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Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral


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20/04/2024, 15:14 Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral
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Classi�cação dos transtornos
mentais e o cuidado integral
Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho
Descrição
O olhar para além da psicopatologia na avaliação psíquica, as principais
psicopatologias, o uso de psicofármacos e o cuidado integral na saúde
mental.
Propósito
A compreensão dos diferentes transtornos mentais ao realizar o exame
psíquico é fundamental para o acompanhamento do usuário, permitindo
que o profissional de saúde mental seja capaz de reconhecer e ofertar
uma escuta qualificada, terapêutica e pautada no cuidado integral.
Objetivos
Módulo 1
O exame psíquico
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Aplicar o exame psíquico, seguindo as técnicas da entrevista em
saúde mental e da semiologia psiquiátrica.
Módulo 2
O cuidado aos pacientes com transtornos de
ansiedade e transtorno de humor
Identificar os sinais, os sintomas e os psicofármacos envolvidos no
cuidado aos pacientes com transtornos de ansiedade e transtorno de
humor.
Módulo 3
O cuidado aos pacientes com transtornos
psicóticos e de personalidade
Reconhecer sinais e sintomas e os principais psicofármacos
envolvidos no cuidado aos pacientes com transtornos psicóticos e de
personalidade.
Módulo 4
O cuidado aos pacientes com transtornos
dismór�cos corporais (TDC)
Avaliar sinais e sintomas e os principais psicofármacos envolvidos
no cuidado aos pacientes com transtornos dismórficos corporais
(TDC).

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Introdução
Segundo os dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Brasil lidera o ranking mundial dos transtornos mentais
no que se refere à prevalência de transtornos de ansiedade.
Diante disso, é importante refletir sobre os motivos que colocam
o Brasil nessa posição. Pesquisadores relacionam que esses
índices podem estar ligados ao modo de funcionamento da
sociedade atual e ao investimento em novas técnicas que
auxiliam no diagnóstico e no tratamento dos mais variados
transtornos mentais
Neste conteúdo, identificaremos as principais alterações
psíquicas a serem observadas durante a realização do exame do
estado mental atual, reconheceremos os principais sinais e
sintomas dos transtornos de ansiedade, de humor, de
personalidade, dos transtornos psicóticos e suas respectivas
abordagens farmacológicas. Na atuação do profissional de
saúde, é fundamental compreender as características atuais do
paciente, sua trajetória e biografia, e não só conhecer os sinais e
sintomas dos transtornos mentais. Dessa forma, o diagnóstico
não se baseará apenas na presença ou na ausência de um
determinado sintoma, mas sim no entendimento de como o
sintoma surgiu, em qual contexto e com que intensidade e
constância.
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1 - O exame psíquico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar o exame psíquico, seguindo as técnicas da
entrevista em saúde mental e da semiologia psiquiátrica.
Avaliação do estado mental
Quando nos deparamos com pessoas em sofrimento psíquico,
experimentamos uma diversidade de emoções e sentimentos, que
podem provocar em nós curiosidade, indiferença ou afastamento. Para
que seja possível oferecer uma assistência em saúde mental de
qualidade, é fundamental saber realizar a avaliação do estado mental,
pois assim poderemos utilizar os instrumentos adequados para auxiliar
a assistência às pessoas em sofrimento psíquico e/ou com transtornos
mentais.
Antes de abordar as etapas do exame psíquico, é importante ressaltar
que cada interação é única, pois os determinantes relacionais e
socioculturais irão exigir do profissional uma abordagem apropriada
para cada paciente, tornando esse momento único, dinâmico e com
relações recíprocas. Outro ponto fundamental que antecede a realização
do exame psíquico é a comunicação estabelecida durante o processo
de acolhimento.
Durante esta fase, já se estabelece uma comunicação
terapêutica, que é a base dos cuidados em saúde
mental.
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Quando a avaliação do estado mental é iniciada, para elaboração de um
planejamento assistencial, algumas condições de normalidade e
anormalidade precisam ser levadas em consideração.
Para Marcolan e Castro (2013), o conceito de normalidade em
psicopatologia é controverso, pois existem diferentes perspectivas que
se complementam, tais como a normalidade como ausência de
doenças, a normalidade estática, a normalidade funcional, a
normalidade como ideal, entre outras. Mas nessa compreensão sobre
normalidade, é fundamental que o profissional se atente à complexidade
desse conceito para não cair em reducionismos e preconceitos.
O propósito da avaliação do estado mental é oferecer subsídios
necessários para o cuidado em saúde mental e para a construção do
Projeto Terapêutico Singular (PTS), que deve ser construído por toda a
equipe multiprofissional; portanto, ao interagir com a pessoa com
transtorno mental durante o acolhimento nos serviços de saúde, o
objetivo é coletar dados para garantir uma boa assistência e um
direcionamento em saúde adequado. A partir dos dados coletados é
possível:
Identificar os sinais e os sintomas.
Descartar as alterações orgânicas.
Compreender como a pessoa em sofrimento psíquico se percebe
e se sente nessa condição.
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Orientações para o início e
desenvolvimento da entrevista
O sofrimento psíquico ocorre em condições clínicas e extraclínicas; com
isso, é importante adotar um roteiro para auxiliar o profissional na
abordagem ao paciente, garantindo um olhar interdisciplinar na
construção do projeto terapêutico.
Ao iniciar a entrevista em saúde mental, é recomendado que o exame do
estado mental seja cercado de cuidados como:
1
Apresentar-se, demostrando-se
acolhedor e profissional (falar
seu cargo e profissão).
2
Falar menos, utilizando
expressões simples, e ouvir
mais, pois escutar o paciente é a
prioridade na entrevista.
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3
Abordar o paciente pelo nome e
respeitar sua privacidade.
4
Ficar atento às expressões
verbais e não verbais durante o
processo comunicativo.
5
Atentar para o conteúdo da
comunicação verbal, pois a
incoerência entre a comunicação
verbal e a não verbal pode ser
um sinal de alteração no estado
mental.
6
Procurar um equilíbrio na
observação objetiva e no uso da
experiência clínica para fazer as
inferências pertinentes.
7
Coletar informações relevantes
como dados de identificação,
história familiar, histórico
psicossocial e motivos que o
levou a procurar o serviço.
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O profissional deve evitar algumas atitudes e posturas inadequadas e
improdutivas como posturas rígidas e estereotipadas, atitude
excessivamente neutra ou fria, reações exageradamente emotivas,
comentários valorativos, reações emocionais intensas de pena ou
compaixão, respostas hostis ou agressivas.
Entrevistas excessivamente prolixas e a realização de muitas anotações
durantea entrevista podem atrapalhar o processo de avaliação e
comunicação.
Etapas do exame psíquico
No ato do exame propriamente dito, o profissional deve estar atento a
diversos aspectos e funções mentais. A seguir, serão abordadas as
etapas e os componentes do exame psíquico:
Aparência geral
Nesta etapa, são observados a higiene, a vestimenta e as condições
físicas, a expressão facial , a postura corporal e o comportamento
social. Durante a interação, o profissional pode observar
comportamento bizarro, isolado, preocupado, constrangido, desconfiado
ou desinibido. Nesse momento, o profissional deve descrever de forma
clara no prontuário o que reparou, para que outras pessoas que não
conhecem o paciente consigam ter a ideia clara da aparência dele.
Observe o exemplo a seguir:
Mulher baixa emagrecida, com a higiene corporal preservada, porém
despenteada, com vestimentas inapropriadas para a temperatura, olhar
distante, com semblante triste, aparentando ter muito mais idade do que
40 anos.
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A partir dessa descrição, é possível realizar o levantamento de hipóteses
e cuidados iniciais que permitam uma atenção especial para o caso. É
importante, no entanto, não confundir as primeiras hipóteses com uma
visão já determinista e direcionada para um diagnóstico, pois devemos
estar sempre abertos para novas informações que podem mudar
completamente as primeiras impressões.
Consciência
Nessa etapa, deve ser analisado se o paciente está ciente de si mesmo
e do ambiente, se está acordado, vígil e desperto. Pacientes com
alteração do nível de consciência podem apresentar alterações
qualitativas e/ou quantitativas como estado confusional agudo,
obnubilação da consciência, estupor e, nos casos mais graves, coma.
A semiotécnica aplicada para a análise das alterações qualitativas e
sindrômicas é realizada nas perguntas sobre o que sujeito sabe de si, do
tempo, do espaço e dos objetos ao seu redor.
Fazer perguntas sobre o nome completo do paciente, o número do seu
celular, o ano em que estamos, o nome do presidente e pedir para
movimentar uma parte específica do corpo são muito úteis para
compreender o arranjo do campo da consciência.
Obnubilação da consciência
Trata-se de uma alteração da consciência, caracteriza-se pela diminuição
da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das
impressões sensoriais.
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Semiotécnica
Procedimento utilizado para identificar os sinais de uma doença durante um
exame clínico.
A expressão fisionômica do avaliando também contribui de forma
significativa na avaliação da consciência. A partir dela é possível
perceber se há sonolência, fadiga ou rebaixamento da consciência. É na
expressão fisionômica que também é possível encontrar traços de
perplexidade, desinteresse, dificuldade de compreensão e de julgamento
da realidade.
Orientação
Trata-se de um complexo de funções psíquicas, a partir do qual temos
consciência de cada etapa de nossa situação real e de vida. Ao realizar
a avaliação desse item, assim como ao avaliar a consciência, o
profissional deve fazer perguntas sobre o tempo, o espaço e sobre
aspectos da identidade pessoal do próprio paciente.
As alterações podem ser:

Desorientação temporal
Dificuldade em localizar-se no tempo.
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
Desorientação espacial
Dificuldade em localizar-se no espaço, ou seja, o lugar em que está.

Desorientação autopsíquica
Alteração na capacidade de fornecer informações sobre si mesmo
como nome, idade, ocupação, entre outras.
Para investigar a orientação do paciente, inicie com perguntas simples e,
depois, faça perguntas mais complexas. São perguntas simples:
Qual é o seu nome completo?
Onde fica a sua casa?
Onde estamos?
Em que mês estamos?
Qual é a data do seu aniversário?
As perguntas mais complexas podem ser sobre o número de celular de
alguém, ou sobre a forma como o paciente chegou ao atendimento.
De modo geral, a semiotécnica da orientação deve apresentar perguntas
relacionadas à orientação temporal, à orientação espacial e, por fim, à
orientação autopsíquica. Note que isso observa a lógica do
comprometimento da orientação mental de modo que indica a
profundidade da desorientação do paciente.
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Orientação temporal
As perguntas de orientação temporal são em torno do dia de hoje, da
semana, do mês, do ano em que estamos, da hora aproximada, do
período do dia e das refeições realizadas.
Orientação espacial
As perguntas de orientação espacial são aquelas que indicam o lugar
onde se está, a cidade e o bairro onde mora, o tempo gasto para chegar
onde está e a localização de alguns objetos de sua casa ou do lugar em
que se encontra.
Orientação autopsíquica
As perguntas de orientação autopsíquica são sobre o nome, o estado
civil, a profissão e a idade real do paciente.
Observa-se, nesse caso, a habilidade de focar na atividade mental em
um determinado ponto. Quando alterada, o paciente pode estar com
hipervigilância ou hipovigilância.
Hipervigilância
Aumento da atenção aos estímulos ambientais e dificuldade de
concentração.
Hipovigilância
Diminuição da atenção aos estímulos do ambiente.
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No caso da avaliação dessa função, pela sua complexidade, seria
necessário avaliar a capacidade do sujeito em selecionar, organizar,
filtrar, inibir, alternar e sustentar uma nitidez consciente de um
objeto/estímulo. Portanto, nenhuma avaliação de atenção que se
proponha para um levantamento válido e fidedigno desses elementos
pode ser considerada eficiente e exata. De qualquer forma, em um
primeiro momento e como forma de triagem, o profissional pode avaliar
de forma superficial e, caso suspeite de algum problema nessa função
especificamente, utilizar testes psicológicos específicos
posteriormente.
Memória
Quanto a esse quesito, observa-se a capacidade de registrar, fixar,
manter, relembrar e reconhecer situações, pessoas, objetos e fatos
ocorridos, que também são acompanhados de emoções. O profissional
deverá analisar três planos da memória:
Memória imediata
Registro e reprodução de informações em poucos segundos.
Memória de curto prazo
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Fatos recentes vividos.
Memória de longo prazo
Lembranças de fatos remotos.
As principais alterações da memória são:
Amnésia
Incapacidade de evocar
experiências passadas.
Hipermnésia
Aumento da capacidade de
evocar com riqueza de
detalhes.
Hipertrofia da memória
Intensa capacidade de
fixação como forma de
compensar o déficit
intelectual.
Criptomnésia
Não reconhecimento das
situações vivenciadas, as
quais são encaradas como
algo novo.
Confabulações
Lacunas de memórias que
são preenchidas com
fantasias.
Afetividade
Neste item, são analisadas modalidades da vivência afetiva das
pessoas, como emoções, humor e sentimentos. Por se tratar de uma
abordagem genérica, são muitas as alterações no afeto, como euforia,
embotamento afetivo, labilidade afetiva, apatia, anedonia, ambivalência
afetiva, depressão, ansiedade, fobias e pânico. Em geral, durante o
exame psíquico, avalia-se a resposta afetiva do paciente aos eventos e
informaçõesabordadas durante a entrevista e as respostas que ele ou
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outros próximos a ele relatam. Buscamos saber se tais respostas são
coerentes e proporcionais com a situação desencadeante.
Em alguns casos, podemos considerar nervosismo e desconfortos que
podem ser até esperados, dependendo da situação em que o sujeito se
encontre.
Existem respostas, no entanto, que passam a ser motivo de atenção por
parte do clínico, como o riso intenso fora de contexto, seguido por um
choro angustiante. Esses tipos de expressão podem ser indicadores de
surtos psicóticos, depressões e outros transtornos mentais.
Psicomotricidade
Este aspecto é entendido como a vontade e disposição para agir, já que
pensamos e agimos de maneira automática, sem refletir. Assim, ao falar
de psicomotricidade estamos nos referindo a atos voluntários e
involuntários. Nesse caso, destacam-se como principais alterações:
Hipobulia Dificuldade de realizar ações.
Negativismos
Resistência automática às
solicitações.
Excitação psicomotora Agitação motora.
Inibição psicomotora Diminuição motora.
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Acatisia
Incapacidade de permanecer
sentado.
Tiques Movimentos irregulares.
Maneirismos e estereotipias
Repetições mecânicas e
automáticas de um ato
motor complexo.
Agressividade Pode ser heteroagressivo.
Compulsão
Rituais que a pessoa
reconhece como
indesejáveis, porém, ela não
consegue evitar.
Catatonia
Permanecer com
comportamento inexpressivo
que pode ser rompido com
rompantes de agressividade.
Analisar o nível de agitação desde o começo da avaliação é essencial
para a proteção do paciente e dos que estão à sua volta. Para isso, é
importante saber se aproximar, demonstrando empatia e respeito,
dando o espaço necessário, pois em algumas ocasiões essa agitação
pode ser em resposta ao desconforto que o paciente está vivenciando
no momento pela forma como está sendo enquadrado.
Sensopercepção
Neste item, são analisadas a sensação e a percepção. A sensação é um
fenômeno psíquico decorrente da ação da luz, dos sons, do calor e de
outros elementos sobre os órgãos do sentido (olfato, paladar, tato, visão
e audição). Já a percepção é a maneira como tomamos conhecimento
de um estímulo sensorial. Quanto a esses aspectos, as principais
alterações são:
Ilusão Alucinação
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Percepção deformada
da realidade. Por
exemplo, um cinto é
percebido como uma
cobra.
Percepção real de algo
que não produziu um
estímulo sensorial –
pode ser auditiva,
olfativa, gustativa, visual
e tátil.
Pensamento
Este item é analisado a partir da fala e do comportamento do paciente.
Nessa análise, serão observados o curso do pensamento (observar a
velocidade do pensamento), a forma do pensamento (observar se há
coerência no pensamento) e o conteúdo de pensamento (observar as
ideias em si, a substância do pensamento). Deve-se ter atenção especial
aos delírios, que são ideias falsas acreditadas pela pessoa como reais.
Os mais comuns são:
delírios de perseguição ou persecutório;
delírios de referência;
delírios de influência;
delírios de ciúmes;
delírios de grandeza;
delírios místicos;
delírios de culpa e autoacusação.
Linguagem
Pode ser verbal ou não verbal e representa o meio de comunicação
entre as pessoas. É a forma por meio da qual expressamos nosso
pensamento. As principais alterações são:

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Juízo crítico
É a capacidade de autopercepção, algumas literaturas também irão
chamar de consciência do eu. Trata-se do julgamento a respeito de si
mesmo e de sua condição psíquica.
Logorreia
Aumento do fluxo e do volume
da linguagem.
Bradilalia
Diminuição do ritmo e do fluxo
da linguagem, com expressão
vagarosa e lenta.
Mutismo
Negativismo verbal.
Ecolalia
Repetição das últimas palavras
ou sílabas da pergunta.
Verbigeração e mussitação
Repetição sem sentido de sons,
sílabas ou palavras, em volume
baixo, murmurado e monótono.
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Diz respeito à capacidade de adequação da realidade externa e à
capacidade de separar os aspectos pessoais subjetivos do mundo
externo, ou seja, é a consciência do próprio corpo.
Inteligência
Nesta etapa da avaliação, o profissional deve avaliar o nível ou a
capacidade de aprendizagem formal, levando em consideração os
aspectos culturais e sociais. O sujeito deve ser capaz de resolver
problemas novos, reconhecer de maneira correta as situações
vivenciadas e encontrar soluções. Durante essa etapa da avaliação, o
entrevistador deve identificar se há sinais de retardo mental leve,
moderado ou grave.
Atenção!
É a etapa do exame psíquico que requer diálogo e troca com outros
profissionais da equipe. O profissional pode solicitar a resolução de
operações matemáticas simples sem uso de papel ou de calculadora.
Uma vez compreendidas todas as etapas do exame psíquico, é
importante entender que esse exame é um instrumento metodológico
para assistência em saúde mental, pois identificar e avaliar as
alterações que podem estar caracterizando o quadro clínico do paciente
são indispensáveis para uma condução adequada do projeto terapêutico
a ser implementado.
Como realizar o exame psíquico e
qual a sua importância
A especialista Julia Teixeira fala sobre as diversas etapas e
componentes do exame psíquico e a forma de avaliar cada um deles.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O exame psíquico, ou exame do estado mental atual, requer a
observação sistemática do comportamento do paciente, sendo um
desafio para os profissionais a execução dessa etapa fundamental.
São etapas obrigatórias que devem ser avaliadas:
1. Aparência    2. Pensamento    3. Humor e afeto    4. Felicidade e
amizade
De acordo com o exposto, assinale a alternativa correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O exame psíquico tem diversas etapas que devem ser
rigorosamente analisadas. Assim, a aparência e apresentação do
A
Somente constam no exame de estado mental:
processos de pensamento, humor e felicidade e
amizade.
B
Somente constam no exame de estado mental:
aparência, pensamento, humor e afeto e felicidade e
amizade.
C
Somente constam no exame de estado mental:
aparência, humor e afeto e felicidade e amizade.
D
Somente constam no exame de estado mental:
aparência, pensamento, humor e afeto.
E
Somente constam no exame de estado mental:
aparência, pensamento e felicidade e amizade.
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paciente, os processos de pensamento e os aspectos afetivos e do
humor são partes do exame do estado mental atual do paciente.
Questão 2
Uma jovem de 23 anos é levada à UPA de sua cidade por sua mãe.
Ao ser entrevistada pelo profissional de plantão, informou que tem
ouvido vozes que dizem que ela é a herdeira de uma grande fortuna
e quepertence a uma família de reis e rainhas de um país que
somente ela e sua família conhecem. Ela afirma que em breve será
a pessoa mais importante do mundo, basta apenas que o sol e a lua
acendam ao mesmo tempo. Diante dessa fala, o profissional que
atendeu à jovem pode considerar que a paciente possui alterações
em quais etapas do exame psíquico?
Parabéns! A alternativa B está correta.
Fazem parte da avaliação do estado mental os itens pensamento e
sensopercepção. O relato sobre ouvir vozes indica uma alteração na
sensopercepção, conhecida como alucinação auditiva, enquanto a
fantasia de pertencer a uma família poderosa e herdeira de uma
grande fortuna demonstra uma alteração no conteúdo do
pensamento, caracterizando assim um pensamento delirante.
A Linguagem e pensamento.
B Pensamento e sensopercepção.
C Afeto e sensopercepção.
D Linguagem e afeto.
E Afeto e pensamento.
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2 - O cuidado aos pacientes com transtornos de ansiedade e
transtorno de humor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de Identi�car os sinais, os sintomas e os
psicofármacos envolvidos no cuidado aos pacientes com transtornos de ansiedade e
transtorno de humor.
Transtornos de humor ou transtornos
afetivos
O termo “humor” significa “ânimo de uma pessoa em relação a alguma
coisa ou em alguma situação”. Antes de iniciar os estudos sobre os
diferentes tipos de transtornos de humor que existem, é importante
lembrar que tristeza e alegria fazem parte do cotidiano de todos nós,
sendo:
Tristeza
Resposta natural à
perda, ao luto, à derrota,
à desilusão ou aos
traumas.
Alegria
Resposta natural às
situações agradáveis,
aos ganhos, às vitórias
e aos nascimentos.
No estudo sobre os transtornos de humor, a depressão e a mania são
consideradas alterações patológicas do humor, pois nesses casos a

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alegria e a tristeza possuem um caráter excessivo e são acompanhadas
de diversos outros sintomas psíquicos e/ou físicos. Esses estados,
portanto, são caracterizados por sua natureza desproporcional.
Os transtornos depressivos são alterações
emocionalmente graves, que persistem e que podem
variar de intensidade leve ou grave, provocando
dificuldades na vida trabalhista, social e familiar, além
de alterações de ordem cognitiva, neurovegetativa e na
psicomotricidade.
Nos últimos anos, estudos sobre as abordagens teóricas, os fármacos e
os diversos tipos de intervenções terapêuticas têm facilitado o acesso
às informações e desmistificado o estigma sobre essa psicopatologia.
Em contrapartida, o aumento dessas informações tem provocado uma
superficialidade na aproximação desse comportamento humano. As
pessoas costumam resistir em procurar um especialista e tentam se
autodiagnosticar, usando a internet como fonte de conhecimento.
Atualmente, trabalha-se com três possíveis causas para o
desenvolvimento do transtorno de humor depressivo. Sendo elas:
Causa biológica ou genética
Causa psicológica
Eventos estressores da vida
A causa biológica ou genética está ligada às influências ambientais e
químicas no cérebro da pessoa. Os neurotransmissores, como a
serotonina e a noradrenalina, são responsáveis pela regulação do humor
e estão entrelaçados ao sistema humano de resposta ao estresse.
A causa psicológica possui, pelo menos, três abordagens distintas para
explicar a origem do rebaixamento do humor. Sendo elas:
Psicodinâmica
A experiencia de vida e o desenvolvimento da personalidade serão
determinantes para o desenvolvimento da depressão.
Cognitivo-comportamental
Os pensamentos, as imagens e o sistema de crenças internas afetariam
o comportamento da pessoa.
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Existencial
O sujeito apresenta dificuldades na busca de significado para a sua vida.
Por último, os eventos estressores da vida, os quais estão diretamente
ligados a perdas pessoais, maus-tratos físicos e/ou sexuais, são fatores
que aumentam a probabilidade de depressão.
Curiosidade
A organização Mundial da Saúde (OMS) estima ser difícil estabelecer
uma prevalência para a depressão, devido ao fato de ser um transtorno
muito comum. Investigações em diferentes países do mundo afirmam
que a depressão acomete aproximadamente de 3 a 11% da população.
Quando analisado o aspecto do sexo, é percebido que mulheres
possuem de duas a três vezes mais chances de desenvolver depressão.
Acredita-se que essa prevalência de depressão em mulheres esteja
ligada à influência das pressões sociais, do estresse crônico e do baixo
nível de satisfação com o “papel” do ser feminino (MARCOLAN;
CASTRO, 2013).
Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11, 2018.), os principais
sintomas que uma pessoa com depressão irá apresentar são:
perda do prazer e do interesse;
humor deprimido; energia reduzida;
cansaço acentuado depois de esforço leve;
sono perturbado;
culpa ou diminuição da autoconfiança;
fadiga;
diminuição da libido;
diminuição, agitação ou lentificação da fala;
alteração do apetite;
dificuldade de concentração;
pensamentos ou atos suicidas.
Os transtornos depressivos apresentam três níveis: leve, moderado e
grave. Todos eles implicam alterações nas esferas do funcionamento
cognitivo, comportamental, fisiológico e afetivo. Nesses três níveis,
podemos observar que as consequências na qualidade de vida e na
capacidade do indivíduo de se adaptar também se apresentam de forma
gradual, sendo piores nos casos de depressão grave. Veja a seguir:
20/04/2024, 15:14 Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral
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Os sintomas são identificados como os típicos do pesar normal,
e as alterações cognitivas são a preocupação com a perda,
ambivalência e tendência a culpar os outros. As alterações
comportamentais são marcadas pelas crises de choro,
regressão, agitação e inquietação. As alterações de ordem
fisiológicas são o da anorexia ou aumento da ingestão de
alimentos, dor torácica, insônia ou hipersonia e cefaleia. Por
último, a alteração afetiva pode apresentar sentimento de raiva,
negação, culpa, ansiedade, desânimo, tristeza e desesperança.
Os sintomas associados na esfera cognitiva são retardo do
pensamento, dificuldade de concentrar-se, e pensamentos
obsessivos e repetitivos. Na alteração comportamental, os
movimentos físicos ficam mais lentos, a postura fica largada, a
fala mais lenta e o isolamento social é marcante, além de o
paciente apresentar condições precárias de higiene. No aspecto
fisiológico, as alterações são de anorexia ou aumento do
consumo de alimentos, dores abdominais, fadiga, amenorreia,
insônia ou hipersonia e diminuição da libido. Na alteração
afetiva, os sentimentos de tristeza, desânimo, desesperança,
desespero, baixa autoestima e dificuldade de sentir prazer são os
principais sintomas aparentes.
Os principais sintomas de ordem afetiva são de total sentimento
de desespero, impotência e menos-valia, sentimentos de vazio,
apatia, solidão, tristeza e total incapacidade de sentir prazer. Na
esfera fisiológica, os sintomas são de lentificação geral de todo o
corpo, constipação intestinal, retenção urinária, amenorreia,
perda significativa de peso e diminuição da libido. Nesse tipo de
transtorno ainda podem ocorrer sintomas psicóticos, como
delírios e alucinações.
Depressão leve 
Depressão moderada 
Depressão grave 
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Os estudos psicopatológicos ainda incluem mais dois outros tipos de
transtorno depressivo. São eles:
Uso de Psicofármacos nos
transtornos do humor
Embora a prescrição de psicofármacos seja uma prática exclusiva do
médico, é fundamental que outros profissionais conheçam a ação dos
psicofármacos usados no tratamento da depressão e de outros
transtornos mentais, as possíveis interações medicamentosas e os
possíveis efeitos colaterais, pois tal conhecimento é essencial para a
realização de um acompanhamento mais integral do caso.
 Transtorno depressivo recorrente
É caracterizado por episódios repetidos de
depressão com períodos de recaída e remissão,
sendo considerado um tipo de depressão crônica.
 Distimia
Condição mais comum na infância ou na
adolescência, sendo vista como parte integrante do
processo de desenvolvimento da personalidade.
Para ser considerada um transtorno crônico, seus
sintomas devem estar presentes de forma
ininterrupta por no mínimo dois anos.
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Os pacientes que recebem tratamento medicamentoso com
antidepressivos apresentam melhora dos sintomas de até 50%, e essa
redução pode chegar a 85% quando o uso de medicamento é associado
à terapia.
Os principais psicofármacos envolvidos no cuidado às pessoas com
transtornos depressivos pertencem aos grupos dos:
Inibição seletiva e potente da recaptação de serotonina, também
conhecida como inibição do transportador de serotonina (SERT).
Essa inibição promove primeiramente um aumento da
concentração da serotonina na região somatodendrítica do
neurônio, e não na terminação axônica (responsável pela
neurotransmissão). Nesse caso, os principais fármacos
utilizados são: Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Citalopram,
Escitalopram e Fluvoxamina.
Promovem a inibição da serotonina, assim como a inibição do
transportador de noradrenalina em menor grau. São os principais
fármacos utilizados: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina.
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) 
Inibidores da recaptação de serotonina-noradrenalina
(IRSN) 
Inibidores da recaptação de noradrenalina e dopamina
(IRND) 
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Inibem a recaptação da noradrenalina e da dopamina pelo
transportador de dopamina. O principal fármaco utilizado é a
Bupropiona.
Bloqueiam as bombas de recaptação de noradrenalina ou
simultaneamente de noradrenalina e serotonina. Alguns são
mais seletivos para a noradrenalina, e outros, para a serotonina.
A maioria, no entanto, inibe em certo grau tanto a recaptação de
serotonina quanto a de noradrenalina. Além disso, promovem
inibição de receptores colinérgicos, histamínicos, α-adrenérgicos
e dos canais de sódio sensíveis à voltagem. Os principais
fármacos utilizados são: Clomipramina, Imipramina, Amitriptilina,
Nortriptilina.
Essas enzimas são responsáveis pela degradação das principais
monoaminas relacionadas à depressão (serotonina,
noradrenalina e dopamina). Sua inibição promove o aumento dos
níveis desses neurotransmissores no cérebro. Os principais
fármacos utilizados são: Selegilina, Fenelzina, Tranilcipromina.
Transtorno bipolar
De forma equivocada, muitas pessoas acreditam que o transtorno
bipolar se trata da alternância entre um estado de alegria e de irritação
em um curto período. O transtorno bipolar, no entanto, é caracterizado
por alternância de episódios de depressão e mania
(euforia/expansividade); dessa forma, não se trata de ficar alegre e
triste, calmo e irritado em poucos minutos. No estudo sobre as
psicopatologias do transtorno bipolar, são classificados como:
Transtorno bipolar tipo I
Antidepressivos tricíclicos (ADT) 
Inibidores da monoamina oxidase (MAO) 
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Há ocorrência de episódios maníacos com ou sem episódio depressivo
maior.
Transtorno bipolar tipo II
Há pelo menos um episódio depressivo, com episódio de hipomania
(não necessariamente mania).
Geralmente manifestando-se no início da vida adulta como um
transtorno recorrente, grave, que cursa com elevadas taxas de
morbimortalidade, o transtorno bipolar traz prejuízos e custos
significativos para o seu portador e para a sociedade.
São sintomas maníacos humor anormal e persistentemente elevado,
expansivo ou irritável, autoestima inflada ou mania de grandeza,
necessidade de sono reduzida, necessidade excessiva de falar, fuga de
ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão
acelerados, envolvimento excessivo em atividades com elevado
potencial para consequências dolorosas. Nesses casos, a perturbação
do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado
no funcionamento social ou profissional.
Recomendação
O tratamento medicamentoso preferencial é feito com o estabilizador do
humor conhecido como Carbonato de lítio, um íon que possui como
mecanismo de ação locais de transdução de sinais e receptores de
neurotransmissores. Apesar de proporcionar uma ótima resposta
terapêutica, esse psicofármaco apresenta uma janela terapêutica
apertada, sendo necessário o acompanhamento rotineiro da dosagem
séria no organismo do usuário, pois uma dosagem alta pode provocar
efeitos tóxicos graves. Outros fármacos que são utilizados no
tratamento do transtorno bipolar são: ácido valproico, carbamazepina e
lamotrigina.
Janela terapêutica
Intervalo na dosagem que permite administrar o medicamento com
equilíbrio entre eficácia e toxicidade de forma oportuna no organismo.
Transtornos de ansiedade
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“Ansiedade” é um termo de origem grega que significa “oprimir, sufocar”,
mas também pode caracterizar-se como algo que nos prepara para
enfrentar ou fugir de um perigo real ou imaginário, não sendo
necessariamente algo ruim ou que traga prejuízos para a vida das
pessoas. Sendo assim, a ansiedade pode ser considerada normal, pois
se trata de um estado emocional com componentes psicológicos e
fisiológicos adaptativos. Por outro lado, se sua intensidade é extrema e
gera sofrimento intenso e por períodos muito extensos, a ansiedade
pode ser considerada patológica.
Os transtornos de ansiedade de ordem patológica provocam sofrimento
intenso, afetando o pensamento e o aprendizado, além de distorções da
percepção, na memória e nas relações interpessoais, chegando a
promover algum tipo de incapacidade, mesmo que de forma temporária.
Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e
tendem a persistir se não forem tratados, sendo as mulheres mais
acometidas, chegando a 30,5% contra 19,2% dos homens (MARCOLAN;
CASTRO, 2013).
Há diversos tipos de transtornos de ansiedade, os quais são
classificados de acordo com a sintomatologia específica. São eles:
fobia específica;
fobia social (ansiedade social);
transtorno do pânico;
agorafobia (ansiedade em situações como estar em ambiente
fechado, ambiente aberto, multidões, em transporte público etc.)
20/04/2024, 15:14 Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral
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transtorno de ansiedade generalizada (TAG);
transtorno de estresse pós-traumático;
transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
Vamos ver agora um pouco mais sobre cada um desses transtornos de
ansiedade:
 Fobia especí�ca
Caracteriza-se pelo temor acentuado e persistente,
excessivo ou irracional, ativado pela presença ou
pela previsão de um objetivo um específico (como
andar deavião, alturas, animais, tomar uma injeção
ou ver sangue).
 Fobia social
Trata-se de um temor acentuado e persistente de
situações sociais ou de desempenho,
especialmente quando o indivíduo é exposto a
pessoas desconhecidas ou ao possível exame por
outras pessoas. O indivíduo teme agir de modo que
lhe seja humilhante ou embaraçoso (ou mostrar
sintomas de ansiedade). A exposição à situação
temida quase que invariavelmente provoca forte
ansiedade. O indivíduo reconhece que o temor é
excessivo, e o sofrimento ou esquiva interferem na
rotina normal do indivíduo.
 Transtorno do pânico
É composto de episódios descontínuos de ataques
de pânico, ou seja, 15 a 30 minutos de uma
ansiedade rápida, intensa, progressiva, em que a
pessoa experimenta medo acentuado, assim como
sintomas fisiológicos. Durante o ataque de pânico,
sente-se uma ansiedade intensa e opressiva e
apresentam-se quatro ou mais dos seguintes
sintomas: palpitações, taquicardia, sudorese,
t ã d f lt d d
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tremores, sensação de falta de ar ou de
sufocamento, sensação de engasgo, calafrios ou
ondas de calor, dor ou desconforto torácico,
náuseas ou desconforto abdominal, sensação de
tontura, vertigem ou desmaio, desrealização ou
despersonalização, medo de perder o controle ou
ficar louco, medo de morrer e parestesias.
 Agorafobia
Sabe-se que agorafobia é um transtorno de
ansiedade que, muitas vezes, desenvolve-se após
um ou mais crises de pânico. Os sintomas podem
incluir medo e evitação a lugares e situações que
possam causar sensação de pânico,
aprisionamento ou impotência. Os sintomas
manifestam-se pelo medo, pela ansiedade severa
ou depressão. Os tratamentos incluem psicoterapia
e medicamentos.
 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
Caracteriza-se pela preocupação em excesso e pelo
sentimento de excessiva ansiedade durante pelo
menos 50% do tempo, por seis meses ou mais.
Incapaz de controlar esse foco na preocupação, a
pessoa com esse transtorno apresenta três ou mais
dos sintomas a seguir: desassossego, irritabilidade,
tensão muscular, fadiga, dificuldade de pensar,
alterações do sono, dificuldade de concentração.
Esse transtorno submete o indivíduo a
preocupações com as circunstâncias e as
atividades diárias, deixando “os nervos à flor da
pele” na maior parte do tempo e gerando
incapacidade de moderada a grave.
 Transtorno de estresse pós-traumático
É di tú bi if t d ê i d
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Desrealização
Sensação de irrealidade.
Despersonalização
Sentir-se distanciado de si mesmo.
É um distúrbio que se manifesta em decorrência de
o indivíduo ser exposto a um evento traumático,
gerando no psiquismo efeitos que normalmente
podem surgir dentro dos três primeiros meses após
o trauma, com manifestações que envolvem dois
dos seguintes quesitos: o indivíduo viveu,
testemunhou ou foi confrontado com um evento
que envolveu morte ou ferimento sério, real ou
ameaça, ou uma ameaça à integridade física
própria ou de outros; a resposta do indivíduo
envolveu medo intenso, impotência ou horror; o
evento traumático é revivido; e existe uma esquiva
dos estímulos associados com o trauma e um
entorpecimento da capacidade geral de resposta.
 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
As obsessões são pensamentos, imagens ou
impulsos decorrentes, persistentes, intrusivos e
indesejados, que causam intensa ansiedade e
interferem no funcionamento interpessoal, social e
profissional. A pessoa sabe que os pensamentos
são excessivos e irracionais, mas acredita não ter
controle sobre eles. Já as compulsões são
comportamentos repetitivos ou atos mentais que a
pessoa se sente compelida a executar para diminuir
ou eliminar a ansiedade ou o desconforto
associado às obsessões. Quando não é tratado, o
TOC normalmente tem um curso crônico. Para
algumas pessoas, o curso é episódico e para
poucos pode apresentar um curso de deterioração.
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O tratamento farmacológico para os diferentes tipos de transtornos de
ansiedade inclui os antidepressivos, já abordados anteriormente, e os
benzodiazepínicos, que são medicamentos que resultam em ações
sobre o Sistema Nervoso Central (SNC). Seus efeitos são: sedação,
hipnose, redução da ansiedade, relaxamento muscular, amnésia e
atividade anticonvulsivante. Um dos principais problemas desses
fármacos está relacionado à sua alta capacidade de produzir
dependência e abstinência em quem faz uso contínuo e prolongado, por
isso a utilização no longo prazo deve ser acompanhada de psicoterapia.
Comentário
Tomando como base tudo o que foi abordado até aqui, é importante
lembrar que o cotidiano, a incerteza com o futuro, as perspectivas com a
velhice, estão entre as principais causas dos transtornos de humor e
dos transtornos de ansiedade. Assim, é preciso refletir sobre o estilo de
vida, pois isso tem nos tornando mais ansiosos, mais depressivos, com
uma sensação de vazio e uma profunda inquietação.
Os transtornos de ansiedade e o uso
de psicofármacos
A especialista Julia Teixeira fala sobre os diversos tipos de transtornos
de ansiedade e especifica os psicofármacos usados no tratamento.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Até há pouco tempo, o transtorno afetivo bipolar era denominado de
psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado porque
esse transtorno não apresenta necessariamente sintomas
psicóticos. O início desse transtorno se dá por volta dos 20 a 30
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anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. Sobre
o transtorno bipolar, marque a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Mesmo possuindo uma janela terapêutica muito estreita, o
carbonato de lítio é o principal estabilizador de humor utilizado nos
casos de transtornos bipolar.
Questão 2
Um paciente apresenta pensamentos/ideias que lhe impõem rituais
repetitivos como forma de exorcizar as ideias. De acordo com as
Diretrizes Diagnósticas da CID-11 (Classificação Internacional das
Doenças), essa é uma característica clínica do transtorno
A
O início sempre será pela fase depressiva da
doença.
B
Pacientes portadores de esquizofrenia apresentam
maior possibilidade de desenvolver a doença.
C
O carbonato de lítio é a medicação de primeira
escolha para o tratamento dessa patologia.
D
O portador de TBH apresenta como sintomas fuga
da realidade, confusão mental, delírios e
alucinações.
E
É uma doença incurável que, mesmo sendo tratada,
impossibilita o portador de exercer suas habilidades
sociais.
A de somatização.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O paciente apresenta pensamentos obsessivos e alterações
comportamentais por meio de rituais, que tendem a diminuir ou
eliminar a ansiedade ou o desconforto associado às obsessões.
Esses aspectos caracterizam o transtorno compulsivo.
3 - O cuidado aos pacientes com transtornos psicóticos e de
personalidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer sinais e sintomas e os principais
psicofármacos envolvidos no cuidado aos pacientes com transtornospsicóticos e de
personalidade.
B obsessivo compulsivo.
C doloroso somatomorfo persistente.
D hipocondríaco.
E dissociativo.
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Transtornos psicóticos
Os transtornos psicóticos são um tema amplamente discutido, mas de
difícil conceituação e explicação. Pensando nisso, primeiramente é
necessário entender o que é psicose.
A psicose implica a perda do contato com a realidade. Esse estado pode
ser entendido como uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas) que
está associada a uma série de transtornos psiquiátricos diferentes. No
mínimo, psicose significa delírios e alucinações, mas em geral envolve
também sintomas como discurso e comportamento desorganizados e
distorções graves da realidade.
A psicose pode ser considerada um conjunto de
sintomas nos quais a capacidade mental, a resposta
afetiva e a capacidade do indivíduo de reconhecer a
realidade, de se comunicar e de se relacionar com
outras pessoas estão comprometidas.
Um dos principais erros comumente cometidos pelas pessoas em
relação a esse transtorno é acreditar que a psicose e a esquizofrenia
são sinônimas. A esquizofrenia apresenta sintomas psicóticos, porém
vale destacar que a psicose não está limitada apenas à esquizofrenia.
Nesse sentido, a psicose pode ser dividida em:
Psicose orgânica
Pode ser induzida por
uso de drogas,
alterações clínicas e
delírio.
Psicose não orgânica
Está associada aos
transtornos de humor e
à esquizofrenia.
Esquizofrenia – prevalência e fatores
causais

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A esquizofrenia é um transtorno que se caracteriza por alucinações,
discurso desordenado, comportamento desorganizado ou catatônico ou
sintomas negativos que perduram por cerca de seis meses ou mais,
com pelo menos um mês de delírios. É um transtorno crônico, com
curso que abrange três fases:
Fase prodrômica
Fase ativa
Fase residual
Os dados epidemiológicos da esquizofrenia mostram que em todo o
mundo, 2 milhões de novos casos surgem a cada ano, sendo a
prevalência similar entre homens e mulheres. Em geral, o início ocorre
antes nos homens, sendo a faixa etária de pico do início dos 15 aos 35
anos de idade. Entre 25 e 50% dos pacientes esquizofrênicos tentam
suicídio, e 10% conseguem concretizar a tentativa, contribuindo para
uma taxa de mortalidade oito vezes maior do que a população geral. A
expectativa de vida de um paciente esquizofrênico pode ser de 20 a 30
anos mais curta que a da população em geral, não apenas devido ao
suicídio, mas devido à doença cardiovascular prematura (em
decorrência do estilo de vida e dos efeitos colaterais de medicação).
De causa multifatorial, o transtorno esquizofrênico é dividido em três
grupos de fatores:
Relação pai-filho caracterizada por ansiedade intensa,
comunicação com duplo vínculo, sistema familiar fechado,
limites pouco claros, interação familiar deficiente, disfunção
familiar grave (família desestruturada e ou patológica, com um
ou mais de seus membros com doença mental).
A probabilidade de filhos esquizofrênicos é maior se um dos pais
for esquizofrênico.
Ambientais estressantes 
Genéticos 
Bioquímicos 
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Os sintomas da esquizofrenia resultam de desequilíbrios de
substâncias neuroquímicas no cérebro, como a dopamina,
serotonina e noradrenalina.
Cabe ressaltar que essa divisão não deve ser realizada na prática, pois
todos esses fatores, juntos e associados, estão relacionados à
esquizofrenia.
Sintomas e tipos de esquizofrenia
A esquizofrenia está associada a diversos tipos de sintomas. Os
positivos, que são caracterizados por delírios, alucinações, discurso
desorganizado, comportamento desorganizado e agitação. Os
negativos, que são o embotamento afetivo, alogia, pobreza do discurso,
retraimento social apático, anedonia (redução da capacidade de sentir
prazer) e avolição (redução da vontade, da motivação, do desejo); e os
sintomas cognitivos, que consistem em prejuízos da atenção e do
processamento de informações. Esses sintomas se manifestam como:
Comprometimento da
fluência verbal
Capacidade de produção de
fala espontânea.
Problemas com a
aprendizagem sequencial
De uma lista de itens ou de
uma série de eventos.
Vigilância prejudicada das
funções executivas
Dificuldades para manter e
focar a atenção e a
concentração, dificuldades
para estabelecer prioridades
e dificuldades na modulação
do comportamento com
base em pistas sociais.
No aspecto do prognóstico da esquizofrenia, dentro das diversas
formas do transtorno em cada paciente, observamos casos de
prognóstico mais favorável e casos de prognóstico muito complicado.
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Sendo assim, os fatores que influenciam o transtorno esquizofrênico
são:
Início tardio e de forma aguda;
Predomínio dos sintomas positivos sobre os negativos
especialmente durante a fase aguda; e
Bom sistema de apoio familiar e social.
Início precoce e insidioso;
Isolamento social;
Autismo;
Sintomas negativos (déficits de comportamento);
História familiar de esquizofrenia; e
Episódios de reagudização sintomatológica.
Agora que já conhecemos os aspectos gerais da esquizofrenia, é
preciso conhecer seus diferentes tipos:
Fatores que melhoram o prognóstico 
Fatores que pioram o prognóstico 
 Esquizofrenia simples
Surge de forma insidiosa e progressiva com
excentricidade do comportamento, incapacidade de
responder às exigências sociais e queda no
desempenho global. Os sintomas negativos mais
marcantes são o embotamento afetivo e a volição.
 Esquizofrenia paranoide
Tipo mais comum e que melhor responde ao
tratamento. Em geral, manifesta-se de forma tardia
no portador, aparecendo por volta dos 25 ou 30
anos de idade. É considerada menos deteriorante,
ibilit d lh t ã d
20/04/2024, 15:14 Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral
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possibilitando melhor manutenção de
medicamentos e controle dos sintomas. Nesse tipo
de esquizofrenia, observa-se a predominância de
delírios (perseguição, de grandeza, missão especial,
mudanças corporais e ciúme), alucinações
auditivas bem estruturadas (vozes alucinatórias
ameaçadoras ou que lhe dão ordens), alucinações
auditivas sem conteúdo verbal (assobios, zunidos,
risos) e alucinações olfativas ou gustativas, de
sensações sexuais ou corporais.
 Esquizofrenia hebefrênica
Caracteriza-se pelo início precoce (antes dos 20
anos) e por alterações em nível de concentração,
pouca coerência de pensamento (pensamento
desorganizado, discurso incoerente), pobreza de
raciocínio, discurso infantil e cheio de divagações
(afeto pueril). Os portadores desse transtorno
costumam fazer comentários fora do contexto ou
se desviam totalmente do tema da conversa e
apresentam alterações afetivas dominantes, risos
imotivados, caretas, maneirismo, queixas
hipocondríacas ou somáticas.
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 Esquizofrenia catatônica
É o tipo menos frequente. Caracteriza-se por
transtornos psicomotores que dificultam ou
impedem a locomoção; com isso, é comum que os
portadores passem horas sentados na mesma
posição. A falta de fala também é frequente nesse
grupo. Os portadores desse transtorno podem
alternar com atividade motora excessiva e
agressiva. Alémdisso, apresentam estupor, com
perda de toda atividade espontânea, atingindo
mímica, fala, gestual e marcha. Apresentam
também excitação, posturas, inadequadas,
negativismo, mutismo, estereotipias e fala e
comportamento desorganizados.
 Esquizofrenia indiferenciada
Caracteriza-se por transtornos psicóticos que
preenchem os critérios do diagnóstico de
esquizofrenia, porém, não apresentam
características marcantes para se enquadrar em
algum grupo.
 Esquizofrenia residual
Estágio crônico no desenvolvimento de um
transtorno esquizofrênico, no qual houve uma
progressão clara de um estágio inicial para um
estágio mais tardio, caracterizado por sintomas
negativos de longa duração (embora não
necessariamente irreversíveis), ou seja, várias
sequelas. As sequelas podem se manifestar no
autocuidado, na autonomia, no autocontrole, no
relacionamento interpessoal, no funcionamento
cognitivo e no funcionamento laboral.
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Uso de psicofármacos no tratamento
de psicoses
Por ser a psicose um transtorno complexo, as abordagens de
tratamento devem ser multifacetadas e multiprofissionais. Nesse
contexto, os antipsicóticos são o grupo farmacológico utilizado no
tratamento de indivíduos que apresentem sintomatologia psicótica.
Sua ação é paliativa e não curativa, diminuindo ou cessando os
sintomas psicóticos, o impulso agressivo e de agitação psicomotora,
assim como contribuindo com a diminuição ou o desaparecimento
gradual dos quadros de alucinação e delírio. Em mulheres, os
antipsicóticos apresentam melhor resposta a menores doses, devido à
possível interferência hormonal.
Atualmente, utilizam-se dois tipos de antipsicóticos:
Os antipsicóticos típicos possuem a capacidade de bloquear os
receptores de dopamina em todo o cérebro. Essa ação
demonstrou ser responsável não apenas pela sua eficácia, mas
também pela maioria dos efeitos colaterais indesejáveis. As
ações terapêuticas dos antipsicóticos convencionais devem-se
ao bloqueio de dopamina especificamente na via mesolímbica,
envolvida nos sintomas positivos da esquizofrenia. São
Antipsicóticos típicos 
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exemplos de antipsicóticos típicos: haloperidol; flufenazina;
clorpromazina, levomepromazina, tioridazina, sulpirida,
zuclopentixol, pipotiazina.
Já os antipsicóticos atípicos atuam ao estabilizar a
neurotransmissão dopaminérgica em um estado entre o
antagonismo silencioso e a estimulação completa (ação
agonista), atuando como agonistas parciais dos receptores de
dopamina. São exemplos de antipsicóticos atípicos: clozapina,
olanzapina, risperidona, ziprazidona, aripiprazol, quetiapina.
Transtornos de personalidade
A personalidade pode se expressar como uma estrutura que caracteriza
a forma como o sujeito encara a realidade psicofísica e interage com o
meio, manifestando-se por meio do comportamento, cujas
características são peculiares em cada pessoa (MARCOLAN; CASTRO,
2013).
Já os transtornos de personalidade são distúrbios graves do
comportamento, envolvendo todas as áreas de atuação da pessoa e
resultando em considerável ruptura pessoal e social. O transtorno se
caracteriza por resposta de má-adaptação social crônica e por um estilo
pessoal de vida mal-adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou
aos conviventes. Assim, é possível entender os transtornos de
personalidade como uma acentuada modificação nos traços
emocionais e comportamentais dos indivíduos. Em outras palavras, os
transtornos de personalidade se manifestam quando esses traços se
tornam inflexíveis e mal-adaptados.
As principais características do transtorno de personalidade são:
atitudes e condutas marcadamente desarmônicas, envolvendo
todas as áreas de funcionamento (trabalho, família e sociedade);
padrão anormal de comportamento (constante e de longa
duração); comportamento inflexível;
baixa tolerância ao estresse;
Antipsicóticos atípicos 
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negação dos comportamentos desajustados; com isso, raramente
o portador busca tratamento apesar de os problemas sociais ou
ocupacionais e as manifestações aparecem na infância ou
adolescência e permanecerem na vida adulta.
Não há uma causa específica descrita sobre os transtornos de
personalidade. O que tem se adotado é a atribuição de um conjunto de
fatores associados, como constitucionais e evolutivos, biológicos,
ambientais e socioculturais. Outra possível causa pode estar
relacionada com as vivências na infância e na adolescência.
 Fatores de desenvolvimento
No que se refere aos fatores de desenvolvimento,
observa-se a incapacidade de desenvolvimento da
autonomia, com uma figura materna percebida de
forma ambivalente (ora carinhosa, ora punitiva e
cheia de ódio), um ambiente doméstico caótico,
pais inconstantes e impulsivos e, por fim, um
sistema familiar instável.
 Fatores biológicos ou genéticos
Já quanto aos fatores biológicos ou genéticos, a
maioria dos estudos aponta a questão da
predisposição familiar.
 Fatores socioculturais
Por último, tem-se a etiologia dos fatores
socioculturais, na qual o isolamento social pode
resultar da adoção de normas, comportamentos e
sistemas de valores que diferem da cultura da
maioria.
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Na classificação dos transtornos de personalidade, segundo o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM-5) existem três
grandes grupos:
Grupo A
Comportamentos descritos com estranhos ou excêntricos.
Grupo B
Comportamentos descritos como dramáticos, impulsivos, emocionais
ou erráticos.
Grupo C
Comportamentos descritos como ansiosos ou medrosos.
No grupo A temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtornos de personalidade esquizoide
Caracteriza-se pelo afastamento dos contatos sociais e
afetivos, pela indiferença a elogios, críticas, emoções e aos
sentimentos dos outros, pelo padrão de distanciamento das
relações sociais, pela ausência de sentimentos carinhosos e
intensos pelos outros, pela timidez, pelas excentricidades, pela
incapacidade de expressar hostilidade e agressividade. O
portador desse transtorno mostra-se introvertido, solitário,
ensimesmado, reservado, retraído, isolado, emocionalmente
frio e socialmente distante, caracterizando-se pelo retraimento
social, pelo afeto brando e constrito, pela frieza emocional,
falta de amigos íntimos, falta de interesse em ter relações
sexuais, preferência por passatempos solitários.
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Transtorno de personalidade esquizotípico
Tem como característica várias excentricidades no
pensamento, na percepção, na fala e no comportamento,
pensamento mágico (convicção de que pensar equivale a fazer;
ausência de relação realista entre causa e efeito), ideação
paranoide, ilusões, despersonalização (sensação de ter perdido
a própria identidade, de ser diferente), peculiaridade na escolha
de palavras, isolamento social e afeto inadequado isolado, com
pensamentos, percepções e comunicação excêntricas. As
hipóteses sobre causas são: fator hereditário (mais comum
quando há parentes esquizofrênicos), dinâmicas familiares
caracterizadas por indiferença ou formalidade, o que provoca
desconforto em relação à afeição e à intimidade pessoal, social
e emocional.
Transtorno de personalidade paranoide
Possui como característicaa sensibilidade excessiva a
rejeições; recusa a perdoar insultos; tendência a culpar e
atribuir intenções maldosas a outros; suspeita injustificada,
hipervigilância; inveja patológica; interpretação dos motivos
das outras pessoas como uma ameaça a si próprio; afeto
restrito, evidenciado pela falta de carinho e pelo senso de
humor deficiente; desejo intenso de vingança que pode levar à
violência, mas as explosões são breves e logo o controle
externo é recuperado. Há uma possível ligação hereditária, pois
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observa-se maior incidência desse transtorno quando o
indivíduo possui parentes com esquizofrenia e perda de
afeição e de aprovação na infância. Estima-se que cerca de
0,5% a 2,5% da população tenha esse transtorno e não saiba.
No grupo B, temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtorno de personalidade antissocial
São mais comuns em homens (cerca de 3%), e em 1% das
mulheres. Geralmente, são resultado de frequente história de
abuso ou negligência por figuras parentais, ambiente familiar
caótico, maus-tratos físicos, pais impulsivos e inconsistentes,
privação parental nos primeiros cinco anos de vida. Os
portadores desse transtorno apresentam padrão de violação e
desrespeito aos direitos e sentimentos das outras pessoas,
ausência de culpa ou de aprendizado com a experiência,
incapacidade de manter relacionamentos interpessoais
próximos, baixa tolerância à frustração, além disso,
demonstram agressividade, são egoístas, rudes, irresponsáveis
e desleais. Observa-se também a incapacidade de se
conformar às normas sociais, de experimentar culpa e de
aprender com a experiência. Gostam do exercício do poder e
da destrutividade sobre os outros. Caracterizam-se por história
de comportamento antissocial persistente, com distúrbio de
conduta evidente antes dos 15 anos e fraco desempenho na
escola ou no trabalho.
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Transtorno de personalidade borderline (limítrofe)
Aproximadamente 1 a 2% da população tem esse tipo de
transtorno. Caracteriza-se pelo limite entre neurose e psicose,
pela mistura de sintomas neuróticos e psicóticos, e pela
instabilidade nas emoções e no comportamento interpessoal.
É marcada por relacionamentos intensos e instáveis, com
autoimagem perturbada, sentimentos crônicos de vazio, ideias
de suicídio, comportamento impulsivo e imprevisível, relações
objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. É
também chamado de transtorno da personalidade
emocionalmente instável. Os portadores desse transtorno
apresentam atos destrutivos repetidos, relacionamentos
interpessoais tumultuados, alterações profundas e impróprias
no humor e no afeto, dúvidas a respeito de si mesmo, de sua
identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de
sua carreira profissional, e parecem estar sempre em crise.
Esse transtorno pode ser resultado de um comportamento de
dependência em relação à figura parental, como também de
um relacionamento familiar hostil e conflituoso.
Transtorno de personalidade histriônica
Caracteriza-se por um padrão de querer chamar a atenção, ser
o centro das atenções. O portador apresenta comportamento
sexual sedutor, inadequado e provocativo, com expressão
superficial das emoções. Além disso, ele preocupa-se com a
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aparência física e adota um discurso excessivamente
impressionista, com teatralidade, expressão exagerada de
emoções. É sugestionável e no relacionamento com os outros
tende a assumir uma postura mais íntima do que realmente é
do que é.
Transtorno de personalidade narcisista
O portador desse transtorno caracteriza-se pela crença de ser
extremamente importante, exagerando conquistas e talentos.
Costuma fantasiar poder e sucesso, acredita ser especial e
único, buscando se relacionar apenas com pessoas
consideradas importantes. O indivíduo com esse tipo de
transtorno espera ser sempre reconhecido e admirado como
grandioso, acreditando ter direitos especiais. Geralmente,
busca explorar os outros, pois os considera inferiores, não
sente empatia, é invejoso, arrogante e insolente.
No grupo C, temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtorno de personalidade dependente
Os portadores desse transtorno subordinam suas próprias
necessidades às de outrem, não possuem autoconfiança,
apresentando insegurança, passividade, falta de perseverança,
dificuldade de tomar decisões no dia a dia. É comum que
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outras pessoas assumam a responsabilidade pelas principais
áreas de sua vida. Apresentam comportamento submisso,
passivo e inseguro, bem como preocupação e medo de
abandono. Esse transtorno é mais comum em mulheres e
filhos de pais superprotetores que desencorajam
comportamentos independentes.
Transtorno de personalidade evitativa
As principais características desse transtorno são evitação de
atividades que envolvam contato interpessoal por temor de ser
alvo de crítica, desaprovação ou rejeição. O portador desse
transtorno evita se relacionar, a não ser que tenha certeza de
que será bem recebido. É reservado, pois teme passar por
algum tipo de constrangimento. Apresenta sentimento de
inadequação, autopercebendo-se socialmente incapaz.
Transtorno de personalidade anancástico
Caracteriza-se por sentimentos de dúvida, perfeccionismo,
meticulosidade em excesso, verificação e preocupação com
detalhes, teimosia e rigidez. Podem ocorrer pensamentos ou
impulsos persistentes, mas que não são tão graves como o
transtorno obsessivo compulsivo. Costuma suscitar
sentimento de cautela e preocupação com detalhes, ordem e
listas. Nesse caso, o perfeccionismo atrapalha a conclusão de
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tarefas. Os portadores desse transtorno tendem ao pedantismo
e às convenções sociais. Além disso, insistem de forma
exagerada que outras pessoas se submetam exatamente à sua
maneira de realizar as coisas.
No aspecto farmacológico, os transtornos de personalidade são
tratados com psicoterapia além de neurolépticos, antidepressivos,
antimaníacos e ansiolíticos. É importante destacar que são tratamentos
bastantes difíceis e igualmente demorados, pois, em se tratando de
mudanças de caráter, o indivíduo terá de mudar o seu próprio "jeito de
ser" para que o tratamento seja efetivo.
Os diferentes transtornos de
personalidade
A especialista Julia Teixeira fala sobre os diversos grupos e tipos de
personalidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A esquizofrenia que se caracteriza pela presença de atitudes
bizarras, afeto pueril, com início ainda na adolescência, é a
A hebefrênica.
B paranoide.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A esquizofrenia hebefrênica caracteriza-se por comportamentos
bizarros, além de desorganização de pensamento, afeto
infantilizado (pueril), com início precoce, ainda na adolescência.
Questão 2
É um distúrbio grave do comportamento, envolvendo todas asáreas
de atuação da pessoa, resultando em considerável ruptura pessoal
e social. O transtorno de personalidade, que tem como
característica a desconfiança generalizada e imotivada,
manifestada por ciúme, inveja, irritabilidade e hostilidade, é
conhecido como
Parabéns! A alternativa E está correta.
C catatônica.
D residual.
E simples.
A transtorno esquizoide.
B transtorno antissocial.
C transtorno esquizotípico.
D transtorno limítrofe.
E transtorno paranoide.
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O transtorno de personalidade paranoide tem início próximo à idade
adulta e se caracteriza por desconfiança generalizada e imotivada,
em que o paciente tem comportamentos manifestados por ciúme,
inveja, irritabilidade e hostilidade.
4 - O cuidado aos pacientes com transtornos dismór�cos
corporais (TDC)
Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar sinais e sintomas e os principais
psicofármacos envolvidos no cuidado aos pacientes com transtornos dismór�cos corporais
(TDC).
Fatores socioculturais e
epidemiologia dos transtornos
dismór�cos corporais
O advento das redes sociais tem levado jovens e adolescentes a
buscarem um ideal de corpo e imagem que nem sempre é possível, o
que tem gerado uma grande preocupação nos especialistas. Em geral,
indivíduos que não sofrem de TDC são capazes de reconhecer o seu
defeito como mínimo ou inexistente.
Os portadores de TDC apresentam um comportamento perceptivo
“distorcido” em relação à imagem corporal e uma preocupação com
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uma “anomalia imaginária” na aparência ou exagerada em relação a
uma imperfeição corporal identificada.
Tais comportamentos acarretam importantes prejuízos no
funcionamento pessoal, familiar, social e profissional. Essas pessoas se
atêm a questões corporais, envolvendo uma ou mais preocupações. O
nível de distorção da autopercepção pode variar de baixo, quando a
pessoa se reconhece como “não atrativa” ou “inadequada”, podendo
aparecer níveis mais extremos, nos quais a pessoa se autopercebe
como “um monstro”, gerando enorme prejuízo e sofrimento.
Segundo Brito et.al. (2010), indivíduos com TDC podem sentir-se
atraentes, entretanto, não o suficiente. Por isso, esses pacientes, apesar
de perceberem melhora após uma intervenção cirúrgica, não ficam
suficientemente satisfeitos. A crença de que "sempre poderão melhorar"
pode provocar nesses indivíduos um comportamento aditivo, em uma
busca incansável por procedimentos estéticos e cirúrgicos.
Dados epidemiológicos apontam que as pessoas com transtorno
dismórfico corporal buscam procedimentos estéticos e cirurgias
plásticas para corrigir um defeito percebido, chegando a uma
prevalência de 24%. Muitos pacientes buscam os consultórios de
cirurgia plástica, em vez de procurar tratamento com psiquiatras ou
psicólogos, pois acreditam estar lidando com um defeito corporal, e não
como um transtorno mental.
Características do TDC
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O transtorno pode se manifestar, incialmente, na infância e na
adolescência, pois é o momento em que se está mais suscetível às
mudanças na aparência. No caso, homens, quando diagnosticados com
TDC, tendem a ter sintomas mais graves, apresentando uma
preocupação maior com o órgão genital, a constituição corporal e a
perda de cabelo, enquanto as mulheres preocupam-se mais com a
aparência da pele, o peso, o quadril e as pernas.
Atenção!
É possível que alguns pacientes com TDC tenham sintomas obsessivos-
compulsivos que não revelam, pois se sentem envergonhados, o que
não ocorre com a forma com a qual lidam com suas preocupações
estéticas. Além das alterações de pensamento, grande parte das
pessoas com TDC apresentam alterações da sensopercepção, como
sensações táteis, que podem colaborar para o aumento dos sintomas.
O TDC passou a constar no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-III) em 1980, como um transtorno
somatoforme atípico chamado dismorfobia (FANG et al., 2014).
Atualmente, o TDC não é mais classificado como uma das
manifestações dos transtornos somatoformes, mas sim como
manifestação do chamado espectro do transtorno obsessivo
compulsivo, devido aos pensamentos e comportamentos compulsivos
presentes no TDC (FANG et al., 2014).
Uma pessoa com esse transtorno tende a ser muito angustiada por seus
defeitos imaginários ou por alguma pequena anomalia física. O DSM-5
estabelece quatro critérios de diagnósticos para que o TDC seja
caracterizado:
 O indivíduo preocupa-se com um defeito na
aparência física (que não são observáveis ou
aparentam ser mínimos para os outros) e, se uma
anomalia mínima é identificada, tem preocupação
marcadamente excessiva com ela.
 Durante o curso da doença, o indivíduo realiza
comportamentos repetitivos (por exemplo,
verificações no espelho, escoriação neurótica e
pedido de opinião de amigos e familiares sobre o
defeito) ou atos mentais (por exemplo, comparando
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Os principais sinais e sintomas desse tipo de transtorno são:
preocupação excessiva com determinadas partes do corpo;
dificuldade para se concentrar em outras coisas do dia a dia;
baixa autoestima;
constante averiguação de si mesmo no espelho ou fuga do
espelho; e
tendência a evitar a vida social ou atividades em que a parte
considerada com defeito possa ficar exposta.
Especi�cações no TDC e
psicofarmacologia
A dismorfia muscular é uma variação do TDC e se caracteriza pela
preocupação em relação à estrutura corporal, a qual é considerada
como muito inferior ou insuficiente. Na maioria das vezes, a pessoa
apresenta mais de uma preocupação sobre a sua imagem corporal, e
quando uma delas se refere à sua estrutura muscular, é importante que
seja feita a especificação por parte do profissional. A dismorfia
a sua aparência com a dos outros) em resposta aos
problemas de aparência.
 A preocupação deve causar estresse significativo
ou prejuízo na vida social, ocupacional ou outras
áreas do funcionamento.
 As queixas não podem ser caracterizadas como
outro transtorno mental, tais como a anorexia
nervosa.
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muscular acontece quase que exclusivamente em homens, ainda que
eles apresentem uma aparência normal.
Outras especificações importantes no diagnóstico são relativas ao nível
de insight. Em outras palavras, é importante destacar o quão ciente a
pessoa se encontra sobre a não veracidade das crenças que tem sobre
a sua imagem corporal. Esse nível de insight pode variar entre bom ou
razoável, passando por pobre, até chegar a ausente ou com crenças
delirantes, nível no qual o paciente está convencido de que suas crenças
são totalmente verdadeiras e se considera uma pessoa hedionda.
Muitos pacientes com TDC acreditam serem julgados pelos outros,
apresentando delírios de referência. Esse transtorno está fortemente
associado a altos níveis de ansiedade, ansiedade social, humor
deprimido e baixa autoestima. Em casos extremos, a pessoa chega a
realizar em si mesmo procedimentos cirúrgicos. Na maioria dos casos,
todos os procedimentos de correção que a pessoa tenta realizar não
resolvem o problema, o qual pode se manifestar na mesma região do
corpo ou em um novo local.
É importante salientar que os transtornos dismórficos podem
apresentar relação com os transtornos alimentares,