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DIREITOS HUMANOS - META 07 - MP E DIREITOS HUMANOS-1

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DIREITOS HUMANOS 
META 07 
 
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 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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SUMÁRIO 
DIREITOS HUMANOS – META 07 ............................................................................................................... 5 
RESUMO DA DOUTRINA .......................................................................................................................................5 
1. DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS E DAS MINORIAS .........................................................................5 
1.1. Direito de livre determinação ...................................................................................................................5 
1.2. Convenção 169 OIT .................................................................................................................................. 11 
1.3. Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas de 2007 .................................... 22 
2. DIREITOS DA MULHER .................................................................................................................................. 25 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
TEMA DO DIA 
[DIREITOS HUMANOS] 
Direito dos povos indígenas e das minorias. Convenção 169 da Organização Internacional do 
Trabalho. Declaração da ONU sobre direito dos povos indígenas de 2007. Discriminação e ações 
afirmativas. Direitos da mulher. 
 
RESUMO DA DOUTRINA 
 
1. DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS E DAS MINORIAS 
 
1.1. Direito de livre determinação 
 
Conceito: 
 
 O direito à livre determinação é expressão do direito à dignidade e do livre desenvolvimento 
da personalidade, portanto, faz parte do rol de direitos humanos e fundamentais. 
 
Trata-se do direito de proteção contra as intervenções na esfera pessoal de cada um e, ao 
mesmo tempo, de um direito de liberdade que qualquer pessoa tem de não ser impedida de 
desenvolver a sua própria personalidade e quanto a ela se autodeterminar, segundo suas próprias 
opções e opiniões. 
 
Pode, ainda, ser relacionado com o direito dos povos e, portanto, das coletividades, de definir 
o seu modo de vida, sem que essa liberdade seja tolhida pelas maiorias discordantes. 
 
Reconhecimento Internacional e Constitucional: 
 
Por se relacionar com os direitos de liberdade, é possível que se afirme que são 
reconhecidos desde a 1ª dimensão dos Direitos Humanos, direitos de abstenção do Estado na 
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esfera privada dos indivíduos. Mas, também, deve-se destacar que esse direito de se 
autodeterminar pode estar relacionado às culturas de determinadas coletividades e povos, como 
é o caso dos povos indígenas e tribais, que devem ser protegidos como coletividades que são, 
portanto se relacionando fortemente com os direitos de 3ª dimensão. 
 
O fortalecimento deste direito se dá, realmente, após o fim da 2ª Guerra Mundial, momento 
em que a maioria das constituições passou a incorporar em seus textos, de forma gradativa, as 
chamadas cláusulas gerais de proteção e promoção da personalidade. Assim como, também, os 
tratados e declarações internacionais tornaram evidente o seu reconhecimento, principalmente 
expressando o direito à autodeterminação dos povos. 
 
No Brasil, a Constituição, embora não traga expressamente uma cláusula geral de 
personalidade e livre determinação, extrai-se como direito implícito no texto constitucional que 
decorre dos princípios da dignidade da pessoa humana e do pluralismo político, fundamentos da 
República e do Estado Democrático de Direito; além da cláusula de abertura constante do art. 5º, §2º, 
da CR/88. 
 
CRFB/88 
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III- a dignidade da pessoa humana; 
(...) 
V- o pluralismo político. 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País, a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
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X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação. 
(...) 
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
 
Legislação Internacional: 
 
Normativa Internacional Artigos 
 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948) 
Art. XII. Ninguém será sujeito a interferências 
na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou 
na sua correspondência, nem a ataques à sua 
honra e reputação. Toda pessoa tem direito à 
proteção da lei contra tais interferências ou 
ataques. 
 
Declaração Americana dos Direitos e Deveres 
do Homem (1948) 
Art. V. Toda pessoa tem direito à proteção da lei 
contra os ataques abusivos à sua honra, à sua 
reputação e à sua vida particular e familiar. 
 
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos (1966) 
Art. 1º, 1: Todos os povos têm direito à 
autodeterminação. Em virtude desse direito, 
determinam livremente seu estatuto político e 
asseguram livremente seu desenvolvimento 
econômico, social e cultural. 
 
 
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (1966) 
Art. 1º, 1: Todos os povos têm direito à 
autodeterminação. Em virtude desse direito, 
determinam livremente seu estatuto político e 
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asseguram livremente seu desenvolvimento 
econômico, social e cultural. 
 
 
Convenção Americana de Direitos Humanos 
(1969) 
Art. 11. 1. Toda pessoa tem direito ao respeito 
da sua honra e ao reconhecimento de sua 
dignidade. 2. Ninguém pode ser objeto de 
ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida 
privada, em sua família, em seu domicílio ou em 
sua correspondência, nem de ofensas ilegais à 
sua honra ou reputação. 3. Toda pessoa tem o 
direito à proteção da lei contra tais ingerências 
ou ofensas. 
 
Declaração do Milênio das Nações Unidas 
Valores e Princípios: 
4. Estamos decididos a estabelecer uma paz 
justa e duradoura em todo o mundo, em 
conformidade com os objetivos e princípios da 
Carta. Reafirmamos a nossa determinação em 
apoiar todos os esforços que visam respeitar a 
igualdade soberana de todos os Estados, o 
respeito pela sua integridade territorial e 
independência política, a resolução de conflitos 
por meios pacíficos e em consonância com os 
princípios da justiça e do direito internacional, o 
direito à autodeterminação dos povos que 
permanecem sob o domínio colonial e ocupação 
estrangeira (...). 
6. (...) os seres humanos deverão respeitar-se 
mutuamente, em toda sua diversidade de 
crenças, culturas e línguas. Não se devem temer 
nem reprimir as diferenças dentro das 
sociedades, nem estre estas. As diferenças 
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devem, sim, ser apreciadas como bens preciosos 
da Humanidade. Deve-se promover ativamente 
uma cultura de paz e diálogo entre as 
civilizações. 
 
Princípios de Yogyakarta (2006) 
Princípio 3. Toda pessoa tem o direito de ser 
reconhecida, em qualquerlugar, como pessoa 
perante a lei. As pessoas de orientações sexuais 
e identidades de gêneros diversas devem gozar 
de capacidade jurídica em todos os aspectos da 
vida. A orientação sexual e identidade de gênero 
autodefinidas por cada pessoa, constituem parte 
essencial de sua personalidade e um dos 
aspectos mais básicos da sua 
autodeterminação, dignidade e liberdade. 
 
 
Livre Determinação e Trabalho: 
 
No que toca ao direito ao trabalho digno, a livre determinação se relaciona com a possibilidade 
que cada um tem de escolher seus objetivos de vida, neles incluídos o direito a escolher uma profissão 
e viver livremente de acordo com a sua escolha, sem ter violadas a sua dignidade, integridade física 
e moral. A escravidão e a servidão, portanto, ferem frontalmente o direito humano à livre 
determinação. 
 
Normativa Internacional Artigos 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948) 
Art. XXIII: 1. Toda pessoa tem direito ao 
trabalho, à livre escolha de emprego, a 
condições justas e favoráveis de trabalho e à 
proteção contra o desemprego. 
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Declaração Americana dos Direitos e Deveres 
do Homem (1948) 
Art. XIV. Toda pessoa tem direito ao trabalho 
em condições dignas e o de seguir livremente 
sua vocação, na medida em que for permitido 
pelas oportunidades de emprego existentes. 
 
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos (1966) 
Art. 8º. 1. Ninguém será submetido à escravidão; 
a escravidão e o tráfico de escravos, em todas as 
suas formas ficam proibidas; 
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão; 
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar 
trabalhos forçados ou obrigatórios. 
 
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (1966) 
Art. 6º. 1. Os Estados Partes do Presente Pacto 
reconhecem o direito ao trabalho, que 
compreende o direito de toda pessoa de ter a 
possibilidade de ganhar a vida mediante um 
trabalho livremente escolhido ou aceito, e 
tomarão medidas apropriadas para a 
salvaguarda deste direito. 
 
Convenção Americana de Direitos Humanos 
(1969) 
Art. 6º: 1. Ninguém poderá ser submetido à 
escravidão ou servidão e tanto estas como o 
tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são 
proibidos em todas as suas formas. 
2. Ninguém deve ser constrangido a executar 
trabalho forçado ou obrigatório. (...). 
 
Protocolo de San Salvador (1988) 
Art. 6. 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o 
que inclui a oportunidade de obter os meios para 
levar uma vida digna por meio do desempenho 
de uma atividade lícita, livremente escolhida ou 
aceita. 
 2. Declara que todos os Membros, ainda que não 
tenham ratificado as convenções em causa, tem, 
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Declaração da Organização Internacional do 
Trabalho sobre os Princípios e Direitos 
Fundamentais do Trabalho (1998) 
em virtude do simples fato de serem membros 
da Organização, a obrigação de respeitar, 
promover e realizar, de boa fé e em 
conformidade com a Constituição, os princípios 
relativos aos direitos fundamentais que são 
objeto de tais convenções, nomeadamente: b) a 
eliminação de todas as formas de trabalho 
forçado ou obrigatório. 
 
Convenção 105, OIT – Abolição do Trabalho 
Forçado 
Art. 1. Todo país-membro da OIT que ratificar 
esta Convenção compromete-se a abolir toda 
forma de trabalho forçado ou obrigatório e dele 
não fazer uso: a) Como medida de coerção ou de 
educação política ou como punição por ter ou 
expressar opiniões políticas ou pontos de vista 
ideologicamente opostos ao sistema político, 
social e econômico vigente; b) Como método de 
mobilização e de utilização de mão-de-obra para 
fins de desenvolvimento econômico; c) Como 
meio de disciplinar a mão-de obra; d) Como 
punição por participação em greves; e) Como 
medida de discriminação racial, social, nacional 
ou religiosa. 
 
Convenção 29, OIT – Trabalho Forçado ou 
Obrigatório 
Art. 1º. 1. Todos os Membros da Organização 
Internacional do Trabalho que ratificam a 
presente convenção se obrigam a suprimir o 
emprego do trabalho forçado ou obrigatório 
sob todas as suas formas no mais curto prazo 
possível. 
 
1.2. Convenção 169 OIT 
 
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Necessidade e Âmbito de Proteção: 
 
Nos tempos de colonização, as terras habitadas pelos povos indígenas eram consideradas 
como terras de ninguém – terra nullius – o que, de certa forma, legitimava a ocupação destas pelos 
“Estados civilizados”. O direito internacional moderno, no entanto, não admite mais uma concepção 
como essa, motivo pelo qual, visando à proteção de grupos vulneráveis – centro do corpo jurídico dos 
direitos humanos – tornou-se necessário voltar as atenções à proteção dos direitos dos povos 
indígenas. 
 
Importante salientar que esses povos possuem proteção especial porque juridicamente são 
tutelados como um grupo, uma coletividade. 
 
Conceito: 
 
Não existe uma definição legal obrigatória e geral para conceituar o termo “povos indígenas”. 
De acordo com o Relator Especial das Nações Unidas, Martinez Cobo: “Comunidades, pessoas e 
nações indígenas são aquela que, representam a continuidade histórica das sociedades desde o 
momento pré-invasão e pré-colonial, que se desenvolveram em seus territórios, considerando-se 
distintas dos outros setores da sociedade que agora prevalecem nesses territórios ou em parte deles. 
Hoje em dia, são setores não dominantes da sociedade e estão determinados a preservar, 
desenvolver e transmitir a futuras gerações seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como 
as bases da sua contínua existência como pessoas, de acordo com seus próprios padrões culturais, 
instituições sociais e sistemas legais”.1 
 
 Para Valério Mazzuoli: “povos indígenas são grupos étnicos que habitam um determinado 
território desde tempos imemoriais, ali se encontrando milênios antes das invasões ou colonizações, 
e que continuaram a se desenvolver da maneira tradicionalmente por eles conhecida, com suas 
manifestações culturais e hábitos, mantendo-se distintos dos outros setores da sociedade que 
atualmente vive em tal território. (...) são sujeitos coletivos da proteção internacional, merecendo a 
tutela do direito internacional contra as agressões que podem vir a sofrer enquanto comunidade”. 
 
1 Manual Prático de Direitos Humanos Internacionais, Escola Superior do Ministério Público da União, Brasília, 2009. 
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Assim, pode-se dividir o conceito em: 
 
Critérios objetivos Critérios subjetivos 
 
• Etnia; 
• Cultura; 
• História; 
• Idioma; 
• Relação especial com o território e a 
natureza. 
 
• Sentimento individual indígena de fazer 
parte de seu povo; 
 
• Condições concretas de vida. 
 
Evolução histórica: 
 
ANO 
1921 A primeira vez que a OIT se ocupou do tema 
indígena foi em 1921, quando o Conselho de 
Administração, o conselho executivo da OIT 
criou uma comissão para estudar as condições 
de vida e de trabalho dos trabalhadores 
"nativos" ou "indígenas". 
1926 A OIT cria uma comissão de peritos sobre o 
trabalho indígena dentro do Conselho de 
Administração para o estudo dos problemas que 
enfrentavam esses trabalhadores. Isso tem 
como resultado direito a adoção do primeiro 
instrumento de direitos humanos da OIT, a 
Convenção 29, sobre trabalho forçado, na qual 
consta expressamente a questão dos 
trabalhadores nativos ou indígenas. 
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1936 Além da Convenção nº 29, a OIT adota o 
primeiro Convênio (nº 50) sobre a Contratação 
dos Trabalhadores Indígenas. 
1957 A OIT adota a Convenção 107, ainda vigente 
para vários países europeus, como Portugal, 
vários países africanos e vários países asiáticos. 
Nesta convenção, os indígenas foram tratados 
comoseres necessitados de proteção até que 
fossem integrados e assimilados à maioria da 
população; trata os grupos indígenas como 
grupos não civilizados que deveriam ser 
levados a um “nível cultural” mais adiantado. 
1989 A OIT adota, em substituição à Convenção 107, 
a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e 
Tribais, acaba com o conceito de assimilação, 
refletindo o direito à determinação do próprio 
destino por esses povos, que poderão seguir 
uma vida separada da sociedade envolvente, 
trazendo em seu corpo temas que se relacionam 
à direitos civis, políticos, sociais, econômicos, 
culturais, e, principalmente, o direito ao trabalho 
decente e em consonância com os costumes 
dessas pessoas. 
2007 Pela primeira vez, é editada no âmbito da ONU 
uma declaração que visa à proteção dos povos 
indígenas, conhecida como Declaração das 
Nações Unidas sobre os direitos dos Povos 
Indígenas. 
2016 No âmbito das américas, foi apenas no ano de 
2016 adotada pela Organização dos Estados 
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Americanos (OEA) a chamada Declaração 
Americana sobre os Direitos dos Povos 
Indígenas. 
 
Em resumo, pode-se dividir a evolução histórica do tratamento dos direitos indígenas em três 
períodos: 
 
PRIMEIRO PERÍODO SEGUNDO PERÍODO TERCEIRO PERÍODO 
Fase de Desconsideração do 
índio como Pessoa Humana 
 
Os “índios” eram considerados 
entes sem almas, objetos. Não 
sentiam, não padeciam, não 
sofriam. Perspectiva que ainda 
hoje é adotada por muitas 
pessoas que os veem como 
seres inferiores. 
Fase de Integração e 
Assimilação 
 
Traduz a ideia de que os 
indígenas não deviam ser 
diferentes dos demais seres 
humanos, assim, deveriam ser 
integrados à população 
nacional, assimilando a sua 
cultura. Trata-se de um viés 
integracionista, de assimilação 
que foi adotado, por exemplo, 
na Convenção 107, OIT e no 
Estatuto do Índio de 1973, no 
Brasil. 
Fase de Reconhecimento do 
Indígena como Ser Humano 
 
Tem como marco histórico a 
adoção da Convenção 169 
sobre povos indígenas e 
tribais em países 
independentes; Adotada não 
só como um instrumento de 
trabalho, mas também como 
um instrumento de 
desenvolvimento, uma missão 
da OIT, de tratar, de proteger 
grupos desfavorecidos até que 
se chegasse um momento em 
que não fosse preciso mais 
garantir essa proteção, num 
ponto em que há verdadeira 
isonomia entre os povos. 
 
 
Legislação Pertinente: 
 
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• Convenção 107 da OIT, de 1957, concernente à proteção das populações indígenas e 
outras populações tribais e semitribais de países independentes. 
 
Criada com o intuito de acabar com o trabalho forçado e realizado nas piores condições, por 
indígenas, definiu padrões mínimos de respeito aos trabalhadores indígenas. Era fortemente 
criticada pelo seu espírito integracionista e de assimilação, além de permitir uma flexibilização da 
interpretação da Convenção de acordo com as “condições particulares de cada país”. Entendia os 
povos indígenas como grupos não civilizados que deveriam receber proteção especial até que fossem 
integrados ao “nível cultural” da sociedade dominante. 
 
• Convenção 169 da OIT, sobre Povos Indígenas e Tribais 
 
Ratificada pelo Brasil em julho de 2002 e promulgada em 2004 pelo Decreto n. 5.051. 
 
Abandona o conceito de assimilação, reconhece a nacionalidade e concretiza deveres jurídicos 
aos Estados. Não se refere mais a grupos, mas sim a povos, por conta da sua autoidentificação e 
de sua história. 
 
Art. 1,2: A consciência de sua identidade indígena ou tribal deverá ser 
considerada como critério fundamental para determinar os grupos aos que se 
aplicam as disposições da presente Convenção. 
 
Povos tribais (África e Ásia), povos indígenas (América Latina). 
 
Art. 1º, 1, (a) - Povos Tribais Art. 1º, 1, (b) - Povos Indígenas 
“A presente Convenção aplica-se aos povos 
tribais em países independentes, cujas 
condições sociais, culturais e econômicas os 
distingam de outros setores da coletividade 
nacional e que estejam regidos, total ou 
“A presente Convenção aplica-se aos povos em 
países independentes, considerados indígenas 
pelo fato de descenderem de populações que 
habitavam o país ou uma região geográfica 
pertencente ao país na época da conquista ou 
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parcialmente, por seus próprios costumes ou 
tradições ou por legislação especial”. 
da colonização ou do estabelecimento das 
atuais fronteiras estatais e que, seja qual for a 
sua situação jurídica, conservem todas as suas 
próprias instituições sociais, econômicas, 
culturais e políticas ou parte delas”. 
 
Diferente do caráter paternalista da convenção anterior, a Convenção 169 protege o direito 
de participar na determinação de seu próprio destino. 
 
Proíbe qualquer discriminação e violência: 
 
Art. 3º, 1: Os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos 
direitos humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos nem 
discriminação. As disposições desta Convenção serão aplicadas sem 
discriminação aos homens e mulheres desses povos. 
 
 Aceita o direito fundiário dos povos indígenas e o direito de participação nos recursos naturais 
de suas terras; o reassentamento só poderá ser feito com absoluta necessidade e com a livre 
anuência dos povos envolvidos, devendo estes retornarem cessado o motivo do reassentamento. 
 
Art. 13, 1: Ao aplicarem as disposições desta parte da Convenção, os 
governos deverão respeitar a importância especial que para as culturas e 
valores espirituais dos povos interessados possui a sua relação com as 
terras ou territórios, ou com ambos, segundo os casos, que eles ocupam ou 
utilizam de alguma maneira e, particularmente, os aspectos coletivos dessa 
relação. 
 
Art. 14, 1: Dever-se-á reconhecer aos povos interessados os direitos de 
propriedade e de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Além 
disso, nos casos apropriados, deverão ser adotadas medidas para 
salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que não 
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estejam exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, 
tenham tido acesso para suas atividades tradicionais e de subsistência. Nesse 
particular, deverá ser dada especial atenção à situação dos povos nômades e 
dos agricultores itinerantes. 
 
Art. 15, 1: Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais 
existentes nas suas terras deverão ser especialmente protegidos. Esses 
direitos abrangem o direito desses povos a participarem da utilização, 
administração e conservação dos recursos mencionados. 
 
Art. 16, 1: (...) os povos interessados não deverão ser traslados das terras 
que ocupam. 
 
Prevê a possibilidade de ações afirmativas em matéria de contratação: 
 
Determina a aplicação, sem discriminação, dos direitos trabalhistas: 
 
Art. 7º, 2: A melhoria das condições de vida e de trabalho e do nível de saúde 
e educação dos povos interessados, com a sua participação e cooperação, 
deverá ser prioritária nos planos de desenvolvimento econômico global das 
regiões onde eles moram. Os projetos especiais de desenvolvimento para 
essas regiões também deverão ser elaborados de forma a promoverem essa 
melhoria. 
 
Art. 20, 2: Os governos deverão fazer o que estiver ao seu alcance para 
evitar qualquer discriminação entre os trabalhadores pertencentes aos 
povos interessados e os demais trabalhadores, especialmente quanto a: 
a) acesso ao emprego, inclusive aos empregos qualificados e às medidas de 
promoção e ascensão; 
b) remuneração igual por trabalho de igual valor; 
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c) assistência médica e social, segurança e higiene no trabalho, todos os 
benefícios da seguridade social e demais benefícios derivados doemprego, 
bem como a habitação; 
d) direito de associação, direito a se dedicar livremente a todas as atividades 
sindicais para fins lícitos, e direito a celebrar convênios coletivos com 
empregadores ou com organizações patronais. 
 
 O artigo 20 da Convenção 169 da OIT deve ser lido em sua íntegra com muita atenção, razão 
pela qual se traz a reprodução do inteiro teor do artigo: 
 
PARTE III - CONTRATAÇÃO E CONDIÇÕES DE EMPREGO 
Artigo 20 
1. Os governos deverão adotar, no âmbito da legislação nacional e em 
cooperação com os povos interessados, medidas especiais para garantir aos 
trabalhadores pertencentes a esses povos uma proteção eficaz em matéria 
de contratação e condições de emprego, na medida em que não estejam 
protegidas eficazmente pela legislação aplicável aos trabalhadores em geral. 
2. Os governos deverão fazer o que estiver ao seu alcance para evitar 
qualquer discriminação entre os trabalhadores pertencentes ao povos 
interessados e os demais trabalhadores, especialmente quanto a: 
a) acesso ao emprego, inclusive aos empregos qualificados e às medidas de 
promoção e ascensão; 
b) remuneração igual por trabalho de igual valor; 
c) assistência médica e social, segurança e higiene no trabalho, todos os 
benefícios da seguridade social e demais benefícios derivados do emprego, 
bem como a habitação; 
d) direito de associação, direito a se dedicar livremente a todas as atividades 
sindicais para fins lícitos, e direito a celebrar convênios coletivos com 
empregadores ou com organizações patronais. 
3. As medidas adotadas deverão garantir, particularmente, que: 
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a) os trabalhadores pertencentes aos povos interessados, inclusive os 
trabalhadores sazonais, eventuais e migrantes empregados na agricultura ou 
em outras atividades, bem como os empregados por empreiteiros de mão-
de-obra, gozem da proteção conferida pela legislação e a prática nacionais a 
outros trabalhadores dessas categorias nos mesmos setores, e sejam 
plenamente informados dos seus direitos de acordo com a legislação 
trabalhista e dos recursos de que dispõem; 
b) os trabalhadores pertencentes a esses povos não estejam submetidos a 
condições de trabalho perigosas para sua saúde, em particular como 
conseqüência de sua exposição a pesticidas ou a outras substâncias tóxicas; 
c) os trabalhadores pertencentes a esses povos não sejam submetidos a 
sistemas de contratação coercitivos, incluindo-se todas as formas de servidão 
por dívidas; d) os trabalhadores pertencentes a esses povos gozem da 
igualdade de oportunidade e de tratamento para homens e mulheres no 
emprego e de proteção contra o acossamento sexual. 
4. Dever-se-á dar especial atenção à criação de serviços adequados de 
inspeção do trabalho nas regiões donde trabalhadores pertencentes aos 
povos interessados exerçam atividades assalariadas, a fim de garantir o 
cumprimento das disposições desta parte da presente Convenção. 
 
 A Convenção 169 foi a primeira, no âmbito da OIT, a dispor, expressamente, sobre o direito 
de não ser assediado sexualmente no trabalho. 
 
Prevê, ainda, a adoção de programas e meios especiais de formação profissional: 
 
Art. 22: 1. Deverão ser adotadas medidas para promover a participação 
voluntária de membros dos povos interessados em programas de formação 
profissional de aplicação geral. 
 
2. Quando os programas de formação profissional de aplicação geral 
existentes não atendam às necessidades especiais dos povos interessados, 
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os governos deverão assegurar, com a participação desses povos, que 
sejam colocados à disposição dos mesmos, programas e meios especiais 
de formação. 
 
 Prevê o direito à educação em consonância com as línguas e costumes tradicionais: 
 
Art. 26: Deverão ser adotadas medidas para garantir aos membros dos 
povos interessados a possibilidade de adquirirem educação em todos os 
níveis, pelo menos em condições de igualdade com o estante da 
comunidade nacional. 
 
Art. 27: 1. Os programas e os serviços de educação destinados aos povos 
interessados deverão ser desenvolvidos e aplicados em cooperação com 
eles a fim de responder às suas necessidades particulares, e deverão 
abranger a sua história, seus conhecimentos e técnicas, seus sistemas de 
valores e todas suas demais aspirações sociais, econômicas e culturais. 
2. A autoridade competente deverá assegurar a formação de membros destes 
povos e a sua participação na formulação e execução de programas de 
educação, com vistas a transferir progressivamente para esses povos a 
responsabilidade de realização desses programas, quando for adequado. 
3. Além disso, os governos deverão reconhecer o direito desses povos de 
criarem suas próprias instituições e meios de educação, desde que tais 
instituições satisfaçam as normas mínimas estabelecidas pela autoridade 
competente em consulta com esses povos. Deverão ser facilitados para ele 
recursos apropriados para essa finalidade. 
 
Art. 28: 1. Sempre que for viável, dever-se-á ensinar às crianças dos povos 
interessados a ler e escrever na sua própria língua indígena ou na língua 
mais comumente falada no grupo a que pertençam. Quando isso não for 
viável, as autoridades competentes deverão efetuar consultas com esses 
povos com vistas a se adotar medidas que permitam atingir esse objetivo. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
22 
2. Deverão ser adotadas medidas adequadas para assegurar que esses povos 
tenham a oportunidade de chegarem a dominar a língua nacional ou uma das 
línguas oficiais do país. 3. Deverão ser adotadas disposições para se 
preservar as línguas indígenas dos povos interessados e promover o 
desenvolvimento e prática das mesmas. 
 
1.3. Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas de 2007 
 
“A Declaração sobre os direitos dos povos indígenas, não obstante catalogada como norma 
de soft law, apresenta-se como verdadeira plataforma emancipatória das populações indígenas e 
comunidades tradicionais, ao assegurar, sob o enfoque dos direitos humanos internacionais, ampla 
gama de direitos civis, econômicos-sociais, políticos e culturais desses povos e comunidades. É dizer, 
apesar de não ter força vinculante para os Estados, por não estar revestida da roupagem de um 
tratado, certo é que a Declaração pode impactar nas atividades estatais com certa dose de eficácia 
quando invocada. Alguns autores, nesse sentido, chegam até mesmo a cogitar a hipótese de ser a 
Declaração a cristalização de um costume internacional relativo à proteção desses povos, por 
convergir no ideário comum de proteção internacional dos direitos dos povos indígenas”. 
 
Dentre as disposições desta Declaração, destacam-se: 
 
• Pleno exercício dos direitos humanos, sem discriminação; 
 
• Autodeterminação dos povos indígenas (art. 3º): Tal como a Convenção 169, OIT, a 
Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas não confere plenamente o direito 
à autodeterminação, uma vez que expressamente aduz que a integridade territorial dos 
Estados não deve sofrer modificação diante dos direitos dos povos indígenas. 
 
• Direito de determinar livremente sua condição política e buscar livremente seu 
desenvolvimento econômico, social e cultural, tendo direito à autonomia e autogoverno; 
 
• Direito ao território; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
23 
 
• Direito ao consentimento livre, prévio e informado; 
 
• Direito à educação e saúde de acordo com suas práticas; 
 
• Direito ao desenvolvimento; 
 
• Direito à cultura e à propriedade imaterial sobre o conhecimento tradicional; 
 
• Direito a desfrutar plenamente de todos os direitos estabelecidos no direito internacional do 
trabalho e nacional aplicável. 
 
 
Art. 17: 1. Os indivíduos e povos indígenas têm o direito de desfrutar 
plenamente de todosos direitos estabelecidos no direito trabalhista 
internacional e nacional aplicável. 
2. Os Estados, em consulta e cooperação com os povos indígenas, adotarão 
as medidas específicas para proteger as crianças indígenas contra a 
exploração econômica e contra todo trabalho que possa ser perigoso ou 
interferir na educação da criança, ou que possa ser prejudicial à saúde ou ao 
desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social da criança, tendo 
em conta sua especial vulnerabilidade e a importância da educação para o 
pleno exercício dos seus direitos. 
3. As pessoas indígenas têm o direito de não serem submetidas a 
condições discriminatórias de trabalho, especialmente em matéria de 
emprego ou de remuneração. 
 
Art. 21: 1. Os povos indígenas têm direito, sem discriminação alguma, ao 
melhoramento de suas condições econômicas e sociais, entre outras esferas, 
na educação, ao emprego, a capacitação e a adaptações profissionais, a 
moradia, ao saneamento, a saúde e a seguridade social. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
24 
2. Os Estados adotarão medidas eficazes e, quando proceda, medidas 
especiais para assegurar o melhoramento contínuo de suas condições 
econômicas e sociais. Prestar se-á particular atenção aos direitos e 
necessidades especiais dos idosos, mulheres, jovens, crianças e pessoas com 
deficiência indígenas. 
 
 
Constituição da República: 
 
O Estado brasileiro é pluriétnico e multicultural e a Constituição segue essa linha, em 
consonância com o chamado constitucionalismo multicultural, que reconhece esta pluralidade em 
seu texto. 
 
Art. 231: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, 
línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que 
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer 
respeitar todos os seus bens. 
§1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por ele habitadas 
em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as 
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu 
bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus 
usos, costumes e tradições. 
§2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua 
posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, 
dos rios e dos lagos nelas existentes. 
§3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais 
energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas 
só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as 
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados 
da lavra, na forma da lei. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
25 
§4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os 
direitos sobre elas, imprescritíveis. 
 §5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad 
referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que 
ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após 
deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o 
retorno imediato logo que cesse o risco. 
 §6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que 
tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere 
este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos 
nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o 
que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a 
indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às 
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé. 
§7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§3º e 4º. 
 
Art. 232: Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar 
em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos 
os atos do processo. 
 
2. DIREITOS DA MULHER 
 
Tratamento Constitucional e Legal: 
 
CR/88 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
26 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
 
ADCT 
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, 
I, da Constituição: 
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: 
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco 
meses após o parto. 
 
A Constituição Federal contempla disposições genéricas acerca da isonomia entre homens e 
mulheres, bem como de proteção ao mercado do trabalho da mulher e à maternidade. A densificação 
da matéria fica à cargo da CLT e de algumas legislações esparsas. 
 
TRATAMENTO LEGAL DO TRABALHO DA MULHER NORMAS SOBRE DURAÇÃO, 
CONDIÇÕES E DISCRIMINAÇÃO DO TRABALHO DA MULHER 
 
CLT 
Art. 5º A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem 
distinção de sexo. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
27 
Além da tutela da isonomia no tocante aos salários, a CLT dedica capítulo específico à 
proteção do trabalho da mulher, tratando da matéria sob diversos aspectos. 
 
 
CLT 
CAPÍTULO III 
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER 
SEÇÃO I 
DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO TRABALHO E DA DISCRIMINAÇÃO 
CONTRA A MULHER Art. 372. Os preceitos que regulam o trabalho 
masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, naquilo em que não colidirem 
com a proteção especial instituída por este Capítulo. 
 
Art. 373. A duração normal de trabalho da mulher será de 8 (oito) horas 
diárias, exceto nos casos para os quais for fixada duração inferior. 
 
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as 
distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas 
especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: 
I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao 
sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade 
a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; 
II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão 
de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a 
natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível; 
III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável 
determinante para fins de remuneração, formação profissional e 
oportunidades de ascensão profissional; 
IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de 
esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
28 
V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de 
inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de 
sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez; 
VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas 
ou funcionárias. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas 
temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre 
homens e mulheres, em particular as que se destinama corrigir as distorções 
que afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições 
gerais de trabalho da mulher. 
 
Art. 377. A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é 
considerada de ordem pública, não justificando, em hipótese alguma, a 
redução de salário. 
 
É importante destacar que a CLT contempla medidas visando a prevenção e o combate à 
discriminação da mulher nas relações de trabalho, matéria que também é objeto dos tratados de 
Direitos Humanos. 
 
Especificamente no tocante à revista íntima, convém destacar a Lei 13.271/2016, que dispõe 
sobre a proibição de revista íntima de funcionárias nos locais de trabalho e trata desta em ambientes 
prisionais: 
 
Lei 13.271/2016 
Art. 1º As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração 
pública, direta e indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista 
íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino. 
 
Art. 2º Pelo não cumprimento do art. 1º, ficam os infratores sujeitos a: 
I - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos 
órgãos de proteção dos direitos da mulher; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
29 
II - multa em dobro do valor estipulado no inciso I, em caso de reincidência, 
independentemente da indenização por danos morais e materiais e sanções 
de ordem penal. 
 
Como se verá, a jornada do trabalho da mulher é praticamente idêntica à aplicável aos 
homens, em especial após a revogação do intervalo previsto no art. 384 da CLT (intervalo de 15 
minutos antes da prestação de horas extraordinárias). 
 
CLT 
SEÇÃO II 
DO TRABALHO NOTURNO 
Art. 381. O trabalho noturno das mulheres terá salário superior ao diurno. 
§ 1º Para os fins desse artigo, os salários serão acrescidos duma percentagem 
adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo. 
§ 2º Cada hora do período noturno de trabalho das mulheres terá 52 
(cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. 
 
SEÇÃO III 
DOS PERÍODOS DE DESCANSO 
Art. 382. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho, haverá um intervalo de 11(onze) 
horas consecutivas, no mínimo, destinado ao repouso. 
 
Art. 383. Durante a jornada de trabalho, será concedido à empregada um 
período para refeição e repouso não inferior a 1 (uma) hora nem superior a 2 
(duas) horas salvo a hipótese prevista no art. 71, § 3º. 
 
Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um 
descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período 
extraordinário do trabalho. (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Art. 385. O descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas 
e coincidirá no todo ou em parte com o domingo, salvo motivo de 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
30 
conveniência pública ou necessidade imperiosa de serviço, a juízo da 
autoridade competente, na forma das disposições gerais, caso em que recairá 
em outro dia. 
Parágrafo único. Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da legislação geral 
sobre a proibição de trabalho nos feriados civis e religiosos. 
 
Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de 
revezamento quinzenal, que favoreça o repouso dominical. 
 
A CLT contempla uma gama de deveres empresariais no tocante às condições de conforto e 
demais aspectos do meio ambiente de trabalho que deve ser disponibilizado à mulher. 
 
CLT 
SEÇÃO IV 
DOS MÉTODOS E LOCAIS DE TRABALHO 
Art. 388. Em virtude de exame e parecer da autoridade competente, o 
Ministro do Trabalho, Industria e Comercio poderá estabelecer derrogações 
totais ou parciais às proibições a que alude o artigo anterior, quando tiver 
desaparecido, nos serviços considerados perigosos ou insalubres, todo e 
qualquer caráter perigoso ou prejudicial mediante a aplicação de novos 
métodos de trabalho ou pelo emprego de medidas de ordem preventiva. 
 
Art. 389. Toda empresa é obrigada: 
I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos 
métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que 
se fizerem necessários à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da 
autoridade competente; 
II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras 
ou bancos, em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem 
grande esgotamento físico; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
31 
III - a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, 
exceto os estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, 
em que não seja exigida a troca de roupa e outros, a critério da autoridade 
competente em matéria de segurança e higiene do trabalho, admitindo-se 
como suficientes as gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas 
guardar seus pertences; 
IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos 
de proteção individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, 
para a defesa dos olhos, do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a 
natureza do trabalho. 
§ 1º Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) 
mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado 
onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os 
seus filhos no período da amamentação. 
§ 2º A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de creches distritais 
mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades 
públicas ou privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a 
cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de entidades sindicais. 
 
Art. 390. Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que 
demande o emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o 
trabalho contínuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional. 
Parágrafo único. Não está compreendida na determinação deste artigo a 
remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, 
de carros de mão ou quaisquer aparelhos mecânicos. 
 
Art. 390-B. As vagas dos cursos de formação de mão-de-obra, ministrados 
por instituições governamentais, pelos próprios empregadores ou por 
qualquer órgão de ensino profissionalizante, serão oferecidas aos 
empregados de ambos os sexos. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
32 
Art. 390-C. As empresas com mais de cem empregados, de ambos os sexos, 
deverão manter programas especiais de incentivos e aperfeiçoamento 
profissional da mão-de obra. 
Art. 390-E. A pessoa jurídica poderá associar-se a entidade de formação 
profissional, sociedades civis, sociedades cooperativas, órgãos e entidades 
públicas ou entidades sindicais, bem como firmar convênios para o 
desenvolvimento de ações conjuntas, visando à execução de projetos 
relativos ao incentivo ao trabalho da mulher. 
 
O art. 389, § 1º, da CLT, se destina propriamente à proteção à maternidade, razão pela qual 
é de extrema relevância a sua memorização. 
 
De olho na jurisprudência do TST: 
 
RECURSO DE REVISTA DO MPT. OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE 
NA CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CRECHES DESTINADAS À 
AMAMENTAÇÃO EM ESPAÇOS DE SHOPPING CENTERS. 
APLICABILIDADE DO ARTIGO 389 DA CLT. Cinge-se a controvérsia quanto 
à aplicação do artigo 389, § 1º, da CLT aos shopping centers, em relação a 
previsão da destinação de local reservado para guarda de filhos de todos os 
funcionários, sejam seus próprios e dos lojistas, em período de amamentação, 
sob guarda e vigilância. O art. 389, § 1º, da CLT estabelece que toda 
empresa, nos estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 
empregadas mulheres com mais de 16 anos, deve ter local apropriado para 
que seus filhos possam ficar no período da amamentação. Tal artigo não 
pode ser interpretado de forma literal, levando-se em conta o termo 
"estabelecimento" apenas como sendo o espaço físico em que se 
desenvolvemas atividades do empregador, até porque, quando da redação 
do artigo em comento, pelo Decreto-Lei de 1967, a realidade do shopping 
centers não correspondia à noção atual. Devemos ter, sim, uma interpretação 
histórica e sistemática, conjuntamente aos princípios da proteção à 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
33 
maternidade e à infância. Portanto, deve-se entender a realidade do 
shopping center, como tem sido dito em decisões desta Corte, como um 
"sobre estabelecimento", ou seja, deve-se considerar não a topografia de 
cada loja, mas sim a sua totalidade, uma vez que, ainda que o shopping não 
seja o responsável pelas vendas de produtos ou serviços, ele é o 
responsável pela administração, dimensionamento e disponibilização dos 
espaços comuns, daí advindo o seu dever de providenciar espaços para a 
guarda e aleitamento de crianças das empregadas, tanto as suas quanto a 
dos seus lojistas. Com efeito, os empregados que atuam em shopping, 
ainda que sejam trabalhadores dos lojistas, se valem da infraestrutura do 
centro comercial, uma vez que a função principal do shopping é a 
organização do espaço de forma coesa, a fim de potencializar a atividade 
econômica das empresas ali instaladas. Diante disso, as normas que 
tutelam o meio ambiente do trabalho devem levar em consideração tal 
perspectiva. Assim, como dito anteriormente, deve-se interpretar de forma 
consentânea com a atual realidade, o termo estabelecimento, do artigo 389, 
§ 1º, da CLT, de modo que se conclua que a obrigação relativa ao meio 
ambiente do trabalho das empregadas que atuam em lojas instaladas em 
shopping centers seja responsabilidade, no que couber, do próprio shopping. 
(TST - ARR-AIRR: 108761820155180016, Relator: Alexandre de Souza 
Agra Belmonte, Data de Julgamento: 08/05/2019, 3ª Turma, Data de 
Publicação: DEJT 72 10/05/2019 
 
PROTEÇÃO À MATERNIDADE 
CLT 
SEÇÃO V 
DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE 
Art. 391. Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho 
da mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de encontrar-se em 
estado de gravidez. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
34 
Parágrafo único. Não serão permitidos em regulamentos de qualquer 
natureza contratos coletivos ou individuais de trabalho, restrições ao direito 
da mulher ao seu emprego, por motivo de casamento ou de gravidez. 
 
Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do 
contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado 
ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória 
prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias. 
 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se ao empregado 
adotante ao qual tenha sido concedida guarda provisória para fins de adoção. 
Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 
(cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário. (Vide Lei nº 13.985, 
de 2020) 
 
§ 1º A empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu 
empregador da data do início do afastamento do emprego, que poderá 
ocorrer entre o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocorrência deste. 
 
§ 2º Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser 
aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado médico. 
 
§ 3º Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos 120 (cento e vinte) 
dias previstos neste artigo. 
 
§ 4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e 
demais direitos: 
I - transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem, 
assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o 
retorno ao trabalho; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
35 
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização 
de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares. 
 
Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de 
adoção de criança ou adolescente será concedida licença-maternidade nos 
termos do art. 392 desta Lei. 
§ 4º A licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do 
termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. 
§ 5º A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-
maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães empregado ou 
empregada. 
 
Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao cônjuge ou 
companheiro empregado o gozo de licença por todo o período da licença-
maternidade ou pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso 
de falecimento do filho ou de seu abandono. 
 Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 392-A e 392-B ao 
empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção. 
 
Art. 393. Durante o período a que se refere o art. 392, a mulher terá direito 
ao salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 
(seis) últimos meses de trabalho, bem como os direitos e vantagens 
adquiridos, sendo-lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente 
ocupava. 
 
Art. 394. Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o 
compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que este 
seja prejudicial à gestação. 
 
Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do 
adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
36 
I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a 
gestação; 
II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando 
apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, 
que recomende o afastamento durante a gestação; (Vide ADI 5938) 
III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar 
atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que 
recomende o afastamento durante a lactação. (Vide ADI 5938) 
 
“É inconstitucional lei que autorize o trabalho de gestantes e lactantes em atividades 
insalubres. É inconstitucional a expressão “quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico 
de confiança da mulher, que recomende o afastamento”, contida nos incisos II e III do art. 394-A da 
CLT, inseridos pelo art. 1º da Lei nº 13.467/2017. 
 
Essa expressão, inserida no art. 394-A da CLT, tinha como objetivo autorizar que empregadas 
grávidas ou lactantes pudessem trabalhar em atividades insalubres. Ocorre que o STF entendeu que 
o trabalho de gestantes e de lactantes em atividades insalubres viola a Constituição Federal. O art. 
6º da CF/88 proclama importantes direitos, entre eles a proteção à maternidade, a proteção do 
mercado de trabalho da mulher e redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança. 
 
A proteção para que a gestante e a lactante não sejam expostas a atividades insalubres 
caracteriza-se como importante direito social instrumental que protege não apenas a mulher 
como também a criança (art. 227 da CF/88). A proteção à maternidade e a integral proteção à 
criança são direitos irrenunciáveis e não podem ser afastados pelo desconhecimento, impossibilidade 
ou a própria negligência da gestante ou lactante em apresentar um atestado médico, sob pena de 
prejudicá-la e prejudicar o recém-nascido. Em suma, é proibido o trabalho da gestante ou da lactante 
em atividades insalubres.” STF. Plenário. ADI 5938/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
29/5/2019 (Info 942). 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
37 
§ 2º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à gestante ou à lactante, 
efetivando-se a compensação, observado o disposto no art. 248 da Constituição 
Federal, por ocasião do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de 
salários e demais rendimentos pagosou creditados, a qualquer título, à pessoa física 
que lhe preste serviço. 
§ 3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante afastada nos termos do 
caput deste artigo exerça suas atividades em local salubre na empresa, a hipótese será 
considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, 
nos termos da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período de 
afastamento. 
 
Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, 
a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado 
o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento. 
 
Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de adoção, até que este 
complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, 
a 2 (dois) descansos especiais de meia hora cada um. 
 
§ 1º Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses poderá ser dilatado, 
a critério da autoridade competente. 
 
§ 2º Os horários dos descansos previstos no caput deste artigo deverão ser definidos 
em acordo individual entre a mulher e o empregador. 
 
Art. 397. O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas destinadas à assistência 
à infância manterão ou subvencionarão, de acordo com suas possibilidades 
financeiras, escolas maternais e jardins de infância, distribuídos nas zonas de maior 
densidade de trabalhadores, destinados especialmente aos filhos das mulheres 
empregadas. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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Art. 399. O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio conferirá diploma de 
benemerência aos empregadores que se distinguirem pela organização e manutenção 
de creches e de instituições de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que 
tais serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das respectivas 
instalações. 
 
Art. 400. Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da 
amamentação deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de amamentação, 
uma cozinha dietética e uma instalação sanitária. 
 
Lei 11.770/2008 
(Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade 
mediante concessão de incentivo fiscal, e altera a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991) 
Art. 1º É instituído o Programa Empresa Cidadã, destinado a prorrogar: 
I - por 60 (sessenta) dias a duração da licença-maternidade prevista no inciso XVIII do 
caput do art. 7º da Constituição Federal; 
II - por 15 (quinze) dias a duração da licença-paternidade, nos termos desta Lei, além 
dos 5 (cinco) dias estabelecidos no § 1º do art. 10 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias. 
§ 1º A prorrogação de que trata este artigo: 
I - será garantida à empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que 
a empregada a requeira até o final do primeiro mês após o parto, e será concedida 
imediatamente após a fruição da licença-maternidade de que trata o inciso XVIII do 
caput do art. 7º da Constituição Federal; 
II - será garantida ao empregado da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde 
que o empregado a requeira no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e comprove 
participação em programa ou atividade de orientação sobre paternidade responsável. 
§ 2º A prorrogação será garantida, na mesma proporção, à empregada e ao 
empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
39 
Art. 2º É a administração pública, direta, indireta e fundacional, autorizada a instituir 
programa que garanta prorrogação da licença-maternidade para suas servidoras, nos 
termos do que prevê o art. 1º desta Lei. 
 
Art. 3º Durante o período de prorrogação da licença-maternidade e da licença 
paternidade: 
I - a empregada terá direito à remuneração integral, nos mesmos moldes devidos no 
período de percepção do salário-maternidade pago pelo Regime Geral de Previdência 
Social (RGPS); 
II - o empregado terá direito à remuneração integral. 
 
Art. 4º No período de prorrogação da licença-maternidade e da licença paternidade de 
que trata esta Lei, a empregada e o empregado não poderão exercer nenhuma 
atividade remunerada, e a criança deverá ser mantida sob seus cuidados. 
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do disposto no caput deste artigo, a 
empregada e o empregado perderão o direito à prorrogação. 
 
Art. 5º A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto 
devido, em cada período de apuração, o total da remuneração integral da empregada 
e do empregado pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade e de sua 
licença-paternidade, vedada a dedução como despesa operacional. 
 
 
De olho na jurisprudência do TST: 
 
SÚMULA 244 DO TST GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. 
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao 
pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). 
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante 
o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais 
direitos correspondentes ao período de estabilidade. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, 
inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na 
hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. 
 
OJ 44 DA SDI-1 DO TST GESTANTE. SALÁRIO-MATERNIDADE. 
É devido o salário maternidade, de 120 dias, desde a promulgação da CF/1988, 
ficando a cargo do empregador o pagamento do período acrescido pela Carta. 
 
OJ 30 DA SDC DO TST ESTABILIDADE DA GESTANTE. RENÚNCIA OU 
TRANSAÇÃO DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. 
Nos termos do art. 10, II, "b", do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à 
hierarquia constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador 
a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. 
Portanto, a teor do artigo 9º, da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que 
estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias 
referentes à manutenção do emprego e salário. 
 
Em 2021 houve uma novidade legislativa visando a tutelar a maternidade durante a pandemia 
da COVID-19: 
 
Lei 14.151/2021 
(Dispõe sobre o afastamento da empregada gestante das atividades de trabalho 
presencial durante a emergência de saúde pública de importância nacional decorrente 
do novo coronavírus) 
 
Art. 1º Durante a emergência de saúde pública de importância nacional decorrente do 
novo coronavírus, a empregada gestante deverá permanecer afastada das 
atividades de trabalho presencial, sem prejuízo de sua remuneração. 
Parágrafo único. A empregada afastada nos termos do caput deste artigo ficará à 
disposição para exercer as atividades em seu domicílio, por meio de teletrabalho, 
trabalho remoto ou outra forma de trabalho a distância. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
41 
 
 Em março de 2022, a Lei 14.311/22 alterou a Lei 14.151/2021, passando a prever o seguinte: 
 
Lei 14.311/22 
Art. 1º Durante a emergência de saúde pública de importância nacional decorrente do 
coronavírus SARS-CoV-2, a empregada gestante que ainda não tenha sido 
totalmente imunizada contra o referido agente infeccioso, de acordo com os critérios 
definidos pelo Ministério da Saúde e pelo Plano Nacional de Imunizações (PNI), deverá 
permanecer afastada das atividades de trabalho presencial. (Redação dada pela 
Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 1º A empregada gestante afastada nos termos do caput deste artigo ficará à 
disposição do empregador para exercer as atividades em seu domicílio, por meio 
de teletrabalho, trabalhoremoto ou outra forma de trabalho a distância, sem 
prejuízo de sua remuneração. (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 2º Para o fim de compatibilizar as atividades desenvolvidas pela empregada 
gestante na forma do § 1º deste artigo, o empregador poderá, respeitadas as 
competências para o desempenho do trabalho e as condições pessoais da gestante 
para o seu exercício, alterar as funções por ela exercidas, sem prejuízo de sua 
remuneração integral e assegurada a retomada da função anteriormente exercida, 
quando retornar ao trabalho presencial. (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 3º Salvo se o empregador optar por manter o exercício das suas atividades nos 
termos do § 1º deste artigo, a empregada gestante deverá retornar à atividade 
presencial nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
I - após o encerramento do estado de emergência de saúde pública de importância 
nacional decorrente do coronavírus SARS-CoV-2; (Incluído pela Lei nº 14.311, de 
2022) 
II - após sua vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2, a partir do dia em que o 
Ministério da Saúde considerar completa a imunização; (Incluído pela Lei nº 14.311, 
de 2022) 
III - mediante o exercício de legítima opção individual pela não vacinação contra o 
coronavírus SARS-CoV-2 que lhe tiver sido disponibilizada, conforme o calendário 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
42 
divulgado pela autoridade de saúde e mediante o termo de responsabilidade de que 
trata o § 6º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
IV - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 6º Na hipótese de que trata o inciso III do § 3º deste artigo, a empregada gestante 
deverá assinar termo de responsabilidade e de livre consentimento para exercício do 
trabalho presencial, comprometendo-se a cumprir todas as medidas preventivas 
adotadas pelo empregador. (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
§ 7º O exercício da opção a que se refere o inciso III do § 3º deste artigo é uma 
expressão do direito fundamental da liberdade de autodeterminação individual, e 
não poderá ser imposta à gestante que fizer a escolha pela não vacinação qualquer 
restrição de direitos em razão dela. (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022) 
 
CONVENÇÃO 103 DA OIT RELATIVA AO AMPARO À MATERNIDADE 
(Ratificada pelo Brasil) 
 
Art. I — 1. A presente convenção aplica-se às mulheres empregadas em empresas 
industriais bem como às mulheres empregadas em trabalhos não industriais e 
agrícolas, inclusive às mulheres assalariadas que trabalham em domicílio. 
2. Para os fins da presente convenção, o termo “empresas industriais” aplica-se às 
empresas públicas ou privadas bem como a seus ramos (filiais) e compreende 
especialmente: 
a) as minas, pedreiras e indústrias extrativas de todo gênero; 
b) as empresas nas quais produtos são manufaturados, modificados, beneficiados, 
consertados, decorados, terminados, preparados para a venda, destruídos ou 
demolidos, ou nas quais matérias sofrem qualquer transformação, inclusive as 
empresas de construção naval, de produção, transformação e transmissão de 
eletricidade e de força motriz em geral; 
c) as empresas de edificação e de engenharia civil, inclusive os trabalhos de 
construção, de reparação, de manutenção, de transformação e de demolição; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
43 
d) as empresas de transporte de pessoas ou de mercadorias por estrada de rodagem, 
estrada de ferro, via marítima ou fluvial, via aérea, inclusive a conservação das 
mercadorias em docas, armazéns, trapiches, entrepostos ou aeroportos. 
 
3. Para os fins da presente convenção, o termo ‘trabalhos não industriais’ aplica-se a 
todos os trabalhos executados nas empresas e serviços públicos ou privados 
seguintes, ou em relação com seu funcionamento: 
a) os estabelecimentos comerciais; 
b) os correios e os serviços de telecomunicações; 
c) os estabelecimentos ou repartições cujo pessoal está empregado sobretudo em 
trabalhos de escritórios; 
d) tipografias e jornais; 
e) os hotéis, pensões, restaurantes, clubes, cafés (salões de chá) e outros 
estabelecimentos onde se servem bebidas, etc.; 
f) os estabelecimentos destinados ao tratamento ou hospitalização de doentes, 
enfermos, indigentes e órfãos; 
g) as empresas de espetáculos e diversões públicos; 
h) o trabalho doméstico assalariado efetuado em casas particulares; bem como a todos 
os outros trabalhos não industriais aos quais a autoridade competente decidir aplicar 
os dispositivos da convenção. 
4. Para os fins da presente convenção, o termo ‘trabalhos agrícolas’ aplica-se a todos 
os trabalhos executados nas empresas agrícolas, inclusive as plantações (fazendas) e 
as grandes empresas agrícolas industrializadas. 
 
5. Em todos os casos onde não parece claro se a presente convenção se aplica ou não 
a uma empresa, a uma filial (ramo) ou a um trabalho determinado, a questão deve ser 
decidida pela autoridade competente após consulta às organizações representativas 
de empregadores e empregados interessadas, se existirem. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
44 
6. A legislação nacional pode isentar da aplicação da presente convenção as empresas 
onde os únicos empregados são os membros da família do empregador de acordo com 
a referida legislação. 
 
Art. II — Para os fins da presente convenção, o termo ‘mulher’ designa toda pessoa 
do sexo feminino, qualquer que seja sua idade ou nacionalidade, raça ou crenças 
religiosas, casada ou não, e o termo ‘filho’ designa toda criança nascida de matrimônio 
ou não. 
 
Art. III — 1. Toda mulher a qual se aplica a presente convenção tem o direito, mediante 
exibição de um atestado médico que indica a data provável de seu parto, a uma licença 
de maternidade. 
 
2. A duração dessa licença será de doze semanas, no mínimo; uma parte dessa licença 
será tirada obrigatoriamente depois do parto. 
 
3. A duração da licença tirada obrigatoriamente depois do parto será estipulada pela 
legislação nacional, não será, porém, nunca inferior a seis semanas; o restante da 
licença total poderá ser tirado, segundo o que decidir a legislação nacional, seja antes 
da data provável do parto, seja após a data da expiração da licença obrigatória, ou 
seja, ainda uma parte antes da primeira destas datas e uma parte depois da segunda. 
4. Quando o parto se dá depois da data presumida, a licença tirada anteriormente se 
acha automaticamente prorrogada até a data efetiva do parto e a duração da licença 
obrigatória depois do parto não deverá ser diminuída por esse motivo. 
 
5. Em caso de doença confirmada por atestado médico como resultante da gravidez, 
a legislação nacional deve prever uma licença pré-natal suplementar cuja duração 
máxima pode ser estipulada pela autoridade competente. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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6. Em caso de doença confirmada por atestado médico como corolário do parto, a 
mulher tem direito a uma prorrogação da licença após o parto cuja duração máxima 
pode ser estipulada pela autoridade competente. 
 
Art. IV — 1. Quando uma mulher se ausentar de seu trabalho em virtude dos 
dispositivos do art. 3 acima, ela tem direito a prestações em espécie e a assistência 
médica. 
 
2. A percentagem das prestações em espécie será estipulada pela legislação nacional 
de maneira a serem suficientes para assegurar plenamente a subsistência da mulher 
e de seu filho em boas condições de higiene e segundo um padrão de vida apropriado. 
 
3. A assistência médica abrangerá assistência pré-natal, assistência durante o parto e 
assistência após o parto prestados por parteira diplomada ou por médico, e bem assim 
a hospitalização quando for necessária; a livreescolha do médico e a livre escolha entre 
um estabelecimento público ou privado serão respeitadas. 
 
4. As prestações em espécie e a assistência médica serão concedidas quer nos moldes 
de um sistema de seguro obrigatório quer mediante pagamentos efetuados por fundos 
públicos; em ambos os casos serão concedidos de pleno direito a todas as mulheres 
que preencham as condições estipuladas. 
 
5. As mulheres que não podem pretender, de direito, quaisquer prestações, receberão 
apropriadas prestações pagas dos fundos de assistência pública, sob ressalva das 
condições relativas aos meios de existência prescritas pela referida assistência. 
 
6. Quando as prestações em espécie fornecidas nos moldes de um sistema de seguro 
social obrigatório são estipuladas com base nos proventos anteriores, elas não 
poderão ser inferiores a dois terços dos proventos anteriores tomados em 
consideração. 
 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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7. Toda contribuição devida nos moldes de um sistema de seguro social obrigatório 
que prevê a assistência à maternidade, e toda taxa calculada na base dos salários 
pagos, que seria cobrada tendo em vista fornecer tais prestações, devem ser pagas de 
acordo com o número de homens e mulheres empregados nas empresas em apreço, 
sem distinção de sexo, sejam pagas pelos empregadores ou, conjuntamente, pelos 
empregadores e empregados. 
 
8. Em hipótese alguma, deve o empregador ser tido como pessoalmente 
responsável pelo custo das prestações devidas às mulheres que ele emprega. 
 
Art. V — 1. Se a mulher amamentar seu filho, será autorizada a interromper seu 
trabalho com esta finalidade durante um ou vários períodos cuja duração será fixada 
pela legislação nacional. 
 
2. As interrupções do trabalho para fins de aleitamento devem ser computadas na 
duração do trabalho e remuneradas como tais nos casos em que a questão seja 
regulamentada pela legislação nacional ou de acordo com esta; nos casos em que a 
questão seja regulamentada por convenções coletivas, as condições serão estipuladas 
de acordo com a convenção coletiva pertinente. 
 
Art. VI — Quando uma mulher se ausentar de seu trabalho em virtude dos dispositivos 
do art. 3 da presente convenção, é ilegal para seu empregador despedi-la durante a 
referida ausência ou data tal que o prazo do aviso prévio termine enquanto durar a 
ausência acima mencionada. 
 
Art. VII — 1. Todo Membro da Organização Internacional do Trabalho que ratifica a 
presente convenção pode, por meio de uma declaração que acompanha sua 
ratificação, prever derrogações no que diz respeito: 
a) a certas categorias de trabalhos não industriais; 
b) a trabalhos executados em empresas agrícolas outras que não plantações; 
c) ao trabalho doméstico assalariado efetuado em casas particulares; 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
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d) às mulheres assalariadas trabalhando em domicílio; 
e) às empresas de transporte marítimo de pessoas ou mercadorias. 
 
2. As categorias de trabalhos ou de empresas para as quais tenham aplicações os 
dispositivos do § 1 do presente artigo deverão ser designadas na declaração que 
acompanha a ratificação da convenção. 
 
3. Todo Membro que fez tal declaração pode a qualquer tempo anulá-la em todo ou 
em parte por uma declaração ulterior. 
 
4. Todo Membro, com relação ao qual está em vigor uma declaração feita nos termos 
do § 1 do presente artigo, indicará todos os anos no seu relatório anual sobre a 
aplicação da presente convenção, a situação de sua legislação e de suas práticas 
quanto aos trabalhos e empresas aos quais se aplica o referido § 1 em virtude daquela 
declaração, precisando até que ponto deu execução ou se propõe a dar execução a no 
que diz respeito aos trabalhos e empresas em apreço. 
 
Além da Convenção 103 da OIT, que versa especificamente sobre a maternidade, a referida 
Organização conta, ainda, com a Convenção 156 da OIT, que preconiza pela igualdade de 
oportunidades e tratamento de homens e mulheres trabalhadores, que contem com encargos de 
família, os quais costumam ficar à cargo das mulheres, em razão da socialmente reconhecida “dupla 
jornada de trabalho”. 
 
CONVENÇÃO 156 DA OIT – Sobre a Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para 
Homens e Mulheres Trabalhadores: Trabalhadores com Encargos de Família (não ratificada pelo 
Brasil) 
 
Artigo 1º 1. Esta Convenção aplica-se a homens e mulheres com responsabilidades 
com relação a seus filhos dependentes, quando estas responsabilidades restringem a 
possibilidade de se prepararem para uma atividade econômica e nela ingressar, 
participar ou progredir. 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
48 
 
2. As disposições desta Convenção aplicar-se-ão também a homens e mulheres com 
responsabilidades com relação a outros membros de sua família imediata que 
manifestamente precisam de seus cuidados ou apoio, quando essas responsabilidades 
restringem a possibilidade de se prepararem para uma atividade econômica e de nela 
ingressar, participar ou progredir. 
 
3. Para fins desta Convenção, os termos "filho dependente" e "outro membro da 
família imediata que manifestamente precisa de cuidado e apoio" significam pessoas 
como tais definidas, em cada país, por um dos meios referidos no Artigo 9º desta 
Convenção. 
 
4. Os trabalhadores cobertos pelos Parágrafos 1 e 2 deste Artigo são doravante 
referidos como "trabalhadores com encargos de família". 
 
Artigo 2º Esta Convenção aplica-se a todos os setores de atividade econômica e a 
todas as categorias de trabalhadores. 
 
Artigo 3º 1. Com vista ao estabelecimento de uma efetiva igualdade de oportunidade 
e de tratamento para homens e mulheres trabalhadores, todo País-membro incluirá, 
entre os objetivos de sua política nacional, dar condições a pessoas com encargos de 
família, que estão empregadas ou queiram empregar-se, de exercer o direito de fazê-
lo sem estar sujeitas a discriminação e, na medida do possível, sem conflito entre 
seu emprego e seus encargos de família. 
2. Para fins do Parágrafo 1 deste Artigo, o termo "discriminação" significa 
discriminação no emprego ou profissão, conforme definido pelos Artigos 1º e 5º da 
Convenção sobre a Discriminação (Emprego e Profissão), de 1958. 
 
Artigo 4º Com vista ao estabelecimento de uma efetiva igualdade de oportunidades e 
de tratamento para homens e mulheres trabalhadores, serão tomadas todas as 
medidas compatíveis com as condições e as responsabilidades nacionais para: 
 PRÉ-EDITAL AFT 
DIREITOS HUMANOS – META 07 
 
49 
a) dar condições a trabalhadores com encargos de família de exercer seu direito á livre 
escolha de emprego e 
b) levar em consideração suas necessidades nos termos e condições de emprego e de 
seguridade social. 
 
Artigo 5º Serão tomadas ainda todas as medidas compatíveis com as possibilidades 
nacionais para: 
a) levar em consideração, no planejamento comunitário, as necessidades de 
trabalhadores com encargos de família e 
b) desenvolver ou promover serviços comunitários, públicos ou privados, como 
serviços e meios de assistência á infância e família. 
 
Artigo 6º Em todo país, autoridades e órgãos competentes tomarão medidas 
adequadas para promover a informação e a educação que gerem uma compreensão 
pública mais ampla do princípio da igualdade de oportunidades e de tratamento para 
homens e mulheres trabalhadores e dos problemas de encargos de família bem como 
o clima de opinião que conduza à superação desses problemas. 
 
Artigo 7º Serão tomadas todas as medidas compatíveis com as condições e as 
possibilidades nacionais, inclusive medidas no campo da orientação e de treinamento 
profissionais, para dar condições aos trabalhadores com encargos de família de se 
integrarem e permanecerem integrados na força de trabalho, assim como nela 
reingressar após ausência imposta por esses encargos.

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