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FASES DO LUTO
A primeira fase do luto, de acordo com o “Método Kübler-Ross” é a negação. Quando uma pessoa recebe a notícia de que um ente querido morreu, sua primeira reação, na maioria das vezes, é dizer “não”, ou ainda “isso não pode ser verdade”. (KÜBLER-ROSS, 2008; KÜBLER-ROSS E KESLLER, 2005).
A segunda fase é a raiva. Kübler-Ross e Kessler (2005) apontam que a raiva não é um sentimento que possua muita lógica, na medida em que ele pode ser direcionado para qualquer coisa ou pessoa que o sujeito enlutado queira. Por exemplo, a raiva pode ser direcionada para a equipe de saúde que não conseguiu salvar a vida de seu ente querido; pode ser direcionada para si própria por não conseguir fazer nada para reverter a situação; pode ser direcionada para a vida por ser tão injusta e também pode ser direciona para Deus, na medida em que se questiona: “Por que, meu Deus? Por que você fez isso comigo?”.
A terceira fase é a barganha. Aqui o sujeito começa a suplicar a Deus, a fazer promessas e juramentos de que não fará mais as coisas como antes, de que tudo será diferente. Frases como “Por favor, Deus. Se eu tiver apenas mais uma chance...”. A culpa geralmente vem acompanhada da barganha, em que o sujeito acredita que poderia ter feito algo diferente para a situação não ter chego onde está. A barganha é um sentimento que muda de maneira frequente e constante. Em um instante, o sujeito enlutado pode barganhar com Deus no sentido de pedir que seu ente querido não morra, e no outro, algum tempo depois, quando o processo de aceitação se aproxima, ele pode barganhar com Deus pedindo que, já que seu ente querido irá morrer, que seja de maneira indolor, sem causar sofrimento (KÜBLER-ROSS, 2008; KÜBLER-ROSS E KESLLER, 2005).
A quarta fase é a depressão. Kübler-Ross e Kessler (2005) apontam que é muito importante se ter em mente que depressão aqui não deve ser compreendida como um estado patológico, que requeira a intervenção de medicamentos. A depressão, neste momento, deve ser compreendida como uma reação normal e apropriada após a perda de um ente querido. Os autores chamam a atenção, ainda, para a questão da medicalização do luto, do sofrimento que o sujeito está vivenciando neste momento de sua vida; a medicalização só deverá ser prescrita em casos de extrema necessidade e ainda ser combinada com psicoterapia, para um melhor resultado.
A quinta e uma última fase é aceitação. Kübler-Ross e Kessler (2005) e Kübler-Ross (2008) destacam que essa fase é caracterizada como a aceitação por parte do enlutado da realidade. Ele passa a aceitar que seu ente querido não está mais entre ele, fisicamente, e que agora as coisas mudaram. É importante estar atento para a ideia de que aceitação não significa que tudo está bem e resolvido. A aceitação propicia que o sujeito passe a encarar sua nova realidade e a dar significado a ela, na medida em que novas relações podem ser estabelecidas e que se possa aprender a viver sem a pessoa que se foi. “Nós aprendemos a viver sem aquele que se foi. Nós começamos o processo de reintegração, tentando colocar de volta nossos pedaços que haviam sido arrancados” (KÜBLER-ROSS; KESSLER, 2005, p. 25, tradução nossa).
Existem várias intervenções psicológicas que podem ser úteis para pacientes hospitalizados e suas famílias. Aqui estão algumas delas:
POSSIVEIS INTERVENÇÕES
1. **Apoio emocional**: Os pacientes e suas famílias podem estar lidando com uma série de emoções, como medo, ansiedade, tristeza e raiva. Um psicólogo pode oferecer apoio emocional, ouvindo suas preocupações e oferecendo suporte para lidar com suas emoções.
2. **Educação sobre a condição médica**: Muitas vezes, os pacientes e suas famílias podem se sentir confusos ou sobrecarregados com informações médicas. Um psicólogo pode fornecer educação sobre a condição médica do paciente, ajudando-os a entender melhor o que está acontecendo e quais são suas opções de tratamento.
3. **Treinamento em habilidades de enfrentamento**: Lidar com uma doença grave pode ser extremamente estressante. Um psicólogo pode ensinar habilidades de enfrentamento para ajudar os pacientes e suas famílias a lidar com o estresse e a ansiedade, como técnicas de relaxamento, mindfulness e resolução de problemas.
4. **Intervenção em crises**: Em momentos de crise, como complicações médicas ou decisões difíceis sobre o tratamento, um psicólogo pode intervir para oferecer suporte emocional e ajudar as famílias a tomar decisões informadas.
5. **Aconselhamento familiar**: As doenças graves podem afetar não apenas o paciente, mas também seus familiares e cuidadores. O aconselhamento familiar pode ajudar a melhorar a comunicação, resolver conflitos e fortalecer os laços familiares durante esse período difícil.
6. **Suporte para tomada de decisões**: Às vezes, os pacientes e suas famílias são confrontados com decisões difíceis sobre o tratamento médico, como a escolha entre opções de tratamento ou decisões de fim de vida. Um psicólogo pode ajudar a facilitar essas discussões e fornecer suporte durante o processo de tomada de decisões.
7. **Encaminhamento para recursos de apoio**: Um psicólogo pode ajudar os pacientes e suas famílias a se conectar com outros recursos de apoio, como grupos de apoio, organizações de pacientes e serviços de assistência social.
Essas são apenas algumas das intervenções psicológicas que podem ser úteis para pacientes hospitalizados e suas famílias. É importante adaptar as intervenções às necessidades específicas de cada paciente e família, levando em consideração sua cultura, valores e contexto individual.
A bioética na psicologia hospitalar é uma área importante que aborda questões éticas relacionadas ao tratamento psicológico de pacientes hospitalizados e suas famílias. Aqui estão algumas considerações importantes:
BIOÉTICA
1. **Autonomia do paciente**: Respeitar a autonomia do paciente é fundamental. Isso significa garantir que os pacientes tenham o direito de fazer escolhas informadas sobre seu tratamento psicológico, incluindo consentimento para intervenções, confidencialidade e participação nas decisões relacionadas ao seu cuidado.
2. **Beneficência e não maleficência**: Os psicólogos hospitalares devem buscar o benefício do paciente e evitar causar danos. Isso envolve a prestação de cuidados psicológicos eficazes e seguros, bem como a consideração dos possíveis impactos negativos de suas intervenções.
3. **Justiça**: Os recursos psicológicos devem ser distribuídos de maneira justa e equitativa entre os pacientes hospitalizados. Isso pode incluir a avaliação das necessidades psicológicas dos pacientes e o fornecimento de serviços de acordo com essas necessidades, independentemente de fatores como status socioeconômico, raça ou etnia.
4. **Confidencialidade**: Os psicólogos hospitalares devem respeitar a confidencialidade dos pacientes, protegendo suas informações pessoais e médicas. No entanto, também é importante reconhecer que existem circunstâncias em que pode ser necessário compartilhar informações com outros membros da equipe de saúde, desde que seja feito com o consentimento do paciente ou conforme permitido por lei.
5. **Integridade profissional**: Os psicólogos hospitalares devem aderir a padrões éticos elevados em sua prática profissional, incluindo honestidade, transparência e respeito pelos direitos e dignidade dos pacientes.
6. **Cultura e diversidade**: É importante reconhecer e respeitar a diversidade cultural dos pacientes e suas famílias. Isso envolve adaptar as intervenções psicológicas para serem culturalmente sensíveis e buscar compreender as crenças, valores e práticas dos pacientes em relação à saúde e ao tratamento.
7. **Fim de vida**: Questões éticas também surgem em situações de cuidados paliativos e fim de vida. Os psicólogos hospitalares podem ajudar os pacientes e suas famílias a explorar questões relacionadas aos cuidados no final da vida, apoiar processos de tomada de decisão e fornecer apoio emocional durante esse período difícil.
Em suma, a bioética na psicologia hospitalar envolve a aplicação de princípioséticos fundamentais à prática psicológica em contextos hospitalares, garantindo que os pacientes recebam cuidados psicológicos de alta qualidade, respeitando seus direitos e dignidade.

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