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AJUDA DE DESENVOLVIMENTO POUTICO 
PELAS ORGANIZAÇõES 
DAS NAÇõES UNIDAS ~ 
WALTER H. C. LEAVES ** 
1. Introdução 2. Fortalecimento da Estrutura do Go­
vêrno, Organização e Administração 3. Crescimento 
de Oportunidades para Iniciativa Cívica e Participação 
Responsável no Processo Político 4. Alguns Proble­
mas para Aumentar a Eficiência do Auxílio das Nações 
Unidas ao Desenvolvimento Político 5. Conclusão 
Êste trabalho é apresentado como pesquisa preliminar do 
que a Organização das Nações Unidas pode ajudar aos países 
em recente desenvolvimento, a fim de conseguirem uma está­
vel infra-estrutura de política democrática. Apesar dos subsí­
dios terem sido colhidos de discussões, debates e conferências 
na sede da Organização e em determinados países em recente 
desenvolvimento da Ásia, Oriente Médio e África, o trabalho 
é colocado genericamente, não tentando prescrições aplicáveis 
a países em particular. 
* Tradução de Cássio Vieira Romeiro. 
** Do Departamento de Estado. Da Universidade de Indiana, 
Bloomington, Indiana, E. U . A. 
R. Ci. pol., Rio de Janeiro, 4(3) :83-106, jul./set. 1970 
1. Introdução 
Um dos sinais mais favoráveis de se prestar ajuda ao 
desenvolvimento de âmbito internacional é a crescente aten­
ção que se tem dispensado às impróprias infra-estruturas po­
líticas de países em recente desenvolvimento. Muito se tem 
falado nas últimas duas décadas quanto ao aumento da dis­
tância econômica entre os chamados países desenvolvidos e os 
subdesenvolvidos. Também são com freqüência lembradas as 
enormes e graves distâncias entre a quantidade de ajuda ne­
cessária e a quantidade que efetivamente se tem dispensado. 
N o entanto, relativamente quase nada se tem dito, pelo menos 
até há bem pouco, quanto à fossa existente entre a capacidade 
dos sistemas políticos de países' em recente desenvolvimento e 
as exigências inerentes aos seus próprios desenvolvimentos. 
Uma relativa prioridade baixa se tem dispensado aos pedidos 
de ajuda, às ajudas concedidas para expressar o fortalecimen­
to do govêrno e administração, e à participação de grande par­
te da população nos esforços nacionais para o desenvolvimen­
to. A agenda dêste Congresso Mundial de Associação Interna­
cional de Ciência Política é uma indicação do crescente reco­
nhecimento da necessidade de um nôvo impulso da assistência 
proporcionada pela Organização das Nações Unidas. Outras 
indicações encontram-se em recomendações da Secretaria Ge­
ral das Nações Unidas e das Direções Gerais de agências es­
pecializadas. 
A distância entre a capacidade dos sistemas políticos e a 
necessidade dos empreendimentos para evolução e progresso, 
pode ser observada em quase todos os países em recente de­
senvolvimento. Em alguns, já tem acontecido colapso político 
acompanhado de violência. Na maioria dos casos, notam-se 
pontos comuns: representação legislativa inexistente ou muito 
fraca; uma quantidade limitada de pessoal competente é des­
perdiçada na indolente burocracia. As lideranças políticas e 
administrativas se sucedem muito ràpidamente; o processo de 
decisão é congestionado por excesso de centralização; eficiên­
cia dos serviços públicos parece não considerar valôres admi­
nistrativos; a implementação da política nacional fora das ca-
84 R.C.P. 3170 
pitais carece de estrutura, organização e pessoal, eas insti­
tuições do govêrno local são subdesenvolvidas; esforços cons­
cientes para motivar o povo no processo de elevação do país 
são muito limitados a conselhos e tentativas de regulamenta­
ção; a omissão em atividades cívicas e em produção econômica 
é corrente. Tôdas estas condições são exacerbadas pelo alto 
índice de analfabetismo, escolas inadequadas, professôres mal 
treinados e universidades precàriamente desenvolvidas. 
Essas fragilidades nas infra-estruturas políticas consti­
tuem, provàvelmente, o mais crítico fator de inibição no de­
senvolvimento econômico e social. São obstáculos permanentes 
à aplicação de uma assistência externa de qualquer espécie. 
Ameaçam a perspectiva para se alcançar a viabilidade de ins­
tituições democráticas. Concorrem para uma perspectiva in­
certa da paz mundial. 
Várias razões concorrem para que países subdesenvolvi­
dos declinem de assistência no sentido de fortalecer sua infra­
estrutura política. 
Uma das razões básicas é que, provàvelmente, as tradi­
cionais teorias de desenvolvimento, ressaltando fatôres eco­
nômicos, conquistaram o pensamento dos planejadores nacio­
nais e da elite governamental. Seus próprios estudos acadê­
micos tem tido essa orientação e têm sido apoiados pelo pen­
samento da maioria das agências de assessoramento. Outra 
razão é a hipersensibilidade das nações em recente desenvol­
vimento no que se refere a sua capacidade de govêrno. Não é 
capacidade de govêrno implícita na indpendência e soberània? 
É, obviamente, muito mais fácil para um govêrno pedir assis­
tência técnica em áreas de saúde, educação, aviação civil, ou 
telecomunicações - áreas que requerem conhecimentos téc­
nicos dos quais países subdesenvolvidos possam ser considera­
dos privados - do que em relação à po!ítica e govêrno, pois 
dependem de conhecimentos, técnica e atitudes, as quais se 
supõe que qualquer nação independente, quase por definição, 
possua. 
A história do desenvolvimento político de nações civiliza­
das é, muitas vêzes em nações em recente desenvolvimento, 
ONU e Desenvolvimento Político 85 
como um precedente usado como justificativa para dispensa­
rem assistência política externa. 
A infra-estrutura política dos chamados países desenvol­
vidos, note-se, é o resultado acumulado de seus próprios es­
forços conscientes e uma boa parte de circunstâncias his­
tórica. 
Cada política é sui geneTis e única. Portanto, os países 
em recente desenvolvimento devem seguir seus próprios des­
tinos por seus próprios passos. Isso ressalta o fato de que 
nações desenvolvidas assimilaram a experiência de outras 
tantas e, o mais importante, raramente tentaram desenvolver 
suas infra-estruturas políticas tão ràpidamente quanto o ne­
cessário para os atuais países subdesenvolvidos, se seus obje­
tivos de progresso são para ser alcançados na razão que dese­
jam. Ali reside a fragilidade nessa suposta analogia histórica. 
Também, ali repousa a razão por que a assistência externa na 
área política é necessária e pode ser adequadamente requisi­
tada. 
Também pode ser que nações em recente desenvolvimen­
to tenham dúvidas sôbre se a competência para proporcionar 
tal assistência política é de certa forma disponível a fim de 
garantir o pedido. Esta é uma pergunta válida, não somente 
quanto à natureza altamente complexa do processo de desen­
yolvimento político, mas também quanto à patente fraqueza 
na infra-estrutura de muitas das mais desenvolvidas nações, 
de onde peritos e assessôres são recrutados. Nem um dêsses 
países tem sido capaz, mesmo para sua própria satisfação, de 
lutar contra a adversidade dos problemas administrativos e de 
organização e conseguir um adequado sistema funcional para 
envolver e motivar os cidadãos. No entanto, uma eficiente 
assistência externa de desenvolvimento político, pode não pa­
recer tão difícil, quando se entende que a tarefa não é de en­
genharia ou de infundir uma completa infra-estrutura polí­
tica. Antes pelo contrário, é o fornecimento de uma larga faixa 
de assistência que, cumulativamente, ajudará a prover os ele­
mentos com os quais uma nação pode moldar sua preferida 
infra-estrutura. Identificaremos espécies de tais assistências 
no próximo capítulo. 
86 R.C.P. 3/70 
Entrementes, há razões espeCIaIS para que a ONU se in­
teresse no fortalecimento das infra-estruturas políticas e im­
plemente mais vigorosamente programas conscientemente de­
signados para êste propósito. 
Uma das razões, é que êsse interêsse faz parte das atri­
buições da ONU, como quase tôdasas outras espécies de assis­
tência que se propõe a fornecer. Poucos objetivos de progra­
mas técnicos podem ser obtidos sem um desenvolvimento para­
leloda infra-estrutura política. 
A ONU, como administradora dos fundos de auxílios pro­
cedentes de contribuições voluntárias, tem especial responsa­
bilidade, para com os doadores, de verificar se a assistência 
prestada é eficiente e produtivamente utilizada. 
Outra razão das Nações Unidas em se interessar pelo de­
senvolvimento político, é a necessidade de as nações se torna­
rem progressivamente capazes de satisfazer suas responsabili­
dades como membros das Nações Unidas. (Isto aplica-se, natu­
ralmente, a todos os estados-membros e não meramente àque­
les em estágio de recente desenvolvimento). Essas atribuições 
requerem conhecimentos que dependem, de um lado, de uma 
administração e de uma organização governamental apropria­
{ias, e de outro lado, do entendimento dos cidadãos e presença 
produtiva na formação da decisão nacional. 
Algumas dessas atribuições procedem de normas encon­
tradas na carta das Nações Unidas, na constituição de agên­
cias especializadas e em diversas declarações, convenções e 
resoluções adotadas pelas Nações Unidas. Essas normas re­
eaem sôbre a relação entre govêrno e povo. 
O objetivo de assistência das Nações Unidas para desen­
volvimento político deve ser a receptividade dos países de sis­
temas políticos que permitam a solicitação e a conduta de seus 
negócios (em têrmos de definir alvos, decidir política e pro­
cedimento para atingir os alvos) tendo em vista a satisfação 
de suas obrigações como membros da Organização das Nações 
·Unidas. 
Mais claramente, deve ser o encontro de democracias viá­
veis, Le., de infra-estruturas político-democráticas dentro das 
'Condições de cada nação-estado . 
.oNU e Desenvolvimento Político 87 
o necessário compromisso democrático na assistência tem 
dois fundamentos: primeiro, a maioria das nações em recente 
desenvolvimento, incluindo-se as recentemente independentes 
e as que foram sempre soberanas, têm optado por sistemas 
democráticos. Muitas delas tem tido experiências democráti­
cas. Na verdade, nem sempre elas tem sabido definir a espé­
cie de democracia que querem aplicar, nem indicado em quan­
to tempo os satisfatórios sistemas democráticos serão obtidos. 
Em segundo lugar, a própria ONU é baseada em uma ideologia 
democrática que é exposta na Carta, em constituições de agên­
cias especializadas, procedimentos, e obrigações de seus esta­
dos-membros. Tem sido claramente refletida, nas principais 
convenções, declarações e resoluções, em uma linguagem que 
descreve os programas de assistência técnica e de rotina. Essa 
ideologia predomina nos debates na Assembléia Geral, nas 
conferências gerais e nas estruturas executivas ou adminis­
trativas de organizações individuais. 
Dado o compromisso democrático, a curto ou longo prazo, 
da maioria dos novos estados em desenvolvimento, pode ser 
entendido que êles aspiram ao objetivo de certas caracterís­
ticas geralmente associados com democracias viáveis: 
a) que a autoridade do govêrno nacional é aceita por tôda a 
nação, que haja um alto grau de orientação na política oficial 
e que um alto grau de integração nacional tenha sido con­
seguido. 
b) que a autoridade de govêrno, em seus diversos níveis, é 
capaz de executar suas funções, em crescente eficiência e afir­
mação, incluindo a manutenção da ordem pública e o atendi­
mento dos serviços essenciais; 
c) que a autoridade do govêrno é exercida com receptividade 
a mudanças sociais e responsabilidade aos que são governados; 
d) que exista crescente participação do povo na formação 
das decisões nacionais e na transferência de autoridade a su­
cessivos funcionários, por processos democráticos. 
e) que existam oportunidades para iniciativa individual que 
crescem dentro de uma pluralística estrutura social. 
f) que a nação é capaz de gerar responsabilidade com outras 
nações e de forma compatível com suas obrigações conforme 
88 R.C.P. 3/70 
Carta das Nações Unidas e constituições de agência especia­
lizada. 
Pareceria que as organizações das Nações Unidas são as 
que de melhor maneira podem contribuir para a consecução 
daquelas características em nações em recente desenvolvimen­
to, oferecendo espécies de assistência que auxiliarão em dois 
importantes sentidos: 1. fortalecendo estruturas do govêrno, 
organização e administração; e 2. desenvolvendo oportunida­
des para iniciativas civis e discernimento para uma partici­
pação responsável no processo político. Todavia, a ONU não 
devia simplesmente ter essa assistência disponível. Devia. 
ativa e persistentemente, promover sua demanda. Em algumas 
situações devia conceder outros tipos de assistência, como, 
por exemplo, em educação, saúde, agricultura, telecomunica­
ções, etc., dependendo da anuência na assistência para forta­
lecer os elementos necessários de uma infra-estrutura política, 
tais como serviços de administração pública, através dos quais 
outras assistências podiam, efetivamente, ser utilizadas. 
Antes de prosseguir nas formas de assistência que podem 
ser dispensadas aos objetivos estrangeiros, três comentários se 
fazem necessários: 
a) No contexto dêste estudo, devemos ter presente que quase 
tôdas as formas de assistência que elevam o nível total da 
competência humana, proporcionarão auxílio em dois aspec­
tos previamente notadC'd. Por exemplo, assistência educacio­
nal de quase tôda espécie no sentido de desenvolver conheci­
mentos, habilidades, atitudes e instituições não pode deixar 
de ter algum impacto nas idoneidades governamentais e do 
cidadão. Nosso interêsse imediato, no entanto, é na assistên­
cia que pode, particularmente, contribuir naqueles dois aspec­
tos, como será indicado abaixo. 
b) Identificação de uma parte da ONU pela qual uma dada 
espécie de assistência pode ser dispensada, é de menos impor­
tância do que se o auxílio pode ou deve vir de alguma fonte 
das Nações Unidas. Nem estamos preocupados se a assistência 
vem sob o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, 
ou sob os assim chamados programas regulares. Estas distin-
ONU e Desenvolvimento Político 89 
• 
ções são administrativamente muito importantes; todavia, não 
no contexto dêste trabalho. 
c) Finalmente, onde estamos, não é idéia apresentar catálo­
go completo de tôdas as relevantes espécies de assistência ago­
ra dispensada ou explorar outras espécies que possam ser 
prestadas. Não tentaremos identificar uma nação em par­
ticular para a qual determinada assistência deve ser prestada. 
N o momento, excluímos as situações essencialmente únicas. 
ilustradas pelo Congo e Líbia, nas quais um papel de política 
direta foi designado pelas Nações Unidas. Também excluímos 
a importantíssima assistência prestada na Carta na forma de 
operações para preservação da paz que podiam, por induzirem 
proteção, harmonizar os países em fase de desenvolvimento 
com maiores oportunidades para um desenvolvimento político 
ininterrupto e aliviá-los de altos orçamentos militares. 
Então, que espécie de assistência podem as Nações Uni­
das prestar no sentido de melhorar os dois objetivos indicados? 
2. Fortalecimento da Estrutura do Govêrno, Organização e 
Administração 
Quase tôda sorte de assistência, incluindo-se a mais téc­
nica em campos como a educação, saúde, telecomunicações ou 
aviação civil, têm algum efeito no status do govêrno existente. 
O acolhimento de assistência externa, de qualquer espécie, 
afeta a imagem pública do govêrno e o grau de apoio, o qual 
êle pode comandar. Certamente, empregos criados como re­
sultado de uma assistência econômica, ou melhoramentos na 
área da saúde e bem-estar em geral, ou ainda aumento de opor­
tunidade no setor de educação ou profissional resultante de 
assistência técnica, aumentam a participação de indivíduos no 
status quo político. Tais produtos políticos, derivados de tôda 
assistência das Nações Unidas, e igualmente de outras assis­
tências externas, são reconhecidas por todos os governos. 
Como resultado, os governos têm um motivo especial para 
projetar comparas, que nem sempre possam ser mencionadas 
emum planej amento cuidadoso de desenvolvimento. 
90 R.C.P. 3/70 
Nossa incumbência, entretanto, é com a assistência que 
faz mais do que simplesmente reforçar qualquer govêrno exis­
tente. É mais precisamente com a assistência que traduz uma 
contribuição mais especial aos elementos sob os quais eficiên­
cia, competência, responsabilidade, etc., lhes são confiadas. 
A natureza da fragilidade em organização e administra­
ção governamental e as qualidades de assistências necessárias 
são prontamente identificadas. Há tempos elas têm sido re­
fletidas na assistência oferecida por diversas dependências 
das Nações Unidas e freqüentemente mencionadas em rela­
tórios da Secretaria-Geral, dos diretores-gerais e em relató­
rios de grupos especializados de assessoramento, como tam­
bém em alguns pronunciamentos governamentais em con­
ferências internacionais. Como já foi dito, não é nossa inten­
ção, aqui, avaliar o impacto de assistência dada a países em 
particular. Será suficiente para efeito dêste trabalho destacar 
algumas das principais formas que essa assistência pode tomar. 
a) Previsão de pessoal especializado para conduzir funções 
administrativas de responsabilidade dentro do esquema gover­
namental. Esta é a tarefa de rotina da assistência OPEX. 
b) Previsão de pessoal especializado em assessoramento para 
atribuições a curto prazo focalizando os meios e os métodos de 
melhorar a organização ou a administração governamental, in­
cluindo o desenvolvimento de um viável govêrno local. Auxílio 
dessa espécie é prestado pelo ramo de administração pública 
nas Nações Unidas e por agências especializadas. As últimas 
tendem a se pôr em evidência na organização, bem como as 
funções dos serviços com os quais trabalham mais diretamente: 
ILD - Trabalho; UNESCO - Educação; FAO - Agricul­
tura; WHO - Saúde Pública; UN - Bem-Estar Social, De­
senvolvimento da Comunidade, etc. As comissões regionais tam­
bém têm estado ativas. Em algumas situações, o perito-asses­
sor presta assistência em política e programas de planej amento 
relacionados com assuntos ministeriais como as agências cen­
trais de planejamento (onde existem). O IBRD tem dedicado 
especial atenção, dispondo de peritos em planejamento nos 
altos e médios níveis governamentais. 
ONU e Desenvolvimento Político 91 
c) Assistência na produção, programação e equipe de assis­
tentes de escolas ou agências de treino tem sido proporcionada 
por diversos setores das organizações, algumas instituições de­
senvolvidas para países em particular, algumas em bases re­
gionais e algumas internacionalmente em sedes de agências 
- a última notàvelmente pela IBRD, UNESCO e ILO. 
d) Bôlsas de estudo para treino nos centros acima mencio­
nados, ou para estudos no exterior, têm sido disponíveis com 
vistas a melhorar a qualidade dos administradores governa­
mentais. 
€' ) Seminários, conferências, viagens ao exterior em grupos 
de estudo, relatórios publicados, e trabalhos de especialistas 
têm-se ocupado com uma larga variedade de problemas admi­
nistrativos e de organização em diversos níveis governamentais. 
f) Em complemento à assistência focalizada para pessoal de 
govêrno e instituições, está a assistência para reforçar o en­
sino de administração pública nas universidades. 
Dois métodos de assistência merecem menção em sepa­
rado. Um é a promoção de desenvolvimento profissional, pes­
Quisas e treinamento sob os auspícios de organizações não-go­
vernamentais, tais como a Associação Internacional de Ciên­
cia Política, o Instituto Internacional de Ciências Administra­
tivas e a Organização Regional Eastern para Administração 
Pública. O outro é o impacto potencial sôbre organizações e 
administrações governamentais resultante de uma efetiva e 
eficiente administração da ONU em suas relações com os países 
em recente desenvolvimento (certamente falta de coordenação 
e administração precária das agências auxiliares podem fàcil­
mente agravar insuficiências existentes de governos de países 
em recente desenvolvimento). Um mais direto e limitado im­
pacto para melhoramentos em organização e administração 
pode ser proporcionados por empreendimentos das Nações 
Unidas, tais como MEKONG VALLEY, UNRWA, etc. 
Finalmente, é necessário notar que relativa assistência tem 
sido dispensada por qualquer organização das Nações Unidas 
com relação à organização e operações dos corpos-legislativos 
- obviamente uma área de muito maior sensibilidade de que 
os campos em geral de administração pública. 
92 R.C.P. 3/70 
Em um esfôrço mais eficaz das Nações Unidas para aju. 
dar no fortalecimento da administração e organização gover­
namental, as seguintes condições parecem essenciais: 
2) A ajuda, de qualquer forma, necessita ser propositada­
mente relacionada com o programa de desenvolvimento total 
do país, de forma a que os melhoramentos governamentais pOB­
sam ser conseguidos nos pontos críticos do processo de de­
senvolvimento. É essencial que haj a um programa de esfôrço 
nacional no qual a ajuda possa ser encaixada caso seu impacto 
seja contínuo. 
b) As diversas espécies de ajuda devem ser proporcionadas 
e utilizadas de forma coordenada e mútua de refôrço. 
c) A grandeza da ajuda deve ser ampla bastante, em têrmos 
do número de peritos ou assessôres ou participantes para ter 
um sensível e contínuo impacto. 
d) A duração da ajuda, além de conferências, seminários, etc., 
deve ser suficiente para conseguir o estabelecimento de raízes 
profundas adequadas para assegurar continuidade do impacto. 
e) A capacidade dos especialistas, conselheiros, etc., deve ser 
compatível com a cultura em cujas áreas serão introduzidas as 
influências para modernizar a administração pública. 
f) O país ajudado deve demonstrar disposição de satisfazer 
as obrigações de contraparte e sua intenção de persistir na 
área de assistência por um período suficientemente longo para 
garantir resultados duradouros. 
2. Crescimento de Oportunidades para Iniciativa Cívica e 
Participação Responsável no Processo Político 
O encontro de viáveis democracias depende muito mais do 
.que de desenvolvimento de instituições e hábitos governamen­
tais. Depende em particular do desenvolvimento da responsa­
bilidade cívica, da exata relação entre govêrno e povo e de 
oportunidades para uma efetiva participação cívica no pro­
cesso político. 
Atingir aquelas componentes na infra-estrutura política, 
diz com o desenvolvimento e evolução a longo prazo. Dar-se-á, 
ONU e Desenvolvimento Político 93 
primeiramente, através do impacto acumulativo de experiên­
cia e uma larga faixa de influências nos diversos níveis d() 
processo político. Será influenciada por padrões e experIen­
cias tradicionais. Na maioria das nações em recente desenvol­
vimento, até mesmo aquelas que têm tido enorme experiência 
política, é possível terem, durante largos anos, aborrecimentos 
quanto à espécie de sistema político e que líderes políticos pre­
ferem. Durante a fase de indecisão, diversas fôrças estarão 
competindo pelo poder. A situação política ficará tumultuada 
Em lugar da estabilidade e tranqüilidade, não somente para os 
países de recente independência como também para os mais 
antigos, todavia em fase de desenvolvimento. 
Que espécie de ajuda podem as Nações Unidas, sob êsse 
clima de circunstâncias, dispensar? Só, ocasionalmente, exceto­
€m relação à administração pública, a ajuda para o desenvol­
vimento imediato da infra-estrutura política dentro do con­
ceito das Nações Unidas é aceito pelos países desenvolvidos. 
Parece, por conseguinte, que a ajuda deve ser, predominante­
mente, orientada em direção ao futuro e não a um resultado­
imediato. 
Procuraria ter o impacto de características essencialmente 
indiretas. Seria fundamentalmente de características educa­
cionais (não limitada, todavia, às escolas formais). 
Há certas espécies de ajudas, muitas já executadas por 
diversas organizações das Nações Unidas, que parecem ter um 
grande potencial para estimular o aumento de oportunidades 
para iniciativacívica e de participação responsável no proces­
so político. São as espécies que condizem com os conhecimen­
tos de desenvolvimento, de técnica, atitudes e constituições que 
8ão componentes essenciais para uma participação inteligente 
numa democracia em expansão. Por exemplo, ajuda em socie­
dade, cooperativas, educação profissional, sindicalismo, indús­
tria em pequena escala, empreiteirismo, reforma agrária, po­
dem fazer contribuições altamente significativas. 
Desenvolvimento da comunidade é essencialmente um pro­
grama para promover a tomada de iniciativa pelo povo dos. 
níveis da comunidade na qual êles vivem rural ou urbano, 
94 R.C.P. 3/7Q, 
para lutar contra problemas comuns tais como saúde, educa­
ção, sanitarismo, construção de estradas ou uso da terra e mé­
todos de agricultura. Êsses esforços de nível comunitário se 
intencionam a ser um auxílio próprio natural, em complemen­
to aos esforços institucionalizados do govêrno local ou nacio­
nal. Por sua natureza se pode esperar daí experiência de um 
caráter funcional democrático válido em promover uma par­
ticipação cívica mais ampla. Esforços de desenvolvimento de 
comunidade se destinam também, em muitos casos, como um 
meio de aumentar a produção nacional e de alívio de carga 
sob o govêrno central. 
Quanto ao último aspecto, o desenvolvimento da comuni­
dade deve ser interpretado como um complemento ao desen­
volvimento do govêrno local. 
Cooperativas, especialmente em economias subdesenvolvi­
das em países em recente desenvolvimento, podem também 
proporcionar uma espécie funcional de experiência democráti­
ca através das atividades de seus membros e dirigentes. Sua 
essência é ajuda-te a ti mesmo através da participação coope­
rativa na produção e mercado ou em facilidades de crédito. 
Há uma boa parcela de evidência, especialmente em países de 
recente desenvolvimento, da experiência adquirida em coope­
rativas na ação política em local de níveis mais elevados. 
Programas de educação de adultos, programas de alfabe­
tização em colégios de operários, centros ou institutos, ou es­
tágios de adestramento, são meios de promover o responsável 
exercício dos direitos de liberdade da associação. Uma educa­
ção de operários, devidamente administrada pode também con­
tribuir para um entendimento dos requisitos para participa­
ção responsável das organizações de trabalho no processo de 
desenvolvimento da nação. Ajuda no desenvolvimento de com­
petência em pequenas indústrias e empreitada pode promover 
participação política pela multiplicação de centros de inicia­
tiva no processo de desenvolvimento nacional. 
Finalmente, a ajuda na reforma agrária destinada a con­
seguir distribuição de terra que proporcionará iniciativas para 
produtividade individual muito maior, pode contribuir para a 
ONU e Desenvolvimento Político 95 
criação de centros de iniciativa individual para ativar a 
participação no desenvolvimento nacional incluindo, outra vez, 
seus aspectos políticos. 
Não se quer dizer que tôdas estas espécies de ajuda terão 
os efeitos sugeridos, obrigatórios e imediatamente.* Toda­
via, parece-me que pela sua natureza e se imaginàriamente em­
preendidas, podem contribuir para o desenvolvimento e forta­
lecimento de importantes componentes a uma viável infra-es­
trutura democrática. 
A assistência educativa, caso seus empreendedores, espe­
cialistas e técnicos reconheçam claramente o papel que podem 
desempenhar na preparação de cidadãos para a participação 
cívica, pode fazer importantes contribuições nos setores de 
cursos de instrutores, preparação de material didático, alfabe­
tização de adultos, rural, e campanhas de alfabetização. Aten­
ção especial na preparação de mulheres com acesso à educa­
ção, contribuirá, quase que inevitàvelmente, para superar os 
obstáculos de sua participação nos organizados processos po­
líticos. 
N o nível de assistência às universidades, muito pode ser 
feito, acentuando-se a necessidade de preparar estudantes 
para futura liderança cívica, serviços públicos e outras fun­
ções de elite. Uma orientação mais ampla do serviço público, 
pelas universidades, pode concorrer para proporcionar um 
clima onde estudantes e professôres tenham muito maior cons­
ciência de suas responsabilidades cívicas. O estudo de direito 
e administração pública pode ser orientado para desempenhar, 
em particular, um papel importante nas universidades de paí­
ses recentemente evoluídos, procurando desenvolver atitudes 
€ capacidades profissionais, as quais contribuirão, a longo 
prazo, para o desenvolvimento político nacional. 
Ajuda no desenvolvimento das fontes de ciência social nas 
principais universidades pode ser de grande importância ao 
acesso da participação e iniciativa cívica. Através do ensino 
* P. 15 - Na verdade, ajuda ao desenvolvimento das técnicas da 
ciência social para verificar a contribuição feita, pode ser de grande 
importância, como virá sugerido em páginas adiante. 
96 R.C.P. 3/70 
da ciência social, a capacidade dos graduados universitários 
pode ser consideràvelmente aumentada, a fim de que sejam 
melhor aproveitados como verdadeiros líderes ou em posição 
do govêrno. 
Entendimento da importância em potencial da ciência so­
cial em analisar as condições para a política governamental no 
que tange ao aspecto social, e os problemas de desenvolvimento 
econômico e político, pode ser uma das principais contribui­
ções que os graduados universitários prestarão ao proces­
.eo político. A pesquisa da ciência social nas universidades, como 
no serviço público, pode tornar-se uma importante fonte onde 
governantes possam colhêr determinações políticas e aumen­
tar a eficiência da ação relacionada com o desenvolvimento 
nacional. A liderança das universidades no desenvolvimento 
das ciências sociais pode fortemente concorrer para influenciar 
a inclusão daqueles estudos nos cursos de instrutores e em es­
-colas secundárias. Conjuntamente, um verdadeiro aumento na 
análise racional das enormes áreas políticas, as de ordem so­
cial e econômica, pode tornar-se de grande penetração moder­
na na infra-estrutura política conjunta. 
Ajuda no estabelecimento, direção e utilização da comu­
nicação de massa, especialmente rádio e imprensa, pode de­
'Sempenhar um papel vital na unidade nacional, assegurando 
um fluxo de âmbito nacional de informação e contato no cres­
cimento de comunicações entre govêrno e povo. O progresso 
dos padrões profissionais, no treino de jornalistas e repórte­
res, pode preencher uma crescente lacuna em todos os países 
para competente e confiante divulgação dos negócios nacionais. 
Centro de informações das Nações Unidas têm impor­
tante desempenho em assegurar um fluxo estável de informa­
ção das Nações Unidas e suas agências especializadas para 
·cada estado-membro. 
Ajuda altamente relevante ao progresso de nações demo­
cráticas pode também ser proporcionada através de contínuos 
apoios acentuados em conselhos, assembléias, conferências, se­
minários internacionais e semelhantes, versando sôbre direi­
tos humanos, e em convenções, declarações e resoluções que 
focalizam associação de liberdade, não-discriminações, etc. 
-ONU e Desenvolvimento Político 97 
A promoção de profissionalismo para as artes, ciências, 
educação, medicina, engenharia, etc., através de assistência 
a treinamento especializado pode contribuir para a formação 
de sociedades profissionais capazes de dar voz no nível polí­
tico a essas novas elites. 
Comissões nacionais da UNESCO podem provàvelmente 
também influenciar no aumento do atendimento dos cidadãos 
e participação em várias atividades das organizações das Na­
ções Unidas, desde que elas se tornem algo além de meros 
apêndices burocráticos dos ministérios de educação. Através 
das comissões nacionais da UNESCO, contato mais próximo 
pode também ser desenvolvido com organizações internacionais 
não-governamentais, de características especializadas nos cam­
pos de educação, ciência e cultura em progressiva comunica­
ção entre ospovos de países em recente desenvolvimento, assim 
como outras através do mundo. 
As espécies de atividades no campo da assistência men­
cionada aqui, não são de forma alguma um catálogo do que 
tôdas as organizações das Nações Unidas estão fazendo ou po­
dem fazer no sentido de fortalecer a participação dos cidadãos 
no processo político. Foram, apenas, selecionadas, a fim de su­
gerir a conexão entre aquelas espécies de aj uda e o fortale­
cimento das infra-estruturas políticas. Podem contribuir alar­
gando a mentalidade da população para tomar parte nas ex­
periências de diversas formas e auxiliar a desenvolver um 
clima favorável na participação política. 
N o entanto, de poucas delas se pode esperar fazer tais 
contribuições, a menos que a ajuda seja objetiva, propositada 
e deliberdamente destinada a obter tal impacto. 
Em parte, para proporcionar êsse objetivo, contribuições 
importantes para a eficiência da ajuda política podem ser pro­
porcionadas por relatórios periódicos do Secretário-Geral da 
ONU, por diretores-gerais das agências especializadas e pelo 
administrador da UNDP. Isto, suplementado por oportunida­
des para representantes do govêrno discutirem temas relacio­
nados com o desenvolvimento político, muito pode contribuir 
para proporcionar uma atmosfera favorável à orientação das 
atividades das Nações Unidas no sentido do progresso político. 
98 R.C.P. 3/70 
Nas páginas precedentes tentei sugerir uma espeCle de 
estratégia para o auxílio das Nações Unidas no sentido do de­
senvolvimento político. A estratégia reconhece os direitos de 
soberania de cada nação para adaptar seu próprio sistema po­
lítico e, por conseguinte, deve focalizar a assistência adequa­
da que realça os recursos com os quais cada nação pode traçar 
seu desenvolvimento político. 
As conclusões ao que efetivamente contribuirá para o de­
senvolvimento político, é, em nosso presente estágio, de conhe­
cimento científico, uma questão de exame de senso comum ba­
seado em evidência limitada. Pesquisa científica é urgente­
mente necessária para estabelecer bases sólidas a fim de iden­
tificar a mais eficiente espécie de ajuda; todavia, um plane­
jamento conjunto pelas Nações Unidas não necessita esperar 
os resultados de tal pesquisa. 
4. Alguns Problemas para Aumentar a Eficiência do Auxílio 
das Nações Unidas ao Desenvolvimento Político 
Há pouca dúvida quanto ao fato de que o desenvolvimento 
da infra-estrutura política da maioria dos países em recente 
desenvolvimento é processado, perigosamente, em ritmo lento. 
Muitos sistemas de política nacional são demasiadamente frá­
geis. Planos de desenvolvimento econômico e social são, por 
isso, ameaçados. A perspectiva para o futuro, quanto à reação 
de uma política tranqüila para aumentar as demarches domés­
ticas para uma mudança, não é favorável; e, em alguns países, 
as perspectivas para viabilidade nacional são sériamente 
ameaçadas. 
Ninguém se arrisca a afirmar o futuro caminho do desen­
volvimento de qualquer país. Certamente, poucas generalida­
des são passíveis de validade para todos os países em recente 
desenvolvimento, cada qual com seus próprios passados e con­
dições presentes. Os acidentes históricos que permitiram às 
nações desenvolvidas encontrar a viabilidade, não devem, en­
tretanto, ser excluídos como subsídios para o futuro de países 
mais novos. A natureza do acidente certamente não pode ser 
previsão. 
ONU e Desenvolvimento Político 99 
Todavia, dado um compromisso de âmbito mundial atra­
vés das Nações Unidas, para assistir no desenvolvimento eco­
nômico e social dessas nações, pode o auxílio prestado ser feito 
de forma mais útil? Pode a ajuda das Nações Unidas ter o 
grau de impacto que parece ser o requerido? 
Está além do propósito dêste trabalho tentar prescrever 
a quantidade ou qualidade que a ONU devia proporcionar a 
determinados países. Gostaria, no entanto, de sugerir, basea­
do em recentes obS€naçÕES em países da África e Oriente ~Ié­
dio, algumas tendências que devem prevalecer no processo de 
assistência, se forem de utilidade. 
a) A ajuda pelas diversas organizações das Nações Uni­
das deve ser vista, pelas organizações e, da mesma forma, 
pelos países requerentes, como parte integral do esfôrço total 
de assistência das Nações Unidas. O maior obstáculo a êsse 
ponto de vista é o grau de independência dado originàriamente 
às diversas organizações. 
Isto foi em época em que a doação da ajuda de desenvol­
vimento, na escala ou na variedade que é hoje requerida, não 
era considerada. Teria sido previsto, alguém pode supor, uma 
pesquisa quanto à possibilidade de se colocar tôda assistência 
técnica em uma única agência - como a preservação da paz 
foi totalmente concentrada na própria ONU. 
Um meio de incentivar êste ponto de vista é aumentar a 
concentração dos fundos de desenvolvimento, inclusive alguns 
novos fundos nos vários programas de rotina das agências, sob 
o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Ao mesmo 
tempo deveria haver um aumento de concentração de autori­
dade no Programa Administrador de Desenvolvimento das N a­
ções Unidas e nos representantes residentes das Nações Uni­
das para o planejamento e supervisão da ajuda em todos os 
seus principais aspectos e sôbre as bases individuais do país. 
Tal ponto de vista unitário não necessita, de forma al­
guma, diminuir o papel de especialista das agências especiali­
zadas e dos ramos de assistência técnica da própria Nações 
Unidas. Servirá, no entanto, para aumentar a probabilidade 
de tão limitados recursos das organizações das Nações Unidas, 
100 R.C.P. 3/70 
de serem estrategicamente distribuídos e que sejam totalmen­
te coordenados no uso. Devia reduzir a tentação para o projeto 
de compras na parte de um receptador em potencial. Ao mesmo 
tempo, deve reduzir o assim chamado projeto de venda, o qual 
parece ainda ser conduzido em alguns países subdesenvolvidos 
por organizações individuais das Nações Unidas. 
b) Dado a uma crescente aceitação dêste ponto de vista uni­
tário, seria progressivamente possível acentuar em todos os 
projetos de ajuda a componente política - Le., incluir mais 
consistentemente assistência para o aspecto de fortalecimento 
da infra-estrutura política que condicione o sucesso de qual­
quer projeto técnico de assistência. 
c) Há necessidade de uma intensificação da tendência atual, 
no sentido de autorizar projetos extensivos ou bastante sóli­
dos e que envolvam compromissos em têrmos suficientes de 
anos para conservar a promessa de um resultado significativo­
Exceto em circunstâncias fora do comum, enviar um único 
especialista ou conselheiro, a curto prazo, tende a ser desper­
dício e pode não deixar sinal algum de resultado prático. 
d) Dado um aumento de coordenação dos recursos disponí­
veis através das diversas organizações das Nações Unidas, o 
uso mais eficiente de limitados fundos pode ser estimulado 
por uma avaliação mais sistemática quer dos governos assis­
tidos, quer das Nações Unidas. Parece ser também altamente 
essencial ter um mais forte desempenho em fileira, vinculado 
aos acôrdos de auxílio, combinado com os meios para dar fôrça 
aos compromissos. Há, naturalmente, a êste respeito, dificul­
dades básicas na estrutura do sistema de assistência das Na­
ções Unidas, devido ao fato de qu~ JJ. relação crédito-débito não 
é tão definido quanto, por exemplo, no caso do Banco Interna­
cional de Reconstrução e Desenvolvimento. 
e) Esforços mais intensos são necessários para aumentar a 
importância dos projetos de assistência às condições verda­
deiras (econômica, social, política, cultural) nos países admi­
tidos. A seleção de pessoal técnico em assistência pelas orga­
nizações das Nações Unidas e sua própria instrução e orienta­
ção é particularmente crítica para fazer contribuições de vulto 
ONU e Desenvolvimento Político 101 
na delicada área de fortalecer a infra-estrutura política. Ainda 
mais do que as circunstâncias, tem sido até esta data, as pes­
soas selecionadas para êssepropósito que necessitam de um 
entendimento e uma sensibilidade indispensáveis ao campo no 
qual trabalham. Ninguém está satisfeito com o atual pro­
cesso de instrução e orientação, o qual é cheio de problemas 
administrativos, financeiros e políticos. Por causa de muitos 
países em recente desenvolvimento sentirem-se também mal 
equipados para empreender sua própria modernização política, 
e precisamente por não terem sujeitado suas próprias idéias 
a análises suficientes, podia ser útil para as organizações das 
Nações Unidas proporcionarem mais auxílio ao desenvolvi­
mento dos centros nacionais de pesquisas de ciência social, a 
qual pode servir também como um centro de treinamento para 
especialistas nacionais e visitantes. Com projetos e designa­
ções, a maior parte a longo prazo para especialistas, o investi­
mento de tempo para tal educação adicional dos especialista~ 
das Nações Unidas se tornaria econômicamente mais exeqüivel. 
f) É necessário planejamento progressivo de relações com­
plementares entre a assistência bilateral, multilateral e pri­
vada, no curso das linhas agora acentuadas pela UNDP e em 
particular na área de atividades que podem fortalecer a infra­
estrutura política. As vantagens relativas de duas fontes de 
assistência não são sempre as mesmas do ponto de vista de 
diferentes países requerentes. Todavia, é essencial que o total 
limitado de reservas externas disponível seja usado de forma 
mais concentrada e coordenada possível, considerando-se a pre­
ferência dos recipientes, das organizações das Nações Unidas 
e do individual govêrno doador bilateral. 
g) Cada vez mais confiança em organizações internacionais 
não-governamentais para proporcionar assistência, em parti­
cular com relação a assuntos como desenvolvimento de comu­
nidade, cooperativas ou educação de operários, parece provado 
que seja desejado: a organização não-governamental, que pro­
move assistência por iniciativa própria ou como contratada 
pelas organizações das Nações Unidas. Há uma grande re­
serva de inteligência e boa vontade já disponíveis, que estão 
102 R.C.P. 3/70 
sendo utilizadas em muitos países como assistência comple­
mentar às Nações Unidas e programas de assistência bilate­
ral. Podem contribuir significativamente para reduzir a carga 
das sedes das organizações das Nações Unidas. Ao mesmo 
tempo é um meio eficaz para estabelecer relação cooperativa 
transnacional a longo prazo entre os povos necessitados e paí­
ses mais desenvolvidos. 
Há algumas tendências que deviam ser cada vez mais 
€videntes na assistência das organizações das Nações Unidas, 
para alcançar maior impacto no desenvolvimento político. No 
entanto, o encontro de maior eficiência nas espécies de assis­
tência para fortalecer infra-estruturas políticas é, antes de 
mais nada, dependente dos desejos dos próprios países em re­
cente desenvolvimento e das intenções das organizações das 
Nações Unidas. 
O direito de soberania dos que recebem assistência con­
siste em determinar o que necessitam, dado também o caráter 
essencialmente doméstico de desenvolvimento político. 
Assim, permitirão os países em recente desenvolvimento 
uma orientação mais premeditada pela assistência das Nações 
Unidas desta espécie? Aceitarão êles um maior relêvo na do­
tação de fundos assistenciais para aquelas atividades, que pode 
ter um impacto mais imediato e expressivo da administração 
à organização dos cidadãos? Estão êles dispostos a escolher 
esta espécie de assistência à custa de outras espécies que podem 
parecer mais palpáveis e mais prontamente manobráveis para 
o revigoramento das estruturas dos podêres existentes? Esta­
rão êles cada vez mais dispostos a satisfazer obrigações da 
contraparte, na forma de pessoal e equipamento e assumir com­
promisso suficientemente a longo prazo? Estarão êles dispos­
tos a prescindir das aparentes vantagens de usufruir, a curto 
prazo, das diversas espécies de imediatas assistências disponí­
veis de várias fontes, em favor de um sistema mais rígido que 
pode reduzir a longo prazo melhores resultados no desenvol­
vimento nacional? 
As atitudes dos países que recebem auxílio e a política de 
seus governos com relação àquelas questões, são certamente 
ONU e Desenvolvimento Político 103 
dfiíceis de predizer. As respostas refletirão a reciprocidade de 
muitas fôrças de política dinâmica, econômica e social, incluin­
do-se a qualidade de liderança que emerge e dirige para so­
breviver. 
Todavia, que se espera das intenções das organizações das 
N ações Unidas? Receberão cada vez mais a importância fun­
damentaI da infra-estrutura política e a relevância em poten­
cial de certas espécies de assistência que podem proporcionar? 
Exigirão que sua assistência seja dada em bases de um pIanO' 
total estadual, e que a assistência para o desenvolvimento po­
lítico deve, sempre que adequada, ser propositadamente uma 
parte dêle? Podem êles, além disso, contar com sua assistên­
cia de forma complementar à assistência bilateral e privada? 
E serão capazes de coordenar propositadamente suas diversas 
contribuições de assistência, reduzindo fragmentadas aproxi­
mações que estipula competições entre êles próprios como tam­
bém projetos de compras na parte de recipientes condicionais? 
Serão êles também capazes de concentrar assistência dentro de 
projetos mais amplos e duradouros e resistir a solicitações para 
especialistas isolados com recursos inadequados e pequenos 
projetos para um impacto de sucesso? Serão êles capazes de 
atrair um número suficiente de pessoas dedicadas e qualifica­
das para empregarem-se esforçadamente em aumentar o de­
senvolvimento político? (M uitas pessoas qualificadas parece 
não serem aceitáveis a alguns governos recipientes por causa 
de experiências anteriores com países ex-coloniais). Com rela­
çãoao exposto, um progresso considerável foi obtido pelas or­
ganizações das Nações Unidas. A questão crítica é se essa ten­
dência pode ser suficientemente intensificada a ponto de afe­
tar o impacto do esfôrço total de assistência. 
Se as organizações das Nações Unidas podem, de fato, se 
movimentar mais ràpidamente naquelas direções, depende em 
larga escala da liderança administrativa do Programa de De­
senvolvimento das Nações Unidas, das agências especializadas 
e das Nações Unidas. Porém, os administradores são sujeitos 
a influências por pressões manifestadas nos órgãos políticos 
através de cabalas administrativas nas sedes. Os órgãos polí-
104 R.C.P. 3/70 
ticos são representantes de todos os estados-membros, dos doa­
dores como também dos recipientes, e o desenvolvimento de 
políticas acontece dentro de um largo contexto de políticas mun­
diais, onde a multiplicidade de problemas influencia nas deci­
sões finais. Como previamente anotado, o processo de assis­
tência nas organizações das Nações Unidas não é conduzido 
pela relação mais simples de credor - devedor que prevalece, 
por exemplo, no Banco Internacional de Desenvolvimento e 
Reconstrução. Nem tampouco as políticas de assistência nas­
cem tão fàcilmente como em programas bilaterais para refor­
çar objetivos de política externa dos doadores. Algumas vêzes,. 
o bilateralismo encontra sensibilidades políticas que reduzem 
a eficiência da ajuda. Porém, o multilateralismo, por evitar 
envolvimento da política doméstica, também tem fraquezas 
básicas. 
A questão principal deve, por conseguinte, ser se as orga­
nizações das Nações Unidas e, em especial, seus administra­
dores, podem realmente influenciar os países recipientes a ob­
servarem adequadamente os problemas da infra-estrutura po­
lítica e voluntàriamente solicitarem ajuda para seu fortale­
cimento. A resposta pode estar em parte sob uma avaliação 
mais eficaz de procedimento e em um critério mais amplo a 
fim de que administradores possam conter a assistência quan­
do fôr comprovado o desenvolvimento inadequado da infra-es­
trutura política. 
5. Conclusão 
o fortalecimento das infra-estruturas políticas das Nações 
em recente desenvolvimento, poruma série de razões compre­
ensíveis, tem sido seriamente negligenciado em programas de 
assistência técnica. As conseqüências de fracas infra-estrutu­
ra políticas são vistas em contínua instabilidade política de 
muitas nações e no arrrastado progresso de muitas delas no 
atendimento dos objetivos econômicos e sociais. Um estudo 
mais detalhado de países individuais, revelaria variedades não 
somente em seus sistemas políticos, mas nos sinais, em parti­
cular, da fraqueza política. 
ONU e Desenvolvimento Político 10& 
As organizações das Nações Unidas, compromissadas em 
fornecer ajuda de desenvolvimento, deviam dar muito mais con­
centrada atenção a êsse aspecto de desenvolvimento. Por causa 
da natureza inerente do processo nacional de desenvolvimento 
político, tal assistência pode melhor ser focalizada sob o for­
talecimento da administração e organização gorvernamental e 
sob o aumento da perspectiva para a participação efetiva dos 
cidadãos. Alguma assistência naquelas áreas tem sido dada, 
todavia tende ser insuficiente em quantidade, em duração e no 
grau que propositadamente é relacionada com os planos de de­
senvolvimento nacional e a outras espécies de assistência ex­
terna de desenvolvimento. 
Uma estratégia mais clara na assistência de desenvolvi­
mento das Nações Unidas é necessária. Uma atenção mais ade­
quada pode ser dada aos atendimento da viabilidade política. 
o Instituto de Organização Racional do Trabalho da Gua­
nabara - abreviadamente IDORT-GB - como seus congêneres 
de outros Estados, propõe-se a realizar e proporcionar a seus 
associados e demais interessados: 
Intercâmbio internacional 
Forum de estudos 
Treinamento 
Assistência técnica 
Revista 
Biblioteca 
Prêmio de organização e admi­
nistração 
Congressos 
Sede: Praia de Botafogo 186, Rio de Janeiro, GB. 
1.06 R.C.P. 3/70

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