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ESTUDO COLETIVO:
Transtorno do Espectro Autista
-Abordagem Pedagógica Inclusiva-
“A inclusão é uma visão, uma estrada a ser viajada, mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos, alguns dos quais estão em nossas mentes e em nossos corações.”
(Mitter, P. Educação inclusiva: Contextos sociais. Artmed, 2003, apud Arruda e Almeida, 2014, p.6)
3
Definir TEA, suas características e forma de diagnóstico;
Apresentar as necessidades especiais apresentadas por crianças com TEA;
Conhecer a proposta de educação inclusiva para crianças com TEA e
Sistematizar algumas estratégias para o trabalho pedagógico inclusivo com crianças com TEA.
Objetivos do Estudo
HISTÓRIA
Dez coisas que uma criança autista gostaria que você soubesse
Antes de tudo e o mais importante: sou uma criança!
Minhas percepções sensoriais estão desorganizadas
Receptividade, linguagem expressiva e vocabulário podem ser grandes desafios para mim.
Eu penso concretamente.
Seja paciente com meu vocabulário limitado, pois posso ter dificuldade de dizer o que estou sentindo ou pensando. Observe minha linguagem corporal.
Dez coisas que uma criança autista gostaria que você soubesse
Como a linguagem é muito difícil para mim, me oriento pela visão.
Por favor, procure construir comigo a partir do que eu posso fazer, mais do que por minhas limitações.
Ajude-me nas interações sociais.
Tente identificar o que inicia meus surtos.
Me ame incondicionalmente.
Ellen Notbohm
Autismo?
Os transtornos do espectro autista são complexos, têm início precoce e perduram por toda a vida.
“Autismo é uma condição que se reflete no neurodesenvolvimento de uma pessoa, determinando quadros muito distintos, que tem em comum um grande prejuízo na sociabilidade.” (Bordini & Bruni, 2014, p. 220)
Prevalência – 4 em cada 10.000, principalmente em meninos, mas também em meninas
Autismo – Plouller, 1906; Bleuler, 1911
Alterações autísticas do contato afetivo – Kanner, 1943, Asperger – 1944
TEA, TGD, TID, Autismo?
Até 2013:
DSM-VI – Transtorno Global do Desenvolvimento (5 quadros clínicos - subcategorias)
CID-10 – Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (8 tipos)
Atualmente:
CID-10 – Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
DSM-V – Transtornos do Espectro Autista (4 quadros clínicos, mas uma só categoria)
O que é um Espectro Autista?
Forma de compreender o Transtorno como linhas de dificuldades e competências, abrangendo desde os casos mais graves até os mais leves.
TEA
Comportamentos
Comunicação/ Linguagem
Sociabilidade
O que é um Espectro Autista?
COMUNICAÇÃO/
LINGUAGEM
COMPORTAMENTOS
SOCIABILIDADE
Algumas características comuns em pessoas com TEA
COMPORTAMENTO:
Padrões de comportamento, atividades e interesses restritos
Alterações nas condutas motoras, comportamentos repetitivos e estereotipados.
Tendência de vinculação a objetos incomuns, tipicamente rígidos (especialmente na primeira infância). Em pessoas, é comum se interessar por uma parte ou detalhe (mão, botão da roupa).
Tendência a insistir na realização de rotinas particulares e rituais de caráter não-funcionais.
Medos, fobias, alterações do sono e da alimentação e ataques de birra, agressão e auto-agressão.
Hiper ou hiporreação a estímulos sensoriais, como luz, dor ou som.
Algumas características comuns em pessoas com TEA
COMPORTAMENTO:
Dificuldade na identificação de perigos reais como veículos em movimento ou grandes alturas.
Alterações no olhar: ausência ou evitamento de contato visual, olhar que “atravessa o outro”, ausência do acompanhamento ocular, olhar periférico e estrabismo.
Algumas características comuns em pessoas com TEA
LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO:
Pobreza de jogos imaginativos,
Não utilização e compreensão dos gestos;
Não utilização da linguagem com objetivo de comunicação social
Presença de respostas estereotipadas ou de ecolalia
Alterações na melodia da fala
Possibilidade de presença de estereótipos verbais, neologismos bizarros e um verbalismo solitário.
Extremo domínio verbal nos casos de Síndrome de Asperger.
Algumas características comuns em pessoas com TEA
SOCIABILIDADE:
Comprometimentos qualitativos na interação social recíproca, que tomam a forma de uma apreciação inadequada de indicadores sócio-emocionais.
Falta de respostas para as emoções de outras pessoas.
Falta de modulação do comportamento.
Uso insatisfatório de sinais sociais
Fraca integração dos comportamentos sociais, emocionais e de comunicação.
Algumas características comuns em pessoas com TEA
SOCIABILIDADE:
Alterações no contato com pares: inaptidão para brincar em grupo ou para desenvolver laços de amizade, não participam de jogos cooperativos ou mostram pouca emoção, pouca simpatia ou pouca empatia por outros.
Na medida em que crescem, pode-se desenvolver uma maior ligação, mas as relações sociais permanecem superficiais e imaturas. Podem seguir por tempo indeterminado, assim como serem interrompidas momentaneamente, sem uma lógica aparente.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS NO DSM-V
A fim de receber um diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo, uma pessoa deve ter os três seguintes déficits:
Problemas de interação social ou emocional alternativo – Isso pode incluir a dificuldade de estabelecer ou manter o vai e vem de conversas e interações, a incapacidade de iniciar uma interação e problemas com a atenção compartilhada ou partilha de emoções e interesses com os outros.
Graves problemas para manter relações – Isso pode envolver uma completa falta de interesse em outras pessoas, as dificuldades de jogar fingir e se engajar em atividades sociais apropriadas à idade e problemas de adaptação a diferentes expectativas sociais.
Problemas de comunicação não verbal – o que pode incluir o contato anormal dos olhos, postura, expressões faciais, tom de voz e gestos, bem como a incapacidade de entender esses sinais não verbais de outras pessoas.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS NO DSM-V
Comportamentos repetitivos e restritivos
Além disso, o indivíduo deve apresentar pelo menos dois destes comportamentos:
Apego extremo a rotinas e padrões e resistência a mudanças nas rotinas
Fala ou movimentos repetitivos
Interesses intensos e restritos
Dificuldade em integrar informação sensorial ou forte procura ou evitar comportamentos de estímulos sensoriais
Diagnóstico
É clínico: história da criança colhida com pais e no ambiente escolar, observação da criança
Ainda não existem exames capazes de diagnosticar autismo.
É multiprofissional, mas aqui em nossa realidade (SEDF) normalmente fechado por psiquiatra infantil.
Profissionais da área de saúde que normalmente participam da avaliação:
Fonoaudiólogo
Psicólogo
Médico (Psiquiatra, Neurologista, Pediatra)
Como crianças com TEA vêem o mundo?
Cegueira mental
Dificuldade em entender o ponto de vista, ideias ou sentimentos alheios
Entendendo a essência
Dificuldade em associar detalhes a um contexto e fazer generalizações a partir dessas informações
Interesses e sensibilidades sensoriais
Tendência a concentrar-se em experiências perceptivas concretas
Imaginação, percepção temporal, planejamento e memória
Linguagem
Metas para a ação docente no ambiente escolar
Rivere (apud Camargos)
Promover o bem-estar emocional da pessoa autista, diminuindo suas experiências negativas de medo, ansiedade, frustração, incrementando
Possibilidades de emoções positivas de serenidade, alegria e auto-estima.
Promover a autonomia pessoal e as competências de auto-cuidado, diminuindo assim sua dependência de outras pessoas.
Aumentar suas possibilidades de comunicação, autoconsciência e controle do próprio comportamento.
Desenvolver habilidades cognitivas e de atenção, que permitam uma relação mais rica com o seu meio ambiente.
Metas para a ação docente no ambiente escolar
Aumentar a liberdade, espontaneidade e flexibilidadede suas ações, assim que estiver preparado.
Aumentar sua capacidade de assimilar e compreender as interações com outras pessoas, assim como sua capacidade de interpretar as intenções dos demais.
Desenvolver técnicas de aprendizagem, baseadas na imitação, aprendizagem de observação.
Diminuir aquelas condutas que trazem sofrimento para o próprio sujeito e para os que o rodeiam, como as auto-agressões, ações destrutivas.
Desenvolver suas competências comunicativas.
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
“A programação das atividades (em propostas educacionais inclusivas para crianças autistas) não pode restringir-se a objetivos voltados para conteúdos programáticos escolares mas deve estar inicialmente voltada para a melhoria da qualidade de vida da criança, através de uma melhora de comportamento que facilite sua integração na família e na sociedade.” (p.122)
Aspectos gerais da organização escolar
Necessidade de envolvimento da comunidade escolar:
Gestores, professores, auxiliares, pais, crianças...
Discernimento e disponibilidade de toda a comunidade para lidar com situações inusitadas e peculidaridades/ particularidades de cada pessoa
Cuidados com a infra-estrutura: o ambiente deve se adequar às necessidades dos alunos
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
Compreensão da criança enquanto pessoa, o levantamento de suas necessidades e das prioridades para a elaboração do planejamento e das intervenção
Desafio, para a família, deixar a criança na escola
Escola é o ambiente mais apropriado
Incentivar o gosto pela escola
Rotina familiar
Acompanhamento médico/ medicamento
Compreender o universo da criança
Perceber os pontos fortes, o que dá resultado positivo
Criar “pontes” de acesso
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
Planejamento e organização do trabalho pedagógico:
Definir os objetivos educacionais a serem alcançados, o tempo e suporte necessários, critérios objetivos de avaliação, conforme necessidades da criança (abordagem vivencial da aprendizagem) :
Adequar o currículo escolar a partir do estilo cognitivo individual,
Adequar – redução versus forma de apresentação (estratégias, instrumentos) e organização:
materiais e móveis adaptados
jogos pedagógicos, uso de imagens, fotos, esquemas, signos visuais e ajustes de grande e pequeno porte.
Estimular as funções necessárias ao aprendizado eficiente.
Organização do trabalho pedagógico (cont.):
Identificar intolerância aos estímulos auditivos, bem como tempo de tolerância durante aprendizado em sala de aula.
Organizar um sistema de registro individual de desempenho e comportamento (retratar o desenvolvimento do aluno)
Facilitar a previsibilidade da rotina usando apoios visuais (agendas ilustradas, calendários e sequência das atividades), indicando o que vai acontecer e em quais momentos
Insistir, persistir, pois o comportamento é modificável, mesmo que leve tempo
Estratégias passo a passo
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
Contar com um auxiliar para acompanhar o aluno em sala de aula e outras atividades escolares.
Garantir atendimento educacional especializado.
Considerar a intensidade, gravidade das limitações e as condições devem ter a oportunidade de participar de forma significativa e integral nas atividades escolares regulares.
Conheça e se utilize dos interesses da criança.
Atenção individualizada, mesmo dentro do grupo.
Respeito ao tempo da criança e seus limites.
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
Linguagem com mensagens curtas, sempre depois de ter a atenção da criança, firme quando necessário, evitando repetir ordens muitas vezes
Evitar o uso do nome da criança como sinônimo de não
A boa comunicação entre os pais e o professor é fundamental:
Reuniões regulares sobre os objetivos educacionais e comportamentais (manejo de desobediência, confrontos, hiperatividade, estereotipias, rigidez cognitiva e dificuldade de relacionamento com os colegas).
Uso de agenda que estabeleça uma comunicação diária entre o professor e os pais permitindo troca de informações sobre o comportamento da criança e ocorrências domésticas (sono, medicação, alimentação, etc.) e escolares (trabalhos, excursões, comemorações e mudanças de rotina, etc.).
Proposta de Educação Inclusiva para crianças com TEA
Questões relativas à família
Exercite a alteridade
Estimule a família a buscar apoio
Motive a família a sair com a criança e frequentar ambientes sociais apropriados para crianças
Incentive os pais a compartilhar e comemorar os sucessos da criança
Crie um clima colaborativo com a família
Conversas sobre questões particulares devem ser conduzidas em ambiente “particular”
Pontos (prováveis) a serem trabalhados
Desenvolvimento da atenção, direcionamento, foco
Desenvolvimento do repertório comunicativo
Autonomia
Relacionamento social, especialmente com pares
Manejo comportamental
Técnicas que podem ser úteis
Indiferença planejada
Interferência sinalizadora
Proximidade e “controle pelo toque” (estou com você)
Participação numa relação de interesse
Afeição hipodérmica
Descontaminação da tensão por meio do humor
Ajuda nos obstáculos
Interpretação como apoio para expressão
Técnicas/ Instrumentos/ Estratégias
Reagrupamento
Reestruturação
“Remoção anti-séptica”
Permissão versus Proibição autoritária
Oferecer modelos
Atividades lúdicas
Aspectos importantes a considerar no ambiente escolar
Isolamento versus Relações Interpessoais
Comportamento motor
Linguagem e habilidades pré-verbais
Alterações das funções intelectuais
Comportamento afetivo
Alterações psicossomáticos
Alterações no processamento sensorial
Dificuldades para sublimar frustrações e adiar satisfações
Referências
Bordini, D.; Bruni, A. R. Transtorno do Espectro Autista. __In: G. M. Estanislau; R. A. Bressan (org.). Saúde mental na escola: o que os educadores devem saber. pp. 220-230. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Camargos Jr, W. (cols.). Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – 3º Milênio. Brasília: CORDE, 2005.
Arruda, M. C.; Almeida, M. (coord.). Comunidade Aprender Criança. Cartilha da Inclusão Escolar: inclusão baseada em evidências científicas. (Ed. Instituto Glia, 2014).
Notbohm, E. Dez coisas que uma criança autista gostaria que você soubesse. Tradução: Darlo Diniz Guedes. Disponível em: http://www.ellennotbohm.com/article-translations/dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse/.
Williams, C.; Wright, B. Convivendo com Autismo e Síndrome de Asperger: Estratégias Práticas para Pais e Profissionais. São Paulo: M. Books, 2008. 
“É emergencial a promoção da Pedagogia contemplando a todos os sujeitos sociais, e não de uma Pedagogia da pessoa com deficiência. Promover uma Pedagogia da deficiência constitui uma das primeiras barreiras atitudinais percebidas no âmbito da Educação”
(Waber, D. P., Forbes, P. W., Almli, C. R. & Blood, E. A. Four-year longitudinal performance of a populationbased sample of healthy children on a neuropsychological battery: the NIH MRI study of normal brain development. J Int Neuropsychol Soc 18, 179-190, doi:10.1017/S1355617711001536 S1355617711001536 [pii], 2012, apud Arruda e Almeida, 2014, p.7) 
Quer saber mais?
Acesse o site da EEAA-CEI 01 e conheça um pouco mais sobre o trabalho pedagógico inclusivo com crianças com TEA.
http://cei1taguatinga.wix.com/eeaa-cei1 
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