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Hemograma

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IntroduçãoHemograma
· É uma avaliação qualitativa (pois analisa a morfologia das células sanguíneas) e quantitativas (avalia os valores de acordo com as referências existentes na literatura).
· Possui alta sensibilidade e baixa especificidade (não fecha diagnóstico, mas mesmo que o animal esteja com uma anemia sem sinal clínico, o exame detecta).
· É um exame de triagem (une com o hemograma outros exames para diagnóstico)
Erros pré-analíticos
A importância de não cometer erros é evitar a formação de hemólise que altera bastante a análise do sangue.
· Evitar estresse do animal 
· O tubo ideal para hemograma é o tubo de tampa roxa (EDTA) e a seringa de 3mL para pequenos animais pois caso utilize uma de grande mL a veia do paciente pode colabar e gerar alterações na amostra. 
· O local de coleta ideal é a veia jugular que diminui as chances de alterações.
· O ideal para analisar a amostra sanguínea seria de 2 horas, ou até 24 horas no gelo/geladeira e chacoalhar o mínimo possível.
Hemograma
É composto por:
· Eritrograma (avaliação das células vermelhas).
· Plaquetograma (avaliação das plaquetas).
· Leucograma (avaliação de leucócitos/ células de defesa do animal).
· Alguns laboratórios incluem no hemograma a proteína plasmática total e a pesquisa de hematozoários, outros são fora a parte.
Eritrograma
Quantifica:
· Hemácias
· Hemoglobina
· Hematócrito
· VCM (tamanho médio das hemácias)
· CHCM (concentração de hemoglobina/ quanto de hemoglobina tem na amostra)
· RDW (quantifica a anisocitose - hemácias de tamanhos diferentes).
Todas as células sanguíneas são formadas na medula óssea, existe a célula pluripotente que a partir dela as células sanguíneas são diferenciadas de acordo com a necessidade do organismo (ex. está precisando mais de hemácias ou basófilos?) em células mielóides que originam as células vermelhas e em células linfoides que originam as células de defesa. 
Durante a maturação das hemácias ocorre uma diminuição do seu tamanho e do seu núcleo, até perde-lo. O processo inteiro de maturação dura entre 2 a 4 dias.
Alterações observadas:
· Anemias (células abaixo do valor de referência)
Quando o exame indicar anemias, primeiro deve-se identificar a intensidade da anemia (discreta, moderada ou intensa?) A fim de tomar decisões rápidas se o animal vai precisar de transfusão ou não. Os sinais de uma anemia moderada a intensa é palidez de mucosa, letargia, dispneia, colapsos e desmaios devido a diminuição no transporte de oxigênio para os tecidos.
· Policitemia (valores acima do valor de referência)
Classificação das anemias 
· Pela morfologia e coloração das hemácias através do 
· VCM: podem ser microcíticas (normal em raças orientais), normocítica e macrocítica (hemácias grandes = hemácias jovens = regeneração)
· CHCM podem ser hipocrômica, normocrômica e hipercrômica (não existe, apenas quando há erros)
· RDW.
· Pela resposta medular, classificando-a em regenerativa e arregenerativa.
· A partir dessas classificações chegaremos nas possíveis causas se é por perda ou consumo, por hemólise ou por diminuição da produção.
Possíveis alterações e causas
· Normocítica normocrômica: anemia arregenerativa, medula óssea não está respondendo com células jovens que são maiores (macrocíticas)
· Normocítica hipocrômica: Deficiência de ferro (cada vez menos vista, animais que não comem ração, come restos de comida - subnutridos), também pode ser uma anemia regenerativa em uma fase inicial
· Microcítica e normocrômica: deficiência de ferro e raças orientais
· Microcítica e hipocrômica: grande possibilidade de ser deficiência de ferro.
· Macrocítica e normocrômica: Deficiencia de B12 e folato e alguns poodles podem ter essas alterações. 
· Macrocítica e hipocrômica: Típico de anemia regenerativa (célula grande, com núcleo grande e pouco espaço para a hemoglobina). 
Sinais de regeneração
Quando as hemácias estão insuficientes para abastecer o organismo ele entra em hipóxia (diminuição das taxas de oxigenação), isso gera um sinal que é captado pelos rins que libera a eritropoietina que chega na medula a fim de sinalizar que precisa de uma produção maior de hemácias. Sendo assim, observa-se na lâmina anisocitose, policromasia (diferença de coloração – hemácias jovens são mais claras), presença de metarrubrícitos (hemácias nucleadas) e os corpúsculos de Howell-Jolly (resquício de complexo de golgi que fica na hemácia).
Hemólise oxidativa pode ser causada pelo consumo de cebolas.
Reticulócitos
São hemácias jovens que ainda possuem o RNA, com isso, existe um exame chamado contagem de reticulócitos que cora os resquícios de RNA que essa célula possui. Deve-se solicitar quando o animal possui anemia e o clínico quer saber se é arregenerativa ou regenerativa.
Anemia da doença inflamatória 
É uma anemia arregenerativa, sendo considerada uma das principais causas de anemia. 
Quando o animal está passando por qualquer processo inflamatório (gastroenterite, hemoparasitose, leishmaniose, estresse, entre outros), as células inflamatórias liberam citocinas que provocam sequestro de ferro, lesões oxidativas e ativação do sistema monocítico fagocítico (fagocitose de hemácias).
Poiquilocitose
Alterações morfológicas nas hemácias. As principais são:
· Acantócitos (parece um sol): Doenças hepáticas, CID, hemanglo sarcome.
· Esferócitos (hemácias menores, arredondadas e escuras, nesse caso o fagócito tentou fagocitar, mas não conseguiu): Anemia hemolítica imunomediada, picada de cobra ou abelha, intoxicação por zinco e transfusão sanguínea (rejeição).
· Heiz e excentrócitos (visualizados quando há lesões oxidativas na membrana): Alho, cebola, cobre, naftalina, acetaminofeno, vitamina k, intoxicado por proporfol.
· Rouleaux (hemácias empilhadas): aumento de proteína plasmática (globulina, albumina e fibrinogênio), acontece geralmente em processos inflamatórios
Policitemia 
Aumento das hemácias, hemoglobina e hematócrito. Causas:
· Desidratação: Causa mais comum, pode confirmar de acordo com o valor de proteína plasmática total (aumenta também).
· Contração esplênica: Devido a estresse, é transitória, depois volta ao normal.
· Policetima vera: mais raro, ocorre aumento das células percursoras na medula, então é interessante pedir um mielograma.
· Hipóxia, aumento na produção de EPO: Hemogasometria (cardiopata), devido à insuficiente oxigenação e perfusão sanguínea, o corpo entra e hipóxia e manda sinais para os rins secretar EPO e este para a medula produzir novas células.
Leucograma
· Leucocitose: Aumento das células de defesa acima dos valores de referência. A leucocitose não indica apenas processos inflamatórios, pode indicar também estresse, parto, exercícios intensos, por isso, sempre é bom acompanhar os sinais clínicos do paciente.
· Leucopenia: Diminuição das células de defesa abaixo dos valores de referência.
As células presentes no leucograma:
· Neutrófilos: Fagocitose de pequenas partículas (1ª linha de defesa), fagocitam apenas bactérias. Em gatos, a maioria dos neutrófilos estão na parte marginal do vaso, enquanto que nos cães é 50% na parte marginal e 50% na parte circulante. E, em situações de estresse os neutrófilos da parte marginal migram para a parte circulante, o que pode gerar alterações na amostra, principalmente em gatos.
· Neutrofilia: Estresse, processos inflamatórios, processos infecciosos, toda e qualquer injúria (parasitismo, neoplasias, intoxicação, traumas, respostas imunomediadas). 
· Neutropenia: Diminuição da produção (infeccioso ou não), casos de erliquia vai para a medula e causa essa diminuição, deve-se preocupar pois provavelmente a doença já virou crônica e chegou a tingir a medula. Intensa migração para os tecidos (piometra – organismo mobilizou os neutrófilos da corrente sanguínea para o útero da cadela). Processos inflamatórios hiperagudos.
· Linfócitos: Produção de anticorpos (B) e resposta celular (T), não dá para diferenciar no exame.
· Linfocitose que indica processo inflamatório tem bastonete (desvio à esquerda = células jovens) que pode ser regenerativo (para ser classificadoassim, precisa ter leucocitose, neutrofilia e escalonamento (a forma madura deve estar em maior quantidade que a forma imatura) ou degenerativo (forma imatura maior que a forma madura). Pode acontecer devido vacinação (comum em filhotes), estimulação antigênica (comum em filhotes), doenças imunomediadas (demandam produção de muitos linfócitos), doença viral, estresse, filhotes e leucemias (característico). 
· Linfopenia: Doença viral, drogas, radiação, hiperadrenocorticismo, IRC, ruptura de vasos linfáticos causando extravasamento de linfócitos.
· Monócitos: Fagocitose de partículas maiores, não só bactérias, mas também protozoários, fungos e restos inflamatórios. Nesse caso, pode-se pensar em infecções que estão se tornando crônicas, que os neutrófilos foram e não conseguiram resolver ou estão limpando os resquícios inflamatórios quando já terminou o processo inflamatório.
· Monocitose: Processos inflamatórios crônicos, anemia hemolítica, necrose, doenças granulomatosas e corticoterapia (principalmente)
· Monocitose: Fisiológico.
· Eosinófilos: Reage a injúrias de pele e mucosas pois estão ligados a imunoglobulina IgE.
· Eosinofilia: parasitismo (endo e ecto), reações de hipersensibilidade, processos inflamatórios em pele e mucosas, granulomas eosinofílicos em felinos.
· Eosinopenia: Fisiológica, inflamação aguda, corticoterapia, hiperadrenocorticismo e estresse
· Basófilos: Reações de hipersensibilidade e parasitismo, mas geralmente está junto com o eosinófilo aumentado.
· Basofilia: Hipersensibilidade, parasitismo e associado a eosinopenia
· Basopenia: Fisiológico
Possíveis achados
· Leucograma mediado pelo cortisol em DRC, hiperadrenocorticismo, corticoides, estresse crônico: Leuocitose, neutrofilia, monocitose, desvio à direita (hipersegmentados - mais maduros) e linfopenia
· Leucograma de estresse (mediado por catecolaminas), quando o paciente está estressado no momento da coleta, ocorre, então, contração esplênica: Policitemia, trombocitocitose, leucocitose, neutrofilia, linfocitose. 
Alterações morfológicas em leucócitos 
· Corpúsculo de Dohle, basofilia citoplasmática e neutrófilos em alvo: Alterações tóxicas em neutrófilos decorrentes de falhas na granulopoiese que fazem com que os granulócitos sejam produzidos de forma acelerada (ex. infecções bacterianas e sepse).
· Monócitos reativos: Ocorre em situações que sua função de fagocitose é requisitada (com vacúolo).
· Linfócitos reativos: Produzindo anticorpos (citoplasma maior e mais escuro)
OBS: Corpúsculo de Lentz é patognomônico de cinomose (caso achado na lâmina do sangue do paciente, muito provável ele estar com cinomose).
Hemostasia 
Após ocorrer injúria na pele, o colágeno fica exposto e libera o fator de von Willebrand que recruta as plaquetas para se aderir à membrana basal no local da injúria, com isso, essas plaquetas liberam grânulos que recrutam novas plaquetas até a formação do tampão plaquetário e o sangramento é sanado.
Plaquetograma
· Trombocitopenia: Mais importante, causa epistaxe, petéquias, sangramentos espontâneos, hematúria e hematoquezia em casos de menos de 20.000 plaquetas, mas não é parâmetro. Pode acontecer devido falhas na produção, destruição ou consumo (geralmente vê-se macroplaquetas na lâmina – medula querendo compensar a falta de plaquetas), sequestro (difícil) e falsa trombocitopenia (estresse gera agregação plaquetária e máquinas).
· Trombocitose: Pode ser reativa (hemorragia ou inflamação crônica – aumenta devido necessidade), transitória (contração esplênica, fármacos (corticoides, epinefrina), esplenectomizados – sem baço, produção aumentada (fármacos vincristina, doenças mieloproliferativas) e neoplasias (CCE, mastocitoma).
Máquina faz hemograma?
A máquina é muito útil, porém não faz hemograma já que para ser um hemograma completo é necessário analisar a lâmina, o que a máquina não faz.
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