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Compliance

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Compliance
Definição
Estudaremos o conceito de compliance e os principais elementos que caracterizam a adoção dessa prática nas organizações.
Objetivos
MÓDULO 1
 Descrever as características necessárias para a adoção de programas de compliance nas organizações
MÓDULO 2
 Listar os grandes escândalos corporativos estimuladores da adoção de práticas de compliance no ambiente empresarial
MÓDULO 3
 Examinar a utilização do compliance como instrumento de combate à corrupção
MÓDULO1
 Descrever as características para a adoção de programas de compliance nas organizações
O que é compliance?
A palavra compliance (conformidade) é derivada do verbo to comply, que, em tradução livre, signi�ca:
Ela é aplicável às esferas �scal, trabalhista, �nanceira, contábil, previdenciária, ambiental, jurídica, ética etc.
Segundo Morais (2005), podemos de�nir compliance como o dever de atender às regras, de estar em conformidade e cumprir os
regulamentos exigidos para as atividades desempenhadas pela organização.
O compliance também pode ser entendido como o:
"Ato de cumprir, de estar em conformidade e executar
regulamentos internos e externos impostos às atividades da
instituição, buscando mitigar o risco atrelado à reputação e
ao regulatório/legal.""
- MANZI, 2008, p. 15
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Adoção de programas de compliance nas organizações
Agora que já sabemos o que é compliance, conheça alguns detalhes sobre a adoção de seus programas nas organizações:
O grupo de funcionários que atua diretamente na área de compliance tem a responsabilidade de garantir que a organização e os
funcionários ajam de acordo com todas as leis, regulamentos e regras que abranjam os negócios nos quais ela está envolvida (MELENDY,
2005).
No âmbito do compliance, abrange-se também o sentimento de justiça na organização, pois as regras de�nem a impossibilidade de
concessão de vantagens para uns em detrimento de outros.
A empresa tomará decisões com isonomia e isenção de interesses pessoais, além de independência de fatores associados à hierarquia, à
amizade ou que desviem os verdadeiros motivos para cada assunto. Assim, as regras de compliance atingem o comportamento das
pessoas e as rotinas organizacionais, com grande benefício para a coletividade (GIOVANINI, 2014).
O programa de compliance tem como um dos pilares a preservação da reputação da instituição, a sustentabilidade e a priorização do
gerenciamento de riscos vinculados à área de atuação da organização. Devem ser considerados no gerenciamento todos os riscos
associados ao não cumprimento das leis e regulamentos, assim como o tamanho, a amplitude e a estrutura organizacional da empresa
(CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2015).
A adoção do compliance também favorece a prevenção de perdas �nanceiras, pois os esforços voltados para o atendimento das exigências
legais e trabalhistas permitem, por exemplo, a minimização de cobranças judiciais ou administrativas das obrigações, além de multas ou
perdas por desgastes de imagem.
Como elementos necessários à adoção do compliance, destacam-se: o estabelecimento de um código de ética da organização; a
capacitação de pro�ssionais para aprenderem a lidar com problemas éticos; a criação de canais de comunicação de condutas não éticas
(uma central de atendimento ao funcionário ou à ouvidoria); e o incentivo para a discussão de problemas éticos (MANZI, 2008).
Conforme apontado por Debbio, Maeda e Ayres (2013), existem elementos comuns que são vitais para que os programas de compliance
sejam adotados nas organizações, sendo, portanto, os mais encontrados nas literaturas internacionais. São eles:
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Ele talvez seja o principal pilar de adoção de programas de compliance. Por meio do suporte dado pela alta administração e pelos
líderes locais, a organização passa a se comprometer com uma postura que tem como requisito a intolerância aos desvios de
conduta. Esse comprometimento deve ser transmitido de maneira clara e sem margem para dúvidas pelos mais altos níveis da
instituição, sendo percebido nas próprias ações envoltas de integridade e conformidade. Dessa forma, elas endossam o discurso com
o exemplo dado.
Suporte da administração e liderança 
É um dos objetivos do compliance, pois minimizar os riscos implica reduzir as possibilidades de que condutas não adequadas sejam
praticadas por colaboradores ou stakeholders que interagem no negócio. O caráter preventivo dos procedimentos é função essencial
da compliance, que só conseguirá alcançar o objetivo se a organização conhecer (mapear) e entender (analisar) os riscos aos quais
está vulnerável.
Mapeamento e análise de riscos 
Para que a empresa implemente efetivamente o programa de compliance, é necessário que ela desenvolva regras, controles e
procedimentos cujo cumprimento possa monitorar posteriormente, assim como as práticas lícitas.
Políticas, controles e procedimentos 
Há dois fatores fundamentais para que o monitoramento das ações seja efetivo ao longo de toda a organização. Comunicar
efetivamente as políticas e os procedimentos esperados pela empresa e assegurar que os pro�ssionais estejam com o adequado nível
de entendimento (por meio do treinamento) são condições básicas para que o programa de compliance dê certo.
Comunicação e treinamento 
Outro pilar necessário ao compliance é a necessidade de examinar regularmente o atendimento aos objetivos pretendidos nas regras,
controles e procedimentos de�nidos pela organização. Se a instituição não cumprir essa etapa, os documentos confeccionados pela
área de compliance serão meras obrigações burocráticas que não atenderão ao intuito desejado.
Monitoramento, auditoria e remediação 
O atendimento desses elementos não é uma tarefa simples. Segundo dados divulgados pela KPMG (2018), entidade suíça com atuação
global em serviços de auditoria e consultoria, a pesquisa Maturidade do compliance no Brasil revelou que os principais desa�os expostos
pelas grandes empresas são:
Identi�car, avaliar e monitorar a efetividade do compliance
Contornar as di�culdades de mapear os riscos e desenvolver os indicadores-chave
Integrar a função com outras áreas do negócio
Caberá aos gestores, estimulados e respaldados pela alta administração, o desenvolvimento de alternativas para superar as di�culdades de
implementação do compliance inicialmente veri�cadas e demonstrar para os stakeholders todas as vantagens advindas da adoção dessa
política na instituição.
O per�l dos membros responsáveis pela área de compliance é bastante variado, incluindo quem atua dedicado à estrutura implementada
para o compliance (caso isso seja possível em uma empresa), assim como aqueles que pertencem a outras áreas do negócio (KPMG,
2015):
Esses pro�ssionais podem atuar em diversas possibilidades de monitoramento, embora seja mais comum a dedicação à prevenção dos
seguintes riscos: pagamento de propina ou suborno (em licitações, licenças, taxas aduaneiras, contratação de pessoas, contribuições,
doações, brindes ou patrocínios) ou em outros temas tratados pela área (combinação de preços, fraudes, violações ambientais, assédio
moral e sexual, trabalho escravo e lavagem de dinheiro) (KPMG, 2015).
A estrutura necessária para a implementação do programa de compliance pode apresentar alguns modelos, segundo Giovanini (2014). Dois
deles são:
Foco na prevenção
Prevenir, identi�car e corrigir as ações que se desviaram das regras estabelecidas é a base deste modelo, que deve divulgar claramente as
políticas e os procedimentos a serem adotados por todos.
Foco na melhoria contínua
É a utilização do ciclo administrativo conhecido como PDCA (Plan – Planejar, Do – Fazer, Check – Controlar e Act – Agir). Ele é necessário
para a melhoria contínua dos processos de trabalho, já que, após a última etapa (ação), o ciclo se reinicia.
Além da estrutura mínima para a adoção do compliance, existem algunsprocedimentos necessários para garantir as condições adequadas
da sua efetividade em uma organização. Segundo Blok (2017), esta área deve se valer das seguintes ferramentas e atuações:
Processo de comunicação e informação
Ele é caracterizado por contatos periódicos e proativos com agências reguladoras e informações con�áveis.
Monitoramento das normas externas
Acompanhamento contínuo, análise dos impactos das normas e garantia da adequação das operações e normas internas.
Monitoramento das normas internas
É a garantia do padrão de normas, a realização de treinamento em redação de normas internas e a de�nição das diretrizes
da organização.
Políticas corporativas
Trata-se da de�nição dos princípios de natureza genérica, orientação, revisão periódica e garantia da ampla divulgação.

Novos produtos e alterações
Garantia de que a organização deve atuar de maneira preventiva e proativa, minimizando e avaliando os riscos de
compliance.
Consultivo
Assessoria para a alta administração, realizando parcerias com a área de negócios e orientando a gestão como um todo.
Disseminação de cultura
Deve atuar na mudança de práticas inadequadas de gestão, motivando os stakeholders com base em valores e
comportamentos de�nidos, além de divulgar as práticas para auxiliar na internalização e na identi�cação por parte dos
funcionários.
Programas de treinamento
Conhecimento das melhores práticas do mercado, garantindo a atualização das normas e legislações vigentes e treinando
os funcionários sobre as políticas, os controles e os procedimentos corporativos.
Código de ética e conduta
De�nição dos padrões de ética e conduta que devem ser adotados, orientação e divulgação do código, estabelecendo um
comitê de ética e canais de denúncias.
Programa de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD)
Designação de diretor responsável, de�nição das políticas e diretrizes do PLD, monitoramento das transações suspeitas,
instituição de um comitê de PLD e comunicação das demandas para a área responsável.
Sistemas de controles internos
Estabelecer a segregação de funções, realizar os testes e o monitoramento, informar as não conformidades veri�cadas e
acompanhar as ações corretivas.
Gerenciamento de riscos
Identi�cação, avaliação e monitoramento dos riscos inerentes às atividades da organização, de�nindo as formas de
controlar os riscos e comunicá-los, além de garantir que as ações sejam integradas.
Metodologia de avaliação do risco de compliance
Fazer uma autoavaliação, elaborar a matriz de risco de compliance, analisar os produtos e processos e realizar as avaliações
periódicas.
Equipes de agentes de compliance
De�nir os per�s especí�cos para a área, realizar os treinamentos periódicos, estabelecer os canais de comunicação e fazer a
intermediação do compliance.

Controle organizacional
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A importância da prática de compliance no ambiente corporativo
A adoção da política de compliance depende da inserção das ações de conformidade em todos os setores da organização, fazendo parte da
cultura dela, pois, dessa forma, as operações terão uma maior chance de estarem em conformidade, assim como dependerão de ações
éticas por parte da alta administração. Essas variáveis formam o tripé do compliance, tal como está apresentado a seguir:
Como exemplo da importância da adoção do compliance, citamos o escândalo mundialmente famoso da empresa alemã Siemens AG.
Após as investigações realizadas pela justiça norte-americana, foram constatados pagamentos de propinas para autoridades públicas no
montante de US$1,4 bilhão entre os anos de 2001 e 2007. Segundo o judiciário dos Estados Unidos, os pagamentos ilegais foram realizados
em mais de 20 países em troca de contratos públicos (BBC NEWS, 2013). 
 Tripé do compliance. (Fonte: BLOK, 2017).
O caso Siemens
Após a condenação, a empresa foi obrigada a pagar uma das maiores multas da história: US$1,6 bilhão. Isso foi um fator de destaque para
a mudança da forma de fazer negócios na Alemanha. Até então os empresários não viam o pagamento de propina como um causador de
prejuízo �nanceiro e de imagem para as organizações. Tal prática ainda fazia parte da cultura local, sendo endossada pelo entendimento
legal vigente até o �nal dos anos 1990. Uma lei alemã até permitia que os empresários pagassem propina a autoridades públicas do exterior
para obter vantagens em contratos, tendo, inclusive, uma autorização formal para descontar estes valores dos impostos de renda pagos na
Alemanha (TRANSPARENCY, 2011).]
Apesar de a regra ter perdido a vigência legal no início do século XXI, somente após o escândalo da Siemens os empresários alemães se
convenceram das implicações �nanceiras e criminais que a adoção de práticas ilegais pode trazer (TRANSPARENCY, 2011).
 (Fonte: RG-vc / Shutterstock).
Impactos
Além do comportamento empresarial alemão devido à repercussão internacional do caso, o exemplo da Siemens também foi muito
marcante para o crescimento das políticas de compliance associadas ao campo da gestão. Atualmente, a empresa é uma das referências
em programas de compliance, contando com cerca de 600 funcionários dedicados à área (DEBBIO; MAEDA; AYRES, 2013).
Destaca-se também a importância dada pela empresa à divulgação dos focos do departamento de compliance: combater a corrupção e as
violações da concorrência; proteger a empresa contra fraudes e lavagem de dinheiro; e salvaguardar os dados pessoais (SIEMENS, 2019).
O próprio fortalecimento das ações de compliance permite que os objetivos éticos sejam atendidos, pois faz parte da política da Siemens a
utilização de canal de denúncias seguro <> . Com isso, no ano de 2018, 647 manifestações foram realizadas e passaram por investigações
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0259/tema3.html?brand=estacio
posteriores. Como resultado, 229 medidas disciplinares foram adotadas devido ao descumprimento das conformidades esperadas pela
organização (SIEMENS, 2019).
canal de denúncias seguro
O canal é destinado aos funcionários da Siemens para que eles informem as violações de conformidade na empresa.
A área de compliance não tem como garantir que violações às regras nunca ocorram. Porém, por meio de ferramentas de gestão da área, o
que se espera é que haja a redução das probabilidades de fraudes, respaldadas por uma postura de vigilância dos riscos inerentes às
organizações.

Atenção
Em âmbito nacional, uma importante medida de combate à corrupção foi a promulgação da Lei nº 12.846/2013, que trata da
responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira
(BRASIL, 2013).
Para Manzi (2008, p. 123):
"Não se pode falar em governança corporativa e
sustentabilidade sem se referir à ética e consequentemente
considerar a importância do compliance.""
Por estar atrelado à concordância e ao cumprimento das normas, o compliance se caracteriza como um dos princípios essenciais das boas
práticas de governança corporativa (ÁLVARES; GIACOMETTI; GUSSO, 2008).
Governança, risco e compliance
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Atividade
1. Em relação aos elementos comuns para os programas de compliance, podemos a�rmar que:
a) O suporte de administração e liderança é um dos principais pilares para a adoção de programas de compliance.
b) É recomendável a adoção de políticas, controles e procedimentos para melhorar a definição das regras a serem seguidas pelas organizações.
c) O mapeamento e a análise de riscos têm pouca relação com as práticas de compliance.
d) Se for possível e compatível com o orçamento, a organização deverá realizar ações de comunicação e treinamento das políticas de compliance.
e) Nenhuma das respostas anteriores.
2. Sobre os elementos necessários à implementação do compliance, qual dos itens apresentados a seguir não se adequa diretamenteao
tema?
a) Adoção de código de ética da organização
b) Capacitação de profissionais
c) Definição dos valores organizacionais
d) Criação de canais de comunicação de condutas não éticas
e) Incentivo para a discussão de problemas éticos
MÓDULO2
 Listar os grandes escândalos corporativos estimuladores da adoção de práticas de compliance no
ambiente empresarial
Histórico do compliance
O compliance é uma tendência crescente nas práticas de gestão, especialmente devido aos princípios de boas práticas a ele relacionadas.
Conheceremos agora o histórico da prática dele e o resultado de grandes escândalos no ambiente corporativo.
Tanto o compliance quanto a governança corporativa tiveram início no século XX. Diversos acontecimentos foram importantes para o
amadurecimento dessa prática até a adoção de ambos nos moldes de hoje. Entre eles, segundo Blok (2017), destacam-se:
1913
A criação do Banco Central Americano permitiu a �exibilidade, a segurança e a estabilidade do sistema �nanceiro local,
tendo repercussão mundial.
1929
O crash (quebra) da bolsa de valores repercutiu na economia global.
1930

Foi instituído o Bank for International Settlements (BIS) durante a Conferência de Haia, ocorrida na cidade de Basileia, na
Suíça. A instituição foi decisiva para o desdobramento do compliance, pois seu objetivo principal era a de�nição de políticas
de cooperação entre os bancos centrais do mundo, resultando em atividades �nanceiras mais seguras e con�áveis.
1932
Adoção da política do governo norte-americano conhecida como New Deal, cuja característica é a intervenção do Estado na
economia a �m de corrigir as falhas do mercado capitalista.
1945
Durante a conferência de Bretton Woods, foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) com o objetivo de proteger a estabilidade do sistema monetário
internacional.
1960
A agência federal dos Estados Unidos Securities and Exchange Commisson (SEC), cujo objetivo é a aplicação das leis sobre
a regulação do setor mobiliário, passou a insistir na necessidade de contratação de pro�ssionais para atuação no
compliance (compliance o�cers) a �m de que eles criassem procedimentos internos de controle, treinassem as pessoas e
monitorassem as atividades, subsidiando a supervisão da área de negócios das empresas.
1970
O então presidente norte-americano Richard Nixon suspendeu unilateralmente o acordo de Bretton Woods (instituído em
1945). Como resposta, foi criado o Comitê de Basileia para Supervisão Bancária (Basel Committee on Banking Supervision
– BCBS), composto por representantes dos bancos centrais dos países do G10, a �m de criar procedimentos de boas
práticas e controles para o mercado �nanceiro.
1974
O mercado �nanceiro reagiu com perplexidade ao escândalo político de Watergate, que culminou na renúncia do presidente
norte-americano Richard Nixon e apontou as fragilidades de controle da administração pública norte-americana, assim
como as medidas voltadas para o atendimento a propósitos particulares e ilícitos.
1980

As operações de compliance foram estendidas às demais atividades �nanceiras no mercado norte-americano.
1995
Importantes acontecimentos ocorreram, o que gerou mudanças nas regras de controle das operações do mercado
mobiliário: 
Processo de falência do Banco Barings devido às fragilidades do sistema de controle interno;
O Comitê de Basileia para Supervisão Bancária publicou regras para o mercado �nanceiro internacional com a
�nalidade de fortalecer a estabilidade e a e�ciência do sistema �nanceiro. Elas �caram conhecidas como Basileia I.
1997
O Comitê de Basileia divulgou 25 princípios para a realização da supervisão bancária efetiva, prevendo expressamente, no
princípio nº 14 <> , a necessidade de independência da função de compliance.
1998
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0259/tema3.html?brand=estacio
Ocorreu a era dos controles internos <> .
2001
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0259/tema3.html?brand=estacio
O caso Enron veio a público, reforçando os prejuízos gerados graças a falhas nos controles internos e fraudes contábeis,
uma vez que a empresa foi à falência.
2002
A empresa WorldCom (novamente, uma grande empresa norte-americana) anunciou a insolvência com os credores, tendo
como causa principal a ausência de controle interno e as adulterações contáveis.
2002

Como resposta à fragilidade do controle �nanceiro nas empresas que tinham negócios na Bolsa de Valores norte-
americana, o governo dos Estados Unidos publicou a Lei Sarbanes-Oxley, que passou a exigir melhoria das práticas
contábeis, independência da auditoria e criação do comitê de auditoria.
2002
No Brasil, após os desdobramentos dos casos ocorridos com as empresas norte-americanas, o governo alterou a
Resolução nº 2.554/98 e publicou a de nº 3.056/2002, dispondo sobre a atividade de auditoria interna das instituições
�nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
2003
O Conselho Monetário Nacional publicou uma sequência de normativas para a melhoria da proteção ao sistema �nanceiro
brasileiro: 
Emissão de Carta Circular nº 3.098/2003, que passou a exigir o registro e a comunicação ao Banco Central do Brasil
quando houver operações em espécie de depósitos, provisionamentos e saques nas quantias iguais ou superiores a
100 mil reais;
O Comitê de Basileia publicou recomendações para a prática de gestão e supervisão de riscos operacionais.
2004
O CMN publicou a Resolução nº 3.198/2004, que alterou e consolidou a "regulamentação relativa à prestação de serviços de
auditoria independente para as instituições �nanceiras, demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil e para as câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação" (BRASIL, 2004).
2005
O Comitê de Basileia publicou um novo documento dispondo orientações sobre riscos de créditos e estabelecendo padrões
para a alocação de capital.
2006
O Banco Central, por meio do CMN, publicou as resoluções de nº 3.380/2006, normatizando a implementação da estrutura
de gerenciamento de risco operacional, e nº 3.416/2006, que trata das condições básicas para a atuação do comitê de
auditoria nas instituições �nanceiras de capital fechado.
2007
O CMN publicou mais orientações para as instituições �nanceiras: 
Resolução nº 3.464/2007, sobre a necessidade de implementação da estrutura de gerenciamento de risco em âmbito
do mercado;
Por meio do Comunicado nº 16.137/2007, foram estabelecidos prazos para a adequação nas instituições �nanceiras
brasileiras dos procedimentos para implementação da nova estrutura de capital (nos moldes do conteúdo publicado
pelo Comitê de Basileia em 2005).
2012

Por meio da Lei nº 12.683/2012, o Brasil instituiu um novo normativo legal que, alterando a Lei nº 9.613/1998, buscava
tornar mais e�ciente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro.
2017
O governo brasileiro publicou o Decreto nº 9.203/2017, normatizando a política de governança para a administração pública
federal e sinalizando a necessidade de a alta administração manter, monitorar e aprimorar os controles internos, além de
de�nir as atribuições para as auditorias internas dos órgãos públicos.
Princípio nº 14
Os supervisores bancários devem determinar que os bancos mantenham controles internos adequados para a natureza e a escala de
seus negócios. Os instrumentos de controle devem incluir disposições claras para a delegação de competência e responsabilidade; a
separação de funções que envolvem a assunção de compromissos pelo banco, a utilização de seus recursos �nanceiros e a
responsabilidade por seus ativos e passivos; a reconciliação de tais processos; a proteção de seus ativos; e as funções apropriadas de
auditoria e de conformidade independentes, internas ou externas, para veri�car a adesão a tais controles, assim como às leis e aosregulamentos aplicáveis.
(BIS, 1997, p. 24 – grifo nosso)
era dos controles internos
A era dos controles internos ocorreu essencialmente devido a três fatores: 
O Comitê da Basileia publicou um normativo contendo treze princípios com ênfase na necessidade de controles internos efetivos e a
promoção de um sistema �nanceiro mundial estável;
Em âmbito nacional, o Congresso Nacional Brasileiro sancionou a Lei 9.613/98, que trata de "crimes de 'lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os ilícitos; e criação do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras – COAF" (BRASIL, 1998);
O Conselho Monetário Nacional (CMN), com base nos treze princípios instituídos pelo Comitê da Basileia para promoção dos
controles internos, publicou a Resolução nº 2.554/98, que dispõe sobre a determinação de implantação e implementação de sistema
de controles internos nas instituições �nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
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Escândalos do mundo corporativo
Vimos que o anúncio de falência e/ou concordata de empresas norte-americanas estabeleceu um novo padrão para o funcionamento de
empresas que negociam as ações na bolsa de valores dos Estados Unidos. Essa situação foi desdobrada nas empresas localizadas em
todo o mundo.
No âmbito brasileiro, o Conselho Monetário Nacional, vinculado ao Banco Central, foi o órgão
que mais normatizou orientações de proteção às negociações no sistema monetário.
Essas ações foram desdobradas após os grandes escândalos empresariais mundiais que alertaram o mundo corporativo sobre a
necessidade de as normas e os regulamentos serem respeitados. 
Vamos conhecer um pouco mais esses casos?
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Em 1974, ele teve grande repercussão no mercado �nanceiro, o que resultou na renúncia do então presidente norte-americano Richard
Nixon. O evento histórico foi o desdobramento da invasão aos escritórios do Partido Democrata, localizados no conjunto de edifícios
chamado Watergate, durante a campanha eleitoral presidencial. O incidente ocorreu em 1972; após dois anos de investigação, foi apontado
que o objetivo era grampear os telefones para usar informações con�denciais como chantagem política e conduzir um esquema de
espionagem também política para favorecer o então candidato Richard Nixon (CABRAL, 2011). 
Caso Watergate 
Com o avanço das investigações sobre o caso, foi constatado que as gravações telefônicas passavam pelo escritório o�cial do então
presidente Nixon, comprovando que ele comandava o esquema de espionagem. Para evitar o impeachment, o presidente renunciou em 8
de agosto de 1974 (CABRAL, 2011). 
Esse evento tem um caráter histórico para o compliance, pois foi muito marcante para a administração pública como exemplo de como
uma instituição é marcada negativamente pela ocorrência de atos ilícitos e como essas ações se desdobraram ao manchar a imagem da
organização (no caso, por meio de seu representante máximo). Salienta-se assim a importância da aplicação dessa política na gestão
pública dada a sua dimensão e relevância social/econômica.
 Richard Nixon (fonte: wikipedia).
Caso Barings 
Fundada em 1762, esta instituição consagrada da Inglaterra viu-se envolvida pela atuação fraudulenta capitaneada por um de seus
funcionários, Nick Leeson. A administração do Banco Barings, seduzida pelos retornos das operações que ele trazia para a instituição, não
dimensionou os prejuízos que Leeson encobria por meio de uma conta inexistente. O prejuízo acumulado em 1995 atingiu a marca de 1,3
bilhão de dólares; dessa maneira, o banco, com 235 anos de história, foi vendido pelo valor simbólico de 1 dólar graças à insolvência e à
sua consequente falência (SILVA, 2008). 
A situação retrata a importância de controles internos sólidos nas instituições de modo a não expor as organizações a riscos não
dimensionáveis, podendo, inclusive, resultar na interrupção de suas operações.
 Nick Leeson (fonte: soegeeforex).
Caso Enron 
Refere-se ao anúncio de concordata da empresa no �nal de 2001. Até então ela era uma das maiores do mundo no ramo energético. Após
a divulgação da concordata, o Congresso norte-americano iniciou a análise da falência do grupo, momento em que foi detectada a
existência de uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Além do montante, que não era de conhecimento dos acionistas, havia o
fato de a empresa ter importância em nível global. Essa falência foi considerada por diversas publicações a mais importante da história
empresarial norte-americana (CARVALHO, 2004).
 Logo da Enron (fonte: wikipedia).
Caso WorldCom 
Em 2002, a empresa WorldCom, que era a segunda maior operadora de chamadas de longa distância dos Estados Unidos, além de atuar
em 65 países, anunciou um rombo de cerca de 7,1 bilhões de dólares nas contas, admitindo ter manipulado arti�cialmente seus lucros.
Além dos prejuízos �nanceiros dos acionistas, a situação também gerou uma crise de con�ança dos investidores que negociavam nas
bolsas de valores de todo o mundo, pois �cou constatada a possibilidade de fraude do sistema na contabilidade de empresas
multinacionais que movimentavam grandes aportes �nanceiros (BBC, 2002).
 Logo da WorldCom (fonte: ciceroamaral).
Bolsa de valores e o índice de Governança corporativa
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Adoção de programas de compliance no ambiente corporativo
Os casos apresentados demonstram claramente o motivo que originou a necessidade de ações do governo de forma a regulamentar
medidas para evitar que fraudes na contabilidade das empresas continuem a fazer parte do universo de credores que operam nas bolsas de
valores.
Os escândalos repercutiram inicialmente como uma grande quebra de con�ança nos balanços das grandes empresas, desdobrando-se em
descrédito na própria economia norte-americana. O governo precisou agir para interromper esse cenário, adotando medidas de impacto
corretivo e preventivo ao estipular regras mais rígidas para punir as empresas (e os representantes legais delas) envolvidas em fraudes,
assim como endurecer as exigências de transparência, de controle interno e de auditoria independente.
Os prejuízos �nanceiros resultantes das ações corretivas impostas pelo governo provocaram
também muitos prejuízos de imagem devido à repercussão pela ausência de um
comportamento ético e moral.
(Fonte: Poring Studio / Shutterstock).
As instituições podem evitar longas perdas colaterais resultantes das ações fraudulentas ao adotarem programas de compliance. Esta foi a
percepção do mercado, uma vez que o tema teve um signi�cativo crescimento entre as empresas. Elas passaram a adotá-lo
voluntariamente após perceberem que as ações transparentes geram con�ança e credibilidade nos investidores, obtendo uma grande
vantagem competitiva. 
Embora a história do compliance tenha uma origem muito vinculada aos controles impostos às instituições bancárias, o ambiente
corporativo percebeu os resultados conseguidos com a adoção da ferramenta. Desse modo, a utilização do compliance foi disseminada
entre os diferentes tipos de organizações, sendo atualmente aplicado de forma ampla no mercado empresarial.
Blockchain e compliance
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Atividade
1. Entre os grandes escândalos de fraudes contábeis, qual dos apresentados a seguir está relacionado ao caso da empresa WorldCom?
a) Instituição consagrada da Inglaterra e fundada em 1762, cuja administração autorizou a atuação fraudulenta de um funcionário, pois se viu
seduzida pelos altos retornos de operações, encobrindo os prejuízos por meio de uma conta inexistente.
b) Grampo de telefones após a invasão dos escritórios do Partido Democrata americano, desdobrando-seem ações de chantagem política, o
que resultou na renúncia do então presidente dos Estados Unidos Richard Nixon.
c) Anúncio de concordata da empresa, uma das maiores do mundo no ramo energético.
d) Operadora de chamadas de longa distância dos Estados Unidos com representação em 65 países anunciou um rombo de cerca de 7,1 bilhões
de dólares nas contas e admitiu ter manipulado artificialmente os lucros.
e) Quebra da bolsa de valores que repercutiu na economia global.
2. Sobre o processo de amadurecimento das ações de compliance, marque a opção correta referente à adoção da prática no ambiente
corporativo:
a) Fora das instituições financeiras, a adoção do compliance tem caráter obrigatório, sendo um instrumento pouco utilizado no mundo atual.
b) O Conselho Monetário Nacional, vinculado ao Banco Central, foi o órgão que recebeu muitas críticas por ter atuado com pouca normatização
para a proteção das negociações no sistema monetário brasileiro.
c) Apesar dos grandes escândalos de empresas que negociavam na bolsa de valores norte-americana, o governo dos Estados Unidos demorou a
reagir, normatizando leis para proteger a transparência das informações prestadas aos investidores.
d) A crise de credibilidade nas informações contábeis prestadas não atingiu a confiança dos investidores com o governo norte-americano.
e) O ambiente corporativo percebeu os resultados conseguidos com a adoção da ferramenta de compliance; desse modo, ela foi disseminada
entre os diferentes tipos de organizações.
MÓDULO3
 Examinar a utilização do compliance como instrumento de combate à corrupção
Identificando os principais desvios dentro das corporações
 Vídeo
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O que é corrupção?
Além do aspecto empresarial, o amadurecimento do compliance também foi de grande importância para as relações estabelecidas entre as
instituições públicas e privadas. Por monitorar e evitar práticas de corrupção, essa ferramenta também resulta na melhoria da imagem das
organizações públicas, já que torna público o interesse em coibir práticas criminosas. 
O Código Penal brasileiro tipi�ca esse crime em dois âmbitos: corrupção passiva e corrupção ativa. Por corrupção passiva, entende-se o ato
de:
"[...] solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem."
- BRASIL, 1940, art. 317
Já sobre a corrupção ativa, o artigo 333 do Código Penal a estabelece como o oferecimento ou a promessa de vantagem indevida para um
funcionário público a �m de que ele faça algo que traga benefícios ao corruptor, omita-se de fazer algo que deveria ser feito ou retarde a
execução de algo de acordo com as funções dele. A corrupção ativa é sempre cometida por um corruptor, que geralmente é um agente
privado. 
A prática de corrupção necessita de dois atores principais: o corrupto e o corruptor.
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Atenção
A CGU (2009) defende como responsabilidade social das empresas a implantação de programas para a consolidação de valores e políticas
que fortaleçam os padrões éticos e de integridade nas negociações realizadas com os órgãos públicos. A adoção desses programas tem
um caráter preventivo, ajudando a minimizar as chances de práticas antiéticas e corruptas serem praticadas, assim como corrigir os
comportamentos (no caso de desvios morais e legais serem identi�cados).
Compliance como instrumento de combate à corrupção
Buscando monitorar e evitar que crimes sejam cometidos, o principal motivo para sua implantação é que esta ferramenta de gestão
necessita cumprir normas para prevenir a corrupção:
Por serem crimes interligados, eles demandam ações preventivas para valorizar a transparência e o controle das obrigações nas
organizações. (Fonte: Darya Vlasova27 / Shutterstock).
Não se espera que a simples adoção do programa de compliance seja su�ciente para impedir que ações de corrupção sejam realizadas. No
entanto, certamente é por meio dessa medida que o sistema de controle de gestão é aprimorado, permitindo, em sequência, que outros
métodos sejam usados para reduzir os riscos aos quais as organizações estão expostas (FEBRABAN, 2009).
A preocupação com a ferramenta de controle deve ser crescente tanto pelo aspecto moral e
�nanceiro quanto pelo ponto de vista legal.
Lei nº 12.846
Em 2013, foi promulgada a Lei nº 12.846 (também conhecida como Lei Anticorrupção), que fornece instruções para efetivar a
responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas que praticarem atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira
(BRASIL, 2013). 
Como destaque para esse normativo legal, está a possibilidade de aplicação de medidas mais rigorosas, como multas de 20% do
faturamento e até o encerramento das atividades de empresas que forem condenadas por atuação em ações danosas (BRASIL, 2013).
A busca pela proteção ao tesouro nacional, um dos fundamentos presentes na Lei Anticorrupção, possibilitou a ampliação da penalização
para a esfera organizacional. Até então, o Código Penal previa sanções apenas para as pessoas físicas envolvidas com corrupção. A partir
de 2013, as empresas também passaram a ser responsabilizadas criminalmente pela corrupção cometida (BITTENCOURT, 2014). 
A lei nº 12.846/2013 passou a fazer parte do arcabouço legal que normatizou a tipi�cação dos crimes contra a administração pública,
assim como as punições a empresas, pessoas físicas e agentes públicos, que devem ser corresponsabilizados pelos prejuízos gerados aos
órgãos públicos e, em consequência, à sociedade brasileira.
As leis que versam sobre o tema são:
Código Penal
(Decreto-Lei 2.848/1940)
Lei da Ação Popular
(Lei 4.717/65)
Lei de Improbidade Administrativa
(Lei 8.429/1992)
Lei de Licitações
(Lei 8.666/93)
Lei da Ficha Limpa
(Lei Complementar 135/2010)
Lei da Defesa da Concorrência – CADE
(Lei 12.529/11)
Além das deliberações legais brasileiras, vale salientar o acordo multilateral que o Brasil �rmou para o combate ao suborno de servidores
estrangeiros. Por meio da Convenção de Trabalho da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o acordo
entrou em vigor em 1999, sendo rati�cado no ano seguinte por meio do Decreto nº 3.678/2000.
O principal objetivo delimitado pela convenção foi prevenir e combater a corrupção de
funcionários públicos nas transações comerciais internacionais (BRASIL, 2016).
Liderado pela OCDE, esse movimento internacional demonstra que os casos de corrupção não são restritos ao cenário nacional nem a um
período republicano do Brasil.
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Exemplo
A empresa Siemens foi punida com multa no montante de 1,4 bilhão de dólares, entre os anos de 2001 a 2007, após a constatação de
pagamentos de propinas para autoridades públicas em diversos países do mundo (GALLAS, 2013).
Resgatamos ainda o registro de estudos que apontam que as práticas de corrupção são registradas em território brasileiro desde o período
colonial (DEBBIO; MAEDA; AYRES, 2013), motivo pelo qual se consolida mais ainda a premente necessidade de disseminação de medidas
corretivas e preventivas nos moldes adotados em programas de compliance. 
Os casos brasileiros de corrupção mais recentes do país, com ações na justiça penal e ampla divulgação da mídia, estiveram ligados às
empresas Sadia, Aracruz, Banco Santos, Banco PanAmericano, Friboi e Petrobras. Mas também foram registrados os ocorridos com as
empresas norte-americanas Enron, Tyco, WorldCom, Xerox, Bristol Meyers Squibb, Merck e Global Crossing e as europeias Parmalat e Cirio
(PERERA; FREITAS; IMONIANA, 2014).
Depreende-se desse contexto que os controles existentes muitas vezes não são capazes de proteger os interesses dos stakeholders e evitar
todos os prejuízos advindos das ações indevidas. Em alguns casos, os prejuízos das fraudes são tão graves que podem levar as
organizações à falência ou a perdas �nanceiras em grande escala(PERERA; FREITAS; IMONIANA, 2014). 
Conhecer as informações é um meio essencial para os gestores tomarem decisões com base no histórico ou nos dados que representam o
cenário no qual eles estão inseridos. A �gura 1 apresenta as situações mais propensas a fraudes, cabendo dirigir a elas a maior atenção e
os esforços pela área de compliance (PERERA; FREITAS; IMONIANA, 2014):
 Situações propensas à fraude. (Fonte: PERERA; FREITAS; IMONIANA, 2014).
Apesar de a corrupção não ter personalidade exclusivamente brasileira, temos de destacar que as fraudes contábeis divulgadas no Brasil e
nos Estados Unidos, por exemplo, não possuem as mesmas características.
Silva, Sancovschi, Cardozo e Condé (2012) a�rmam que os agentes fraudadores brasileiros têm objetivos predominantes diferentes dos
criminosos norte-americanos:
No Brasil, 37% dos crimes de corrupção pesquisados tiveram o propósito de desviar recursos da empresa. As outras fraudes pretendiam
ocultar a situação da companhia, boni�car os executivos e praticar crimes de sonegação �scal.
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Nos Estados Unidos, 87% das fraudes contábeis estudadas desejavam ocultar a situação real da empresa.
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Atenção
Também devemos destacar as possibilidades de outros ilícitos, como espionagem industrial e empresarial, manipulação de informações e
compras atreladas a benefícios pessoais, além do pagamento efetivo de propinas e roubo de ativos (WELLS, 2008).
O Decreto nº 8.420/2015, que regulamentou a Lei Anticorrupção, menciona as ações de compliance que devem ser observadas pelo
programa de integridade das pessoas jurídicas que mantiverem relações com o serviço público, tal como se destaca a seguir:
"O programa de integridade consiste, no âmbito de uma
pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo
à denúncia de irregularidades, a aplicação efetiva de
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes que
detectem e mitiguem os desvios, fraudes, irregularidades e
atos ilícitos praticados contra a administração pública,
nacional ou estrangeira."
- BRASIL, 2015, art. 41, § único
O Brasil se esforçou para avançar com as legislações de combate à corrupção em conformidade com o movimento internacional veri�cado
no histórico de adoção do compliance. 
O compliance não é um assunto somente jurídico, apesar de também atuar nessa esfera (no que se refere à necessidade de atendimento às
regras o�cialmente impostas). A política de compliance passou a ser encarada como uma medida de melhoria de gestão; a�nal, o
pro�ssional atuante na área demanda por capacitação constante e grande conhecimento técnico, pois o assunto ultrapassa o atendimento
de normas, procedimentos e regulamentos (BLOK, 2017).
A implementação da política de compliance para o combate à corrupção é uma das fases,
sendo o início do movimento necessário. No entanto, também é essencial que os stakeholders
promovam o fortalecimento do controle e a avaliação de quem cumpre as determinações no
que tange às metas éticas e legais de�nidas pela empresa.
 (Fonte: TierneyMJ / Shutterstock).
Auditorias interna e externa
O pro�ssional que atua no compliance é comumente conhecido como compliance o�cer. Ele é o funcionário habilitado para a
análise das demonstrações contábeis e o atendimento dos diversos tipos de procedimentos de�nidos pela organização. O cargo
mais conhecido nessa atividade é o de auditor interno, que deve ser ocupado por alguém com competência pro�ssional e
habilidades pessoais adequadas à função (RAMOS, 1991).
As auditorias internas devem ocorrer constantemente. As externas, por sua vez, também
devem ser programadas. Recomenda-se a avaliação periódica do per�l e da integridade moral
dos stakeholders pertencentes à organização.
Por conta da necessidade dessas auditorias, a �gura do auditor interno foi muito valorizada. Ele já faz parte do quadro da instituição, tendo
acesso mais fácil às informações e contribuindo com as atividades realizadas pelas auditorias externas. Além dessas vantagens, o auditor
interno é capacitado para detectar, de modo mais rápido, possíveis irregularidades que venham a prejudicar as �nanças, o patrimônio, os
funcionários e os sistemas de qualidade da empresa. A autonomia para a obtenção das informações torna-se um critério essencial para o
bom desempenho das atividades do auditor (ATTIE, 2011). 
Attie (2011) a�rma que o controle interno permite que a organização conheça não somente irregularidades associadas a atos intencionais,
mas também aquelas que foram cometidas de maneira não intencional. O controle interno, ainda que bem executado, não pode garantir a
inexistência de futuras fraudes e irregularidades. Para o autor:
"Bons controles internos previnem contra a fraude e
minimizam os riscos de erros e anormalidades, porque, por
si só, não bastam para evitá-los. Assim, por exemplo, a
segregação de uma operação em fases distintas,
confiadas a diversas pessoas, reduz o risco de
irregularidades; porém, não podem evitar que estas
ocorram se as diversas pessoas que intervêm no processo
se puserem de acordo para cometer algum ato fraudulento.
Não obstante isso, os outros elementos do sistema podem,
em alguns casos, atuar como controles independentes que
revelam a manobra."
- ATTIE, 2011, p. 126, grifo nosso
Já a auditoria externa, apesar de representar um custo adicional à folha de pagamento de funcionários, tem como função validar a
veracidade das informações geradas pela auditoria interna. Como não possui vínculo com a organização, ela ainda oferece mais
credibilidade ao público em geral e perante os órgãos de controle (CREPALDI, 2009). O parecer de auditoria atualmente é conhecido como
emissão de opinião do auditor, tendo como escopo a apresentação dos fatos veri�cados após uma análise documental realizada em que
são relatados os riscos associados às não conformidades encontradas.
 (Fonte: Andrey_Popov / Shutterstock).
Nas ações de combate à corrupção, a auditoria surge como mais uma
possibilidade de ferramenta de compliance. Dessa forma, as
organizações têm uma ampla motivação para a adoção dessa política:
Atendimento legal, melhores práticas, acompanhamento da gestão,
minimização de riscos, proteção à imagem e eliminação de multas.
Atividade
1. Qual das legislações indicadas a seguir, também conhecida como Lei Anticorrupção, representou um grande avanço para o cenário legal
brasileiro devido à possibilidade de também penalizar as pessoas jurídicas de dinheiro privado que cometerem atos de corrupção?
a) Lei nº 4.717/1965
b) Lei nº 8.429/1992
c) Lei Complementar nº 135/2010
d) Lei nº 12.529/2011
e) Lei nº 12.846/2013
2. Sobre as vantagens diretas que a atuação do auditor pode trazer para a empresa, podemos destacar:
a) Aumento da carteira de clientes
b) Amadurecimento das práticas de compliance
c) Custos de contratação envolvidos
d) Diferenciação no mercado no qual atua
e) Valorização do produto ou do serviço ofertado
Considerações finais
A prática do compliance tem crescido no âmbito das organizações por conta da força de determinações legais (como nos casos das
instituições �nanceiras que operam na bolsa de valores) ou pela percepção das organizações de que a adoção dessa prática resulta em
minimização de riscos, como multas e prejuízos na imagem.
A sua importância está na necessidade da adoção de uma política vigilante para a redução das probabilidades de fraudes, assim como dos
riscos inerentes às organizações. A vigilância propicia a minimização das chances de prejuízos �nanceiros e de imagem, além de contribuir
para a melhoria das transações realizadas com os stakeholders do negócio.
Como vimos, a adoção de técnicas de compliance contribui para que sejam evitadas as práticas de corrupção estabelecidas nas relações da
iniciativa privada com o setor público.
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