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Empreendedor Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O início de um ciclo de desenvolvimento para os pequenos negócios, para o seu município e para o Brasil. Guia do Prefeito Como e por que implantar a Lei Geral nos municípios Entenda como a nova legislação da Micro e Pequena Empresa vai impulsionar a economia local e saiba como regulamentar seus dispositivos Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Se a sua prefeitura tem soluções inovadoras no estímulo às micro e pequenas empresas, participe do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Em sua quinta edição, o prêmio já se tornou a maior referência em apontar os municípios que mais contribuem com a geração de renda e emprego. Portanto, inscreva os projetos do seu município e sirva de inspiração para o Brasil e para o mundo. Você valoriza a imagem institucional do seu município, atrai novos parceiros, melhora a qualidade de vida da população e recebe o melhor prêmio que um prefeito poderia ganhar: uma sociedade mais justa e equilibrada. Seu município com foco no desenvolvimento Mostre o que o fazendo pelo emprego e pela re nda www.sebrae.com.br seu municíp io está Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Se a sua prefeitura tem soluções inovadoras no estímulo às micro e pequenas empresas, participe do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Em sua quinta edição, o prêmio já se tornou a maior referência em apontar os municípios que mais contribuem com a geração de renda e emprego. Portanto, inscreva os projetos do seu município e sirva de inspiração para o Brasil e para o mundo. Você valoriza a imagem institucional do seu município, atrai novos parceiros, melhora a qualidade de vida da população e recebe o melhor prêmio que um prefeito poderia ganhar: uma sociedade mais justa e equilibrada. Seu município com foco no desenvolvimento Mostre o que o fazendo pelo emprego e pela re nda www.sebrae.com.br seu municíp io está >> Sumário Guia do Prefeito Empreendedor nº 2/2007 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Adelmir Santana Diretor-Presidente Paulo Tarciso Okamotto Diretor de Administração e Finanças Carlos Alberto dos Santos Diretor-Técnico Luiz Carlos Barboza Gerente da Unidade de Políticas Públicas Bruno Quick Gerente da Unidade de Marketing e Comunicação Luiz Barreto Coordenação Editorial Plano Mídia Comunicação Editor Abnor Gondim (planomidia@gmail.com) Textos Anna Laurindo, Christiane Telles, Julyana Nalin, Helena Cirineu e Ricardo Eugênio Consultoria técnica Alessandro Machado, André Spínola, Nair Andrade, Sandro Salvatore e Afonso Marcondes Colaboração Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae-SP; Silvério Crestana, gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae-SP Capa DM9 DDB Projeto gráfico e diagramação Eduardo Gregorio (criacao.gregorio@gmail.com) Revisão Demerval Dantas Gráfica Athalaia Gráfica Agradecimento Aos 1.650 prefeitos e prefeitas que participaram das edições do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor (2001, 2002, 2003 e 2005) >> Micro e pequenas empresas, receita para o desenvolvimento 5 >> Lei Geral será premiada 6 >> É hora da inclusão e do desenvolvimento 7 >> O que é a Lei Geral? 8 >> Por que apoiar a Lei Geral? 9 >> As prefeituras precisam regulamentar a Lei Geral? 10 >> Os municípios vão perder arrecadação? 11 >> Um marco histórico 12 >> Mobilizar para implantar 13 >> Ações para facilitar a vida das pequenas empresas 14 >> Por que os pequenos negócios merecem tratamento diferenciado? 15 >> Mais espaço nas compras governamentais 16 >> Aulas para compradores e fornecedores 17 >> Novas oportunidades 18 >> Desenvolvimento sustentável com os pequenos 19 >> Brasileiro tem vocação para empreender 20 >> Soluções para o crédito 21 >> A principal base econômica dos municípios 22 >> O potencial da formalização 24 >> Rumo à cidadania empresarial 25 >> Benefícios da Lei Geral 26 >> Lei Geral Municipal 36 >> Saiba como implantar a Lei Geral 54 >> Rede da Unidade de Políticas Públicas 55 >> Apresen tação Após três anos de intensa mobilização com vários segmentos da sociedade, empreendedores de todo o País e o Sebrae comemoram a entrada em vigor da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Agora, a instituição deflagra, com seus parceiros, uma ampla cam- panha com vistas à regulamentação e à implementação dos novos dispositivos em todos os municípios brasileiros, Estados e União. Com o propósito de ter em cada prefeito e em cada vereador um forte aliado nessa nova jornada, o Sebrae faz chegar às suas mãos este exemplar da segunda edição do Guia do Prefeito Empreendedor. Nele é mostrado que, com a nova lei, vai ficar mais sim- ples pagar impostos, obter crédito, ter acesso à tecnologia, exportar, vender para o governo e se formalizar. Com menos burocracia e mais oportunidades, está nas pequenas empresas a receita certa para a criação de empre- gos e geração de renda, com seus indiscutíveis benefícios para a sociedade. São os pequenos negócios que geram a maioria dos postos de trabalho nos setores formal e informal da eco- nomia. Estimular as micro e pequenas empresas significa trabalhar pela solução de um dos mais graves problemas de todo o Brasil, que é o desemprego e seus efeitos danosos, como o crescimento da violência. É fazer do cidadão um agente de desenvolvimento de seu próprio país. Por isso, é muito importante conhecer as vantagens da Lei Geral e saber como ela pode inaugurar um novo tempo, mais próspero para as economias local e nacional. Convidamos todos para serem, mais uma vez, os gran- des parceiros nessa nova jornada que, seguramente, significa um importante marco na conquista da cidadania para boa parcela dos milhões de brasileiros que empreendem. Este guia vai mostrar, de forma clara, os caminhos que os prefeitos devem percorrer, com o apoio das câmaras de vereadores, para implantar a Lei Geral nos municípios. Ne- nhum pode ficar de fora. Esta é a grande oportunidade. MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, RECEITA PARA O DESENVOLVIMENTO Começa uma nova campanha no País pela regulamentação da Lei Geral São os pequenos negócios que geram a maioria dos postos de trabalho nos setores formal e informal da economia. � � Guia do Prefeito Empreendedor >> Introdução Guia do Prefeito Empreendedor Na 10ª Marcha a Brasília, houve o pré-lançamento da 5º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor M ár ci a G ou th ie r/ AS N A partir de maio deste ano, começa o lançamento, nos estados, da quinta edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. As inscrições vão de junho a setembro, e a premiação dos cinco vencedores regionais e dos cinco destaques temáticos será anunciada em 2008, na 11ª Marcha de Prefeitos a Brasília. De acordo com o regulamento, os prefeitos brasileiros que de- senvolverem ações de apoio a pequenos negócios, contemplando os dispositivos da Lei Geral, vão disputar categorias específicas criadas para a nova edição do Prêmio. “O Brasil não tinha uma política que incentivava o que vocês já fazem”, disse Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae, durante a 10ª Marcha de Prefeitos a Brasília, realizada em abril passa- do. “A Lei Geral é uma política que entrega a chave do desenvolvimen- to da comunidade na mão do poder público municipal”. Categorias Das seis categorias da premiação, quatro são novas e estão relacionadas com o novo marco regulatório em relação a desburocra- tização e desoneração tributária, crédito, compras governamentais e formalização de pequenos negócios. Os vencedores vão ganhar uma viagem internacional a um centro de apoio aos pequenos negócios. Os dez vencedores da edição passada ganharam missão técnica à Itália. O regulamento para as inscrições ao 5º Prê- mio Sebrae Prefeito Empreendedor está disponível no portal do Sebrae. Basta clicar no ícone Prêmio Prefeito Empreendedor, localizadono canto inferior esquerdo da página eletrônica ou dirigir-se ao escri- tório do Sebrae em seu estado. Mais informações: www.pspe.sebrae.com.br LEI GERAL SERá PREMIADA Quinta edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor vai valorizar ações municipais baseadas na nova legislação CATEGORIAS DE PREMIAÇÃO • 1 vencedor em cada região do país • 1 vencedor em Desburocratização e desoneração tributá- ria para micro e pequenas empresas; • 1 vencedor em Acesso ao crédito para micro e pequenas empresas; • 1 vencedor em Compras governamentais de micro e pe- quenas empresas; • 1 vencedor em Utilização de Royalties e compensações financeiras para o desenvolvimento municipal; • 1 vencedor em Formalização de micro e pequenas em- presas. Obs.: um mesmo município poderá ser vencedor em mais de 1 categoria. >> Mensagem do Se brae � Guia do Prefeito Empreendedor É hORA DA INCLUSÃO E DO DESENVOLVIMENTO Como principal órgão de apoio aos empreendimentos de menor porte, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem a missão de colaborar com a efetiva implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em todo o País. São fundamentais o conhecimento e a aplicação da nova legislação em todos os órgãos das esferas públicas municipais, estaduais e federal. Para alcançar isso, devem voltar à luta todos os segmentos que se envolveram na aprovação da Lei Geral para assegurar as novas conquistas, principalmente para os que tocam seus próprios negócios na informalidade. Seus dispositivos que reduzem a carga tributária entram em vigor em julho próximo, porém muito mais pode ser feito. É hora da inclusão social e empresarial e do desenvolvimento econômico pleno! Essa luta vale a pena e será vitoriosa. Precisamos vislumbrar o que será, em futuro próximo, a inclusão dos mais de 10 milhões de empresas informais que atuam no Brasil, cada uma gerando empregos, mas hoje sem o amparo legal e sem a previdência social. Precisamos entender que as Prefeituras terão um papel decisivo para a inclusão dos informais e a ade- são das empresas à nova Lei. Pouco adiantarão o engajamento e a regulamentação pelos governos federal e estaduais, se o município não fizer o mesmo. É o caso, por exemplo, das compras governamentais, nas quais as micro e pequenas empresas têm preferência em aquisições até R$ 80 mil, entre outros estímulos. Aplicado nos municípios, esse tratamento fará uma enorme diferença, porque poderemos ter mais fornecimento local, com geração de emprego e renda e bem-estar dos cidadãos. Este Guia traz a minuta de projeto de lei elaborada pelo Sebrae como sugestão para orientar o Execu- tivo Municipal e a Câmara de Vereadores na regulamentação da Lei Geral. Faça uso da sugestão, caro prefeito. Com a Lei Geral efetivada nos três níveis de governo, será mais fácil atingir o desenvolvimento. E o desenvolvimento tem pressa. SENADOR ADELMIR SANTANA Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, Vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio e presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal PAULO OKAMOTTO Diretor-Presidente do Sebrae � Guia do Prefeito Empreendedor >> Novas regras Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 14 de dezembro, a Lei Complementar nº 123/2006 cria a quarta versão do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Batizada de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a nova legislação veio para facilitar a vida dos empreendedores, com benefícios para toda a sociedade. São inúmeras as mudanças para melhor. Por exemplo, os sis- temas de tributação da União, dos Estados e dos municípios ficam unificados. É criado, também, o cadastro desburocratizado para a abertura, alterações contratuais e o fechamento de empresas. Vale mencionar que, em estudo do Banco Mundial, o Brasil figurava como o 4º pior País da América Latina para se abrir uma empresa, com demora de até 152 dias em média. Estímulo à formalização Com 14 capítulos e cinco anexos, a nova lei trata ainda do cálculo do imposto, das exportações, do acesso às compras gover- namentais, dos estímulos ao associativismo, do incentivo ao crédito e à capitalização, das regras civis e empresariais e do parcelamento de débitos. Um dos principais objetivos da Lei Geral é estimular a forma- lização dos pequenos negócios. Nesse aspecto, vale registrar a redução de 20% para 11% sobre o salário mínimo da contribuição previdenciária dos autônomos e dos sócios e titulares de empre- sas, cujo faturamento anual seja de até R$ 36 mil. Isso possibilita melhores condições de acesso à proteção previdenciária. Uma tarefa da municipalidade para a regulamentação da Lei Geral é estabelecer a dispensa da vistoria prévia e instituir o Alvará de Funcionamento Provisório, caso a atividade apresente baixo grau de risco. Nessa situação, a vistoria será realizada após o início das atividades, ao contrário do que era previsto anteriormente. Enfim, uma boa parte da regulamentação da nova lei tem de ser operada pelos gestores públicos municipais. Esse caminho valoriza o município e o torna mais competitivo para atrair empreendedores. O QUE É A LEI GERAL? Guia do Prefeito Empreendedor Vários dispositivos têm de ser regulamentados pelas administrações municipais Um dos principais objetivos da nova legislação é estimular a formalização dos pequenos negócios � Guia do Prefeito Empreendedor Ninguém melhor do que os prefeitos, as prefeitas, os vereadores e as vereado-ras para saber o quanto os pequenos negócios pesam na economia local. São os destinatários mais próximos da pressão social por emprego e geração de riquezas em todos os municípios, desde os territórios tipicamente rurais até as megalópolis. De seus postos, eles possuem uma visão ampla acerca da importância dos empreendedores no cotidiano das cidades como responsáveis pelo forneci- mento de boa parte dos serviços e produtos consumidos pela população e pela maioria dos empregos gerados na comunidade. Reside, então, no incentivo ao surgimento, à expansão e à competitividade das micro e pequenas empresas, a principal motivação para que todos os gesto- res locais apóiem a implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em seus municípios. Pesquisa do Sebrae a respeito da mortalidade das micro e pequenas empresas (MPEs), disponível em www.biblioteca. sebrae.com.br, aponta um quadro assustador e desestimulante para quem quer entrar na trajetória empresarial: • 49,9% morrem com até dois anos de existência Brasil desigual O Brasil não é pobre, mas injusto, porque apresenta um dos piores índices de distribuição de renda no mundo. Os 10% mais ricos detêm 46,9% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres se mantêm com apenas 0,7%. Ao mesmo tempo, segundo a pesquisa Doing Business (Fazendo Negó- cios), do Banco Mundial, o Brasil é 119º entre 155 países quanto à facilidade POR QUE APOIAR A LEI GERAL? Melhorar a competitividade dos pequenos negócios é vital para o desenvolvimento dos municípios A nova legislação ajudará a reverter a alta taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas Arquivo do Sebrae para empreender. Regulamentar a Lei Geral é o caminho para reverter essa situação em favor dos pequenos negó- cios. A importância desse segmento pode ser conferida nos seguintes dados: • representam 99,2% das empresas brasileiras – 4,633 milhões de empreendimentos • respondem por 57,4% da mão-de-obra empregada formalmente e por 26,5% da massa salarial, enquanto as grandes empresas são responsáveis por 55,3%. • somam 10,3 milhões de empresas informais urbanas; • envolvem 13,8 milhões de pessoas ocupadas em 4,1 milhões de estabelecimentos da agricultura familiar. Guia do Prefeito Empreendedor >> Implemen tação Os 5.564 municípios brasileiros têm de aplicar as normas gerais de tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às micro e pequenas empresas(MPEs). É o que estabelece o artigo 1º da Lei Geral. Inclusive para os estados e para a União. O artigo 77, parágrafo 1º, impõe que todos os órgãos envolvidos deverão editar, em até um ano, os atos neces- sários para assegurar as novidades em favor do segmento. Nos municípios, cinco medidas precisam ser publicadas pelo prefeito para transformar a Lei Geral em realidade: 1. Decreto que defina as atividades de alto risco. Isso servi- rá para conceder às demais atividades o Alvará de Funcionamen- to Provisório e dispensa de vistoria prévia, com a finalidade de funcionamento imediato; 2. Decreto que regulamente o critério da fiscalização orien- tadora por meio de dupla visita. Em todas as constatações de ir- regularidades que não sejam de alto risco para os consumidores e para os trabalhadores, os fiscais da prefeitura, antes de multar, vão orientar e acertar prazo para a solução do problema; 3. Convênio com a Secretaria Estadual da Fazenda e a AS PREFEITURAS PRECISAM REGULAMENTAR A LEI GERAL? Sim. O parágrafo 1º do artigo 77 estabelece que os órgãos públicos têm até um ano para assegurar o tratamento diferenciado às MPEs VOCAÇÃO REGIONAL Em Cariacica (ES), o prefeito Helder Salomão regulamentou a Lei Geral com questões específicas do município. Por exemplo, a lei municipal que trata do assunto permite o funcionamento de fábricas de confecções em residências, além de conceder isenção do IPTU por dez anos para as empresas que se instalarem em áreas especificadas pelo Plano Diretor. Helder Salomão, prefeito de Cariacica: “Queremos atrair novos investimentos” M ár ci a G ou th ie r/ Ag ên ci a Se br ae Junta Comercial, visando estabelecer que a empresa instalada no município trabalhe com um único número de identifi- cação fiscal e um único local para dar entrada em documentos; 4. Legislação ou decreto que estimule as compras públicas junto às MPEs locais; 5. Lei Geral Municipal, aprovada pela Câmara dos Vereadores e sancionada pelo prefeito, deverá regulamentar os vários dispositivos da Lei Geral. Vale destacar que o município poderá manter os incentivos fiscais já concedidos na área do ISSQN, incluído na lista de oito tributos que compõe o Simples Nacional. 10 Guia do Prefeito Empreendedor Estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra cenários futuros dos efeitos da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em que pode haver ganhos ou perdas. Cada municí- pio é um caso diferente. O mais provável é a ocorrência de pequenas perdas, apenas para grandes municípios, com a reversão desse quadro em curto prazo devido à formalização das empresas e de suas receitas declaradas. Num contexto geral, as perdas se concentrarão na Secretaria da Receita Federal. Previdência, Estados e municípios não vão sofrer forte impacto, principalmente por causa dos ganhos com a regularização de mais empregos e empresas. Segundo o estudo da FGV, o cenário otimista prevê um acréscimo anual de arrecadação de até R$ 10 bilhões, com base no comportamen- to das empresas com faturamento anual de até R$ 15 mil. Isso ocorrerá se houver a formalização de mais quatro milhões de empresas e o cres- cimento de 50% na receita declarada das empresas que já são formais. Vantagens Vale lembrar que estudos da própria Receita Federal apontam que, um ano depois da promulgação da lei do atual Simples, regime simpli- ficado de pagamento de impostos federais criado em 1996, a receita declarada pelas empresas aumentou em 125%. “Essa questão da perda na arrecadação é aparente”, destaca o consultor Alessandro Machado, da Unidade de Políticas Públicas do Se- brae no Rio Grande do Sul. Segundo ele, a desburocratização, a redução de tributos e o aumento da participação das MPEs nas compras governa- mentais vão gerar novos postos de trabalho, aumento da formalização e, conseqüentemente, da arrecadação, entre outras vantagens. OS MUNICíPIOS VÃO PERDER ARRECADAÇÃO? O mais provável é a ocorrência de pequenas perdas apenas para grandes cidades, mas com a reversão desse quadro em curto prazo Prefeitura de Caruaru CARUARU, FESTA DE EMPREGOS Mais geração de empregos é um dos efeitos que pode ser causado pela adoção de tratamento diferenciado para micro e pequenos negócios. Em Caruaru, segunda maior cidade de Per- nambuco e dona da maior festa de São João do mundo, o prefeito Tony Gel registrou a geração de 5.000 empregos diretos e 15 mil empregos indiretos, por causa dos incentivos fiscais concedidos às empresas que se instalaram no novo distrito industrial Prefeitura concedeu incentivos fiscais e criou um distrito industrial para atrair novos investimentos >> Cenários 11 Guia do Prefeito Empreendedor Um ano após a criação do Simples em 1996, houve o aumento de 125% na receita declarada das empresas Guia do Prefeito Empreendedor Ri ca rd o St uc ke rt /P R A vida e a sobrevivência das micro e pequenas empresas no Brasil terão agora dois períodos – antes e depois da Lei Geral.Até então, a metade dos empreendimentos morria até completar dois anos de atividades. Agora, imagina-se uma maior longevidade, em ní- vel dos países mais desenvolvidos, onde a mortalidade das empresas va- ria de 20% a 40%. Ou seja: no mínimo, dez pontos percentuais a menos. A mudança prevista é o coroamento de uma história de lutas do setor que começou com a criação do Centro Brasileiro de Apoio à Pe- quena Empresa (Cebrae) em 1972. O ano de 1988 foi importante pela promulgação da versão mais recente da Constituição Federal, com os artigos 170 e 179, que criaram o tratamento diferenciado e favorecido para as micro e pequenas empresas. Já em 1996 houve uma nova conquista relevante – a promulgação do Simples Federal – Lei nº 9.317/96, que reu- niu os impostos federais em uma única alíquota. A experiência foi replicada em vários Estados, mas se mostrou tímida a ade- são nas administrações municipais. Depois, em 1999, foi promulgado o terceiro Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte – Lei nº 9.841/99 – e criado o Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas pelo Decreto nº 3.474/00. A partir de 2003, a Lei Geral foi elaborada por meio de ampla mo- bilização. Quatro importantes acontecimentos marcaram o movimento por um ambiente legal mais favorável aos pequenos negócios: • Promulgação da Emenda Constitucional nº 42, possibilitando a discussão da Lei Geral e do Super Simples; • Criação da Frente Empresarial com as principais confederações das empresas do Brasil; • Criação da Comissão Especial da Micro e Pequena Empresa na Câmara dos Deputados; • Cerca de 100 mil empresários participaram de eventos por todo o Brasil para debater as propostas do anteprojeto da Lei Geral e 5.000 esti- veram em Brasília para a entrega do documento no Congresso Nacional. Finalmente, em 2006, um novo marco histórico foi sacramentado com a aprovação da Lei Complementar pelo Congresso Nacional e a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. UM MARCO hISTÓRICO Nunca o País teve um ambiente legal tão favorável para os pequenos negócios Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, parlamentares e dirigentes do Sebrae na cerimônia de sanção da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no Palácio do Planalto. >> Trajetória 12 Guia do Prefeito EmpreendedorGuia do Prefeito Empreendedor >> Eventos AÇõES NO CONGRESSO A regulamentação e a aplicação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empre- sas serão acompanhadas por uma subcomissão da Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados e por uma Frente Parlamentar Mista. A principal missão dos parlamentares é atuar junto aos órgãos públicos, como a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União, para assegurar a aplicação da nova lei. “Queremos que os benefícios já garantidos sejam preservados”, afirma o coordenador da Frente , deputado José Pimentel (PT-CE). Na Câmara, a subcomissão será presidida por Carlos Melles (PFL-MG).O vice-pre- sidente será Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que preside a Confederação Nacional da Indústria. A relatoria ficará com Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Todos se destacaram na aprovação da Lei Geral. Desde janeiro deste ano, de ponta a ponta do País, líderes empresariais e políticos se reúnem para antever e efetivar o novo cenário que se formará na economia nacional a partir da regulamentação e implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O movimento para transformar a nova legislação em realidade já mobiliza governadores e prefeitos, senadores, deputados e vereado- res e o próprio Governo Federal. Da mobilização também participam entidades empresariais e de categorias profissionais, como a dos contabilistas, e o Sebrae. É intensa a articulação das organizações públicas e privadas. Já nos primeiros meses de 2007, foram organizados eventos com o tema em 17 Estados. Os governos de Mato Grosso e de Goiás criaram gru- pos para debater a regulamentação da lei. No Rio Grande do Sul, 110 pessoas foram capacitadas para entender a nova legislação. Em São Paulo, foi criado um fórum permanente. No Maranhão, o governador Jackson Lago assinou um protocolo de intenções com o Sebrae. Em São Luís, o prefeito Tadeu Palácio editou decreto facilitando o acesso das MPEs às compras públicas. MOBILIZAR PARA IMPLANTAR Seminários são promovidos em vários pontos do País com a participação de líderes empresariais e políticos Participaram do lançamento da Frente Parlamen- tar Mista das MPEs o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto; o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT- SP); o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, senador Adelmir Santana (PFL-DF); o de- putado Carlos Melles (PFL-MG), o deputado José Pimentel (PT-CE); e o deputado Vilson Covatti (PP- RS), representante das Frentes Parlamentares Estaduais. M ár ci a G ou th ie r/ Ag ên ci a Se br ae Prefeito de São Luís, Tadeu Palácio, assina decreto que reduz burocracia em licitações Henrique Caldas 13 Guia do Prefeito Empreendedor SÃO PAULO LANÇA CAMPANhA Com o lema “Vamos desatar o nó da burocracia”, o governo de São Paulo lançou o Programa Estadual de Desburocratização (PED) para regulamentar a Lei Geral e acabar com a maratona e diminuir a papelada exigidas para abrir, manter e fechar empresas. Uma das principais metas do PED, lançado em março deste ano, é reduzir para até 15 dias o tempo e o custo dos serviços públicos para se abrir um empreendimento. “Vamos desatar esse nó e atrair novos negócios para o Estado”, destaca o governador José Serra. Além de informações para enfrentar a burocracia, o site do programa (www.desatarono.sp.gov.br) recorre ao bom humor, relata “burocasos” e cita frases de efeito: “O Brasil é feito por nós. Só falta agora desatar os nós”, do Barão de Itararé. Serra: novos negócios M ilt on M ic hi da /G ov er no d e Sã o Pa ul o 14 Guia do Prefeito Empreendedor >> Prêmio P refeito Empr eendedor Desde o início desta década, cresce no País a adoção de políticas municipais em favor das micro e pequenas empresas (MPEs). A maioria foi registrada pelos 1.650 prefeitos que se inscreveram nas quatro edições do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Eles são os pioneiros na implantação da Lei Geral. Em Maringá (PR), cuja prefeitura já participou três vezes do prêmio, o prefeito Sílvio Barros tornou-se também pioneiro na regulamentação da Lei Geral. Dois meses antes de a matéria ser sancionada, ele já havia assinado a Lei Geral Municipal. A partir de janeiro, adotou a Lei do Alvará de Funcionamento Provisório, com a liberação do documento em até 48 horas, após a solicitação pela internet (www.maringa.pr.gov.br). AÇõES PARA FACILITAR A VIDA DAS PEQUENAS EMPRESAS Premiação do Sebrae coleciona políticas bem-sucedidas nos municípios. Maringá agiliza a regulamentação da Lei Geral Ri ca rd o Lo pe s/ PM M Prefeito Sílvio Barros, de Maringá, foi elogiado por sancionar leis em favor das micro e pequenas empresas Guia do Prefeito Empreendedor “O Brasil é feito por nós. Só falta desatar os nós.” Barão de Itararé CRESCIMENTO DE CONTRATAÇõES A geração de emprego é uma das principais razões para se cumprir a Constituição e oferecer tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas. A capacidade de geração de empregos no setor é amplamen- te conhecida. Estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que, entre 1995 e 2000, nada menos que 96% dos novos empregos foram criados em empresas com até 100 empregados, nas quais se enquadram as micro e pequenas empresas. O saldo positivo entre as contratações e os desligamentos no setor foi de mais de 1,4 mi- lhão de novos postos de trabalho, um crescimento de 26% no período. “A lei é de muita importância para a criação de empresas e empregos em Brasília”, disse o vice-governador do DF, Paulo Octavio. M ar ci a G ou tie r/ Ag ên ci a Se br ae >> Constituição Tratar bem a micro e a pequena empresa é coisa de país desenvol-vido. Desde 1953, os Estados Unidos praticam o Small Business Act, uma espécie de Lei Geral norte-americana. Por força desse instrumento, as agências federais são obrigadas a ampliar a participa- ção das pequenas empresas em suas compras públicas. Na Europa, por meio de uma série de incentivos, 50% das exportações são feitas por empresas desse porte. Com base no tratamento diferenciado e favorecido às micro e pe- quenas empresas, previstos nos artigos 146, 170 e 179 da Constitui- ção, a Lei Geral vem para fazer justiça a quem mais contribui para gerar empregos e distribuir renda no Brasil, mas que enfrenta muitas dificul- dades em crédito, burocracia, tecnologia, tributos e mercado, desde a sua abertura, sobrevivência e até mesmo na hora do fechamento. POR QUE OS PEQUENOS NEGÓCIOS MERECEM TRATAMENTO DIFERENCIADO? A Constituição de 1988 acolheu princípios de normas adotadas nos EUA e na Europa em favor do segmento Abimaq/Divulgação Redução do peso dos tributos aumentará a criação de postos de trabalho Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, debate a Lei Geral com o vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octavio, e o superintendente do Sebrae-DF, Flávio Queiroga 1� Guia do Prefeito EmpreendedorGuia do Prefeito Empreendedor 1� Guia do Prefeito Empreendedor >> Mercado MAIS EMPREGOS De acordo com pesquisa do Sebrae em parceria com o Ministério do Planejamento, com o au- mento de fornecimento pelas MPEs para 30% das compras governamentais, devem ser gerados 971 mil empregos diretos por ano. No comparativo com empresas de médio e grande portes, as MPEs saem ganhando. Ou seja: po- dem gerar 790 mil empregos diretos a mais por ano. Estima-se ainda que, para cada emprego direto criado, sejam gerados outros dois empregos indiretos. Um novo filão de negócios será aberto às micro e peque-nas empresas (MPEs) por causa da vigência da Lei Geral. A nova legislação prevê que as MPEs passem a ter prefe- rência nas compras governamentais de produtos e serviços. Estima-se que as compras das esferas municipal, estadual e federal cheguem a 260 bilhões de reais por ano. De acordo com a avaliação do Sebrae, desse valor, as MPEs fornecem apenas 17%. Se esse percentual saltar para 30%, a fatia do segmento nas compras governamentais vai pas- sar dos atuais R$ 44 bilhões para R$ 78 bilhões. É um montante de R$ 34 bilhões, o equivalente à injeção de recursos verificada na economia, em 2006, por causa do pagamento do 13º salário. O percentual de 30% das compras governamentais corres- ponde à média que é destinado ao segmento em países desen- volvidos. Preços competitivos Os dois principais fatores que afastam as MPEs das licita- ções são as falsas teses de que só grandes fornecedores têm capacidade para vender para os governos e de que o processo é muito complicado. “Asempresas menores podem apresentar preços compe- titivos”, diz o gerente de Políticas Públicas do Sebrae-SP, Silvério Crestana. “Será grande a adesão em todo o País ao trabalho de regulamentação da lei nos municípios”, avalia o presidente da União dos Vereadores do Brasil (UBV), Joabs Sousa Ribeiro. MAIS ESPAÇO NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS Estima-se que as empresas de menor porte terão acesso a mais R$ 34 bilhões como fornecedores das compras governamentais Capacitar compradores públicos e fornecedores privados acerca da Lei Geral é um dos principais objetivos do programa “Uso do Poder de Compra do Estado”, firmado em julho de 2006, entre o Ministério do Planejamento e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre- sas (Sebrae). A iniciativa é para ampliar a participação das micro e pequenas empresas (MPEs) nas compras do Governo Federal, espe- cialmente nas aquisições feitas por pregão. Em 2005, as MPEs forneceram apenas 19% do valor dos produtos e serviços adquiri- dos pelo Governo Federal, o equivalente a R$ 2,5 bilhões. A meta do programa é aumentar esse percentual em mais 15%, passando para 34%, o que dará R$ 4,5 bilhões. As modalidades mais utilizadas pelas micro e pequenas empresas nas compras do Governo Federal são pregão, convite e dispen- sa de licitação. Em abr i l des te ano , fo i rea l i za - do um seminário internacional a respei- to de compras governamentais e da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A participação das MPEs nas licitações e compras governamentais foi debatida com os controladores do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União, das Pro- curadorias dos Estados e do GDF, entre outros órgãos. AULAS PARA COMPRADORES E FORNECEDORES Programa vai orientar 10 mil micro e pequenas empresas e 500 compradores públicos nos três níveis da Federação >> Capacitação 1� Guia do Prefeito Empreendedor No Amazonas, o Sebrae criou o Portal de Licitações (www.am.sebrae.com.br/ple/) para orientar os empreendedores. Guia do Prefeito Empreendedor 1� Guia do Prefeito Empreendedor >> Programa de Aceleraç ão do Crescime nto Não dá para falar em desenvolvimento sem levar em conta as micro e pequenas empresas. O segmento vai ser destinatário de uma boa fatia dos R$ 504 bilhões de investimentos previstos para os próximos quatro anos, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado, no início deste ano, pelo Governo Federal. A avalia- ção é do economista Carlos Alberto dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sebrae. “Os investimentos, mesmo que centrados em obras sob a responsabilidade de grandes empresas, vão possibilitar um enorme fluxo de encomendas para milhares de forne- cedores de menor porte de todas as regiões brasileiras”, destaca. Um dos dispositivos da Lei Ge- ral estabelece que, nas licitações, a administração pública poderá exigir das médias e grandes empresas a subcontratação de micro e pequenas empresas para fornecer até 30% do total do objeto licitado. “Não estamos mais discutindo inflação, mas, sim, desenvolvimento, crescimento eco- nômico com distribuição de renda”, observa Santos. Na opinião do superintendente do Sebrae em São Paulo, o economista Ricar- do Tortorella, com a inflação dominada e a economia estável, o ambiente ficou mais favorável para os empreendimentos de menor escala. “Chegou a hora e a vez de tratar a micro e pe- quena empresa com a grandeza que ela merece. São novos tempos que exigem novas atitudes”. NOVAS OPORTUNIDADES Boa parte das encomendas das grandes obras do PAC será atendida por empresas de menor porte Serão beneficiados segmentos com atuação expressiva de micro e pequenas empresas, como a construção civil Guia do Prefeito Empreendedor >> Estratégia 1� Guia do Prefeito Empreendedor DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL COM OS PEQUENOS O apoio aos empreendedores locais significa mais recursos movimentando a economia dos municípios COARI, FONTE DE OPORTUNIDADES Desde criança, João Bosco da Silva, 38 anos, casado, quatro filhos, fazia todo tipo de serviço em propriedades rurais de Coari, município do Estado do Amazonas. Hoje, ele beneficia mandioca usando as ferramentas da Casa de Farinha, um espaço construído pela Prefeitura para ser utilizado por produtores familiares. “Agora, eu sou patrão de mim mesmo”, comemora. Vencedor do 4º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor na categoria Royalties, o prefeito Adail Pinheiro utiliza recursos oriun- dos da exploração de petróleo e gás para apoiar empreendedores rurais e urbanos e oferecer incentivos fiscais para atrair novos investimentos. Essas ações privilegiam atividades que possam assegurar emprego e renda, aproveitando o ciclo petrolífero do município. Até 2008, a Petrobras investirá R$ 1,2 bilhão para a construção de um gasoduto de Coari a Manaus. Para os municípios de pequeno e médio portes, o melhor caminho para o desenvolvimento seguro e sustentável é justamente aquele que passa pelo incentivo à criação, manutenção, regulamentação e ex- pansão dos empreendimentos de menor escala. Uma grande indústria pode significar boa arreca- dação de impostos e geração de muitos empregos. Mas não pode ser a única fonte de riquezas, até porque nunca poderá absorver, sozinha, as demandas da população. Nem deve anestesiar outros setores da economia, como os serviços. As micro e pequenas empresas, além de gerarem mais empregos e distribuírem mais renda, são cativas do município. Na sua grande maioria, são geridas por empreendedores do próprio local que vão manter ali seus investimentos. Ao contrário do que pode ocorrer com a decadência ou o fechamento de uma grande empresa, o mesmo não acontece em relação aos pequenos. São impactos meno- res na economia, uma vez que a relação não é de tamanha dependência quando consideradas individualmente. Outro fator que assegura o desenvolvimento sustentável com os pequenos é que eles praticamente vencem os concorrentes de outros locais ou disputam o mesmo mercado em boas condições. Assim, a riqueza produzida na cidade fica nela mesma, fazendo a econo- mia girar com dinamismo. Os investidores de fora serão bem-vindos na medi- da em que também contribuam para fortalecer os peque- nos negócios locais. Em Coari, Amazonas, Prefeitura usa royalties da exploração de petróleo e gás para apoiar os empreendedores locais, como os produtores de farinha de mandioca, e oferecer incentivos a novos investimentos Co ar i (A M )/ Fe rn an do B iz er ra /B G P re ss >> Pesquisa BRASILEIRO TEM VOCAÇÃO PARA EMPREENDER O Brasil é o 10º país mais empreendedor do mundo; as prefeituras devem investir nesse potencial para promover o desenvolvimento Fonte: GEM O empreendedorismo está no sangue dos brasileiros. O Brasil é o décimo país mais empreendedor do mundo. Os dados são da edição 2006 do Global Entrepreneur- ship Monitor (GEM), pesquisa a respeito do empreendedorismo mundial realizada em 42 países. A posição do Brasil é relativa aos chamados empreende- dores iniciais, aqueles que possuem até três anos e meio de atividade. Mas vale destacar que o País manteve a quinta po- sição no ranking de empreendedores estabelecidos, que têm negócios há mais de três anos e meio. Pela primeira vez no País, o número dos empreende- dores estabelecidos superou o de empreendedores iniciais. Isso pode ser atribuído à estabilidade econômica. “Os dados evidenciam que se criaram condições para a fermentação de um ambiente mais propício à geração de negócios, trabalho e renda”, aponta a pesquisa. De acordo com o GEM, 7 milhões de empreendedores são motivados por oportunidade – os que têm vocação ou descobrem novos nichos no mercado. O número é pouco su- perior aos 6,5 milhões que se lançam na atividade por falta de opções de trabalho. No Brasil, a pesquisa é feita pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), em parceriacom o Sebrae. Dignidade O ambiente ficará mais favorável aos pequenos negócios com a implantação da Lei Geral nos municípios, afirma o Se- brae. As prefeituras devem desenvolver políticas públicas para multiplicar essa vocação nacional. Foi o que aconteceu em Nova Marilândia (MT), onde o prefeito José Aparecido dos Santos foi o vencedor do Centro-Oeste do 4º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor. Lá, 230 famílias ganham hoje R$ 3 mil por mês, cada uma, com a criação de aves, graças a parcerias firmadas pela Prefeitura com o frigorífico Perdigão e o Banco do Brasil. “Isso trouxe dignidade para a minha família”, festeja Eliana Pereira, 42 anos, casada e mãe de três filhos. Antes, ela ganhava R$ 70,00 por mês como doméstica. RANKING DOS PRINCIPAIS PAíSES POR EMPREENDEDORES ESTABELECIDOS – 2006 20 Guia do Prefeito Empreendedor Fe rn an do B iz er ra Jr ./ BG P re ss Eliana trocou a renda mensal de R$ 70,00, como doméstica, para R$ 3 mil, como avicultora, graças a projeto desenvolvido pela Prefeitura de Nova Marilândia (MT) Guia do Prefeito Empreendedor >> Serviços financeiros 21 Guia do Prefeito Empreendedor E A CIDADE RENASCEU Em 1991, a criação da Cooperativa de Crédito Rural de São Roque de Minas (Saromcredi) tirou o município da deca- dência em que estava. Com a economia estagnada, até a única agência bancária, da MinasCaixa, fechou as portas. Um ano depois que começou a operar, o patrimônio da entidade saltou de US$ 2 mil para US$ 22 mil. Com acesso ao crédito, aumentou significativamente a produção de queijo, milho e café. O apoio da prefeitura foi decisivo, inclusive, cedendo sala, com móveis e máquinas. Até hoje, é uma forte parceira. Todas as transações bancárias, como pagamento de funcionários, são feitas pela cooperativa. Atualmente, a Saromcredi tem 6,5 mil associados João Leite, presidente da Saromcredi, e André Carvalho, autor do livro “A cidade que morria devagar”, que relata como a criação da cooperativa foi decisiva para o renascimento econômico de São Roque de Minas (MG). Márcia Gouthier/Agência Sebrae SOLUÇõES PARA O CRÉDITO As prefeituras podem apoiar as cooperativas de crédito para ampliar o acesso aos empréstimos Há um consenso no Brasil entre os especialistas do mercado de crédito: sobram recursos; faltam, porém, candidatos que atendam às exigências impostas para a li- beração do dinheiro. Aí está um dos principais entraves das micro e pequenas empresas (MPEs), na avaliação de um em cada cinco empresários, informa pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No levantamento acerca da Economia Informal Urbana 2003, realizado pelo IBGE, apenas 4,5% dos 10,3 milhões de empresas informais no País tomaram crédito nos três meses anteriores à pesquisa. Recursos do FAT Esses dados reforçam a necessidade de as prefeituras estimularem fontes alternativas para financiar empreendedores sem acesso aos bancos tradicionais, com o apoio à criação de cooperativas de crédito, instalação de filial do Banco do Povo e abertura de instituições de microcrédito. Vale destacar que as cooperativas de crédito poderão oferecer financiamento a juros menores, porque terão acesso a recursos do FAT. As novas diretrizes da Lei Geral devem incentivar a oferta de crédito a taxas mais competitivas para as micro e pequenas empresas. A expectativa das instituições é que a nova lei promova uma onda de formalização, gerando novas oportu- nidades de captação de correntistas. Em 2006, o Banco do Brasil emprestou R$ 23 bilhões para MPEs e pretende chegar a R$ 30 bilhões em 2007. As coope- rativas de crédito também esperam crescer, principalmente, se tiverem apoio das prefeituras. Guia do Prefeito Empreendedor >> Panoram a A maioria das cidades brasileiras, em torno de 70%, tem até 20 mil habitantes. Suas economias são, com poucas exceções, baseadas na atividade das micro e pequenas empresas. Ao todo, nessa situação enquadram-se 4.006 municí- pios. Confira o gráfico abaixo. Essa grande parcela das cidades brasileiras, com raras exceções, enquadra-se nos seguintes perfis: Cidades pequenas com grandes empresas – Dentro desse grupo de cidade existem aquelas com poucas grandes A PRINCIPAL BASE ECONÔMICA DOS MUNICíPIOS Cerca de 70% dos 5.564 municípios brasileiros têm suas economias concentradas principalmente nos empreendimentos de menor porte PERFIL DAS CIDADES SEGUNDO A POPULAÇÃO Fonte: IBGE. Estimativa de população – 2002 e 2003. IBAM. Banco 22 Guia do Prefeito EmpreendedorGuia do Prefeito Empreendedor Até 2 Mais de 2 a 5 Mais de 5 a 10 Mais de 10 a 20 Mais de 20 a 50 Mais de 50 a 100 Mais de 100 a 200 Mais de 200 a 500 Mais de 500 a 1.000 Mais de 1.000 23,67%24,14% 22,41% 17,79% 5,55% 2,21% 2,14% 1,47% 0,36% 0,26% Os pequenos negócios são o sustentáculo econômico da grande maioria dos municípios (Mil habitantes) empresas que impulsionam a economia. Mas a queda na produção ou falência dos grandes grupos pode causar sérios danos ao mercado de trabalho e à arrecadação de impostos. Por isso, é fundamental diversificar a economia e reduzir essa dependência (veja o caso de Anchieta no box) Cidades pequenas com muitos pequenos negócios – Nesse perfil, enquadra-se a maioria das cidades brasileiras. Representam o foco da melhor estratégia para o desen- volvimento dos municípios com melhor distribuição de renda. Cidades pequenas com poucos pequenos negócios – As cidades que contam com poucos pequenos negócios e não abrigam grandes empresas são consideradas de economia estagnada. Dependem dos benefícios dos aposentados, dos salários dos servidores públicos e dos programas de assistência social. As prefeituras dependem pri- cipalmente do Fundo de Participação dos Municípios, do Governo Federal. Cidades médias ou grandes – Apenas 3% das cidades brasileiras são conside- radas médias ou grandes, mas, mesmo assim, é fundamental a participação das micro e pequenas empresas na movimentação da economia e até para evitar os dramas sociais. Panorama – Diante desse panorama, conclui-se a importância de investir nos micro e pequenos. Esses aparentam empregar poucas pessoas, mas, somados, empregam mais (57,4%) do que as médias e grandes indústrias e podem fortalecer a arrecadação dos impostos. Pr ef ei tu ra d e An ch ie ta /D ivu lg aç ão DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA Preocupado com a concentração da economia local nas ati- vidades da Samarco Mineração, o prefeito de Anchieta (ES), Edival José Petri, incentivou o surgimento de prestadoras de serviços, agronegócios familiares e fornecedoras da cadeia produtiva de petróleo e gás. A estimativa é gerar 4.000 postos de trabalho. Isso o levou também a cuidar da capacitação da mão-de-obra para aten- der as novas demandas. “O nosso município era dependente de um só empreendi- mento”, justifica Petri, que foi um dos finalistas do 4º Prêmio Se- brae Prefeito Empreendedor na categoria Planejamento, Estruturação e Governança Local para o Desenvolvimento. 23 Guia do Prefeito Empreendedor Prefeitura de Anchieta descentraliza a economia e investe na capacitação de mão-de-obra para as novas atividades >> Legalização Guia do Prefeito Empreendedor De 1997 a 2003, o número de microempresas informais com até cinco empregados aumentou em 9,1% no País. Eram 9,5 milhões e chegaram a 10,3 milhões. Repre- sentam mais do que o dobro dos 4,633 milhões de empresas legalmente constituídas. “O Brasil detém o incrível e surreal índice de duas empresas informais para cada empresa formal”, avalia o consultor André Spí- nola, da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae. De acordo com o IBGE, o motivo mais alegado pelos sócios (31%) para terem ingressado no mundo dos negócios foi o fato de que “não encontrou emprego”. Apenas 7,4% fizeram a opção por entendê-la como um negócio promissor. O POTENCIAL DA FORMALIZAÇÃO As microempresas não legalizadasocupam quase a mesma quantidade da mão-de-obra empregada pelas micro e pequenas empresas regulares. FORMALIZAÇÃO COM jUSTIÇA Em junho de 2005, o prefeito Geraldo Leite da Cruz , de Embu das Artes (SP), combateu a informalidade no comércio com a campanha “Tô Legal em Embu”. Em contrapartida, isentou micro- negócios instalados na casa do próprio empreendedor. “É a Justiça Fiscal: ganhos menores, impostos menores”, ensina Cruz, Vencedor Nacional do 4º Prêmio Sebrae Prefeito Em- preendedor na categoria Grandes Cidades. Resultado: dos 2.500 informais do município, 800 já foram re- gularizados, inclusive 88% dos 550 expositores da Feira de Artes, o principal atrativo turístico da cidade. Eg yd io Z ua na zz i/ As se ss or ia d e Im pr en sa /E m bu Campanha regularizou 88% dos expositores do principal atrativo turístico da Cidade de Embu, a Feira das Artes São empreendimentos que podem ser submetidos à capacitação e atraídos para a formalidade por causa dos atrativos oferecidos pela Lei Geral, como redução e simplificação dos impostos, desburocratização do processo de abertura, acesso ao crédito, participação nas compras públicas, entre outros. Assim, elas vão aumentar a arrecadação e distribuir mais renda nos municípios, além de gerar mais empregos formais. No mesmo período, o número de empregos gerados pelos micronegócios informais aumentou de 12,8 mi- lhões para 13,8 milhões. Esse contingente ocupado soma 93% da totalidade de pessoas empregadas em micro e pequenas empresas formais. 24 Guia do Prefeito Empreendedor >> Inclusão Empresas informais e pessoas ocupadas (1997 – 2003) 1997 2003 Variação % Número de empresas 9.477.973 10.335.962 9,1 Pessoas ocupadas 12.870.421 13.860.868 7,7 Fonte: Economia Informal Urbana, ECINF 2003 - IBGE. RUMO À CIDADANIA EMPRESARIAL O incentivo à legalização ajuda a combater até o aumento da criminalidade Cerca de 13,8 milhões de pessoas trabalham nas cidades no intrincado mercado informal, onde não têm carteira assinada, nem pagam impostos, nem têm direitos previ- denciários assegurados. Também vivem à margem da lei os 10,3 milhões de em- pregadores informais. Sem cidadania empresarial, eles são as primeiras vítimas da injustiça tributária, a ser combatida pela Lei Geral. Lidar com essa questão é um desafio para os gestores públicos municipais, pois, mesmo informais, eles são importan- tes para o fornecimento de produtos e serviços e geração de ocupações. Além de ser praticamente impossível, simplesmente proi- bi-los de trabalhar poderia aumentar ainda mais o número de desocupados, a concentração de renda, a violência. Há extrema necessidade de políticas públicas para apoiá- los e atraí-los à formalidade. Alguns passos a serem seguidos para a solução dessa questão, o que nunca acontecerá em curto prazo, são: • Identificar essas pessoas e negociar com elas alternati- vas que levariam à formalização, sem cessar suas rendas. • Aprovar na Câmara Municipal projetos disciplinando zone- amentos urbanos e as posturas municipais. • Complementar a legislação com normas detalhadas acer- ca do funcionamento dos pequenos negócios desorganizados. • Fiscalizar de forma educativa antes de adotar medidas punitivas. São medidas que, no entanto, não dispensam incentivos à legalização, como des- burocratização, desoneração tributária e educação. Com a regularização, os pequenos negócios formais vão prosperar e florescer 2� Guia do Prefeito EmpreendedorGuia do Prefeito Empreendedor TRATAMENTO DIFERENCIADO Logo no primeiro capítulo, a Lei Complementar nº 123/06, mais conhecida como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, deixa bem claro que estabelece “normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”. Esse tratamento diferenciado refere-se, especialmente: I – à apuração e ao recolhimento dos impostos e das contribuições da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias. II – ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias. III – ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive, quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. REPRESENTANTES DOS MUNICíPIOS Para gerir esse tratamento às micro e pequenas empresas, a Lei Ge- ral cria o Comitê Gestor de Tributação, vinculado ao Ministério da Fazenda. Presidido pelo secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o Comitê é composto por dois representantes da própria Receita e dois da Secretaria da Receita Previdenciária, que representarão a União; dois dos estados e Distrito Federal e dois representando os municípios. Sua função é a de tra- tar dos aspectos tributários. OS BENEFíCIOS DA LEI GERAL Entenda os principais pontos da nova legislação das micro e pequenas empresas SUPER SIMPLES EM 1º DE jULhO No final de março, integrantes do Comitê Gestor do Simples Nacional, mais conhecido por Super Simples, e da Frente Parlamen- tar Mista das Micro e Pequenas Empresas no Congresso Nacional reuniram-se para tratar da aplicação desse novo sistema tributário, criado pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. “Nosso compromisso é de, no dia 1° de julho, termos o Simples Nacional funcionando”, disse o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, que preside o Comitê Gestor, integrado por representantes da União, dos Estados e dos municípios. Rachid em reunião com representantes da Frente Parlamentar e do Sebrae M ár ci a G ou th ie r/ Ag ên ci a Se br ae d e N ot íc ia s 2� Guia do Prefeito Empreendedor No Comitê Gestor, os representantes dos municípios são o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Roberto Ziulkoski, e a secretária municipal de Tributação de Natal (RN), Maria Gore- te de Araújo Cavalcanti. MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICíPIOS PREFEITO EMPREENDEDOR O Prefeito Municipal tem um papel importantíssimo na promoção do desenvolvimento local, que passa pelo fomento e incentivo às micro e pequenas empresas. Iniciativas que es- tão ao seu alcance podem facilitar o desenvolvimento dos pequenos negócios. Quando se fala em incentivo, a primeira questão que lembramos é a renúncia fiscal por parte dos municípios, o que é importante, mas nem sempre está ao alcance do prefeito, que necessita manter a sua arrecadação para atender as diversas demandas da sociedade, em especial, nas áreas de educação, saúde e segurança. Assim, o fomento às pequenas empresas deve concentrar-se em outras iniciativas que, na maioria dos casos, têm um efeito muito mais benéfico para a economia local, como o incen- tivo à participação das empresas locais nas compras públicas, por exemplo, que está sendo po- tencializado com a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, e que passa pelo compromisso do município pagar em dia os seus fornecedores. Ações de desburocratização para a abertura de empresas e a agilidade nos processos que deman- dam fiscalização reduzem o custo das empresas e contribuem para o desenvolvimento das mesmas. A parceria entre o poder público local e as micro e pequenas empresas, com certeza, é a chave para o desenvolvimento de nossos municípios e, conseqüentemente, do Brasil. Paulo Ziulkoski – Presidente da CNM MENSAGEM DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS MUNICíPIOS (ABM) A Associação Brasileira de Municípios manifesta irrestrito apoio às diretrizes da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, entendendo que normas específicas de estímulo ao desen- volvimento econômico e social se vinculam com a atividade empreendedora dos agentes privados nas cidades brasileiras josé do Carmo Garcia – Presidente da Associação Brasileirados Municípios CN M /D iv ul ga çã o 2� Guia do Prefeito Empreendedor Trabalhar pelo fortalecimento das micro e pequenas empresas é estimular o crescimento de nossa economia. É gerar empregos e renda para todo o País. Por isso, é fundamental que você conheça a Lei Geral – Lei Complementar 123/06. A nova lei promove o acesso ao crédito e à tecnologia, integra os impostos, simplifi ca a formalização de empresas e, na maioria dos casos, reduz a carga tributária. Seja parceiro nesse ciclo de desenvolvimento e trabalhe pela regulamentação e implantação da lei em seu município. Lei Geral. Uma mobilização da sociedade, empresários e líderes para impulsionar os pequenos negócios e o crescimento do Brasil. Acesse www.leigeral.com.br Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Desenvolvimento para os pequenos negócios. Muito mais oportunidades para o seu município. Trabalhar pelo fortalecimento das micro e pequenas empresas é estimular o crescimento de nossa economia. É gerar empregos e renda para todo o País. Por isso, é fundamental que você conheça a Lei Geral – Lei Complementar 123/06. A nova lei promove o acesso ao crédito e à tecnologia, integra os impostos, simplifi ca a formalização de empresas e, na maioria dos casos, reduz a carga tributária. Seja parceiro nesse ciclo de desenvolvimento e trabalhe pela regulamentação e implantação da lei em seu município. Lei Geral. Uma mobilização da sociedade, empresários e líderes para impulsionar os pequenos negócios e o crescimento do Brasil. Acesse www.leigeral.com.br Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Desenvolvimento para os pequenos negócios. Muito mais oportunidades para o seu município. PARA FACILITAR AS ATIVIDADES ECONÔMICAS O sentido da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, recentemente aprovada, é facilitar as atividades econômicas do pequeno empreendedor, reduzindo a carga fiscal, unificando impostos, removendo entraves burocráticos e estimulando, assim, a redução da informalidade. joão Paulo Lima e Silva – Presidente da Frente Nacional de Prefeitos – FNP e prefeito do Recife (PE) DEFINIÇÃO Em seu segundo capítulo, a lei define a empresa considerada micro e aquela considerada de pequeno porte. No caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica ou a ela equiparada, tem, em cada ano- calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240 mil. Já as empresas de pequeno porte são aquelas com receita bruta superior a R$ 240 mil e inferior ou igual a R$ 2,4 milhões. OPÇÃO VINCULANTE Para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS na forma do Simples Nacional, a Lei Geral estabelece exceções à regra aos estados que tiverem participação no Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) de até 5%. Atenção: a opção feita pelo Estado vincula os Municípios nele localizados. Essa medida é fa- cultativa. O estado decidirá se adota os limites acima citados ou se opta por um dos limites de FÓRUM GANhOU FORÇA Criado em 2000, por meio do Decreto nº 3.474, o Fórum Perma- nente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, presidido e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ficou fortalecido com a vigência da Lei Geral das Micro e Peque- nas Empresas. Com reuniões mensais e duas plenárias por ano, o Fórum tem por missão discutir políticas de apoio ao segmento, exceto de natureza tribu- tária. É composto por representantes do governo, de entidades de repre- sentação empresarial e por várias instituições de apoio ao segmento. De acordo com a Lei Geral, o poder público deverá incentivar a cria- ção de fóruns regionais nos estados. “Vamos ficar atentos à regulamen- tação dos benefícios”, assinala o presidente da Confederação Nacional das Entidades de Micro e Pequenas Empresas (Conempec), José Tarcísio da Silva, integrante do Fórum Permanente. José Tarcísio, da Conempec, no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte M ár ci a G ou th ie r/ Ag ên ci a Se br ae d e N ot íc ia s 30 Guia do Prefeito Empreendedor acordo com sua participação no PIB: I – Estado com PIB inferior a 1% poderá estabelecer o limite de receita bruta anual até R$ 1.200.000,00; II – Estado com PIB entre 1 e 5% poderá estabelecer o limite de receita bruta anual até R$ 1.800.000,00; III – Estado com PIB igual ou superior a 5% obriga-se a adotar o limite normal de receita bruta anual. Vale lembrar que o uso desses limites pelo estado é somente para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS, na forma do Simples Nacional em seus respectivos territórios. DESBUROCRATIZACÃO No seu Capítulo III, a Lei Geral determina que todas as informações acerca de tais procedimentos devem estar amplamente disponíveis aos interessados, inclusive pela internet, e prevê que os órgãos e as entidades envolvidos na abertura, alteração e baixa das MPEs, das três esferas de governo (federal, estadual e municipal), deverão compatibilizar e integrar procedimentos que facilitem o cumprimento pe- las pequenas empresas. A lei facilita o registro de atos constitutivos, de suas alterações e baixas que poderão ser feitos indepen- dentemente da regularidade das obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas. Isso não exime empre- sários, sócios e administradores de suas responsabilidades, apuradas antes ou após o ato de extinção. O arquivamento dos atos constitutivos de sociedades empresariais e o arquivamento de suas altera- CADASTRO SINCRONIZADO Spínola, consultor do Sebrae: integração tributária Márcia Gouthier/Agência Sebrae Fazenda e a Junta Comercial ou promulgar uma lei (vide, a partir da página 34, a minuta da Lei Geral Municipal proposta pelo Sebrae). O Cadastro Sincronizado Nacional é um projeto desenvolvido pela Secretaria da Receita Federal que visa a integração dos procedimentos cadastrais das empresas entre as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, e demais órgãos e entidades que fazem parte do processo de abertura de empresas, como, por exemplo, Juntas Comerciais, Corpo de Bombeiros e Secretarias de Vigilância Sanitária, dentre outros. Seus objetivos principais, de acordo com a SRF, são: • Simplificação e racionalização dos processos de inscrição, alteração e baixa das pessoas jurídicas e demais entidades (en- tes econômicos), com a conseqüente redução de custos e prazos, além da garantia de maior transparência a todo o processo; • Harmonização das informações cadastrais das pessoas jurídicas e demais entidades entre os conveniados, permitindo que esses atuem com maior eficiência e eficácia. As micro e pequenas empresas que optarem pelo Super Simples utilizarão documento único para o pagamento dos seguintes tribu- tos: ISS, INSS, CSLL, COFINS, PIS, IPI, IRPJ e ICMS. Haverá, ainda, cadastro sincronizado unificado para a Junta Comercial, Fazenda Municipal, Prefeitura, Receita Federal, Previdência Social, Receita Estadual e Anvisa. Cada empresa poderá ter um único número para identificação em todos esses órgãos. Segundo André Spínola, consultor da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, para que os municípios possam participar dessa integra- ção, é necessário firmar um convênio com a Secretaria Estadual de 31 Guia do Prefeito Empreendedor ções ficam isentos de uma série de exigências. Não será mais necessária a apresentação de certidão de inexistência de condenação criminal, que será substituída por declaração do titular ou administrador. Fica dispensada, ainda, a prova de quitação, regularidade e inexistência de débitos referentes a tributo ou contribuição de qualquer natureza. Não poderão ser exigidos do empreendedor, salvo casos de autorização prévia, quaisquer docu- mentos adicionais aos requeridos pelos órgãos executores do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e do Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Da mesma forma não poderão ser exigidos documentos de propriedade ou de locação do imóvel, filial ou outro estabelecimento,salvo para comprovação de endereço, e a comprovação de regularidade de pre- postos dos empresários ou pessoa jurídica com seus órgãos de classe como requisito para deferimento do ato de inscrição, alteração ou baixa da empresa e para autenticação de instrumento de escrituração. TRIBUTAÇõES No Capítulo IV, a Lei Geral institui o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contri- buições para as micro e pequenas empresas, denominado Simples Nacional. Por meio dele, mediante um único documento, poderão ser pagos mensalmente: IRPJ, IPI, CSLL, Confins, PIS/Pasep, Contribuição para a Seguridade Social, ICMS e ISS. Além disso, as micro e pequenas empresas ficam isentas de contribuição para o Sistema S (Senai, Senac, Sebrae etc.), do salário-educação, do Incra e dos seguros de acidentes de trabalho. COMPRAS PÚBLICAS Tratamento especial nas aquisições do poder público é destinado às micro e pequenas empresas no Capítulo V. “Nas licitações – diz o Art. 44 – será assegurada, como critério de desempate – preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte”. Já o Art. 47 diz que nas contratações públicas da União, estados e municípios, poderá ser concedido Com a Lei Geral, o segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo, que optarem pela exclusão do direito ao be- nefício de aposentadoria por tempo de contribuição, terão uma redução de sua contribuição previdenciária de 20% para 11% sobre um salário mínimo. Desde 1º de abril, o empreendedor que se inscrever na Previdência Social na categoria de contribuinte individual ou contribuinte facultativo poderá optar por essa alíquota de 11%. Essa medida visa justamente estender a proteção previdenciária a trabalhadores autônomos como artesãos, camelôs e vários profissionais liberais, dentre outras categorias. Essa alíquota reduzida dá ao empreendedor todos os benefícios previdenciários, exceto aposentado- ria por tempo de contribuição, passando a ter o direito à aposentadoria por idade (65 anos para o homem e 60 para a mulher), com carência de 15 anos de contribuição. DESONERAÇÃO PREVIDENCIáRIA 32 Guia do Prefeito Empreendedor tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte, objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica. A administração pública poderá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação das micros e pequenas empresas nas contratações de até R$ 80.000.00. Pode, ainda, fazer o mesmo quando for exigida dos licitantes a subcontratação das mesmas, quando o objeto a ser subcontratado não exceda a 30% do total licitado. Isso pode ocorrer, também, em situações em que se estabeleça cota de até 25% do objeto para con- tratação exclusiva das micros e pequenas empresas, em certames para aquisição de bens e serviços de natureza divisível. OBRIGAÇõES TRABALhISTAS As micro e pequenas empresas estarão dispensadas da fixação de quadro de trabalho em suas depen- dências, da anotação de férias dos empregados nos livros e fichas de registros, de empregar e matricular empregados em serviços nacionais de aprendizagem, da posse do livro de Inspeção do Trabalho e, ainda, de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a concessão de férias coletivas. É o que está disposto no Capítulo VI que permite também que, perante a Justiça do Trabalho, o em- pregador seja substituído ou representado por terceiros conhecedores dos fatos, ainda que sem vínculo trabalhista ou societário. FISCALIZAR ORIENTANDO A nova lei deixa claro, em seu Capítulo VII, a prioridade para a fiscalização orientadora em vez da punitiva nos aspectos trabalhista, metrológico, sanitário, ambiental e de segurança deverá ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento. ASSOCIATIVISMO Pelo Capítulo VIII, as micro e pequenas empresas poderão realizar negócios de compra e venda de 33 Guia do Prefeito Empreendedor Os empresários brasileiros de todos os recantos do País vão receber informações acerca da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas pelas ondas do rádio. A partir do dia 2 de julho e até o dia 28 de agosto, 500 emissoras do Brasil inteiro – entre rádios universitárias, comunitárias e outras – vão transmi- tir o programa Sebrae Responde Lei Geral, parceria da instituição com a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Alessandro Machado, do Sebrae-RS, é um dos consultores que vão esclarecer dúvidas a respeito da Lei Geral M ár ci a G ou th ie r/ AS N INFORMAÇõES PELAS ONDAS DO RáDIO bens e serviços, para mercados nacionais e internacionais por meio de consórcios, por prazo indetermina- do, dentro de condições determinadas pelo Poder Público Federal. Tais consórcios deverão ser constituídos exclusivamente por empresas de micro e pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. O objetivo é aumentar a competitividade do setor e sua inserção em novos mercados por meios de ganho de escala, redução de custos, gestão estratégica, maior capacitação, aces- so a crédito e novas tecnologias. ExPANSÃO DO CRÉDITO Os bancos comerciais públicos e os múltiplos públicos com carteira comercial e a Caixa Econômica Federal manterão linhas de crédito específicas para as micros e pequenas em- presas. Deverão, também, se articular com as entidades de representação das MPEs no sentido de proporcionar e desenvolver programas de treina- mento, desenvolvimento gerencial e capacitação tecnológica. Caberá ao Banco Central disponibilizar dados e informações para as instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, visando ampliar para as MPEs o acesso ao crédito e fomentar a competição bancária. Recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador poderão ser disponibilizados para cooperativas de crédito com participação das MPEs. ESTíMULO À INOVAÇÃO As micro e pequenas empresas passarão a ter, com a instituição da Lei Geral, estímulo à inovação tec- nológica, um tema tratado no Capítulo X. A União, Estados e municípios terão por meta aplicar 20% dos recursos destinados à inovação e tec- nologia para o desenvolvimento da atividade nas MPEs. REGRAS CIVIS Ao tratar das regras civis e empresariais das micro e pequenas empresas, a Lei Geral, em seu Capí- tulo XI, determina que essas “são desobrigadas da realização de reuniões e assembléias em qualquer das situações previstas na legislação, as quais serão substituídas por deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade do capital social”. DEFINIÇÃO DE PEQUENO EMPRESáRIO A Lei Geral associou a pré-empresa ao “pequeno empresário” mencionado no Código Civil brasileiro. Enquadra-se nessa condição os empreendedores individuais com receita bruta anual de até 36 mil reais que estejam em fase de formalização. Os primeiros incentivos concedidos aos pequenos empresários já aparecem no Código Civil, ao dis- pensá-lo de seguir sistema de contabilidade com base na escrituração dos livros e a levantar anualmente balanço patrimonial e de resultado econômico. Além disso, eles poderão optar por fornecer nota fiscal avulsa obtida junto às Secretarias de Fazenda ou Finanças dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Será observado, para a aplicação de penalidades, o critério de dupla visita 34 Guia do Prefeito Empreendedor ACESSO AOS jUIZADO ESPECIAIS No capítulo XII, a Lei Geral faculta o uso dos Juizados Especiais Cíveis e Federais pelas micro e peque- nas empresas. Isso facilita a solução de conflitos, porque esses juizados são mais ágeis do que a justiça comum. Além disso, não há necessidade de contratar advogados e de pagamento de custas. O mesmo artigotambém fomenta a utilização de métodos extrajudiciais que podem dispensar no- vas ações judiciais em um sistema judiciário já abarrotado de processos, inclusive os próprios juizados especiais. Esses métodos são a conciliação prévia, mediação e arbitragem. Gerar acesso à Justiça para as micro e pequenas empresas (MPEs) e desafogar os tribunais do País foram os objetivos que levaram o Sebrae, a Confederação Brasileira das Associações Co- merciais e Empresariais do Brasil (CACB) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a firmar convênio em março de 2003. A parceria resultou na disseminação e na consolidação dos Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos, os Mescs, e na criação da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresa- rial (CBMAE). Dois anos e seis meses depois do convênio, a experiência já registrava 87 câmaras de mediação e arbitragem implantadas em 24 unidades da Federação. Quatro mil pessoas já haviam sido capa- citadas pelo convênio como mediadores, conciliadores e árbitros. Sete publicações, entre cartilhas e livros sobre o tema estão sendo distribuídos no País. Duas delas foram elabo- radas pelas unidades do Sebrae do Amazonas e na Bahia e encontram-se nos balcões da Instituição. A CACB publica a revista Resultado, de periodicidade mensal, e especializada no tema. Os métodos extrajudiciais po- dem ser usados em uma série de situações, a exemplo de conflitos entre vizinhos, separações, divórcios, fal- ta de pagamento, devolução de mercadoria defeituosa e pensão alimentícia. São apenas alguns problemas com os quais qualquer cidadão ou empresa pode ter de lidar em algum dia a mais. Para resolvê-los, o ideal é não depender de tribunais, juízes e advogados que podem significar muito tempo e dinheiro. Apesar de serem praticamente desconhecidas do grande público, as câmaras de mediação e arbitra- gem são uma alternativa satisfatória para solucionar os pequenos conflitos e controvérsias. São um instru- mento previsto por lei, desde o Código Comercial de 1850. No período Imperial, funcionavam dentro das associações comerciais e estavam voltadas apenas à solução de conflitos empresariais. Fonte: Revista Sebrae nº 16 NO PAíS DO ENTENDIMENTO 3� Guia do Prefeito Empreendedor A proposta, detalhada a seguir, é uma solução que pode ser implementada nos municípíos para regulamentar a Lei das Micro e Pequenas Empresas (Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006). Esta minuta de projeto de lei não tem o objetivo de esgotar o assunto. Trata- se de um ponto de partida para a efetiva discussão do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido a ser concedido aos pequenos negócios diante da realidade de cada município. É um caminho para a regulamentação da Lei Geral. INSTITUI A LEI GERAL MUNICIPAL DA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE Para atender e dar efetividade aos arts. 146, III, d, 170, IX, e 179 da Consti- tuição Federal, a Lei Complementar Federal nº. 123/06, e com vista ao fomento e desenvolvimento do município, o Povo, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei: CAPíTULO I DAS DISPOSIÇõES PRELIMINARES Art. 1º Esta lei regulamenta o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido assegurado às microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) doravante simplesmente denominadas ME e EPP, em conformidade com o que dispõe os arts. 146, III, d, 170, IX, e 179 da Constituição Federal e a Lei Complementar federal nº. 123, de 15 de dezembro de 2006, criando a “LEI GERAL MUNICIPAL DA MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE”. LEI GERAL MUNICIPAL Um caminho para a regulamentação Outras sugestões estarão disponíveis no site www.leigeral.com.br Além disso, o Sistema Sebrae está à disposição para auxiliar os prefeitos na construção de propostas adequadas às necessidades do município 3� Guia do Prefeito Empreendedor Art. 2º Esta lei estabelece normas relativas: I – Aos incentivos fiscais; II – à inovação tecnológica e à educação empreendedora; III – Ao associativismo e às regras de inclusão; IV – Ao incentivo à geração de empregos; V – Ao incentivo à formalização de empreendimentos; VI – Unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas; VII – Criação de banco de dados com informações, orientações e instrumentos à disposição dos usuários; VIII – Simplificação, racionalização e uniformização dos requisitos de segurança sanitária, metrologia, controle ambiental e prevenção contra incêndios, para os fins de registro, legalização e funcionamento de empresários e pessoas jurídicas, inclusive, com a definição das atividades de risco considerado alto; IX – Regulamentação do parcelamento de débitos relativos ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN); X – Preferência nas aquisições de bens e serviços pelos órgãos públicos municipais. CAPíTULO II DO REGISTRO E DA LEGALIZAÇÃO SEÇÃO I DO ALVARá DIGITAL Art. 3º O registro e a legalização de empresas devem ser simplificados, de modo a evitar exigências superpostas e inúteis, procedimentos e trâmites procrastinatórios e custos elevados. Parágrafo único. Os procedimentos para a implementação de medidas que viabilizem o alcance das de- terminações contidas no caput deste artigo serão coordenados pela Secretaria Municipal de Fazenda. 3� Guia do Prefeito Empreendedor Para atrair novos empreendimentos no município, a Prefeitura de Petrópolis (RJ) digitalizou a burocracia. A prefeitura oferece uma série de serviços eletrônicos pela internet para o setor produtivo, a exemplo do Alvará Fácil, Consulta Prévia Fácil, Certificação Fácil, ISS Fácil, ITBI Fácil, Nota Fiscal Eletrônica e Autorização para Im- pressão de Documentos Fiscais (AIDF). Essa agilidade faz parte do Projeto Governo Eletrônico de Petrópolis, lançado pelo prefeito Rubens José França Bomtempo, vencedor nacional do 4º Prêmio Se- brae Prefeito Empreendedor na categoria Tratamento Diferenciado. Em dois anos, as empresas legalizadas pelo programa criaram cerca de 6.100 empregos. “O serviço é excelente. Não existe experiência igual no País. Em Petrópolis, a licença provisória de funcionamento é concedida entre 24 e 48 horas”, confere Flávio Ottero Licht, delegado do Conselho Regional de Contabilidade. GOVERNO ELETRÔNICO DE PETRÓPOLIS Art. 4º Fica criado o “Alvará Digital”, caracterizado pela concessão por meio digital, de alvará de fun- cionamento para atividades econômicas em início de atividade no território do município. § 1º O pedido de “Alvará Digital” deverá ser precedido pela expedição do formulário de consulta prévia para fins de localização, devidamente deferido pelo órgão competente da Secretaria de Fazenda. § 2º Fica disponibilizado no site do município o formulário de aprovação prévia, que será transmitido por meio do mesmo site para a Secretaria da Fazenda, a qual deverá responder via e-mail, em 48 (quarenta e oito) horas, acerca da compatibilidade do local com a atividade solicitada. § 3º Os imóveis reconhecidos como de atividades econômicas de acordo com classificação de zo- neamento disponibilizada pela administração pública municipal, bem como os profissionais autônomos, terão seus pedidos de consulta prévia para fins de localização respondidos via e-mail em até 24 (vinte e ALVARá DE FUNCIONAMENTO PROVISÓRIO Para facilitar a abertura de empresas, a Lei Geral é clara quando diz que os municípios emitirão Alvará de Funcionamen- to Provisório a fim de permitir “a operação do estabelecimento imediatamente após o ato de registro”. Isso só não acontecerá nos casos em que o grau de rísco da atividade seja considera- do alto. Cabe destacar que esse procedimento é de competência da prefeitura. Em Porto Alegre, o prefeito José Fogaça criou o Alvará na Hora, uma das ações que o colocaram como finalista do 4º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Div ul ga çã o EMPRESAS EM CASAS OU APARTAMENTOS Os empresários
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