeroclube carioca, UFO TIPO SATURNO visto por 48 tripu- lantes do navio-escola da Marinha Brasileira Almirante Saldanha e fo- tografado pelo experiente profissi- onal Almiro Baraúna. O caso resta- beleceu a credibilidade do tema no país e fez novamente as autorida- des militares se pronunciarem Ar qu iv o IN FA Novembro 200218 um cidadão conhecido apenas como Alo- ísio e o professor de geologia Fernando. Todos eram da equipe do Clube de Caça Submarina de Icaraí, em Niterói (RJ). Após o objeto desaparecer, outras pes- soas também começaram a passar mal, como já vinha acontecendo com Baraú- na. Ele sentia o coração disparado, treme- deira e sensação de vazio acompanhada de suor frio. Depois de uma hora, já recu- perado do susto, foi perguntado pelo co- mandante do navio se tinha conseguido fotografar o objeto. Baraúna disse que sim. Resolveram, então, preparar um revelador no pequeno laboratório improvisado a bor- do. Assim, o filme foi revelado na hora. Todas as 48 testemunhas confirmaram que as imagens que surgiram nas quatro poses do negativo eram exatamente iguais ao objeto que viram sobrevoando a ilha. Quando o UFO sobrevoou o Almirante Saldanha, toda a parte elétrica da embar- cação pifou, as lâmpadas ficaram fracas e o rádio sem sinal. Após o navio partir, o comandante chamou Baraúna para con- versar em particular e disse que as fotos seriam dele. Disse também que, antes de divulgá-las, ele teria que ir à Marinha prestar depoimento. Quando o navio che- gou a Vitória (ES), tendo que permane- cer atraca- do no por- to por dois dias, Baraúna, que não podia esperar, acabou retornando para Niterói de ônibus. Lá chegando, foi direto a um laboratório, onde ampliou as fotos a partir do negativo já revelado. Quatro dias de- pois, um comandante da Marinha o pro- curou para que comparecesse à sede do então Serviço Secreto da Armada, no Rio. SABATINA — Ele levou Baraúna até lá, onde foi sabatinado por um grupo de oficiais a respeito de truques fotográficos, fotogra- fias aéreas e muitas outras coisas. Ficou lá das 08:00 h às 16:00 h, pois os militares queriam ter certeza da autenticidade das fotos. Pediram os negativos emprestados a Baraúna, que os cedeu, e os levaram até o laboratório aerofotográfico de empresa Cruzeiro do Sul. Depois, os enviaram a Kodak, em Rochester, Estados Unidos, para maiores análises. Os negativos foram testados por equipamentos eletrônicos e processos químicos, não se encontrando neles qualquer tipo de fraude. Assim, com autorização do então presidente Juscelino Kubitschek, as fotos de Baraúna foram li- beradas para divulgação pelo almirantado da época, depois de um mês, em uma quarta-feira de cinzas. Todas as rádios estavam Ilha da Trindade: documento incontestável noticiando que o jornal Correio da Ma- nhã iria publicar um furo fotográfico mun- dial em sua edição seguinte. Mas Baraúna entrou em contato com João Martins, que o convenceu a levar a matéria para a redação da revista O Cruzei- ro, para que a notícia das fotos fosse nela publicada. Em linguagem jornalística, o Correio da Manhã foi “furado” pelo O Cru- zeiro. Foram posteriormente feitas 40 có- pias das imagens e distribuídas para todos os jornais do Rio de Janeiro, para publica- ção. Muitos deles, em várias edições, es- tamparam as fotos, depoimentos, análises, dados, reportagens etc. Dias depois, Baraú- na descobriu que o Correio da Manhã aca- bara conseguindo as fotos diretamente da Marinha – as cópias que ele mesmo tinha cedido, carimbadas com “reservado”. O relatório oficial do almirante-de-es- quadra Antônio Maria de Carvalho, chefe do Alto Comando Naval, conhecido como Documento Confidencial no 0098/M-20, descreve os seguintes detalhes acerca das fotos obtidas na Ilha da Trindade. “Enfim, foi registrado mais outro alarme de OVNIs, às 12:15 h do dia 16 de janeiro de 1958. Dessa vez, aconteceu a bordo do Almirante Saldanha, ancorado ao largo da Ilha da Trindade. O navio estava pres- tes a zarpar e a pinaça [Peque- no barco aberto] usada para a travessia até a terra estava sen- do recolhida por membros da M on ta ge m c or te si a de A le xa nd re C ar va lh o B or ge s 19Novembro 2002 da presença alienígena em nosso planeta tripulação, quando, de popa a proa, soou o alarme”. O documento continua dizen- do que um fotógrafo profissional civil, que se encontrava a bordo registrando o reco- lhimento da pinaça, teve sua atenção cha- mada para o disco voador, do qual obteve as quatro fotos. “Após o aparecimento, o fotógrafo Almiro Baraúna retirou o filme da câmera na presença do capitão-de- corveta Carlos Alberto Bacellar e de ou- tros oficiais (...), e o mesmo foi revelado dentro de dez minutos”. NEGATIVOS MOLHADOS — O almirante Carvalho também informa, através de seu relatório, que em seguida os negativos fo- ram examinados pelo próprio Bacellar. Este confirmou que os mesmos ainda es- tavam molhados ao lhes serem entregues para exame. “Neles reconheceu o OVNI em apreço”, enfatiza o documento ofici- al. “Em seguida, os negativos foram mos- trados a membros da tripulação, testemu- nhas oculares do aparecimento. Eles con- firmaram que as imagens nos negativos eram idênticasao que avistaram no ar”. Estava chancelada oficialmente a legitimi- dade das fotos de Baraúna. Assim, com autorização do Ministério da Marinha, o depoimento prestado pelo capitão Bacel- lar foi liberado para publicação pela im- prensa. Ele conta que, efetivamente, um UFO foi avistado do convés do Almirante Saldanha. “Pessoalmente, não testemunhei aquele aparecimen- to porque, no preciso ins- tante, encon- trava-me no interior de minha cabine. Porém, imediatamente fui cha- mado para a ponte”. Mesmo assim, Bacellar confirmou que Baraúna estava no convés com a sua câmera e que, após a ocorrência, ficou em es- tado de exaustão nervo- sa. “Permaneci ao seu lado o tempo todo, por- que queria presenciar a revelação do filme”. Com um farolete a pi- lha, Viegas acompanhou atentamente a revelação do filme no pequeno la- boratório improvisado, enquanto Bacellar, do lado de fora, espe- rou que terminasse. Ambos concluíram que o negativo mostrava com precisão a seqüên- cia de vôo do objeto não identificado sobre a ilha. Como foi previamente combinado, Bacellar procurou Baraúna no Rio e, por duas vezes, o acompanhou até o Ministé- rio da Marinha. “Chamei à atenção do fo- tógrafo para o fato de ser estritamente proi- bida a publicação das fotos sem autoriza- ção oficial, e informei que ele seria avisa- do tão logo as autoridades competentes resolvessem liberá-las para divulgação”. No calor dos acontecimentos, em 24 de fevereiro de 1958, o então mi- nistro Alves Câ- mara comentou numa entrevista à agência United Press que a Marinha brasileira estava envolvida num im- portante segredo, que não poderia ser discutido em público, visto que, para tanto, não havia ainda ex- plicação sobre os discos voadores. “Mas a prova fotográfica apresentada por Almiro Baraúna con- venceu-me da sua exis- tência”, garantiu. Naquele mesmo dia, o capitão-de-fragata Mo- reira da Silva declarou que não queria ver qual- quer discussão a respeito do caráter do fotógrafo que havia feito as fotos do UFO, pois o objeto também havia sido observado por uma série de personagens conhecidos e res- peitáveis. “Posso garantir que as fotos são autênticas e o filme foi revelado imediata- mente, a bordo do Almirante Saldanha. Confirmo ainda que os negativos foram examinados por diversos oficiais, logo após a revelação. Assim, fica excluída qualquer eventualidade de truque fotográfico”. Com base na análise dos negativos e dos deta- lhes relatados pelas testemunhas, peritos conseguiram calcular a velocidade mínima do UFO como sendo de 1.200 km/h. ASSOMBRO — Mas essa velocidade au- mentou consideravelmente quando o ob- jeto voador acelerou. Seu tamanho foi es- timado em 40 m de diâmetro e sete me- tros de altura. Enfim, como se vê, estamos diante de um caso absolutamente genuíno, bem diferente do Caso Barra da Tijuca, discuti- do noutro arti- go dessa edi- ção. A própria posição das autoridades brasileiras é um assombro. “Pouco importa qual seja a nossa atitude di- ante dos OVNIs, pois persiste o fato de ter ocorrido um fenômeno ALMIRO BARAÚNA, pouco an- tes de falecer. Suas fotos estão entre as melhores evidências de UFOs Ar qu iv o U FO Novembro 200220 que, além de documentado por fotos, foi confirmado pelo depoimento escrito de 48 testemunhas”, declarou oficialmente o capitão Moreira da Silva. O Ministério da Marinha, através do Comando de Ope- rações Navais, fez um relatório secreto detalhado sobre o incidente na Ilha da Trindade. Na época, o deputado Sérgio Magalhães queria ter informações sobre o documento, mas ele não foi liberado. O curioso é que tal relatório só veio a público em outubro de 1971, num arti- go de Jorge C. Pineda, publicado em uma revista argentina. Nele, aparecem correspondências trocadas entre os ofi- ciais Luiz Felipe da Luz e Antônio Ma- ria de Carvalho, que novamente endos- sam o evento. Há no artigo também um pedido de informações sobre o assunto, assinado por M. Sunderland, então agregado naval dos Estados Unidos no Brasil. Estranhamente, após tudo o que as autoridades brasileiras garantiram sobre o fato, o relatório secreto inex- plicavelmente diminui sua importância. Suas conclusões, endossadas pelo ca- pitão-de-corveta José Geraldo Brandão, do Serviço de Inteligência da Marinha, são de que as diversas testemunhas con- firmam a mesma coisa. TENDÊNCIA — Mas o documento diz que “a maioria dos informes apresentados é insuficiente, sobretudo a falta de ido- neidade técnica de muitos dos observa- dores e a breve duração do fenômeno observado, de modo que nenhuma con- clusão pode se obter sobre terem avis- Desde a década de 50 os UFOs já rondavam s fotografias de um UFO sobre a Ilha da Trindade, em 16 de janeiro de 1958, são conside- radas um marco na Ufologia mundial e forte evidência da existência de vida extraterrestre. Mas ainda geram discussões e atraem novas críticas. Em verdade, as críticas são velhas e foram lançadas ainda na época do evento, mas foram renovadas com base em supos- tos novos estudos. Em debates nacio- nais e internacionais, duas críticas em especial foram relançadas contra os prin- cipais sustentáculos do caso: a ques- tão do número de testemunhas que te- riam visto o UFO no navio Almirante Sal- danha e as fotografias obtidas por Almi- ro Baraúna. No primeiro caso, os céti- cos alegam que os ufólogos não têm os nomes nem os depoimentos de todas as 48 testemunhas que estariam na em- barcação, naquela hora. Na literatura ufológica, o número de testemunhas mencionadas varia entre 10 e 48, o que tem sido usado por crí- ticos como uma falha dos ufólogos. As testemunhas que conhecemos até hoje são José dos Santos Saldanha da Gama, Carlos Alberto Bacellar, Paulo Moreira da Silva, José Teobaldo Viegas, Mauro Andrade, Amilar Vieira Filho, Homero Ribeiro, Farias de Aze- vedo, um marujo de quem só sabemos o primeiro nome, Aloísio, e o próprio fotógra- fo, Almiro Baraúna. Entre essas pessoas, al- gumas seriam testemunhas indiretas, ou seja, estavam no navio no momento da ob- servação do UFO, mas não o viram. Isso também é criticado pelos detratores do caso, mas um esforço atual para se con- seguir documentos da época que citem os nomes de todas as testemunhas – 48 ou quantas forem – e uma tentativa de con- seguir seus depoimentos seria suficiente para neutralizar o ceticismo. ALEGAÇÃO DE FRAUDE — A segunda questão levantada recentemente sobre o Caso Ilha da Trindade vai contra a evidência fotográfi- ca obtida por Baraúna, que é o fator chave do caso ter ficado mundialmente famoso. Nos últimos meses houve a publicação de um polêmico artigo contrário à sua legitimi- dade. Seu autor, Martin Powell, renova a ale- gação de que houve fraude nas fotos tira- das por Baraúna, em que teria sido usado o recurso da dupla exposição para fabricar o UFO sobre a ilha. Sua argumentação é de que Baraúna fotografou um avião no céu, em algum local, e depois fotografou a Ilha da Trindade, fazendo assim a dupla exposi- ção. Prossegue dizendo que o UFO da se- gunda foto de sua seqüência seria o mes- mo UFO da primeira foto, só que em posi- ção invertida. Diz ainda que as fotos restan- tes estariam degradadas por processo de cópias sucessivas, que Baraúna teria feito a partir da primeira fotografia. Mas mesmo atraindo grandes discus- sões na internet, o artigo mostrou-se falho, primeiro porque Powell faz sua análise ba- seando-se apenas em cópias de baixa qua- lidade das fotos, não obtidas diretamente das originais, e principalmente porque ele nunca analisou os negativos, o que seria essencial. Uma apreciação deste material é imprescindível para que se possam levantar suspeitas sobre todo o caso, uma vez que nada mais há que se possa falar a seu res- peito. E sem essa análise, nenhum estudo, como o de Powell, pode ser considerado sério. Pelo que se sabe, exames nos negati- vos foram feitos na época do incidente por laboratórios independentes, e nunca se constatou que as fotos estariam degrada- das e muito menos que teriam sido obtidas através de uma fraude de dupla exposição. Ora, degradadas foram as cópias
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