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AULA PRECEITOS BÁSICOS DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

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02/04/2024
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PRECEITOS BÁSICOS DE 
DIREITO INTERNACIONAL 
PRIVADO
Qualificação 
Conceituar + Classificar = Qualificar
Delinear muito bem o fato e a norma aplicável. A qualificação pode
ser a respeito de um ato ou fato jurídico, de uma regra do direito
interno ou à própria regra de conexão.
No Direito Internacional nem sempre a qualificação de todos esses
elementos coincidem nos diversos sistemas jurídicos. Isso pode ser
uma outra causa de conflito. A mesma questão pode ser entendida
por um ordenamento jurídico como atinente à capacidade da
pessoa e por outro ordenamento como sendo condição de validade
de contrato.
•Desenvolvida por Franz Kahn (1891, Alemanha) e Etienne Bartin
(1897, França), a teoria das qualificações atinge somente o
objeto de conexão da norma indicativa do direito internacional
privado; e nunca o seu elemento de conexão.
•O problema a ser resolvido pela qualificação conecta-se ao fato
do direito a ser aplicado poder ser o direito interno ou um
determinado direito estrangeiro, o que vai depender do
conteúdo da norma indicativa de direito internacional privado
da lex fori aplicável ao caso concreto.
•O objeto da qualificação, desta feita, é a atribuição de um fato
social a uma questão jurídica, que deve ser enquadrada perante
a parte da norma indicativa que se refere seu objeto de
conexão.
Três teorias da qualificação:
a) Qualificação pela lex fori - Trata-se de princípio basilar que o 
magistrado deve aplicar as normas do direito internacional 
privado da lex fori. 
Na realidade, a qualificação deve se dar por meio da lex fori.
Qualificação pela lex causae 
- Trata-se da qualificação pelo direito aplicável a uma relação 
jurídica de direito privado com conexão internacional. 
- Entretanto, a teoria da lex causae deixa de levar em conta o 
fato de que a qualificação precede a determinação do direito 
aplicável pelo juiz.
Qualificação pela lex causae
- Somente quando após enquadramento da relação jurídica à
norma de direito internacional privado for feito é que se pode
falar em designação do direito aplicável.
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No Brasil
•Segundo Jacob Dolinger, o direito brasileiro adota, quanto à
qualificação, a teoria da lex fori. - Traz, entretanto, duas
exceções, de modo a aplicar a lex causae quanto à qualificação
dos bens e das obrigações.
•LINDB, art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem
situados.
•LINDB, art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á
a lei do país em que se constituírem.
ORDEM PÚBLICA:
•São os aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da
própria estrutura do Estado e da sociedade, abrangendo as
noções de soberania nacional e bons costumes.
•Não é um instituto caracterizado pela imutabilidade diante da
própria volatilidade social experimentada em determinada
comunidade regida por um código de normas.
•A incompatibilidade da norma estrangeira aplicável a um
conflito de leis no espaço com a ordem pública impede sua
incidência no Brasil.
Essa incompatibilidade é aferida a partir da lex fori que irá
promover a verificação e a prova do Direito estrangeiro.
◦ LINDB: “Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem 
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no 
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública 
e os bons costumes.”
•A soberania nacional refere-se à autoridade suprema do
Estado em seu território e sua independência.
•Os bons costumes são aqueles que se extraem dos preceitos de
ordem moral, ligados à honestidade familiar, ao recato do
indivíduo e à sua dignidade social, resultantes da aplicação da
moral segundo entendem os povos cultos.
FRAUDE À LEI:
É a ação deliberada voltada a evitar a aplicação de uma norma sobre
determinado caso concreto.
PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO:
I – Intenção de evitar a incidência de certas normas,
cujas consequências legais são indesejáveis;
II – Realização de uma “manobra legal” para obter esse
resultado;
III – Transferência de atividades e de bens para outros
países, bem como a prática de atos no exterior, normalmente buscando-se
um foro mais favorável para tal.
•Pessoa artificiosamente altera o elemento de conexão que
indicaria a lei aplicável, assim, se em matéria de estatuto
pessoal o indivíduo mudar sua nacionalidade ou domicílio com o
propósito de alterar a incidência original da norma, visando
fugir de uma proibição ou de uma incompetência.
•Forum shopping, escolha de uma jurisdição que convenha
melhor às partes. Sem mudar a nacionalidade recorrem a
Judiciário de outro país (“juízos facilitários”)
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REENVIO:
Instituto pelo qual o Direito Internacional Privado de um Estado
remete às normas jurídicas de outro Estado, e as regras de
Direito Internacional Privado deste indicam que a relação
interpessoal com conexão internacional deve ser regulada ou
pelas normas de um terceiro Estado, ou pelo próprio
ordenamento do primeiro Estado.
Reenvio de 1º Grau:
Ordenamento jurídico do Estado A indica a ordem
jurídica do Estado B como aplicável ao caso com conexão
internacional, entretanto, a ordem jurídica do Estado B determina
como incidente ao caso a ordem jurídica do Estado A.
Reenvio de 2º Grau:
Ordenamento jurídico do Estado A indica a ordem
jurídica do Estado B como aplicável ao caso com conexão
internacional, entretanto, a ordem jurídica do Estado B determina
como incidente ao caso a ordem jurídica do Estado C.
BRASIL:
LINDB – Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se
houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. (PROIBIÇÃO)
EXCEÇÃO:
Art. 10. omissis
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do de cujus.
Questão Prévia ou Incidental
•O problema da questão prévia ou incidental foi analisado
incialmente pelos juristas alemães George Melchior (1932) e
Wilhelm Wengler (1934).
•Entende-se por questão prévia ou incidental o fato do juiz não poder
analisar a questão jurídica principal sem que tenha se pronunciado
anteriormente a respeito de outra questão, que necessariamente a
precede.
•Exemplo: se o de cujus teve seu último domicílio no Brasil e deixou
um filho cuja qualidade como tal se questiona; faz-se necessário
avaliar primeiramente a sua capacidade para sucedê-lo.
•Para que o juiz determine qual o direito aplicável à questão
prévia, ou ele aplica o mesmo direito que será empregado à
questão jurídica mater; ou o magistrado determina o direito
aplicável à questão prévia, independentemente da principal, de
modo a atribuir autonomia àquela.
•Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito
Internacional Privado (1979) Art. 8º. As questões prévias,
preliminares ou incidentes que surjam em decorrência de
uma questão principal não devem necessariamente ser
resolvidas de acordo com a lei que regula esta última.
•Na falta de uma regra definida, o juiz, antes de tomar a decisão,
deve ponderar os interesses concretos no caso. A tendência do
juiz será a de aplicar à questão prévia o mesmo direito
estrangeiro aplicado à questão jurídica principal, se a relação
jurídica de direito privado tiver conexão predominante com a
ordem jurídica estrangeira.
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Direitos Adquiridos 
•Para Rechsteiner (2007, p. 195) direitos adquiridos significa,
resumidamente, “a proteção e o reconhecimento dos direitos validamente
adquiridos no estrangeiro pela ordem interna”.
•Essa teoria, conforme o mesmo autor é “vaga e inconstante, porque, na
realidade, o direito internacional privado de cada país regula,
individualmente, as circunstâncias em que os direitos obtidos no
estrangeiro são considerados adquiridos e sob quais condições devem ser
reconhecidos pela ordem jurídica interna.”
A CF refere no artigo 5º, XXXVI que: “A lei não prejudicará o direitoadquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” A fim de completar tal 
entendimento, cumpre citar a Lei de introdução ao Código Civil Brasileiro 
(LINDB), que disserta em seu artigo 17:
As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de 
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania 
nacional, a ordem pública e os bons costumes.
• O direito requerido para ser reconhecido necessita derivar de
um direito já adquirido no país de origem, e não uma simples
expectativa de obtenção do direito. O direito adquirido também
deverá ter nascido de acordo com a lei internacional e, alem
disso, tratar-se de direito adquirido de direito privado e não
público. Em casos de direito privado, exemplo é o casamento,
enquanto no direito público pode-se usar como exemplo o
servidor público não pode ser removido a outro país no seu
cargo e função.

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