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FISIOLOGIA-DO-EXERCÍCIO

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2 ORIGEM HISTÓRICA FISIOLOGIA HUMANA E FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO .. 4 
3 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ................................................................................ 7 
3.1 Homeostase e estado estável ............................................................................... 8 
3.2 Atividade física versus exercício físico ................................................................ 11 
3.3 Rotas metabólicas .............................................................................................. 12 
3.4 Efeitos do exercício físico no sistema endócrino ................................................ 16 
3.5 Hormônios da neuro-hipófise .............................................................................. 17 
3.6 Atividades físicas e hormônios sexuais .............................................................. 25 
4 EXERCÍCIO FÍSICO E SEUS EFEITOS ............................................................... 27 
4.1 Adaptações do organismo ao exercício físico ..................................................... 31 
4.2 Atividade física, exercício físico e aptidão física na saúde ................................. 32 
4.3 Atividade física e gasto energético ..................................................................... 34 
5 A FISIOLOGIA NA PRESCRIÇÃO E MONTAGEM DE PROGRAMAS DE 
EXERCÍCIOS ............................................................................................................ 36 
5.1 Efeitos fisiológicos para interpretação das necessidades de exercício físico ..... 38 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 ORIGEM HISTÓRICA FISIOLOGIA HUMANA E FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
 
Fonte: shre.ink/mNnt 
A fisiologia estuda as diferentes funções biológicas, físicas e químicas para 
explicar as relações vitais do organismo e suas adaptações ao ambiente, é 
caracterizada como um dos ramos da biologia, e se refere etimologicamente, em sua 
origem, ao termo grego physis que significa natureza e/ou funcionamento (FORJAZ & 
TRICOLI, 2011). 
A fisiologia de Aristóteles baseava-se na nutrição e na refrigeração do corpo; 
discordando de outros pensadores gregos, ele não considerava o cérebro como 
núcleo responsável pelo pensamento e a sensibilidade e, sim, o coração, no qual a 
alma estava localizada. Para Aristóteles, o pulmão ainda possuía uma função de 
moderação e nutrição do coração ( REBOLLO, 2006). 
Hipócrates, outro importante pensador grego e médico, também é responsável 
por converter os estudos de medicina em ciências, e libertá-la do misticismo religioso, 
e anos mais tarde constituir o que os gregos chamaram de núcleo do saber que 
incluíam ideias de anatomia, fisiologia e patologia (TEIXEIRA, 2015). 
Assim, o famoso médico Hipócrates descreveu sua concepção de fisiologia na 
sua obra Corpus Hippocraticus (CH), na qual o ser humano era constituído por 
quatro fluídos: sangue, fleuma, bile amarela e preta. Depois de Hipócrates, o nome de 
Cláudio Galeno, aparece frequentemente relacionado à fisiologia, sendo considerado 
 
5 
 
a maior influência histórica da fisiologia na antiguidade e o pai da pesquisa 
experimental na área, devido, principalmente, aos seus experimentos com animais. 
Para além das ideias de seu mentor Hipócrates, Corpus Hippocraticus (CH), cerca 
de 600 anos depois, considerou o fígado, o coração e o cérebro como os três 
principais órgãos do corpo humano (BRASIL, 2013). 
Os estudos de Galeno, no campo cardiorrespiratório resultaram em “teoria 
miogênica do batimento cardíaco”, baseada na investigação e descrição do 
movimento de fluxo e refluxo do sangue, e, na ideia inicial de sangue arterial e venoso, 
de acordo com a qual o arterial transportaria do coração o espírito vital e o sangue 
venoso encaminhariam para o fígado o chamado espírito natural (TEIXEIRA, 2015). 
Nos anos de 1500, especificamente, a partir de 1534, o médico Jean Fernel é 
quem começou a utilizar o termo “fisiologia” quando se dedicou a retomar os antigos 
estudos gregos, ele foi responsável por uma das ideias que, em 2001, seria 
comprovada pela Purdue University sobre a gordura das papilas gustativas, 
contribuindo para que nos cursos de medicina da época, alguns assuntos da fisiologia 
fossem adotados (DONATELLI, 2006). 
No século XVIII, a fisiologia se dividiu em duas linhas: eletro-fisiologia e 
pesquisas sobre metabolismo, no qual a primeira é marcada por estudos dos 
italianos Luigi Galvani, com a publicação de De Viribus Electricitatis in Motu 
Musculari Commentarius com pesquisas sobre a contração muscular em rãs. 
Posteriormente, Alessandro Volta aprimorou as ideias de Galvani. Essas pesquisas 
da fisiologia sobre o metabolismo humano, mais à frente, com ideias de 
Bernard e adaptações de Walter Cannon em estudos sobre a homeostasia 
desencadearam a atual fisiologia do exercício (BRASIL, 2013). 
Aproximando-nos dos tempos atuais, recordamos que, no século XX, Walter 
Cannon recuperou ideias de Bernard com relação ao termo de homeostasia, um dos 
conceitos da fisiologia moderna (BRASIL, 2013). Cannon é considerado um dos 
maiores fisiologistas norte-americanos, em dentre suas contribuições está o livro The 
wisdom of the body (Tradução: A sabedoria do corpo), publicado em 1932, e que 
difunde o conceito de homeostase (RODRIGUES, 2013). 
Em continuidade com a origem histórica, temos a fisiologia do exercício, que é 
uma área ou campo de saber derivado da fisiologia humana, e estuda os efeitos 
 
6 
 
agudos e crônicos do exercício físico sobre estruturas e funções do corpo humano 
(COSTILL D. L.; KENNEY, W. L WILMORE, 2013). 
A Fisiologia do exercício começou a surgir como interesse acadêmico e 
científico no final do século 19, no qual, em 1889, ocorreu a primeira 
publicação da área e, consequentemente, sua consolidação mundial com o livro 
Physiology of Bodily Exercise por Fernand LaGrange que apresenta questões sobre 
fadiga muscular e papel do cérebro frente aoexercício (FORJAZ;TRICOLI, 2011; 
KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). 
 A evolução da área da fisiologia do exercício teve uma importante 
contribuição europeia com o recebimento do prêmio Nobel dos pesquisadores 
August Krogh (1920), Archibald V. Hill (1922) e Otto Meyerhof (1922) por suas 
pesquisas no metabolismo energético e a fisiologia da musculatura esquelética 
(FORJAZ & TRICOLI, 2011). 
No ano de 1927, no porão da Universidade de Harvard, foi construído o 
laboratório de Fadiga de Harvard, que era responsável em pesquisar os impactosfisiológicos da fadiga em atividades diárias nos trabalhadores da indústria (WILMORE 
& COSTILL, 2010). Esse laboratório atuou durante 20 anos - 1927 a 1947 , e foi 
considerado um marco importante na história da fisiologia do exercício. Nele foram 
realizadas pesquisas com o metabolismo energético, meio ambiente (efeitos do frio e 
da altitude), envelhecimento, nutrição e aptidão física e saúde, por meio de seu 
coordenador, o Professor Doutor Dill (POWERS & HOWLEY, 1994). 
Em 1947, após a II Guerra Mundial, o laboratório foi fechado, mas sua 
contribuição é inegável, visto que nos seus 20 anos de funcionamento, ocorreram 
mis de 300 estudos que contribuem até os dias atuais com relação ao exercício 
físico e as respostas metabólicas (POWERS & HOWLEY, 1994). 
A história da fisiologia do exercício segue até os anos 60, com estudos 
focados nas respostas do corpo com relação ao consumo de oxigênio, frequência 
cardíaca e temperatura corporal. Bengt Saltin e Jonas Bergstrom, ao final dessa 
década, disparam a aplicação das biópsias para estudos com a bioquímica e a 
estrutura muscular. A partir disso, se permitiu futuramente que os fisiologistas 
compreendessem o metabolismo energético e o efeito do tipo de fibra muscular 
(MOOREN & VÖLKER, 2012). 
 
7 
 
Entre os períodos de 1981 e 1985, no Brasil, a fisiologia do exercício teve 
enfoque na promoção da saúde e em programas de tratamento de reabilitação 
cardíaca, o que proporcionou a alguns professores de educação física participarem 
de programas de mestrado e doutorado nos Estados Unidos, surgindo algumas 
proposições, teses e rotinas de avaliação implantadas em programas nacionais 
(ROCHA et al., 2006). 
A partir desses fatos, as áreas da fisiologia humana e fisiologia do exercício 
dividiram-se em duas áreas: a da promoção da saúde e prescrição do exercício físico 
e a área escolar, inseridas, inicialmente, no contexto inicialmente da graduação, pós-
graduação, mas com pouca inserção na educação básica. Na área de prescrição do 
exercício físico e promoção da saúde, nos anos 2000 em diante, ocorreu um grande 
passo, com as empresas de informática produzindo softwares de avaliação e 
acompanhamento da fisiologia do exercício e os pesquisadores brasileiros ganhando 
prestigio e reconhecimento com cerca de 12 milhões de artigos científicos publicados 
na Biblioteca Nacional de Medicina do Instituto Nacional de Saúde dos Estados 
Unidos (ROCHA et al., 2006). 
3 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
 
Fonte: shre.ink/mNJq 
 
8 
 
A fisiologia do exercício examina o comportamento do corpo frente às 
adaptações provocadas pela atividade física e por estímulos sistematizados propostos 
na prescrição de exercícios físicos. Assim, seu foco é a forma como as alterações 
acontecem, a fim de prever as adaptações que podem ocorrer frente aos estímulos. 
Dentro dessa temática, podemos incluir estudos voltados ao esporte e também à 
saúde de uma forma geral. Segundo Wilmore e Costill (2001), a melhora do 
condicionamento e da aptidão física está relacionada às melhores condições de 
desempenho no esporte e na saúde da população comum. 
No contexto da fisiologia do exercício, são observadas adaptações fisiológicas 
dos sistemas frente ao estímulo externo, ou seja, a atividade física. Existem diversas 
formas de mensurar as capacidades físicas e fisiológicas corporais, como exames 
laboratoriais, respiratórios e cardiovasculares. Um exemplo importante é o indivíduo 
que inicia uma atividade física com o objetivo de emagrecimento e regulação do peso 
e da proporção corporal, e a partir disso é avaliado e reavaliado a fim de observar as 
alterações físicas sofridas por seu corpo ao longo da prática de exercícios. 
No âmbito da fisiologia do exercício, ainda se estuda a interação da nutrição no 
desenvolvimento esportivo e nos ganhos gerais de condicionamento e medidas 
fisiológicas. Os efeitos da suplementação e da administração de nutrientes podem 
contribuir para a performance do atleta e para produzir os efeitos esperados a partir 
de sua integração aos treinos. Além disso, fatores relativos aos treinos podem ser 
estudados no campo da fisiologia. Fatores como excesso de treino (overtraining) e 
destreinamento podem provocar mudanças atípicas nos indivíduos, incluindo 
alterações não esperadas nas adaptações ao exercício (WILMORE; COSTILL, 2001). 
3.1 Homeostase e estado estável 
O conceito de homeostasia está relacionado com o controle do meio interno 
corporal frente às adaptações e estímulos externos e internos ao corpo. Nessa 
concepção, compreende-se que o processo de homeostase acontece de forma 
contínua, visando o equilíbrio e o funcionamento normal das funções corporais 
(MAGALHÃES, 2020). 
 
9 
 
O termo homeostasia pode ser relacionado com a palavra homeodinâmica, 
termo, por sua vez, relacionado com as alterações que ocorrem no meio interno 
envolvendo os líquidos corporais. Lembrando que, independentemente do termo 
empregado, deve-se considerar que o corpo humano é capaz de monitorar e controlar 
ou modular suas funções internas, envolvendo todos os sistemas corporais de forma 
constante e simultânea. Sendo assim, a função da homeostase é basicamente manter 
a vida e suas funções de forma a não alterar a dinâmica dos sistemas, considerando 
as situações de estresse e até mesmo as pequenas mudanças diárias. É importante 
lembrar que as funções corporais estão relacionadas e interligadas para o 
funcionamento do organismo no geral. Assim, tanto o estresse físico causado pelo 
exercício físico de alta intensidade quanto o estresse causado por uma situação 
emocional instável podem provocar diversas alterações nos sistemas 
(SILVERTHORN, 2010). 
Em caso de doenças e distúrbios que levam ao descontrole homeostático, é 
importante que os indivíduos disponham de meios para o condicionamento dessas 
funções e prevenção das situações extremas. As doenças podem ser consideradas 
de duas formas: as causadas pela insuficiência do sistema ou falha de algum processo 
e as derivadas de alguma origem externa ao organismo. As causas internas estão 
relacionadas com anormalidade dos tecidos e células, ocasionando tumores ou 
produção de anticorpos, por exemplo. Nesse contexto, podemos considerar que as 
doenças hereditárias devem ser classificadas como alterações internas. Já as 
causadas por estímulos externos podem ser originadas por substâncias tóxicas, 
traumas de origem física e microrganismos (SILVERTHORN, 2010). 
 Em ambas condições de alterações dos níveis da homeostase o corpo tem 
sempre a função de reequilibrar as funções por meio de mecanismos integrativos 
entre os sistemas. Esses mecanismos são responsáveis por comandar as respostas 
adaptativas dos órgãos efetores, normalmente moduladas pelo sistema nervoso 
central e sistema endócrino. Os mecanismos pelos quais as compensações 
acontecem são conhecidos como mecanismos compensatórios, como ilustrado na 
Figura 1. De acordo com Silverthorn (2010), a falha na tentativa de compensação pode 
levar ao estado de doença, que é mais em estudado no âmbito da fisiopatologia. 
 
10 
 
 
 
O meio interno e a movimentação das substâncias 
O meio interno consiste no interior do organismo, onde acontece grande parte 
do controle homeostático. No contexto interno, existe, por exemplo, a faixa de 
normalidade para a concentração de água e acidez dos líquidos corporais. Os 
mecanismos de homeostase são responsáveis por manter essas funções e 
concentrações dentro da faixa aceitável de equilíbrio. Assim, o corpo é capaz de gerar 
informações sobre as concentrações de controle e, a partir delas, modulá-las. Logo, 
temos que o pH sanguíneo, a taxa de batimentos cardíacos e a frequência respiratória 
estão em conformidade com outras funções e com as demandas exigidas a cada 
momento (SILVERTHORN, 2010). 
É no meio interno queocorre a circulação dos líquidos corporais, como o líquido 
extracelular. Esse líquido está relacionado com o líquido intracelular, que é o que 
circula no interior das células. Pelas relações entre esses dois tipos de líquidos, ocorre 
 
11 
 
o transporte de nutrientes e de metabólitos celulares para os sistemas de recolhimento 
e excreção. O líquido extracelular funciona como uma espécie de tamponamento e 
oferece certo controle para o líquido interno, mantendo a estabilidade e homeostase 
da funcionalidade em âmbito celular. Além disso, o controle e a manutenção das 
concentrações do pH desse líquido são modulados pelos mecanismos 
compensatórios já citados. Nesse sentido, quando o indivíduo ingere grandes 
quantidades de água, o corpo trabalha para eliminar esse excesso, reduzindo os 
riscos de edema (SILVERTHORN, 2010). 
Obedecendo às funções estruturais celulares, o líquido tende a se deslocar do 
meio mais concentrado para o meio menos concentrado e também em direção ao 
ambiente que possui maior quantidade de eletrólitos. Isso evita que o líquido 
transborde a célula de água, podendo ocasionar lesões em suas estruturas. Logo, é 
importante que seja mantida certa constância em suas concentrações para que as 
funções sejam desempenhadas de forma adequada. Os sistemas de controle 
funcionam como portas de entrada e de saída, em que são controlados todos os tipos 
de substâncias presentes no corpo em condições normais. A lei do balanço indica que 
esse controle está relacionado com o ganho e perda de substâncias de forma 
proporcional para a manutenção da estabilidade. Assim, as concentrações corporais 
podem ser chamadas de cargas corporais, como a carga de sódio corporal. Como 
exemplo, podemos pensar que a excreção de urina está relacionada com a ingestão 
de líquidos; sendo assim, excretamos a quantidade de líquido correspondente à que 
ingerimos. O balanço de massa corporal também está relacionado com as variáveis 
citadas, correspondendo à soma entre a massa corporal existente e a entrada ou 
produção por meios metabólicos, subtraindo-se a excreção ou remoção metabólica. 
Assim, as concentrações de dióxido de carbono dependem da respiração celular e 
também da capacidade do corpo em excretá-lo (SILVERTHORN, 2010). 
3.2 Atividade física versus exercício físico 
O movimento humano está relacionado com as condições de independência e 
funcionalidade do indivíduo. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de 
deslocamento e da função locomotora, características inerentes do ser humano. 
 
12 
 
Juntamente a isso, podemos citar o bom funcionamento fisiológico e a manutenção 
da homeostase, o que confere equilíbrio entre saúde–doença e a qualidade de vida 
do indivíduo. Frente às discussões sobre a manutenção do estado saudável para a 
população em geral, os órgãos de saúde têm recomendado a prática de atividade 
física de regular como forma de manter uma vida mais saudável. A Organização 
Mundial de Saúde (OMS) define atividade física como todo tipo de movimento corporal 
realizado pelos sistemas neuromusculoesqueléticos (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2010). 
A atividade física inclui o consumo de energia e refere-se a todas as formas de 
movimento, como trabalho, casa, lazer, atividades de lazer, entre outras. Nesse 
contexto, a diferença entre atividade física e exercício está na presença ou ausência 
de sistematização. Embora a atividade física inclua todas as formas de movimento, os 
exercícios físicos são apresentados de forma sistemática visando a manutenção da 
condição física em geral e com objetivos específicos. Portanto, o exercício pode ser 
classificado como uma subclassificação da atividade física. 
 De acordo com a OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010), a 
indicação geral para a população saudável é de cerca de 150 minutos de atividade 
física moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana. 
O objetivo das atividades físicas também pode variar e os exercícios podem ser 
prescritos de acordo com os objetivos ou necessidades dos clientes. Para idosos, por 
exemplo, a indicação comum visa a melhoria das funções osteomusculares e 
cardiorrespiratórias em geral. Além disso, é comum que idosos apresentem alguma 
comorbidade, à qual o profissional deverá dar maior atenção. Essa população ainda 
tende a ter suas condições psicológicas abaladas por fatores culturais e pessoais, o 
que também pode se beneficiar de práticas coletivas, em que há vínculo entre os 
praticantes (MAGALHÃES, 2020). 
3.3 Rotas metabólicas 
 Para que o nosso organismo realize as suas funções, é necessário que seja 
produzida energia. Essa energia química pode ser obtida pela quebra da molécula de 
ATP, o que faz com que um dos três grupos fosfato seja removido dessa molécula. 
 
13 
 
Devido a essa importante função, o ATP é conhecido como a moeda energética dos 
seres vivos, a qual permite que exista energia para ser utilizada durante processos 
químicos, mecânicos (como a contração da musculatura), elétricos (como a 
propagação de um estímulo nervoso pelo sistema nervoso), entre outros 
(SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
Para iniciar um exercício, é necessário ter energia para que ocorra contração 
da musculatura esquelética e que essa energia seja obtida por vias metabólicas. 
Inicialmente, a energia é proveniente da quebra de moléculas de ATP existentes nas 
fibras musculares. No entanto, pouco ATP existe nas fibras musculares, permitindo 
sustentar apenas um ou dois segundos de contração muscular intensa, por isso, 
existem diferentes rotas metabólicas que proporcionam essa energia para a 
realização do exercício físico: a via anaeróbia alática, a via anaeróbia lática e a via 
aeróbia. As principais diferenças entre essas vias são a velocidade com que ocorrem, 
a necessidade ou não de o oxigênio participar da reação e a produção ou não de 
lactato (SILVERTHORN, 2010; HEYWARD, 2004; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
Para dar continuidade ao exercício, ocorre a via anaeróbia alática que necessita 
da participação da molécula de FCr presente na fibra muscular. Porém, esta também 
é uma via rápida e, se o exercício necessitar ser mais longo, outras vias deverão ser 
ativadas para a obtenção do ATP. Conforme a disponibilidade de oxigênio, a via 
poderá ser a via anaeróbia lática, em caso de ausência de oxigênio, ou via aeróbia 
(fosforilação oxidativa), na presença de oxigênio. Essas vias ocorrem a partir de 
substratos provenientes de nutrientes, principalmente a glicose, que pode ser obtida 
não apenas pela ingestão de glicose livre, mas também em forma de amido, sacarose 
e lactose. Parte dos substratos que serão utilizados pelas vias metabólicas anaeróbia 
lática e aeróbia está localizado nas fibras musculares, enquanto a outra parte é 
direcionada pela corrente sanguínea de outras estruturas do corpo, como o fígado e 
o tecido adiposo, chegando até a musculatura esquelética (SILVERTHORN, 2010; 
HEYWARD, 2004; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
 As diferentes fibras musculares que existem na musculatura esquelética 
apresentam características diferenciadas e, por isso, têm a capacidade de obter 
energia preferencialmente por uma via ou outra. As fibras tipo I, por exemplo, são 
denominadas fibras lentas oxidativas. Essas fibras são altamente vascularizadas e 
 
14 
 
ricas em mitocôndrias e mioglobina, tendo a capacidade de produzir ATP pela 
oxidação aeróbia. Por outro lado, as fibras tipo II, também conhecidas como fibras 
rápidas, têm poucas mitocôndrias e mioglobina, bem como poucas enzimas do 
metabolismo aeróbio e resistência à fadiga. Além disso, essas fibras tipo II têm maior 
capacidade de realizar a contração muscular com grande velocidade por meio da via 
da glicólise anaeróbia, a qual utiliza a glicose e o glicogênio como substratos para 
obter energia (TORRES; MARZZOCO, 2007). 
A distribuição dos tipos de fibras musculares pela musculatura esquelética é 
variada e determinadapelo modo de utilização dessa musculatura. Além disso, o 
exercício físico é um importante estímulo para a transformação muscular, podendo 
converter um tipo de fibra em outro. A musculatura de atletas maratonistas que correm 
longas distâncias, por exemplo, tem predominância de fibras lentas do tipo I, enquanto 
os corredores de curta distância têm maior quantidade de fibras rápidas do tipo II 
(TORRES; MARZZOCO, 2007). 
Via anaeróbia alática (ATP-CP) 
 Essa rota metabólica envolve o sistema fosfagênico, pois utiliza o FCr em sua 
via e, por isso, pode também receber o nome de via ATP-CP (CP do inglês creatine 
phosphate). Essa via é nomeada como anaeróbia alática por não precisar de oxigênio 
e não produzir lactato. O FCr existe em pequena quantidade nas fibras musculares, 
sendo produzido nos períodos de repouso, por isso se torna uma via bastante limitada 
ao sustentar apenas 15 segundos de exercício físico. Ao mesmo tempo, também é 
uma via que permite um exercício físico de alta intensidade e rápido, pois as suas 
reações ocorrem rapidamente, liberando energia para o exercício (SILVERTHORN, 
2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
 Tal via ocorre pela conversão da adenosina difosfato (ADP), proveniente da 
quebra do ATP que existia nas fibras musculares, para ATP por ação do FCr. Isso 
acontece pela quebra da molécula de FCr pela ação da enzima creatina quinase, 
liberando um fosfato que irá se ligar à molécula de ADP, formando uma molécula de 
ATP. O rendimento final dessa via é a produção de uma molécula de ATP para cada 
molécula de FCr (SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
 
15 
 
 Via anaeróbia lática (glicólise) 
A glicose é utilizada nessa via, para produzir energia. A conversão da glicose 
até a molécula de piruvato rende pouco ATP, quando comparado à via aeróbia, no 
entanto, trata-se de um processo utilizado por diversas células do nosso corpo, além 
das fibras musculares, como, por exemplo, as hemácias, as células na medula renal, 
os espermatozoides, etc. (SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
É uma rota que não necessita de oxigênio, mas produz lactato. A partir de uma 
molécula de glicose, ocorre o processo de glicólise, ou seja, a separação dessa 
molécula que dará origem a dois piruvatos. No decorrer deste processo, ocorre uma 
grande liberação de hidrogênio, o que poderia deixar a célula ácida. Para evitar essa 
acidez, o transportador de elétron, nomeado como nicotina adenina dinucleotídeo 
(NAD), liga-se ao hidrogênio, formando o composto NADH. Na sequência, o NADH se 
liga ao piruvato, formando a molécula de lactato (SILVERTHORN, 2010; TORRES; 
MARZZOCO, 2007). 
Via aeróbia (oxidativo) 
A via aeróbia também utiliza a glicose para produzir energia, no entanto, rende 
muito mais ATP do que a via anaeróbica lática. Ela se diferencia das vias anteriores 
por ocorrer a fosforilação oxidativa ao utilizar oxigênio durante o processo de produção 
de energia. Nessa rota, além da glicose, pode ser utilizado como substrato energético 
o glicogênio, os ácidos graxos ou os aminoácidos (SILVERTHORN, 2010). Quando a 
célula tem adequada quantidade de oxigênio para o metabolismo aeróbio, as 
moléculas de piruvato são deslocadas para o interior das mitocôndrias das células. Ao 
chegar à matriz mitocondrial, as moléculas de piruvato são quebradas em acetil e 
associadas à coenzima, formando o acetilcoenzima-A (AcetilCoA). A partir desse 
momento, é dado início ao chamado ciclo do ácido cítrico, também conhecido como 
ciclo de Krebs por ter sido descrito por Hans A. Krebs. Esse ciclo produz uma rota 
circular que produz ATP, elétrons de alta energia e dióxido de carbono dentro da 
mitocôndria celular (SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
 No ciclo do ácido cítrico, a unidade de AcetilCoA com seus dois carbonos se 
combina com uma molécula de oxaloacetato que tem quatro carbonos, resultando em 
 
16 
 
uma molécula de citrato com seis carbonos. Essa molécula passa por diversas outras 
reações até retornar ao estado de oxaloacetato com quatro carbonos. A energia 
produzida durante essa rota ou é capturada como elétrons pelos transportadores NAD 
(nicotinamida adenina dinucleotídeo) e dinucleotídeo de flavina e adenina (FAD) ou é 
usada em ligações fosfato de ATP ou, ainda, é liberada em forma de calor 
(SILVERTHORN, 2010; TORRES; MARZZOCO, 2007). 
3.4 Efeitos do exercício físico no sistema endócrino 
 As glândulas endócrinas auxiliam o nosso organismo a manter a homeostase 
por meio das ações químicas no organismo. Esse processo ocorre por meio dos 
hormônios. Assim, durante esse processo, são ativados os sistemas enzimáticos que, 
por sua vez, influem no relaxamento e na contração da musculatura, estimulam a 
síntese de proteínas, a síntese de gorduras e, ainda, podem determinar de que forma 
o nosso organismo pode responder ao estresse na sua face psicológica ou física. 
Nesse momento, relembramos que os principais órgãos do sistema endócrino são o 
hipotálamo, que transmite as informações para a hipófise, pois ela produz os 
hormônios TSH, ACTH, LH, FSH, GH, que regulam os demais órgãos do sistema 
endócrino, que são a tireoide, a paratireoide, as suprarrenais, a pineal, o timo, o 
pâncreas, as gônadas e o tecido adiposo, e o ADH, que regula a absorção de água 
pelos rins. Devemos sempre recordar que o estímulo e a inibição da secreção dos 
hormônios ocorrem rapidamente com o intuito de atender às demandas do nosso 
organismo. Os hormônios regularmente são liberados de forma pulsátil, em intervalos 
regulares durante um dia, ou seja, um ciclo de 24 horas. Nesse sentido, a secreção 
hormonal é atravessada por alguns fatores que influem na sua inibição e estimulação, 
sendo um deles a atividade física, que compreenderemos na sequência (LEHNEN, 
2019). 
 
 
17 
 
3.5 Hormônios da neuro-hipófise 
Ocitocina 
 A ocitocina está relacionada à mulher e às funções da maternidade, pois 
quando uma criança está prestes a nascer, ela atua estimulando a musculatura lisa e 
também realiza um processo semelhante para que haja a ejeção do leite na mama 
para a amamentação. 
Hormônio antidiurético (vasopressina/ADH) e atividade física 
Este hormônio atua regulando a perda de líquidos pelo nosso organismo. 
Durante uma atividade física, perdemos muito líquido e sais minerais. Nesse 
momento, esse hormônio entra em ação para que nos túbulos renais haja a 
reabsorção de água para os capilares, visando a manter os níveis de líquidos, 
sobretudo a água, no organismo (LEHNEN, 2019). 
Considerando a concentração de líquidos no nosso organismo, podemos 
compreender que a quantidade de suor que os indivíduos expelem durante a atividade 
física com o objetivo de manter a homeostase no que se refere à temperatura. Assim, 
entendemos que a realização das atividades física colabora para que o volume de 
água no plasma sanguíneo seja diminuído. Portanto, durante a realização de 
atividades física, quando a intensidade é alta, há um aumento, de forma considerável, 
na secreção do hormônio antidiurético (LEHNEN, 2019). 
Hormônio do crescimento e atividade física 
Ao realizar uma retomada do sistema endócrino, compreendemos que os níveis 
hormonais são determinados pela quantidade de hormônio que é sintetizado pela 
glândula, pelo ritmo de catabolismo para dentro da corrente sanguínea, pela 
quantidade de proteínas transportadoras e pela modificação do volume plasmático. 
Nesse sentido, entendemos que o hormônio do crescimento (GH) auxilia na regulação 
do crescimento dos tecidos do organismo, principalmente os tecidos muscular e 
ósseo. Ainda no metabolismo, o hormônio do crescimento promove o aumento da 
velocidade da síntese de proteínas em todas as células, aumenta a mobilização e 
 
18 
 
utilização dos ácidos graxos para que haja maior produção de energia e reduz a 
utilização da glicose em todo o organismo (LEHNEN, 2019). 
Podemos, então, dizer que o hormônio do crescimentoaumenta as proteínas 
corporais e utiliza as reservas de gordura do organismo, conservando os carboidratos. 
O hormônio do crescimento, no que diz respeito à síntese de proteínas, colabora 
aumentando o transporte dos aminoácidos por meio das membranas celulares. O GH 
estimula que os ribossomos aumentem a síntese de proteínas e também a formação 
do ácido ribonucleico, que, como consequência, diminui o catabolismo das proteínas 
e dos aminoácidos. Esse hormônio ainda aumenta nos tecidos do nosso organismo a 
conversão de ácidos graxos em acetil-CoA. Dessa forma, a gordura passa a ser 
utilizada como a principal fonte de energia em vez das proteínas e dos carboidratos. 
No que diz respeito aos efeitos do hormônio do crescimento sobre o metabolismo de 
carboidratos, ele realiza três efeitos sobre o metabolismo celular de glicose, que são 
a sua diminuição para que seja gerada energia, o aumento no depósito de glicogênio 
nas células musculares e, por fim, a diminuição na captação da glicose pelas células 
do nosso organismo (LEHNEN, 2019). 
O hormônio do crescimento necessita de carboidratos para que a sua função 
seja realizada na sua plenitude, portanto, se desejamos um crescimento, um aumento 
em massa corporal, por exemplo, necessitamos da ingestão de carboidratos. Assim, 
a insulina também se faz necessária para que o hormônio do crescimento realize todas 
as suas funções, logo, caso o indivíduo tenha alguma deficiência no pâncreas, o 
hormônio perde a sua capacidade de ação. Conforme o indivíduo realiza uma 
atividade física, há a elevação da síntese do hormônio do crescimento, quanto maior 
é o tempo da atividade, mais GH é liberado (LEHNEN, 2019). 
Mesmo no momento em que um indivíduo se encontra em estado de repouso 
após a realização da atividade física, os níveis de GH no organismo permanecem 
superiores aos níveis normais e isso poderá ocorrer até seis horas após a realização 
das atividades físicas. Por esse motivo o repouso é de suma importância para o 
aumento da massa muscular e da regeneração dos sistemas energéticos ainda, a 
atividade física contribui para que o hormônio estimule as células hepáticas a 
sintetizarem somatomedinas em um processo que poderá durar de 8 a 30 horas. 
Durante uma atividade física, quando ela está em uma fase entre 15 e 30 minutos, há 
 
19 
 
um aumento do GH, conforme se aumenta a intensidade da atividade, maior é a 
liberação desse hormônio. Quando o GH atinge o seu pico, ele passa a estimular a 
liberação do insulin growth factor 1 (IGF), que é o fator de crescimento semelhante à 
insulina 1, sendo, assim, o principal agente anabólico do organismo, pois passa a 
estimular a síntese de proteínas. 
O pâncreas é uma glândula responsável pelo controle da glicemia. O pâncreas 
é composto pelas células alfa e pelas células beta que secretam os hormônios 
glucagon e insulina, respectivamente. Nesse sentido, vamos abordar como os dois 
hormônios reagem durante uma atividade física. 
Glucagon e insulina 
O glucagon é o hormônio responsável por regular a glicemia em conjunto com 
a insulina, ele entra em ação quando os níveis de glicose do organismo se encontram 
em baixa. Nesse sentido, ele age aumentando os processos de neoglicogênese e 
glicogenólise. Durante a atividade física, os níveis de glucagon aumentam no nosso 
organismo. Quando o nível de glicose no organismo está alto, a insulina entra em ação 
captando a glicose e também inibe a liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo 
no organismo. Durante a atividade física, os níveis de glicose no organismo diminuem. 
Nesse sentido, ocorre a estimulação da glicogenólise e aumenta-se a concentração 
de glucagon no organismo. Assim, quanto maior é a duração da atividade, mais 
glucagon é liberado no organismo. Assim, durante uma atividade física, os níveis de 
inulina são diminuídos por ocorrer também o aumento da velocidade de transporte da 
glicose para dentro das células musculares. Dessa forma, podemos dizer que a 
atividade física é importante por facilitar a captação de glicose e diminuir os níveis de 
insulina no organismo, ou seja, para o indivíduo que tem diabetes, a atividade física é 
de suma importância (LEHNEN, 2019). 
Os hormônios das glândulas suprarrenais são chamados de catecolaminas 
(adrenalina e noradrenalina). Eles afetam o coração, os vasos sanguíneos e as 
glândulas e realizam maior atividade sobre a distribuição do sangue, a contratilidade 
cardíaca e a mobilização dos substratos energéticos. 
 
 
20 
 
Cortisol 
É importante lembrarmos que o hipotálamo é responsável pela secreção de 
CRH e este passa a estimular a hipófise a liberar o ACTH que passa a atuar sobre a 
glândula suprarrenal com a finalidade de estimular a secreção do cortisol. Assim, o 
cortisol é secretado pelo córtex da glândula suprarrenal com a função de aumentar o 
catabolismo de proteínas e realizar a ação anti-inflamatória. O indivíduo, quando 
passa a realizar atividades físicas, aumenta os níveis de cortisol. 
Ainda, o cortisol afeta o metabolismo com relação à glicose, às proteínas e aos 
ácidos graxos. O cortisol atinge o seu ápice no início do dia e tem a sua diminuição à 
noite, porém, situações de estresse, jejum e atividade física intensa aumentam a sua 
secreção. O aumento exacerbado de cortisol no organismo afeta o desgaste dos 
tecidos, a perda da massa muscular, além de manter os seus níveis elevados por até 
2 horas após a realização de uma atividade (LEHNEN, 2019). 
Adrenalina 
A adrenalina, também conhecida como epinefrina, é um hormônio 
neurotransmissor produzido e também armazenado na medula da glândula 
suprarrenal, de modo que sua liberação é dada por estímulos das terminações 
nervosas dessa glândula. Esse hormônio realiza uma série de ações no nosso 
organismo, como o aumento da frequência cardíaca, o aumento da força de contração 
ventricular, a constrição arteriolar na pele e na região abdominal, a dilatação arteriolar 
no sistema musculo esquelético, a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo e a 
estimulação da quebra do glicogênio e da gliconeogênese, o que acaba por 
desencadear a liberação de glicose no organismo (LEHNEN, 2019). 
Dessa forma, a adrenalina realiza uma ação conjunta com a noradrenalina, 
atuando no aumento da taxa metabólica, na liberação de glicose e de ácidos graxos 
livres na corrente sanguínea. A adrenalina, quando está em níveis elevados, 
relaciona-se com o humor, o estresse generalizado, a ansiedade e as doenças 
cardíacas. Durante as atividades físicas, a adrenalina é liberada pelo organismo para 
a sua preparação para as grandes demandas físicas. Esse hormônio está relacionado 
aos mecanismos de “luta e fuga” do organismo. Como mencionado anteriormente, um 
 
21 
 
pico de adrenalina causará como efeito no indivíduo uma sensação mental de tensão. 
Isso fará com que haja um aumento no fluxo de oxigênio no organismo e, como 
sabemos, o oxigênio no músculo pode ser fonte para a produção de energia. Nessa 
cascata de eventos que a adrenalina causa no organismo humano, ainda são 
sintomas a pupila dilatada e o aumento no fluxo cardíaco (LEHNEN, 2019). 
 Quando o indivíduo tem a ação desse hormônio potencializada, ele estará mais 
apto para realizar atividades que exijam o vigor físico, por exemplo, podemos citar 
uma prova de endurance ou situações que envolvam a agressividade, como uma 
atividade de boxe ou artes marciais mistas (MMA). Assim, a adrenalina é essencial 
para a realização de atividades físicas, pois na realização dessas atividades ela é 
liberada em picos curtos para que o organismo tenha a quantidade necessária para 
suportar as demandas físicas durante as atividades. A adrenalina, na sua relação com 
a atividade física, gera uma aceleração da queima de gordura, liberando uma grande 
parte de energia para a musculatura que está envolvida na atividade, o que acaba 
fazendo desse hormônio um elemento essencial para aperformance dos indivíduos 
que estão envolvidos nas atividades descritas. 
Porém, é necessário compreendermos que o excesso de adrenalina se 
relaciona com o mau-humor, o estresse generalizado e a ansiedade e pode ocasionar 
até mesmo o desenvolvimento de doenças cardíacas. Assim, durante a realização de 
uma atividade física, a adrenalina, como já descrito, realiza uma ação conjunta com a 
noradrenalina em uma relação de 80% da produção hormonal, enquanto a 
noradrenalina fica com 20%. É sobre a relação desse outro hormônio com a atividade 
física que iremos nos ater na sequência (LEHNEN, 2019). 
Noradrenalina 
A noradrenalina, a exemplo da adrenalina, é um hormônio liberado na glândula 
adrenal, que também é conhecida pelo nome de norepinefrina. As ações relacionadas 
à noradrenalina são semelhantes às da adrenalina. Ela é liberada diretamente na 
corrente sanguínea, porém pode ser secretada também pelos neurônios pós-
ganglionares do sistema nervoso simpático. 
A exemplo da adrenalina, a noradrenalina, dentre as suas funções, é 
responsável por preparar o organismo para a uma ação nos mecanismos de “luta ou 
 
22 
 
fuga”, assim, esse hormônio é liberado nos momentos de sustos, surpresas e fortes 
emoções. Esse hormônio atua nos batimentos cardíacos com a finalidade de mantê-
los nos seus níveis normais, o hormônio realiza o mesmo tipo de ação no que diz 
respeito à glicose e à pressão sanguínea (LEHNEN, 2019). 
 A noradrenalina também age no cérebro, regulando as atividades relacionadas 
ao sono e às emoções. Quando um indivíduo tem no seu organismo uma grande 
quantidade de noradrenalina, há uma sensação de bem-estar elevado, em 
contrapartida, quando está em pequenas quantidades pode colaborar para o 
surgimento da depressão. É necessário que entendamos que a noradrenalina está 
relacionada de forma direta ao lactato, pois ela estimula a glicólise, que, por sua vez, 
aumenta a formação de lactato, o que pode gerar a fadiga tanto no sistema anaeróbico 
quanto no sistema aeróbico. Lembramos que na atividade aeróbica também temos a 
formação de lactato e este pode vir a gerar a fadiga no organismo dos praticantes de 
atividades físicas. Portanto, podemos compreender que a realização de atividades 
física com regularidade faz com que a formação de lactato seja diminuída, assim como 
a frequência cardíaca. Outro fator que ocorre é o aumento da motilidade 
gastrointestinal. 
Endorfina 
Esse hormônio produzido na hipófise é responsável por gerar a sensação de 
bem-estar no organismo e a sensação de recompensa. Assim, esse hormônio é 
produzido em quantidade elevada nas atividades físicas, gerando a sensação de 
prazer, estando associada à sensação de relaxamento, alívio e contentamento 
generalizado. A sua liberação no organismo melhora a resistência imunológica. Ela é 
responsável, ainda, por melhorar a disposição física e mental. Dessa forma, as dores 
são reduzidas e as atividades que requerem maior esforço passam a ser realizadas 
por mais tempo (LEHNEN, 2019). 
Na realização de uma atividade física, esse hormônio é importante por trazer a 
sensação de prazer aos indivíduos que realizam atividades de longa duração, não 
gerando um cansaço excessivo pela repetição dos movimentos. Assim, a endorfina 
melhora a motivação e a performance durante o treino ou a atividade. Logo, o 
indivíduo passa a ter a sensação de prazer ao realizar um exercício extenuante. O 
 
23 
 
indivíduo passa a ter uma sensação de explosão de euforia e força de vontade, nesse 
sentido, a endorfina passa a ser essencial para que as atividades físicas tenham a 
maximização dos seus efeitos e benefícios. 
 Esse hormônio é responsável pela sensação de necessidade de atividade 
física pelos indivíduos, os tornando praticantes constantes que sempre querem 
superar maiores desafios. A liberação da endorfina está relacionada diretamente com 
a característica da atividade física realizada pelo indivíduo. Lembramos que, 
dependendo da intensidade da atividade física, o organismo realiza uma adaptação e 
vai liberando de forma gradual a endorfina. 
Resposta endócrina e efeitos hormonais ao exercício físico 
O indivíduo que pratica atividades físicas pode ter os efeitos da endorfina no 
organismo até uma ou duas horas após a sua liberação, porém, alguns pesquisadores 
já comprovaram que há o aumento da quantidade desse hormônio no organismo em 
até 72 horas após a atividade física. As atividades físicas que são realizadas em 
intensidades leve ou moderada não têm um aumento considerável de endorfina na 
corrente sanguínea. É importante ressaltar que a endorfina tem seus níveis elevados 
tanto nas atividades aeróbicas quanto anaeróbicas 
Hormônios da glândula tireoide e sua relação com a atividade física 
 O efeito causado pelos hormônios T3 e T4 nas atividades enzimáticas 
aceleram o metabolismo das células, passando a exercer uma ação termogênica que 
produz alterações na taxa metabólica basal. Durante a atividade física, os níveis de 
T4 aumentam mais de 1/3. 
Os hormônios T3 e T4 têm o estímulo da sua secreção na glândula tireoide por 
meio do hormônio TSH, que é produzido na adeno-hipófise, que é estimulada pelo 
hormônio TRH secretado pela glândula tireoide. É importante salientar que esses 
hormônios estão relacionados com a regulação do metabolismo. Quando esses 
hormônios têm a sua secreção aumentada, aumentam as taxas metabólicas, 
influenciando em algumas ações do organismo, como o gasto calórico e o catabolismo 
de carboidratos e de lipídios. Também temos que compreender como ocorre a 
concentração desses hormônios durante a atividade física (LEHNEN, 2019). 
 
24 
 
Para entendermos as atividades físicas, é importante que tenhamos claro que 
o hipotireoidismo é caracterizado pela diminuição da atividade do metabolismo, logo, 
os indivíduos que têm essa patologia estarão propensos à obesidade, à baixa pressão 
e à sonolência. Contrariamente, no hipertireoidismo o indivíduo estará propenso ao 
aumento da atividade metabólica, da frequência cardíaca, da pressão arterial e da 
perda de peso. No hipotireoidismo, a atividade física é de sua importância por realizar 
uma sensação de bem-estar nos indivíduos, além de contribuir para a diminuição do 
estado de obesidade. 
 A sensação de sonolência além disso, pode ser um dos fatores que contribui 
para que não haja um grande entusiasmo pelo indivíduo a realizar as atividades. A 
atividade física, além de auxiliar na queima de calorias, atua combatendo o 
metabolismo lento propiciado pelo hipotireoidismo. Tanto atividades de baixa 
intensidade quanto de alta, são benéficas para o tratamento do hipotireoidismo, pois 
as atividades aeróbicas de baixa impacto aumentam a frequência cardíaca e os 
pulmões sem que haja uma grande sobrecarga do organismo e das articulações. O 
aumento do tônus muscular contribui contra o ganho de peso por conta de acúmulo 
de ácidos graxos que pode ocorrer por conta do hipotireoidismo. No que diz respeito 
ao hipertireoidismo, deve-se ter atenção para as atividades a serem orientadas para 
os indivíduos, pois, por conta do metabolismo acelerado, poderá haver uma 
propensão do indivíduo ao cansaço mental e à fadiga muscular. 
Portanto, as atividades orientadas a esse público devem levar em consideração 
essas condições. Nesse sentido, quando os indivíduos iniciam a realização de 
atividades físicas, há o aumento da secreção dos hormônios T3 e T4, aumentando a 
atividade metabólica. Após a realização das atividades físicas, há um desnivelamento 
dos níveis de T3 e T4 no organismo, em um período até três horas depois das 
atividades. Após esse período, a secreção desses hormônios volta a aumentar, acima 
dos níveis de repouso, e com o passar do tempo voltam à normalidade. Então, durante 
uma atividade física, há o aumento de T3 e T4 no organismo, aumentando a 
velocidade metabólica (LEHNEN, 2019). 
 
 
 
25 
 
Glândulas paratireoidesNas glândulas paratireoides, o hormônio principal secretado é o paratormônio. 
Esse hormônio está relacionado à regulação dos níveis de cálcio no organismo, ao 
contrário da calcitonina, ele é liberado quando os níveis de cálcio estão baixos. 
Quando um indivíduo pratica atividades físicas, ele passa a aumentar a 
concentração de paratormônio no organismo, ou seja, podemos compreender que a 
atividade física contribui para que haja uma quantidade considerável de cálcio no 
organismo. Com a atuação desse hormônio, podemos compreender que durante uma 
atividade física há um aumento da absorção de cálcio no trato gastrointestinal, 
aumento na absorção de cálcio nos rins e, por fim, uma liberação do cálcio 
armazenado nos ossos (LEHNEN, 2019). 
3.6 Atividades físicas e hormônios sexuais 
Testosterona 
 Esse hormônio é secretado pelos testículos e regulado pelo LH, que é 
produzido pela hipófise, que, por sua vez, é controlado por um hormônio liberador que 
tem a sua secreção realizada no hipotálamo. A testosterona durante a atividade física 
atua sobre a síntese do tecido muscular e estimula a liberação de GH no organismo. 
Esse hormônio tem grande influência na capacidade de produção de força do sistema 
musculoesquelético e durante a atividade física os seus valores são aumentados 
consideravelmente. 
Dessa forma, podemos compreender que, indiferentemente ao tipo de atividade 
realizada pelos indivíduos, os níveis de concentração plasmática da testosterona 
serão estabilizados durante o repouso. Ainda, devemos recordar que a testosterona é 
um hormônio que caracteriza o gênero masculino. Quando presente de forma 
demasiada nas mulheres, podemos dizer que há o processo de masculinização das 
mulheres. Além de produzir espermas, a testosterona é um esteroide anabolizante e 
andrógeno (significa que é responsável por estimular as características masculinas). 
Durante a realização de uma atividade física, os níveis de testosterona são 
 
26 
 
aumentados, porém, após a realização das atividades, os níveis de testosterona no 
organismo voltam ao normal (LEHNEN, 2019). 
Estrogênio 
Esse hormônio age acelerando a mobilização dos ácidos graxos livres que 
estão situados no tecido adiposo e inibe a captação da glicose pelos tecidos presentes 
periféricos do nosso organismo. Dessa forma, o seu aumento durante a atividade 
física realiza ações semelhantes ao do hormônio do crescimento. No caso do 
estrogênio, há ainda a presença do estradiol, da estrona e do estriol. 
Na realização de uma atividade física, os níveis de LH, FSH e estradiol tem os 
seus níveis aumentados durante a fase da menstruação. A atividade física em 
intensidades novais não causam efeitos no ciclo menstrual feminino, porém as 
mulheres que realizam atividades físicas em alta intensidade ou em volumes elevados 
diminuem o percentual de gordura, diminuindo o colesterol, colaborando para um 
déficit de estrogênio, pois eles são sintetizados pelo colesterol. Assim, com o déficit 
de estrogênio, há uma desregulação do ciclo menstrual da mulher. Ainda, devemos 
ter a atenção para a prática de atividades físicas por crianças, pois caso haja uma 
realização de forma exacerbada (treinamento para o rendimento), a primeira menarca 
poderá não ocorrer por conta dos baixos níveis de estrogênio e progesterona no 
organismo da “atleta”. Isto também influirá na secreção do hormônio do crescimento 
na adolescência (LEHNEN, 2019). 
Pode-se observar que muitas ginastas têm estatura baixa e a sua constituição 
corpórea infantilizada. Um dos problemas que mais ocorre nas mulheres é o déficit de 
estrogênio, pois, em dado momento de vida da mulher, há a diminuição na produção 
desse hormônio, mais especificamente no momento da menopausa. Nesse período, 
é necessário que levemos em consideração a desregulação da temperatura da 
mulher, a variação de humor e a disposição para a realização de atividades. 
 
27 
 
4 EXERCÍCIO FÍSICO E SEUS EFEITOS 
 
Fonte: shre.ink/mNdN 
Um dos objetos de preocupação dos fisiologistas do exercício, bem como dos 
profissionais da área da saúde, são os tipos de resposta do corpo diante de uma 
sessão de exercício isolada, como correr em uma esteira ergométrica durante uma 
hora ou fazer séries de levantamento de peso. Uma sessão isolada de exercício é 
chamada de exercício agudo, e as respostas a essa sessão são denominadas 
respostas agudas. Ao examinar a resposta aguda ao exercício, existe a preocupação 
com a resposta imediata do corpo e, algumas vezes, sua recuperação diante de uma 
sessão isolada de exercício (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). 
A atividade física proporciona benefícios para a mente e o corpo, por exemplo, 
algumas vantagens, a saber: a redução do risco de hipertensão, de acidente vascular 
cerebral (AVC), de doenças cardíacas, de alguns tipos de câncer e de quadros de 
depressão, além de reduzir a ansiedade e o estresse e estimular o convívio social. A 
Organização Mundial da Saúde recomenda 150 minutos semanais de atividade física 
leve ou moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física de maior intensidade 
por semana (BRASIL, 2017). 
A realização de um programa de exercícios físicos traz implicações agudas 
e crônicas nos sistemas orgânicos. Dentre as adaptações, podemos nos deparar com 
adaptações neuromusculares importantes no sistema nervoso, adaptações 
 
28 
 
musculoesqueléticas e adaptações nos sistemas cardiorrespiratório, renal, 
gastrointestinal e endócrino (SILVERTHORN, 2017). 
As adaptações neuromusculares decorrentes do exercício físico podem 
ser em resposta ao treinamento de resistência, o qual afeta o padrão de recrutamento 
das unidades motoras. Um exemplo é o treinamento de velocidade que indica 
aumento na velocidade de condução neuronal. A morfologia dos neurônios motores 
alfa também sofre alterações de acordo com a atividade física, como a arborização 
dendríticas dos neurônios motores. O significado funcional dessa alteração ainda é 
pouco esclarecido, mas deve estar relacionado com o progresso da eficácia sináptica 
que ocorre em função do aumento da liberação de neurotransmissores resultando na 
elevação da atividade da junção neuromuscular. 
O sistema cardiovascular permite o funcionamento e a manutenção das 
células e dos órgãos (homeostase). Nesse contexto, o indivíduo que pratica 
regularmente um exercício físico pode prevenir ou tratar doenças cardiovasculares por 
meio da modulação do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático), 
associado aos pressorreceptores, quimiorreceptores e mecanorreceptores que 
influenciam no controle cardiovascular. É importante ressaltar que substâncias 
vasoativas presentes na circulação também participam na regulação cardiovascular 
por meio do controle no tônus vascular, modulando a resistência vascular periférica 
(PITHON-CURI, 2017; SILVERTHORN, 2017). 
Durante o exercício físico, temos a variação do padrão respiratório de acordo 
com a intensidade do exercício, bem como idade, sexo e propriedades mecânicas do 
sistema respiratório individual. Durante atividade física leve a moderada, a ventilação 
pulmonar é proporcional ao metabolismo de consumo de oxigênio e à produção de 
dióxido de carbono. 
Durante o exercício físico, ocorrem aumento da descarga simpática e 
diminuição do tônus vagal, o que resulta na elevação da frequência cardíaca. Na 
transição do exercício de intensidade leve para moderada e/ou intensa, tanto a 
frequência cardíaca quanto o vo-lume corrente levam ao aumento do volume-minuto. 
Inicialmente, o volume corrente aumenta mais que a frequência respiratória, mas à 
medida que se desenvolve acidose metabólica, há predomínio do aumento da 
frequência respiratória. Essas mudanças acontecem decorrentes da duração do 
 
29 
 
exercício e da contração dos músculos respiratórios. O aumento inicial da ventilação 
ocorre rapidamente por ser uma resposta a alterações metabólicas ou dosgases 
sanguíneos (SILVERTHORN, 2017). 
A demanda metabólica aumenta o consumo durante o exercício físico, máximo 
de oxigênio, a produção de dióxido de carbono, o fluxo inspiratório, a pressão 
intrapleural e a força da musculatura inspiratória. As alterações do padrão respiratório 
durante o exercício intenso podem ser geradas pela fadiga dos músculos envolvidos 
na mecânica respiratória e do diafragma, ou por fadiga dos músculos dos membros 
inferiores. O nível de aptidão física também influencia a variação do padrão 
respiratório diante do exercício, atletas e indivíduos treinados apresentam valores 
reduzidos de frequência cardíaca no repouso (bradicardia) e menor elevação da 
frequência cardíaca no início do exercício e em exercícios submáximos (KENNEY; 
WILMORE; COSTILL, 2013; SILVERTHORN, 2017). 
 
A função renal também é influenciada pelos exercícios físicos, pois os 
rins têm como função a manutenção do volume e a composição dos líquidos 
orgânicos. Durante o exercício físico, o metabolismo pode aumentar (5 a 20 vezes 
durante atividade física), e parte dessa energia é convertida em calor. O calor gerado 
é dissipado para evitar hipertermia. Os mecanismos dissipa-dores de calor são: 
vasodilatação periférica, respiração ofegante e sudorese. 
 
30 
 
A sudorese é o principal modo de perda de calor no ser humano, porém é um 
mecanismo que dissipa calor às custas de água corporal. Em uma atividade física 
intensa, as perdas hídricas podem atingir 2 a 3 litros por hora, quantidades suficientes 
para deixar o líquido extracelular reduzido (hipohidratação) e hiperosmótico, 
principalmente se o indivíduo estiver com baixa hidratação (PITHON-CURI, 2017). 
Com o passar do tempo, o corpo responde ao estresse de repetidas sessões 
de exercício físico com adaptações crônicas ao exercício, também chamada por 
alguns de efeitos do treinamento. Quando um indivíduo pratica regularmente 
exercícios ao longo de um período de dias das semanas, o corpo se adapta. As 
adaptações fisiológicas que ocorrem com a exposição crônica ao exercício ou 
treinamento melhoram tanto a capacidade como a eficiência do exercício. No caso do 
treinamento de força, os músculos são fortalecidos. Com o treinamento aeróbio, o 
coração e os pulmões ficam mais eficientes, e a capacidade de resistência aumenta. 
Assim, essas adaptações são altamente específicas para o tipo de treinamento que o 
indivíduo realiza ou pratica (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
De acordo com o nível de aptidão física/condicionamento, observa-se in-
fluência na variação do padrão respiratório na execução dos exercícios. Atletas 
apresentam redução da frequência cardíaca em repouso, menor elevação da 
frequência cardíaca no começo do exercício e em exercícios máximos e/ou 
submáximos. No exercício máximo, existe o aumento da ventilação com o 
aprimoramento da captação máxima de oxigênio. Essas adaptações ventilatórias 
podem ser específicas para o tipo de exercício realizado no treinamento, como em 
exercícios físicos utilizando os membros superiores, nos quais o quantitativo 
ventilatório é maior do que em exercícios físicos realizados com os membros 
inferiores. O ajuste ventilatório ao treinamento se dá pelas adaptações neurais e 
químicas locais nos músculos específicos treinados durante o exercício e pela 
duração e tipo do exercício físico realizado (POWERS; HOWLEY, 2017; PITHON-
CURI, 2017). 
 
31 
 
4.1 Adaptações do organismo ao exercício físico 
Quando você realiza um exercício físico, é necessário que diversos sistemas 
do seu organismo sejam ativados de forma integrada. O conjunto de mudanças que 
acontecem envolve modificações no metabolismo e na homeostase corporal, a fim de 
proporcionar adaptações ao exercício realizado. Ao iniciar um movimento, receptores 
sensoriais presentes nos seus músculos e articulações (mecanorreceptores e 
proprioceptores) são ativados, enviando informações para o seu encéfalo, mais 
especificamente para o córtex motor. Por meio de vias descendentes do córtex motor, 
centros de controle no bulbo são estimulados e adaptações no organismo são 
iniciadas (SILVERTHORN, 2010). 
No sangue, por exemplo, as concentrações de hormônios, como o glucagon, 
cortisol, catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e hormônio do crescimento, são 
alteradas. Essas modificações são indispensáveis para que o organismo obtenha 
energia para a realização do exercício físico. O glucagon, o cortisol e as 
catecolaminas, por exemplo, atuam mobilizando o glicogênio do fígado para a corrente 
sanguínea, aumentando os níveis plasmáticos de glicose, o principal substrato 
energético dos músculos para a execução de um exercício. O cortisol, as 
catecolaminas e o hormônio do crescimento ainda atuam na conversão de 
triacilgliceróis em glicerol e ácidos graxos. De forma associada, a secreção de insulina 
é diminuída durante o exercício físico, favorecendo a baixa captação de glicose pelas 
demais células corporais e poupando a glicose no sangue para que possa ser utilizada 
pelos músculos esqueléticos na conversão em energia (SILVERTHORN, 2010; 
HEYWARD, 2004). 
No sistema respiratório, as respostas acontecem em decorrência ao estímulo 
proveniente do centro de controle respiratório, que é retroalimentado pelas 
informações sensoriais. A frequência e a amplitude da respiração aumentam, 
resultando na hiperventilação (hiperpneia do exercício). Durante e após o exercício 
físico, é observado um aumento no consumo de oxigênio para suprir a necessidade 
de oxigênio para o metabolismo aeróbio. 
 
32 
 
4.2 Atividade física, exercício físico e aptidão física na saúde 
Atualmente, o exercício físico é considerado essencial na vida cotidiana, pois 
muitos são os benefícios, físicos e cognitivos, que a prática regular de um programa 
de treinamento físico pode acarretar. Os relatos de historiadores sobre a prática do 
exercício físico desde milhares de anos atrás, mesmo não havendo o desenvolvimento 
científico que temos hoje, nos permite conhecer a relação desse tipo de atividade com 
nosso organismo, já que naquela época a atividade física era voltada para objetivos 
como a sobrevivência e a prática de rituais culturais e religiosos. Vale ressaltar 
também que indivíduos capazes de realizar determinados exercícios por mais tempo, 
com maior intensidade e destreza ou seja, aqueles que tinham melhor aptidão física 
teriam mais chances de sobreviver (FRANKE, 2018). 
A saúde de crianças e adolescentes está relacionada a diferentes fatores 
(sociais, biológicos e psicológicos). A aptidão física é um deles. O nível de aptidão 
física de um sujeito pode ser um indicativo de sua saúde e é muito importante para 
pensar estratégias de saúde para crianças e adolescentes. A prática regular de 
atividade física na infância e na adolescência está associada a diferentes benefícios 
(físicos, psicológicos e sociais), atuando diretamente na saúde daqueles que a 
praticam. Além disso, crianças e adolescentes fisicamente ativos tendem a ser adultos 
ativos, mantendo os hábitos adquiridos na fase inicial da vida (HALLAL et al., 2010). 
Portanto, o estímulo à prática de atividades físicas na idade escolar parece ser um 
aspecto importante para diminuir os níveis de sedentarismo e inatividade física na vida 
adulta (NARGORNY et al., 2018). 
Aptidão física 
A aptidão física relacionada ao movimento aborda a forma como realizamos as 
tarefas motoras diárias e a capacidade do sujeito de realizá-las (BRASILINO; 
STIEGLER ; ZAWADZKI, 2019). 
O Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) aponta diferentes modelos de testagem 
e pontos de corte para a avaliação da aptidão física na escola, com materiais e testes 
simples. As variáveis analisadas são: aptidão cardiorrespiratória (APCR), flexibilidade, 
resistência muscular localizada, potência de membros superiores e inferiores e 
 
33 
 
agilidade. Dentre eles, a APCR é o principal indicador de proteção à saúde decrianças 
e adolescentes, pois crianças com baixos índices de APCR apresentam mais chances 
de desenvolver doenças cardiorrespiratórias (GAYA et al., 2019). 
A aptidão física é formada por diversos componentes, dentre os quais se 
destacam: 
➢ resistência cardiorrespiratória: capacidade de trabalho dos sistemas 
pulmonar, cardíaco e circulatório para captar e transportar oxigênio para os 
tecidos; 
➢ resistência muscular: capacidade de determinado músculo ou grupo 
muscular de manter uma posição ou realizar diversos movimentos, mediante 
uma sobrecarga aplicada; 
➢ força muscular: capacidade de determinado músculo ou grupo muscular de 
realizar movimento frente a uma grande carga (intensidade) aplicada; 
➢ flexibilidade: capacidade de um músculo ou grupo muscular alongar-se, 
afastando os pontos de origem e inserção, sem dano a qualquer estrutura, 
permitindo o movimento articular em grande amplitude de movimento. 
De acordo com os componentes do exercício físico, podemos estabelecer 
diferentes formas de treinamento, de acordo com o tipo de adaptação almejado. O 
sujeito que deseja melhorar sua aptidão física para realizar corridas de longa distância 
deve treinar especificamente a resistência cardiorrespiratória; o que deseja participar 
de uma competição de levantamento de peso deve priorizar o treinamento da força 
muscular. Dessa forma, é importante conhecer as diferentes classificações de 
exercícios físicos e suas particularidades (FRANKE, 2018). 
Sedentarismo 
Segundo a OMS (WHO, 2020), a inatividade física, também chamada de 
comportamento sedentário ou sedentarismo, é definida como um estado em que o 
movimento corporal é mínimo e o gasto energético se aproxima da taxa metabólica 
de repouso. A inatividade física é entendida como um hábito e uma forma de viver. 
 
34 
 
Ela vai além da ausência de atividade física, incluindo a participação em 
comportamentos em que não há gasto calórico significativo e em comportamentos 
físicos passivos, como ler, ver televisão, trabalhar no computador, meditar ou dirigir. 
Zawadzki, Stiegler e Brasilino (2019) apontam que esse fenômeno pode estar 
em maior evidência atualmente por conta das mudanças sociais e culturais que 
surgem a partir das inovações tecnológicas. Os autores defendem que tais mudanças 
diminuíram muito as práticas ativas de lazer, trocando-as por aparelhos eletrônicos. 
Além disso, a falta de segurança e de espaços ao ar livre para a prática de atividades 
físicas e de lazer facilitou para que a população de crianças e adolescentes 
apresentasse comportamentos sedentários. Os autores também afirmam que os 
adolescentes são mais acometidos por esse fenômeno, sendo a população mais 
preocupante nesse sentido. 
De acordo com a OMS (WHO, 2020), cerca de 81% das crianças e 
adolescentes em idade escolar são considerados sedentários. Essa condição é uma 
preocupação eminente, pois jovens sedentários têm uma prevalência superior de 
apresentarem comportamento sedentário na idade adulta, gerando um risco de obter 
diferentes doenças crônicas. 
Atividade física e gasto energético 
O gasto energético está relacionado com a quantidade de energia despendida 
para a atividade ou tarefa. Mesmo na presença de sedentarismo, ainda há gasto com 
as funções neurovegetativas, por exemplo. Já as funções locomotoras estão 
relacionadas com a dissipação de maior quantidade de energia, principalmente 
direcionada para o mecanismo de contração muscular. 
Sendo assim, podemos considerar dois tipos de taxas metabólicas: a basal e a 
de esforço. As taxas basais representam o mínimo de energia para a manutenção das 
funções básicas corporais. Durante a atividade física, as taxas de esforço são 
proporcionais à intensidade e à duração dos estímulos. É importante ressaltar que 
outras condições, como a experiência e o condicionamento físico, também promovem 
alterações nas taxas de esforço habituais. Por esse motivo, não é possível afirmar 
genericamente a quantidade de energia gasta durante uma caminhada de 30 minutos, 
 
35 
 
por exemplo, pois diversas condições podem interferir no gasto energético 
(MAGALHÃES, 2020). 
Quando o exercício é sistematizado e individualizado, além das 
recomendações quanto à duração da atividade física, podem ser tomadas como base 
as alterações da frequência cardíaca ou do volume de oxigênio consumido para 
realizar a tarefa. A partir dos cálculos dessas condições, os profissionais podem definir 
a intensidade do exercício de forma mais objetiva e efetiva, de acordo com as 
necessidades e individualidades do praticante. Além das avaliações subjetivas do 
praticante, existem outras formas de classificar o exercício quanto à sua intensidade, 
como atividade leve, moderada ou pesada. De acordo com McArdle et. al (2011), o 
cálculo da razão de atividade física está relacionado com a comparação entre o gasto 
energético durante o repouso e durante o esforço. 
Para homens, o trabalho é considerado leve quando atinge até três vezes o 
valor do gasto em repouso. Já o trabalho considerado pesado recai na faixa de 6 a 8 
vezes a condição de repouso. O múltiplo da taxa metabólica em repouso (MET) é 
outra forma de mensurar o gasto de energia despendida na atividade física. Sendo 
assim, 1 MET consiste na quantidade de energia despendida pelo corpo durante o 
repouso, ou 250 ml de oxigênio por minuto para homens e 200 ml para mulheres. 
Sendo assim, a atividade física realizada para 2 METs implica no gasto de 500 ml de 
oxigênio por minuto para homens, e assim sucessivamente (MAGALHÃES, 2020). 
No entanto, como sabemos, o tamanho corporal também pode ser uma variável 
influenciadora no gasto energético: quanto maior o corpo, maior o gasto. Sendo assim, 
para incluir o tamanho corporal ao cálculo do MET, podemos tomar como unidade o 
consumo de oxigênio por unidade de massa corporal. Nesse contexto, o MET está 
relacionado com 3,5 ml/kg/minuto, e assim pode-se correlacionar a quantidade de 
METs com o gasto de oxigênio e tamanho corporal 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
5 A FISIOLOGIA NA PRESCRIÇÃO E MONTAGEM DE PROGRAMAS DE 
EXERCÍCIOS 
 
Fonte: shre.ink/mNpX 
O conhecimento em fisiologia do exercício é essencial para compreender quais 
são as demandas impostas ao organismo, dependendo dos tipos e métodos de 
treinamento utilizados, e quais poderão ser as respostas e adaptações provocadas 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
A aptidão física é um estado de funcionamento corporal caracterizado pela 
capacidade do indivíduo em tolerar o estresse do exercício. Como diferentes tipos de 
exercícios envolvem diferentes capacidades para serem realizados, a aptidão física 
abrange um conjunto de componentes, como força, potência e resistência musculares, 
a resistência cardiorrespiratória, a flexibilidade, a composição corporal e a agilidade. 
E para promover melhorias nesses componentes da aptidão física, é importante 
conhecer antes de mais nada quais são as variáveis relevantes e as relações de 
estímulos necessários para promover as modificações (POWERS; HOWLEY, 2017; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Quando trabalhamos com grupos especiais, esses conhecimentos se tornam 
ainda mais urgentes, pois estamos lidando com indivíduos que apresentam algum 
problema de saúde ou alguma condição de caráter irreversível que pode interferir 
diretamente na prática esportiva, ou que exigem cuidados específicos para 
 
37 
 
participarem de algum programa de exercício físico. Nesse contexto, podem ser 
incluídos idosos e indivíduos com alguma condição cardiovascular ou alteração 
metabólica como diabetes, obesidade e câncer (ROBERGS; ROBERTS, 2002; ACSM, 
2018). 
 Para cada uma das condições citadas, se torna importante compreender as 
principais modificações fisiológicas associadas e como o exercício físico deve ser 
prescrito, ou seja, quais são as principais diretrizes de prescrição e as principais 
variáveis fisiológicas de controlee avaliação. Assim, é necessário compreender, por 
exemplo, as principais modificações vasculares e neuromusculares no indivíduo 
idoso, a fim de promover uma prescrição adequada, que permita adaptações 
específicas e melhora nas variáveis necessárias (POWERS; HOWLEY, 2017; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Além disso, o conhecimento das variáveis 
fisiológicas e de como elas se comportam nas condições especiais permite o controle 
adequado da intensidade do exercício. Em cardiopatas e hipertensos que usam 
betabloqueadores, por exemplo, o exercício irá promover competição pela ligação de 
adrenalina e noradrenalina nos receptores beta-adrenérgicos cardíacos, o que reduz 
a frequência cardíaca (FC) e o vigor da contração miocárdica durante o esforço físico. 
Assim, ter esse conhecimento é importante ao prescrever exercícios e interpretar os 
resultados dos testes de esforço de indivíduos que tomam esse tipo de medicamento, 
dentre outros (EHRMAN et al., 2017; ACSM, 2018). 
Um fisiologista do exercício capacitado deve possuir ampla gama de 
conhecimentos nas seguintes áreas: anatomia, fisiologia, química, biologia e 
psicologia, além, é claro, do conhecimento sobre prescrição de exercício físico. Os 
fisiologistas do exercício avaliam, planejam ou implementam programas de 
condicionamento que incluem exercícios físicos destinados a melhorar a função 
cardiorrespiratória, a composição corporal, a força e a resistência muscular e a 
flexibilidade (EHRMAN et al., 2017). 
 É possível afirmar que conhecimentos em fisiologia do exercício para 
prescrição de programas permitem promover melhores resultados, com base em 
análises de dados e levantamentos da condição de cada indivíduo. Conhecer todas 
as respostas fisiológicas durante a realização de diferentes modalidades e 
intensidades de exercícios permitirá ao profissional ser mais assertivo na sua 
 
38 
 
prescrição e, principalmente, prestar um trabalho de maior qualidade, segurança e 
eficiência para seu aluno, cliente ou paciente, com atenção especial aos indivíduos 
que possuem alguma condição especial ou alguma doença diagnosticada (EHRMAN 
et al., 2017; POWERS; HOWLEY, 2017; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
5.1 Efeitos fisiológicos para interpretação das necessidades de exercício 
físico 
A fim de promover uma melhor organização e entendimento dessas condições, 
serão apresentadas as principais alterações fisiológicas para as seguintes condições, 
nessa ordem: crianças e adolescentes; envelhecimento; gestantes; diabetes melito; 
obesidade; doenças cardiovasculares; doenças pulmonares; câncer; doenças 
neurodegenerativas; transtornos mentais comuns. Crianças e adolescentes As 
crianças e adolescentes são fisiologicamente adaptáveis tanto aos treinamentos 
aeróbicos quanto aos de força muscular (resistência). Para essa população, o 
exercício físico contribui na redução dos fatores de risco cardiometabólicos, auxiliando 
no controle do peso corporal, no aumento da força óssea e no bem-estar psicossocial. 
Além disso, a atividade física (AF) e a aptidão física parecem estar associadas 
positivamente ao melhor desempenho escolar e cognitivo (ACSM, 2018). 
Crianças apresentam menor eficiência ventilatória quando comparadas aos 
adultos, além de possuírem menor amplitude e maior frequência de passadas. Além 
disso, apresentam menores valores de capacidade aeróbica absoluta (l/ min) e menor 
capacidade de gerar potência muscular. As crianças pré-púberes, quando 
comparadas às crianças púberes e aos adultos, possuem capacidade limitada para 
aumentar a massa muscular, principalmente devido aos níveis mais baixos de 
andrógenos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Envelhecimento 
 A tendência de um declínio em nossa capacidade funcional, pode-se ocorrer 
dos 35 - 40 anos de idade com a deterioração variando em qualquer idade, porém 
sofrendo influências genéticas, sexuais e de estilo de vida de cada um. Nosso pico de 
força muscular geralmente é alcançado entre os 20 e 40 anos, quando, então, a força 
 
39 
 
concêntrica da maioria dos grupos musculares começa a declinar (MCARDLE; 
KATCH; KATCH TCH, 2018). 
A perda de força sofre influência direta do nível mais baixo de AF em indivíduos 
idosos; no entanto, a perda acelerada que ocorre entre os 60 e 80 anos de idade 
decorre da própria perda de massa muscular, inerente ao envelhecimento, chamada 
de sarcopenia (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Observa-se ainda que o ritmo de perda de força é maior nos membros inferiores 
do que nos membros superiores, o que se torna uma preocupação por elevar o risco 
de quedas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). No entanto, o treinamento de força é 
capaz de promover alterações positivas, aumentando a força muscular nos idosos de 
forma muito similar ao que ocorre em indivíduos mais jovens (POWERS; HOWLEY, 
2017). 
De fato, cargas equivalentes a 80% de uma repetição máxima (1–RM) são 
capazes de promover tanto o aumento de massa quanto de força muscular, indicando 
que os idosos apresentam impressionante plasticidade nas características 
fisiológicas, estruturais e relacionadas com o desempenho, mesmos que as 
capacidades de responder aos sinais de crescimento muscular diminuíam com a idade 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Gestantes 
A gestação é marcada por modificações fisiológicas e anatômicas progressivas. 
O organismo da grávida está constantemente tentando adequar as suas demandas 
às necessidades do feto em desenvolvimento. Para isso, vários mecanismos tentam 
manter um ambiente fisiologicamente estável. As principais adaptações 
cardiovasculares e metabólicas à gestação incluem um aumento do volume 
sanguíneo em torno de 40–50%, ligeiro aumento do consumo do O2, aumento do 
gasto energético para exercícios com sustentação de peso, maiores valores para 
frequência cardíaca e aumento do débito cardíaco durante os dois primeiros 
trimestres, com sua redução no terceiro trimestre, gerando maior risco de hipotensão. 
Dessa forma, a implementação de um programa de exercício físico deve levar em 
consideração essas modificações (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 
40 
 
De fato, gestantes sem contraindicações são orientadas a se exercitar ao longo 
da gravidez, pois, além dos benefícios do exercício para essa população, existe uma 
preocupação com os riscos a curto e a longo prazos associados ao comportamento 
sedentário. Alguns dos benefícios incluem (ACSM, 2018): 
➢ prevenção no ganho excessivo de peso durante a gestação; 
➢ prevenção de desenvolvimento de diabetes melito gestacional; 
➢ redução do risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia; 
➢ redução dos sintomas de lombalgia; 
➢ risco reduzido de incontinência urinária; 
➢ prevenção e/ou melhora de sintomas da depressão; 
➢ manutenção da aptidão física; 
➢ prevenção de retenção de peso no pós-parto. 
Diabetes melito 
Diabetes melito é um termo que abrange um grupo de doenças metabólicas 
caracterizadas pela dificuldade de se produzir insulina suficiente ou de utilizá-la de 
forma adequada, resultando em hiperglicemia. A insulina é um hormônio produzido 
pelas células beta do pâncreas, e é extremamente necessária para que os músculos, 
tecido adiposo e o fígado, consigam utilizar glicose. Os tipos que mais acometem os 
indivíduos são o diabetes melito tipo 1 (DM1) (5 a 15% dos casos) e o diabetes metilo 
tipo 2 (DM2) (90 a 95% dos casos) (EHRMAN et al., 2017). 
 O DM1 é uma condição ocasionada principalmente pela destruição autoimune 
das células beta do pâncreas, embora, em alguns casos, seja idiopático. Pela 
ausência quase absoluta de insulina, o portador de DM1 tem grande tendência a 
desenvolver cetoacidose diabética por acúmulo de cetonas (corpos cetônicos) devido 
a maior metabolismo de ácidos graxos. Dessa forma, é prescrito insulina via injeções 
regulares (insulinodependentes). A cetoacidose diabética pode ocorrer principalmente 
se estiverem descompensados e/ou quando a insulina se encontra

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