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CURSO DE MEDICINA Disciplina: Epidemiologia I Nazaré Otília Nazário ASPECTOS HISTÓRICOS E GERAIS DA EPIDEMIOLOGIA Introdução Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ Definições. ✔ Princípios, Aplicação e descobertas da Epidemiologia. ✔ Utilidades da Epidemiologia. ✔ Perspectivas históricas da Epidemiologia. ✔ Processo Saúde-Doença. ✔ Modelos para representar os aspectos etiológicos do processo saúde-doença. ✔ Causalidade em Epidemiologia. Definição Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Definição literal: Epi (sobre) + Demos (populações) + Logos (estudo) = Estudo sobre populações. Definição: Estudo da distribuição e dos determinantes do processo saúde-doença em populações humanas. O que faz o epidemiologista? conta, classifica, compara e intervém. Princípios da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ A ênfase da Epidemiologia é na preservação da saúde, mas em quase todos os estudos o foco é doença ou problema de saúde: mortalidade, morbidade e agravos à saúde (dificuldades para medir o que é adequado, por isso o enfoque na doença). ✔ Todos os achados devem ser referidos a uma população (a epidemiologia é uma disciplina coletiva, não faz sentido estudar um indivíduos sem o referir ao grupo de pessoas a que pertence). Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ As doenças ou problemas de saúde não ocorrem ao acaso: resultam de mecanismos causais ou determinantes, que se distribuem desigualmente nas populações. ✔ A comparação de subgrupos populacionais é essencial para a identificação de determinantes das doenças: comparar grupos permite conhecer fatores de risco e de proteção para a ocorrência das doenças. Princípios da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ Analisar a situação de saúde; ✔ Entender a causalidade dos agravos à saúde; ✔ Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural; ✔ Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo; Aplicações da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ Definir os modos de transmissão e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; ✔ Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; ✔ Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e às necessidades das populações; ✔ Estabelecer medidas preventivas; Aplicações da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ Auxiliar o planejamento e desenvolvimento dos serviços de saúde; ✔ Gerar dados para a avaliação de serviços de saúde; ✔ Estabelecer critérios para a Vigilância em Saúde. ✔ Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, bem como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade; Aplicações da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. ✔ Colesterol e doença isquêmica do coração ✔ Fumo e Câncer de Pulmão ✔ Sedentarismo e mortalidade cardiovascular ✔ Carência de vitamina A e cegueira ✔ Flúor e Cárie dentária ✔ Bebidas quentes e câncer de esôfago Descobertas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Hipócrates (460 aC-377aC) Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Hipócrates As doenças têm uma explicação física e racional; Importância do meio ambiente: ares, mares e lugares; Ele sugere que condições, tais como: o clima, a água ou sua situação num lugar em que os ventos sejam favoráveis são elementos que podem ajudar o médico a avaliar a saúde geral de seus habitantes. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Hipócrates Em Tratado do prognóstico e aforismos, trouxe a ideia, de que o médico poderia predizer a evolução da doença mediante a observação de um número de casos. Essa também é, hoje, uma das principais características da epidemiologia e da demografia. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. John Graunt (1620-1674) ✔ Desenvolveu as tábuas mortuárias; ✔ Registros vitais na Inglaterra. Pierre-Alexander Louis (1987-1872) ✔ Pai da Epidemiologia Clínica; ✔ Desenvolveu o método numérico; ✔ Nós médicos, temos que descobrir e não inventar as leis das quais nossa profissão depende. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Willian Farr (1807-1883) ✔ Pai da Epidemiologia descritiva; ✔ Criou conceitos básicos: pessoas-tempo, densidade de incidência, incidência cumulativa e padronização de taxas; ✔ Participou da elaboração do primeiro CID. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. John Snow (1813-1858) Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. John Snow ✔ Pai da epidemiologia analítica; ✔ Pioneiro da anestesia; ✔ Ficou famoso pelo estudo da epidemia em Londres em 1850. ✔ Suas anotações sistemáticas sobre os casos levaram a desenvolver a ideia de que a epidemia da cólera era ocasionada por parasitas invisíveis e não por miasmas. ✔ Elaborou hipóteses sobre a qualidade da água como meio principal de contágio. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Thomas Sydenham (1624-1689) ✔ Precursor da ciência epidemiológica; ✔ Introduziu o conceito de história natural das doenças. Daniel Bernoulli (1700-1782) ✔ Um dos criadores da teoria da probabilidade. Laplace (1749-1827) ✔ Desenvolveu os conceitos de eficácia e randomização, bem com e desenho e análise de estudos caso-controle. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Max von Pettenkofer (1818-1901) ✔ Precursor dos conceitos como: cidade saudável e promoção da saúde. Wade Frost (1880-1938) ✔ Tido como o primeiro professor de epidemiologia da Universidade Johns Hopkins. Cornfield (1912-1979) ✔ Introduziu a técnica de Regressão Logística, aplicada aos estudos epidemiológicos. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Austin Hill (1897-1991) ✔ Pioneiros dos ensaios clínicos randomizados. Conduziu os primeiros estudos a estabelecer a associação entre tabagismo e câncer de pulmão. Richard Doll (1912-2005) ✔ Fisiologista britânico. ✔ Responsável por relacionar o fumo com vários problemas de saúde. Perspectivas Históricas da Epidemiologia Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Era comum definir a saúde como a ausência de doença. O estudo da saúde da população somente precisaria de dados sobre mortalidade e morbidade segundo causas. Na prática encontramos indivíduos sem diagnostico de doença, mas com características que poderíamos considerar não saudáveis: inadaptabilidade à comunidade ou frequente tristeza, o que torna difícil identificá-los como saudáveis. Além disso, a percepção da saúde varia muito entre culturas, entre grupos sociais, entre gerações Processo Saúde-Doença Processo Saúde-Doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo biomédico Nessa abordagem, a doença é definida como falta de mecanismos de adaptação do organismo ao meio,ou ainda como a presença de perturbações da estrutura viva, causadoras de desarranjos na função de um órgão, sistema ou organismo. Na era da bacteriologia Claude Bernard afirmava que sempre existiria um mecanismo etiopatogênico subjacente às doenças. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo biomédico As doenças são definidas pela ação de agentes patogênicos; e o agente etiológico será entendido sempre como o causador de toda doença. Ao longo do tempo, o modelo biomédico foi assimilado pelo senso comum, tendo como foco principal a doença infecciosa causada por um agente. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo biomédico Diante da etiologia da doença, o modelo biomédico adota uma lógica unicausal, também designada lógica linear, procurando-se identificar uma causa a qual, por determinação mecânica, unidirecional e progressiva, explicaria o fenômeno do adoecer, direcionando a explicação a se tornar universal. Na visão epidemiológica de base biomédica, pode-se definir a saúde populacional pela presença ou ausência de fatores de risco. Desse raciocínio decorre o conceito de saúde da coletividade como ausência de doenças. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença Entre as décadas de 1950-70, nasce uma perspectiva da Saúde Coletiva em âmbito mundial. A partir da Organização das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde - o conceito de saúde ganha nova configuração: saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de moléstia ou enfermidade. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença Enquanto no modelo biomédico (unicausal) o conceito de saúde prevalece na condição lógica exclusivamente em razão da ausência da doença, o modelo multicausal, sistematizado por Leavell e Clark, privilegia o conhecimento da história natural da doença. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença O conceito de saúde ganha estruturação explicativa proporcionada pelo esquema da tríade ecológica: Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença Assim, o conhecimento epidemiológico ganha novo método para delineamento sistemático da prevenção e controle de doenças nas populações, uma vez expostos dois domínios possíveis de promoção da saúde: Meio externo: de onde interagem determinantes e agentes em relação com o meio ambiente; Meio interno: onde se desenvolve a doença no organismo vivo. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Modelo da história natural da doença Os fatores externos contribuem para o adoecimento e estão caracterizados pela natureza física, biológica, sociopolítica e cultural. O meio interno é o lugar individual onde se processam modificações químicas, fisiológicas e histológicas próprias da enfermidade no indivíduo doente - enfim, onde atuam fatores hereditário-congênitos, aumento/diminuição das defesas e alterações orgânicas. Modelos do processo saúde-doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. 1) Pré-patogênico: a doença ainda não está manifesta, os determinantes intrínsecos ao sujeito estruturam disposições ao adoecimento: - agentes físicos e químicos, biopatógenos, nutricionais e genéticos, - determinantes econômicos, culturais e psicossociais. Nesse período é possível a atuação em nível de atenção primária, com ações de prevenção (educação) e proteção específica da saúde (vacinas). Processo natural da doença Processo natural da doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. 2) Patogênico: processo de adoecimento ativo, iniciam-se as primeiras alterações no estado de normalidade, pela atuação de agentes patogênicos. Ocorrem as perturbações bioquímicas em nível celular, provocando distúrbios na forma e função de órgãos e sistemas, evoluindo para as seguintes possibilidades, defeito permanente (sequela), cronicidade, morte ou cura. Processo natural da doença Processo natural da doença Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. As explicações sobre a unicausalidade das doenças, próprias da visão biologicista, começam a perder sua força em decorrência da transição epidemiológica: diminuição de morbi-mortalidade por doenças infecto-contagiosas e a crescente ocorrência das doenças crônico-degenerativas. As explicações não dão conta de esclarecer as associações que se verificam entre os múltiplos fatores de risco o que leva ao incremento das explicações dentro do modelo de multicausalidade. Causalidade em Epidemiologia Modelo Unicausal vs Modelo Multicausal Multicausal: a tríade ecológica Medronho, Roberto A. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. 685 p. Menezes, AMB; Victoria CG; Mola CL; Wehrmeister FC; Demarco FF; Muniz LC et al. Curso de Epidemiologia Básica Universidade Federal de Pelotas. 2013. Puttini RF, Pereira-Junior A, Oliveira LR. Modelos explicativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização. Physis: Revista de Saúde Coletiva. Physis 2010. Referências
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