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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA HELOUÍSE THAINÁ DA SILVA MACÊDO ENVELHECIMENTO E CAPACIDADE PARA O TRABALHO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA SANTA CRUZ 2021 HELOUÍSE THAINÁ DA SILVA MACÊDO ENVELHECIMENTO E CAPACIDADE PARA O TRABALHO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva. Área de concentração: Saúde Coletiva. Orientador: Profº Dr. Dimitri Taurino Guedes. Coorientador: Profº Dr. Damião Ernane de Souza. SANTA CRUZ 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA Macedo, Helouise Thaina da Silva. Envelhecimento e capacidade para o trabalho: uma revisão integrativa / Helouise Thaina da Silva Macedo. - 2021. 62 f.: il. Dissertação (Mestrado em saúde coletiva) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. Santa Cruz, RN, 2021. Orientador: Dimitri Taurino Guedes. Coorientador: Damião Ernane de Souza. 1. Avaliação da capacidade para o trabalho - Dissertação. 2. Envelhecimento - Dissertação. 3. Saúde do trabalhador - Dissertação. I. Guedes, Dimitri Taurino. II. Souza, Damião Ernane de. III. Título. RN/UF/FACISA CDU 612.67:331.45 Elaborado por Joyanne de Souza Medeiros - CRB-15/533 HELOUÍSE THAINÁ DA SILVA MACÊDO ENVELHECIMENTO E CAPACIDADE PARA O TRABALHO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva. Área de concentração: Saúde Coletiva. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Presidente da banca (orientador): Prof. Dr. Dimitri Taurino Guedes Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte ______________________________________________ Profª. Drª. Mercês de Fátima dos Santos Silva Examinador interno - Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte ______________________________________________ Profº. Drº. Robson da Fonseca Neves Examinador externo - Instituição: Universidade Federal da Paraíba Constatar a realidade nos torna capazes de intervir nela. Paulo Freire RESUMO Introdução: A relação entre envelhecimento populacional e trabalho tem se configurado como um desafio para a agenda das políticas públicas. Considerando o trabalho como um dos determinantes da saúde, seu exercício deve estar condicionado à prática da cidadania visando a garantia de direitos sociais. Está posto o desafio de garantir a participação da pessoa idosa na sociedade em geral e favorecer sua qualidade de vida ao longo dos anos. A determinação da capacidade para o trabalho tem ganhado cada vez mais relevância e o Índice de Capacidade para o Trabalho tem sido usado como uma ferramenta importante para prever a capacidade dos trabalhadores de realizar suas tarefas no futuro. Objetivo: Sistematizar e analisar os achados na literatura científica publicada ente 2008 e 2018 sobre a relação entre a capacidade para o trabalho no envelhecimento humano. Método: Revisão integrativa realizada nas bases de dados Scielo, PubMED e LILACS; incluindo estudos em português, inglês e espanhol; open acess e disponíveis na íntegra. Foram excluídas revisões de literatura e evidências de estudos de caso, de experiência ou de opinião de especialistas. Resultados: Do total de estudos levantados (n=225), 17 estudos integraram a revisão. Os resultados foram categorizados em três dimensões: fatores associados à capacidade para o trabalho; teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho; e dor, condições crônicas de saúde e capacidade para o trabalho no envelhecimento. Observou-se que há uma desigualdade regional na produção da temática em questão. Entre as publicações resgatadas houve predominância de estudos transversais e a maioria utilizou o Índice de Capacidade para o Trabalho como instrumento para avaliar a capacidade para o trabalho. Conclusão: O histórico do(a) trabalhador(a), ou seja, seu itinerário de vida tem influência importante no Índice de Capacidade para o Trabalho e as evidências alertam para a necessidade de incorporar a avaliação da capacidade para o trabalho de forma precoce e contínua durante a vida laboral do(a) trabalhador(a) com o objetivo de proporcionar um envelhecimento ativo, saudável e com independência física, na qual a força de trabalho que está envelhecendo possa assumir papeis fundamentais na sociedade. Apesar de relevantes, os estudos sobre a temática ainda são escassos e carecem de maior atenção por parte dos pesquisadores do campo, além da necessidade de ampliar os estudos em outras categorias profissionais. Palavras-chave: Avaliação da capacidade de trabalho; Envelhecimento; Saúde do Trabalhador. ABSTRACT Introduction: The relationship between population aging and work has become a challenge for the public policy agenda. Considering work as one of the determinants of health, its exercise must be conditioned to the practice of citizenship aiming at guaranteeing social rights. The challenge is set to guarantee the participation of the elderly person in society in general and to favor their quality of life over the years. Determination of work ability has gained increasing relevance and the Work Ability Index has been used as an important tool to predict the ability of workers to perform their tasks in the future. Objective: To systematize and analyze the findings in the scientific literature published between 2008 and 2018 on the relationship between work capacity in human aging. Method: Integrative review carried out in the Scielo, PubMED and LILACS databases; including studies in Portuguese, English and Spanish; open acess and available in full. Literature reviews and evidence from case studies, experience or expert opinion were excluded. Results: Of the total studies surveyed (n = 225), 17 studies were included in the review. The results were categorized into three dimensions: factors associated with work ability; test of theoretical model and validation of an instrument for assessing work ability; and pain, chronic health conditions and the ability to work in aging. It was observed that there is a regional inequality in the production of the subject in question. Among the publications recovered, there was a predominance of cross-sectional studies and the majority used the Work Ability Index as an instrument to assess work ability. Conclusion: The history of the worker, that is, his life itinerary has an important influence on the Work Ability Index and the evidence warns of the need to incorporate the assessment of the ability to work early and continuous during the working life of the worker in order to provide active aging, healthy and with physical independence, in which the aging workforce can assume fundamental roles in society. Although relevant, studies on the subject are still scarce and need more attention by researchers in the field, in addition to the need to expand studies in other professional categories. Keywords: Work Capacity Evaluation; Aging; Occupacional Health. LISTA DE ILUSTRAÇÕESFigura 1 Fluxograma de busca e seleção de estudos sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento para inclusão na revisão integrativa, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 .............................................. 24 Figura 2 Distribuição por anos dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 .................................................................... 26 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Características bibliográficas e das populações dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 .................... 28 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Estratégias de busca nas bases de dados – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 ................................................................................................................ 21 Quadro 2 Estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 .................................................................................... 25 Quadro 3 Resultados dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 .................................................................................................. ................................... 30 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas DeCS – Descritores em Ciências da Saúde FIOH – Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional ICT – Índice de Capacidade de Trabalho IMC – Índice de Massa Corporal LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OMS – Organização Mundial de Saúde RN – Rio Grande do Norte Scielo – Scientific Electronic Library Online SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11 2 OBJETIVO ...................................................................................................... 14 2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 14 2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 14 3 METODOLOGIA ............................................................................................ 15 4 RESULTADOS ................................................................................................ 16 4.1 Introdução .................................................................................................... 17 4.1.1 Contextualização ....................................................................................... 17 4.2 Metodologia ................................................................................................. 20 4.3 Resultados .................................................................................................... 23 4.4 Discussão...................................................................................................... 35 4.4.1 Fatores associados à capacidade para o trabalho ........................................ 37 4.4.2 Teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho .......................................................................................... 42 4.4.3 Dor, condições crônicas de saúde e capacidade para o trabalho no envelhecimento ........................................................................................................... 43 4.5 Conclusão ..................................................................................................... 44 Referências ................................................................................................................. 45 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 53 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 APÊNDICE A – FICHAMENTO: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ....... 57 ANEXO A – ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO (ICT) ................... 58 11 1 INTRODUÇÃO A relação entre envelhecimento populacional e trabalho tem se configurado como um desafio para a agenda das políticas públicas, implicando em uma série de novas demandas para todos os setores da sociedade, incluindo os campos de trabalho onde a população idosa se mantem ativa¹. As mudanças nas estruturas familiares, no mercado de trabalho e no perfil de demandas por políticas públicas motivadas pelo envelhecimento populacional impactam especialmente nas áreas de saúde e seguridade social. Pessoas idosas com boas condições de saúde, autonomia física e mental mantêm boas perspectivas de vida e podem assumir papéis relevantes na sociedade¹. Observa-se proporções crescentes de pessoas idosas que continuam exercendo suas atividades ocupacionais com uma heterogeneidade nas formas de inserção (mecanismo de entrada no mercado de trabalho), participação (faixa etária economicamente ativa) e ocupação (tipo de trabalho realizado). Destaca-se ainda distinções entre pessoas idosas trabalhando no setor público ou privado, por gênero, anos de educação, situação de aposentadoria, bem como por tempo de atividade no trabalho²,³. Em face dos novos mecanismos de funcionamento que regem o mundo do capital, Antunes propõe que o conceito ampliado de classe trabalhadora, em sua nova morfologia, deve incorporar: “a totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras, cada vez mais integrados pelas cadeias produtivas globais e que vendem sua força de trabalho como mercadoria em troca de salário, sendo pagos por capital dinheiro, não importando se as atividades que realizam sejam predominantemente materiais ou imateriais, mais ou menos regulamentadas.”4 Considerando o trabalho como um dos determinantes da saúde, ressalta-se que seu exercício deve estar condicionado à prática da cidadania no tocante à garantia de direitos sociais.5 Está posto o desafio de garantir a participação da pessoa idosa na sociedade em geral e favorecer sua qualidade de vida ao longo dos anos, processo este que requer uma dinâmica de colaboração intergeracional, no sentido de que a pessoa idosa tenha a opção de escolher continuar ou não trabalhando6. No período de 1981 a 1992, pesquisadores do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional desenvolveram estudos sobre a capacidade para o trabalho e o 12 envelhecimento funcional e apontaram que os fatores que levam à redução da capacidade para o trabalho começam a se acumular na “meia-idade”, sendo observados nos trabalhadores com cerca de 45 anos. A capacidade para o trabalho é considerada como uma medida do envelhecimento funcional, diz respeito à capacidade que o trabalhador dispõe para desempenhar suas tarefas, está condicionada pelas demandas do trabalho, pelo seu estado de saúde e por suas habilidades físicas e mentais 7,8,9. As pesquisas que nortearam e validaram o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) (Anexo A) foram discutidas no Brasil em 1995 com a presença do professor Juhani Ilmarinen convidado para participar da Internacional Ergonomics Association Conference, que discutiu como avaliar as perdas da capacidade para o trabalho, medidas de intervenção e promoção da saúde para manter a capacidade para o trabalho7,8. A partir de então, surgiu a ideia de traduzir para o português do Brasil uma versão doICT, que revela quão bem um trabalhador é capaz de realizar seu trabalho, é determinado com base nas respostas a uma série de questões as quais consideram as exigências físicas e mentais do trabalho, o estado de saúde e os recursos do trabalhador. Os resultados variam em um score de 7 a 49 pontos. A escolaridade mínima de quarta série do ensino fundamental é definida como necessária para a compreensão das questões8. Medidas de 7 a 27 pontos indicam um ICT baixo, necessitando de estratégias para restaurar a capacidade para trabalho. Para aqueles em que o índice é moderado, pontuação entre 28 e 36 pontos, medidas para melhorá-lo são recomendadas. Trabalhadores com um bom ICT possuem pontuação variando de 37 a 43 pontos, devem receber indicativos de manutenção. E por fim, trabalhadores com um ótimo ICT, pontuação entre 44 e 49 pontos, também devem receber informação sobre estratégias de manutenção da capacidade para o trabalho8. O ICT permite avaliar a capacidade para o trabalho atual comparada com a melhor de toda a vida; a capacidade para o trabalho em relação às exigências físicas e mentais; o número atual de doenças auto-referidas e as com diagnóstico médico; impedimento para o trabalho devido às doenças; faltas no trabalho por doenças nos últimos 12 meses; prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui a dois anos; capacidade de apreciar as atividades diárias, se sentir ativo e alerta e com esperança para o futuro7. Compreendendo o envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, caracterizado por modificações anatômicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, 13 ressalta-se a que a diminuição gradual da capacidade funcional aumenta com a idade e que frequentemente se faz notar antes do envelhecimento cronológico.8,10 Assim, o envelhecimento funcional está relacionado com a manutenção da capacidade de realizar atividades básicas da vida diária e atividades instrumentais da vida diária, necessárias para uma vida independente e autônoma11. Alguns estudos têm revelado que a promoção da capacidade para o trabalho reduz a perda precoce da capacidade funcional e como consequência, retarda a aposentadoria precoce e o aparecimento de doenças, mantendo as pessoas econômica e socialmente ativas 12,13. Nesse contexto, a determinação da capacidade para o trabalho ganha mais relevância, sendo usada como uma ferramenta importante para prever a capacidade dos trabalhadores de realizar suas tarefas no futuro14. Diante desse panorama, o estudo justifica-se pela necessidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas que tratam do envelhecimento e da avaliação da capacidade para o trabalho a partir de uma revisão integrativa da literatura, que será apresentada adiante em formato de artigo científico fruto desta dissertação de mestrado. Esta dissertação versa sobre a capacidade para o trabalho durante o processo de envelhecimento humano. O artigo de revisão integrativa que será apresentado na sessão de resultados foi realizado com o intuito de embasar os pesquisadores do nosso grupo de pesquisa na elaboração de um projeto de pesquisa de campo que foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi e tem o seguinte número de parecer: 3.322.186. A pesquisa de campo, cujos resultados seriam apresentados como segundo artigo nesta dissertação, precisou ser interrompida em razão da pandemia do coronavírus, que prejudicou o andamento da fase de coleta de dados. A pesquisa foi intitulada – Avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento de servidores de meia idade e idosos de uma instituição de ensino superior pública – teve sua coleta de dados realizada com docentes e técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que trabalhavam na capital e no interior. Os resultados preliminares dessa pesquisa de campo serão expostos na dissertação de outra mestranda integrante do grupo do pesquisa. 14 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo geral Sistematizar e analisar os achados na literatura científica sobre a relação entre a capacidade para o trabalho no envelhecimento humano. 2.2 Objetivos específicos Descrever os modelos teóricos publicados na literatura que possibilitam a avaliação da capacidade para o trabalho; Caracterizar os fatores associados à capacidade para o trabalho; Sintetizar informações sobre o envelhecimento humano e a capacidade para o trabalho a partir de uma revisão integrativa de literatura. 15 3 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa, sem meta-análise, para analisar as produções científicas na temática, a fim de referenciar conteúdo teórico para fomentar reflexões nos campos teórico e prático da saúde dos(as) trabalhadores(as), que estão envelhecendo15. O método da revisão integrativa é um instrumento da prática baseada em evidências, cuja abordagem está voltada ao cuidado clínico e ao ensino fundamentado no conhecimento e na qualidade da evidência16. Dentre as linhas de revisões existentes, a revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica que permite a inclusão de estudos experimentais e não experimentais do fenômeno estudado. A sua relevância consiste na possibilidade de incorporar dados da literatura teórica e empírica, gerando um panorama amplo a partir do propósito que leva a sua adoção17. Neste estudo, a escolha pelo método de revisão integrativa se deu pela possibilidade de reunir estudos com níveis de evidência capazes de contribuir para a compreensão dos modelos teóricos publicados na literatura que possibilitam a avaliação da capacidade para o trabalho, bem como identificar os fatores associados à capacidade para o trabalho e demais nuances que permeiam os estudos sobre o envelhecimento e a capacidade para o trabalho. Nesta revisão integrativa, seis fases foram seguidas: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e, por fim, a apresentação da revisão integrativa17. Para evitar repetições, maiores detalhes sobre a metodologia da revisão serão descritos no tópico de resultados desta dissertação, em que consta o artigo de revisão de integrativa. 16 4 RESULTADOS Os resultados da revisão integrativa realizada sobre o tema da avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento serão descritos a seguir em formato de artigo submetido a revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação (Anexo 1). Avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento: uma revisão integrativa Evaluación de la capacidad para el trabajo durante el envejecimiento: una revisión integradora Work capacity evaluation during aging: an integrative review Resumo Objetivou-se sistematizar e analisar os achados na literatura científica sobre a relação entre a capacidade para o trabalho no envelhecimento humano no período de 2008 a agosto de 2018. Foram eleitos 17 estudos para compor esta revisão integrativa realizada nas bases de dados Scielo, PubMED e LILACS; incluindo estudos em português, inglês e espanhol; de acesso livre e na íntegra. Os resultados foram categorizados em três dimensões: fatores associados à capacidade para o trabalho; teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho; e dor, condições crônicas de saúde e capacidade para o trabalho no envelhecimento. As evidências alertam para a necessidade de incorporar a avaliação da capacidade para o trabalho de forma precoce e contínua durante a vida laboral do trabalhador, proporcionando uma velhice ativa, saudável e com independência física. Palavras-chave: Avaliação da capacidade de trabalho. Envelhecimento. Saúde do Trabalhador. Resumen El objetivo fue investigar y describir el estado del arte de los estudios publicadosen la literatura científica desde 2008 hasta agosto de 2018, que abordan la evaluación de la capacidad para el trabajo durante el envejecimiento. 17 estudios conforman esta revisión integradora realizada en las bases Scielo, PubMED y LILACS; incluyendo estudios en portugués, inglés y español; acceso libre y completo. Los resultados se categorizaron en tres dimensiones: factores asociados con la capacidad para el trabajo; prueba de modelo teórico y validación de un instrumento de evaluación de la capacidad laboral; y dolor, condiciones de salud crónicas y la capacidad de trabajar en el envejecimiento. La evidencia advierte de la necesidad de incorporar la evaluación de la capacidad para trabajar de forma temprana y continua durante la vida laboral del trabajador, proporcionando una vejez activa, saludable y físicamente independiente. Palabras clave: Evaluación de Capacidad de Trabajo. Envejecimento. Salud Laboral. 17 Abstract The objective was to systematize and analyze the findings in the scientific literature on the relationship between work capacity in human aging in the period from 2008 to August 2018. 17 studies were chosen to compose this integrative review carried out in the Scielo, PubMED and LILACS; including studies in Portuguese, English and Spanish; free access and in full. The results were categorized into three dimensions: factors associated with work ability; test of theoretical model and validation of an instrument for assessing work ability; and pain, chronic health conditions and the ability to work in aging. The evidence warns of the need to incorporate the assessment of the ability to work in an early and continuous way during the worker's working life, providing an active, healthy and physically independent old age. Keywords: Work Capacity Evaluation. Aging. Occupacional Health. 4.1 Introdução 4.1.1 Contextualização A Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora é um campo do saber que visa compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde-doença-cuidado1. As transformações que se processam no mundo do trabalho têm exercido forte influência na relação entre os modos de vida e de produção e a saúde dos(as) trabalhadores(as), modificando o perfil de adoecimento e sofrimento dos(as) mesmos(as), traduzindo-se em acidentes e doenças relacionados ao trabalho2. No contexto de um mundo globalizado, diversas variantes têm permeado as discussões de saúde do trabalhador, dentre elas: a desigualdade social existente nos países centrais do capitalismo e entre o mundo considerado desenvolvido e os países pobres, os quais estão expostos a altos níveis de riscos ocupacionais; os sistemas de saúde e suas incapacidades de resposta aos problemas de saúde do(a) trabalhador(a) e os custos econômicos que os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho representam para a sociedade3. A nova conformação da classe trabalhadora é diversa e heterogênea, além da segmentação entre trabalhadores estáveis e precários, homens e mulheres, jovens e idosos, nacionais e imigrantes, brancos e negros qualificados e desqualificados, temos também divisões que se acentuam em função da internacionalização do capital4. Soma-se a isso o aprofundamento da precarização do trabalho e suas consequências de ordem econômica, política, social e técnica. Dentre tais efeitos, destacamos: o aumento do número de trabalhadores(as) temporários e informais; redução do trabalho vivo e aumento do trabalho morto; o aumento da jornada de 18 trabalho; o acúmulo de funções; a maior exposição a fatores de risco à saúde; as questões relativas à desregulamentação da proteção à saúde e à segurança dos(as) trabalhadores(as), a diminuição dos níveis salariais, o aumento da instabilidade no emprego e a uberização5. No Brasil, com a reforma trabalhista de 2017, alguns pontos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foram alterados, além disso, introduziu-se as modalidades de trabalho HomeOffice e o trabalho intermitente. Neste panorama, as investigações envolvendo a saúde de trabalhadores(as) que estão envelhecendo têm recebido destaque nas últimas décadas, em face ao fenômeno mundial de transição demográfica decorrente do processo de redução dos níveis de fecundidade e o aumento da longevidade, sendo o envelhecimento populacional um fato concreto6. Com o aumento da expectativa de vida e as mudanças na legislação previdenciárias, o percentual de trabalhadores(as) mais velhos(as) no mercado também tende a crescer. O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial. Na sociedade atual a idade é apenas um dos elementos do processo de envelhecimento, tendo em vista que esse elemento interage com aspectos biológicos, psicológicos, culturais e sociais. Quando se coloca em xeque o trabalho remunerado como única forma de realização social, nega-se a construção de uma nova identidade da pessoa idosa sob uma ótica de trabalho não obrigatório. Colocar em foco outras formas de estar no mundo propicia outros espaços de expressão contrapondo-se a taxações repressoras e preconceituosas do envelhecimento7,8. Ao observar o envelhecimento sob a ótica do curso de vida e da determinação social das doenças, é possível considerar as desigualdades presentes nos processos de envelhecimentos, os quais se distinguem a partir de marcadores sociais da diferença – de gênero, de etnia, de raça, de cor, de classe social, de cultura, de religião, de lugar, entre outros. As condições desiguais de vida e de trabalho às quais as pessoas estiveram submetidas no curso de suas vidas implicam nas desigualdades no processo de envelhecimento, temática esta que vem sendo estudada, debatida e reconhecida na saúde coletiva9. Portugal e outros países da Europa já vivenciam o envelhecimento populacional em detrimento da população economicamente ativa10. Em 2012, a população do Japão era composta de mais de 30% de pessoas idosas. Estima-se que em 2050, mais 64 países terão uma população idosa de mais de 30% do total. O envelhecimento é uma conquista 19 do desenvolvimento nas melhores condições de nutrição, nas condições sanitárias, nos avanços da medicina, nos cuidados com a saúde, no ensino e no bem-estar econômico11. No Brasil, a elevação da idade mínima de aposentadoria já é realidade, resultado da implantação de medidas que alteram substantivamente a legislação previdenciária12. No país, estima-se que no ano de 2030, a população com 60 anos ou mais corresponderá a 18,7% da população geral13 e que em 2040, aproximadamente 57% da população em idade ativa terá mais de 45 anos14. Essas informações são fundamentais para planejar o desenvolvimento social e econômico do país e exigem uma resposta da sociedade brasileira no tocante a adoção de um projeto de nação baseado em políticas públicas universais e inclusivas15 e que assegurem sobretudo a saúde e dignidade dos(as) trabalhadores(as). Na perspectiva da maior permanência das pessoas idosas no mundo do trabalho, os serviços de atenção à saúde do trabalhador têm buscado considerar o aumento da longevidade, a fim de ativar a ampla diversidade de capacidades e atender às necessidades da população trabalhadora e da sociedade em geral16. O conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica17. É fundamental, nesse sentido, dispor de estratégias capazes de avaliar a capacidade para o trabalho dos(as) trabalhadores(as), para subsidiar o planejamento e execução de medidas capazes de garantir a saúde das pessoas e das coletividades18,19. Estudos desenvolvidos na Finlândia pelo Finnish Institute of Occupational Health (FIOH – Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional) a partir da década de 1980 representam o primeiro marco teórico importante nesse campo de conhecimento20. O conceito da capacidade para o trabalho foi formulado enfatizando-acomo uma condição que resulta da combinação entre recursos humanos em relação às demandas físicas e mentais do trabalho, o estado de saúde e os recursos do trabalhador. O conceito é expresso como "quão bem está, ou estará, um(a) trabalhador(a) presentemente ou num futuro próximo, e quão capaz ele ou ela pode executar seu trabalho em função das exigências, de seu estado de saúde e capacidades físicas e mentais"21. No Brasil, os estudos sobre capacidade para o trabalho começaram a surgir no final da década de 1990. Em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a questão da promoção da capacidade para o trabalho como um dos objetivos da promoção da saúde no local de trabalho22. Uma revisão de literatura dos estudos sobre capacidade para o trabalho e envelhecimento funcional do período de 1966 a 2006, 20 publicada no ano de 2010, mostrou que os estudos eram pontuais e abordavam grupos específicos de trabalhadores, mostrando que ainda havia muitas categorias profissionais a serem avaliadas em relação à capacidade para o trabalho23. Um grande desafio que está posto para a sociedade diz respeito à efetivação de políticas que permitam avançar na integralidade e considerem as diferentes formas de envelhecer e os diversos perfis que constituem a população idosa24,25. Faz-se necessário, portanto, que os serviços que prestam atendimento às pessoas idosas respondam as necessidades específicas dessa população e considerem na avaliação da pessoa idosa, seu conhecimento do processo de envelhecimento, suas peculiaridades e a realidade sociocultural em que está inserida26. A partir dos desafios supracitados decorrentes do envelhecimento da população e das mudanças nas legislações trabalhista e previdenciária, que indicam uma necessidade de maior tempo de trabalho e em condições mais precárias, torna-se urgente que o sistema único de saúde adote metodologias capazes de acompanhar o quão desgastante o trabalho se apresenta ao longo do curso de vida das pessoas, uma vez que a sobrecarga física e mental no trabalho se associam à capacidade para o trabalho. Diante desse panorama, o estudo justifica-se pela necessidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas da última década que tratam da avaliação da capacidade para o trabalho relacionada ao envelhecimento a partir de uma revisão integrativa da literatura. Em razão do crescente número de estudos que investigam essa temática e da necessidade de contribuir para a melhoria da atenção à saúde dos(as) trabalhadores(as) que estão envelhecendo, pretende-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: qual o estado da arte, na literatura científica publicada no período de 2008 a agosto de 2018, dos estudos que tratam da avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento? Este estudo tem por objetivo sistematizar e analisar os achados na literatura científica sobre a relação entre da capacidade para o trabalho no envelhecimento humano no período de 2008 a 2018. 4.2 Metodologia Trata-se de uma revisão integrativa, sem meta-análise, para analisar as produções científicas na temática, a fim de referenciar conteúdo teórico para fomentar 21 reflexões nos campos teórico e prático da saúde dos(as) trabalhadores(as), que estão envelhecendo27. Nesta revisão integrativa, seis fases foram seguidas: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e, por fim, a apresentação da revisão integrativa28. Os termos de busca utilizados na revisão integrativa foram obtidos através de consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Foi utilizada na busca dos trabalhos os descritores em inglês: work capacity evaluation, aging, healthy aging, population dynamics, combinados pelo booleano AND. Na pesquisa bibliográfica, foram utilizadas a biblioteca eletrônica Scielo e as bases de dados PubMED e LILACS. As estratégias de busca utilizadas para cada base de dados são descritas no Quadro 1. Quadro 1. Estratégias de busca na biblioteca eletrônica e bases de dados – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 Biblioteca / Base de dados Estratégia de busca Scielo “Work capacity evaluation” [Tópico] and “Aging” [Tópico] “Work capacity evaluation” [Tópico] and “Healthy aging” [Tópico] “Work capacity evaluation” [Tópico] and “Population dynamics” [Tópico] PubMED “Work capacity evaluation” [MeshTerms] and “Aging” [MeshTerms] “Work capacity evaluation” [MeshTerms] and “Healthy aging” [MeshTerms] “Work capacity evaluation” [MeshTerms] and “Population dynamics” [MeshTerms] LILACS “Work capacity evaluation” [Palavras] and “Aging” [Palavras] “Work capacity evaluation” [Palavras] and “Healthy aging” [Palavras] “Work capacity evaluation” [Palavras] and “Population dynamics” [Palavras] Fonte: Dados da pesquisa, 2018. Foram selecionados, por meio dos descritores, trabalhos publicados entre janeiro de 2008 e agosto de 2018. Esse recorte temporal foi considerado com base na publicação da Agenda de Saúde para as Américas 2008 – 2017, documento que reflete o interesse dos países em trabalhar em conjunto e solidariamente a favor da saúde e desenvolvimento dos povos. O assunto da manutenção da funcionalidade da pessoa idosa em programas de saúde dirigidos a esses grupos é uma das estratégias definidas na 22 área de ação que objetiva diminuir as desigualdades em saúde entre os países e as iniquidades no interior dos mesmos. Portanto, o período foi considerado válido para contemplar os estudos mais recentes29. Os acessos às bases de dados e biblioteca eletrônica foram feitos através do Portal Periódicos CAPES, em setembro de 2018, por uma única pesquisadora. As fases de análise e discussão da revisão integrativa aconteceu entre outubro de 2018 e março de 2019 com participação de quatro pesquisadores. Não foi utilizada a estratégia de referência cruzada na revisão. Para tratar as duplicidades de artigos recuperados nas diferentes bases, os documentos originalmente encontrados em cada uma delas foram ordenados pelo título, ano e autores, sendo excluídos aqueles que apareciam mais de uma vez. Manteve-se como informação da fonte de pesquisa, aquela em que o artigo aparecia pela primeira vez na seguinte ordem: Scielo, PubMED e LILACS. Para identificar os artigos relevantes, os resultados da busca foram fracionados em cinco etapas: aplicação dos critérios de inclusão (ano e idioma), leitura do título e resumo, exclusão de trabalhos duplicados, leitura de trabalhos disponíveis na íntegra gratuitamente e exclusão de trabalhos de revisão. Foram considerados estudos relevantes aqueles que tratavam da avaliação da capacidade para o trabalho e incluíram adultos de meia idade1 e/ou pessoas idosas2 entre os participantes. Como critérios de inclusão para esta revisão definiu-se: publicações nos idiomas português, inglês ou espanhol; publicadas no período de 2008 a agosto de 2018; disponíveis na íntegra gratuitamente e que tratassem da temática da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento. A escolha por trabalhos disponíveis gratuitamente implica em uma decisão ética e política em favor do compartilhamento livre e gratuito do conhecimento científico para o desenvolvimento da sociedade. Como critérios de exclusão, determinou-se: estudos de revisão de literatura e evidências provenientes de estudos de caso, de experiência ou de opinião de especialistas, tendo em vista que a partir das classificações dos níveis de evidências, esses estudos encontram-se em menores níveis hierárquicos28. Após essa seleção, foi realizada a sistematização dos estudos e utilizado um instrumento de coleta de dados que incluiu: código de identificação do estudo, título, autores, idioma, ano de publicação, base de dados de origem, objetivo, metodologia,1 Definida no Brasil entre 40 e 59 anos segundo PAPALIA; OLDS, 200059. 2 Aqui definida como pessoas com 60 anos ou mais de idade, tal como estabelecido na Política Nacional do Idoso 60 e no Estatuto do Idoso 61 . 23 resultados, conclusões, desenho do estudo, país, cenário do estudo, participantes, amostra e idade dos participantes. Por fim, sucedeu-se a interpretação e a discussão dos principais resultados. 4.3 Resultados Como resultado das estratégias de busca apresentadas foi encontrado um total de 225 publicações às quais foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Foram excluídos: 131 pelos critérios de ano e idioma estabelecidos, 57 por não terem foco na avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento após leitura do título e resumo, 6 por serem estudos duplicados, 9 por serem não serem de acesso gratuito ou estarem indisponíveis na íntegra e 5 por serem artigos de revisão. A Figura 1 representa o fluxograma da busca e seleção dos estudos encontrados. 24 Figura 1. Fluxograma de busca e seleção de estudos sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento para inclusão na revisão integrativa, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 25 A partir dos critérios estabelecidos para a revisão integrativa, foram eleitos ao todo 17 trabalhos, sendo 16 artigos e uma dissertação oriunda da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Os trabalhos selecionados para este estudo estão detalhadamente descritos no Quadro 2. Quadro 2. Estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 Ano Autor Local do estudo N Desenho Média de idade dos participantes (anos) 2008 Metzner, Fischer e Nogueira30 Brasil 126 Transversal 36,5 e 34,5* 2009 Alavinia et al.31 Holanda 5.867 Coorte prospectivo 43,8 2010 Peralta32 Argentina 100 Transversal 39,0 2011 Bridger e Bennett33 Mar mediterrâneo 41 Transversal 45,0 2011 Hilleshein et al.34 Brasil 93 Transversal 41,7 2011 Monteiro et al.35 Brasil 241 Transversal 39,9 2012 Hilleshein e Lautert36 Brasil 195 Transversal 42,6 2012 Mafra, Carlos e Silva37 Brasil 69 Transversal NI 2013 Moura et al.38 Brasil 307 Transversal 48,0 2013 Padula et al.39 Brasil 79 Transversal 31,9 e 54,4** 2013 Prochnow et al.40 Brasil 498 Transversal 41,3 2014 Bugajska e Sagan41 Polônia 1.449 Transversal 31,4 e 50,3*** 2014 Koolhaas et al.42 Holanda 5.247 Transversal 53,0 2015 Ferreira43 Brasil 106 Transversal 37,7 2016 Martinez, Latorre e Fischer44 Brasil 599 Coorte prospectivo 36,7 2016 Von Bonsdorff et al.45 Finlândia 4.329 Coorte prospectivo 50,1 2017 Amorim e Trelha46 Brasil 258 Transversal 62,8 Legenda: * média de idade dos grupos de trabalhadores que se encontram em diferentes estágios de responsabilidade social empresarial, ** média de idade dos grupos de participantes abaixo de 50 anos e o acima de 50 anos, *** média de idade dos grupos de participantes < 45 anos e ≥ a 45 anos. NI = não informado. Os 17 estudos que integram esta revisão foram realizados entre os anos de 2008 e 2017, sendo que 47,0% (n=8) foram publicados até 2012; 52,9% (n=9) foram 26 publicados entre 2013 e 2017. Não houve publicações do ano de 2018 que obedecesse aos critérios de inclusão desta revisão (Figura 2). Figura 2. Distribuição por anos dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 Após análise dos 17 artigos selecionados, foram encontrados 14 (82,3%) estudos transversais e 3 (17,6%) estudos de coorte prospectivos. A distribuição dos estudos ao longo dos países resultou em 11 (64,7%) estudos realizados no Brasil, 2 (11,7%) na Holanda, 1 (5,8%) na Finlândia, 1 (5,8%) na Polônia, 1 (5,8%) na Argentina e 1 (5,8%) no Mar Mediterrâneo. Dos 11 estudos realizados no Brasil, 6 (54,4%) foram desenvolvidos na região sudeste e 5 (45,4%) na região sul. A maioria dos estudos utilizou o Índice de Capacidade de Trabalho (ICT) como instrumento para avaliar a capacidade para o trabalho. Alguns autores optaram por apresentar os resultados nas quatro classificações: excelente, bom, moderado e baixo. Em todos esses estudos a classificação do ICT bom foi a de maior prevalência31,32,34,38,40,43,46. Outro estudo apresentou o resultado da variável ICT de forma dicotomizada em adequada capacidade ou inadequada capacidade, considerando como “inadequada” as classificações baixo e moderado ICT, e a categoria “adequada” incluiu as classificações bom e ótimo. Dessa forma o resultado da prevalência do ICT adequado foi de 85,8%35. 1 1 1 3 2 4 1 1 2 1 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 27 Dois estudos apresentaram apenas a média do ICT, em ambos os resultados dos ICT foram classificados como bom33,36. Um estudo de coorte considerou a variação do ICT na análise categorizando-o como: sem alteração, piora ou melhora, nesse caso o resultado foi discreta piora44. Em outros trabalhos a análise da capacidade para o trabalho foi feita por um item único parte do ICT com a seguinte pergunta: “Suponha que sua capacidade para o trabalho, no seu melhor, tenha um valor de 10 pontos. Que pontuação você daria hoje?” Um dos estudos obteve pontuação média de 6,8 pontos45 e o outro 8,1 pontos42. Houve um estudo que não informou os resultados do ICT37. Outros três estudos realizaram comparação da variável ICT entre grupos. Nesses casos, não houve diferenças significativas entre os grupos estudados em cada pesquisa. Dessa forma, dois estudos39,41 apresentaram as médias do ICT de cada grupo com resultado classificado como bom e o terceiro estudo30 apresentou a média do ICT de ambos os grupos classificado como ótimo. Na tabela 1 são apresentadas características em relação aos artigos incluídos nesta revisão e as características das populações estudadas em cada artigo. A distribuição de periódicos que veicularam os artigos da revisão foi ampla, de modo que cada periódico veiculou um artigo, com exceção da Revista Latino-Americana de Enfermagem que veiculou dois artigos. Quanto ao número de autores obteve-se uma média de 4 autores (mínimo 1 e máximo 9), sendo que maioria dos artigos (29,4%) tinha 6 autores ou mais. A categoria profissional mais estudada foi a de profissionais de Enfermagem34- 36,40, contando com 4 (23,5%) artigos que se dedicaram ao tema. Em seguida, estão os(as) trabalhadores(as) de universidades públicas38,46 (cargos administrativos, técnicos e função de auxiliar operacional) que foram estudados em 2 (11,7%) dos artigos. As demais categorias estiveram presentes em apenas 1 (5,8%) estudo cada uma: trabalhadores(as) do setor hospitalar44; cabeleireiros(as)43; profissionais de instituição de ensino superior e indústria metalúrgica39; trabalhadores de indústria têxtil30; trabalhadores do setor municipal45; trabalhadores da indústria de produção, educação, saúde, governo e telecomunicações42; funcionários de lavanderias37; marítimos33; trabalhadores da construção civil31 e trabalhadores da Atenção Primária à Saúde32. Quanto ao estágio do envelhecimento dos participantes dos estudos incluídos nesta revisão houve 7 (41,1%) estudos que incluíram pessoas de meia idade e pessoas31- 33,35,38,40,43, 2 (11,7%) estudos que possuíam apenas pessoas de meia idade30,37e em apenas 1 (5,8%) estudo os participantes foram exclusivamente pessoas idosas46. Houve 28 ainda 7 (41,1%) estudos que incluíram pessoas de meia idade entre os participantes, entretanto, não informaram se também havia pessoas idosas incluídas no estudo34,36,39,41,42,44,45. Tabela 1. Características bibliográficas e das populações dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliaçãoda capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 Características bibliográficas N % Periódico de Publicação Fisioterapia em Movimento 1 5,8 Revista Brasileira de Epidemiologia 1 5,8 Ciência & Trabajo 1 5,8 Revista Latino-Americana de Enfermagem 2 11,7 Brazilian Journal of Physical Therapy 1 5,8 Revista da Escola de Enfermagem da USP 1 5,8 Revista Gaúcha de Enfermagem 1 5,8 Saúde e Sociedade 1 5,8 BMC Public Health 1 5,8 International Journal of Occupational Safety and Ergonomics 1 5,8 Internacional Archives of Occupational and Environmental Health 1 5,8 Work 1 5,8 Occupational Medicine 1 5,8 Scandinavian Journal of Work, Environment and Health 1 5,8 Revista Eletrônica de Enfermagem 1 5,8 Dissertação de Mestrado 1 5,8 Autores por publicação 1 autor 2 11,7 2 autores 4 23,5 3 autores 3 17,6 4 autores 1 5,8 5 autores 2 11,7 6 autores ou mais 5 29,4 Categoria profissional dos participantes Trabalhadores de universidade pública 2 11,7 Trabalhadores do setor hospitalar 1 5,8 Cabelereiros 1 5,8 Profissionais de Enfermagem 4 23,5 Profissionais de uma instituição de ensino superior e uma indústria metalúrgica 1 5,8 Trabalhadores da indústria têxtil 1 5,8 Profissionais do setor municipal 1 5,8 Trabalhadores da indústria de produção, educação, saúde, governo e telecomunicações 1 5,8 Funcionários de lavanderias 1 5,8 Marítimos 1 5,8 29 Trabalhadores da construção civil 1 5,8 Trabalhadores da Atenção Primária à Saúde 1 5,8 Não informado 1 5,8 Sexo predominante Feminino 10 58,8 Masculino 4 23,5 Não informado 3 17,6 Estágio do envelhecimento dos participantes Apenas pessoas de meia idade 2 11,7 Apenas pessoas idosas 1 5,8 Pessoas de meia idade e pessoas idosas 7 41,1 Pessoas de meia idade e não informado se há pessoas idosas 7 41,1 Total 17 100,0 Fonte: Dados da pesquisa, 2018. Após a leitura dos trabalhos na integra foi possível categorizá-los nas três dimensões a seguir: fatores associados à capacidade para o trabalho, teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho e dor, condições crônicas de saúde e capacidade para o trabalho no envelhecimento. Nesse sentido, o quadro 3 mostra os principais resultados da amostra pesquisada neste estudo em cada dimensão que será discutida adiante. 30 Quadro 3. Resultados dos estudos incluídos na revisão integrativa sobre avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento, 2008 a agosto de 2018 – Santa Cruz, RN, Brasil, 2018 Dimensão 1: Fatores associados à capacidade para o trabalho Autores Composição da amostra Resultados Monteiro et al.35 Auxiliares de enfermagem Associação entre a capacidade de trabalho inadequada a maior idade (p=0,0003) e a faixa etária (≥ 45 anos) (p=0,0081) com declínio na capacidade para o trabalho com o envelhecimento. O IMC (obesidade) (p=0,0133) estava associado com a capacidade de trabalho inadequada. Hilleshein et al.34 Enfermeiros Correlação negativa fraca (r=-0,22; p=0,0394) entre a idade e o ICT, ou seja, quanto mais jovem o enfermeiro, melhores escores no ICT. Enfermeiros que vivem sozinhos apresentaram médias superiores no ICT aqueles com companheiro (p=0,0495). Bridger e Bennett33 Marítimos O melhor preditor de capacidade para o trabalho foi à interação entre o IMC e a idade. Houve um efeito deletério sobre a capacidade para o trabalho com o aumento do IMC em trabalhadores mais velhos. Martinez, Latorre e Fischer44 Trabalhadores do setor hospitalar Associação entre a idade e a capacidade para o trabalho. Entretanto, a variável idade <30 anos, referente ao grupo mais jovem (p=0,01) estava associada ao comprometimento da capacidade para o trabalho. Ferreira43; Hilleshein e Lautert36 Cabeleireiros43 ; Enfermeiros36 Identificou outros fatores sociodemográficos associados à capacidade para o trabalho: escolaridade (p=0,043), estado civil (p=0,002) e renda (p=0,021); sendo esta última também observada por Hilleshein e Lautert36 entre enfermeiros (p<0,05). 31 Hilleshein e Lautert36 Enfermeiros Trabalhadores(as) que realizavam atividades em família apresentaram escores superiores no ICT aos daqueles que não a realizavam (p=0,009). Hilleshein et al.34 Enfermeiros Hábitos como dormir sete horas ou mais por dia e não fumar estiveram associados positivamente com a capacidade para o trabalho. Mafra, Carlos e Silva37 Trabalhadores do serviço de lavanderia Hábitos de estilo de vida que contribuem diretamente para reduzir a capacidade para o trabalho como a resistência à prática de atividades e à alimentação saudável do ponto de vista nutricional, além do consumo de bebidas alcoólicas todos os finais de semana Padula et al.39 Trabalhadores mais jovens e mais velhos: instituição de ensino superior e da indústria metalúrgica. Os resultados dos testes de capacidade físico-funcional aplicados revelaram desempenho similar entre os grupos em medidas de desempenho de caminhada, força muscular e de função física de membros inferiores. Os trabalhadores mais velhos apresentaram um pior desempenho apenas no teste de apoio unipodal direito (p=0,004). O ICT se mostrou correlacionado com o teste de sentar e levantar da cadeira entre mulheres do grupo de trabalhadores mais velhos (r = 0,573, p = 0,051). Amorim e Trelha46 Trabalhadores idosos servidores públicos de uma universidade Mulheres diferiram em relação às quedas após os 60 anos (p=0,007) e nos últimos 12 meses (p = 0,017). A força muscular de preensão (r = 0,72; p <0,000) e o teste de sentar e levantar da cadeira (r = 0,73; p <0,000) mostraram excelente correlação com a capacidade para o trabalho. Von Bonsdorff et al. 45 Funcionários municipais: aposentadoria por invalidez e aqueles que se aposentaram sem deficiência. A prevalência de limitação na mobilidade para aqueles que se aposentaram sem deficiência (taxa de incidência = 0,45, IC = 95% 0,44–0,46) foi menor comparado aos aposentados por invalidez (taxa de incidência = 0,65, IC = 0,63–0,66). Uma melhor capacidade na meia-idade foi associada a um menor risco de limitação de mobilidade entre os aposentados sem deficiência e os aposentados por invalidez. 32 Martinez, Latorre e Fischer44 Profissionais do setor hospitalar Associação entre a capacidade para o trabalho e a intensificação do excesso de comprometimento (p <0,001). Ferreira43 Grupo de cabeleireiros Associação entre capacidade para o trabalho e bem-estar psicológico (p = 0,017), estresse psicossomático (p = 0,005), estresse cognitivo (p = 0,009) e distúrbios do sono (p = 0,048) Prochnow et al.40 Trabalhadores de enfermagem As chances dos trabalhadores em alta exigência apresentarem redução da capacidade para o trabalho foram maiores e significativas (OR = 2,01; IC95% =1,15-3,51) quando comparados aos com baixa exigência. Martinez, Latorre e Fischer44 Trabalhadores do setor hospitalar As variáveis intensificação do desequilíbrio esforço-recompensa (p = 0,009) e intensificação das demandas elevadas no trabalho (p = 0,040) estiveram associadas ao comprometimento da capacidade para o trabalho. Hilleshein e Lautert36 Enfermeiros de um hospital universitário Satisfação com o local de trabalho (p = 0,001) e a valorização por parte da instituição (p = valor 0,003) foram identificados com associação significativa com a capacidade para o trabalho. Monteiro35 Auxiliares de enfermagem Associação entre a presença de capacidade inadequada para o trabalho e o tempo de trabalho na instituição (OR = 1,065, IC 1,027; 1,104, p = 0,0007). Hilleshein et al.34 Enfermeiros Resultados similares a Monteiro35, evidenciaram correlação negativa e fraca com o tempo de trabalho (r = -0,23; p = 0,0295). Metzner, Fischer e Trabalhadores têxteis Não houve diferença estatisticamente significativas do ICT e do teste de autoavaliação defadiga 33 Nogueira30 entre os dois grupos trabalhadores de empresas de diferentes níveis de responsabilidade social empresarial. Dimensão 2: Teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho Martinez, Latorre e Fischer44 Grupo de trabalhadores do setor hospitalar da cidade de São Paulo no Brasil Testar o modelo teórico da Casa de Capacidade para o Trabalho; as variáveis associadas ao comprimento da capacidade para o trabalho em cada dimensão do modelo da Casa de Capacidade para o Trabalho foram: (a) dimensão sociodemográfica: idade <30 anos (p = 0,20), (b) dimensão saúde: história de acidente de trabalho (p = 0,029), (c) dimensão competência profissional: baixa escolaridade (p = 0,008), (d) dimensão valores: intensificação do excesso de comprometimento (p <0,001) e (e) dimensão trabalho: intensificação do desequilíbrio esforço- recompensa (p = 0,009) e das altas demandas (p = 0,040). Peralta32 Equipe de Atenção Primária à Saúde do município de General Pueyrredón (Argentina) Buscou validar aspectos das propriedades psicométricas do ICT. A confiabilidade do ICT traduzido e adaptado para o espanhol foi medida através do estimador alfa de Cronbach que indicou uma confiabilidade aceitável com resultado da consistência interna da escala de 0,80; Os pressupostos teóricos da validade do constructo confirmaram a correlação direta e significativa com os escores de ICT e as dimensões de avaliação do estado de saúde, sendo o maior valor o da função física (0,478) e menor com a dimensão dor (-0,218). Dimensão 3: Dor, condições crônicas de saúde e capacidade para o trabalho no envelhecimento Bugajska e Sagan 41 Trabalhadores idosos Apenas a ocorrência de dor na região lombar gerou fatores de risco mais altos para a redução da capacidade para o trabalho. 34 Peralta 32 Equipe de Atenção Primária à Saúde Apresentou correlação negativa (r = -0,218) com o ICT, o que mostra que quanto menor a dor, maior o ICT. Koolhaas et al. 42 Trabalhadores Relação com às condições crônicas de saúde; A presença de condição crônica de saúde foi negativamente associada com a capacidade de trabalho (B = -0,848). Alavinia et al. 31 Trabalhadores da construção civil holandeses Constatou-se que a ausência de doença nesse público é um fenômeno multifatorial e dentre os importantes preditores de licença médica está uma capacidade para o trabalho que não seja excelente. Moura et al. 38 funcionários de um campus universitário 84,3% da amostra referiram alguma lesão por acidente de trabalho ou alguma doença e 12,3% relataram que, frequentemente, ou algumas vezes, precisam diminuir o ritmo de trabalho por alguma lesão ou doença. 35 4.4 Discussão Na análise dos estudos incluídos nesta revisão integrativa, observou-se que no período de 2008 a 2017 a publicação de estudos relacionados à avaliação da capacidade para o trabalho durante o envelhecimento foi de pelo menos um estudo por ano, sendo o valor máximo de quatro estudos por ano, e para o ano de 2018 nenhum estudo atendeu aos critérios de inclusão da revisão até o mês de agosto. Em relação ao desenho dos estudos, o mais utilizado foi o desenho transversal, o que dificulta o conhecimento da relação temporal de causa e efeito existente entre eles. O emprego expressivo deste tipo de delineamento pode ser atribuído a fatores como o baixo custo em relação a estudos longitudinais, a facilidade de realização, a rapidez com que é empregado e a objetividade na coleta de dados47. Alguns autores citaram como limitação atribuída ao estudo transversal, a exclusão entre os participantes dos estudos de trabalhadores em afastamento devido a acidentes e doenças, o que pode influenciar os resultados pelo viés do efeito do trabalhador sadio nas medidas do ICT34,36,39,40. Esse efeito acontece pela seleção e permanência de trabalhadores com melhores condições de saúde e maior produtividade nas situações de trabalho48. Os dados corroboram com esse viés uma vez que a classificação de ICT bom foi a de maior prevalência dentre os estudos que compõem esta revisão. Em contrapartida, permanecer no trabalho, mesmo sem condições, é um desafio vivido por muitos trabalhadores, tendo em vista o risco da demissão, da exclusão dos cargos e oportunidades, cuja representação social é forte entre operários, em especial aqueles com vínculos mais precários. Quanto à distribuição geográfica dos estudos, observou-se que 70,5% dos estudos foram desenvolvidos na América do Sul, sendo o Brasil o país com mais estudos realizados em seu território, correspondendo a 64,7% dos estudos contidos nesta revisão. Entretanto, nota-se que regionalmente há uma distribuição desigual dos estudos no Brasil, pois contém apenas produções realizadas nas regiões sudeste e sul. Esse achado coincide com os dados apresentados em outro estudo49, que buscou traçar o perfil da produção científica referente à saúde do(a) trabalhador(a) no período de 2001 a março de 2008, no qual se verificou que a produção científica nacional sobre o tema se concentra na região sudeste (69,6%), seguida das regiões sul (17,4%), nordeste (11,2%), centro-oeste (1,1%) e norte (0,5%). 36 A expressiva participação da região sudeste pode ser explicada pela maior quantidade de grupos de estudos e, logo, maior número de pesquisadores, além de programas de pós-graduação e periódicos voltados à produção e publicação de artigos relacionados à saúde coletiva nessa região49. Quanto à categoria profissional, os profissionais de Enfermagem foram os mais estudados nas pesquisas sobre avaliação da capacidade para o trabalho. Comparada à revisão sistemática publicada em 201750, a presente revisão mostra uma variedade menor de categorias estudadas, uma vez que a revisão publicada em 2017 apresentou 25 categorias e a revisão atual encontrou apenas 12 categorias profissionais. Ressalta-se que pode haver um viés de seleção, uma vez que a revisão sistemática50 não deixa claro a faixa etária dos participantes dos estudos e incluiu publicações dos anos de 1999 a 2015, período maior que o investigado nesta revisão integrativa. Nota-se ainda que nesta revisão os estudos que abordaram profissionais do setor terciário da economia totalizaram 83,3%, profissionais do setor secundário estiveram em 33,3% dos estudos e os do setor primário não foram investigados. A partir da observação de dados mundiais, percebe-se que a composição setorial da força de trabalho global está se aproximando do padrão do Ocidente que vigorou em várias décadas passadas, no qual o setor de serviços contém o maior grupo de empregados trabalhando, principalmente, em razão do declínio da condição camponesa e da ascensão da cidade51. Entre os anos de 2007 e 2010, metade da população mundial tornou-se urbana pela primeira vez, compreendendo 54% em 201552. Dessa maneira, os achados da prevalência de trabalhadores do setor de serviços confirmam uma tendência mundial. O deslocamento das ocupações nos setores primário e secundário para o setor de serviços revela também o avanço da modalidade de ocupação por conta própria e menos associada ao trabalho assalariado53. Em relação aos resultados encontrados quanto à capacidade para o trabalho, os mesmos foram apresentados de variadas maneiras. Alguns estudos divulgaram apenas a média do ICT; outros classificaram como “adequada” ou “inadequada”, enquanto outros expuseram nas quatro categorias: excelente, bom, moderado e pobre, de modo que é possível constatar que não há padronização na exposição dos resultados. No entanto, foi possível observar que a maior parte dos participantes que compuseram as amostras dos estudos incluídos nesta revisão foram classificados com um bom ICT, sendo então recomendado medidas cujo objetivo seja de apoiar a capacidade para o trabalho. Para as 37 minorias que tiveram o ICT classificadocomo moderado recomenda-se melhorar a capacidade para o trabalho e para aqueles cuja avaliação do ICT foi classificada como ótima orienta-se medidas de manutenção desta capacidade para o trabalho21. Dentre as medidas recomendadas para melhorar a capacidade para o trabalho estão: diminuir a carga de trabalho e melhorar o ambiente de trabalho (ergonomia, higiene ocupacional, segurança); melhorar o grupo de trabalho e a organização de trabalho (relações interpessoais, colaboração, gerência, jornadas etc); melhorar a capacidade funcional (estímulos à atividade física e estilos de vida saudáveis) e promover as habilidades dos profissionais21. No que se refere à idade dos participantes investigados nos estudos desta revisão, 41% incluíram pessoas de meia idade e pessoas idosas, 41% estudaram pessoas de meia idade, porém não informaram se também havia pessoas idosas entre os participantes, 12% incluíram apenas pessoas de meia idade e somente 6% incluíram exclusivamente pessoas idosas. A quantidade de pessoas idosas nos artigos não permite tirar conclusões robustas sobre a capacidade para o trabalho nessa população específica. Provavelmente, a morbidade e consequente aposentadoria ou a antecipação da inatividade ofereça menos sujeitos para os estudos no próprio segmento populacional de trabalhadores mais velhos. Diante dos desafios da inclusão e manutenção da pessoa idosa no mundo do trabalho destaca-se a competição com os trabalhadores jovens, por vezes mais qualificados; o enfrentamento da estigmatização social e a insuficiência de políticas públicas que incorporem a população idosa no processo produtivo54. A partir da leitura dos estudos, emergiram três categorias de discussão que serão apresentadas a seguir. 4.4.1 Fatores associados à capacidade para o trabalho Nesta categoria foram analisados 11 artigos, que avaliaram a associação da capacidade para o trabalho a diversos fatores, dentre eles: fatores sociodemográficos, índice de massa corporal (IMC), hábitos de vida, capacidade funcional, fatores psicológicos e fatores laborais. Com relação aos fatores sociodemográficos, Monteiro et al.35 identificaram dentre os auxiliares de enfermagem brasileiros associação entre a capacidade de trabalho inadequada e as características maior idade (p=0,0003) e faixa etária (≥ 45 anos) (p=0,0081), mostrando que há um declínio na capacidade para o trabalho devido ao envelhecimento. Resultado similar foi obtido com enfermeiros no estudo de 38 Hilleshein et al.34, no qual se observou correlação negativa e fraca (r=-0,22; p=0,0394) entre a idade e o ICT, ou seja, quanto mais jovem o enfermeiro, melhores escores no ICT. Este estudo34 também identificou que enfermeiros que vivem sozinhos apresentaram médias superiores no ICT àqueles com companheiro (p=0,0495). A contribuição do estudo de Bridger e Bennett33, realizado com marítimos no mar mediterrâneo, apontou que o melhor preditor de capacidade para o trabalho foi à interação entre o IMC e a idade. Ainda que a capacidade para o trabalho tenha diminuído com a idade e com o IMC independentemente, houve um efeito deletério sobre a capacidade para o trabalho com o aumento do IMC em trabalhadores mais velhos. Monteiro et al.35 também identificaram que o IMC (obesidade) (p=0,0133) estava associado com a capacidade de trabalho inadequada entre auxiliares de enfermagem. Martinez, Latorre e Fischer44 analisando um grupo de trabalhadores do setor hospitalar constataram que há associação entre a idade e a capacidade para o trabalho. Entretanto, diferente dos demais estudos, a variável idade (<30 anos referente ao grupo mais jovem) estava associada ao comprometimento da capacidade para o trabalho (p=0,01). A pesquisa de Ferreira43 realizada com cabeleireiros identificou outros fatores sociodemográficos associados à capacidade para o trabalho como escolaridade (p=0,043), estado civil (p=0,002) e renda (p=0,021), sendo que esta última também foi observada por Hilleshein e Lautert36 entre enfermeiros (p<0,05). A capacidade para o trabalho nas idades mais velhas é construída ao longo da vida, pelas condições de saúde na infância e na adolescência, pela idade em que os homens começam a trabalhar, pela escolaridade e pelas condições de saúde nas idades mais velhas55. Nesse sentido, a idade, o estado civil, a renda e a escolaridade foram os fatores sociodemográficos associados à capacidade para o trabalho identificados pelos estudos. Entende-se que o desenvolvimento e a implementação de estratégias que busquem assegurar uma boa capacidade para o trabalho devem ser realizadas de forma precoce e continuada, a fim de garantir a saúde do(a) trabalhador(a) durante toda a sua vida laboral e manter sua qualidade de vida. Nota-se ainda que houve uma escassez nos fatores sociodemográficos investigados, sendo encorajados novos estudos que busquem outras variáveis deste âmbito. 39 Em relação aos hábitos de vida associados à capacidade para o trabalho, o estudo de Hilleshein e Lautert36 identificou que o grupo de enfermeiros que realizava atividades em família apresentou escores superiores no ICT aos daqueles que não a realizavam (p=0,009). Segundo Hilleshein et al.34 evidenciou-se também, que hábitos como dormir sete horas ou mais por dia e não fumar estão associados positivamente com a capacidade para o trabalho. Mafra, Carlos e Silva37 apontaram que trabalhadores do serviço de lavanderia apresentaram hábitos de estilo de vida que contribuem diretamente para reduzir a capacidade para o trabalho como a resistência à prática de atividades e à alimentação saudável do ponto de vista nutricional, além do consumo de bebidas alcoólicas todos os finais de semana. Os achados reforçam a importância da manutenção de hábitos saudáveis pelos trabalhadores para melhorar ou manter os escores de ICT e de medidas, por parte dos empregadores, que incentivem hábitos que melhorem a qualidade de vida no trabalho. Quanto à associação entre a capacidade funcional e a capacidade para o trabalho, Padula et al.39 compararam grupos de trabalhadores mais jovens e mais velhos de uma instituição de ensino superior e da indústria metalúrgica. O estudo constatou que embora a média do ICT para o grupo dos mais jovens tenha sido maior do que no grupo de trabalhadores mais velhos, essa diferença não foi estatisticamente significativa (p=0,237). Os resultados dos testes de capacidade físico-funcional aplicados revelaram desempenho similar entre os grupos em medidas de desempenho de caminhada, força muscular e de função física de membros inferiores. No entanto, os trabalhadores mais velhos apresentaram um pior desempenho apenas no teste de apoio unipodal direito (p=0,004). O ICT se mostrou correlacionado com o teste de sentar e levantar da cadeira entre mulheres do grupo de trabalhadores mais velhos (r = 0,573, p = 0,051). Ao avaliar a capacidade funcional de trabalhadores idosos servidores públicos de uma universidade, Amorim e Trelha46 verificaram que as mulheres diferiram em relação às quedas após os 60 anos (p=0,007) e nos últimos 12 meses (p = 0,017). A força muscular de preensão (r = 0,72; p <0,000) e o teste de sentar e levantar da cadeira (r = 0,73; p <0,000) mostraram excelente correlação com a capacidade para o trabalho. Entende-se que debater a saúde da mulher trabalhadora perpassa por questões que investiguem fenômenos relacionados aos novos postos e novas formas de organização do trabalho. A discussão inclui discrimição de gênero, múltiplas jornadas, altos diferenciais salariais, maior longevidade e menor capacidade funcional na velhice entre mulheres56. Estudo realizado por Campos et al.57 observou diferenciais de gênero e 40 raça/cor da pele na ocorrência de transtornos mentais comuns e na associação com estressores ocupacionais, com prevalências mais elevadas entre as mulheres, principalmente asmulheres negras. As implicações do gênero com a classe trabalhadora requerem uma discussão mais aprofundada que não foi objetivo de estudo nesta revisão. Em um estudo longitudinal, Von Bonsdorff et al.45 analisou a capacidade percebida de trabalho na meia-idade como um determinante da limitação da mobilidade autorreferida na velhice entre funcionários municipais que fizeram a transição para a aposentadoria por invalidez e aqueles que se aposentaram sem deficiência. Os resultados apontam que a prevalência de limitação na mobilidade para aqueles que se aposentaram sem deficiência (taxa de incidência = 0,45, IC = 95% 0,44–0,46) foi menor comparado aos aposentados por invalidez (taxa de incidência = 0,65, IC = 0,63–0,66). Além disso, uma melhor capacidade na meia-idade foi associada a um menor risco de limitação de mobilidade entre os aposentados sem deficiência e os aposentados por invalidez. Sobre a associação entre a capacidade funcional e a capacidade para o trabalho entende-se que há um indicativo de déficit de equilíbrio e força muscular nos grupos estudados e que as demandas de trabalho na meia-idade têm efeitos em longo prazo na mobilidade de idosos. Portanto, sugerem-se intervenções de promoção da capacidade para o trabalho que incluam atividades físicas, por meio de exercícios físicos, com o objetivo de proporcionar um envelhecimento ativo, saudável e com independência física, no qual as pessoas idosas possam assumir relevantes papeis na sociedade. Com relação aos fatores psicológicos, Martinez, Latorre e Fischer44 encontraram associação entre a capacidade para o trabalho e a intensificação do excesso de comprometimento (p <0,001) entre profissionais do setor hospitalar. Outros fatores como bem-estar psicológico (p = 0,017), estresse psicossomático (p = 0,005), estresse cognitivo (p = 0,009) e distúrbios do sono (p = 0,048) foram investigados por Ferreira43 entre um grupo de cabeleireiros e mostraram associação com a capacidade para o trabalho. Nesse estudo, Ferreira43 apresentou ainda os sintomas de estresse mais prevalentes nos entrevistados, tais como dificuldade para pensar claramente (16,03%), tensão em vários músculos (15,1%), dor ou problemas no estômago (13,21%), dificuldade de tomar decisões (13,21%), aperto ou dor torácica (9,43%) e falta de iniciativa (8,49%). Os resultados dos estudos revelaram que melhores condições de saúde mental estão associadas à maior capacidade para o trabalho, indicando a importância de levar 41 em conta a saúde em todas as suas dimensões. Poucos estudos consideraram os fatores psicológicos em suas avaliações, o que implica a necessidade de mais pesquisas que abordem esses fatores, como também a ampliação de estudos para outros grupos laborais. Tratando-se dos fatores laborais, ao avaliar a relação entre as demandas psicológicas, controle sobre o trabalho e a redução da capacidade entre trabalhadores de enfermagem, Prochnow et al.40 utilizaram o referencial teórico do Modelo Demanda- Controle, que configura-se como um modelo bidimensional que relaciona dois aspectos psicossociais no ambiente laboral ao risco de adoecimento, as demandas psicológicas e o controle do trabalhador sobre o trabalho58. O estudo identificou que as chances dos trabalhadores em alta exigência apresentarem redução da capacidade para o trabalho foram maiores e significativas (OR = 2,01; IC95% =1,15-3,51) quando comparados aos com baixa exigência, mesmo após ajustes por possíveis confundidores, exceto idade e sexo. Martinez, Latorre e Fischer44 utilizaram o questionário do Desequilíbrio Esforço-Recompensa cujas variáveis também avaliam estressores do ambiente psicossocial do trabalho e apontam que as variáveis intensificação do desequilíbrio esforço-recompensa (p = 0,009) e intensificação das demandas elevadas no trabalho (p = 0,040) estiveram associadas ao comprometimento da capacidade para o trabalho entre trabalhadores do setor hospitalar. Fatores como a satisfação com o local de trabalho (p = 0,001) e a valorização por parte da instituição (p = 0,003) foram identificados com associação significativa com a capacidade para o trabalho por Hilleshein e Lautert36 entre enfermeiros de um hospital universitário. Entre auxiliares de enfermagem, Monteiro35 constataram associação entre a presença de capacidade inadequada para o trabalho e o tempo de trabalho na instituição (OR = 1,065, IC 1,027; 1,104, p = 0,0007). Resultado similar foi encontrado entre enfermeiros por Hilleshein et al.34 que evidenciaram correlação negativa e fraca com o tempo de trabalho (r = -0,23; p = 0,0295). No entanto, estes resultados devem ser vistos com cautela, pois também podem sofrer influência da variável idade. A percepção de fadiga e a percepção de capacidade para o trabalho foram estudadas por Metzner, Fischer e Nogueira30 ao comparar trabalhadores têxteis de empresas que se encontram em diferentes estágios de responsabilidade social empresarial, entretanto, o estudo não se dedicou a estudar a associação da percepção de 42 fadiga com a capacidade para o trabalho. Os achados apontam que não houve diferença estatisticamente significativas do ICT e do teste de autoavaliação de fadiga entre os dois grupos trabalhadores de empresas de diferentes níveis de responsabilidade social empresarial. Os estudos revelaram os desafios no gerenciamento de problemas no local de trabalho associados a uma força de trabalho que está envelhecendo e indicam a necessidade de adotar medidas que minimizem os efeitos das variáveis associadas para a redução da capacidade para o trabalho. Nesse sentido, algumas medidas podem ser implementadas, tais como: maior aproximação dos serviços de saúde com os trabalhadores, com foco na promoção da saúde e não no tratamento do dano; criação de locais e momentos que busquem a satisfação pelo trabalho e medidas que aliviem a tensão no trabalho, e por consequência, reduzam a tensão psicológica34,40. 4.4.2 Teste de modelo teórico e validação de instrumento de avaliação de capacidade para o trabalho Nesta categoria foram avaliados dois estudos, um deles buscou testar o modelo teórico da Casa de Capacidade para o Trabalho, verificando a hierarquia das dimensões (recursos individuais, fatores relacionados ao trabalho e o ambiente macrossocial) para um grupo de trabalhadores do setor hospitalar da cidade de São Paulo no Brasil44. O outro estudo desta categoria objetivou validar aspectos das propriedades psicométricas do ICT na equipe de Atenção Primária à Saúde do município de General Pueyrredón, na Argentina32. De acordo com Martinez, Latorre e Fischer44, as variáveis associadas ao comprimento da capacidade para o trabalho em cada dimensão do modelo da Casa de Capacidade para o Trabalho foram: (a) dimensão sociodemográfica: idade <30 anos (p = 0,20),(b) dimensão saúde: história de acidente de trabalho (p = 0,029),(c) dimensão competência profissional: baixa escolaridade (p = 0,008),(d) dimensão valores: intensificação do excesso de comprometimento (p <0,001) e (e) dimensão trabalho: intensificação do desequilíbrio esforço-recompensa (p = 0,009) e das altas demandas (p = 0,040). No estudo de Peralta32, a confiabilidade do ICT traduzido e adaptado para o espanhol foi medida através do estimador alfa de Cronbach que indicou uma confiabilidade aceitável com resultado da consistência interna da escala de 0,80. Os pressupostos teóricos da validade do constructo confirmaram a correlação direta e 43 significativa com os escores de ICT e as dimensões de avaliação do estado de saúde, sendo o maior valor o da função física (0,478) e menor com a dimensão dor (-0,218). Ambos os estudos obtiveram confirmação de suas hipóteses. O estudo que testou o modelo da Casa da Capacidade para o Trabalho confirmou as dimensões propostas para trabalhadores do setor hospitalar, evidenciando que esse modelo
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