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Livro Biomecânica e Cinesiologia

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1
BIOMECÂNICA E 
CINESIOLOGIA 
Prof. Dr. Marcelo Guimarães Silva
2
BIOMECÂNICA 
E CINESIOLOGIA 
PROF. DR. MARCELO GUIMARÃES SILVA
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Dra. Fabiana Miraz de F. Grecco
 Revisão técnica: Prof. Me. Bruno Ferreira Mendes
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite 
 Fernanda Cristine Barbosa
 Prof. Esp. Guilherme Prado 
 
 Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza P. Campos 
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
BIOMECÂNICA 
E CINESIOLOGIA 
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
5
 Coordenador do Curso de Educação Fí-
sica (UNISAL / Lorena). (2022 - atual) Professor 
Universitário Curso Educação Física UNISAL (Lo-
rena-SP). (2017 - atual) Professor Universitário 
Curso Educação Física Faculdades Dom Bosco 
(Resende-RJ). (2018 - atual) Professor Conteu-
dista e Revisor Técnico (EaD). (2005 - atual) Pro-
fessor Educação Física (SEEDUC / RJ - Ensino 
Médio). (2019 - atual) Projeto de pesquisa (Pós-
-Doutorado - Desenvolvimento de um disposi-
tivo para análise do equilíbrio em situações de 
instabilidade dinâmica / UNESP - Faculdade de 
Engenharia de Guaratinguetá - Dep. de Mecâ-
nica). (2014 - 2015) Bolsista do programa PDSE/
CAPES (Doutorado Sandwich) co-tutela Univer-
sité Joseph Fourier - Grenoble I - França - "La-
boratoire Techniques de l?Ingénierie Médicale 
et de la Complexité - Informatique, Mathéma-
tiques et Applications", Grenoble (TIMC-IMAG), 
équipe SPM (Santé, Plasticité, Motricité). (2012 
- 2016) Doutorado em Engenharia Mecânica/Ci-
ências (Área de Projetos / Biomecânica) - Uni-
versidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho, UNESP. (2010 - 2012) Mestrado em Enge-
nharia Mecânica/Ciências (Área de Projetos / 
Biomecânica) - Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho, UNESP.
MARCELO GUIMARÃES SILVA
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-
ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/4567502558957747
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
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FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
SUMÁRIO
1.1 Conceitos básicos da Biomecânica e Cinesiologia .................................................................................................................................................................................................10
1.2 Planos e Eixos anatômicos .....................................................................................................................................................................................................................................................14
1.3 Classificação dos tipos de movimento ...........................................................................................................................................................................................................................17
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................22
2.1 Sistema de referência e fatores temporais do movimento .............................................................................................................................................................................27
2.2 Posição, deslocamento, velocidade e aceleração de um corpo no espaço ........................................................................................................................................28
2.3 Cinemática nos esportes ......................................................................................................................................................................................................................................................30
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................36
3.1 Medidas e tipos de ângulos ..................................................................................................................................................................................................................................................41
3.2 Representação vetorial do movimento angular ...................................................................................................................................................................................................44
3.3 Relação entre movimento linear e angular ..............................................................................................................................................................................................................47
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................50
INTRODUÇÃO À BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
CINEMÁTICA LINEAR 
CINEMÁTICA ANGULAR
4.1 Composição e resolução de forças ..................................................................................................................................................................................................................................55
4.2 Características e tipos de força ..........................................................................................................................................................................................................................................61
4.3 Leis de movimento de Newton .........................................................................................................................................................................................................................................65
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................68CINÉTICA LINEAR
5.1 Torque, Centro de Massa e de Gravidade ....................................................................................................................................................................................................................72
5.2 Sistema de Alavancas do Corpo Humano ..................................................................................................................................................................................................................79
5.3 Momento Angular e de Inércia ..........................................................................................................................................................................................................................................83
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................87
CINÉTICA ANGULAR
6.1 Cinemetria, Dinamometria, Antropometria e Eletromiografia ...................................................................................................................................................................92
6.2 Análise dos movimentos da marcha humana, corrida, saltos e arremessos......................................................................................................................................95
6.3 Estudo da aplicação prática da instrumentação em biomecânica e cinesiologia ......................................................................................................................99
FIXANDO O CONTEÚDO...............................................................................................................................................................................................................................................................102
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO......................................................................................................................................................................................................................106
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................................................................................................................107
INSTRUMENTAÇÃO EM BIOMECÂNICA 
UNIDADE 5
UNIDADE 6
8
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
I
C
V
R
O
UNIDADE 1
A Unidade I apresenta a introdução à Biomecânica e Cinesiologia, a fundamentação 
teórica de ambas as áreas e o contexto histórico. Além do mais, esta Unidade tem 
como objetivo analisar os Planos e Eixos do Corpo Humano e as classificações/tipos 
de movimentos. 
UNIDADE 2
A Unidade II destaca a importância da Cinemática Linear, por meio da verificação dos 
seus elementos: sistemas de referência, fatores temporais do movimento, posição, 
deslocamento, velocidade e aceleração de um corpo no espaço. 
UNIDADE 3
Na Unidade III o foco será direcionado à Cinemática Angular, em que diferentes 
elementos serão analisados, a destacar: medidas e tipos de ângulos, representação 
vetorial do movimento angular e a relação entre movimento linear e angular. 
UNIDADE 4
A Unidade IV traz um panorama global acerca da Cinética Linear, em que os 
diferentes componentes de uma força serão investigados. Neste caso, a composição 
e resolução de forças, além das características e tipos de força, associadas às Leis de 
movimento de Newton.
UNIDADE 5
A Unidade V tem como finalidade apresentar os conceitos e a aplicabilidade prática 
da física. Torque, Centro de Massa e de Gravidade; Sistema de Alavancas do Corpo 
Humano; e Momento Angular e de Inércia aplicados à análise do movimento 
humano. 
UNIDADE 6
Na Unidade VI o objetivo será mostrar as diferentes áreas de investigação e 
instrumentação em Biomecânica, bem como, identificar como podem contribuir à 
análise de movimentos do cotidiano, atividades laborais, lazer e esportes. 
9
INTRODUÇÃO À 
BIOMECÂNICA 
E CINESIOLOGIA 
10
INTRODUÇÃO
1.1 CONCEITOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
 A biomecânica e a cinesiologia por vezes se confundem, uma vez que a 
fundamentação teórica e os conceitos se assemelham em determinados aspectos, 
embora na prática, essa aplicabilidade apresente algumas diferenças, como pode ser 
visto, por exemplo, na análise de um movimento. A biomecânica está associada às leis da 
física, e se apoia nos princípios da mecânica clássica para analisar o movimento humano, 
em geral. Por outro lado, temos a cinesiologia, cujo foco de investigação está centrado 
no movimento humano, a partir de conceitos e da fundamentação dos princípios 
estabelecidos em duas áreas de investigação: a anatomia e a fisiologia humana que 
se complementam e são fundamentais nesse processo, podendo ser aplicados para a 
análise do movimento, em diferentes ambientes e condições. 
 De fato, ao tratarmos dessas áreas, é importante entendermos suas participações 
ao longo da história, as quais permitiram contribuir para o aperfeiçoamento de ambas 
as áreas, fundamentando-as, como ciências responsáveis pela análise do movimento 
humano em sua integralidade. Tendo em vista os princípios adotados pela biomecânica 
e cinesiologia, diversos parâmetros e variáveis, que estão ligados ao movimento em si, 
puderam ser investigados de forma mais eficaz, como por exemplo, a cinemática e a 
cinética, que serão abordadas ao longo do livro. 
 É importante observar que tanto a biomecânica, quanto a cinesiologia possuem 
como interesse o mesmo objeto de estudo, neste caso, o corpo humano. Neste sentido, 
o profissional de Educação Física que apresenta conhecimentos básicos nessas áreas 
será, sem dúvidas, um diferencial no mercado de trabalho, haja vista a escassez de 
informações que, muitas vezes, o cliente, /aluno, e paciente têm acesso, no que tange à 
compreensão do corpo, mais especificamente, no movimento de forma global. 
 Neste capítulo você verá um pouco mais acerca da biomecânica e cinesiologia, 
desde a fundamentação, conceitos, até suas aplicabilidades práticas, como áreas 
importantes a serem investigadas no que tange à análise do movimento humano, 
aplicados em diferentes condições e ambientes. 
 De acordo com Dobler (2003), em definições gerais, o termo Cinesiologia 
tem origem do grego (kinein = movimento; logos = estudo) e significa “estudo do 
movimento”, ou seja, trata-se da área da ciência que estuda os movimentos a partir dos 
princípios básicos da fisiologia, da física e da geometria em relação aos movimentos do 
corpo humano, baseando-se em princípios da mecânica, do aparelho locomotor e da 
fisiologia neuromuscular. De acordo com Amadio e Serrão (2011), a biomecânica tem 
como contribuição permitir que o movimento seja investigado por meio de princípios e 
leis da física (mecânica clássica - Leis de Newton), que trabalham de forma integrada ao 
estudo dos organismos vivos, do aparelho locomotor. Portanto, é uma área considerada 
por esses autores como multidisciplinar, devido às suas características de análise que 
envolvem diferentes aspectos de áreas que interagem entre si. E complementando, 
Nigg e Herzog (1994) destacam a biomecânica como a ciência responsável por examinar 
os efeitos da ação das diferentes forças que atuam sobre um determinado organismo. 
11
 Devido à curiosidade de muitos pensadores em relação ao comportamento e 
locomoção animal, ao funcionamento de gestos tão complexos e funcionais, as dúvidas 
sobre o andar, o marchar, o nadar o voar, do homem e de outros animais, Enoka (2000) 
e Hamill et al. (2016) destacam que deu-se início aos estudos relacionados à cinesiologia 
e sua intrínseca relação com a antropologia. 
 O Quadro 1 mostra os principais pensadores de cada período e sua contribuição 
acerca do estudoda biomecânica e cinesiologia. 
O livro “Biomecânica Básica”, de Susan J. Hall, tem como foco a integração de 
diferentes áreas da análise do movimento humano, a considerar: a anatomia 
aplicada e os princípios da mecânica clássica, por meio de exemplos do cotidia-
no que permitirão um melhor entendimento acerca das diferentes maneiras 
de investigar, analisar, interpretar um determinado movimento. Esta obra está 
disponível na Minha Biblioteca Única. Link: https://bit.ly/3wczf15. Acesso em: 02 
abr. 2021. 
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Autor (Período) Principal(is) contribuição(ões)
Aristóteles 
(384-322 a.C.)
Responsável por estudar o corpo humano a partir dos princípios da 
anatomia (Grécia Antiga). Iniciou seus estudos investigando o movi-
mento associado aos animais em geral, onde analisou diversos aspec-
tos associados à física, e também às leis mecânicas, conforme preco-
nizado pela biomecânica/cinesiologia.
Arquimedes 
(287-212 a.C.)
Na Grécia Antiga merece destaque, assim como Aristóteles, o filósofo 
chamado Arquimedes (287-212 a.C.) investigou os princípios hidros-
táticos, mais especificamente referentes à flutuação dos corpos. É 
considerado um dos primeiros investigadores responsáveis em as-
sociar estudos envolvendo as leis da alavanca e também o centro de 
gravidade, para analisar o movimento humano.
Cláudio Galeno 
(131-202 d.C.)
Responsável por iniciar o estudo dos movimentos dos seres huma-
nos. Seus estudos tornaram-se notórios pelo fato de investigar os 
princípios, mesmo que ainda rudimentares, das ações e contrações 
musculares, e permitiram identificar os diferentes tipos de articula-
ções encontradas no corpo humano, a saber: diartrose, anfiartrose e 
sinartrose.
Leonardo da 
Vinci (1452-1519)
Demonstrou enorme interesse pelo corpo humano no que tange 
à estrutura. E desta maneira, estendeu seus conhecimentos para 
melhor compreender o processo de seu funcionamento no que diz 
respeito ao desempenho e à relação entre os seguintes parâmetros: 
Centro de gravidade, Equilíbrio e Centro de resistência. Pesquisas pré-
vias apontam Da Vinci como o primeiro a descrever cientificamente 
a marcha humana. Vale destacar, ainda, que ele teve enorme contri-
buição nos estudos da biomecânica e da cinesiologia, por meio da 
inserção de conceitos físicos, dentre os quais: componentes vetoriais 
de força e coeficientes de fricção e aceleração, os quais permitiram 
investigar o movimento sob diferentes perspectivas.
12
Galileu Galilei 
(1464-1563)
Galileu estabeleceu sua investigação a partir de cálculos matemáti-
cos deduzidos através do movimento humano, utilizando dentre as 
variáveis: o tempo (expresso em segundo, minuto, hora etc.); o espaço 
(expresso em centímetro, metro, quilômetro etc.); e ainda, a velocida-
de (expressa em m/s, km/h etc.). Foi considerado um dos principais 
responsáveis pela mecânica clássica, mais precisamente dos princí-
pios da cinemática linear e angular.
Alfonso Borelli 
(1608- 1679)
Um dos discípulos de Galileu, foi mais um a utilizar o modelo físico-
-matemático de Galileu à Medicina. Destaca-se o fato histórico de que 
Borelli foi o primeiro a escrever um livro que tratou de forma direta 
do estudo/efeito das diferentes alavancas sobre o sistema musculoes-
quelético, conhecido como “bioalavancas”. Além do mais, esse autor 
trabalhou de forma direta a biomecânica da respiração, definindo a 
partir de princípios cientificamente comprovados, a inspiração, clas-
sificada como um processo ativo (dependente de ação muscular) e a 
expiração como um processo passivo (dependente da elasticidade do 
tecido), o que corroborou para uma melhor compreensão acerca da 
fisiopatologia respiratória, até então, ainda não investigada.
Isaac Newton 
(1643-1727)
Considerado o grande nome da história na cinesiologia e biomecâni-
ca, marcou seu legado, a partir dos princípios ou leis do movimento: 
1ª Lei da Inércia – Trata de situações em que um corpo tende a man-
ter-se em repouso ou em movimento constante, dependendo da 
ação das forças externas sobre o mesmo, capazes ou não de movê-lo; 
2ª Lei do Movimento – Conhecida como “Princípio Fundamental da 
Dinâmica”, estabelece a relação entre a proporção da força aplicada 
e a direção da ação; 3ª Lei da Ação-Reação – Diz que para cada ação 
existe uma reação, com mesma intensidade e direção, porém, em 
sentido contrário. 
De fato, as leis de Newton permitiram estabelecer-se de forma evi-
dente a relação entre a cinesiologia/biomecânica e a mecânica, e ain-
da, causou uma “revolução” em áreas, dentre as quais: ciências exatas 
e biológicas (ENOKA, 2000; NIGG e HERZOG, 1994). 
James Keill 
(1674-1719)
Também teve um importante papel na área da cinesiologia, e tam-
bém da biomecânica. Considerado o pioneiro no que tange a sua pre-
ocupação em direcionar seus estudos e investigações direcionados 
ao processo de contração muscular. Keill estabeleceu a relação entre 
a quantidade de fibras musculares e a contração muscular, as uni-
dades motoras e o recrutamento de fibras musculares-esqueléticas, 
responsáveis pela contração muscular, e produção do movimento.
Hunter 
(1728-1793)
Anatomista e cirurgião britânico, contribuiu para evolução do conhe-
cimento do movimento humano. Hunter voltou suas atenções a fim 
de investigar aspectos importantes na relação estrutura e potência 
muscular (HAMILL et al., 2012; RASCH e BURKE, 2003).
Duchenne 
(1806-1875)
Suas contribuições voltaram-se à compreensão acerca dos efeitos da 
eletricidade no corpo humano. A partir dos princípios que estabe-
leceu, é considerado “pai da eletrofisiologia”, um dos grandes res-
ponsáveis pela biomecânica moderna (HAMILL et al., 2016; RASCH e 
BURKE, 2003).
Eduard Weber 
(1795-1881) e 
Wilhelm Weber 
(1804-1891)
Eduard Weber, físico alemão (1795-1881) e Wilhelm Weber, anatomo-
patologista (1804-1891), utilizaram a cronofotografia para investigação 
da marcha, tendo como base os princípios estabelecidos pela me-
cânica clássica, mais especificamente, das leis de Newton (RASCH e 
BURKE, 2003).
13
Étienne-Jules 
Marey 
(1830-1904)
Inventor e cronofotógrafo, deu sequência aos estudos iniciados pe-
los irmãos Weber. Marey utilizou a cinematografia como base de sua 
investigação, e por meio dos seus inventos na cronofotografia, pôde 
analisar a velocidade da marcha, bem como alguns mecanismos 
básicos para análise da força, a partir da fragmentação das imagens, 
através de quadros, mais conhecidos atualmente como “frames” 
(ENOKA, 2000; RASCH e BURKE, 2003).
Eadweard 
Muybridge 
(1830-1904)
Considerado o responsável em inserir a análise do movimento de 
animais e humanos, por meio de técnicas da cinemetria através de 
múltiplas câmeras. De fato, assim como seus antecessores, apoiou-
-se na análise das imagens, do movimento, porém nos princípios da 
cinemetria, o que lhe permitiu identificar aspectos mais variados do 
movimento, se comparado a Marey, por exemplo.
Wilhekm Brau-
ne (1831-1892) 
e Otto Fischer 
(1889-1906)
Christian Wilhekm Braune (1831-1892), anatomista alemão, e Otto 
Fischer (1889-1906), fisiologista e matemático alemão, utilizaram os 
conceitos da mecânica clássica newtoniana que permitiu-lhes levan-
tar dados relacionados à cálculos das forças em algumas articulações, 
embora uma estimativa destes, tornou-se um dos métodos mais con-
fiáveis na época, e pode ser aplicado até os dias atuais. Implementa-
ram a reconstrução tridimensional das imagens a partir de registros 
bidimensionais combinados, tendo como base o que foi apresenta-
do por Marey e Muybridge, anos antes (ENOKA, 2000; HAMILL et al., 
2016).
Nikolai Berns-
tein (1940)
Neurofisiologista soviético, é considerado um dos pioneiros no que 
tange aos estudos acerca da biomecânica desenvolvida, de fato, 
como ciência estabelecida. Buscou nessa relação, compreender 
melhor a coordenação e regulação entre o movimento humano e o 
funcionamento do sistema nervoso. De fato, seus estudos permiti-
ram entender o movimento como algo integrado, e dependente da 
interação de muitossistemas que atuam em cooperação. Estabele-
ceu ainda, o que conhecemos até hoje como “sistema hierárquico” 
do movimento, o qual mostra o sistema nervoso tendo o controle 
principal do movimento, e neste caso, os níveis mais elevados ativam 
os níveis mais baixos, que ativam as sinergias e, consequentemente, 
geram o movimento (ENOKA, 2000; SHUMWAY-COOK e WOOLLA-
COTT;1995).
Quadro 1: Principais autores/pensadores/filósofos e suas respectivas contribuições acerca do 
estudo da biomecânica e cinesiologia
Fonte: Adaptado pelo Autor (2021)
 Atualmente, muitos estudos estão sendo feitos envolvendo a cinesiologia com a 
psicologia, associados a fatores socioambientais, culturais, motivacionais, entre outros, 
com fins terapêuticos. Compreender a biomecânica moderna como área fundamental 
para análise do movimento humano deve ser preconizado, tendo em vista os mais diversos 
recursos provenientes do avanço tecnológico, em que o uso de computadores, softwares 
especializados, plataformas de força, células de carga sensíveis, entre outros, tornam-se 
elementos cada vez mais frequentes. De acordo com as expectativas nessa área, em 
um futuro próximo, novos avanços surgirão completando assim, novos conhecimentos 
dentro da cinesiologia e biomecânica.
14
1.2 PLANOS E EIXOS ANATÔMICOS 
 De fato, os movimentos são complexos, em sua grande maioria, e podem 
ser realizados em diversas direções, tornando-se fundamental para a sua correta 
compreensão, portanto, estabelecer pontos de referência. Houglum e Bertoti (2014) 
destacam a importância que deve ser dada à compreensão do movimento humano, 
a partir da análise dos mesmos sob uma perspectiva associada aos planos e eixos 
anatômicos. Logo, cabe aos profissionais de Educação Física estarem atentos a este 
aspecto, que pode ser adotado como referência nas análises, independente do ambiente 
e/ou situação, por exemplo. Portanto, é por meio da localização dos segmentos corporais, 
o que inclui os graus de liberdade articulares e estabelecimento de limites ao movimento 
(planos e eixos) em que podem atuar, e torna-se cada vez mais necessária a inclusão 
desses aspectos biomecânicos na estruturação de programas de atividades e exercícios 
físicos de acordo com a (s) necessidade (s) do indivíduo. 
 No intuito de facilitar a compreensão conceitual dos planos e eixos anatômicos faz-
se necessário compreender, primeiramente, a posição anatômica e, consequentemente, 
os termos direcionais anatômicos. Neste sentido, é essencial para que a interpretação 
dos movimentos em seus respectivos planos e eixos seja feita corretamente, conforme 
apresentados na Figura 1 e, de fato, vale destacar que as direções anatômicas sinalizam 
a posição de uma parte específica do corpo em relação a outra. 
Figura 1: Posição e Direções anatômicas
Fonte: Floyd (2016, p. 2).
 A seguir, serão apresentadas algumas definições importantes acerca do movimento 
humano, em geral, de acordo com Tortora e Derrickson (2019): 
 Posição Anatômica - A posição anatômica é universalmente descrita como uma 
posição ereta vertical, em que os pés permaneçam levemente separados. Os braços 
permanecem pendentes, ao lado do corpo, de forma relaxada. As palmas das mãos 
devem estar, todavia, voltadas para frente. 
 Posição Fundamental – Pode ser considerada similar à posição anatômica, 
entretanto, neste caso, os braços permanecem relaxados ao longo do corpo, com as 
palmas voltadas para o tronco e não para frente.
 Centro de Gravidade (CG) – É classificado como o ponto (estimativa) sobre o qual 
a massa corporal está uniformemente distribuída, aspecto que tende a gerar um estado 
15
Figura 2: Planos e eixos de rotação dos movimentos: (A) plano sagital - eixo frontal; (B) plano 
frontal - eixo sagital; (C) plano transverso - eixo vertical
Fonte: Floyd (2016, p. 6)
de equilíbrio entre os segmentos corporais. 
 Tendo em vista que o corpo humano é capaz de mover-se em três planos, 
conhecidos como planos cardinais, conforme mostra a Figura 2, temos os três eixos em 
torno dos quais esses planos fazem rotação são chamados de eixos: x, y e z. A Figura 2 
mostras, de forma clara, esses eixos x, y, z e os respectivos planos anatômicos. De acordo 
com Floyd (2006) esses planos são representados por linhas fixas de referência ao longo 
das quais o corpo se divide, em que cada um dos planos está associado a um ângulo 
reto ou perpendicular com dois planos (90º). Neste sentido, tempos o eixo x, ou medial-
lateral, é aquele que corre de uma lateral à outra e se localiza no plano sagital; o eixo y, 
ou anterior-posterior, que corre da frente para trás e está́ no plano coronal; e ainda, o 
eixo z, ou vertical, que corre de cima para baixo e está́ no plano transverso (FLOYD, 2006; 
MCGINNIS, 2015). 
 A localização do CG varia não somente pelas diferenças encontradas na estrutura 
anatômica do indivíduo, mas também de gênero, em que há uma tendência que as 
mulheres possuam seu centro de gravidade mais baixo, se comparadas aos homens, 
muito devido à distribuição corporal, tendo em vista que o centro de gravidade, em 
teoria, localiza-se a mais ou menos 4 centímetros à frente da primeira vértebra sacra. 
 É importante destacar que as ações do ser humano, que vão desde aquelas do 
cotidiano até as esportivas, ocorrem a partir de uma combinação de planos, portanto, não 
se limitam à movimentos articulares somente nos planos sagital, frontal ou transverso, 
conforme descreve Tortora e Derrickson (2019). É importante evidenciar que existe o 
plano diagonal ou oblíquo, muito comum em movimentos esportivos, pois trata-se da 
combinação de dois ou mais planos num mesmo gesto ou ação motora. 
 Floyd (2016) e McGinnis (2015) trazem além da descrição, alguns exemplos de 
aplicação prática dos movimentos e/ou ações motoras, que podem ser executados a 
partir dos planos e eixos anatômicos descritos nesta seção, conforme você verá a seguir: 
 1 – Plano sagital, secciona o corpo no sentido anteroposterior (AP), dividindo-o em 
partes laterais simétricas, direita e esquerda. E em relação ao eixo, movimentos nesse 
plano possuem ponto de rotação em um eixo perpendicular a esse plano que atravessa 
do lado medial do corpo para o lado lateral do corpo. Destacam-se alguns exemplos 
importantes que são realizados neste plano, tais como: flexão e extensão. 
 2 – Plano frontal, secciona o corpo humano, em sentido lateral, dividindo-o em 
16
partes anterior e posterior. Os movimentos que ocorrem no plano frontal são aqueles 
associados ao afastamento ou aproximação do segmento da linha medial corporal: 
abdução e adução; desvio ulnar e radial; flexão lateral ou inclinação. 
 3 – Plano transverso, secciona o corpo humano em partes superior (ou cefálica) e 
inferior (ou caudal). Esse eixo fica perpendicular ao plano transverso em uma direção 
cefalocaudal, sendo referido em física como eixo y e, em cinesiologia, como eixo superior-
inferior, vertical ou longitudinal. Nesse plano/eixo temos os seguintes movimentos: 
rotação medial e lateral; pronação e supinação; eversão e inversão.
 4 – Plano diagonal (oblíquo), combina mais de um plano de movimento. Embora 
esteja mais presente em movimentos associados às práticas esportivas, podem ser vistos 
em ações do cotidiano, ou mesmo laborais. São executados em algum ponto paralelo e/
ou perpendicular aos planos sagital, frontal ou transverso, ocorrendo no plano diagonal 
ou oblíquo. 
 A relação entre os planos de movimento e seus respectivos eixos de rotação podem 
ser vistos no quadro a seguir. 
 Floyd (2016) descreve a ação do movimento tendo em vista o plano em que está 
sendo executado tal movimento. Neste sentido, é importante destacar que para que o 
movimento ocorra em um determinado plano, a articulação deve mover-se ou girar em 
torno de um eixo, bem como estabelecer uma relação perpendicular ou de 90° com este 
mesmo plano. Você verá a seguir uma breve descrição acerca dos eixos e seus respectivos 
movimentos. 
De acordo com Floyd (2016) os movimentos podem ocorrer aindano plano diago-
nal, e dividem-se em: alto ou elevado ou em um dos dois planos oblíquos inferio-
res ou baixos. No caso específico do plano diagonal alto ou elevado, é importante 
entender que este se aplica aos movimentos dos membros superiores realizados 
com as mãos elevadas, em nível superior ao ombro. E por outro lado, nos planos 
diagonais inferiores ou baixos, os movimentos são realizados com a mão localiza-
da ao nível inferior ao ombro. 
FIQUE ATENTO
Plano Descrição do Plano Eixo de rotação Descrição do Eixo Movimentos 
comuns
Sagital 
(AP)
Divide o corpo em 
direita e esquerda
Frontal (coronal, 
lateral ou me-
diolateral)
Movimenta no 
sentido medial/
lateral
Flexão, 
extensão
Frontal 
(coronal 
ou lateral)
Divide o corpo 
anterior e posterior
Sagital (AP) Movimenta no 
sentido anterior/
posterior
Abdução,
adução
Transverso 
(axial ou 
horizontal)
Divide o corpo em 
superior e inferior
Vertical
(Longitudinal
ou longo)
Movimenta no 
sentido superior/
inferior
Rotação 
medial, 
rotação
lateral
Quadro 2: Planos de movimentos e seus respectivos eixos de rotações
Fonte: Adaptado de Floyd (2016) e Lippert (2018)
17
 Eixo frontal está relacionado aos movimentos que acontecem lateralmente. Neste 
caso, trata-se de um eixo identificado, por exemplo, na flexão e extensão do cotovelo, 
bem como na flexão do cotovelo quando o antebraço faz um movimento giratório em 
torno de um eixo frontal, que se movimenta de uma extremidade lateral à outra, ambos 
sendo realizados no plano sagital (FLOYD, 2016).
 Eixo sagital ocorre no plano frontal, coronal ou lateral, em que o segmento gira 
em torno do eixo sagital que, por sua vez, acompanha a mesma direção do plano de 
ação sagital. Trata-se de um deslocamento da parte anterior ou ventral em sentido 
posterior ou dorsal, formando um ângulo de 90°, ou perpendicular, com o plano frontal 
de movimento (FLOYD, 2016). Um exemplo que ocorre na prática é quando o segmento 
corporal se afasta ou se aproxima da linha média do corpo, no caso, a abdução e/ou 
adução de ombros. 
 Eixo vertical é projetado do cume da cabeça, formando um ângulo de 90°, ou 
perpendicular, com o plano de ação transverso. Floyd (2016) menciona um movimento 
clássico que representa esse eixo, o movimento do “não”, quando a cabeça “roda” da 
esquerda para a direita, tanto o crânio quanto as vértebras cervicais giram em torno de 
um eixo descendente e verticalizado pela coluna vertebral. 
 E por fim, o eixo diagonal ou oblíquo se move em um ângulo de 90°, ou perpendicular, 
com o plano diagonal. Quando a articulação glenoumeral faz abdução diagonal para 
adução diagonal, como acontece nos arremessos superiores ao nível da cabeça, seu eixo 
corre perpendicular em relação ao plano, através da cabeça do úmero (FLOYD, 2016). 
 Os avanços sobre o conhecimento do movimento do corpo humano, assim como 
o estudo da estrutura e da função do sistema musculoesquelético, combinados com 
um conjunto de conceitos sobra anatomia, fisiologia, física, antropologia, matemática 
e mecânica, evoluem para uma aplicação mais ampla no campo da biomecânica, bem 
como da cinesiologia. Winter (1990) destaca a biomecânica como a área que investiga 
aspectos ligados à mecânica no corpo humano, em que as causas e efeitos do movimento 
são o principal objeto de estudo. Destaca-se ainda o fato de que essas investigações se 
apoiam em modelos físico-matemáticos. 
 Na prática, os estudos em biomecânica podem ser realizados sob duas vertentes, 
a destacar: a biomecânica qualitativa (quando as análises envolvem observação e 
descrição da mecânica do movimento); e ainda, a biomecânica quantitativa (realizando 
alguma medida objetiva mecânica do gesto motor). Os conceitos da mecânica são 
muito importantes quando estudamos o movimento humano. Mecânica é o ramo da 
física que estuda as ações de forças sobre partículas e sistemas mecânicos, e pode ser 
dividida em mecânica estática e mecânica dinâmica. Podemos destacar aqui a mecânica 
estática, que aborda os sistemas que estão em um estado constante, ou em equilíbrio; 
Como podemos desenvolver o estudo dos planos e eixos aplicados à Educação Física na 
Educação Básica? 
VAMOS PENSAR?
1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DOS MOVIMENTOS 
18
e a mecânica dinâmica, que trata de sistemas que estão submetidos às mudanças 
de estados (velocidade, aceleração, etc.), que geram modificação do corpo no espaço 
(HOUGLUM e BERTOTI, 2014). 
 A mecânica pode ser dividida em outras áreas que ajudam em seu entendimento: 
a cinética, que examina forças que agem sobre um sistema, como o corpo humano ou 
qualquer objeto, e define as forças que provocam um movimento ou resistem a ele; 
e a cinemática, uma importante área da biomecânica, responsável por descrever o 
movimento sem preocupar-se com as causas que levaram o mesmo a ocorrer, neste caso, 
desprezando-se a influência das forças ou torques envolvidos, pois privilegia a análise do 
movimento a partir de perspectivas espacial e temporal, atentando-se à velocidade, 
deslocamento e aceleração do corpo no espaço. Vale destacar que a cinemática leva 
em consideração diversos descritores como tipo, direção e quantidade de movimento. 
A quantidade de movimento pode ser analisada em relação à quantidade de distância 
linear que um corpo ou segmento se desloca. 
 Cinematicamente o movimento humano é caracterizado pela posição e o 
movimento do segmento corporal, incluindo articulações, sua relação umas com as outras 
e com o ambiente externo, destacando o movimento de um único ponto no corpo, a 
posição de diversos segmentos em um membro, bem como a posição ou os movimentos 
de uma única articulação e de suas superfícies articulares adjacentes. A cinemática 
utiliza o sistema bidimensional e tridimensional, o mesmo usado na matemática e na 
física, com a finalidade de relatar a orientação do corpo e seus segmentos no espaço, 
identificando e prevendo o movimento do corpo e seus segmentos. A cinemática 
pode ser subdividida em dois importantes tópicos de acordo com o foco específico 
do movimento: a osteocinemática, que analisa o comportamento dos ossos durante 
os movimentos nos três planos de movimento e a artrocinemática, que estabelece o 
comportamento mecânico das superfícies articulares durante os movimentos (HAMILL 
et al., 2016).
 A análise mecânica do movimento pode ser dividida em movimento linear ou 
movimento angular. De forma geral, o movimento linear é aquele que ocorre a partir de 
um movimento de translação, podendo este ser executado ao longo de uma via curva 
ou reta, realizado quando todas as partes do corpo percorrem exatamente a mesma 
direção e velocidade. No ambiente de trabalho, por exemplo, o movimento realizado 
pelo trabalhador para levantar uma carga pode ser analisado sob uma perspectiva da 
linearidade, cujo foco é direcionado em verificar a direção, a trajetória e a velocidade do 
movimento do corpo no espaço. É importante identificar as sobrecargas mecânicas que 
atuam em um movimento, ou ainda das posturas adotadas durante um movimento 
qualquer, tendo em vista que essa má postura poderá interferir negativamente na 
estrutura como um todo. O movimento angular é o que ocorre ao redor de algum 
ponto em diferentes regiões, realizado quando um corpo se move ao redor de uma 
linha central imaginária (eixo de rotação), perpendicular ao plano de movimento. De 
acordo com Lippert (2018) esses movimentos podem ocorrer, sobretudo, na coluna, em 
que movimentos de rotação são frequentes. Como exemplos, destacamos: no ambiente 
laboral, quando o trabalhador precisa levantar diferentes cargas, o que pode gerar ao 
longo de um período, maior estresse do membro superior, levando-o muitas vezes a 
adotar uma postura incorreta para realizar o movimento, a fim de gerar uma “falsa 
supercompensação”. 
 Em geral, a maior parte dos movimentos que acontecem no corpo humano é 
19
angular, enquanto os movimentos em sentido externo ao corpo tendem a ser lineares. É 
bastante comum observar as duas formas de movimento,angular e linear, acontecendo 
simultaneamente, ou seja, quando um objeto considerado “no todo” se move de forma 
linear e as suas partes se movem de forma angular. E ainda, de acordo com Lippert (2018), 
temos os movimentos combinados, como ocorre, por exemplo, na marcha humana, em 
que considera-se o corpo inteiro executando movimentos lineares, exceto os quadris, 
joelhos e tornozelos, que realizam movimentos angulares, o que é caracterizado como a 
combinação de movimentos para a execução de uma ação e/ou gesto motor. 
 Outro exemplo de movimentos lineares e angulares está no arremesso de uma 
bola de beisebol, em que o indivíduo que arremessa a bola faz movimentos angulares no 
membro superior, e a bola faz um percurso curvilíneo. Entretanto, é importante destacar 
que a escápula faz elevação/abaixamento e protrusão/retração como forma
linear de movimento. Já a clavícula, articulada com a escápula, faz movimento angular a 
partir da articulação esternoclavicular (LIPPERT, 2018; MCGINNIS, 2015).
 Os movimentos podem ser analisados pelo seu deslocamento e pelo movimento 
linear. Quando isto acontece, podemos utilizar duas formas de mensuração, que são os 
ângulos relativos e os ângulos absolutos:
 Ângulos relativos: São os ângulos mensurados na articulação. Não descrevem a 
posição de um segmento no espaço e são mais utilizados em avaliações clinicas. 
 Ângulos Absolutos: Definem o ângulo de inclinação de um segmento do corpo. 
Eles descrevem a orientação no espaço, pois possuem uma referência fixa. São utilizados 
em avaliações biomecânicas. 
 As articulações possuem diversas possibilidades de movimentos. Floyd (2016) e 
Lippert (2018) descrevem a importância de analisar as ações que acontecem em torno 
dos eixos articulares, e, portanto, atravessam seus planos.
 Neste sentido, Lippert (2018) destaca que as articulações podem ser divididas em 
três tipos básicos, conforme você verá a seguir: 
 1) Fibrosas, são aquelas que possuem uma pequena separação com tecido 
conjuntivo fibroso e não apresentam cavidade articular. Destaca-se o fato de que a 
mobilidade dessa articulação é bastante reduzida ou inexistente, apresentando, todavia, 
certa elasticidade. Essa articulação pode ser ainda classificada em dois tipos: suturas 
(articulações encontradas nos ossos do crânio) e sindesmoses (encontrada entre a tíbia 
e a fíbula). 
 2) Cartilaginosas, conhecidas como anfiartroses, pois são levemente móveis, 
possuem uma separação cartilaginosa e não apresentam cavidade articular, tendo 
em vista sua mobilidade, de certa forma, reduzida. As articulações cartilaginosas são 
encontradas nos ossos do quadril e entre as vértebras. 
Como podemos desenvolver o estudo dos planos e eixos aplicados à Educação Física na 
Educação Básica? 
VAMOS PENSAR?
Conforme você viu ao longo do texto, o movimento pode ser analisado em diferentes pla-
nos e eixos, e a maneira de avaliá-lo definirá como trabalhar os mecanismos que melhor 
desenvolvam esse movimento, respeitando-se suas limitações, no que tange à ação arti-
cular. Neste sentido, qual a importância de analisar o movimento (ex: marcha humana) 
por meio da descrição cinemática, tendo como foco a verificação dos ângulos relativos ou 
absolutos nas diferentes fases da marcha? 
VAMOS PENSAR?
20
 3) Sinoviais, também chamadas de móveis, devido a sua característica que 
apresenta uma cavidade articular ou sinovial, a qual apresenta uma cápsula repleta 
de líquido sinovial, cuja função é atuar como lubrificante articular, o que garante 
maior liberdade de movimento articular. É importante ressaltar que essa articulação 
é considerada a mais encontrada no corpo humano, em destaque para as articulações 
do ombro e joelho. De fato, essas articulações podem ser classificadas de acordo com o 
movimento em uniaxial (um eixo de rotação), biaxial (dois eixos de rotação) e poliaxial 
(três ou mais eixos de rotação). Lippert (2018) descreve alguns movimentos básicos que 
podem ser executados por essa articulação em relação aos eixos: a uniaxial, temos a 
articulação encontrada entre o úmero e a ulna; a biaxial, temos a articulação do punho; 
e a poliaxial, a articulação do ombro. 
 Em cinesiologia alguns termos tornam-se essenciais para descrever os diferentes 
movimentos que ocorrem, sobretudo, nas articulações sinoviais, a destacar: Flexão 
(movimento de aproximação de um osso em relação a outro, ocorrendo no plano sagital 
em torno de um eixo medial-lateral); Extensão (é o contra movimento da flexão na 
direção oposta ao longo do mesmo plano, provocando um aumento do ângulo articular); 
Hiperextensão (compreendida como a continuação da extensão além da posição 
anatômica. E um exemplo pode ser a articulação “umeroulnar”, segmento cotovelo, 
quando a superfície anterior do antebraço se afasta da superfície anterior do braço, a 
articulação se move em extensão); Flexão palmar e Flexão plantar (corresponde à flexão 
no punho e do tornozelo, respectivamente); Dorsiflexão (definida como as extensões nas 
articulações do punho e do tornozelo, respectivamente); Abdução/Adução (a abdução é 
compreendida como o movimento ou posição de afastamento do plano sagital mediano 
do corpo. Já a adução é o movimento ou posição em direção à linha medial. Ambos 
os movimentos ocorrem no plano frontal em torno do eixo anterior-posterior); Desvio 
radial e ulnar (são termos usados quando referentes a abdução e adução e do punho, 
respectivamente); Flexão lateral (termo utilizado quando o tronco se curva lateralmente 
para o lado direito ou esquerdo, inclinando-se); Circundução (classificado como um tipo 
de movimento circular, que determina a formação de um cone imaginário no espaço: 
flexão, abdução, extensão e adução); Rotação (trata-se de um movimento de um segmento 
ósseo em torno de um eixo longitudinal ou vertical no plano transverso, podendo ser: 
medial, caso o segmento articular gire para dentro em direção ao plano sagital mediano, 
chamamos esse movimento de rotação medial. E ainda, lateral, caso a superfície anterior 
gire para fora, afastando se do plano sagital mediano); Supinação e Pronação (tendo 
como referência a posição anatômica, a supinação é um termo utilizado para descrever a 
palma das mãos quando voltada para cima, enquanto a pronação descreve a palma das 
mãos para baixo); Inversão e Eversão (descrevem dois tipos específicos de movimentos 
rotacionais nos pés); Protrusão e Retração (classificados como movimentos lineares no 
mesmo plano, mas com direções opostas. A protusão pode ser feita pela articulação do 
ombro e da mandíbula, e a retração pela articulação do ombro). 
 Neste sentido, as análises e avaliações dos movimentos corporais são realizadas, 
em sua grande maioria, com base em coordenadas tridimensionais, que são alinhadas 
anatomicamente de acordo com os eixos mediolateral (plano sagital), anterioposterior 
(plano frontal) e superioinferior ou longitudinal (plano transverso). Ocasionalmente, é feita 
a opção pela análise bidimensional ou planar, considerando somente dois dos três eixos 
citados, tendo em vista a complexidade de recursos para as observações tridimensionais 
(OATIS, 2014). E embora seja possível realizá-la em duas dimensões, a probabilidade de 
21
erro quanto à interpretação dos dados se torna elevada, pois importantes dados podem 
ser “perdidos” ao limitar-se essas análises. 
 Enfim, o corpo humano é composto por diferentes segmentos, ligados por 
articulações. Cada um desses segmentos pode, dentro de suas possibilidades, 
se movimentar, separadamente. Os principais segmentos do corpo humano se 
movimentam de forma angular ao redor das articulações. Esse movimento pode ocorrer 
isoladamente, como enquanto você move o braço e a mão para fazer anotações, ou 
concomitantemente ao movimento linear. 
 Dessa forma, uma análise do movimento do corpo humano inclui dois tipos de 
variáveis: as variáveis lineares do centro de massa e as variáveis angulares dos segmentos, 
como será descrito a seguir, nas cinemáticas linear e angular, em queo deslocamento 
do centro de massa é descrito em relação às referências estabelecidas no espaço, como 
ocorre nos movimentos realizados pelo corpo humano. 
22
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A Biomecânica pode ser definida como aplicação da mecânica aos organismos vivos, 
tecidos biológicos, aos corpos humanos e animais. Mais do que simplesmente aplicar as 
leis da física, a biomecânica leva ainda em consideração as características do aparelho 
locomotor. 
Considerando as principais áreas de investigação em biomecânica, avalie as afirmações 
a seguir.
I. Investiga a função de equipamentos para prática esportiva.
II. Investiga a função de músculos, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos.
III. Investiga a carga e sobrecarga em sistemas vivos.
É correto o que se afirma somente em:
a) I, apenas. 
b) I, II e III.
c) II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I e II, apenas.
2. O movimento humano pode ser analisado de diferentes maneiras e utilizando 
mecanismos os mais específicos possíveis para fazê-lo com acurácia. Neste sentido, 
entende-se as análises possíveis de serem feitas de forma qualitativa e/ou quantitativa, 
entretanto, considerar a posição anatômica, a fundamental e o centro de gravidade 
tornam-se aspectos fundamentais no processo. 
Analise as afirmações a seguir e julgue V para verdadeiro e F para falso:
( ) A posição anatômica é universalmente descrita como, uma posição ereta vertical 
com os pés separados ligeiramente e os braços pendendo relaxados ao lado do corpo, 
com as palmas das mãos voltadas para frente. 
( ) A posição fundamental é igual à posição anatômica, exceto pelos braços que ficam 
mais relaxados ao longo do corpo com as palmas voltadas para o tronco.
( ) O centro de gravidade é o ponto sobre o qual a massa do corpo está uniformemente 
distribuída gerando, assim, um equilíbrio dos membros superiores. 
( ) A posição anatômica e o centro de gravidade em conjunto são consideradas referenciais 
para localização e descrição de estruturas anatômicas.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V- F- V-F. 
b) F- F- V- V. 
23
c) F- V- V- V.
d) V- V- V- V. 
e) V- V- F- F. 
3. Os movimentos articulares do corpo humano devem ser analisados e caracterizados 
conforme os seus respectivos planos de ação, e a partir da compreensão dos planos e eixos 
pode-se estabelecer treinamentos mais assertivos, de acordo com a(s) necessidade(s) do 
indivíduo. Observe a figura a seguir:
 
De acordo com os planos de secção sagital, frontal e transverso, marque a alternativa 
correta.
a) O eixo do plano frontal acompanha o plano transverso.
b) O plano sagital permite as rotações.
c) O eixo do plano transverso acompanha o plano horizontal.
d) O plano frontal divide o corpo em partes laterais.
e) O plano transverso tem o eixo anteroposterior. 
4. (HUAP-UFF- 2016). Assinale a alternativa correta. Existem 3 eixos anatômicos, cada 
um associado a um plano de movimentação e perpendicular àquele plano, sendo que 
o eixo:
a) transverso (latero-lateral) atravessa o corpo de lado a lado, sendo perpendicular ao 
plano sagital.
b) ântero-posterior atravessa o corpo da frente para trás e está associado com a 
movimentação no plano sagital.
c) longitudinal atravessa o corpo de cima para baixo, sendo horizontal ao plano frontal. 
d) transverso (longitudinal) atravessa o corpo de trás para frente e está associado ao 
plano transverso. 
e) longitudinal atravessa o corpo de lado a lado, sendo perpendicular ao plano sagital. 
24
5. (Adaptada- 2019 • Crescer-consultorias • Prefeitura de Paulistana - PI • Educador 
Físico • Prova: 69812). Os conhecimentos da cinesiologia são essenciais para o 
entendimento do movimento e a aplicação dos exercícios físicos evitando assim lesões 
físicas para os seus praticantes. Marque a 2ª coluna em relação a 1ª, e assinale a alternativa 
correspondente. 
I. Plano sagital.
II. Plano frontal. 
III. Plano transversal. 
( ) Considerado também como plano mediano, está localizado verticalmente, de frente 
para trás, paralelo à sutura sagital do crânio; e divide o corpo humano em direita/esquerda 
ou medial/lateral.
( ) Também conhecido como plano horizontal, está localizado horizontalmente, paralelo 
ao horizonte; e divide o corpo humano em superior e inferior.
( ) Também conhecido como plano coronal, está localizado verticalmente da esquerda 
para a direita, paralelo à sutura coronal; e divide o corpo humano em frente (anterior) e 
trás (posterior).
a) I – III – II.
b) I – II – III.
c) II – III – I. 
d) III – I – II. 
e) II – I – III. 
6. (Adaptada- 2019 • IBFC • Prefeitura de Cuiabá - MT • Educador Físico • Prova: 
69689). De acordo com Campos (2000), a dorsiflexão e a flexão plantar (movimentos da 
articulação do tornozelo) acontecem em determinado plano. 
Neste sentido, assinale a alternativa correta.
a) Sagital 
b) Transverso
c) Frontal 
d) Coronal 
e) Pronado 
7. As articulações possuem diversas possibilidades de movimentos. Portanto, analisar 
as ações que acontecem em torno dos eixos articulares e, que atravessam seus planos 
é fator primordial para compreender as possibilidades de movimentos cabíveis a uma 
determinada articulação de um segmento. 
Neste sentido, os movimentos de abdução e adução de uma articulação são caracterizados 
como:
a) O movimento ou posição de afastamento do plano sagital mediano do corpo e o 
movimento ou posição em direção à linha medial.
25
b) O movimento circular, no qual determina a formação de um cone imaginário no 
espaço.
c) O movimento das extensões nas articulações do punho e do tornozelo.
d) O movimento do tronco quando se curva lateralmente para o lado direito ou esquerdo. 
e) A flexão no punho e do tornozelo respectivamente.
8. O conhecimento dos temas de estudo da cinesiologia, da biomecânica e de suas 
abordagens é de extrema importância para a prática do profissional de Educação 
Física. A considerar a identificação dos planos e seus respectivos eixos específicos que 
passam perpendicularmente pelo corpo. De fato, esses planos são úteis para descrever 
os movimentos referentes às partes do corpo. 
Nesse sentido, os movimentos articulares de pronação e extensão estão relacionados a 
que plano, respectivamente?
a) Sagital e Transversal
b) Sagital e Frontal
c) Frontal e Sagital
d) Frontal e Transversal 
e) Transverso e Sagital
26
CINEMÁTICA 
LINEAR 
27
 A cinemática é a área da biomecânica que descreve o movimento do objeto em 
relação ao seu ambiente, em termos de posição e de mudança de posição. O movimento 
de um objeto pode ser linear ou angular, e cada uma das grandezas descritas pode se 
referir a ambos os tipos de movimento. Por exemplo, as fórmulas utilizadas para calcular 
velocidade e aceleração são semelhantes, porém as variáveis de movimentos lineares ou 
angulares são específicas.
 No sistema linear, a posição é expressa em relação a uma origem, conhecida como 
sistema global (externo ao objeto), com o uso de variáveis, como metros ou quilômetros. 
Neste sentido, as variáveis cinemáticas permitem perceber detalhes na execução de 
um gesto motor e identificar possíveis melhoras no desempenho ou fatores que devem 
alterados para diminuir o risco de lesão, em diferentes objetivos e finalidades, que vão 
da análise de movimentos do cotidiano, como a marcha humana, passando pelo laboral 
(ergonomia) até aquele associado ao esportivo. 
 Há três principais grandezas relacionadas com o movimento: posição, velocidade 
e aceleração, sendo que cada uma delas pode ser analisada individualmente, entretanto, 
uma análise mais completa do movimento fornecerá dados, de certa maneira, mais 
fidedignos quanto às informações possíveis de serem obtidas. 
 Um exemplo prático da aplicação da cinemática está associado à análise da 
corrida, em que para um corredor completar um percurso de 10 km (1 km = 1000 m), 
o comprimento do trajeto é conhecido como a distância linear (também chamada 
simplesmente de distância) percorrida pelo corredor. 
 Você verá neste capítulo alguns dos principais parâmetros/aspectosinvestigados na 
análise cinemática linear do movimento humano, e além de suas respectivas descrições, 
compreenderá como aplicá-las de forma prática. 
 Referencial é um conjunto de três eixos ortogonais, cuja importância está 
centrada, principalmente, em buscar um “ponto” que estabeleça todo o sistema, a partir 
da percepção de movimento de um determinado corpo/objeto no espaço. Hamill et al. 
(2016) descrevem que é a partir da escolha do referencial que se pode determinar o que 
ocorre com o corpo, neste caso, os movimentos descritos no espaço. 
 A referência será determinada de acordo com a complexidade do movimento que 
se está descrevendo, e vale destacar que a forma mais simples de se determinar um 
sistema de referências é por meio de um ponto fixo de referência, que servirá como a 
origem de cada uma das distâncias que devem ser indicadas utilizando unidades de 
comprimento, como metros. Esse sistema é conhecido como sistema cartesiano de 
coordenadas. 
 Na análise dos esportes, alguns exemplos práticos podem ser observados nas 
seguintes situações: 
 a) A linha de partida ou de chegada, indicando a distância que o corredor se encontra 
a cada instante em relação a essa posição, no atletismo, cujo objetivo é demonstrar o 
progresso de um corredor em uma prova de 100 metros rasos. 
 b) No futebol de campo a referência é utilizada para indicar a posição de um 
INTRODUÇÃO
2.1 SISTEMA DE REFERÊNCIA E FATORES TEMPORAIS DO MOVIMENTO
28
jogador em um campo de futebol, sendo necessárias duas referências: uma das linhas 
de fundo e uma das linhas laterais, por exemplo. Assim, indica-se a posição do jogador 
no campo pela sua distância em relação a cada uma das linhas indicadas. 
 c) Em adição, podemos indicar a referência do objeto de jogo, a bola, no caso do 
voleibol. Neste caso, são necessárias três referências, pois além de indicar a posição da 
bola em relação à linha de fundo e à linha lateral da quadra, é necessário indicar a sua 
posição vertical, lembrando que poderia ser aplicado também a outras modalidades 
que utilizam materiais para a sua execução, como por exemplo, o basquetebol e/ou 
handebol, entre outros. 
 McGinnis (2015) destaca, acerca do referencial que, quando o movimento do objeto 
é angular, a descrição da posição será diferente. Neste caso, o ângulo é determinado 
pela interseção entre duas retas, dois planos ou uma reta e um plano. Portanto, não é 
necessário determinar uma referência no espaço, pois o ângulo sempre será determinado 
em relação às retas ou aos planos em questão (ex: ângulo de 90º graus no canto de um 
campo de futebol determinado pelas linhas lateral e de fundo do campo). 
 Em relação à análise cinemática, é a responsável em analisar as características 
do movimento, examinando-o a partir de perspectivas espacial e temporal, no entanto, 
sem preocupar-se com as forças que causam o movimento. Hall (2016) estabelece a 
importância da análise cinemática para os movimentos, uma vez que é por meio dela 
que é possível determinar a velocidade de deslocamento, por exemplo, de um objeto ou 
corpo que se move durante uma determinada trajetória, a distância, ou ainda, o tempo de 
duração do deslocamento de um corpo de um ponto a outro, ou ainda, a altura atingida 
durante um determinado lançamento. 
 Amadio e Serão (2011) descrevem que é por meio dessas análises que é possível 
avaliar as características que compõem o movimento em geral, incluindo seu grau de 
dificuldade e as forças atuantes para a execução do movimento tendo como base o 
tempo, em que adota-se como referência (“s”), seguindo recomendações do Sistema 
Internacional de Medidas. 
 A posição é definida como a localização de um objeto no espaço (MCGINNIS, 2015), 
sendo considerada a primeira característica que se pode descrever sobre um objeto. 
Uma posição de um objeto é sempre descrita em relação a uma referência, entretanto, é 
importante destacar que um sistema de referências não existe no espaço, de modo que 
precisa ser determinado como o ponto em relação ao qual a posição será descrita. 
 Posição dá a ideia de lugar e, por consequência, é possível entender o deslocamento 
Como podemos desenvolver o estudo dos planos e eixos aplicados à Educação Física na 
Educação Básica? 
VAMOS PENSAR?
Em análises biomecânicas, por que o professor/treinador deve estruturar sua análise ci-
nemática, a partir de um referencial? Ou seja, qual a importância de adotar-se um re-
ferencial (ponto) em que, o objeto ou o corpo seja, analisado durante um determinado 
movimento esportivo, por exemplo? 
VAMOS PENSAR?
2.2 POSIÇÃO, DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO 
DE UM CORPO NO ESPAÇO 
29
como algo associado à mudança de posição, independentemente, da trajetória entre 
as posições inicial e final considerada, como pode ocorrer em um movimento de um 
determinado automóvel, que passa de uma posição (A) para uma posição (B). Neste 
caso, o deslocamento pode ser definido por uma reta determinada, considerada linear 
(vetorial), e a trajetória pode ser a mais variada possível (HAMILL et al., 2016; MCGINNIS, 
2015). 
 O movimento ocorre quando existe uma mudança de posição de um objeto, 
progressivamente, ao longo do tempo (HAMILL et al., 2016). É importante ressaltar a 
alteração de posição em relação à posição do objeto antes e depois do movimento ou às 
diferentes posições do objeto ao longo do seu movimento. Portanto, a diferença entre 
as posições inicial e final refere-se ao deslocamento. Apenas com a posição do objeto 
em relação à origem no início e no final do movimento é possível saber o deslocamento 
do objeto por meio da subtração da posição final pela posição inicial. O deslocamento 
indica apenas a diferença em uma linha reta entre as posições inicial e final. 
 McGinnis (2015) apresenta em sua obra um importante aspecto, em que sempre 
que um corpo tem a sua posição alterada, este move-se, e a partir deste princípio, o do 
movimento, há uma velocidade (V) associada a este movimento. Caso esta velocidade 
seja igual a zero temos uma ausência de movimento, portanto, o corpo tende a estar em 
repouso. 
 De acordo com Watkins (2014) a velocidade de um objeto indica quão rapidamente 
o objeto se move em uma dada distância. A velocidade é definida como a distância 
percorrida por unidade de tempo ou taxa de mudança de distância: 
Velocidade média = distância/tempo
 Assim, 
 Velocidade escalar é considerada a distância percorrida por um objeto dividido 
pelo tempo gasto para percorrer tal distância. A velocidade escalar pode ser vista 
em automóveis, registrada continuamente pelo velocímetro, conforme o motorista 
se desloca de um local para outro e medida em quilômetros por hora. A velocidade 
vetorial descreve magnitude e direção, enquanto a velocidade escalar descreve apenas 
magnitude. Velocidade vetorial é uma quantidade definida como a mudança de posição 
pelo tempo consumido. Em biomecânica, a velocidade vetorial é mais importante que a 
velocidade escalar. A velocidade vetorial é designada pela letra v minúscula, e o tempo, 
pela letra t minúscula. A unidade de velocidade mais comumente utilizada nos estudos 
biomecânicos é metro por segundo (m/s ou m·s-1); e para transformar um valor numérico 
apresentado em km/h para m/s basta dividir esse valor por 3,6. O contrário é feito, no 
caso, multiplicando-se por 3,6, quando o valor está em m/s e busca-se apresentá-lo em 
km/h. 
 As unidades para velocidade vetorial podem ser determinadas pela aplicação da 
fórmula para velocidade vetorial e divisão das unidades de comprimento por unidades 
de tempo (HALL, 2016; HAMILL et al., 2016).
 No caso específico da aceleração, Hamill et al. (2016) definem esta variável a partir 
do momento em que ocorrem variações na velocidade. Neste sentido, a aceleração se 
torna evidente quando o corpo se move de forma diferente ou partindo do repouso. 
30
2.3 CINEMÁTICA NOS ESPORTES 
 Independentemente da finalidade de um estudo do movimento humano, muitas 
vezes existem aspectos científicos envolvidos.Geralmente, esses estudos abrangem 
questões de anatomia, neurofisiologia e mecânica, sendo que o último terminou o 
que move o estudo em direção a esfera da biomecânica (MCGINNIS, 2015). O estudo 
biomecânico pode se concentrar em analisar as variáveis que causam e modificam o 
movimento; análise cinética ou, simplesmente, se engajar em observação e descrição 
das características biomecânica da destreza, análise cinemática (MCGINNIS, 2015). 
 De fato, uma análise cinemática inclui o tipo de movimento, a direção do movimento 
e a quantidade de movimento o que acontece (MCGINNIS, 2015). A cinemática refere-se 
a uma descrição geométrica do movimento em termos de deslocamento, velocidade 
e aceleração contra o tempo, sem lidar com as fontes de movimento, isto é, forças que 
produzem movimento. 
 Em análises biomecânicas, McGinnis (2015) destaca que podem ser: qualitativas 
ou subjetivas, que descrevem as características do desempenho dos atletas por meio 
da observação da qualidade do movimento humano, bem como, quantitativas ou 
objetivas, e que ambas são extremamente importantes para uma análise mais eficaz do 
movimento, e destaca ainda que uma análise pode complementar a outra, dependendo 
do contexto em que está sendo desenvolvida essa análise. 
 Ackland, Elliott e Bloomfield (2011) citados por Mansour et al. (2018) destacam que, 
em análises qualitativas, quatro tarefas devem ser consideradas, a saber: 
• Preparação – Considerada a primeira tarefa da análise biomecânica qualitativa, em 
que o treinador reúne importantes informações sobre o atleta, o esporte e as suas 
técnicas, conforme descreve McGinnis (2015). 
• Observação – A base é estabelecida na análise visual, sendo considerada muitas 
vezes “subjetiva” e, portanto, mais suscetível a erros por parte do treinador. McGinnis 
(2015) defende a importância do papel do avaliador, que deve dominar as técnicas 
esportivas e seus movimentos, bem como usar imagens de vídeo e a possibilidade de 
replay, quando necessário (Figura 3). 
O livro “Cinesiologia e Biomecânica”, de Noura Reda Mansour et al. (2018), está 
disponível na Minha Biblioteca Única. Link: https://bit.ly/3dOLbju. Acesso em: 02 
abr. 2021. Os autores apresentam de forma básica alguns conceitos da física 
aplicados à cinemática básica, que podem ser direcionados à análise de dife-
rentes objetos, dentre os quais, aqueles relacionados ao movimento humano. 
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31
• Avaliação ou diagnóstico – Composta por dois objetivos, sendo o primeiro, a avaliação 
dos pontos positivos e negativos do desempenho do atleta; e o segundo, conhecido 
como avaliação diagnóstica do desempenho, que permite verificar se o movimento 
está sendo executado de maneira incorreta e, portanto, selecionar a intervenção mais 
adequada (MANSOUR et al., 2018). 
• Intervenção – Mansour et al. (2018) descrevem essa como a responsável em auxiliar o 
atleta a melhorar seu desempenho. E aqui, o feedback do treinador ganha destaque, 
uma vez que envolve funções como a orientação, o reforço, a motivação e o incentivo 
para realizar os movimentos corretos das técnicas esportivas, o que acarretaria em 
melhoria da performance e, ainda, a redução de riscos de lesões, por exemplo. 
 De fato, a análise quantitativa da técnica esportiva trata da medição de variáveis 
Figura 3: Replay de imagens divididas na tela por meio do programa Siliconcoach Sport 
Fonte: Ackland, Elliot e Bloomfield (2011, p. 301) citados por Mansour et al. (2018, p. 131). 
É importante destacar que na avaliação, o treinador 
deve considerar alguns aspectos, por exemplo, em es-
portes muito arriscados, os erros durante a execução dos 
movimentos devem ser minimizados utilizando equipa-
mentos de segurança (como capacete, cintos de segu-
rança, etc.) para evitar lesões. Já o diagnóstico identifica 
as causas do desempenho deficiente por meio da ob-
servação dos pontos fracos e fortes, sendo usado para 
estabelecer metas em uma intervenção (MANSOUR et 
al., 2018, p. 132). 
Durante o processo de correção, o treinador deve fazer a 
progressão completa no ensino da habilidade, que pode 
ser realizada da seguinte forma: (1) Fragmentar a habili-
dade em partes; (2) Traçar exercícios que dupliquem os 
movimentos e as forças existentes em cada habilidade; 
(3) Pedir ao atleta que inicie os movimentos de correção 
de forma lenta e, depois, acelerar até a velocidade do 
desempenho real; (4) Pedir ao atleta que realize a habi-
lidade completa quando sumirem os erros. (MANSOUR 
et al., 2018, p. 132). 
32
biomecânicas associadas à precisão do desempenho, em que se empregam elementos 
da cinemática (tempo, posição, deslocamento, velocidade e aceleração) e ainda, da 
cinética, tais como: força, energia, trabalho e potência. Um fato interessante acerca 
deste tipo de análise é que possui um custo elevado, se comparada à qualitativa, porém 
apresenta um nível de precisão/acurácia bem maior, sendo a preferida pelos treinadores 
para investigar/analisar atletas de elite, por exemplo (KNUDSON; MORRISON, 2001 
citados por MANSOUR et al., 2018). 
 Realizada através de mensurações e padrões comparativos, análises quantitativas 
estão associadas à obtenção de dados mais fidedignos, motivo pelo qual é mais utilizada 
em pesquisas/estudos. E para que a investigação por meio de análise quantitativa ocorra, 
é necessário que seja feita a coleta de dados, que pode ser realizada em laboratórios, ou 
mesmo no ambiente de prática “real”. O fato que, independentemente, do ambiente 
selecionado para essa investigação, o ambiente deve configurar o mais próximo possível 
o local onde o atleta fará as técnicas, para não influenciar no seu desempenho. Neste 
sentido, é importante destacar que existem quatro métodos utilizados em biomecânica 
para abordar o movimento humano durante a realização da técnica esportiva: cinemetria, 
dinamometria, eletromiografia (EMG) e antropometria, conforme descrevem Mansour 
et al. (2018), e que serão discutidos no capítulo 6 deste livro, que trata da Instrumentação 
em Biomecânica. 
 A seguir, serão detalhados alguns movimentos utilizados nos esportes e como 
podem ser melhor compreendidos a partir da análise cinemática, que considera o 
movimento por si mesmo, sem preocupar-se, a priori, com as causas, neste caso, as 
diferentes forças que influenciam ou são as responsáveis por gerarem esses movimentos. 
 Movimentos da corrida 
 A corrida s é uma variação da marcha, trata-se de um movimento cíclico, cujas 
fases de contato e oscilação ocorrem de formas contínua e sucessivas, com suas fases de 
apoio e balanço bem definidas. A velocidade significativamente maior no correr deve 
ser considerada quando comparada à marcha e, ainda, a fase de duplo apoio, que só 
ocorre durante o andar, diferentemente da corrida (GERRITSEN et. al., 1995). Em relação 
à velocidade da corrida, depende de dois fatores, o primeiro diz respeito à amplitude 
da passada e o segundo, a frequência da passada. Em adição, a amplitude da passada 
corresponde à soma de três distâncias: impulsão, voo e chegada ao solo. A frequência da 
passada corresponde ao número de passadas executadas em um determinado tempo. 
Essa frequência está diretamente relacionada ao tempo gasto para completar uma 
passada completa, o qual corresponde à soma do tempo em que o atleta está no solo 
Assista ao vídeo “Biomecânica - Cinemática (saltos e lançamentos) ” dispo-
nibilizado na plataforma Youtube, onde são apresentados diversos aspectos 
relacionados às análises biomecânicas associadas aos saltos e lançamentos 
(esportes). Disponível em: YouTube. 32min16seg. Link para acesso: https://bit.
ly/3ACyWiO. Acesso em: 02 abr. 2021.
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33
com o tempo de voo. 
 Vaughan (1984) descreve o ciclo da passada sendo composto por duas fases 
principais: a de contato e a de balanço. Na primeira fase ou contato, o indivíduo mantém 
ambos os pés em contato com o solo, enquanto a fase de balanço é aquela que representa 
a fase aérea (voo). Ainda de acordo com o autor, é duranteesta fase que ocorre uma 
importante ação do ciclo-alongamento-encurtamento, a contribuição mecânica para 
a propulsão e minimização de energia. E complementando, a fase de contato pode 
ser dividida em três aspectos: o contato, o apoio e o “despregue”, conforme descreve 
Vaughan (1984), e conforme pode ser analisado abaixo: 
 A velocidade da corrida, outra variável que é mensurada em biomecânica, pode 
ser calculada em função de ambas as fases mencionadas (contato e balanço). Neste 
caso, o cálculo é feito em função do produto da amplitude do passo, que equivale ao 
comprimento do passo, e da frequência do passo, relativa ao número de apoios por 
segundo. Esses dados fornecem importante indicativos da velocidade empregada. A 
cadência de corrida, considerada uma forma de quantificar a frequência do passo, utiliza 
o número de passos contabilizados em um minuto, por exemplo. E neste caso, a relação 
amplitude e frequência desempenha um papel muito importante na técnica de corrida 
e deve ser considerada. 
 Visando a técnica da corrida, uma das maneiras de otimizar a corrida seria a 
modificação de um dos parâmetros mencionados (velocidade, amplitude e frequência) 
podendo ser considerada o caminho mais viável para o melhor consumo energético e, 
consequentemente, a performance sendo priorizada. A capacidade em gerar a melhor 
cadência através do ótimo comprimento da passada é uma preocupação da corrida e 
poderá ser conseguida através da introdução de ações motoras específicas a realizar 
nos treinos técnicos de corrida e que vão melhorar a forma de apoio e a recuperação 
após a fase de voo. Fuziki (2012) e Vaughan (1984) destacam a importância da realização 
de exercícios que privilegiem a técnica do movimento da corrida como um todo. 
Neste sentido, merece destaque o objetivo desses exercícios técnicos, que é buscar 
a minimização do custo energético observada a partir de alguns aspectos, dentre os 
quais: a ação de propulsão, a minimização dos deslocamentos verticais, o tipo de apoio, 
as acelerações produzidas no instante do contato, o equilíbrio ótimo entre a frequência 
do passo e a amplitude do passo e os movimentos realizados pelos membros superiores, 
os quais devem ser levados em consideração para uma prática eficaz. 
 A maioria dos estudos biomecânicos sobre corrida é realizada em situações 
O contato é a aterrissagem do calcanhar no solo, geran-
do uma força contrária ao deslocamento a frente e é 
quando existe uma demanda muscular excêntrica para 
amortecer as tendências de flexão de joelho e quadril. 
A fase de apoio é quando todo o pé está em contato 
com o solo, esta é uma fase de transição e absorção de 
energia mecânica. Já a fase de despregue é a fase que a 
musculatura propulsora em membros inferiores é mais 
exigida em sua ação concêntrica e é quando existe a 
transferência de energia elástica somando-se ao esfor-
ço cardiorrespiratório para manter o sistema muscular 
ativo (VAUGHAN, 1984, p. 36). 
34
experimentais controladas, em vez de durante competição, tornando difícil a obtenção 
da associação direta dos parâmetros biomecânicos com o desempenho. Em geral, só 
é possível obter informação cinemática em situações de competição, limitando-se a 
informação disponível, e os padrões de movimento em competição são frequentemente 
influenciados por estratégias ou a presença de outros corredores, tornando difícil isolar 
a importância de fatores biomecânicos para o desempenho. Como resultado, a maior 
parte das informações relacionadas à biomecânica para o desempenho vem de estudos 
de fatores que são relacionados ao desempenho, tais como consumo submáximo 
de oxigênio em corrida de distância, exames de características de níveis diferentes 
de corredores no laboratório, identificação de diferenças significativas em medidas 
biomecânicas entre grupos, ou encontrando fortes correlações entre os tempos de 
desempenho e índices biomecânicos (MCGINNIS, 2015; VAUGHAN, 1984; ZATSIORSKY, 
1998). 
 Movimento do salto
 Nas modalidades atléticas que envolvem o salto, de acordo com Hay (1986) e 
Matthiesen (2017) o objetivo principal dos atletas, sobretudo, no atletismo, é obter o 
máximo de deslocamento do seu centro de massa em uma determinada direção, que 
pode ser: horizontal no salto em distância e triplo; e ainda, vertical, que ocorre no salto 
em altura e salto com vara. E, independentemente, do tipo do salto, o objetivo principal 
é extrair o máximo de vantagens que este deslocamento pode oferecer. 
 Hay (1986) descreve duas valências, a força e a velocidade, como importantes 
para a otimização das modalidades que envolvem saltos. E essas valências físicas são 
necessárias, haja vista, a distância ou altura total atingida será a razão da velocidade 
do atleta, no instante da entrada do salto, e da altura com relação ao solo, que elevou 
seu centro de massa. Em adição, o comportamento do CG do atleta durante a fase do 
salto propriamente dito pode ser descrito como um lançamento oblíquo, em que o 
movimento do corpo quando lançado ao ar pode formar ângulos que variam entre 0º 
e 90º com a horizontal. Matthiesen (2017) e Zatsiorsky (1998) descrevem um importante 
aspecto durante a fase de voo do atleta, em que o CG do atleta move-se com velocidade 
constante, devido à “ausência” de força atuando na direção horizontal. 
Movimento dos arremessos 
 Nos esportes o arremesso é um movimento balístico dos membros superiores, por 
meio do qual seu centro de massa é propelido para fora do centro de massa do corpo. É 
importante destacar que o gesto do arremesso em si envolve um complexo mecanismo de 
coordenação neuromuscular de todo o corpo. Em termos biomecânicos, temos as forças 
(internas e externas), além do torque necessários para esta execução, conforme descreve 
(HAY, 1986). Neste sentido, um arremesso eficiente está intrinsecamente associado aos 
seguintes eixos de rotação do corpo: pés, quadril, coluna vertebral e ombros. 
 Camacho Rojas (2017) destaca que o gesto esportivo do arremesso pode ser dividido 
em cinco fases, conforme será descrito a seguir: (1) posicionamento, (2) preparação, (3) 
armação precoce/tardia, (4) aceleração, (5) desaceleração. O desfecho do movimento 
envolve a ação do ombro, cotovelo, punho e mão, enquanto a preparação acontece com 
a participação dos pés, joelhos e quadris, transmitindo energia através do tronco. 
 Existem diferentes tipos de arremesso, dentre os quais destacam-se: arremesso 
inferior, ocorre abaixo do nível do ombro, o arremesso superior, acima do nível do ombro e 
35
o arremesso lateral que ocorre perpendicular ao ombro. É necessário, para o responsável 
técnico ou profissional da saúde, o conhecimento adequado da biomecânica e influência 
do movimento de arremesso no desempenho dos atletas (HAY, 1986; ZATSIORSKY, 1998). 
 Enfim, compreender como a ciência é aplicada, no caso da análise dos movimentos, 
através de exercícios, melhora a condição humana, a considerar a performance, bem 
como a prevenção de lesões, oferece ferramentas úteis ao treinador, no que tange aos 
aspectos tanto qualitativos, quanto quantitativos e que serão úteis para a elaboração de 
programas de treinamentos mais assertivos, dependendo da necessidade individual de 
cada atleta, por exemplo. 
O chute no futebol requer a participação de diferentes músculos, articulações, os-
sos e ligamentos. Trata-se de um dos objetos de estudo, o chute, mais estudados/
investigados em biomecânica, cujo objetivo é buscar a melhoria da performance 
motora do atleta, haja vista, o futebol é considerado o esporte mais praticado no 
mundo todo. Neste sentido, Schmidt (2013) citado por Machado et al. (2014) evi-
dencia aspectos cinesiológicos e biomecânicos a considerar neste gesto esportivo 
(chute no futebol) em que o corpo deve realizar uma flexão de quadril, sendo que 
os músculos estabilizadores que atuam em limitar o movimento do quadril para 
que o mesmo não execute um movimento além de suas características são: cáp-
sula articular posterior, ligamento isquiofemoral,

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